Pró-Notícias Dez 2013

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Pró-Notícias [ PUBLICAÇÃO DO HOSPITAL PRÓ-CARDÍACO - ANO 12 | Nº 46 | out-dez 2013 ]

Dr. Ricardo Vivacqua, 55 anos de Cardiologia e um dos ícones do Pró

Outros ares: Expedição ao sudeste africano

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Interdisciplinaridade: a evolução do cuidado

ANO 12 | Nº 46 | out-dez/2013

Ser humano e médico: Reflexões essenciais marcam Café no Copa

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CEPRO 2013/2014 ENSINO Em 2013, o Centro de Estudos do Pró-Cardíaco (Cepro) desenvolveu diversas atividades de ensino e capacitação direcionadas ao corpo clínico e para convidados. As sessões clínicas e as setoriais abordaram temas de relevância com foco no paciente complexo, uma constante na instituição. Atividades diversas, como os cursos regulares de emergência, eletrocardiograma, arritmias, farmacologia e ecocardiografia, capacitaram centenas de profissionais. A residência médica tem igualmente contribuído na formação daqueles que, em sua maioria, serão contratados pela instituição. Para 2014, haverá uma pequena reforma no sistema audiovisual e no ar condicionado do auditório para melhor atender aos palestrantes e participantes. O grande projeto acadêmico para o novo ano é o retorno dos cursos de pós-graduação e o estímulo aos intercâmbios científicos com outras instituições de ensino de excelência.

PESQUISA

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A produção científica do Hospital em 2013 superou as expectativas do início do ano. Um terço dos trabalhos foi apresentado na Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj) e com grande representatividade na Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O Pró tem divulgado os resultados de suas principais linhas de pesquisa nos congressos mais relevantes da especialidade, como os da American Heart Association e da Heart Failure Society of America, e publicado materiais em revistas nacionais e internacionais. A participação em estudos multicêntricos tem demonstrado o nível de amadurecimento institucional e os estudos de efetividade clínica têm evidenciado os resultados assistenciais do Hospital. O foco para 2014 é a elaboração de uma política de incentivo à pesquisa com a finalidade de incrementar ainda mais a produção e o número de publicações.

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TREINAMENTO Os programas de treinamento institucional atendem as demandas das unidades assistenciais do Núcleo de Qualidade Técnica e Assistencial (NTQA) e as atualizações obrigatórias para todos os profissionais de saúde. Em 2014, as novidades nesta área serão a construção de um centro de treinamento e a formação de instrutores para os projetos do Cepro.

EXPEDIENTE - Pró-Notícias CONSELHO EDITORIAL: Evandro Tinoco Mesquita e Marcus Vinícius Martins. JORNALISTA RESPONSÁVEL: Mônica Schettino - 17825-DRT. REDAÇÃO E EDIÇÃO: Jaciara Rodrigues. COLABOROU NESTA EDIÇÃO: Cristiane Menezes. DESIGN GRÁFICO: Boris Garay. FOTOGRAFIA: Alessandro Mendes. REVISÃO: Andréa Drummond. Tiragem: 7.700 exemplares. As informações prestadas pelas fontes são de sua responsabilidade. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DIRIGIDA.


Sumário

Editorial

Corpo Clínico, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição e Psicologia do Hospital integrados no dia a dia para a melhor assistência ao paciente ultracomplexo. Assim é a equipe multidisciplinar do Pró-Cardíaco, das mais destacadas do país e em sintonia com a tendência mundial de um cuidado cada vez mais holístico. Nesta edição do Pró-Notícias, coordenadores de serviços e médicos falam sobre a grande mudança no ambiente hospitalar que, a partir da troca real de conhecimentos, traz inúmeros benefícios principalmente para o paciente e os familiares. Também destacamos a inauguração do CTI Dr. Onaldo Pereira, homenagem ao fundador do Hospital. A Unidade tem hoje 16 leitos e foi totalmente remodelada no ano passado para disponibilizar o máximo de segurança, conforto e privacidade no período da internação.

SALA DOS MÉDICOS Dr. Ricardo Vivacqua UNIDADE EM FOCO O CTI Dr. Onaldo Pereira DESTAQUE Café no Copa CAPA Interagir para cuidar melhor PESQUISA Reabilitação para o transplante EVENTO Simpósios Satélite Pró-Cardíaco no 68º Congresso da SBC OUTROS ARES Expedição pelo sudeste africano ACONTECE

Outras novidades na área foram o aumento no número de vagas dos programas de residência em Cardiologia, Medicina Nuclear e Terapia Intensina; a retomada das sessões clínicas Grandes Temas em Terapia Intensiva, com palestrantes renomados no país e no exterior e apresentações integralmente na web; além da realização do projeto “Café no Copa” - encontros mensais no Hotel Copacabana Palace com convidados ilustres para debate acerca de questões fundamentais para a saúde no Brasil. Vale ressaltar que o Programa de Insuficiência Cardíaca Cirúrgica do Hospital instalou em 2013 mais de uma dezena de suportes circulatórios mecânicos com sucesso, transformando taxas de mortalidade de 80% em taxas de sobrevida com o mesmo percentual. Resultado da qualidade do profissionais do Pró-Cardíaco, de treinamentos nos melhores centros de saúde do mundo (Cleveland Clinic e Tampa Hospital) e, claro, da total integração da equipe multidisciplinar – mais uma marca da excelência do Pró-Cardíaco.

Marcus Vinícius Martins Diretor do Hospital Pró-Cardíaco

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INFORME CEPRO

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O ano de 2013 foi marcado ainda por um grande avanço na área de Ensino e Pesquisa, um dos pilares do Pró-Cardíaco. Número recorde de estudos foram apresentados e aceitos nos maiores congressos regionais (Socerj), nacionais (SBC) e internacionais (ESC Congress, da Sociedade Europeia de Cardiologia), ratificando o papel do Hospital como importante centro de formação.

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SALA DOS MÉDICOS Pró-Notícias

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Médico do Ano

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Prestes a completar 80 anos e homenageado pelo Hospital no Dia do Médico, Dr. Ricardo Vivacqua conta um pouco de sua história e os pontos altos na carreira, entre eles a criação do plano de aclimatação em altitudes na década de 1980 para os jogadores da Seleção Brasileira

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uem ouve a fala jovem e os muitos planos para o futuro do Dr. Ricardo Vivacqua, coordenador do Centro de Reabilitação Cardíaca do Pró-Cardíaco, não imagina que seus 80 anos serão comemorados no dia 30 de dezembro; também não se espanta com o fato de ter concluído o doutorado em Cardiologia pela Universidade de São Paulo (USP) há apenas uma década. O entusiasmo pela profissão e os 55 anos de carreira na especialidade, a maioria dedicados aos pacientes do Hospital, renderam ao Dr. Vivacqua a merecida homenagem de “Médico do Ano”, feita na festa do Dia do Médico do Pró, em outubro, na Casa Julieta de Serpa. “Um dos ícones do Hospital e responsável por uma área importante do Pró, Dr. Vivacqua é grande liderança e exemplo para os mais jovens. É uma honra homenagear este botafoguense, amigo de todos nós”, disse o diretor clínico do Hospital, Dr. Evandro Tinoco, ao entregar a placa comemorativa ao homenageado. “Tenho muito a agradecer à Direção do Pró-Cardíaco pelo reconhecimento e pela chance de continuar com minhas tarefas e meus objetivos, o principal deles agora


Especializado em Medicina Esportiva pela UFRJ, um dos destaques de sua carreira foi a atuação como cardiologista da Seleção Brasileira entre os anos de 1980 e 1988, quando inovou nesta área da Medicina ao criar um plano de aclimatação em altitudes para os jogadores - treinos escalonados que comprovadamente melhoram o desempenho físico e o fôlego nas partidas. No Pró-Cardíaco, um marco foi a implantação do Serviço de Ergometria há 26 anos e, há dez, do Teste de Ergoespirometria para definir se o paciente tem indicação para transplante cardíaco ou não. De 1982 a 1984, Dr. Ricardo Vivacqua foi presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj) e, por seis anos, fez parte da diretoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia, sendo presidente do 51º Congresso Brasileiro de Cardiologia da SBC em 1985. O segredo para tamanho sucesso profissional? Muito estudo, atualização permanente e uma escuta atenta. “Saber ouvir o paciente e analisar sua história como um todo é o mais importante”.

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salvar meu pai, representado em cada vida que eu pudesse poupar”. O exercício profissional começou com plantões em fins da década de 1950, assim que o Pró foi fundado. Naquela mesma época ele também começou a atender com o renomado Prof. Dr. Arthur de Carvalho Azevedo, na Escola Médica de Pós-Graduação da PUC-Rio. “Logo constatei estar ao lado de um mestre de grande talento, profundo saber, didática e grande consideração com os pacientes. Foram 40 anos de um relacionamento de respeito e amizade. Impossível não tê-lo como referência”.

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é ampliar e lançar, em 2014, a terceira edição do livro Ergonometria – Ergoespirometria, Cintolografia e Ecocardiologia de Esforço, obra que até hoje é referência na formação de atualização na área. Agradeço também à minha família, aos amigos e colegas de profissão, estes que têm a nobre missão de salvar vidas”, afirmou Dr. Vivacqua. De família capixaba, Dr. Ricardo Vivacqua Cardoso Costa foi criado no Rio de Janeiro e formou -se em Medicina em 1958 pela Faculdade Nacional de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, a influência familiar pesou muito na escolha da profissão. O avô era cirurgião e o pai, clínico, que morreu com um enfarto quando Dr. Vivacqua ainda estava na graduação. “Isso reforçou meu desejo de ser médico, por simbolicamente

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UNIDADE EM FOCO - CTI

CTI

Dr. Onaldo Pereira Ao completar 25 anos de atuação destacada na Terapia Intensiva do país, CTI do Pró-Cardíaco ganha o nome do fundador do Hospital e nova infraestrutura

Da esquerda para a direita, Drs. Paulo Cesar de Souza, José Mario Teles, Haggéas Fernandes, Elias Knobel, Rubens Costa Filho e Evandro Tinoco

Profissionais de saúde e convidados especiais lotaram o auditório do Cepro para a inauguração do novo CTI

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m Centro de Terapia Intensiva com resultados reconhecidos pela comunidade científica há 25 anos e coordenado pelo mesmo médico que o inaugurou; um setor que concentra os pacientes mais graves, tecnologias avançadas e uma equipe multidisciplinar altamente especializada e treinada. Este é o CTI do Pró-Cardíaco que ganhou, em 2013, nova infraestrutura e o nome do fundador do Hospital, Dr. Onaldo Pereira. “Dr. Onaldo nos deu apoio incondicional para a abertura da unidade em 1988 e, junto aos outros diretores da instituição, soube construir o que temos hoje. Era um homem íntegro, sábio e nos ajudava, sobretudo nos momentos mais difíceis, sem nunca perder a calma e sempre com uma uma solução. Nada mais justo do que homenageá-lo, dando seu nome ao lugar no qual

cuidamos de pacientes em momentos tão críticos”, disse Dr. Rubens Costa Filho na solenidade de inauguração - um talk show realizado no auditório do Centro de Estudos do Pró-Cardíaco com nomes importantes da Terapia Intensiva do país e uma plateia repleta de profissionais de saúde e convidados especiais. Com abertura do diretor do Hospital, Dr. Marcus Vinícius Martins, e mediados pelo diretor clínico, Dr. Evandro Tinoco, falaram sobre o tema “Perspectivas da Terapia Intensiva” Dr. Elias Knobel, fundador da UTI do Hospital Israelita Albert Einstein e vice-presidente da Mesa Diretora da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein; Dr. Haggéas Fernandes, coordenador do CTI do Hospital Brasil, em Santo André (SP); Dr. José Mario Teles, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib);


D. Alba Pereira, representando o fundador do Hospital Dr. Onaldo Pereira, falecido em março, e Dr. Rubens

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A chefe de Enfermagem do CTI, Ayla Mesquita, que trabalha na Unidade desde sua criação, corta a fita de inauguração das novas instalações com Dr. Rubens, assistidos pelo diretor do Hospital, Dr.Marcus Vinícius Martins (à direita)

e Dr. Paulo Cesar Pereira de Souza, médico intensivista e diretor da Amil. A importância de uma equipe multidisciplinar coesa, estimulada, reconhecida e bem remunerada foi o foco de todos os depoimentos. “Quando se pensa em Terapia Intensiva imagina-se uma parafernália de equipamentos que são absolutamente estéreis se não existir uma equipe trabalhando integrada, sempre em prol da melhoria da qualidade de vida e da recuperação do paciente grave”, ressaltou Dr. Elias Knobel. “E, como o volume de conhecimento é grande, precisamos atuar em times e com pessoas realmente envolvidas, presentes, que participem de grupos de estudo, de reuniões, que realizem pesquisas. Esse indivíduo precisa ser reconhecido de forma diferenciada”. Dr. Haggéas afirmou que um dos grandes desafios para a especialidade, nos próximos dez anos, é a capacitação não técnica dos profissionais, ou seja, a assertividade, a comunicação, a habilidade de trabalhar em equipe, a percepção do risco do paciente. Outro, é o equilíbrio financeiro da Unidade, que precisa manter um bom grupo de médicos, com bons salários e reconhecimento por performance, com reconhecimento por performance, além de controle de variáveis que afetam o desempenho do CTI, como as infecções. A remuneração baseada no desempenho também foi o destaque da fala do Dr. José Mario Teles. “Temos ótimos profissionais de Terapia Intensiva no Rio, com mestrado, doutorado, dedicados à pesquisa. Devemos encarar nossas dificuldades de maneira mais simples. Se mudarmos a realidade da nossa Unidade, seremos influência para nossos colegas e para todo o país”. Para Dr. Paulo Cesar de Souza, uma UTI não pode ser fonte de recursos para os hospitais e é preciso combater a rotatividade dessas unidades. “Os programas de resultados baseados em valor agregado podem ser uma das saídas, precisamos adaptá-los à nossa área”. O talk show foi encerrado com a entrega de placas em homenagem ao Dr. Onaldo Pereira - representado por sua esposa D. Alba - e ao Dr. Elias Knobel, “grandes fontes de inspiração para os profissionais do Hospital”, segundo Dr. Rubens.

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Dr. Elias Knobel e a placa feita em sua homenagem: “Modelo de mentor, escritor, médico e de líder comprometido com a excelência assistencial e integral ao paciente de grande risco”

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Nova infraestrutura Quartos individuais, espaçosos e com tratamento antirruído: conforto e privacidade para o paciente e o familiar

O novo CTI tem 16 leitos, divididos em oito no CTI-1, para a alocação de pacientes graves; e outros oito no CTI-2, voltados para o cuidado de pacientes crônicos e mais estáveis, com diagnósticos de menor gravidade. Todos os ambientes visam o máximo de segurança, conforto e privacidade e o mínimo de estresse para o paciente e o familiar no período da internação.

Acompanhantes contam com sofá-cama e persianas combinam vigilância e privacidade nos vidros que se comunicam com os corredores

Monitores no posto de Enfermagem, localizado na área central do CTI. O piso da Unidade também é especial, para diminuir impacto e barulho

As acomodações obedecem ao conceito de “sala limpa”, com uma coluna vertical móvel e uma estativa no teto sustentando respiradores, bombas de infusão e monitores com seus fios e cabos embutidos na estrutura. A limpeza é mais rápida e eficaz e médicos e equipes têm total mobilidade para cuidar do paciente. Outro grande diferencial da Unidade é um moderno sistema de armazenamento e distribuição de medicamentos, o Pyxis, que acelera significativamente a administração dos fármacos, melhora o controle dos estoques e racionaliza os recursos humanos. O sistema consiste num dispensário eletrônico com diversos tipos de gavetas, que variam de acordo com o grau de segurança desejada. O acesso é feito por senha e registro biométrico.

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Os quartos são individuais, espaçosos (de 17 m2 a 19m2 ), têm tratamento antirruído, ar-condicionado com filtro de alta eficiência de purificação e persianas nas portas e vidros ligados aos corredores, combinando vigilância e privacidade. O design dos colchões ajuda a prevenir as úlceras por pressão, que podem ocorrer em pacientes internados durante um período longo, normalmente idosos. Cada quarto tem banheiro exclusivo, sofá-cama para acompanhante, acesso à TV, e projeto arquitetônico para possibilitar um clima mais acolhedor e menos hospitalar. O piso também é especial, reduz o impacto e consequentemente o barulho: mais um cuidado que contribui para a qualidade da permanência na Unidade e a recuperação.

Moderno sistema de armazenamento e distribuição de medicamentos, o Pyxis contribui para a rapidez na administração e controle dos estoques


DESTAQUE

“Café no Copa” Grandes temas em Saúde

globais que trabalham pela paz e pelos direitos humanos, criado em 2007 por Nelson Mandela. A mediação foi do colunista do jornal O Globo Ancelmo Gois. “Essa série de encontros com médicos é tradicionalmente conhecida por reunir um seleto grupo de grandes nomes da medicina do Rio para discutir temas de relevância nacional e práticas internacionais ligadas à saúde. No primeiro encontro, realizado pelo Samaritano e pelo Pró-Cardíaco, buscamos trazer um dos pensadores mais importantes da política brasileira para trocar experiências reais sobre como alcançar um caminho viável de combate às drogas no Brasil e no mundo”, disse Dr. Domênico.

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ersonalidades brasileiras em palestra para renomados médicos do Rio de Janeiro durante um café da manhã no hotel mais tradicional e charmoso do Rio, na praia mais famosa do mundo. Assim é o “Café no Copa – Grandes Temas em Saúde”, realização dos hospitais Samaritano e Pró-Cardíaco com curadoria do cardiologista Dr. Cláudio Domênico. Os encontros do “Café no Copa” são mensais e a estreia foi em agosto com o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, atual presidente da Comissão Global sobre Políticas de Drogas e um dos 12 membros dos Elders, grupo independente de líderes

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Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso abre série de encontros mensais no Copacabana Palace, uma oportunidade de reflexão para a comunidade médica do Rio

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“Todas estas drogas fazem algum mal. Precisamos de políticas para dar conta do assunto como um todo.”

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Fernando Henrique Cardoso

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O convidado do mês de setembro foi o ex-ministro da Saúde e cardiologista Dr. Adib Jatene, apresentado pelo filho, o cirurgião torácico e cardiovascular Fábio Jatene. Aos 84 anos, Dr. Adib falou sobre sua história profissional, o exercício da medicina nos dias de hoje e o Programa Mais Médicos: “O erro nesta história toda foi a reação das nossas entidades. Reagiram de forma muito maior do que a que seria desejável”. Sobre a prática da “medicina comercial”, foi enfático: “O objetivo da medicina está conturbado. No passado, estudava-se medicina para servir ao mundo. Hoje, com a tecnologia incorporada à profissão, esquece-se que o doente é uma pessoa. Independente da posição social, o doente é um ser aflito, com medo”, afirmou. Para Dr. Adib, é preciso se informar mais sobre a vida pessoal do paciente, pois “o problema de saúde está vinculado ao indivíduo”. Além do mais, o uso da tecnologia só se justifica se beneficiar o doente, segundo ele. “Se pensarmos sempre no paciente, estamos trabalhando corretamente. Ao contrário, não é ético”, destacou, sobre a indicação de procedimentos mais invasivos e desnecessariamente mais caros.

Fernando Henrique falou sobre uma política antidrogas mais eficiente e humana e apontou os erros e acertos das políticas públicas mundiais contra o consumo desenfreado deste mal do século. “Talvez o enfrentamento mais criativo seja o do Rio”, disse, ao comparar a iniciativa das UPPs com a situação de países como o México, onde o confronto com traficantes provoca milhares de mortes e não reduz a oferta das drogas.“A UPP foi um passo adiante porque fez o essencial: desarmou. O objetivo maior não é botar na cadeia o traficante. É tomar a arma e liberar a população do controle do chefe do tráfico. A ação da polícia não resolve todas as questões das drogas, que é uma tarefa muito difícil no mundo inteiro”. Para ele, alguns estudos sobre os danos que cada droga pode produzir são controversos, como, por exemplo, aqueles que afirmam que o álcool e o cigarro, permitidos no país, são mais danosos que a maconha, proibida. “Acho que a discussão é inútil. Todas estas drogas fazem algum mal. Precisamos de políticas para dar conta do assunto como um todo”.


Um dos grandes expoentes da terapia celular no Brasil e no mundo, Dr. Radovan Borojevic, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor técnico-científico do Laboratório Excellion , esteve no “Café no Copa” em outubro, com apresentação do diretor clínico do Hospital, Dr. Evandro Tinoco. Os conceitos e o potencial de aplicabilidade da terapia celular disponíveis em instituições de ponta como o Excellion são oportunidade de cooperação entre cientistas e clínicos, segundo Dr. Radovan. Nas duas últimas décadas, por exemplo, novas células como as do tecido adiposo têm mostrado potencial de transdiferenciação em células cardíacas e vasculares e apontado para o desenvolvimento de órgãos em laboratório. Os resultados possibilitarão, no futuro, alternativas às próteses metálicas, hoje de alto custo e risco de infecções, nas Cardiologia, Cirurgia Vascular e Ortopedia, de acordo com o pesquisador. Ele lembrou ainda de estudos pioneiros de emprego de células-tronco para o tratamento de cardiopatas isquêmicos (Texas Heart Institute, UFRJ e Pró-Cardíaco), publicado na renomada revista científica Circulation, em 2003; e envolvendo terapia celular e AVC (parceria UFRJ e Pró-Cardíaco).

“O médico deve utilizar o pouco tempo que tem com generosidade. Podemos expressar afeto de várias maneiras, se estivermos preocupados com isso.”

Pró-Notícias

Dr. José Camargo é um dos grandes cirurgiões torácicos do Brasil e diretor da Santa Casa de Porto Alegre, maior centro de transplante de pulmão da América Latina. Sua rotina poderia ser igual a de muitos médicos em todo o mundo que, repletos de ocupações, esquecem da essência da profissão: a relação com os pacientes. Poderia, se Dr. José Camargo não fosse o oposto disto. Para ele, “a medicina é, com, certeza um exercício de generosidade e delicadeza”. Não foi à toa que, em novembro, abordou o tema “O médico que esperam de nós”, assistido por uma plateia de colegas atentos e muitas vezes emocionados com suas histórias. De acordo com ele, o profissional deve utilizar o pouco tempo que tem com generosidade. “Podemos expressar afeto de várias maneiras, se estivermos preocupados com isso. Precisamos saber ouvir sem interromper o paciente, recuperar a noção de parceria que fomos perdendo à medida que nos tornamos mais qualificados. Mais que tudo, é esta parceria que o paciente sempre busca”.

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Dr. José Camargo

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CAPA

Interagir Medicina cada vez mais complexa e multifacetada, aumento de pacientes idosos com múltiplas comorbidades e

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processos de acreditação demandam entrosamento máximo da equipe multidisciplinar, com a construção de novos saberes a partir do conhecimento especializado de todas as áreas

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abordagem multidisciplinar em instituições de saúde reconhecidas em todo o mundo já provou ser uma necessidade e um caminho sem volta. A assistência de excelência que marca a trajetória do Pró-Cardíaco é resultado desse modelo que envolve a participação de profissionais de diferentes áreas na condução do atendimento ao paciente e aos familiares. Mas, hoje, é preciso muito mais que contribuir isoladamente com uma parte para o todo. Apenas a interação real com o outro, com abertura para desconstruir práticas e modificar e enriquecer os próprios conhecimentos é capaz de possibilitar o atendimento holístico eficaz, requerido por pacientes cada vez mais idosos e com múltiplas comorbidades, e pelos rígidos critérios das acreditações – cenário

nos melhores hospitais do Brasil e do mundo. A esse processo de trabalho que se constrói com a troca verdadeira de saberes de várias áreas dá-se o nome de interdisciplinaridade, evolução da prática assistencial que é realidade no Pró-Cardíaco. “Os modelos multi e interdisciplinar agregam segurança e valor ao atendimento, é uma tendência mundial de boas práticas. O conhecimento é muito vasto e há novas informações a todo momento; a produção científica que temos hoje em um mês é muito maior do que a que tínhamos em uma década, há cerca de 15 anos. O médico é o capitão do time, nenhuma decisão é tomada à sua revelia, mas ele não é autossuficiente, não domina com proficiência todos os assuntos. Dificilmente vai parar para ler um artigo sobre ventilação mecânica,

Dr. Rafael Vasconcellos

por exemplo, o que é tema de estudo constante para o fisioterapeuta que trabalha em terapia intensiva; e as chances desse profissional estar mais atualizado que o médico são muito grandes”, afirma o diretor trainee do Pró-Cardíaco, Dr. Rafael Vasconcellos.


CAPA

cuidar melhor

Dr. José Mauro Vieira Júnior

Maricy Fernandes (5ª da direita para a esquerda) e enfermeiros e técnicos de várias unidades do Hospital

Um aspecto essencial para a interdisciplinaridade acontecer é, na opinião da gerente de Enfermagem do Pró-Cardíaco, Maricy Fernandes, a capacitação e o aprimoramento contínuos. “O Hospital sempre teve uma cultura forte de ensino e pesquisa e de apoio às titulações. Isso faz com que a equipe de Enfermagem tenha reconhecimento e respeito em suas ponderações e possa discutir e trocar conhecimento com médicos, Fisioterapia, Psicologia, Fonoaudiologia, Farmácia e Nutrição para traçar e executar um plano terapêutico eficaz e seguro”, diz. Além de contar com vários enfermeiros mestres e doutores, Maricy destaca os grupos de especialistas que dão suporte às boas práticas baseadas em evidências científicas como o GASIPE, de cuidados da integridade da pele; o TIV, Time de Terapia Intravenosa; e o TIPA, Time da Prática Assistencial. Neles, são avaliados os resultados dos indicadores assistenciais e de segurança do paciente no pós-operatório. Há, ainda, a participação da Enfermagem nos times de atendimento ao paciente com AVC e as enfermeiras pareceristas - convidadas por médicos para opinar, fora do Hospital, sobre casos de pacientes mais complexos – outro grande diferencial.

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Capacitação contínua

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Dr. José Mauro Vieira Júnior, coordenador da Unidade de Pós-Operatório do Hospital, reitera: “A medicina ficou muito sofisticada, multifacetada. Agora temos uma polifarmácia brutal, 20, 30 itens para administrar para um mesmo paciente, uma série de equipamentos que requerem treinamento específico. Se a equipe não for variada, capacitada, atualizada e trabalhar em harmonia, não funciona. E havendo multidisciplinaridade, há interdisciplinaridade. O paciente ganha em cada um desses aspectos”.

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CAPA Evoluindo juntos Do ponto de vista da coordenadora do Serviço de Nutrição do Pró, Jacqueline Faria Farret, sempre houve uma relação de parceria com a equipe multidisciplinar. “Detemos conhecimentos específicos para a assistência nutricional, assim como cada área também. É importante discutir acerca das condutas para ser assertivo no plano terapêutico. Ao longo do tempo, por esta necessidade ser cada vez mais percebida, disciplinas que não estavam incluídas no cotidiano hoje estão presentes e a diferença na abordagem em situações especiais faz toda a diferença. Como exemplo temos a disfagia, transtornos psicológicos, a polifarmácia, entre outros, que interferem diretamente na nossa abordagem”, pontua Jacqueline.

Jacqueline Farret (no meio, com blazer) com a equipe do Serviço de Nutrição

A qualificação dos profissionais envolvidos é certamente o que move esta engrenagem, segundo a coordenadora, porque gera segurança pela proficiência. “Além de termos doutorando, mestre e especialistas na equipe, a própria Nutrição, com o volume atual de novidades, tem necessidade de atualização constante. Ter membros participantes em sociedades, congressos, times de trabalho e treinamentos internos faz com que a troca seja mais rica ainda”.

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Conversa que converge

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Fonoaudiólogas do Pró-Cardíaco e Carolina Ruiz (à direita)

A multi e a interdisciplinaridade fazem parte da evolução da própria Medicina, de acordo com a coordenadora do Serviço de Fonoaudiologia, Carolina Ruiz. “Antigamente havia apenas o médico de família, aquele que entendia de tudo, da psicologia até a clínica propriamente dita. As especialidades foram se fazendo necessárias e, hoje, ele precisa trabalhar com colegas que dominam áreas que ele não domina e conosco, profissionais da equipe


CAPA multidisciplinar. Tanto ele acaba por adquirir um pouco do nosso conhecimento como nós o dele, nos rounds diários. Além de necessário, é prazeroso”. Carolina cita o exemplo dos enfermeiros, que passam por uma capacitação quando são contratados pelo Pró-Cardíaco. “Nas aulas, são apresentados ao dia a dia do Hospital, conhecem os setores e a importância de cada um e, especificamente sobre fonoaudiologia, entre outros conteúdos aprendem sobre os sinais de alerta de uma alteração na deglutição. Se entrarem no quarto e o paciente tiver um engasgo enquanto come, saberão que precisamos agir e nos acionam, a mesma coisa quando detectam dificuldades na fala. Isso é interdisciplinar, uma verdadeira conversa entre as diferentes áreas”.

mecânico, por exemplo, o psicólogo é um mediador de dúvidas e de questões emocionais que merecem uma abordagem mais atenta de toda a equipe. “No Hospital, somos os profissionais com a escuta mais direcionada para os aspectos emocionais dos pacientes e familiares e, respeitando o sigilo, traduzimos o sentimento deles para a equipe ‘multi’; essa escuta repercute no trabalho de todos, assim como os atos dos colegas refletem em nosso dia a dia, por isso nosso plano terapêutico é interdisciplinar. Não haveria como ser diferente”, afirma a coordenadora do Serviço, Sara Kislanov. Ela destaca ainda a Reunião de Família para pacientes com AVC, trabalho coordenado pela Psicologia com participação da equipe “multi” para orientar e acolher familiares e pacientes durante a internação e depois da alta, na fase de reabilitação.

Escuta que vale para todos

Confiança e respeito A permanência dos mesmos fisioterapeutas nas mesmas unidades e sempre no mesmo horário é, por exemplo, um modelo de trabalho definido pelo Serviço de Fisioterapia do Pró-Cardíaco que possibilita uma troca de conhecimento mais qualificada com o médico. “A relação solidifica-se e o profissional tem a oportunidade de se aprofundar no caso do paciente. Mas o principal é que os fisioterapeutas do Hospital são pessoas extremamente competentes, com amplo entendimento de suas atividades, formação completa nas áreas motora e respira-

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Profissionais do Serviço de Psicologia e Sara Kislanov (à direita)

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Como Serviço na instituição há três anos, a Psicologia também tem o trabalho orientado pela interdisciplinaridade. Junto aos médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros, nutricionistas e farmacêuticos, os psicólogos discutem os casos de pacientes ansiosos, inseguros, deprimidos, queixosos e resistentes e sugerem diferentes formas de intervenção. Com relação às avaliações pré-cirúrgicas para transplante cardíaco e de dispositivo circulatório

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CAPA tória. É isso que gera confiança e respeito frente ao médico e à equipe ‘multi’, enfatiza o coordenador do Serviço de Fisioterapia, Sérgio Felipe de Carvalho. Segundo Felipe, a cultura da interdisciplinaridade tem efeitos bastante positivos na sustentabilidade dos hospitais ao recuperar o paciente mais rápido e com mais segurança, fator essencial para que seja cada vez mais incentivada e aperfeiçoada.

Sérgio Felipe de Carvalho (2º à direita) e equipe de Fisioterapia

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Rounds: melhor exercício da interdisciplinaridade

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Mariana Leon (à esquerda), Graziele Silva (à direita) com farmacêuticas do Serviço

Um exemplo de evolução desse novo paradigma de cuidado com o paciente é a criação da Farmácia Clínica, processo em andamento no Pró-Cardíaco que deve reunir profissionais pós-graduados na área, com conhecimentos em fisiopatologia e inseridos na análise dos casos de cada paciente. “A maior participação do farmacêutico no dia a dia das unidades é ainda mais recente que o movimento da multidisciplinaridade, mas sem dúvida esse é o caminho para uma assistência com melhores resultados”, assegura Mariana Leon, farmacêutica clínica do Hospital. Ao que reforça a coordenadora do Serviço de Farmácia, Graziele Silva: “vários estudos mostram que a presença do farmacêutico nas atividades clínicas traz benefícios diretos aos pacientes no que diz respeito à qualidade e segurança na utilização dos medicamentos. Hoje, no Pró, temos um ambiente estimulante para o nosso trabalho que, com certeza, é um dos resultados do pioneirismo do Hospital neste conceito e de total parceria entre médicos e equipe multidisciplinar altamente qualificados”. Para Dr. Rafael Vasconcellos, não existe medicina mais custo efetiva que a boa medicina. “Quanto mais gente estiver envolvida no processo, quanto melhor for a comunicação entre essas pessoas sobre a linha de cuidado, mais chances de estar no caminho correto e detectar possibilidade de erros antes que eles aconteçam”.


Da esquerda para direita, o gestor de ensino do Serviço de Fisioterapia do Pró, Gabriel Pinheiro, e os fisioterapeutas da Unidade de Pós-Operatório João Camargo e Ricardo Gaudio

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pesar dos riscos envolvidos na mobilização de um paciente com suporte mecânico circulatório paracorpóreo, ele deve ser incluído num programa de reabilitação enquanto aguardar pelo transplante do coração. A constatação é o resultado de um estudo inédito conduzido por fisioterapeutas do Pró-Cardíaco e o único, fora de São Paulo, selecionado para apresentação oral durante os simpósios de Fisioterapia do Hospital Israelita Albert Einstein, no ano passado. A pesquisa demonstrou que a reabilitação cardíaca nesse grupo de pacientes pode melhorar potencialmente os resultados do tratamento definitivo (transplante) e contribuir para diminuição do tempo de internação pós-transplante. O suporte mecânico circulatório é formado por cânulas conectadas aos ventrículos do coração para transportar o sangue, e uma bomba, que fica do lado de fora do corpo simulando o funcionamento do órgão em paciente com insuficiência cardíaca avançada. O Pró é pioneiro no país na colocação desses dispositivos nas modalidades de curta e média permanência.

PESQUISA

Reabilitação cardíaca para o transplante Serviço de Fisioterapia do Pró-Cardíaco faz estudo inédito sobre reabilitação de pacientes com suporte mecânico de circulação como ponte para transplante cardíaco

O trabalho partiu da análise de caso de um paciente do sexo masculino, com 55 anos e diagnóstico de miocardiopatia dilatada isquêmica com disfunção biventricular grave, que apresentou choque cardiogênico refratário e foi colocado em suporte mecânico circulatório paracorpóreo como ponte para transplante cardíaco. Foram avaliadas a evolução funcional no pós-operatório de implantação do suporte mecânico circulatório; o resultado funcional pós-suporte mecânico circulatório; e a evolução funcional no pós-operatório do transplante. “A relevância da investigação deve-se também à escassez dessa abordagem na literatura médica. Ficamos muito felizes com a receptividade”, afirma o fisioterapeuta Gabriel Pinheiro, integrante da equipe que conduziu o estudo, formada pelos colegas João Raphael Camargo, José Carlos Silva Rodrigues, Sérgio Felipe de Carvalho (coordenador do Serviço), Ricardo Gaudio de Almeida (autor principal) e os coordenadores do Centro de Insuficiência Cardíaca e da Unidade de Pós-Operatório do Hospital, respectivamente Dr. Marcelo Montera e Dr. José Mauro Vieira Júnior.

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O fisioterapeuta Gabriel Pinheiro também assina o capítulo “Influência da Terapia de Restrição e Indução do Movimento (TRIM) na neuroplasticidade de pacientes após AVE: Evidências por meio de recursos neurofisiológicos e neuroimagem” no livro Reabilitação Motora no Paciente com Acidente Vascular Encefálico - Uma Visão das Neurociências (Editora Rubio). Primeira obra da Série Neurociências Aplicadas ressalta os métodos que têm como base os principais conceitos das Neurociências, como neurônios-espelho, neuroplasticidade e estimulação magnética transcraniana. O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma das maiores causas de óbito e de incapacitação no mundo e a reabilitação motora de pacientes com o problema requer extremo cuidado, atenção e conhecimento do profissional de saúde responsável.

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Reabilitação motora no AVE

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EVENTO

Ultracomplexidade

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novo tratamento para a hipertensão arterial resistente com ablação da artéria renal tem sido um dos assuntos mais discutidos nos congressos internacionais, assim como a colocação de modernos suportes mecânicos circulatórios em pacientes com insuficiência cardíaca grave. Outras grandes questões atuais são a decisão pela dilatação do vaso responsável pelo AVC na sala de hemodinâmica, após a administração do trombolítico sem resultado satisfatório; e o modelo de intervenção para a doença coronariana que compromete múltiplas artérias. Estas e muitas outras novidades da Cardiologia do século 21 já são realidade no Pró-Cardíaco e atraíram a atenção do público do 68º Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que lotou o auditório dos Simpósios Satélites do Hospital durante o evento da SBC. “O Pró é um parceiro da SBC que investe bastante nas atividades de educação continuada da Sociedade. Como presidente do Congresso, no ano em que o encontro acontece no Rio de Janeiro, e ainda sendo médico do Pró-Cardíaco foi uma honra, uma grande satisfação participar desse momento”, diz Dr. Roberto Esporcatte, coordenador da Unidade Coronariana do Hospital e moderador do simpósio sobre síndrome coronariana aguda. Segundo Dr. Roberto, a discussão sobre a doença girou em torno, principalmente, dos marcadores para diagnóstico da necrose miocárdica, como a troponina de altíssima sensibilidade; além da melhor utilização dos métodos de imagem para o diagnóstico de tratamento dos pacientes com a síndrome. E como são cada vez mais comuns casos de obstrução de múltiplas artérias, é decisão de quando e como intervir é muito importante. “Em comum, em todas essas abordagens, vimos como é fundamental o trabalho integrado de todos os setores do Hospital”, ressalta. A ablação da artéria renal como novo tratamento para a Hipertensão Arterial Refratária (HAR) foi outro tema dos simpósios. Cerca de 10% dos pacientes com HAR apresentam resistência às múltiplas drogas anti-hipertensivas. Técnicas percutâneas de aplicação de radiofrequência no interior das artérias renais foram recentemente desenvolvidas com o potencial de mudar a história natural da doença e ter significativo impacto positivo nesta população.

“A realização do procedimento no Brasil está ainda mais sofisticada desde o final do ano passado, quando a Anvisa liberou para comercialização um cateter especialmente desenhado para o tratamento”, conta Dr. Eduardo Saad, coordenador do Centro de Fibrilação Atrial do Pró-Cardíaco e autor da exposição “Ablação da artéria renal por radiofrequencia: Para quem, quando e como realizar?”.

Dr. Roberto Esporcatte


As mais recentes novidades da Cardiologia do século 21 foram tema dos Simpósios Satélites do Pró-Cardíaco no 68º Congresso da SBC e já são realidade no Hospital

foco Dr. Eduardo Saad

como base do tratamento. No entanto, para chegarmos aos resultados mostrados no simpósio precisamos de profissionais bastante qualificados como os nossos, que estiveram na Cleveland Clinic e no Tampa Hospital para entender como o processo funciona”, enfatiza Dr. Antônio. Os resultados do Pró-Cardíaco e a complexidade dos pacientes impressionaram os médicos da Cleveland Clinic que participaram do simpósio “Novos paradigmas no tratamento da Insuficiência Cardíaca Avançada”, segundo Dr. Marcelo Montera, coordenador clínico do Programa de Insuficiência Cardíaca Cirúrgica do Hospital. “Mostramos que em um ano e meio de Programa já instalamos cinco ventrículos definitivos e outros cinco temporários com taxa de sobrevida de 80%, num universo em que a mortalidade é de 70% a 80%. É um grande destaque na atuação do Pró-Cardíaco”, completa.

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Dr. Marcelo Iório, coordenador da Emergência do Hospital, trouxe ao simpósio sobre Acidente Vascular Cerebral um caso clínico ilustrativo sobre pacientes com AVC que, medicados com trombolíticos, não apresentam a resposta esperada. “Apesar de as condições de coagulação do paciente estarem complemente adversas e o risco ser grande, o dano neurológico pode ser ainda maior, o que justifica dilatar o vaso responsável pelo espasmo cerebral na sala de Hemodinâmica”, afirma. Para colocar em prática estratégias como essa, faz-se necessária uma estrutura emergencial organizada como a do Pró-Cardíaco, que conta neurologistas 24 horas e métodos de imagens disponíveis para a decisão da conduta mais adequada. Uma equipe afinada e treinada também é a principal condição para o sucesso da colocação dos suportes mecânicos circulatórios, solução para o paciente com doença cardíaca muito grave. O assunto foi compartilhado com o público do evento sob a mediação do Dr. Antônio Sérgio Cordeiro da Rocha, diretor técnico assistencial do Pró. “Há bem pouco tempo, não havia saídas muito favoráveis para esses pacientes e hoje temos os suportes

O estande do Hospital no 68º Congresso da SBC

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OUTROS ARES

Expedição ao sudeste Viajante profissional, Dr. Marcelo Fabrício relata sua mais recente aventura, desta vez pelas terras de Moçambique, Swazilândia e África do Sul

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ovido pela paixão de conhecer o mundo e longe de ser um turista convencional, Dr. Marcelo Fabrício, gerente do Serviço de Auditoria Hospitalar do Pró-Cardíaco, prepara para setembro de 2014 a terceira viagem para a África. A escolha dos países é guardada a sete chaves, mas o gosto por visitar o imenso continente africano é fácil de explicar. “Cada vez que pisamos na África somos surpreendidos com a exuberância da natureza de cada país, da fauna e da flora. É um grande prazer ver paisagens tão diferentes e exóticas que nos dão a oportuindade de fugir do lugar comum”, diz. Em 2012, Dr. Marcelo esteve no Sul do continente - Namíbia, Botswana e Zimbabwe, até a fronteira com a Zambia, junto às Cataratas Victória - com a filha Eduarda, um presente pelos 21 anos da caçula. No ano passado, ele e sua mulher Helen foram para Moçambique, Swazilândia e África do Sul, a convite de um amigo brasileiro transferido para trabalhar na região e que os acompanhou durante 12 dias de muita aventura. Para os leitores do Pró-Notícias, Dr. Marcelo conta um pouco dessa emocionante viagem: “Com as passagens compradas, o primeiro desafio foi conseguir os vistos, tarefa árdua que exige do turista uma carta convite de morador ou empresa local com justificativa para a visita, local das hospedagens e dos passeios, informação

sobre quem pagará a estadia e tudo com firma reconhecida. Os vistos chegaram quatro dias antes do nosso voo. Malas feitas e pé na estrada! Passamos o primeiro dia em Maputo, capital de Moçambique, onde conhecemos, por exemplo, o Jardim dos Namorados e o Centro Cultural Franco Moçambicano. No dia seguinte, após a travessia da baía de Maputo em direção à África do Sul, iniciamos os game drives da viagem - passeio pelas reservas para observação dos animais – e vimos hipopótamos, impalas, búfalos e inúmeras espécies de pássaros no Isgamaloo Park. Já em Ezulwini Valley, no reino da Swazilândia, fizemos safari no Mkhaya Game Reserve. Avistamos uma manada de girafas e experimentamos a hospedagem em um hut, uma acomodação redonda como as casas dos habitantes locais, iluminada por lampiões, sem portas ou janelas. O acesso é feito por uma passagem três degraus acima do nível do solo, com uma portinhola de ferro para ser abaixada e evitar a entrada de animais menores. O banho é quente e delicioso, afinal eram 10º graus lá fora. Adoramos essa proposta rústica e confortável.


OUTROS ARES Pró-Notícias

Lá, fizemos também o tão esperando walking safari. Vimos gnus albinos, rinocerontes brancos e rinocerontes negros e um destes chegou a menos de cinco metros do nosso jipe, com seus chifres afiados de mais de 50 centímetros. Tensão, alegria, prazer, surpresa, euforia, receio, não há palavras para descrever esse momento! E ainda conseguimos encontrar com uma bela família de elefantes antes de deixar Swazilândia! A caminho do Kruger Park, conhecemos a cidade de Graskop, com seus telhados coloridos que lembram Campos de Jordão. Curtimos o lindíssimo visual da cordilheira Drakens-

berg e grandes áreas agrícolas, irrigadas, com cana, laranja, abacaxi, verduras. Dormimos no Blyde River Safari Lodge, uma grande casa de campo e, de manhã, já na estrada, apreciamos um baobá gigante, árvore que tem mais de 2.500 anos, segundo o proprietário do terreno. Partimos para Skukuza e Satara à procura de leopardos e leões. E lá estavam eles. Um bando de leoas e um leão descansavam num capinzal; um leopardo relaxando na árvore tomava conta de uma carcaça de impala e posou para nossas lentes: levantou, trocou de posição, adormeceu, virou a cabeça para todas as direções, um espetáculo! Vimos um elefante, uma enorme iena, ficarmos retidos por uma manada de búfalos; perdemos nossos bilhetes de entrada no parque e quase não somos liberados pelos guardas. Tudo deu certo no final. Estresse bom. Voltamos para Maputo, nos despedimos dos amigos e rumamos para dois dias em Johanesburgo. Vimos a grande estátua de Nelson Mandela, passeamos pelo Museu do Apartheid e fizemos uma festa consumista na Cap Union Market, com sua infinidade de artigos para esportes de aventura. No voo de volta, mais emoção: um problema elétrico fez o avião voltar. Enquanto aguardámos o conserto que durou seis horas, conhecemos alguns dos 70 católicos do Zimbabwe que estavam a caminho do Brasil para a Jornada Mundial da Juventude. Embarcamos novamente e chegamos a São Paulo, claro, sem tempo hábil para a conexão. Depois de quatro horas de sono num hotel, pegamos a ponte aérea para o Rio e, no domingo de manhã, já tomávamos café em casa apreciando o Pão de Açúcar, com saudade das planícies africanas e planejando a próxima viagem!”

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ACONTECE

Revisão científica da “bíblia” da Gastroenterologia O gastroenterologista Dr. José Galvão Alves é o coordenador da revisão científica do livro Sleisenger & Fordtran- Tratado Gastrointestinal e Doenças do Fígado (Editora Elsevier) e participou como convidado do lançamento da obra na “12ª Semana Brasileira do Aparelho Digestivo”, em Goiânia, no mês de novembro. Útil especialmente para gastroenterologistas, cirurgiões e endoscopistas, é o maior compêndio no mundo sobre o assunto, editado pela primeira vez no Brasil (introdução e trechos degustação: http://migre.me/gWnTU).

Primeira diretriz de miopericardites do mundo Dr. Marcelo Montera, chefe do Centro de Insuficiência Cardíaca do Hospital, é o coordenador da I Diretriz Brasileira de Miocardites e Pericardites (http://migre.me/gWnYz), inédita também no mundo sobre o assunto, uma realização da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A diretriz foi elaborada no Pró-Cardíaco e apresenta a normatização do diagnóstico e tratamento de inflamações do coração e do pericárdio, membrana que envolve o músculo. São 32 autores de 22 centros de saúde do país.

Nutrição na Alemanha Jacqueline Farret, chefe do Serviço de Nutrição, participou em setembro do 35º Congresso da Espen - European Society for Clinical Nutrition and Metabolism, em Leipzig, na Alemanha.

Coronariana em Orlando Dr. Ricardo Mourilhe, médico da rotina da Unidade Coronariana, apresentou em setembro, na sessão de temas livres do 17º Congresso Americano de Insuficiência Cardíaca, em Orlando, dois estudos feitos pela equipe do setor: “Preditores de mortalidade em choque cardiogênico pós-infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST” e “Impacto do perfil clínico na mortalidade hospitalar em pacientes com infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST e insuficiência cardíaca aguda”.

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Revisão científica Braunwald

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Dr. Mourilhe também é o revisor científico do livro Perguntas e Respostas de Braunwald (Editora Elsevier), um guia de estudo abrangente, didático e atualizado com mais de 700 questões que cobrem tópicos-chave da doença cardiovascular. A obra foi lançada em setembro no 68º Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Introdução e trechos de degustação: http://migre.me/gWkRt.


Sonda enteral em dois estudos selecionados A enfa. Sandra Regina Maciqueira, da equipe multidisciplinar de Terapia Nutricional do Pró, teve dois trabalhos selecionados para apresentação no XX Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral, em dezembro, no Recife: “Incidentes durante a instalação da sonda enteral às cegas: a propósito de três casos” e “A segurança do paciente na instalação da sonda enteral: é possível?”.

Trabalhos da Enfermagem no Congresso SBC Primeiro Encontro na América Latina O coordenador do CTI, Dr. Rubens Costa Filho, comandou a Comissão Científica e a equipe responsável pela organização do I Latin America Meeting on Perioperative Bleeding Management (1º Encontro Latino-americano em Gestão da Hemorragia Perioperatória), em outubro, no Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo.

Publicações em Medicina Intensiva Dr. Rubens também assina o capítulo “Anormalidades da coagulação no paciente crítico”, no livro Medicina Intensiva - Fundamentos e Práticas, e o capítulo “A Coagulação”, no livro Choque Circulatório - Série Clínicas de Medicina Intensiva Brasileira – Amib, ambas publicações da Editora Atheneu.

As enfermeiras da Unidade Coronariana Ana Lucia Cascardo, Andréa Ramos, Cláudia Weksler, Flávia Camerini, Juliana Fortunato, Luciana Reis, Maria Eliene de Oliveira, Sudivan Vieira e Vânia Cristina Figueiredo apresentaram vários trabalhos no 25° Fórum de Enfermagem em Cardiologia do 68° Congresso Brasileiro de Cardiologia. A gerente do Serviço de Enfermagem do Pró-Cardíaco, Maricy Fernandes, integrou a comissão organizadora do Fórum.

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O livro Te cuida – Guia prático para uma vida saudável (Casa da Palavra), do cardiologista Cláudio Domênico, ganhou do Departamento de Cardiologia Clínica da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DCC/SBC) o prêmio de “Destaque de publicação para o público leigo”. “Esta homenagem me deixa duplamente feliz, pelo reconhecimento de um trabalho e por conquistar o aval científico para uma obra que trata da mudança de hábitos e da importância da prevenção de doenças, reforçando este novo ciclo de estudos sobre Medicina Comportamental”, comemora Dr. Domêmico. Para acompanhar a página do livro no facebook, acesse: http://migre.me/gWkER.

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SBC premia “Te cuida”

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Centro Médico

Pró-Cardíaco Consultas, exames, reabilitação e check-up num só lugar com a qualidade e a segurança de uma das maiores referências do Brasil no cuidado com o paciente cardiovascular e neurológico

O Hospital Pró-Cardíaco inaugura em 2014, em Botafogo, o Centro Médico Pró-Cardíaco, com pronta disponibilidade de médicos para consultas e realização de exames de diagnóstico como Eletrocardiograma (ECG), Ecocardiograma, Raio-x, Ultrassom, Ergoespirometria, Prova de Função Pulmonar e Mamografia, além de Laboratório de Análises Clínicas.

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Com o objetivo de dar continuidade à linha de cuidado com o paciente que eventualmente precisa ser internado, o Centro Médico tem ainda equipe multidisciplinar e infraestrutura para reabilitações cardíaca e neurológica. A meta é impedir a recorrência do problema (prevençao secundária), bem como evitar seu aparecimento (prevenção primária) com sessões de exercícios individualizadas e acompanhamento nutricional.

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E um dos serviços de medicina preventiva mais completos e modernos do país, o Check-up + Pró Cardíaco também passa a funcionar no Centro Médico em 2014. Elaborado para atender as necessidades de pesssoas físicas e jurídicas, tem como foco o diagnóstico precoce de doenças cardiovasculares e oncológicas mais frequentes. Seus maiores diferenciais são a avaliação clínica e exames no mesmo dia e local, com duração média de quatro horas e meia; equipe multidisciplinar; e exames exclusivos que identificam pacientes mais vulneráveis a eventos cardiovasculares por meio da detecção de focos calcificados nas paredes das artérias antes da evidência de sintomas da doença ateroesclerótica coronariana.


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