Sally mann (1)

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Trabalho de Fotografia Professor: Ricardo C창mara Freire Aluna: Izadora Coutinho Curso: Publicidade e Propaganda


Sally e Larry tem três filhos: Emmett, Jessie e Virginia. As crianças, durante a década de 80, figuram em sua controversa série “Immediate Family”, publicada em 1992.


Se a fotógrafa norte-americana Sally Mann possui uma fonte de inspiração, trata-se do ambiente que a cerca, com seus dois componentes que tantas vezes se sobrepõem: sua família e sua terra. De acordo com a própria, quando enquadra esses dois assuntos, as imagens resultantes são ora cenas comuns, ora cenas profundamente pessoais, mas sempre cenas carregadas de sentimentos. Nascida em 1951 em Lexington, área rural de Virgínia, graduou-se fotógrafa na Putney School, em Vermont, e passou dois anos na Faculdade de Bennington, de onde saiu com um mestrado em escrita. Depois, voltou à Virgínia e lá reside até os dias atuais.


Foto: Sally Mann


Mann começou fotografando seus três filhos, Emmett, Jessie e Virginia, durante todos os verões de sua infância. Sally Mann, fotógrafa renomada norte-americana, conheceu ao longo da sua carreira (e fundamentalmente com a série "Immediate Family") alguma polêmica no que concerne à forma como aborda o corpo humano nas suas obras. Independentemente da conclusão a que se chegue, inevitável será reconhecer a sua magistral técnica, a sua importância no que à história da fotografia diz respeito e, acima de tudo, a beleza do suspenso que transmitem os seus trabalhos.


A The Lewis Hall. Essa série integrou seu primeiro livro, “Second Sight” (1984), e foi responsável por sua primeira exposição solo na Corcoran Gallery of Art, em Washington, no final de 1977.

At Twelve: Portraits of Young Women (1988)

A segunda série de Sally busca capturar a essência de desenvolvimento das meninas/mulheres mostrando as confusas sensações e sentimentos dessa fase da vida.


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Immediate Family (1992) Provavelmente sua obra mais famosa, a série consiste em 65 fotos em preto e branco de seus 3 filhos (todos com menos de 10 anos na época). Algumas das composições presentes nessa obra exploram temas comuns na infância como jogos de tabuleiro, cochilos e o “skinny dipping”, mas outras tratam de temas obscuros como insegurança, solidão, sexualidade e até a morte. Essa série foi bastante controversa, sendo que vários meios de comunicação estadunidenses e ao redor do mundo acusaram Sally de ter retratado apenas pornografia infantil, sem entender a real beleza, pureza e simplicidade de seu trabalho.


Empenhou-se em fotografar temas frequentes do quotidiano (o seu e o nosso, pois claro), partindo deles mesmos para temas mais maduros e, por isso mesmo, mais exigentes. Falamos da morte e, com ela, da vida, da infância e das divergentes compreensões culturais da sexualidade. Seria precisamente este tema, o da sexualidade, o mais caro ao seu trabalho. Immediate Family representa um conjunto de fotografias dos filhos de Sally Mann retratados num ambiente natural, onde é possível notar as crianças nuas, sangrentas e sujas, surgindo, inclusive, os órgãos sexuais delas representados. Não tardou a que se levantassem vozes acusando estas fotos e, com elas, Sally Mann, de pedofilia.


Essa série é a segunda parte do seu livro intitulado What Remains, em que foi feita uma sequência de fotografias em uma unidade de estudo de antropologia forense. Nela, Sally busca captar a essência dos corpos em decomposição e, como ela mesma diz, dessa armadura em que os espíritos habitam.


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Proud Flesh (2009) Essa série compõe o sétimo livro de Sally e foi criada a partir de um estudo de seis anos sobre os efeitos da distrofia muscular em seu marido Larry.



A forma como Sally representa esses momentos, combinada com o fato de que o projeto teve intensa colaboração dos filhos, faz com que suas imagens se distanciem muito das tradicionais fotografias de família. Nas palavras dela, trata-se de uma forma de contar, em conjunto, uma alegoria sobre crescimento: “É uma história complicada e exige que se assumam grandes temas: raiva, amor, morte, sensualidade e beleza. Mas nós dizemos tudo sem medo nem vergonha”, afirmou Mann. Essa clareza de propósito se tornou cada vez mais importante quando a fotógrafa se viu envolvida na culture war das décadas de 1980 e 1990. Traduzida como guerra de culturas ou guerra cultural, “culture war” é uma metáfora em inglês usada para caracterizar conflitos de valores, frequentemente entre os considerados tradicionalistas ou conservadores e aqueles considerados progressistas ou liberais.


Foto: Sally Mann


A preocupação de certos grupos em relação as fotos de Mann era centrada, em especial, nas imagens em que as crianças apareciam nuas. A polêmica envolvia pressupostos sobre o papel da mãe como protetora da imagem dos filhos. Para Sally, a polêmica ajudou a mostrar o sucesso de suas imagens ao confundir as expectativas do público, despertando temores e desafiando os clichês que envolvem a inocência da infância.


Muitos dos registros familiares de Sally Mann tiveram como cenário a fazenda onde a fotógrafa cresceu. Com a chegada da adolescência dos seus três filhos, ela se voltou progressivamente ao campo. Nos anos 1990, seus filhos eram apenas um ocasional componente do cenário e, até então, suas imagens eram captadas com uma câmera de grande porte 8 x 10. A partir daí, Sally começou a trabalhar com chapa de colódio úmido, abraçando de vez câmeras de largo formato e um processo técnico do século XIX.


Seu desejo de atingir, “o coração do profundo e escuro Sul dos Estados Unidos”, incluiu uma série de fotos de paisagens do Alabama, Mississipi, Virgínia, e Geórgia. Por utilizar câmeras antigas, lentes danificadas e a própria mão como obturador, as fotos de Sally são marcadas por riscos e vazamentos de luz, que conferem ao trabalho ares bucólicos, nostálgicos. O resultado está nos livros “Mother Land: Recent Landscapes of Georgia and Virginia”, publicado em 1997, e “Deep South: Landscapes of Louisiana and Mississippi”, publicado em 1999. Entretanto, Sally permaneceu trabalhando e aprimorando a técnica até seus mais recentes trabalhos.



Mann explica que por fotografar paisagens rurais, se viu tão imersa em pesquisas sobre a estética das fotos do século XIX que achou natural aprender o processo e começar a fazêlas como eram feitas antigamente.


Até os dias atuais, Sally fotografa utilizando um complexo processo que remete à década de 1850: chapa de colódio úmida, responsável por criar um negativo em formato grande e em vidro, não em filme. As câmeras utilizadas são antigas, do início de 1900, e têm pesadas molduras de madeira, foles de sanfona, longas lentes de bronze unidas com fita adesiva e com mofo crescendo por dentro – Sally afirma adorá-lo: “Ele suaviza a luz, deixa as imagens atemporais”.

Retrato de Sally Mann


Ela destaca a burocracia envolvendo produtos químicos e a extrema necessidade de perfeição no vidro utilizado, que deve ser totalmente limpo e com o enquadramento impecável. “É um processo técnico irritadiço e mauhumorado, não permite preguiça, falta de coordenação ou desleixo”. A emulsão de colódio, que é uma mistura de colódio e éter, dever ser aplicada rapidamente. A cobertura precisa ser homogênea e ficar pronta o mais rápido possível, se não surgem estrias. A placa (de vidro) é então colocada no nitrato de prata, o qual, por razões que me escapam completamente, adere à emulsão para torná-la, a partir desse ponto, sensível à luz. Isso demora mais ou menos cinco minutos, então a placa é guardada em um estojo à prova de luz para ser levada pingando até a câmara. A partir daí, sobram não mais do que dois ou três minutos para bater a foto antes da placa secar, porque a evaporação do éter acelera a secagem do colódio.”



Com essa técnica antiga, Mann voltou a fotografar seus filhos, já crescidos. Algumas dessas imagens estão presentes no livro “The Flesh and The Spirit” (A carne e o espírito, em livre tradução), recheado com dezenas de retratos e autorretratos, figuras de seu marido nu (inspiradas por sua rara doença muscular degenerativa) e imagens de corpos mortos (fruto de uma visita a uma fazenda onde cientistas trabalham no Tennessee).


”Eu sou o oposto de muitos fotógrafos que querem tudo realmente fino, polido, limpo, que parecem examinar as fotos com lupas para ter certeza de que elas não têm falhas. Eu não quero nada disso, eu quero que elas sejam misteriosas”, enfatiza Mann. Afirma a jornalista Ginia Bellafante, em resenha, no jornal The New York Times, se nas fotos de seus filhos na infância Mann se mostrou uma espécie de “poeta do corpo humano”, ela permanece digna do adjetivo ao documentar o amadurecimento dos filhos, o envelhecimento do marido e o corpo no final do seu ciclo de vida.

Foto: Sally Mann


Em Proud Flesh, de 2009, Sally vai mais longe e fotografa o seu marido, Larry, que sofre de distrofia muscular, retratando-o no momento mais vulnerável da sua vida: a doença e a morte, que se aproxima.


Sally Mann já ganhou inúmeros prêmios, incluindo o Guggenheim and National Endowment para bolsas de estudo em artes. Seus livros de fotografias incluem “Immediate Family,” “At Twelve: Portraits of Young Women”, “Mother Land: Recent Landscapes of Georgia and Virginia” e “The Flesh and the Spirit”. Suas fotografias estão em coleções permanentes de vários museus, incluindo o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Em 2007, um documentário sobre Mann focado na época de Immediate Family foi feito: “What Remains”, dirigido por Steven Cantor.


Em uma página na internet Mann foi considerada uma das melhores fotógrafas. Categoria: Mestres da fotografia Publicado: Domingo, 30 Março 2014 16:56 Escrito por Francine de Mattos http://fotografeumaideia.com.br/site/fotografos/mestres-da-fotografia/232-osmelhores-fotografos-de-todos-os-tempos

Sally Mann é nome artístico de Sally Turner Manger. Tornou-se fotógrafa por graduação pela The Putney School, seguindo seus estudos pela Faculdade de Bennington, onde concluiu seu mestrado em Escrita. É polêmica por retratar nus de sua família, especialmente dos filhos.


Mais algumas de suas fotografias

Foto: Sally Mann

Foto: Sally Mann


Foto: Sally Mann


Foto: Sally Mann


Foto: Sally Mann


Foto: Sally Mann


Foto: Sally Mann


Hoje, os trabalhos da fotógrafa integram as coleções permanentes de museus como o Metropolitan Museum of Art o Museum of Fine Arts em Boston, o San Francisco Museum of Modern Art entre inúmeros outros. Sally também foi nomeada pela revista Time a melhor fotógrafa estadunidense, em 2001, além de ter dois documentários feitos sobre sua vida e obra: o curta-metragem Blood Ties e o longa What Remains, ambos dirigidos por Steven Cantor.


Fim


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