TCC arqurbuvv TERRITÓRIO TEMPO LUGAR - Sítio natural da ilha da Pólvora - Vitória ES

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TERRITÓRIO TEMPO LUGAR UMA ABORDAGEM PARA INTERVENÇÃO NO SÍTIO NATURAL DA ILHA DA PÓLVORA – VITÓRIA ES



CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

IZABELLE ROSSELYNE NASCIMENTO DIAS

TERRITÓRIO, TEMPO E LUGAR UMA ABORDAGEM PARA INTERVENÇÃO NO SÍTIO NATURAL DA ILHA DA PÓLVORA – VITÓRIA ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Prof.° Luiz Marcello Gomes Ribeiro.

VILA VELHA 2019


A natureza precisa ser cuidadosamente preservada, pois a arquitetura deve ser subordinada a ela, à qual deve constituir uma espécie de introdução. Françoise Choay


AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela vida, força, coragem. Agradeço a minha família pelo apoio incondicional em tudo e em todas as fases. Em especial ao meu pai João Luiz, ao meu irmão Maurício e ao meu amor Kevinn, por estarem sempre presentes e serem minha força física para que tudo fosse realizado. Agradeço aos meus mestres e professores pela dedicação e instrução dispensada durante todos os anos de faculdade. Agradeço ao meu orientador Luiz Marcello pela paciência, conhecimento e incentivo. Agradeço em especial ao meu melhor amigo Álvaro pela força, conhecimento e por sempre me fazer acreditar que conseguiria. Agradeço também aos que não acreditaram, pois forneceram o combustível para alcançar a vitória e ver o quanto sou capaz. Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva em minha vida, direta ou indiretamente.

Rio Santa Maria da Vitória ao fundo Monte Mestre Álvaro Fonte: Izabelle Rosselyne 2018


RESUMO Esta estudo aborda sobre a Revitalização de Estruturas Degradadas em Áreas Suburbanas, trazendo como experiência a Ilha da Pólvora. Com o foco na elaboração do projeto arquitetônico de um Centro de Educação Ambiental vinculado a um Instituto de Pesquisa Científica sobre Ecossistemas. Contribuindo com a aplicação de tecnologias alternativas, visando a eficiência energética e o uso racional dos recursos hídricos, arquitetura bioclimática e a harmonização das construções com o meio ambiente.

Palavra-chave: Conexão, Sustentabilidade e Revitalização.

Monte Mestre Álvaro Fonte: Izabelle Rosselyne 2018


ABSTRACT This study deals with the Revitalization of Degraded Structures in Suburban Areas, bringing the experience of Powder Island. With the focus on the elaboration of the architectural project of an Environmental Education Center linked to an Institute of Scientific Research on Ecosystems. Contributing to the application of alternative technologies, aiming at energy efficiency and the rational use of water resources, bioclimatic architecture and the

harmonization

of

buildings

with

the

environment.

Keyword: Connection, Sustainability and Revitalization.


LISTA FIGURAS Figura 1 Reportagem de jornal referente ao depósito de artigos bélicos da Província do Espírito Santo, s.d.

36

Figura 2 Reportagem de jornal referente ao nome dado ao Hospital de Isolamento da Ilha da Pólvora, s.d.

36

Figura 3 Vista para a fachada sudeste do Hospital em funcionamento, cais da lancha e a lavanderia (em vermelho), 1930

37

Figura 19 Reportagem Jornal, 1928

58

Figura 20 Fauna encontrada no entorno e no terreno de estudo, 2013

64

Figura 21 Vista aérea área de estudo, rota de navegação.

78

Figura 22 Distribuição energia fotovoltáica.

88

Figura 23 Sistema de captação de água pluvial.

89

Figura 24 Modelo telhado verde extensivo utilizado no projeto

90

Figura 25 Componentes do telhado verde

90

Figura 26 Área A terreno de estudo.

94

Figura 27 Área B terreno de estudo.

96

Figura 28 Área C terreno de estudo.

98

Figura 4 Vista para a fachada oeste da Ilha, fundo das enfermarias (em vermelho), 1930

37

Figura 5 Chegada da rede elétrica e o cais de emergência (em vermelho). Vista para a fachada leste do Hospital em funcionamento, 1930

LISTA IMAGENS

37

Figura 6 Vista para o necrotério e a capela (em vermelho), fachada sul do Hospital em funcionamento, 1930

37

Figura 7 Terminal Aquaviário de Porto de Santana, inauguração, 1978

47

Figura 8 Terminal Aquaviário de Porto de Santana, 1980

47

Figura 9 Matadouro Municipal de Porto de Santana, 1929

47

Figura 10 Matadouro Municipal de Porto de Santana, 1929

47

Figura 11 Terminal Aquaviário de Porto de Santana, 2000

47

Figura 12 Projeto 4 Ponte - vista de Cariacica à Vitória, 2015

51

Figura 13 Projeto 4 Ponte - vista de Vitória à Cariacica, 2015

51

Figura 14 Reportagem, 2017

52

Figura 15 Reportagem, 2018

53

Figura 16 Reportagem, 2018

53

Figura 17 Reportagem 2018

53

Figura 18 Reportagem Jornal, 1928

58

Imagem 1 Ilha da Pólvora ao fundo Porto de Santana, 2018

11

Imagem 2 Vista norte da Ilha da Pólvora, 2018

13

Imagem 3 Vista para o bairro Santo Antônio, município de Vitória, 2018 17 Imagem 4 Vista para o bairro Porto de Santana, Cariacica, 2018

17

Imagem 5 Vista norte da Ilha da Pólvora, 2018

23

Imagem 6 Vista leste da Ilha da Pólvora, 2018

23

Imagem 7 Vista sudeste da Ilha da Pólvora, 2018

24

Imagem 8 Vista sudoeste da Ilha da Pólvora, 2018

24

Imagem 9 Vista aérea no maciço rochoso

30

Imagem 10 Vista isométrica Ilha da Pólvora

30

Imagem 11 Vista nordeste da Ilha da Pólvora, 2018

31

Imagem 12 Construção do Hospital, vista leste da Ilha, 1920.

33

Imagem 13 Estrutura do cais de emergencia destruído, 2018

37


Imagem 14 Estruturas do Cais principal, 2018

37

Imagem 41 Vista Norte da Ilha pelo Rio Santa Maria, 2018

60

Imagem 15 Estruturas degradadas do Hospital de Isolamento, 2018

38

Imagem 42 Vista para o Monte Mestre Álvaro, município da Serra, 2018 61

Imagem 16 Estruturas degradadas do Hospital de Isolamento, 2018

38

Imagem 43 Vista para o bairro Porto de Santana - Cariacica, 2018

61

Imagem 17 Vista para o bairro Santo Antônio, Cais do Hidroavião, 2018 39

Imagem 44 Vista para o bairro Santo Antônio - Vitória, 2018

62

Imagem 18 Cais do Hidroavião, 2018

40

Imagem 45 Vista para o Cais do Hidroavião em Santo Antônio , 2018

62

Imagem 19 Cais do Hidroavião, 1930

41

Imagem 46 Maciço rochoso, vista aérea Ilha da Pólvora, 2013

63

Imagem 20 Cais do Hidroavião, 1930

41

Imagem 47 Imagens obra de Severiano Porto, Parque Botânico da Vale e

Imagem 21 Cais do Hidroavião, 2018

42

Instituto Terra de Sebastião Salgado, s.d.

65

Imagem 22 Cais do Hidroavião, 1930

42

Imagem 48 obra de Severiano Porto, s.d.

68

Imagem 23 Área interna no Cais do Hidroavião, 2017

43

Imagem 49 Instituto Terra de Sebastião Salgado, s.d.

70

Imagem 24 Área de vivência do Cais do Hidroavião abandonado, 2018 43

Imagem 50 Parque Botânico da Vale, s.d.

72

Imagem 25 Moradores invadem o cais para a prática de pesca, 2018

44

Imagem 51 obra de Severiano Porto, Parque Botânico da Vale e Instituto

Imagem 26 Moradores invadem o cais para a prática de pesca, 2018

44

Terra de Sebastião Salgado, s.d.

76

Imagem 27 Vista para o terreno do antigo Terminal Aquaviário de Porto de Santana, 2018

47

Imagem 28 Área do Terminal Aquaviário de Porto de Santana, 2018

48

LISTA MAPAS

Imagem 29 Estruturas Terminal Aquaviário de Porto de Santana, 2018 48 Imagem 30 Vista leste Ilha da Pólvora, 2018

53

Imagem 31 Vista leste Ilha da Pólvora, 2018

55

Mapa 1 Localização

16

Imagem 32 Pescador na baía, Santo Antônio ao fundo, 2018

55

Mapa 2 Delimitação da área de estudo e de intervenção

19

Imagem 33 Estrutura interna da antiga secretaria do Hospital, 2018

56

Mapa 3 Zoneamento do Município de Cariacica e Município de Vitória

20

Imagem 34 Corredor do antigo prédio de laboratórios, 2018

56

Mapa 4 Uso e ocupação do solo.

27

Imagem 35 Corredor do antigo prédio de leitos e acesso a rampa, 2018 56

Mapa 5 Hierarquia viária

29

Imagem 36 Vista da Ilha pelo morador de Porto de Santana, 2018

Mapa 6 Diagrama de setores existentes. Ilha da Pólvora

30

Imagem 37 Vista da janela de um morador de Porto de Santana, 2018 59

Mapa 7 Edificações atuais

59

Imagem 38 Vista Leste, rua de pedestre na orla de Santa Antônio, 2018 60

Mapa 8 Áreas de Intervenção.

81

Imagem 39 Vista Sul da Ilha pela calçada em Santa Antônio, 2018

60

Mapa 9 Setorização e fluxograma

87

Imagem 40 Vista Leste da Ilha pelo Mirante da Fonte Grande, 2018

60

Mapa 10 Proposta para a Ilha da Pólvora

89

59


SUMÁRIO INTRODUÇÃO

TERRITÓRIO

13

15

LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 17 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E DE INTERVENÇÃO 18 LEGISLAÇÃO 20 ZONEAMENTO 20 ANÁLISE MORFOLÓGICA 24 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 26 FLUXOS E ACESSOS 28 ANÁLISE VOLUMÉTRICA – GABARITO 30

TEMPO PERMANÊNCIA HISTÓRICA HISTÓRIA E MEMÓRIA DO LUGAR O HOSPITAL OSWALDO MONTEIRO E HOSPÍCIO DE ALIENADOS EM VITÓRIA - 1925 CAIS DO HIDROAVIÃO DESATIVADO ANTIGO AQUAVIÁRIO DE PORTO DE SANTANA PROJETOS EFETUADOS PARA O ENTORNO DA ÁREA DE ESTUDO QUARTA PONTE PROJETO DE NOVO AQUAVIÁRIO

33 33 34 35 40 46 50 50 52

LUGAR 55 CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO

56

LEVANTAMENTO E ANÁLISE FÍSICO-ESPACIAL 57 CAMINHOS/PERCURSOS 58 SETORES 58 LIMITES 58


PONTOS FOCAIS 60 MARCOS VISUAIS 62 ANÁLISE DO SÍTIO 64 ANÁLISE CRÍTICA DO LEVANTAMENTO 64 PAISAGEM CULTURAL 65 POTENCIALIDADES DE USOS E FUNÇÕES 65 CONCLUSÃO 65 ESTUDOS DE CASO 67 CENTRO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE BALBINA – SEVERIANO MARIO PORTO 68 INSTITUTO TERRA/ CENTRO DE EDUCAÇÃO E RECUPERAÇÃO AMBIENTAL – LOCI ARQUITETOS 70 PARQUE BOTÂNICO DA VALE – VITÓRIA/ES 72 CONCLUSÃO 76

PROJETO 79 ÁREAS E JUSTIFICATIVA DE INTERVENÇÃO 80 DIRETRIZES PROJETUAIS 82 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO 83 PROGRAMA DE NECESSIDADES 84 SETORIZAÇÃO E FLUXOGRAMA 86 SOLUÇÕES TECNOLOGICAS 88 ENERGIA SOLAR 88 CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL 89 TELHADO VERDE 90 O PROJETO 92 CONSIDERAÇÕES FINAIS 117 REFERÊNCIAS 118


Imagem 01 - Ilha da Pรณlvora ao fundo Porto de Santana, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018


INTRODUÇÃO No âmbito da realização da proposta para o Trabalho de

Esta pesquisa encontra-se estruturada em quatro capítulos

Conclusão de Curso, o tema proposto tem como objetivo o estudo

principais, incluindo o ensaio de projeto como capítulo final. Estes

das intervenções de revitalização de estruturas degradadas em 1 áreas suburbanas , como o caso da Ilha da Pólvora, localizada na

capítulos foram caracterizados como: Território, Tempo, Lugar

porção Noroeste da baía de Vitória; tombada como monumento

edificação remanescente no local e no entorno do objeto de

natural em 1991 segundo Resolução n° 03/91 Prefeitura Municipal

estudo.

e Projeto, onde cada uma delas detalha a importância de cada

de Vitória. O primeiro capítulo é caracterizado como TERRITÓRIO, Esta pesquisa busca discutir e questionar o abandono da área

apresentando toda a geolocalização do terreno, sua delimitação,

por parte da União, sua atual proprietária, restando subutilizada,

análises físicas, morfológicas e suas legislações vigentes. O

com inúmeras estruturas degradadas de um antigo hospital

segundo capítulo é caracterizado como TEMPO, apresentando

remanescente no local. Contudo, percebe-se o potencial da área,

toda a história e a importância das edificações para a comunidade

localizada em região privilegiada, com acesso próximo a dois

local, e sua trajetória com o passar do tempo. O terceiro capítulo

municípios – Vitória e Cariacica, com perspectivas de atrativos

é caracterizado como LUGAR, apresentando a situação atual

para o setor turístico, cultural e científico.

das edificações, características físicas, potencialidades e usos. O quarto capítulo é o PROJETO, onde será apresentado o ensaio

Com base no problema, essa pesquisa pretende refletir e elaborar uma proposta para a ocupação e, por conseguinte,

feito para o objeto de estudo, tendo como orientação as diretrizes de intervenção, a proposta e seu programa de necessidades.

reintegração e reativação de um sistema aquaviário neste trecho da Região Metropolitana da Grande Vitória – RMGV e ampliação do tráfego de pessoas dotando a ilha de atrativo para aquela área dos municípios citados. A principal motivação para o recorte utilizado é a necessidade do restabelecimento da imagem da ilha, a materialização do seu potencial e sua ligação com os demais bairros da RMGV.

1 – Definição brasileira/popular utilizada para caracterizar área de periferia, moradores do subúrbio, área pobre, baixa infraestrutura.

13


Imagem 02 - Vista norte da Ilha da Pรณlvora, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018


TERRITÓRIO Neste capítulo desenvolve-se uma análise investigativa da área de estudo, no entorno imediato do objeto de estudo, apresentando a caracterização e o diagnóstico urbanístico da área delimitada. Assim apresenta-se uma análise morfológica do território expondo características físicas do objeto de estudo e seu entorno; dos aspectos da paisagem, aspectos perceptíveis do espaço geográfico, a forma como compreendemos o espaço a partir de nossos sentidos; da legislação vigente, do uso e ocupação do solo, do gabarito e de seus equipamentos do ambiente urbano.


Ilha da Pólvora

Mapa do Brasil destacando o estado do Espírito Santo.

Mapa do Estado do Espírito Santo destacando os municípios Cariacica e Vitória.

Mapa dos municípios de Cariacica e Vitória em contraste com o Rio Santa Maria. Rio que da margem a área de intervenção.


LOCALIZAÇÃO A área de estudo está localizada no Estado do Espírito Santo,

Segundo Moraes (2017), Porto de Santana, anteriormente

entre os municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória (Mapa

chamado de Mangue Seco, formou-se na área correspondente à antiga

01). Tal análise é delimitada numa poligonal que abrange pontos

fazenda São João. Grande parte dessa propriedade foi comprada em

do bairro Porto de Santana e Porto Novo, pertencente ao município

1913 pela Prefeitura Municipal de Vitória, que instalou na área um

de Cariacica e pontos do bairro de Santo Antônio, pertencente ao

matadouro municipal. Dessa maneira, apesar de geograficamente

município de Vitória. O foco do estudo é a Ilha da Pólvora, que abriga

localizar-se no município de Cariacica, a área pertencia à Vitória.

as estruturas degradadas do antigo Hospital de Isolamento Oswaldo Monteiro, construído em 1925 e desativado em 1990, situada no

O bairro de Santo Antônio está situado no lado leste da poligonal,

canal da baía de Vitória, em frente ao bairro Santo Antônio, na divisa

margeado pelo Rio Santa Maria que compõe a baía de Vitória. De

com o Município de Cariacica, ao lado da Ilha do Cal (Instituto Jones

acordo com a Prefeitura Municipal de Vitoria, a área ocupada fazia

Santos Neves, 2012).

parte da fazenda “Santo Antônio” de propriedade do Estado, que foi loteada e vendida no Governo de Jerônimo Monteiro em 1910.

O bairro de Porto de Santana, localizado no extremo oeste da

Naquela época o lugar não tinha vitalidade, onde se localizavam

área de estudo, apresenta elementos em seu processo de formação

cemitérios e matadouros. Na década de 1940, abrigou o aeroporto

que o tornam singular frente ao histórico de outros bairros de

de Vitória com a inauguração do Cais do Hidroavião, que contribuiu

Cariacica. Pode-se destacar o fato de haver pertencido originalmente

para impulsionar o desenvolvimento econômico da região que já era

à Prefeitura Municipal de Vitória e ter sido posteriormente doado ao

uma referência como local de habitação para uma população que se

município vizinho, assim como, de ter sido sede do terminal aquaviário

movimentava de outros lugares da Capital. Atualmente Santo Antônio

que ligava Cariacica à Vitória, um dos principais modais utilizados

sofre de um acelerado crescimento populacional, caracterizando um

para o acesso entre os municípios em meados de 1950 (MORAES,

aglomerado urbano de classes de baixa renda. O bairro foi, então,

2017). Um elemento importante que contribuiu para a seleção de

escolhido por possuir características que possam suprir a carência

Porto de Santana para este estudo foi o fato de o mesmo haver

de atrativos turísticos (parques, museu, etc), espaços públicos e

apresentado, ao longo de sua formação, um processo de ocupação

impulsionar o desenvolvimento econômico e cultural do lugar.

marcado pela irregularidade e por conflitos entre a população e o poder público.

Mapa 01 – Localização. Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018 SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S/WKID: 3984 AUTHORITY: EPSG/PROJETCION: TRANSVERSE_MERCATOR Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória e Prefeitura Municipal de Cariacica

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DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A delimitação da área de estudo parte de raios de aproximadamente 200m em torno das estruturas degradadas na Ilha da Pólvora, no local do antigo aquaviário de Porto de Santana e da estrutura abandonada do Cais do Hidroavião no bairro Santo Antônio (Mapa 02), definindo a área de estudo, seu objeto e seus principais pontos de ligação com as cidades. Destacase assim a existência de dois bairros de distintos municípios, distintas legislações e zoneamentos urbanísticos. A escolha dessa poligonal se deu pela junção de três importantes vertentes, a social, a ambiental e a econômica. A social está relacionada à melhor distribuição e ligação dos espaços entre os bairros com a Ilha, a questão do abandono e a negligência por parte do poder público. A ambiental

Imagem 03 - Vista para bairro Santo Antônio, município de Vitória, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018.

se relaciona com o resgate de potencialidades subutilizadas, como por exemplo, áreas próximas à costa, a invasão próxima ao antigo aquaviário de Porto de Santana e toda a área entorno da Ilha por ser um estuário marinho (berçário marinho). Outro ponto que merece destaque é a conexão de algumas áreas com a baia de Vitória, compondo visuais belíssimos e sua relação com o transporte marítimo. Esses locais apontam grandes potenciais que contribuem para maior vitalidade e diversidade nos bairros, mas que não possuem o tratamento merecido. A importância no aspecto econômico está relacionada com a valorização e a reestruturação do transporte marítimo, gerando melhorias na economia dos bairros circundantes, exploração turística beneficiando estabelecimentos comerciais locais e de atrativos turísticos, tais como: pescadores de siri e marisqueiras, gerando renda e emprego na região.

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Imagem 04 - Vista para bairro Porto de Santana, município de Cariaciaca, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

Mapa 02 – Delimitação da área de estudo e de intervenção. Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018 SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S/WKID: 3984 AUTHORITY: EPSG/PROJETCION: TRANSVERSE_MERCATOR Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória e Prefeitura Municipal de Cariacica



ZONEAMENTO

LEGISLAÇÃO

Segundo o Plano Diretor Urbano (PDU) do Município de Vitória, o

Conforme determina o Plano Diretor Urbano (PDU) do

zoneamento é um instrumento destinado a regular o uso e ocupação do

Município de Vitória, de 2006, uma parte da área em estudo foi

solo, necessário para entender os parâmetros legais para a elaboração

representada na Lei nº 8.611 de 2014 – Prefeitura de Municipal

de um projeto para a região, respeitando as diretrizes previstas em lei.

de Vitória (PMV), pela Região administrativa 2 – Santo Antônio que compreende doze bairros (Grande Vitória, Estrelinha, Bairro

O objeto de estudo, de acordo com o PDU, é regido pela Lei

Universitário, Inhanguetá, Bela vista, Santo Antônio, Santa Tereza,

Municipal n° 6.705 do dia 13 de outubro de 2006, nela consta que a

Ariovaldo Favalessa, Caratoíra, Morro do Cabral, Morro do Quadro

Ilha da Pólvora é considerada Zona de Proteção Ambiental 2 (ZPA). O

e Mário Cypreste) numa área aproximada de 4.649.790 metros

mapa 03 mostra a área de estudo no Zoneamento do Município de

quadrados.

Vitória e do Município de Cariacica. Ainda de acordo com o PDU, as ZPA’s, são:

A região abriga, ao mesmo tempo, bairros antigos da Zonas definidas em função das necessidades de proteção integral e dos diferentes graus de uso sustentável permitidos, são compostas por ecossistemas de interesse para a preservação, conservação e desenvolvimento de atividades sustentáveis. (PDU, 2006).

A Tabela 01 e 02 a seguir mostram os objetivos dos índices urbanísticos e a definição e os objetivos dos zoneamentos presente apenas na poligonal de estudo. Conforme mencionado no PDU (2006)

capital como Santo Antônio com 6.669 mil habitantes e áreas de urbanização mais recente como o bairro Grande Vitória. Conforme a Prefeitura Municipal de Cariacica (PMC) a outra área é representada pela Região Administrativa 1 presente na lei complementar 023 de 2007, compreende dez bairros (Aparecida, Flexal I, Flexal II, Nova Canaã, Porto de Santana, Porto Novo, Presidente Médice, Retiro Saudoso e Porto das Pedras), dentre eles Porto de Santana com aproximadamente 6.733 mil habitantes.

do Município de Vitória, a ZPA2 constitui áreas com atributos ambientais relevantes, destinadas à recuperação e conservação dos recursos naturais e paisagísticos, cujo uso e ocupação do solo devem ser controladas de forma a assegurar a qualidade ambiental, podendo ser utilizadas para fins de pesquisa cientifica, monitoramento e educação ambiental, recreação, realização de eventos culturais e esportivos e atividades de apoio ao turismo.

20

Mapa 03 - Zoneamento do Município de Cariacica e do Município de Vitória Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018 SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S/WKID: 3984 AUTHORITY: EPSG PROJETCION: TRANSVERSE_MERCATOR Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória e Prefeitura Municipal de Cariacica



Tabela 01 - Zoneamento do Município de Cariacica

ZONEAMENTO PDMC (CARIACICA, 2007) ZONA

ZPA 1

ZOL 1

ZEIS 2

ZEM

Zonas de Proteção Ambiental 1

Zonas de Ocupação Limitada 1

DEFINIÇÃO

OBJETIVOS

Áreas com relevantes atributos ambientais naturais, podem sofrer restrições de usos de acordo com a sua função no meio urbano, a exemplo das áreas de manguezais e de áreas no entorno de nascentes e às margens de cursos d’água.

Fomentar a conservação dos ecossistemas naturais e dos ambientes criados; regulamentar formas de uso compatíveis com a preservação dos recursos naturais; fomentar atividades de pesquisa científica, monitoramento e educação ambiental, estimulando a inserção da população nas ações de conservação do meio ambiente; desenvolver projetos que qualifiquem as paisagens naturais da cidade.

Compatibilizar o adensamento construtivo com as características do sistema viário e com as limitações na oferta de infraestrutura urbana; incentivar a ocupação dos vazios É composta por áreas predominantemente adensadas, onde urbanos a partir de melhorias no sistema viário e infraestrutura ainda existe demanda por algum tipo de infraestrutura. urbana; prover a área de equipamentos e serviços urbanos e sociais; estimular o uso múltiplo com a interação de usos residenciais e não residenciais.

É composta por áreas públicas ou particulares ocupadas por loteamentos irregulares ou clandestinos, em relação aos Zonas Especiais quais há interesse público em se promover a regularização de Interesse fundiária da posse da terra e a complementação da Social 2 infraestrutura urbana ou dos equipamentos comunitários, além de recuperação ambiental.

viabilizar áreas destinadas à manutenção e produção de Habitações de Interesse Social - HIS, buscando o cumprimento da função social da propriedade; promover a regularização urbanística e fundiária dos assentamentos ocupados pela população de baixa renda; eliminar os riscos decorrentes de ocupações em áreas inadequadas, e quando não for possível, reassentar seus ocupantes; dotar e ou ampliar estas áreas de infraestrutura básica, equipamentos sociais e culturais, espaços públicos, serviços e comércios; promover política específica de desenvolvimento socioeconômico e ambiental; dinamizar atividades de comércio e de serviço local; impedir a expulsão indireta da população, decorrente de valorização imobiliária das áreas ocupadas, em função das ações de recuperação dos assentamentos precários e dos programas de regularização fundiária.

Está localizada na porção central do município, ao longo da BR 262 e ao longo da baia de Vitória, áreas marcadas pela influência dos processos metropolitanos e pela presença e projeção de equipamentos urbanos significativos para o desenvolvimento e consolidação da Região Metropolitana da Grande Vitória – RMGV.

Garantir a mobilidade urbana, estimulando a diversificação das formas modais de transportes; induzir e priorizar o crescimento das atividades de serviços e comércio de abrangência intermunicipal e metropolitana; preservar os locais de interesse ambiental e visual de marcos significativos do município de Cariacica. Estimular a governança metropolitana na promoção de soluções para cidade. Art. 136. São usos permitidos Zona Especial Metropolitana: comercial e de serviço, institucional de âmbito municipal; comércio e serviço de âmbito regional; Misto (comércio + residencial multifamiliar).

Zona Especial Metropolitana

Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018. Fonte: Prefeitura Municipal de Cariacica


Tabela 02 - Zoneamento do Município de Vitória

ZONEAMENTO PDMV (VITÓRIA, 2006) ZONA

ZPA 2

ZOL 3

ZEIS 3

ZAR 1

Zonas de Proteção Ambiental 2

Zonas de Ocupação Limitada 3

DEFINIÇÃO

OBJETIVOS

Área destinada à conservação dos ecossistemas naturais e dos ambientes criados, com uso sustentável dos recursos naturais, podendo ser utilizadas para fins de pesquisa cientifica, monitoramento e educação ambiental, turismo, recreação e esportes, desde que estas atividades não causem danos aos ambientes naturais ou em recuperação.

Proteger os ecossistemas e recursos naturais e o patrimônio cultural como condicionamento da ocupação do espaço urbano, promovendo a recuperação daqueles que se encontrem degradados; incentivar, qualificar ou conter a ocupação do espaço urbano, compatibilizando-a com a capacidade de infraestrutura, do sistema viário e com a proteção ao meio ambiente, regulando os usos, a ocupação e o desenvolvimento de atividades compatíveis com a conservação de ecossistemas, recursos naturais e atributos relevantes da paisagem urbana; garantir a conservação de praias com acessos democráticos e condições ideais para o lazer e recreação; controlar a ocupação urbana em áreas de interesse e fragilidade ambiental; conservar os recursos hídricos; proporcionar a recreação, educação ambiental e espaços propícios ao desenvolvimento de atividades de turismo sustentável; proteger a diversidade natural.

Compatibilizar o adensamento construtivo com as características do sistema viário e com as limitações na oferta É composta por áreas com predomínio do uso residencial, de infraestrutura de saneamento básico; preservar os locais com grande demanda por infraestrutura de coleta e de interesse ambiental e visuais de marcos significativos tratamento de esgoto e com sistema viário apresentando da paisagem urbana; melhorar as condições de mobilidade limites ao incremento da ocupação urbana. urbana em especial nos pontos problemáticos do sistema viário; ampliar a oferta de áreas verdes e de lazer; conter a ocupação em áreas de proteção ambiental.

imóveis públicos ou particulares edificados ou não, não utilizados, dotados parcialmente de infraestrutura e serviços Zonas Especiais urbanos, necessários à implantação de EHIS, com respectivos de Interesse equipamentos comunitários e urbanização complementar Social 23 adequados, que serão objeto de parcelamento, edificação ou utilização compulsórios.

Zona Arterial 1

Efetivar o cumprimento das funções sociais da cidade e da propriedade assegurando a preservação, conservação e recuperação ambiental; induzir os proprietários de terrenos vazios a investir em programas habitacionais de interesse social de modo a ampliar a oferta de terra para a produção de moradia digna para a população de baixa renda; eliminar os riscos decorrentes de ocupações em áreas inadequadas ou, quando não for possível, reassentar seus ocupantes; ampliar a oferta de equipamentos urbanos e comunitários.

Estimular, de forma controlada, o incremento da ocupação urbana, compatibilizando- a à infraestrutura urbana instalada. são caracterizadas como áreas de abrangência de vias estimular o uso múltiplo, com interação de usos residenciais arteriais no Município, com a concentração de transporte e não residenciais; melhorar as condições de mobilidade coletivo e a presença de usos não residenciais ou mistos, urbana, em especial nos pontos problemáticos do sistema ainda que não predominantes viário; preservar visuais de marcos significativos da paisagem urbana. Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018. Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória


ANÁLISE MORFOLÓGICA Segundo Lamas (2004) o termo morfologia utiliza-se para designar o estudo da configuração e da estrutura exterior de um objeto. A morfologia urbana é o estudo da forma do meio urbano nas suas partes físicas exteriores, ou elementos morfológicos, e na sua produção e transformação no tempo. A análise a seguir está relacionada com os elementos morfológicos do objeto de estudo, buscando compreender a relação do espaço construído e suas características físicas expostas ao passar do tempo. Após visitar o local, efetuar registro de imagens e analisar as circunstâncias encontradas, observa-se que a ilha se trata de uma formação rochosa com densa vegetação. Nota-se algumas áreas de relevo íngreme (Imagem 05), impossibilitando a parada de

Imagem 05 - Vista norte da Ilha da Pólvora, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018

embarcações menores dependendo da infraestrutura. Na área leste da ilha existe uma escada que era utilizada como cais de emergência (Imagem 06), na parte sudeste da ilha podemos observar o cais da lancha, entrada principal do Hospital com uma guarita, onde era feita a fiscalização de entrada e saída de pacientes (Imagem 07). Na região oeste era localizada a capela e o necrotério, restando apenas a laje (Imagem 08). Essas estruturas dificultam o acesso atualmente, pois estão completamente danificadas. O lugar desperta curiosidade dos moradores dos bairros próximos e transeuntes que alcançam essa paisagem. Além da calmaria, é um grande atrativo para visitantes em passeios marítimos e para pescadores das regiões próximas a área de estudo.

24

Imagem 06 - Vista leste da Ilha da Pólvora, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018


Imagem 07 - Vista sudeste da Ilha da Pรณlvora, Bairro Porto de Santana ao fundo, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018

Imagem 08 - Vista sudeste da Ilha da Pรณlvora, Bairro Porto de Santana ao fundo, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018


USO E OCUPAÇÃO DO SOLO O uso e ocupação do solo é uma análise de planejamento

tornado em algumas áreas barreias visuais e de deslocamento

onde a cidade controla a utilização do espaço, o tamanho das

até a margem do canal. O uso Institucional está situado em vias

construções e define as atividades permitidas nela. Para esta

de maior fluxo no bairro, devido a sua importância como conexão

análise foi utilizado como base o Plano Diretor Urbano (PDU) do Município de Vitória e a Agenda de Cariacica1 para a classificação

com os outros bairros e cidades. Os usos comerciais formais e

do uso na região, que institui as seguintes categorias2: residencial

em Porto de Santana são localizadas nas vias internas do bairro,

unifamiliar, lote com apenas uma unidade habitacional; residencial

como peixaria, ferro velho e restaurantes próximo à área do novo

multifamiliar, lote com duas ou mais unidades habitacionais,

aquaviário, área 4 (quatro).

usos mistos, com residências multifamiliares e comércio no térreo,

podendo ser vertical ou horizontal; comercial, destinadas a armazenagem e vendas de mercadoria no atacado ou varejo;

No bairro Santo Antônio o uso comercial formal e o uso

serviço, classificada como atividades de serviço a população e

institucional, são presentes na via próximo ao “sambão do povo”,

de apoio as atividades institucionais, comerciais e industriais;

como marinas e bares noturnos. Além disso, foram identificadas

institucional, lotes com atividades de educação, saúde, pesquisa,

nesta região do bairro Santo Antônio, presença de edificações com

cultural, reunião, religiosa e misto, classificada por concentrar

fortes características de abandono, gerando insegurança, fazendo

atividades com duas ou mais categorias de usos. São identificados

com que pedestres e ciclistas não passem pelo local, optando pelo

também no estudo atividades de micro negócios não registrados,

uso do automóvel para o deslocamento, já que é uma avenida

conhecido como ‘comércio informal’ (venda de picolé, chup-chup,

adaptada para tal finalidade, devido sua hierarquia. Em muitas

ovos e marmitex).

casas percebe-se a falta de afastamentos laterais, frontais ou de fundos, tornando o lote completamente ocupado em todo o limite

Diante destas classificações postas pelo Plano Diretor Urbano (PDU) do Município de Vitória e na Agenda de Cariacica,

da área de estudo. Foram identificados lotes vazios em encostas e áreas próximas a orla marítima.

foi analisado a atual situação dos usos existentes na poligonal. Nota-se a predominância do uso residencial e comércio informal no térreo das moradias concentrados no bairro de Porto de Santana presentes no Mapa 04, em muitas casas, foi possível identificar a falta de afastamento e a ocupação total do lote,

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1 – Para definição das categorias foi utilizado o Plano Diretor de Viçosa-MG. Fonte na página de Referências.

Mapa 04 - Uso e Ocupação do Solo. Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018 SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S/WKID: 3984 AUTHORITY: EPSG PROJETCION: TRANSVERSE_MERCATOR Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória e Prefeitura Municipal de Cariacica 2 – Diagnósticos elaborados a partir de reuniões temáticas, seminários, audiências públicas, visitas de campo e levantamentos de dados feitos pela Prefeitura de Cariacica em conjunto com a comunidade. 2010-2030. Fonte na página de Referências.



FLUXOS E ACESSOS A Mobilidade, tem como principal objetivo de proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, de forma segura, socialmente inclusiva e sustentável, permitindo a mobilidade nos sentidos social e econômico1.O Plano Diretor Municipal (PDM) de Cariacica e o Plano Diretor Urbano (PDU) do Município de Vitória

que funcionam na coleta e distribuição dos fluxos de veículos pelos centros metropolitanos com maior concentração de atividades” 2 por serem vias de fluxo intenso que estruturam a conexão com os demais bairros de Cariacica e também ao bairro São Torquato em Vila Velha3.

fazem a classificação viária de acordo com a hierarquia da via, as categorizando em vias arteriais, coletoras, locais principais, locais

A área 3 (três) pertence ao bairro Santo Antônio tendo

e vias de pedestres. A partir das classificações, foram analisados

como principal via de acesso a Rodovia Serafim Derenzi sendo

os fluxos e acessos dos principais pontos de intervenção da área

classificada pelo Plano Diretor Urbano (PDU) do Município de

de estudo.

Vitória como arterial, a área três também pode ser acessada pela Avenida Dário Lourenço de Souza como uma segunda opção,

A área 1 (um) possui ligação direta apenas com o uso

porém classificada como via coletora, “são vias que recebem e

de embarcações particulares para travessia, que, na época

distribuem o tráfego de vias locais e alimentam as vias estruturais. Formam o itinerário das linhas de transporte coletivo.” 2

do Hospital, também eram utilizadas para transporte de equipamentos, pacientes e funcionários (Mapa 05).

As áreas de intervenção estão bem servidas em relação ao A área 2 (dois) e a área 4 (quatro) em análise, fazem parte do

acesso viário, pois contam com uma boa e rápida conexão com as

bairro Porto de Santana, são conectadas pelas ruas demarcadas

avenidas que dão acesso à entrada das cidades, também sendo

no mapa: rua Manoel Coutinho, rua Gabino Rios, rua Maria Siqueira

de fácil acesso para demais moradores dos bairros circundantes

e rua Verdes Mares classificadas como vias locais pela Prefeitura

através das vias arteriais apresentadas.

Municipal de Cariacica, porém, recebem outra classificação na intervenção por conter características de vias coletoras, ”são as

vias que recebem e distribuem o tráfego de vias locais e alimentam as vias estruturais. Formam o itinerário das linhas de transporte coletivo.” 2 Estas ruas estão ligadas à rua Vale do Rio Doce e Rua Principal, classificadas pelo Plano Diretor Municipal de Cariacica (PDMC) como vias arteriais, “são vias de ligação intermunicipal

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1 – Política Nacional de Mobilidade Urbana, Ministério das Cidades, 2004. 2 – Plano Diretor Urbano, 2006, art.122.

Mapa 05 – Hierarquia Viária. Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018 SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S/WKID: 3984 AUTHORITY: EPSG/ PROJETCION: TRANSVERSE_MERCATOR Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória e Prefeitura Municipal de Cariacica 3 – Segundo diagnóstico de mobilidade da Agenda de Cariacica. Fonte na página de Referências.



ANÁLISE VOLUMÉTRICA E GABARITO A análise volumétrica da Ilha é importante para caracterizar a escala das edificações em relação à escala humana. As construções dentro da delimitação de estudo, em geral, são de um a até três pavimentos, em todos os usos – residencial, comercial, institucional e misto –, em casos isolados foram encontrados até cinco pavimentos nas vias de maior fluxo. A ilha tem suas edificações retangulares com até dois pavimentos apresentados na planta isométrica (Imagem 09 e 10), os demais pontos de projeto são térreos com gabarito até quatro metros de altura e estão localizados no mapa das estruturas existentes (Mapa 06). Com base nos levantamentos expostos anteriormente, foram utilizados para estudo da forma e os parâmetros legais para a elaboração do projeto para a região, respeitando as diretrizes, as dinâmicas do local, os usuários das regiões próximas. Por todos os aspectos apresentados, tudo leva a pensar em uma intervenção que venha potencializar para questões ambientais de lazer e pesquisa, levando em consideração todo o aspecto físico da área, sua vegetação existente, sua fauna e flora e acima de tudo a legislação mencionada para a área do objeto de estudo.

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Mapa 06 - Diagrama de setores, Ilha da Pólvora. Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018 Fonte: Google Earth, 2015


RESTAURANTES LABORATÓRIOS

SECRETARIA LEITOS

LAVANDERIA

GUARITA

DEPÓSITO

Imagem 09 - Vista isométrica Ilha da Pólvora Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018 Fonte: Google Earth, 2018

Imagem 10 - Vista aérea no maciço rochoso Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018 Fonte: Google Earth, 2018


Imagem 11 - Vista nordeste da Ilha da Pรณlvora, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


TEMPO Neste capítulo desenvolve-se uma análise de variação em relação ao tempo, apresentando suas transformações morfológicas, sua permanência histórica em meio a sociedade e o desenvolvimento ou especulações de futuros projetos para o entorno, onde o objeto de estudo está inserido. PERMANÊNCIA HISTÓRICA Refere-se àquilo que se mantêm ao longo do tempo, que não mudou, que continua existindo, características e práticas que não mudam de um período para o outro. Atualmente nenhuma das estruturas tem a mesma função que um dia tiveram, todas as áreas de estudo dentro da poligonal – O antigo Hospital Osvaldo Monteiro, o antigo Terminal Aquaviário de Vitória e o terreno do antigo Terminal Aquaviário de Porto de Santana – não têm uso para que foram destinadas e estão desocupadas. Após visita aos locais, foi possível observar que o cais do Hidroavião está murado e abandonado, o antigo terminal aquaviário de Porto de Santana encontram-se apenas resquícios e as estruturas presentes na Ilha estão em estado de degradação.


HISTÓRIA E MEMÓRIA DO LUGAR A história vivida de um lugar, de uma pessoa, um momento, um objeto arquitetônico, etc. pode transformarse em um fundamento para o conhecimento do próprio cotidiano, onde a memória torna-se essencial para a ciência da mesma, podendo também por decorrência de ações ou simplesmente por acaso, essa história ser dissolvida

na

lembrança,

esquecida.

(VALES,

2010).


O HOSPITAL DE ISOLAMENTO OSWALDO MONTEIRO E HOSPÍCIO DE ALIENADOS EM VITÓRIA - 1925 Em 1875 a Ilha pertencia ao Senhor Joaquim José Rangel,

Após ter sido inaugurado, não demorou muito para que o

que doou a mesma à Fazenda Nacional. Em 1882 a Ilha serviu de

hospital da Ilha da Pólvora fosse também criticado pelas autoridades

Depósitos de Artigos Bélicos da Província do Espírito Santo (Figura

estaduais devido às suas condições de higiene. De acordo com

01), comandado pelo Capitão Miguel Calmon Du Pin Lisboa.

o artigo 4° do Decreto de Lei n° 1.694, de 29 de dezembro de 1928 “Fica o Poder Executivo autorizado a construir um hospital

Em 1920 de acordo com a Associação Médica do Espírito

de Isolamento em virtude de o antigo edifício da Ilha da Pólvora

Santo (2012), durante o governo de Florentino Avidos (1924-

ser anti-hygienico e não poder adaptar-se ao fim que destinado”.

1928), o serviço estadual de combate à lepra no Espírito Santo foi

(JABERT, 2001).

implantado com a criação da Inspetoria de Lepra na segunda metade da década de 90. Foi realizado nesse estado o recenseamento de

Em 1941, visando à melhoria da infraestrutura dos hospitais

doentes, a construção de dispensário e do leprosário da Ilha da

ambulatórios do Brasil, foi criado o Serviço Nacional de Doenças

Pólvora, situado na baía de Vitória.

Mentais (SNDM), o qual estabeleceu parcerias com as Secretarias de Saúde dos estados do Brasil. (PERINI, 2013).

Em 1925 foi construído o Hospital de Isolamento da Ilha da Pólvora, que se localizava no bairro de Santo Antônio, em Vitória,

Em 1944 foi criado no Espírito Santo o Serviço de Assistência

com a finalidade de substituir o antigo hospital da Ilha do Príncipe,

aos Psicopatas, ao qual foi integrado o Hospital do Psicopata –

anos depois foi renomeado em homenagem ao seu primeiro

instalado no Hospital Osvaldo Monteiro, esse hospital passou a

administrador (Figura 02) Dr. Osvaldo Monteiro. A construção do

receber pessoas que até então se encontravam no Asilo Deus,

novo hospital era uma antiga solicitação dos Diretores de Saúde

Cristo e Caridade. Recebia também pacientes com tuberculose e

do Estado que consideravam o antigo hospital da Ilha do Príncipe

hanseníase. (JABERT, 2001).

muito pequeno, mal aparelhado e em péssimas condições de higiene. De acordo com o relatório de 1922, do Secretário Dr. Cassiano Castelo. “... o que possuímos, atualmente, é pequeno e

Em 1990 foi desativado pelo governador Albuíno Cunha de Azeredo, alegando péssimas condições sanitárias.

coberto de zinco, sem o menor conforto e condições indispensáveis para o tratamento dos doentes de moléstias transmissíveis; é um verdadeiro pardieiro.” (CASTELLO, 1922).

Imagem 12 - Construção do Hospital, vista leste da Ilha da Pólvora, 1920. Fonte: SEGER, 2018.

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A hanseníase e a tuberculose, por serem doenças de fácil contágio e difícil tratamento na época, requeriam dos seus portadores o tal isolamento. Este afastamento do paciente de seus familiares e amigos frequentemente acarretava em muitos pacientes os transtornos mentais, sendo o mais comum a depressão. O difícil tratamento da doença, somado as ocorrências depressivas, produziram casos de afogamentos e suicídios de pacientes na tentativa de escapar desta ilha, que popularmente ficou conhecida pelos moradores como o “cemitério dos vivos”. Ao procurar documentação, arquivos e registros fotográficos e até mesmo para saber o futuro das instalações, pouco se consegue. O governo do estado, por sua vez, afirma que a ilha é de propriedade da União, e que não existe muita informação a respeito.

Figura 02 - Texto de Jornal referente ao nome dado ao Hospital de Isolamento da Ilha da Pólvora, s.d. Fonte: SEGER, 2018.

Figura 01 - Edital de Jornal referente ao depósito de artigos bélicos da Província do Espírito Santo, s.d. Fonte: SEGER, 2018.

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Figura 03 - Vista para a fachada sudeste do Hospital em funcionamento, cais da lancha e a lavanderia (em vermelho), 1930 Fonte: SEGER, 2018

Figura 04 - Vista para a fachada oeste da Ilha, fundo das enfermarias (em vermelho), 1930 Fonte: SEGER, 2018

Figura 06 - Vista para o necrotério e a capela (em vermelho), fachada sul do Hospital em funcionamento, 1930 Fonte: SEGER, 2018

Figura 05 - Chegada da rede elétrica e o cais de emergência (em vermelho). Vista para a fachada leste do Hospital em funcionamento, 1930 Fonte: SEGER, 2018


A Ilha da Pólvora hoje, em nenhum aspecto tem as mesmas funções para que eram destinadas, haja vista que a memória afetiva está muito presente nesta localização por parte dos moradores de bairros próximos e de quem já esteve no local na época de seu funcionamento. Afinal, o hospital passou por períodos bem marcantes durante a construção de sua história, como sendo o primeiro leprosário do estado, logo em seguida um hospício, e por fim uma degradação, descaracterização e um abandono por sua proprietária atual, a União. A Ilha da Pólvora permanece em abandono a anos, a área é utilizada para uso de drogas, moradias temporárias para pessoas sem teto, aventureiros e curiosos. Suas estruturas são usadas de forma adaptada para práticas de esporte de combate (Airsoft) em dias esporádicos, acampamentos irregulares, e suas margens para a prática da pesca artesanal.

Imagem 14 - Estruturas do cais principal, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

Imagem 13 - Estruturas do cais de emergência destruído, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


Imagem 15 - Estruturas degradadas do antigo Hospital de Isolamento, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

Imagem 16 - Estruturas degradadas do antigo Hospital de Isolamento, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


CAIS DO HIDROAVIÃO DESATIVADO Projetado pelo arquiteto Ricardo Antunes, foi construído em 1939 com uma área de 400 metros quadrados, no bairro Santo Antônio, o hidro porto, que ficou popularmente conhecido em Vitória como “Cais do Avião”. O cais constituía uma das primeiras ligações aéreas de Vitória com outras capitais do País. A edificação dispunha de instalações para embarque e desembarque de passageiros e carga e descarga de mercadorias. (CODESA, 2006).


Depois da construção do aeroporto em Goiabeiras, o hidro

das aeronaves. (RIBEIRO, 2017)

porto ficou abandonado, anos depois passou a ser utilizado pela Legião Brasileira de Assistência, sendo sede do Caiçaras Clube

Havia também o ponto final do bonde em frente ao cais

e, posteriormente, ambulatório médico. Até o final de 1984, o

e, mais à direita do prédio, o chamado cais das barcas, que era

prédio que abrigava o cais pertencia à Aeronáutica, mas foi doado

utilizado para o deslocamento de pessoas que trabalhavam ou

posteriormente para o Departamento Nacional de Telecomunicações

iam visitar pacientes no hospital que ficava na Ilha da Pólvora,

(Dentel), que pretendia instalar no local uma estação de rádio. O

no meio do canal. (CODESA, 2006). Localizado ao lado do antigo

“Cais do Avião” é um exemplar da arquitetura produzida no Brasil

Cais do Hidroavião, no passado, dali saíam às barcas que levavam

em meados do século XX, possuindo características funcionais

os pacientes e médicos ao antigo hospital localizado na Ilha da

e estéticas de vanguarda arquitetônica internacional. (CODESA,

Pólvora. Atualmente o cenário é bem diferente, a construção está

2006)

completamente deteriorada e servindo de abrigo para pessoas em situação de rua e usuários de drogas.

Ainda segundo a reportagem a CODESA (2006), o antigo “Cais do Avião” passou por uma série de reformas realizadas pela Prefeitura de Vitória a partir de 2001 e se encontrava totalmente recuperado e remodelado, de acordo com o projeto arquitetônico original. Possuía um restaurante de comida típica capixaba, além de lojas de artesanato, de produtos de papel reciclado, um posto de informações turísticas e um museu sobre o cais. O “Cais do Avião” operou por anos, e foi uma das grandes atrações de Vitória. Durante o tempo de operação, ele mantinha uma

movimentação

constante.

Segundo

depoimento

de

habitantes antigos de Santo Antônio, diariamente hidroaviões aportavam naquele cais, desde simples monomotores a pesados quadrimotores de carga e passageiros. Havia uma relação muito forte entre os moradores e as atividades do cais. A pracinha em frente ao prédio ficava movimentada, com pessoas que iam buscar e levar passageiros, bem como contemplar as manobras Imagem 17 - Vista para a costa do bairro Santo Antônio, Cais do Hidroavião, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018

Imagem 18 - Cais do Hidroavião, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018


Imagem 19 - Cais do HidroaviĂŁo, 1930 Fonte: Instituto Jones Santos Neves, 2018

Imagem 20 - Cais do HidroaviĂŁo, 1930 Fonte: Instituto Jones Santos Neves, 2018


Imagem 21 - Cais do HidroaviĂŁo, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018

Imagem 22 - Cais do HidroaviĂŁo, 1930 Fonte: Instituto Jones Santos Neves, 2018


O cais do Hidroavião está em estado de abandono há 20 anos, objetos foram danificados e furtados do local, como relata na reportagem: Dentro do prédio o cenário é de destruição. Nas cozinhas, todos os móveis foram quebrados e as coifas roubadas, os vidros das janelas foram destruídos, dos banheiros, não sobrou quase nada. Em um salão, vidros das portas e das janelas quebrados estão espalhados pelo chão. Por todo o prédio, há infiltração e umidade. (GAZETA, 2017).

Mesmo com toda a estrutura abalada e paredes vandalizadas (Imagem 23, 24, 25 e 26), moradores dos bairros próximos não deixam de utilizar o local. Foram encontrados usuários utilizando o mesmo para atividades de pesca e lazer.

Imagem 23 - Área interna no Cais do Hidroavião, 2017 Fonte: Thiago Nevano, 2018

Habitantes antigos do bairro lembram com nostalgia, a época das atividades do “Cais do Avião”. O bairro Santo Antônio só não se desenvolveu mais, devido ao curto tempo das operações do hidro porto, cujo edifício era dotado de instalações modernas e luxuosas para a época. Ainda hoje, a geração mais antiga comenta sobre o hidroavião das 14 horas, muito popular por sua pontualidade permanente, chegando a servir de relógio para os habitantes.

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Imagem 24 - Área de vivência do Cais do Hidroavião abandonado, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


Imagem 25 - Moradores invadem o cais para a prรกtica de pesca, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

Imagem 26 - Moradores invadem o cais para a prรกtica de pesca, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


ANTIGO AQUAVIÁRIO DE PORTO DE SANTANA De acordo com Pirajá (2018), um terreno da Fazenda dos

que dificultavam a utilização do transporte aquaviário no bairro.

Guaiamus hoje conhecida como Porto de Santana, grande parte

Foram pontuados problemas como a ausência de terminais de

dessa propriedade foi comprada em 1913 pela Prefeitura Municipal

ônibus, de bicicletários ou de passarelas de acesso coberto (Figura

de Vitória, que instalou na área um matadouro municipal de

11).

750m² que foi construído em 1929 e inaugurado em 1930, marco zero do início da formação do bairro. Dessa maneira, apesar de

Havia muitas deficiências no terminal aquaviário de Porto

geograficamente localizar-se no município de Cariacica, a área

de Santana, sendo necessária, de acordo com levantamentos

pertencia à Vitória. O Matadouro Municipal foi desativado no final

realizados pelo PDTU (Plano Diretor de Transportes Urbanos –

da década de 70.

Instituto Jones dos Santos Neves, 1984), a realização de reparos tais como a substituição de passarelas e de flutuantes e a reforma

Após a desativação do matadouro, em 1982 foi inaugurado

da estação. Somavam-se a esses problemas o tempo de viagem,

o terminal aquaviário de Porto de Santana no Governo de Élcio

que era maior por barca do que por ônibus, fazendo com que o

Alvares. O sistema de transporte aquaviário em Porto de Santana

usuário deixasse de utilizar o transporte aquaviário.

surgiu a partir da necessidade de articulação entre a área central de Vitória e as áreas produtivas e residenciais de Cariacica e Vila

As maiores queixas dos usuários de Porto de Santana,

Velha. A instalação do terminal aquaviário em Porto de Santana era

conforme PDTU (1984), estavam relacionadas ao tempo de

também uma maneira de manter a região ligada à capital, tendo

espera pela barca, à sensação de insegurança em função do mau

em vista que o terreno ainda pertencia à Prefeitura Municipal de

estado de conservação e das características das próprias lanchas,

Vitoria (PMV).

como o espaço de acesso entre a lancha e a plataforma, que não apresentava uma estrutura fixa. No entanto, conforme pesquisa

O transporte coletivo aquaviário, implantado em 1978 (Figura

realizada pelo Instituto Jones Santos Neves (IJSN), as vantagens

07) de forma integrada ao sistema de ônibus, conectava o centro

que levavam a utilização desse meio de transporte era a tarifa,

de Vitória aos bairros de Porto de Santana, em Cariacica, Prainha

que na época correspondia a 1/3 (um terço) do valor da tarifa de

e Paul, em Vila Velha, e Dom Bosco e Rodoviária, em Vitória. De

ônibus para o mesmo destino e a possibilidade de apreciar uma

acordo com o Instituto Jones dos Santos Neves (1980), em Porto

paisagem diferenciada.

de Santana, os usuários do transporte alegavam que havia muita dificuldade de chegar até o terminal aquaviário. Um dos fatores

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Figura 11 - Terminal Aquaviário de Porto de Santana, 2000 Fonte: Geraldo Miranda, 2018


Figura 07 - Terminal Aquaviário de Porto de Santana na inauguração, 1978 Fonte: Geraldo Miranda, 2018

Figura 08 - Terminal Aquaviário de Porto de Santana, 1980 Fonte: Geraldo Miranda, 2018

Figura 09 - Matadouro Municipal de Porto de Santana, 1929 Fonte: Geraldo Miranda, 2018

Figura 10 - Matadouro Municipal de Porto de Santana, 1929 Fonte: Geraldo Miranda, 2018


Além de problemas relacionados à infraestrutura, outros

alimentadora do TRANSCOL alterou o formato concêntrico do sistema

fatores contribuíram para a decadência do sistema de transporte

anterior, reduzindo o número de linhas que passavam pelo centro de

aquaviário, como a reestruturação do transporte coletivo, a

Vitória. Dessa maneira, o sistema aquaviário teve seu funcionamento

inauguração de Terminais Urbanos distantes da Baía, a finalização

interrompido de forma definitiva no ano 2000 (Figura 08, 09 e 10),

da Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça (Terceira Ponte - liga

sendo que, em Porto de Santana, o funcionamento cessou ainda na

Vitória a Vila Velha) e a expansão urbana para áreas não atendidas

década de 1990. (PDTU/RMGV, 2001).

pelo sistema aquaviário. (Instituto Jones dos Santos Neves, 2009). O espaço, anteriormente usado pela edificação do matadouro   O distanciamento do transporte coletivo em relação à

de Porto de Santana (Imagem 27), havia sido desocupado para dar

baía tornou o sistema rodoviário de transporte predominante na

lugar ao Terminal Aquaviário, conforme explicado anteriormente.

Grande Vitória em detrimento do sistema aquaviário, que entrou

Hoje, sua área está completamente desocupada, sendo usada pela

em decadência a partir de 1989, ano marcado pela inauguração da

comunidade como quadra informal e área para depósito de lixo

“Terceira Ponte” e pelo início da operação do sistema TRANSCOL,

irregular (Imagem 28). Durante a visita foram encontradas estruturas

com os terminais de Itacibá e Vila Velha. O volume de passageiros

arruinadas do antigo Terminal Aquaviário (Imagem 29).

declinou a partir do final da década de 1980. A estrutura tronco-

Imagem 27 - Vista para o terreno onde era o antigo Terminal Aquaviário de Porto de Santana, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


Imagem 28 - ร rea do antigo Terminal Aquaviรกrio de Porto de Santana com vista para a Ilha da Pรณlvora, 2018 Fonte: Jady Costa, 2018

Imagem 29 - Resto das estruturas do antigo Terminal Aquaviรกrio de Porto de Santana, 2018 Fonte: Jady Costa, 2018


PROJETOS EFETUADOS PARA O ENTORNO DA ÁREA DE ESTUDO QUARTA PONTE Durante a etapa de levantamento de dados para o estudo,

Metropolitana apresentou mais um projeto viário em 2013, uma

nenhum projeto específico foi encontrado para o objeto de estudo,

Quarta Ponte que ligaria Vitória a Cariacica, com 8km de extensão

propriamente a Ilha da Pólvora. Foram encontradas propostas do

(Figura 12 e 13). Ela permitiria o acesso de pedestres, bicicletas,

Poder Público apenas para as áreas da poligonal e para o seu entorno.

carros, ônibus, caminhões e, já prevendo a futura operação do BRT, seria a primeira ponte multimodal do estado. A Via de trânsito rápido

Se alguns projetos que foram planejados para Vitória, nos

que desafogaria o centro da capital criaria um eixo estruturante

últimos 20 anos, tivessem sido postos em prática, a cidade seria

metropolitano melhorando a qualidade de vida da população com a

muito diferente. Seus habitantes desfrutariam de um Centro Olímpico,

abertura de novos e importantes corredores de tráfego no estado,

elevadores para subir os morros e várias alternativas para o trânsito

criando novos eixos de desenvolvimento em Cariacica, valorizando

intenso que diariamente complica a vida da população, tais como:

o espaço urbano, o transporte público, a logística de indústrias e

metrô de superfície, pontes, túneis, mergulhões, viadutos e até

terminais portuários melhorando a competitividade regional, estes

marinas públicas, para quem optasse pelo uso de barcos. Da mesma

seriam alguns dos benefícios que a Quarta Ponte traria para a Região

forma, as possibilidades de lazer, como teleféricos, restaurantes

Metropolitana da Grande Vitória e para o Estado do Espírito Santo.

panorâmicos nos morros, polos turísticos em ilhas, museus variados,

(CONFIRA, 2013).

bondes ou calçadões em orlas que percorreriam quase toda a ilha. Também as praias estariam despoluídas, já que o saneamento seria municipalizado.

Com tantas propostas, nenhum projeto foi aprovado ou teve seu início implementado. O Estado tentou incluir a obra no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No fim do ano de

A cidade de Vitória cresceu seu território sobre o mar e assim

2012, a informação era de que os recursos viriam do Banco Nacional

está sobre forte impacto das legislações federais que tratam das

de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pelo Programa

áreas de marinha e das propriedades da União. E são essas leis, além

de Desenvolvimento Sustentável do Espirito Santo, o que não se

da burocracia e das dificuldades de investimentos, que dificultam a

confirmou segundo a reportagem da A Gazeta de 2013.

execução de boa parte de pelo menos 60 projetos que nunca saíram do papel.

Em outra reportagem do G1 (2015), o Governo do Estado avalia que não teve condições financeiras para executar a construção da

Algumas propostas e projetos para áreas próximas à poligonal de estudo serão a seguir analisados.

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O governo do estado, dentro do Programa de Mobilidade

Quarta Ponte. Até a atualidade dessa pesquisa não se encontram mais notícias sobre este tema.


Figura 12 - Projeto 4 Ponte - vista de Cariacica à Vitória, 2015 Fonte: A Gazeta, 2015

Figura 13 - Projeto 4 Ponte - vista de Vitória à Cariacica, 2015 Fonte: A Gazeta, 2015


PROJETO NOVO AQUAVIÁRIO Segundo A Gazeta Online (2017), em 2012 começou a fase de

Segundo a reportagem da Folha Vitória (2015), o aquaviário

proposta para as empresas particulares para darem a início ao projeto

teve a licitação cancelada e foi retomada em 2015. O projeto seria

do novo aquaviário da Grande Vitória, mas só em 2014 foi lançada

reestruturado e implantado no segundo semestre do mesmo ano.

a consulta pública, que acabou sendo suspensa por irregularidades. Agora são alguns municípios da Grande Vitória que pretendem

Uma nova reportagem em 2017 volta a discutir sobre o retorno

retomar o projeto, com algumas lanchas, com função turística, mas

do Aquaviário mencionado pelos prefeitos de Vitória, Vila Velha e

não há prazos definidos.

Cariacica, com esperança e torcida de que no verão de 2018 já tendo um projeto piloto e um definitivo até o final de 2018 (Figura 14). Os

De acordo com a reportagem de 2013 do G1, um projeto de lei

projetos iniciais apontam que o aquaviário irá fazer o percurso da

complementar aprovado para instituir o serviço público de transporte

Prainha em Vila Velha à Praça do Papa em Vitória. Além da mobilidade

hidroviário na região da Grande Vitória foi aprovado pela Assembleia

o aquaviário será importante para o turismo no Espírito Santo, mas

Legislativa do Espírito Santo (Ales), no dia 14 de maio de 2014. O

sem previsões para projeto próximo a área de estudo.

projeto foi considerado pelos parlamentares como um dos mais importantes para a região Metropolitana, por ser um instrumento

De acordo com uma nova reportagem da A Gazeta Online

de mobilidade urbana, que foi perdido após a falência da empresa

(2018), novos pontos de paradas como no Cais dos Catraieiros,

que havia comprado o aquaviário. O deputado Élcio Alvares foi o

no Centro de Vitória, no antigo Terminal Dom Bosco e também

responsável pela implantação do sistema quando foi governador do

na Prainha de Santo Antônio (Figura 15) serão inseridos ao novo

estado de 1975 a 1979.

projeto da implantação dos aquaviários, com uma nova data para funcionamento do transporte turístico de balsas entre as cidades.

O projeto do aquaviário se insere no contexto do Programa de

Com previsão para o final deste ano de 2018.

Mobilidade Metropolitana (PMM) e foi desenvolvido após estudos da Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop). A pesquisa incluiu viagens hidroviárias de interesse metropolitano com origem e destino na Grande Vitória. O governador Renato Casagrande (PSB) precisaria sancionar o projeto, o que não ocorreu, segundo reportagem da A Gazeta de 2014.

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Figura 09 - Reportagem, 2017 Fonte: A Gazeta Online, 2018


Atualmente foi implantado um Sistema de transporte como Ecobalsas, o novo transporte aquaviário de Vitória (Figura 16) com o objetivo de trazer mais turismo para a Grande Vitória com inteligência e tecnologia, preocupados com o meio ambiente e a utilização de energias alternativas para navegar as balsas. Fazendo ligação entre os municípios de Vitória e Vila Velha (Figura 17). Em Vitória, os terminais serão implantados nas regiões da Praça do Papa e Enseada do Suá, próximo à Capitania dos Portos, que, segundo o presidente da Companhia de Desenvolvimento, Inovação e Turismo de Vitória (CDV), Leonardo Krohling, já está pronto e pode operar.

Figura 16 - Reportagem, 2018 Fonte: A Gazeta Online, 2018

O embarque das Ecobalsas é feito pelo Cais dos pescadores em Vitória, seguindo pela baía ele faz o trajeto até a Ponte Florentino Avidos, dando a volta pela Ilha Pedra da Itaputera e retornando ao Cais dos pescadores. Infelizmente não foi encontrado nenhum projeto de novo terminal aquaviário próximo à Ilha da Pólvora ou retomada do Cais do Hidroavião, em Santo Antônio. O projeto tem muito a oferecer, tanto no aspecto histórico e cultural do nosso estado, como em potencial para alavancar o futuro desenvolvimento social e econômico, que merece ser mais bem explorado num todo, para que a intervenção seja a melhor que venha adicionar e recompor a valorização ambiental e urbana em seu entorno.

Figura 15 - Reportagem, 2018

Fonte: A Gazeta Online, 2018

Figura 17 - Ecobalsas, 2018 Fonte: Gazeta Online, 2018


Imagem 30 - Vista leste Ilha da Pรณlvora, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


LUGAR Neste Capítulo desenvolve-se uma análise para a definição de “lugar” segundo Castello (1997) “é um espaço qualificado, isto é, um espaço que se torna percebido pela população por conter significados”. Já segundo Tuan (1983), o que começa como um espaço indiferenciado, transforma-se em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor. “O espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e significado”. Para iniciar o desenvolvimento do projeto foram realizadas visitas ao terreno e aos bairros circundantes, a partir dessas visitas foram formando conceitos de lugar apresentados em Subcapítulos, detalhando seus caminhos e percursos no terreno, sua situação atual no tempo, a definição dos setores, limites, o sítio em relação a paisagem cultural, seus potenciais de uso e funções, gerando uma análise crítica de levantamento.


CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA ÁREA Conforme já foi visto anteriormente, a ilha encontra-se desabitada, sem uso e com as estruturas nela contidas em estado de abandono e depredação , coberta pela vegetação na parte interna e externa da edificação (Imagem 31). Sua área foi atualmente disposta a prática de esporte de combate e suas margens para a prática de pesca (Imagem 32). Foram identificadas diversas patologias em suas estruturas: Fissuras no interior de alguns edifícios; Declives inadequados do pavimento que propicia o acúmulo de água nessas regiões, bem como o desenvolvimento de fungos e bolores; Presença de umidade constante nas paredes internas, resultando na degradação da pintura e deslocamentos de revestimento. Imagem 32 - Pescador na baía, Santo Antônio ao fundo, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

Imagem 31 - Vista leste Ilha da Pólvora, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


LEVANTAMENTO E ANÁLISE FÍSICO-ESPACIAL Na realização dos levantamentos, foram encontradas paredes com pichações, algumas identificações das alas antigas, vidros de antibióticos ainda espalhados em todos os cômodos e restos de comportamentos humanos (fezes, roupas íntimas, etc), restos de demolição espalhados de formas aleatórias sem locais específicos (Imagem 33), estruturas deterioradas por ação do tempo (Imagem 34) e tomada por vegetação natural da ilha, alguns revestimentos ainda permanecem em bom estado. Após o fechamento do hospital, a edificação foi abandonada com todos os equipamentos, vindo a ser depredada e saqueada por vândalos (Imagem 35), como equipamentos sanitários, esquadrias e alguns materiais Imagem 33 - Estrutura interna da antiga secretaria do Hospital, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

Imagem 34 - Corredor do antigo prédio de laboratórios, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

de construção, conforme relatos de moradores.

Imagem 35 - Corredor do antigo prédio de leitos e acesso a rampa, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


CAMINHOS / PERCURSOS A área de estudo possui somente ligação direta com o uso de embarcações particulares para travessia. O acesso principal da ilha se dá pelo cais da lancha localizado na parte sul da ilha, onde está situado a edificação que um dia foi a guarita, possui uma escadaria e caminhos pavimentados, demarcados no mapa 07, que levam aos próximos blocos do Hospital, como a secretaria, os laboratórios e a lavanderia, em seguida, através de passarelas os usuários eram conduzidos aos próximos blocos onde ficavam os leitos do Hospital.

SETORES A observação, bem como, conversas informais com usuários que trabalhavam no local e mensagens do Governo no período Republicano, foram identificados, foram métodos utilizados para demarcar os principais setores que haviam na época do funcionamento do Hospital. Conforme mensagem, por Florentino Avidos (Figura 18 e 19). “Nesse período da

minha gestão, efetuei a construção do Hospital de Isolamento para 40 enfermos, na Ilha da Pólvora, e autorizei a instalação do laboratório bacteriológico e dos serviços de Secretaria, Almoxarifado, garagem e

Imagem 18 - Reportagem Jornal, 1928 Fonte: Fábio Pirajá, 2018

auto ambulância”. (BRASIL, 1928).

LIMITES Segundo Lynch (2006), os limites podem ser considerados barreiras (rios, estradas, viadutos, etc.) ou como elementos de ligação, podendo ter qualidades direcionais assim como os caminhos. Ao longo de um rio, por exemplo, sempre se tem a noção de que direção se percorre, uma vez que o rio fornece essa orientação. De acordo com Lynch, a ilha por si

Figura 19 - Reportagem Jornal, 1928 Fonte: Fábio Pirajá, 2018

só tem como limite o braço do Rio Santa Maria em todo o seu perímetro. As demais áreas de estudo, também são limitadas pelo mesmo rio.

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Mapa 07 – Edificações Atuais. Elaboração: Izabelle Rosselyne, 2018 SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S/WKID: 3984 AUTHORITY: EPSG/PROJETCION: TRANSVERSE_MERCATOR.



PONTOS FOCAIS Segundo Gordon Cullen ponto focal é um símbolo de convergência, Iha da Pólvora

que define a situação urbana e orienta, diz que em geral as pessoas diante de um ponto focal afirmam: “É aqui”, “Pare”. É um elemento de força que se materializa de forma isolada e por vezes marcada pela verticalidade. (ADAM, 2008) A ilha como ponto focal por ser um afloramento rochoso com até 8m de altura acima do nível do mar, as estruturas presentes na lha da Pólvora podem ser vistas por bairros próximos. Durante a visita foi possível registrar a imagem da Ilha de uma das janelas da casa de moradores do bairro de Porto de Santana (Imagem 36 e 37), de Santo Antônio (Imagem 38), de restaurantes próximo a orla (Imagem 39); Já em lugares mais altos da Região Metropolitana da Grande Vitória

Imagem 20 - Vista Oeste da Ilha pelo morador de Porto de Santana, 2018 Modificado: Izabelle Rosselyne. Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

que circundam a área de estudo, como por exemplo, o Morro da Fonte Grande (Imagem 40); e do próprio canal onde moradores e turistas

Iha da Pólvora

navegam em busca de calmaria e belas visuais do canal (Imagem 41) e seus manguezais.

“Os pontos focais são lugares que atraem a atenção, que fazem a pessoa parar por um momento durante um correr de olhos sobre uma cena.” Janet Macunovich

60

Imagem 21 - Vista da janela de um morador de Porto de Santana, 2018 Modificado: Izabelle Rosselyne. Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


Iha da Pólvora

Imagem 38 - Vista Leste, rua de pedestre na orla de Santa Antônio, 2018 Modificado: Izabelle Rosselyne. Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

Iha da Pólvora

Imagem 40 - Vista Leste da Ilha pelo Mirante do Morro da Fonte Grande - Vitória, 2018 Modificado: Izabelle Rosselyne. Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

Iha da Pólvora Iha da Pólvora

Imagem 39 - Vista Sul da Ilha pela calçada na orla de Santa Antônio, 2018 Modificado: Izabelle Rosselyne. Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018

Imagem 41 - Vista Norte da Ilha pelo Rio Santa Maria, 2018 Modificado: Izabelle Rosselyne. Fonte: Izabelle Rosselyne, 2018


MARCOS VISUAIS Segundo Lynch (2006), marcos visuais são elementos pontuais no qual o observador não entra. Caracterizado pela singularidade, algum aspecto que é único ou memorável no contexto. Isso pode ser alcançado de duas maneiras: sendo visto a partir de muitos lugares, ou estabelecendo um contraste local com os elementos mais próximos. Ainda de acordo com as características de Lynch (2006), podemos avistar no norte da ilha o manguezal nos braços do Rio Santa Maria e na mesma direção mais distante, no município da Serra, o Monte Mestre Álvaro (Imagem 42). Na área leste, é possível avistar somente a Ilha do Cal e sua densa vegetação e o grande maciço rochoso do Morro da Fonte Grande. Na área oeste, é possível avistar o bairro de Porto de Santana (Imagem 43),

Imagem 42 - Vista para o Monte Mestre Álvaro no município da Serra, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018

município de Cariacica e a localização do antigo terminal aquaviário de Porto de Santana. Na área sul, é possível avistar a entrada do canal da baía de Vitória, o manguezal pertencente a Porto de Santana, o Cais do Hidroavião (Imagem 44) no bairro de Santo Antônio, a cúpula da Basílica de Santo Antônio e também o Morro da Fonte Grande (Imagem 45). A ilha propriamente dia é considerada um marco visual, por ser um afloramento rochoso consideravelmentalto com estruturas marcantes, acima do nível do mar como dito no capítulo anterior, a Ilha da Pólvora pode ser vista por bairros próximos e por pontos mais altos da Região Metropolitana da Grande Vitória que circundam a área de estudo.

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Imagem 43 - Vista para o bairro Porto de Santana - Cariacica, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018


Imagem 44 - Vista para o bairro Santo Antônio - Vitória, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018

Imagem 45 - Vista para o Cais do Hidroavião em Santo Antônio - Vitória, 2018 Fonte: Izabelle Rosselyne 2018


ANÁLISE DO SITIO Mediante levantamento de dados, foi possível identificar que a ilha é um maciço rochoso que se ergue a uma altura de 8m acima do nível do mar (Imagem 46), de relevo íngreme e de difícil acesso em algumas regiões, contendo nela vegetação densa, frutífera, arbórea e de mata atlântica, segundo Secretaria de Meio Ambiente de Vitória (2009). Segundo estudo feito pelo Relatório de Impacto Ambiental RIMA (2013), próximo à área de estudo há fauna característica do ambiente com pequenos mamíferos, répteis, anfíbios, aves marinhas (Figura 20), não possuindo fonte de água própria (mina). O vento da região é caracterizado como noroeste, sofrendo influência do corredor da baia de Vitória entre os municípios.

Imagem 46 - Maciço rochoso, vista aérea Ilha da Pólvora, 2013 Fonte: Antonio Carlos Gemada Sessa Netto, 2013

ANÁLISE CRÍTICA DO LEVANTAMENTO A partir dos dados levantados, a estrutura atual será parcialmente aproveitada tendo suas estruturas que apresentam características históricas preservadas e suas estruturas mais degradadas demolidas dando lugar a novas instalações adaptadas para a atividade que será destinada. Com a possibilidade para áreas de expansão, aproveitamento da vegetação existente e de áreas planas presentes no maciço rochoso, novas construções de acesso, dentre outros projetos, serão explicadas mais à frente.

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Figura 20 - Fauna encontrada no entorno e no terreno de estudo, 2013 Fonte: RIMA, 2013


PAISAGEM CULTURAL

POTENCIALIDADES DE USOS E FUNÇÕES

De acordo com o IPHAN, Paisagem Cultural é um resultado que

A proposta do novo uso para o antigo Hospital de Isolamento

percebemos de um determinado território a partir de uma conexão

devido a sua localização e característica, é na instalação da base de

entre os espaços construídos e a natureza, dessa forma cria-se

estudo e pesquisa na preservação, conservação e aprofundamento

uma identidade para o local. A paisagem como algo dinâmico é

na área ambiental, favorecendo a disseminação dos conceitos

fundamental para a compreensão de um lugar mutável, no qual se

de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental para os

transforma e se adequa a uma realidade “itinerante”.

diversos públicos, contribuindo para o desenvolvimento social, ambiental, econômico, político e cultural, baseia-se, também,

A ilha da pólvora possui uma representatividade devido a sua

dentre outros fatores, nos índices urbanísticos preestabelecidos

configuração morfológica, afinal sua delimitação territorial leste/

pelo Plano Diretor Urbano do Município de Vitória, apresentado na

oeste acontece por dois municípios e a Ilha da Cal, juntamente com

tabela anteriormente como Zona de Proteção Ambiental que tem

o mar que não só delimita como também divide a cidade de Vitória

como objetivo:

e Cariacica. O mar que envolve a Ilha pode ser visto como limite, mas também como uma conexão que permitirá uma ligação com a baia de Vitória.

Fomentar ecossistemas criados;

a

conservação

naturais

regulamentares

e

dos formas

dos

ambientes de

uso

A ilha da Pólvora é privilegiada por uma natureza exuberante

compatíveis com a preservação dos recursos

e está cercada pela Ilha da Cal, Morro da fonte Grande, Manguezal

naturais; fomentar atividades de pesquisa

do Rio Santa Maria e a orla do município de Porto de Santana em

científica,

monitoramento

e

Cariacica, além de uma bela vista para o Monte Mestre Álvaro.

ambiental,

estimulando

inserção

a

educação da

população nas ações de conservação do meio ambiente; desenvolver projetos que qualifiquem as paisagens naturais da cidade. (PDU, 2006).

Este lugar possui características naturais e de interesse socioambiental, mas ao mesmo tempo tão próxima e inserida na geografia urbana da cidade que demanda uma melhor compreensão e estudo de impacto social, econômico e estrutural visando a melhor forma de intervenção. Desta forma busca-se por meio da elaboração de estudos de casos, a analogia e compreensão necessária para o desenvolvimento do estudo de refuncionalização e requalificação do lugar.

65



ESTUDOS DE CASO Os estudos de caso apresentados a seguir, tem como objetivo de melhor compreensão das estratégias tomadas para a revitalização de estruturas degradadas, com a inserção de novas atividades que promovam programas e ações de conservação, recuperação e educação ambiental, com isso, desenvolver e basear as decisões de projeto para a Ilha da Pólvora. Os projetos selecionados tiveram suas estruturas revitalizadas com o emprego de novas atividades, projetos que procuraram um diálogo participativo entre o ambiente construído e o natural, muitas vezes utilizando práticas ambientais eficientes e o Parque Botânico da Vale, em específico, foi estudado pelo seu programa de atividades relacionadas a educação ambiental, permitindo total acesso ao público sem interferir com as rotinas operacionais da empresa na mesma área. Ao final do capitulo se encontra uma tabela síntese com as característica e conclusão dos estudos de caso.

Imagem 47 - obra de Severiano Porto, Parque Botânico da Vale e Instituto Terra de Sebastião Salgado, s.d. Fonte: Fotos do Acervo Pessoal de Severiano Porto / NPD UFRJ; Acervo Vale do Rio Doce e Weverson Rocio. 67


CENTRO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE BALBINA – SEVERIANO MARIO PORTO O edifício abrigou a equipe técnica responsável por minimizar

O Centro de Proteção Ambiental de Balbina, considerado uma

os impactos ambientais causados pela construção da barragem

das grandes obras da arquitetura brasileira do final do século XX,

da Hidrelétrica de Balbina. O volume do edifício é marcado pela

hoje está abandonado e em ruínas.

presença de sua cobertura voluptuosa, sua estrutura composta por pilares circulares apoiados sobre fundações de concreto, sustentando

A história de descaso por parte do governo, pelo abandono e

um elaboradíssimo conjunto de treliças de madeira. O telhado,

pela preocupação por parte da vizinhança em retomar o lugar para

teve como inspiração as construções vernaculares amazônicas, ao

que era destinado, são semelhantes com a história do hospital.

invés de telhas convencionais, Porto projetou telhas de madeiras,

Suas características arquitetônicas serão utilizadas como base em

aproveitando o material predominante na região, soube racionalizar

alguns elementos construtivos para o projeto do Centro de Educação

de forma eficiente todos os materiais disponíveis, criando um ícone

Ambiental.

para arquitetura brasileira. (CASTRO, 2016) A técnica utilizada surge do partido adotado, no qual Porto

Localização: No distrito de Balbina, no município de Presidente Figueiredo – Manaus – Amazonas – Brasil.

tinha como excepcional teoria, “primeiro é preciso cobrir, depois

Data: construído em 1968 a título de compensação ambiental pela

se constrói as edificações”, com isso ele elaborou diversos projetos

construção da Usina Hidrelétrica de Balbina. Foi fechada em 1989.

que cria grandes panos de coberturas, para proteger as edificações

Conceito: Sustentabilidade, funcionalidade, eficiência energética.

do sol escaldante da região, com isso ele aproveita a ventilação e

Partido: A extensa cobertura se adequando às variações dos diversos

iluminação natural para tornar a obra eficiente.

blocos funcionais, para proteger as edificações do sol escaldante da região, aproveitando a ventilação e iluminação natura.

A extensa cobertura serpenteante em meio à selva amazônica é uma primorosa leitura dos Conjuntos Pedregulho (1947) e Gávea (1952) de Reidy, e da marquise do Parque do Ibirapuera (1951-54) de Niemeyer. No entanto, ao conceber uma contínua coberta de duas águas, que se adequa às variações dos diversos blocos funcionais, cria uma verdadeira espinha dorsal, em uma clara referência às igrejas barrocas de Minas Gerais. (CASTRO, 2016)

68

Imagem 48 - obra de Severiano Porto, s.d. Fonte: Fotos do Acervo Pessoal de Severiano Porto / NPD UFRJ. s.d.



INSTITUTO TERRA/ CENTRO DE EDUCAÇÃO E RECUPERAÇÃO AMBIENTAL – LOCI ARQUITETOS O Instituto Terra foi concebido como um centro de recuperação

Segundo Benicio (2015) o projeto dispôs os edifícios em

ambiental, mas com caráter marcado pela educação, divulgação e

semicírculo em torno de uma área central aberta e vazia, proposta

conscientização social, foi a primeira Reserva Particular do Patrimônio

como lugar de convivência e de integração desta nova comunidade. O

Natural criada em uma área degradada de Mata Atlântica brasileira,

centro foi tomado como o cruzamento dos eixos imaginários e origem

com o compromisso de promover sua recuperação ambiental. Sua

da espiral que conecta as edificações. As novas edificações adotaram

meta inicial era criar um modelo de recuperação ambiental associado

formas e materiais propositalmente semelhantes às existentes, em

a atividades educacionais, a ser replicado em propriedades no Vale

busca de um conjunto harmônico. Espaços compactos, acabamentos

do Rio Doce.

austeros e coberturas cerâmicas semelhantes ao modo de construir típico da região, respeito ao clima local e ênfase na qualidade

A ocupação deste território seguiu um processo típico de

construtiva foram a tônica dos edifícios. Foram preservadas apenas

desmatamento e manejo inadequado, em 2000 foi realizado a

duas residências, além dos antigos currais e galpões da Fazenda

requalificação e ampliação do espaço pelo escritório LOCI Arquitetos,

Bulcão, com suas estruturas mantidas em madeira aparente e seus

em sua proposta de projeto, buscou articular referências arquitetônicas

pátios em pedra, ganharam novos usos como centro de recepção,

e culturais relacionadas aos moradores do Valo do Rio Doce, sua

salão de exposições e refeitório e gazebo.

cultura e suas práticas construtivas, buscando o desenvolvimento humano que respeitasse o meio ambiente, seguindo a proposta do

Um dos edifícios foi reaproveitado como centro de recepção de

Instituto Terra, interligado a outras vertentes de sustentabilidade e a

visitantes e salão de exposições, que se abre para um pátio central,

interdisciplinaridade, mostrando estratégias tanto do ponto de vista

que coincide com o centro da ordenação espacial e paisagística

social, comprometendo a equipe e a comunidade de Aimorés em

proposta para a revitalização da Fazenda Bulcão. Totalmente

uma atitude de respeito para com o local e com sua história.

recuperado, outro galpão que protegia a antiga balança de gado se transformou em salão de refeitório, e recebeu um anexo para

Foram utilizados a aldeia indígena, o eixo longitudinal e o

instalar a cozinha e a lavanderia. (BENICIO, 2015)

desenho em espiral como conceitos fundamentais do projeto, para integrar novos edifícios e espaços exteriores as construções

O desenho arquitetônico e paisagístico do Instituto Terra foi,

vernáculas existentes e aos elementos da natureza e do entorno da

desde o início, pensado como uma solução simples, conectada ao

Fazendo Bulcão. (BENICIO, 2015)

vernáculo e à atenção ao contexto local e ambiental. Buscando por uma sustentabilidade possível em um momento em que o Brasil

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apenas começava a estudar este conceito, o projeto do Instituto Terra acabou por ser uma das primeiras arquiteturas sustentáveis a ser concluída em território nacional. (BENICIO, 2015) O projeto do Instituto Terra, foi utilizado como base principal na elaboração das novas atividades inseridas na Ilha da Pólvora para interação da comunidade com o centro de educação ambiental, responsáveis pela formação de novos cidadãos preocupados com o meio ambiente. Sua arquitetura sustentável, reaproveitando suas condicionantes topográficas e seus recursos naturais. Localização: Fazenda Bulcão, no município de Aimorés – Minas Gerais – Brasil. Data: fundada em 1998 por Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado. Reforma em 2000 pela LOCI Arquitetos, funciona até hoje. Conceito: A aldeia indígena, o eixo longitudinal e o desenho em espiral. Partido: Disposição dos edifícios em semicírculo entorno de uma área central aberta e vazia.

Imagem 49 - Instituto Terra de Sebastião Salgado, s.d. Fonte: Fotos do Acervo Pessoal de Weverson Rocio.


PARQUE BOTÂNICO DA VALE – VITÓRIA/ES O Parque está localizado dentro do Cinturão Verde da Vale e

O Parque Botânico oferece diversas atrações aos visitantes, como

revela o processo de restauração e preservação da Mata Atlântica.

trilhas ecológicas guiadas, visita ao Complexo de Tubarão, parque

São 33 hectares de vegetação voltados para a preservação cultural

de diversão infantil ecologicamente correto e uma programação de

e biológica da região. Abertos à visitação e ao lazer dos moradores e

exposições temáticas. Possui uma infra-estrutura para eventos com

visitantes da cidade, estabelecem a integração entre a comunidade

anfiteatro, salas de aula para minicursos, estacionamento e módulos

e a empresa. Sua localização foi estrategicamente escolhida para

com informações sobre educação ambiental. Também oferece aos

permitir o acesso do público sem interferir com as rotinas operacionais

visitantes e estudantes uma programação diversificada que busca

que a Vale desenvolve na área.

trabalhar a educação ambiental, e difundir a cultura regional. Tal projeto será utilizado como base nas atividades relacionadas a

Mais de 140 espécies de árvores compõe a flora diversificada

integração da comunidade com o parque, além de sua materialidade

do Parque Botânico, sua fauna silvestre apresenta espécies como

preocupada com a sustentabilidade, semelhante ao conceito e

gambás e saguis e diversas espécies de aves que podem ser vistas

diretriz do objeto de estudo em questão.

em cinco trilhas ecológicas monitoradas. Há também um orquidário com mudas, de 150 espécies nacionais e internacionais em sua

Localização: Complexo Industrial do Porto de Tubarão, no bairro

estufa.

Jardim Camburi, no município de Vitória – Espírito Santo – Brasil. Data: Inaugurado em 2004, funciona até hoje.

O Jardim Sensorial, é o primeiro da cidade de Vitória, com

Conceito: Sustentabilidade e restauração florestal

o objetivo de proporcionar um verdadeiro encontro com o meio

Partido: Os percursos, as atividades inseridas no Parque, a

ambiente e a descoberta de sensações, proporciona aos visitantes a

volumetria e a materialidade.

oportunidade de explorar a natureza em um circuito que estimula os sentidos humanos. E com uma audioteca, O Vagão do Conhecimento, um trem de totalmente adaptado para receber livros e computadores. A biblioteca sobre trilhos também possui mesas adaptadas e rampa de acesso para cadeirantes.

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Imagem 50 - Parque Botânico da Vale, s.d. Fonte: Fotos Acervo Vale do Rio Doce



Tabela 03 - Quadro síntese, estudos de caso.

INSTITUTO TERRA - MG

PARQUE BOTÂNICO DA VALE - ES

O acesso à sede da fazenda percorre uma direção geral Norte-Sul.

O acesso é feito pela avenida principal que leva até o estacionamento do parque.

A disposição dos novos edifícios teve de atender a uma cuidadosa disposição sobre o terreno, condicionada pela topografia, pela necessidade de preservar as poucas árvores que resistiam, pela presença de uma rede de alta tensão sobre a área, e pela necessidade de prevenir as enxurradas do Córrego Bulcão

São 33 hectares de vegetação voltados para preservação cultural e biológica da região. Seu complexo foi estrategicamente pensado em permitir o acesso do público sem interferir com as rotinas operacionais da empresa. Todo o complexo acessado por caminhos orgânicos

ACESSO

CENTRO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE BALBINA - MG

IMPLANTAÇÃO

Acesso somente pela via Av. Norte - Sul.

Sua implantação foi pensada às condicionantes do lugar, como topografia, orientação e disposição dos edifícios no terreno, considerando ventos dominantes e na distribuição dos espaços interiores.


VOLUMETRIA MATERIALIDADE RELAÇÃO COM O ENTORNO

CENTRO DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DE BALBINA - MG

INSTITUTO TERRA - MG

PARQUE BOTÂNICO DA VALE - ES

O volume do edifício é marcado pela presença da cobertura volumosa, estrutura composta por pilares circulares, com fundações de concreto. Sobre o mesmo telhado os diversos ambientes do conjunto se distribuem, e suas paredes, de alvenaria convencional, não tocam no teto. Esta solução, aliada ao formato cônico da cobertura, facilita a saída do ar quente, através de lanternins no alto da estrutura.

Espaços compactos, acabamentos austeros e coberturas cerâmicas, estas características, aliadas à preocupação com o clima e com as condições ambientais do local, resultaram na busca pela insolação mais adequada, no uso de avarandados e pérgulas, no aproveitamento dos ventos para a ventilação natural e cruzada dentro dos edifícios, em tetos altos e forros ventilados, e na correta hierarquia dos espaços.

Todos os blocos têm sua volumetria hexagonal, com cobertura em lanternim, garantindo ventilação natural em todo o complexo.

Todo o complexo foi construído em alvenaria e madeira. Porto sempre optou por aproveitar o material predominante na região, sabendo racionalizar de forma eficiente todos os materiais disponíveis.

Coberturas cerâmicas com largos beirais e extensas varandas, bases em alvenaria de pedra local e o uso de técnicas vernaculares de construção e de paisagismo, traduzindo o respeito pela tradição construtiva e pelos materiais da região. O uso de madeira reflorestada para estruturas, coberturas e esquadrias, evidenciando sua preocupação com novos paradigmas na relação entre ambiente natural e o construído.

A arquitetura com alvenaria simples e madeira de reflorestamento. Telhas de cerâmica, todo o piso do complexo foi feito de cimento queimado, em alguns casos, a pavimentação é desenhada com mosaicos de cerâmica, retratando imagens da natureza.

Com sua volumetria orgânica em forma serpentina, o Centro de Proteção se mistura com o seu entorno amazonense, a partir de toda a sua estrutura e materiais utilizados.

Os jardins exuberantes foram adotados pela população local, que fez da fazenda seu principal espaço de lazer. O crescimento das árvores evidencia o surgimento de uma floresta de elevada biomassa e diversidade, em uma área antes completamente degradada. O desenho arquitetônico e paisagístico do Instituto Terra foi, desde o início, pensado como uma solução simples, conectada ao vernáculo e à atenção ao contexto local e ambiental.

Todo o projeto foi executado de forma a complementar o seu entorno, sem chamar atenção. A proposta é de integração da comunidade com o meio ambiente, todas as atividades foram adequadas para garantir essa total interação.


CONCLUSÃO Os estudos de caso foram selecionados devido a importância e êxito na revitalização urbana onde foram inseridas, colocando em destaque a valorização do entorno, visando seu aproveitamento por parte dos moradores, implementando espaços onde são realizadas atividades relacionadas a cultura. No caso do Projeto Terra de Sebastião Salgado, é um exemplo claro de recuperação de área degradada, em que foi respeitado e valorizado o seu entorno, a história e a cultura do local. As intervenções mostram grande valor não só arquitetônico, mas também cultural e socioambiental, transformando espaços mortos em locais de integração e transposição, gerando também oportunidade para aplicação de novas técnicas. O conceito de sustentabilidade e respeito a natureza no Parque Botânico da Vale, elemento que hoje em dia não pode ser desconsiderado, vai além da implementação do projeto e serve como exemplo educando a população sobre a importância do meio ambiente e o que pode ser feito para preserválo.

Imagem 51 - obra de Severiano Porto, Parque Botânico da Vale e Instituto Terra de Sebastião Salgado, s.d. Fonte: Fotos do Acervo Pessoal de Severiano Porto / NPD UFRJ; Acervo Vale do Rio Doce e Weverson Rocio. 76



SANTO ANTร NIO

Ilha da Cal

Ilha da Pรณlvora P O RT O D E S A N TA N A


PROJETO Entende-se a palavra projeto como desejo, da intenção de fazer ou realizar algo no futuro, um plano. O ato de projetar é uma produção criativa, exigindo do profissional da arquitetura disciplina e um processo de trabalho, também exige a poética da profissão, inspirações e desejos, a produção arquitetônica é única e impessoal. O presente projeto tem como conceito a conexão e a sustentabilidade e serão representados pelas atividades que serão realizadas na ilha e a sua relação com seu entorno.

R I O S A N TA M A R I A DA V I T Ó R I A

Neste capitulo será abordado o processo de planejamento das intervenções na ilha e em seus pontos de conexão, com seus objetivos e estratégias. Compostas por diretrizes, propostas e justificativas de intervenção, programa de necessidades a partir de buscas aos objetivos propostos e das demandas a serem supridas no Centro de Educação Ambiental, fluxogramas elaborados para organização de ambientes e percursos, seguido de um pré-dimensionamento de suas dependências e assim concluir com uma proposta de implantação, plano de operação e estudo volumétrico do projeto.

Figura 21 – Vista aérea área de estudo, rota de navegação. Elaborado: Izabelle Rosselyne, 2019 Fonte: Sketchup, 2018

79


ÁREA DE INTERVENÇÃO Após identificar problemas e potenciais do local, pode-

A área 3 (três) marcada no mapa fica localizado o Antigo

se definir alguns pontos com maior relevância para a proposta

Cais do Hidroavião, foi escolhida por conter histórias e toda a

de Revitalização na Ilha da Pólvora. Assim, pretende-se através

relação afetiva com o bairro em que está inserido, devido a sua

de equipamentos e qualificações na área em específico e seu

desativação, a intenção é ter de volta toda a rotina e integração

entorno, atender as necessidades dos frequentadores dos

com a cidade como ocorreu no momento de seu funcionamento.

locais como também os visitantes. A proposta busca relacionar

Será o principal ponto de acesso para visitantes e funcionários do

a arquitetura, destacando os potenciais existentes na área de

novo complexo da Ilha da Pólvora, por suas vias mais próximas –

estudo, respeitando e integrando-se ao local.

Rua Dom Benedito e Av. Dário Lourenço de Souza – suportarem o maior fluxo de veículos.

Conforme

os

mapas

estudados

anteriormente,

foram

identificados alguns condicionantes importantes para a proposta

A área 4 (quatro) demarcada é o terreno do novo aquaviário

de intervenção, como: principais acessos, mobilidade, vegetações

de Porto de Santana, na época em que funcionava, o antigo

densas e melhores visuais. Através destes mapas pode-se propor

aquaviário era localizado na área 2 (dois), também demarcada

áreas de convívio e funções principais para o funcionamento do

no mapa. Com a intenção de melhorar o fluxo e aumentar a

Centro de Educação e pesquisa, assim tornando um local mais

circulação de turistas no bairro, foi realocado para a outra área

atrativo, preservando a natureza existente.

dita anteriormente, pois tem melhor infraestrutura e acesso direto com a via de maior fluxo do bairro – Rua Verdes Mares e

Através da análise entorno do objeto de estudo (Ilha da

Av. Vale do Rio Doce –. Como foi visto anteriormente o bairro de

Pólvora), foram identificadas algumas vantagens e desvantagens

Porto de Santana carece de comércio formal na área de ligação

para escolha de cada área de intervenção, e através destas áreas

à Ilha, então foi proposto a criação do novo aquaviário com a

foram definidas vertentes para valorização e modificação de cada

intenção de aumentar a circulação de veículos e turistas, gerando

uma delas. Analisando o Mapa 08, foram demarcadas duas áreas

um aumento na economia para o bairro.

de intervenção:

80

Mapa 08 – Áreas de Intervenção. Elaborado: Izabelle Rosselyne, 2019 SIRGAS_2000_UTM_ZONE_24S/ WKID: 3984 AUTHORITY: EPSG/ PROJETCION: TRANSVERSE_MERCATOR Fonte: Prefeitura Municipal de Vitória e Prefeitura Municipal de Cariacica



DIRETRIZES PARA INTERVENÇÃO Entende-se por diretrizes o conjunto de instruções ou indicações

Tendo como ponto chave para aplicação dos conceitos e do

para de estabelecer um plano, uma ação; são orientações, guias,

programa de necessidades, são a reativação e criação do aquaviário

rumos. A partir das análises e pesquisas realizadas, a proposta

nos bairros circundantes a área de estudo, sendo utilizado como

busca trazer vitalidade para uma área com grande potencial, porém

principal linha de conexão entre as áreas de intervenção, servindo de

carente de espaços públicos de lazer para atender a população,

forma efetiva, já que a mobilidade urbana estaria ligada diretamente

desta forma criou-se diretrizes essenciais, as quais nortearão para

aos aquaviários, e desta forma direciona o usuário ao longo dos

as etapas posteriores.

pontos pensados para melhorias, agindo como espaço comum de ligação entre todo o projeto.

• Criar projetos interligados a partir das

• Melhorar a mobilidade urbana utilizando-a

potencialidades naturais existentes; determinar

como uma integração aos municípios; incentivar o

novos pontos de ligação e adequar pontos existentes

uso de novos meios de locomoção, como transporte

para que se desenvolva atividades multifuncionais

coletivo e as balsas, de maneira integrada; a

a fim de atender as regiões próximas e mais

requalificação de vias consideradas importantes

distantes do objeto de estudo.

para a conexão entre as áreas de projeto.

• Criação de novo uso valorizando atividades ambientais

82

aliadas

a

pesquisa,

a

• A utilização de materiais e equipamentos

educação

ecológicos, privilegiando as energias renováveis,

ambiental e o ecoturismo, por meio de integrações

minimização e reciclagem de resíduos, recuperação

dinâmicas culturais e espaciais.

de águas pluviais.


PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Como foi mostrado durante todo o estudo, a Ilha da Pólvora

importante a integração de todo público; em relação à distribuição e

passou por transformações e se tornou, pela sociedade, um lugar

ligação entre os bairros circundantes, será proposta a diversificação

de lembranças desagradáveis, em que seus parentes mais próximos

de modais, ligando bairros no entorno do projeto de pesquisa; em

eram ali deixados isolados para tratamento contra loucuras, doenças

relação a comunicação, espaços especialmente destinados a troca

infecciosas, mentais e terminais.

de informação sobre a questão ambiental, com áreas de convívio, de exposição e salas de apresentação para a troca de experiências e

Entendem-se

por

educação

ambiental

disposição de informações; área para eventos culturais e exposições

os processos por meio dos quais o indivíduo

de trabalhos desenvolvidos pela comunidade para a sensibilização

e a coletividade constroem valores sociais,

e motivação da sociedade e espaços como oficina de reciclagem,

conhecimentos,

possibilitará a participação efetiva do público, chave para a

habilidades,

atitudes

e

competências voltadas para a conservação

conscientização dessa e das próximas gerações.

do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e

• A vertente ambiental, com o resgate de potencialidades

sua sustentabilidade.” Política Nacional de

subutilizadas, será proposto áreas para separação de resíduos

Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, Art 1º.

previamente coletados dos laboratórios para tratamento e reciclagem do mesmo, o uso de equipamentos de eficiência energética, a

Com a necessidade de fortalecimento da educação ambiental no país a proposta é transformar, o que antes era desprezado, em

requalificação de áreas existentes na Ilha, preservação da mata existente, valorizando a conservação do meio ambiente.

uma instituição que contribua para a educação e conservação da biodiversidade, gerando conhecimento e aprimoramento científico,

• A vertente econômica, com a exploração turística e por meio

levando o conhecimento aos cidadãos da necessidade de boas

da reestruturação e reativação do transporte marítimo incorporado

práticas e cuidado com o ecossistema e sua volta estimulando uma

com comércio.

vida mais sustentável. Seguindo os importantes vertentes expostas no início deste trabalho:

A partir de cada vertente aqui apresentada, foram os pontos de partida para a definição do programa de necessidades e setorização

• A vertente social, será proposto o plano inclinado como

de todo o complexo.

solução viável para a acessibilidade na ilha tendo como ponto

83


PROGRAMA DE NECESSIDADES A revitalização como premissa de projeto e o conceito em

de pesquisa será frequente em caso de manutenção; Reestabelecer

sustentabilidade, será trabalhada com um possível cliente da área

a energia e a água potável que irá abastecer o empreendimento

de estudo e pesquisa em biodiversidade, com isso, o programa de

sem conflito com entrada de visitantes e funcionários; Melhorar a

necessidades irá apresentar atividades para atingir a expectativa

acessibilidade interna e externa do edifício para modais menores,

desse cliente no sentido de desenvolver o estudo de projeto para a

facilitando o transporte de materiais aos blocos e circulação de

implantação do instituto de pesquisa por ele criado.

pessoas com mobilidade reduzida; e o tratamento de esgoto. Com base nas pesquisas, além das necessidades do respectivo cliente, o

De acordo com a Rede Brasileira de Centros de Educação

complexo contará com:

Ambiental - REBEA (2004), não há preocupações do ponto de vista ecológico quanto a construção de sedes e como necessidade das

• Setores

de

apresentação

e

educação,

favorecendo

a

dimensões do espaço físico, equipamentos, entorno e estratégias de

disseminação dos conceitos de sustentabilidade e responsabilidade

sustentabilidade, apontam a necessidade da utilização de recursos

socioambiental para os diversos públicos;

naturais e o uso de tecnologias construtivas, apontam também a necessidade de uma sede com salas de diversos formatos e funções

• Setores

de

Pesquisa,

concentrando

toda

a

linha

de

(oficinas, reuniões, auditórios, bibliotecas, viveiros, salas multiuso,

laboratórios e salas multiuso; setor educacional, fornecendo cursos

museus, salas de aula e outros).

de capacitação, oficinas de arte-educação, estimulando inciativas proativas na área ambiental;

Os centros de educação ambiental podem estar inseridos em áreas suburbanas, em lugares marginalizados ou abandonados,

• Setores de convivência, onde serão realizados exposições,

tendo como maior potencial em processos educacionais visando a

palestras, encontros, seminários, mostras culturais propiciando a

transformação da sociedade. Após entrevista com o possível cliente

articulação permanente entra a comunidade e o complexo;

do projeto e pesquisas relacionadas a Centros de Educação Ambiental, foi realizado um programa de necessidades inicial para as atividades realizadas pelo instituto de Educação Ambiental ao qual o respectivo cliente é o Presidente. Segundo o Instituto, foram pontuadas algumas propostas de urgência para o projeto: A necessidade de um novo

atracadouro para barcos maiores, cujo transporte de equipamentos

84

•Setores de Apoio, onde ficam localizados todos os serviços de apoio do complexo como abastecimento de água e energia, entrada e saída para manutenção e depósitos. Além de criação de novos acessos em todo o complexo, implantação de atividade ecológicas, desenvolvimento de atividades comunitárias e recuperação de imóveis existentes.


Tabela 04 – Diagrama de Necessidades. Elaborado: Izabelle Rosselyne, 2019 Fonte: Rede Brasileira de Centros de Educação Ambiental

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SETORIZAÇÃO E FLUXOGRAMA De acordo com todo levantamento, foi elaborado um fluxograma

Todo o complexo foi dividido em quatro setores mais um setor

de percursos e áreas para que sejam definidos os fluxos de diferentes

de apoio para abastecimento e transporte de equipamentos para

tipos de público, na intenção de evitar o cruzamento de atividades

manutenção de todo o complexo conforme seus objetvios foram

não compatíveis.

explicados acima, estão expostos no mapa 09.

O público visitante contemplará o percurso do conhecimento,

• Setor de Apresentação em amarelo, onde ficam

voltado para a observação do funcionamento do Centro, sem

localizados a recepção, o centro de informação ao turista, sala

interferir em atividades técnicas e operacionais. Desta maneira terá

de vídeo, museu, salão de exposição, auditório.

acesso aos ambientes de interação e trocas de informações, para por fim atuar em ambientes projetados especialmente para o uso

• Setor Educacional em laranja, contemplado por oficinas, ateliês, salas, área para visitantes, secretaria Instituto,

público, no setor de convivência e apresentação.

administração. O

públicos

alunos

e

professores

serão

contemplados

pelo percurso do descobrimento, onde seguira em destino aos

• Setor de Pesquisa em laranja, onde são localizados os

setores educacionais e pesquisa, tendo acesso aos ambientes de

laboratórios, as salas multiuso, salas de aula, biblioteca, área

laboratórios, bibliotecas, salas de estudo e áreas para capacitação

de descanso e dormitórios para pesquisadores.

em ecossistemas e meio ambiente. Os demais públicos, funcionários de serviço e manutenção do complexo, permanecerá no percurso de apoio, onde ficam localizados as estações de abastecimento de todo o complexo. Em seguida será apresentado o fluxograma de setores, contemplando a setorização dos ambientes respeitando os percursos

• Setor de Convivência em rosa, contemplados por praças, café/restaurante, viveiros e decks com vistas para toda a baía de Vitória. Em seguida será apresentado as soluções tecnológicas utlizadas no projeto em prol da sustentablidade, como são utlizadas, seus tratamentos e onde estão inseridas no complexo.

pré-definidos, para que se produza maior mobilidade e menos interferências nos percursos.

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Mapa 09 – Setorização e Fluxograma Elaborado: Izabelle Rosselyne, 2019



SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS ENERGIA SOLAR Energia solar é um termo que se refere à energia proveniente

1 - O painel solar reage com a luz do sol e produz energia;

da luz e do calor do Sol. É utilizada por meio de diferentes tecnologias em constante evolução, como o aquecimento solar, a energia solar fotovoltaica, a energia heliotérmica, a arquitetura solar e a fotossíntese artificial. Sistema de gerar energia limpa e renovável. • Como funciona: O Painel Solar reage com a luz do sol e produz energia elétrica

2 - O inversor converte a energia solar para a edificação; 3 - A energia sai do inversor solar e é distribuída para a edificação, sendo por equipamentos elétricos; 4 - O excesso de eletricidade volta para a erde elétrica através do relógio de luz e é enviada a rede da concessionária.

(energia fotovoltaica). Os painéis solares, instalados sobre o telhado, são conectados uns aos outros e então conectados no seu Inversor Solar; Um inversor solar converte a energia solar dos seus painéis em energia elétrica que pode ser usada em todo o complexo e qualquer equipamento elétrico. A energia que sai do inversor solar vai para o “quadro de luz” e é distribuída para o complexo, e assim reduz a quantidade de energia que você precisa. A energia solar pode ser usada para TVs, Aparelhos de Som, Computadores, Lâmpadas, Motores Elétricos, ou seja, tudo aquilo que usa energia elétrica e estiver conectado na tomada.

Figura 22 – Distribuição energia fotovoltáica. Fonte: Ávila empreedimentos 2019

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CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL O aproveitamento da água de chuva é apontado por especialistas

Utiliza-se somente na rega de vasos de plantas e jardins,

como uma das alternativas para minimizar os efeitos da crise hídrica

lavagem de pisos e carros e em vasos sanitários. Porém, para os

que atinge parte das cidades brasileiras.

sistemas de captação incorporados à estrutura do complexo, no qual a água é tratada a ponto de torná-la potável, o indivíduo pode fazer

• Como funciona:

uso do líquido para lavar louças ou mesmo tomar banho.

1 - A água da chuva, captada no telhado, carrega sujeiras como folhas, fuligem e dejetos. 2 - A 1° água deve passar por um filtro grosso, que separa as sujeiras maiores. 3 - Um dispositivo descarta a “1° água” da chuva, carregada de impurezas. 4 - Na sequência, um filtro mais fino retém as impurezas menores. 5- A última etapa é a desinfecção por cloro, ozônio ou ultravioleta. Nesse ponto, a água deve ser mantida em um reservatório diferenciado, conectado a encanamentos específicos de acordo com possíveis usos. o volume de chuva armazenado em uma cisterna simples e tratado com água sanitária, não deve ser usado em banhos ou na lavagem de louças e roupas, porque essa água não sofreu processos de desinfecção físico-químico e bacteriológico.

Figura 23 – Sistema de captação de água pluvial Fonte: Instituto de Pesquisasa Técnológicas, 2019

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TELHADO VERDE O jardim ajuda a resfriar o ambiente economizando ar condicionado, o telhado verde é, talvez apenas abaixo das placas fotovoltaicas, o detalhe construtivo mais comentado no mundo da sustentabilidade. Suas vantagens são amplamente discutidas, como ajudar a evitar as ilhas de calor, as emissões de gases do efeito estufa e conter alagamentos. • Diminui as ilhas de calor; • Regula a drenagem de águas pluviais; • Sequestra o gás carbônico e produz oxigênio; • Cria e preserva habitats; • Isolamento térmico e resfriamento por evaporação. O telhado verde, apesar de exigir cuidados específicos e periódicos, pode durar o muito tempo, além de proteger a laje concentrando e

Figura 24 – Modelo telhado verde extensivo utilizado no projeto Fonte: Greenroofguide.uk, 2019

suportando as diferenças de temperatura e insolação. Existem dois tipos principais de telhado verde, o intensivo mais espesso suportando maior variedade de vegetação, mas exige maior manutenção e o extensivo mais fino e leve, com no máximo 8cm de espessura e coberta tipicamente com forração. O utilizado no projeto foi o extensivo.

90

Figura 25 – Componentes do telhado verde Fonte: Greenroofguide.uk, 2019


Telhado verde - Estação Central

Telhado verde - Café/restaurante

Placas Fotovoltáicas - Centro do Instituto

Captação de água pluvial - Cobertura do Instituto e da Recepção

Telhado verde - Cais da Lancha

Em

seguida

será

apresentado

o mapa síntese com toda a proposta de revitalização da área de estudo, apresentando seus respectivos ambientes, fluxos, conexões e visuais para o projeto.

91


O PROJETO Todo o projeto pretende integrar seu entorno com as atividades

A partir do INSTITUTO os estudantes e funcionários seguem em

inseridas na Ilha. Sua forma arquitetônica foi conservada, para dar

direção ao DECK ou ao MIRANTE, todas as áreas contempladas por

destaque ao verde da vegetação existente. Nova cobertura orgânica

belas visuais de todo o entorno do projeto.

quebrando a monotonia da forma retangular de todo o complexo. Os funcionários têm entrada tanto pela entrada principal quanto O complexo tem como entrada principal o CAIS DA LANCHA, cujo acesso é feito somente por embarcações de pequeno e médio

pelos dois deck’s, um de segundo acesso localizado na fachada leste do Instituto e o acesso de manutenção localizado na facha oeste.

porte, localizado no mesmo local a guarita de vigilância com dois pavimentos, com extensão para melhor visualização de quem

O CAIS DE SERVIÇO onde é feita o abastecimento do complexo,

entra e quem sai do complexo, entrada feita especialmente para

entrada e saída de mercadorias e equipamentos de manutenção, a

os visitantes e alunos do centro de pesquisa. Em seguida, são

partir do cais é feito o acesso à ESTAÇÃO CENTRAL de energia e água

direcionados para três caminhos, um em direção à vivência principal,

de todo o complexo.

um para a RECEPÇÃO e outro para o AUDITÓRIO.

Em seguida serão apresentados as visuais do entorno do

A partir da recepção o visitante segue em direção ao DECK de

projeto e justificativas de algumas intervenções feitas no terreno,

vivência do complexo, o deck tem visão direta para o bairro Porto de

levando em consideração a integração dos espaços, os espaços de

Santana, município de Cariacica.

convívio interligada com a natureza e a relação interna/externa dos ambientes.

A partir do auditório o visitante segue para o CAFÉ/RESTAURANTE, área especialmente separada para alimentação de visitantes, com vista direta para o Ilha da Cal e para o Monte Mestre Álvaro. A partir do mesmo ponto o visitante pode seguir em direção ao segundo DECK de vivência último ponto para visitação, local de descanso com a mesma vista do restaurante. Os estudantes do centro de pesquisa seguem o mesmo trajeto, porém seguem pela passarela entre os VIVEIROS em direção ao instituto.

92

Mapa 10 – Proposta para a Ilha da Pólvora Elaborado: Izabelle Rosselyne, 2019



CAFÉ/RESTAURANTE

RECEPÇÃO

CAIS DA LANCHA

Figura 26 – Área A terreno de estudo. Elaborado: Izabelle Rosselyne, 2019


Considera-se importante a oferta de espaços para atividades em torno da alimentação e convivência para fomentar múltiplas dinâmicas em um ambiente. Esta prática atrai e agrega pessoas, tornando-se elemento catalizador de vida nos espaços públicos requalificados.

CAFÉ/RESTAURANTE


ADMINISTRAÇÃO

DECK / CONVIVÊNCIA

CENTRO DE EDUCAÇÃO

Figura 27 – Área B terreno de estudo. Elaborado: Izabelle Rosselyne, 2019

DECK /CONVIVÊNCIA


DECK /CONVIVÊNCIA

Área coberta por vegetação e apoio estimulando a estadia nas margens e o contato com a água.


ENSINO / PESQUISA

MIRANTE

DECK / SERVIÇO

VIVEIROS DECK / ACESSO 2 Figura 28 – Área C terreno de estudo. Elaborado: Izabelle Rosselyne, 2019


MIRANTE

O mirante é uma área direcionada verticalmente ao final da ilha para abrigar o maior número de usuários a fim de observar o grande enquadramento da extensão do mangue do Rio Santa Maria da Vitória e ao fundo o Monte Mestre Álvaro.

Além destas atividades programadas, existem também as atividades temporárias realizadas pela população e estudantes como eventuais feiras de exposição, e atividades ao ar livre. Assim, novas atividades espalhadas pela Ilha estimulam uma maior movimentação de pessoas, contribuindo ao turismo e a segurança do local. Em seguida, mais visuais de todo o projeto.



ÁREA DE ACESSO RECEPÇÃO Fonte: Izabelle Rosselyne 2019


ÁREA DE ACESSO CAFÉ/RESTAURANTE Fonte: Izabelle Rosselyne 2019




FACHADA AUDITÓRIO Fonte: Izabelle Rosselyne 2019


ÁREA DE VIVÊNCIA Fonte: Izabelle Rosselyne 2019




PASSARELA INSTITUTO Fonte: Izabelle Rosselyne 2019


AUDITÓRIO Fonte: Izabelle Rosselyne 2019




PASSARELA INSTITUTO Fonte: Izabelle Rosselyne 2019


ENTRADA CAIS DA LANCHA Fonte: Izabelle Rosselyne 2019




CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo, compreendendo a ideia de utilização do local, contendo seu sitio histórico, sua a importância à época, para o desenvolvimento social e urbanístico dos municípios interligados, mostrou-se de notável importância, quanto a sua disposição de relevo, natureza e localização estratégica, proporcionando condições em excelência para desenvolvimento e instalação de base de estudo e pesquisa, para educação e preservação da natureza e ecossistema, ao mesmo tempo em que mostra a capacidade de dar vida e utilização a estruturas e ambientes anteriormente degradados de volta a sociedade. Podemos concluir com o desenvolvimento deste trabalho, que o projeto de Centro de Educação Ambiental busca ser referência de sustentabilidade, através da utilização de técnicas de bioarquitetura, adquirindo novos conceitos e hábitos que despertaram a preservação do meio ambiente e melhoram a qualidade de vida. É preciso elaborar análises de entendimento do entorno, entender o público que será envolvido, questões que nos fazem elaborar projetos que conversem com o meio ambiente no qual está inserido, que entenda todas as necessidades locais. Pensar projeto é pensar além de suas funções técnicas, mas acima de tudo pensar na função que ele despertara no meio que se insere. O trabalho se encerra sem um fim propriamente dito, configurando-se como uma porta de abertura para futuros debates sobre a requalificação e renovação de estruturas degradas não apenas na Grande Vitória, mas para todos os lugares onde exista essa condição e a carência de retorno à população quanto ao direito ao espaço público de qualidade e que sejam possíveis de promover articulações metropolitanas e produzir espaços públicos de qualidade, respeitando o meio ambiente.


BENICIO, Geraldo. Instituto Terra: a ONG de Sebastião Salgado

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Minha família, amo vocês.



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