DEZEMBRO 2016 | JANEIRO 2017 N.101
SUPEREGO
FLAVIA CYMBALISTA
ensina empresários a confiar mais no instinto – e a ouvir menos os outros – na hora de tomar decisões. Seu professor? George Soros
ALARME
O que dizer para as crianças quando os pais são levados pela Polícia Federal
R$ 14,90
E MAIS Almoço especial das 100 edições de PODER; a literatura sublime de VALTER HUGO MÃE; humor nas alturas com MARCO LUQUE; o mundo ao redor de KRISHNAMURTI; Davos e a agenda dos encontros imperdíveis de 2017; botes para boiar bonito e Polinésia Francesa muito além do Taiti
MALOTE
A nova lei de repatriação traz seu dinheiro de volta melhor do que era antes – legalizado
EU, ROBÔ
A onda do detox digital que ajuda a tirar férias do celular
CHECK-UP JANETE VAZ e a receita para
transformar o Laboratório Sabin em uma empresa de sucesso: fugir do eixo Rio-São Paulo, premiar os funcionários de diversas formas e sair da linha de frente na hora certa
PODER
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Você está abastecendo os seus sonhos? O futuro da sua empresa depende das decisões que você toma hoje. A EY está preparada para te ajudar a escolher as melhores opções.
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SUMÁRIO
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EDITORIAL COLUNA DA JOYCE A GENTE NÃO QUER SÓ DINHEIRO
54
Como Janete Vaz transformou o Laboratório Sabin em uma empresa de sucesso sem focar apenas no holerite
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30 JANETE VAZ POR ROBERTO SETTON
NA REDE: 38
@revistapoder 46
@revista_poder
ALMOÇO DE PODER
Tudo sobre a comemoração das 100 edições de PODER
/Poder.JoycePascowitch
60
64
SEM MÁSCARA
O humor leve de Marco Luque
70
O AMIGO HINDU
Jiddu Krishnamurti, o guru sem religião 72
76 80 84
MODO AVIÃO
Um detox para se livrar dos excessos – de tecnologia
É DE PODER CONSUMO O BRAÇO DIREITO
O escritório do advogado José Yunes, assessor especial da Presidência 86
PARAÍSO É POUCO
Cheia de luxo, a Polinésia Francesa vai muito além do Taiti 90 92
BENDITO FRUTO
Marcelo Cesana e o dom de transformar açaí em ouro
LOCA POR TI AMÉRICA
A embaixadora Liliana Ayalde encerra sua missão no Brasil
TODOS OS SENTIDOS
José Rubens D’Elia e sua mais nova empreitada: a Pilotech 69
75
UM BONDE CHAMADO ANISTIA
Os benefícios (e as pegadinhas) da nova Lei de Repatriação
VOCÊ É SEU MESTRE
Flavia Cymbalista ensina empresários a seguir a intuição para tomar decisões importantes
AGENDA BLOQUEADA
Aonde ir em 2017 para ficar a par do que acontece no mundo
DOIS MIL E TCHAU
Uma retrospectiva do nada pacato 2016 – e uma espiada em quem vem por aí
PAPAI TÁ PRESO
Como lidar com crianças que veem o pai ir para a cadeia
PODER VIAJA PEQUENOS NOTÁVEIS
Os mais incríveis botes para não ficar boiando neste verão 96 98 102 104 109 110 111 112
PODER FERVE COZINHA DE PODER HIGH-TECH CULTURA INC. UNIVERSO PARTICULAR ESTANTE CARTAS ÚLTIMA PÁGINA
FOTO PICO GARCEZ
12 14 18
Relรณgio Master Ultra Thin Perpetual Philippe Jordan, Maestro e Diretor Musical em Paris e Viena
BOUTIQUE JAEGER-LECOULTRE Shopping JK Iguatemi - Sรฃo Paulo Tel: (11) 3152 6640
PODER JOYCE PASCOWITCH
DIRETORA-GERAL JOYCE PASCOWITCH
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EDITORA-EXECUTIVA Márcia Rocha
PUBLICIDADE MULTIPLATAFORMA Rafaela F. Pascowitch (gestora)
EDITORA-ASSISTENTE Nataly Costa
GERENTES MULTIPLATAFORMA
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Kelly Staszewski
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Roberta Bozian
REPORTAGEM Fábio Dutra
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Fernanda Grilo
Beatriz Vasco
DIRETORA DE ARTE Emanuela Giobbi
Maria Luisa Kanadani
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EXECUTIVAS MULTIPLATAFORMA
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ZN_VNYbV`N-TYNZb_NZN P\Z Rio de Janeiro: Michelle Licory MKT e Conteúdo ZVPURYYR-TYNZb_NZN P\Z
David Nefussi
QNcVQ[-TYNZb_NZN P\Z EDITORES DE ARTE ASSISTENTES
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publicidade@glamurama.com – tel. (11) 3087-0200 MARKETING Carol Corrêa (gestora)
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Claudia Fidelis (tratamento de imagem) PRODUÇÃO Meire Marino (gestora)
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Ana Elisa Meyer (produtora-executiva)
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Mayara Nogueira
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Wildi Celia Melhem (produtora gráfica) Inácio Silva (revisão) Luciana Maria Sanches (checagem) COLABORADORES André Ligeiro, Antonio Bender Mammì, Beatriz Chicca, Bruna Bertolacini, Bruna Guerra, Fernanda Bottoni, Giovanna Balzano, João Bueno, Juliana Rezende, Karime Xavier, Luna Nigro, Maria Antônia Anicetto, Maria Fernanda Foschini, MaurÃcio Nahas, Miguel Lebre, Paulo Freitas, Paulo Sampaio, Paulo Vieira, Pico Garcez, Raul Duarte, Roberto Setton
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Heberton Gonçalves
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Hércules Gomes
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CHEGUE com ESTILO Estilo é algo pessoal. É por isso que o Gulfstream G550™ oferece diversas opções de assentos e leitos capazes de proporcionar até quatro ambientes e, ainda assim, oferecer o maior espaço para bagagens da categoria, totalmente acessível pelo interior da aeronave. Cada aspecto do primoroso interior é projetado para maximizar o conforto em viagens intercontinentais, para que você possa chegar como se tivesse acabado de sair de casa. Para mais informações, visite gulfstreamg550.com.
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PODER EDITORIAL
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e existe uma certeza é que tudo vai mudar. Ou alguém conseguiu anotar a placa desse 2016 louco que passou voando e virou tudo de cabeça para baixo? É nesse ritmo agitado que fechamos a última edição do ano e abrimos a primeira de 2017 – que, vamos combinar, tem tudo para chegar chegando. Boa hora para dar aquela sacudida e fazer como nossa personagem de capa, a empresária Janete Vaz, sóciafundadora do Laboratório Sabin, que adotou a máxima “tire seus sonhos da gaveta” como mantra – não só o dela, mas o da empresa inteira. Há seis anos, o Sabin lutava para sobreviver, ameaçado pela concorrência, principalmente no eixo Rio-São Paulo. Janete e a sócia, Sandra Costa, chegaram a pensar em vender tudo. Muitas noites em claro depois, viram que só tinham uma saída: mudar. Decidiram manter Brasília como base e expandir para as regiões Norte e Nordeste. Hoje, o Sabin tem mais de 220 unidades espalhadas pelo país, faturamento bruto de R$ 700 milhões por ano e 3.700 funcionários felizes – ou pelo menos é o que dizem as pesquisas que, pelo segundo ano consecutivo, consideram a empresa como a melhor do Brasil em gestão de pessoas. Janete e Sandra fizeram algo que parece simples, mas não é: seguir a intuição. Que o diga Flavia Cymbalista, que leva essa coisa de intuição tão a sério que a transformou em profissão. A economista ensina empresários, altos executivos e operadores do mercado financeiro a confiar no instinto antes de tomar qualquer decisão. Sabe com quem ela aprendeu? Com ninguém menos do que o megainvestidor George Soros, famoso por seguir o tal do “gut feeling”. “A socialização nos treina a prestar atenção na regra externa, não a esse algo interno que nos diz o que está certo”, disse Flavia ao editor-contribuinte Paulo Vieira. Uma dica para quem quer conseguir ouvir novamente essa voz interior talvez seja dar um tempo do smartphone – que parece ter virado uma extensão do nosso corpo e da nossa mente. Fazer como alguns empresários e encarar um detox digital – espécie de retiro espiritual do século 21 – pode ser uma boa para, em vez de se conectar via WhatsApp e Instagram, tentar uma conexão mais potente consigo mesmo, com a natureza, com quem está ao seu redor. É algo, inclusive, que o guru Krishnamurti, também em nossas páginas, sempre pregou: o caminho da felicidade passa pelo conhecimento – de nós mesmos e da realidade a nossa volta. Para essa segunda parte, a gente ajuda entregando a agenda dos melhores encontros de 2017, de Davos à maior feira de tecnologia e de inovação do mundo, para afiar as ideias e refletir. Coisa necessária em qualquer situação, sobretudo nas mais delicadas. Entrevistamos a psiquiatra Lee Fu-I, da USP, especialista em bullying infantil, que falou como se sentem os filhos de alguns políticos, banqueiros e empresários que viram o pai sendo arrastado de casa pela Polícia Federal, algo relativamente comum nesses tempos de Lava Jato. Difícil, não? Haja força e equilíbrio, no sentido figurado. Se bem que no físico também, ainda mais para quem quiser se aventurar em um dos incríveis botes infláveis que mostramos na seção Motor, perfeitos para as férias – que, tenho certeza, você está precisando. Bem-vindo a bordo!
GLA M UR A M A . C O M
TO BREAK THE RULES, YOU MUST FIRST MASTER THEM. VALE DE JOUX. POR MILÊNIOS, UM AMBIENTE AUSTERO E HOSTIL. DESDE 1875, O LAR DE AUDEMARS PIGUET, MAIS PRECISAMENTE NA VILA DE LE BRASSUS. OS PRIMEIROS RELOJOEIROS FORAM MOLDADOS AQUI, UNINDO O RESPEITO PELAS FORÇAS DA NATUREZA E O ANSEIO DE COMPREENDER SEUS MISTÉRIOS POR MEIO DA COMPLEXA MECÂNICA DE SEU OFÍCIO. ESTE ESPÍRITO DESBRAVADOR NOS INSPIRA ATÉ HOJE A DESAFIAR CONSTANTEMENTE AS CONVENÇÕES DA
+1 646 375 08 07 | AUDEMARSPIGUET.COM
ALTA RELOJOARIA.
ROYAL OAK CALENDÁRIO PERPÉTUO EM OURO ROSA
COLUNA DA JOYCE <` ON`aVQ\_R` QN ]\Y~aVPN R Q\` [RTÂ&#x192;PV\` .` [\cVQNQR` R aR[Q|[PVN` ^bR R`aw\ ]\_ a_s` QN [\a~PVN mais em glamurama.com/poder
miadas da Lava Jato, que andaram rareando nos Ăşltimos meses, a resposta: PolĂcia Federal e MinistĂŠrio PĂşblico sĂł querem fechar novos acordos depois do aguardado depoimento de MARCELO ODEBRECHT â&#x20AC;&#x201C; que, depois de muita resistĂŞncia, estĂĄ prestes a contar tudo. A ideia ĂŠ nĂŁo perder tempo com acusados que podem trazer pouca novidade e â&#x20AC;&#x153;economizĂĄ-losâ&#x20AC;? para depois, quando haverĂĄ muita informação fresquinha para ser confrontada.
MĂ&#x2030;TODO
AlĂŠm disso, o â&#x20AC;&#x153;padrĂŁo Odebrechtâ&#x20AC;? tambĂŠm deixou os agentes da PF malacostumados. Agora, quando aparece um delator que sĂł quer falar, mas nĂŁo tem provas materiais, eles pedem logo algum papel, documento, anotação. O exemplo ĂŠ o dos executivos da construtora, que tinham atĂŠ planilha com o nome de quem recebia propina.
BRIGA DE GALO A animosidade entre o presidente do STF,
DIGAjĂĄ XIS confidenciou a amiCLAUDIA CRUZ
gos que fica chateada quando falam que ela fez plĂĄstica na regiĂŁo dos olhos. Conta atĂŠ que jĂĄ passou por outras intervençþes estĂŠticas, mas nĂŁo essa. A mulher de Eduardo Cunha diz sofrer de fotofobia â&#x20AC;&#x201C; por isso o famoso olhar arregalado quando se depara com um flash.
RICARDO LEWANDOWSKI, e o ministro GILMAR MENDES tem dado o que falar em BrasĂlia â&#x20AC;&#x201C; vira e mexe, a dupla protagoniza um bate-boca pĂşblico. Os mais prĂłximos dizem que o problema entre os dois ĂŠ ideolĂłgico. â&#x20AC;&#x153;Se bem que o Gilmar ĂŠ muito mais tucano do que o Lewandowski ĂŠ petistaâ&#x20AC;?, brinca um advogado.
14 PODER JOYCE PASCOWITCH
FOTOS GETTY IMAGES; PEDRO LADEIRA / FOLHAPRESS; FELLIPE SAMPAIO / SCO STF; ANTĂ&#x201D;NIO CRUZ / AGĂ&#x160;NCIA BRASIL; MARCELO CAMARGO / AGĂ&#x160;NCIA BRASIL; ANDRĂ&#x2030; LIGEIRO
CEREJA Para quem anda se perguntando o que houve com as bombåsticas delaçþes pre-
CARONA Sobrinha de Fernando Collor, Maria Izabel Collor de Mello – filha do irmão mais velho do senador, Leopoldo, falecido em 2013 – fez piada no grupo da família quando soube que a Lamborghini do tio foi tomada pelo banco por falta de pagamento. “Ainda bem que inventaram o Uber!”. Em tempo: Bel, como é conhecida, está envolvida na articulação do Partido Novo, formado por empresários e que já elegeu uma vereadora em São Paulo.
SOFÁ
LINHA CRUZADA
Carentes de uma figura intelectual de peso que lhes dê respaldo, integrantes do Movimento Brasil Livre procuraram um respeitado filósofo para falar sobre os rumos do país. A ideia era sensibilizar o pensador e convencê-lo de que o grupo – ligado a siglas como o PSDB, DEM, PV e PPS – é apartidário e não pertence a nenhum espectro político, direita ou esquerda. A conversa, claro, acabou não indo para frente.
CASA DE FERREIRO
Não são apenas políticos e empresários que temem uma visita inesperada do “Japonês da Federal”. Os grandes escritórios de advocacia de São Paulo também começaram a ficar apreensivos e estão revendo procedimentos. Não aceitam mais receber honorários vindos de contas no exterior e os pagamentos precisam ser feitos em nome do cliente, nunca de terceiros, prática bastante comum até agora.
Já MICHEL TEMER tem cada vez mais reforçado para os amigos que não vai mesmo se candidatar em 2018. Costuma dizer que não tem “vontade nem saúde” para tanto, e que prefere uma vida mais pacata ao lado da família. O agora titular da República quase não tem pisado em São Paulo, o que tem lhe feito muita falta.
ORÁCULO
Antes de sair do governo batendo porta, o ex-ministro da Cultura MARCELO CALERO se consultou com um marqueteiro responsável por diversas campanhas Brasil afora – uma delas vitoriosa nas eleições deste ano. Também ligou para amigos jornalistas para pedir conselho. Nos bastidores, comenta-se das pretensões eleitorais do carioca – que já foi candidato a deputado federal em 2010 e perdeu.
APERTO DE MÃO Em um jantar no Fasano ao lado do governador Geraldo Alckmin, o prefeito eleito JOÃO DORIA anunciou que levaria para a cracolândia o modelo de gestão da ONG Arcah, do empresário FILIPE SABARÁ. Semanas depois, o convidou para ser secretárioadjunto de Desenvolvimento Social. Para não haver conflito de interesses, Sabará afastou-se temporariamente da presidência da entidade e de suas demais PODER JOYCE PASCOWITCH 15
PAREDÃ&#x192;O
Juristas em BrasÃlia reclamam da dificuldade em dar andamento a certos processos â&#x20AC;&#x201C; com a sanha justiceira da Lava Jato, dizem que está cada vez mais difÃcil conseguir uma absolvição ou mesmo um habeas corpus em tribunais como o STJ. A explicação é que, para agradar a plateia, os juÃzes acabam preferindo pesar a caneta na condenação.
Para ganhar conhecimento, adicione coisas todos os dias. Para ganhar sabedoria, elimine coisas todos os dias LAO-TSÃ&#x2030;
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3 PERGUNTAS PARA...
A aviação comercial teve um bom momento no Brasil há alguns anos, com mais pessoas viajando de avião. Agora estamos diante de uma crise que afetou viagens de turismo e de negócios. Como vocês estão lidando com isso?
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O que o mercado brasileiro representa para o seu negócio?
Quais os principais desafios e as expectativas em relação ao Brasil?
16 PODER JOYCE PASCOWITCH
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FOTOS ISTOCKPHOTO.COM; CAUÃ&#x160; MORENO / DIVULGAÃ&#x2021;Ã&#x192;O
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Em dezembro e janeiro, a mulher e o homem de poder vĂŁo...
~ \PaRPa _aTbT]Ă&#x160;P ]^ 5[^aP 1Pa `dT RP dentro do museu The Met Breuer, em Nova York. O restaurante ĂŠ uma parceria entre os chefs Ignacio Mattos (do descolado Estela) e Thomas Carter (do chiquĂŠrrimo Le Bernardin)
~ P_a^eTXcPa ^ R[X\P a�bcXR^ RWXR do Carmelo Resort & Spa, em Carmelo, balneårio de luxo no Uruguai ~ R^]UTaXa The Poetics of Place, nova mostra de fotografia contemporânea do Metropolitan Museum de Nova York, em cartaz a partir de 12 de dezembro
~ UPiTa d\ _PbbTX^ _T[P Biblioteca Mårio de Andrade, no centro de São Paulo, e, de quebra, visitar a exposição do gravurista Livio Abramo, em cartaz por lå a partir de 7 dezembro
FOTOS FACEBOOK / DIVULGAĂ&#x2021;Ă&#x192;O; WIKICOMMONS; DIVULGAĂ&#x2021;Ă&#x192;O; ROBERTO SETTON; GLEN ALLSOP / DIVULGAĂ&#x2021;Ă&#x192;O
~ [Ta A Graça do Dinheiro, um compilado dos melhores cartoons sobre economia publicados pela revista The New Yorker entre 1925 e 2009 ~ RdacXa d]b SXPb ST eTaĂ&#x2020;^ T\ P[Vd\P praia tranquila do Nordeste, como a dos Carneiros, em Pernambuco, ou Barra Grande, no PiauĂ ~ UPiTa d\P aTbTaeP ]^ >aT Ă?[cX\P empreitada do chef Alain Ducasse, que escolheu a dedo a localização do restaurante: dentro do PalĂĄcio de Versalhes, nos arredores de Paris
~ RdacXa ^ S^[RT UPa ]XT]cT ]P Masseria TrapanĂ , uma construção do sĂŠculo 16 em Puglia, na ItĂĄlia, que acaba de virar um hotel de luxo. Destaque para os chuveiros, que ficam do lado de fora das suĂtes, com vista para o imenso pĂĄtio
~ ^deXa \dbXRP X]bcad\T]cP[ SP \T[W^a qualidade em casas como JazzB ou Jazz nos Fundos, em SĂŁo Paulo
EU VOLTEI
ANTĂ&#x201D;NIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, o KAKAY, mal teve tempo de sentir saudades do Piantella. Acaba de fechar uma parceria com Omar Peres â&#x20AC;&#x201C; do Fiorentina e do Bar Lagoa, no Rio â&#x20AC;&#x201C; para reabrir o icĂ´nico restaurante de BrasĂlia agora em dezembro. Dessa vez, o advogado ficarĂĄ apenas como â&#x20AC;&#x153;sĂłcio afetivoâ&#x20AC;? da empreitada.
+ eujoyce.com.br | + twitter.com/joycepascowitch @joycepascowitch com reportagem de nataly costa PODER JOYCE PASCOWITCH 17
TUBO DE ENSAIO
A GENTE NÃ&#x192;O QUER SÃ&#x201C; DINHEIRO © S_R[aR Q\ 9NO\_NaÂ&#x192;_V\ @NOV[ ^bR SNab_N ? $ ZVYUÂ&#x2021;R` N[bNV` R QRcR P_R`PR_ % [R`aR P_~aVP\ # 7N[RaR CNg P\[`RTbVb ^bRO_N_ bZ ]N_NQVTZN b[VcR_`NY' SNgR_ `Rb` $ Sb[PV\[s_V\` SRYVgR` `RZ ]_RZVs Y\` [RPR``N_VNZR[aR P\Z QV[URV_\ .YzZ QR bZ O\Z NZOVR[aR QR a_NONYU\ cNYR O\Y`N` QR R`abQ\ QR`P\[a\` RZ RYRa_\Q\Zz`aVP\` PURPX b] T_NabVa\ ]N_N ]N_R[aR` R `VZ ]N_aVPV]Nyw\ [\` YbP_\` R _R`bYaNQ\` QN RZ]_R`N por paulo vieira fotos roberto setton
O
que destaca um empresário e faz dele um líder? Intuição, empatia, vontade, visão de futuro, ousadia, conhecimento de seu setor? Tudo isso certamente entra na lista, mas é difícil saber qual dessas características pesa mais. Da mesma forma, para ser um bom, um ótimo gestor de pessoas – o que talvez seja o tema dos temas em administração de empresas –, não há uma fórmula única a ser seguida. Pois a goiana Janete Vaz, 62 anos, sóciafundadora do Laboratório Sabin, empresa com matriz em Brasília e mais de 220 unidades espalhadas por nove estados do país, pode dar boas pistas de como chegar lá. Em outubro do ano passado, a revista CNY\_ 0N__RV_N, do jornal CN Y\_ 2P\[ ZVP\, elegeu o Sabin pela segunda vez a “melhor empresa na gestão de pessoas”, e seria incorreto dizer que Janete, hoje com uma cadeira no conselho de administração da empresa, tenha ficado surpresa com a deferência. O Sabin tem um programa de participação nos lucros e resultados (PPLR) que vale para todos os funcionários das unidades de Brasília (DF), Uberlândia (MG), Manaus (AM) e Barreiras (BA). Outras cidades vão entrando no programa assim que o investimento na aquisição das unidades é recuperado. Há ainda subsídios de até 80% em cursos de graduação e de pós-graduação para os colaboradores. Por fim, não há ninguém fora do regime CLT e, depois de 90 dias na empresa, qualquer um pode usar uma ferramenta interna para fazer uma simulação de crescimento na carreira. Segundo dados do Sabin, hoje, 99% dos postos de liderança são ocupados por gente formada lá
20 PODER JOYCE PASCOWITCH
dentro. Com tudo isso, soam naturais certos indicadores muito positivos que a empresa ostenta. Entre eles, a rotatividade (turnover) de 7%, bem abaixo da média do setor – que é de 30%, segundo Janete – e o baixo absenteísmo, de 1,5%. Ter um excelente pacote de benefícios e estender bonificações a diversos cargos está longe de ser algo revolucionário em gestão empresarial, mas o Sabin, além de fa-
“AS MULHERES VEEM A FLORESTA, ENXERGAM TUDO AO MESMO TEMPO, ENQUANTO OS HOMENS SÃO MAIS DIRECIONADOS, ENXERGAM A ÁRVORE”
zer muita fé nisso, vem adotando um cardápio ainda mais original, que inclui programas de bem-estar e até demandas mais urgentes, verificadas em pesquisas periódicas. Em 2010, por exemplo, a empresa fez um levantamento interno – utilizou para isso parte do questionário do censo nacional do IBGE – para conhecer em detalhe a vida de seus funcionários. Como resultado, percebeu que 1 em cada 7 não tinha máquina de lavar em casa. A resposta veio rápida: um convênio firmado com a Brastemp garantiu descontos de 30% a 40% para o aparelho, e os funcionários ainda tiveram a opção de quitá-lo em 36 prestações. E há mais: na festa de confraternização de fim de ano, diversas unidades vão sortear notebooks. Essa preocupação em criar e manter um bom ambiente de trabalho vem sendo reconhecida por institutos como o Great Place to Work (GPTW), que tem sua finalidade expressa no nome e desde 2005 premia ininterruptamente o Sabin. Para Daniela Diniz, diretora de conteúdo e eventos do GPTW, o Sabin mantém forte preocupação em ouvir seus funcionários. “Ao identificar o perfil do time, suas diferenças e suas necessidades, a liderança consegue corresponder às expectativas e manter alto o nível de confiança da equipe.” E completa: “Isso faz com que a empresa, hoje grande e espalhada, mantenha a cultura familiar, traço extremamente valorizado pelos colaboradores”.
PRATA DA CASA
Entender as demandas dos funcionários é fundamental no Sabin, que coleciona alguns números peculiares. Lá, a média etária é baixa, de 31 anos, e a proporção de mulheres, muito alta: 73%. “As mulheres
veem a floresta, enxergam tudo ao mesmo tempo, enquanto os homens são mais direcionados, enxergam a árvore”, disse Janete a PODER num encontro em São Paulo. Apesar do predomínio feminino, mais de duas mulheres para cada homem, Janete diz que não há parti pris de gênero no Sabin. “Questões de gênero não contam, mas, sim, a competência.” As mulheres ocupam 70% dos postos de liderança da empresa, espelhando a distribuição feminina entre todos os funcionários. No primeiro dia útil de 2014, Janete e sua sócia, Sandra Costa, en-
frentaram uma situação inédita, que pôs à prova a filosofia máxima da companhia, de valorizar a prata da casa. As duas se retiravam do dia a dia em prol de um novo presidente-executivo, e, dentre os cenários possíveis, cogitou-se um desdobramento sucessório tradicional, com a cadeira passando para algum dos filhos das sócias. Mas Janete reconhece que “eles não estavam preparados”, e a solução foi promover Lídia Abdalla, uma das três superintendentes do Sabin, que começou como trainee e contava então 15 anos de casa. “Nossa cul-
tura é desenvolver e valorizar o que temos aqui, não seria justo buscar fora, no último momento, um presidente.” Mesmo assim o processo foi sofrido. “Entregar (o comando) depois de 30 anos não foi fácil. A gente acha que não tem ninguém preparado para assumir o lugar”, confessa Janete.
VENTO A FAVOR
O Sabin vive um período bastante favorável. A taxa de crescimento anual média na última década é de 30% e o número de funcionários foi duplicado de 2014 para cá. Se até PODER JOYCE PASCOWITCH 21
22 PODER JOYCE PASCOWITCH
“QUANDO PENSAMOS EM UMA CIDADE, OLHAMOS PARA O PIB, O NÚMERO DE HOSPITAIS, OS CONVÊNIOS DE SAÚDE DOMINANTES E A LOGÍSTICA’’ 2010 a empresa concentrava seus negócios no Distrito Federal, em que opera atendendo principalmente convênios de saúde de boa parte do funcionalismo público da cidade, hoje conta com unidades em nove estados. Nas diretrizes estratégicas, a meta é estar em 70% das unidades federativas do Brasil até 2020 e se tornar referência no segmento na América Latina – eventualmente abraçando a internacionalização. O recentíssimo movimento de expansão do Sabin se deu principalmente por aquisições de laboratórios em capitais e cidades distantes do eixo Rio-São Paulo. Mas se dependesse de alguns consultores da Fundação Dom Cabral, com quem Janete e Sandra se reuniram em 2010, o alvo poderia ser bem outro. São Paulo era uma das praças indicadas pelos especialistas, algo que segue fora do escopo do Sabin, e não exatamente pela concorrência acirrada. “Quando pensamos numa cidade, olhamos para seu PIB, o número de hospitais, os convênios de saúde dominantes e a logística”, diz Janete. A logística é fundamental, pois quase todos os exames são enviados para análise em Brasília. Assim, ter unidades nas capitais do norte é estratégico. “Se eu tivesse de enviar exames de Manaus para São Paulo, por exemplo, seriam sete dias de trâmite. De lá para Brasília são dois”, comenta. A conversa com os experts da Fundação Dom Cabral poderia ter
selado um destino muito diferente para o Sabin e suas sócias. Janete e Sandra bateram em Belo Horizonte, onde fica a sede da instituição, sem saber, como no ditado popular, se casavam ou se compravam uma bicicleta. Acossadas pelos concorrentes de um segmento concentra-
SONHAR É PRECISO
Janete Vaz gosta de usar uma palavra bastante comum no mundo corporativo: sonho. “Tirar o sonho da gaveta” é uma expressão tão presente em seu repertório que virou um dos 23 “mandamentos” da cultura do Laboratório Sabin – o primeiro deles é: “Tenha sempre uma causa pela qual lutar”. Também é pedindo para todos tirarem seus sonhos da gaveta que ela encerra os TBI (Treinamento Básico Introdutório), que são feitos a cada 100 dias para acolher e adaptar os novos funcionários que chegam à empresa. Em 2014, em um encontro da Endeavor, organização de apoio a empreendedores, para falar um pouco da filosofia da empresa que fundou, comentou sobre um e-mail que recebeu de uma funcionária que assistiu a um desses TBI. “A Meire escreveu: ‘A senhora mandou tirar o sonho da gaveta, eu tirei: estou grávida’. Para o RH, isso (a gravidez) é um choque, mas para nós não.” Janete falou que a funcionária tinha então 43 anos e comentou que “não engravidou antes porque tinha medo de perder o emprego”.
do (o líder do setor, o Grupo Dasa, tem 24 marcas, entre elas as conhecidas Lavoisier, Delboni e Pasteur), chegaram a cogitar deixar o negócio – especularam com os consultores inclusive o que fariam com o butim. Por fim, vingou a ideia de ganhar o país. Em 2010, o Sabin tinha cerca de um quarto do tamanho que tem hoje em número de funcionários, de unidades pelo país e também de faturamento bruto. Adquirir pequenos laboratórios pelo Brasil é uma tendência clara do segmento. Com a crise econômica, 1,6 milhão de pessoas deixaram os convênios particulares entre 2015 e 2016, impactando todo o setor. Isso tem acelerado aquisições e consolidações, já que as grandes empresas têm acesso fácil a aportes de capital; já os pequenos, que normalmente atendem a quem procura a rede pública do SUS, sofrem com tabelas de reembolso defasadas e custos de fornecedores não raro em dólar. Em entrevista a PODER, Claudia Cohn, presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), detalhou sua preocupação com esse cenário. “O setor depende de incorporação tecnológica e, no caso dos pequenos, que também atendem o SUS, o valor de reembolso há tempos não é reajustado. Temos alertado o governo do risco de fechamentos.” Pode parecer apenas metalinguagem de ocasião, mas Janete diz que, dada a natureza do seu negócio, para ser uma empresa saudável o PODER JOYCE PASCOWITCH 23
Sabin “tem de cuidar da saúde das pessoas, a começar por quem trabalha lá”. Nesse sentido, ter oferecido certa vez check-ups gratuitos para os pais dos colaboradores não deve ser entendido como ato de bonomia. “O atendimento humanizado é um diferencial nosso. A gente mexe com dor e constrangimento, nosso serviço tem um impacto negativo na vida do cliente. Por isso, todos têm de entender seu papel na entrega de excelência dos exames. Não adianta investir no doutorado de um funcionário se eu posso perder um cliente no cafezinho.” Janete define por dor e constrangimento o que o Sabin impinge a quem lhe garante o faturamento: picadas para colher sangue e potinhos coletores de fluidos corporais. De fato, um editor de mídias sociais de uma companhia de medicina diagnóstica teria certa dificuldade de engajar os fãs se tivesse de mencionar essas ações. A vida desse profissional do Sabin, contudo, deve melhorar, já que em 2017 o diagnóstico por imagem, setor pouco expressivo no Sabin, deve ganhar relevo. E é mais fácil dar “likes” quando se fala do ultrassom de um filho que está a caminho do que de prevenção de doenças. Boas notícias estão longe de ser
CASAMENTO QUE DEU CERTO
Foi no dia a dia que Janete Vaz e Sandra Costa aprenderam o ofício e as estratégias para fazer o Sabin crescer. Cultivar médicos em congressos técnicos, lançar testes de paternidade, mimar o cliente com pão de queijo e performances musicais vieram na prática. Bioquímicas de formação, ambas trabalharam juntas em um laboratório em Brasília antes de montarem o Sabin em 1984 com um coletor de exames, uma recepcionista e uma faxineira. Janete já disse que seu encontro com Sandra foi “meu único casamento que deu certo”, mas isso mudou em julho deste ano, quando se casou novamente, desta vez com o advogado cearense Carlos Flavio Marcílio. As fundadoras do Sabin não cultivam gurus empresariais best-sellers. Instada a citar um empreendedor que seguiu, Janete menciona seu pai, um fazendeiro com pouca instrução formal que negociava no “alpendre de casa”. Já para Sandra, a “coragem para empreender” vem da mãe costureira.
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“TODOS TÊM DE ENTENDER SEU PAPEL NA ENTREGA DE EXCELÊNCIA DOS EXAMES. NÃO ADIANTA PAGAR O DOUTORADO DE UM FUNCIONÁRIO SE EU POSSO PERDER UM CLIENTE NO CAFEZINHO’’ commodity em Brasília, mas na matriz do Sabin não há sinal de nuvens negras. Além da expansão para novas praças, o crescimento da empresa, segundo Janete, tem a ver com a busca da vida saudável, um tema muito atual. Por esse raciocínio, há hoje bem mais gente que, espontaneamente, busca conhecer seu status médico com exames de rotina e check-ups. Esse ciclo virtuoso que fez o Sabin crescer também tem o poder de ajudar o mundo corporativo, que navega em mar tenebroso neste século 21. Afinal, quanto mais empresas tratarem melhor seus funcionários, mais fácil será contar com eles para manter o sistema operante. N
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RETROSPECTIVA
DOIS MIL E
TCHAU
Ano para lĂĄ de movimentado, 2016 nĂŁo deixou barato na polĂtica, na economia, nos esportes... por raul duarte
FERVURA Seguindo 2015, o campo da polĂtica foi tumultuado no Brasil e no mundo. A Europa segue com as crises de refugiados, atentados terroristas e o fortalecimento de movimentos neonazistas. A tendĂŞncia antiglobalização levou ao Brexit, no Reino Unido, no dia 23 de junho, e movimentos semelhantes apareceram em diversos paĂses. REVIRAVOLTA Nos Estados Unidos, a campanha presidencial entre Donald Trump e Hillary Clinton deixou o mundo apreensivo. Depois de uma ascensĂŁo inesperada no Partido Republicano, o magnata aparecia nas pesquisas com poucas chances de vitĂłria â&#x20AC;&#x201C; mas terminou ganhando, em uma virada surpreendente atĂŠ para os mais safos analistas polĂticos. 26 PODER JOYCE PASCOWITCH
SUSTO NO PLANALTO No Brasil, o ano começou com a ameaça do deputado Eduardo Cunha, entĂŁo presidente da Câmara dos Deputados, que abriu o processo de Impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. ApĂłs protestos, com a Lava Jato minando o governo e o enfraquecimento da presidente junto Ă opiniĂŁo pĂşblica, o processo foi aceito pela Câmara em abril e encaminhado ao Senado. Michel Temer assume o governo interinamente com a promessa de estabilizar o paĂs e de controlar as contas pĂşblicas. No dia 31 de agosto, o processo chega ao fim e Dilma ĂŠ afastada.
PARA FICAR DE OLHO
~ 2Xa^ 6^\Tb _a^eĂ&#x201E;eT[ candidato ao Alvorada ~ <PaRT[^ >STQaTRWc sua delação premiada deve abalar a RepĂşblica
TRABALHADOR As eleiçþes municipais foram marcadas por um enfraquecimento geral do Partido dos Trabalhadores. Em SĂŁo Paulo, apĂłs aparecer com apenas 5% das intençþes de voto, JoĂŁo Doria (PSDB) vence ]^ _aX\TXa^ cda]^ STXgP]S^ _PaP caĂ&#x201E;b o entĂŁo prefeito Fernando Haddad ?C T ^b RP]SXSPc^b <PacP Bd_[XRh ?<31 T 2T[b^ Adbb^\P]]^ ?A1 No Rio de Janeiro, Marcelo Crivella ?A1 eT]RT <PaRT[^ 5aTXg^ ?b^[ ]^ segundo turno, o que coloca pela primeira vez um polĂtico evangĂŠlico Ă frente, em cargo executivo, de uma das mais importantes cidades do paĂs.
FOTOS GETTY IMAGES; ISTOCKPHOTO.COM; ALI KARAKAS; WILSON DIAS / AGĂ&#x160;NCIA BRASIL; ANTONIO CRUZ / AGĂ&#x160;NCIA BRASIL
POLĂ?TICA
CULTURA VOO ALTO > P]V^[P]^ Valter Hugo MĂŁe se consolida como um dos maiores escritores de sua geração (ver seção Cultura desta edição) e Elena Ferrante, pseudĂ´nimo de uma escritora italiana, tambĂŠm se tornou sucesso de pĂşblico e de crĂtica.
FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAĂ&#x2021;Ă&#x192;O; VICTOR JUCĂ / DIVULGAĂ&#x2021;Ă&#x192;O; HIROKI KOBAYASHI / DIVULGAĂ&#x2021;Ă&#x192;O
SOLIDEZ > bW^f S^b TcTa]^b Caetano Veloso e Gilberto Gil U^X d\ S^b Tb_TcĂ&#x201E;Rd[^b de maior sucesso no paĂs.
FORA! No Brasil, o cineasta Kleber Mendonça Filho se destacou no Festival de Cannes, em maio, ao protestar no tapete vermelho contra o processo de impeachment T]cĂ&#x2020;^ T\ Rdab^ ]^ _PĂ?b <Pb bTd filme, Aquarius, com Sonia Braga, repercutiu mais que o ato polĂtico.
LIKE A ROLLING STONE > \Ă?bXR^ ]^acT P\TaXRP]^ Bob Dylan levou o Nobel de Literatura. Com isso, ganhou praticamente todos os prĂŞmios que um artista _^STaXP VP]WPa) ?d[XciTa 6[^Q^ ST >da^ >bRPa 6aP\\h
NEGĂ&#x201C;CIOS ROTA ALTERNATIVA Em julho, o Uber foi legalizado em SĂŁo Paulo, mas o embate continua em outras cidades do paĂs. ROCK Roberto Medina _dQ[XRXcĂ&#x201E;aX^ e criador do festival Rock in Rio (1985), representou o Brasil na final internacional do prĂŞmio Empreendedor do Ano SP 4H T\ <Ă&#x2014;]PR^ ApĂłs 17 ediçþes, o festival tornou-se um dos mais importantes do mundo.
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PARA FICAR DE OLHO
~ AXRPaS^ A^[SĂ&#x2020;^ UTi d\P fusĂŁo com a rede Mega Atacadista, negĂłcio que pode levar o faturamento da empresa a R$ 3 bilhĂľes. ~ ?Pd[P 1T[[XiXP R^\P]SP P <XRa^b^Uc ]^ 1aPbX[ T _a^\TcT X]^ePçþes na ĂĄrea de tecnologia.
MOTO-CONTĂ?NUO 5d]SPS^a S^ 6ad_^ <d[cX eT]SXS^ T\ ! " T bĂ&#x2013;RX^ Ud]SPS^a SP 1A Sports, o tambĂŠm presidente da Mundo Verde, Carlos Wizard MarcX]b ca^dgT _PaP ^ 1aPbX[ P aTST ST UPbc U^^S \TgXRP]P CPR^ 1T[[ 28 PODER JOYCE PASCOWITCH
ESPORTE SURPRESA BOA Contra todos os maus prognĂłsticos, a OlimpĂada do Rio de Janeiro foi um sucesso. JĂĄ na abertura, o mundo se surpreendeu com a capacidade brasileira de fazer muito com menos recursos.
Destaque para Rafaela Silva, judoca que conseguiu a primeira medalha de ouro, Diego Hypolito, que depois de duas participaçþes como favorito conseguiu a prata em casa, e para Neymar e companhia, que conquistaram a medalha de ouro inĂŠdita no futebol. E Thiago Braz que chegou como azarĂŁo e desbancou o favorito francĂŞs Renaud Lavillenie, levando o ouro e quebrando o recorde olĂmpico no salto com vara.
MIDAS Michael Phelps se consolidou como o maior atleta olĂmpico de todos os tempos com 28 medalhas.
BOIA FORA JĂĄ o nadador norte-americano Ryan Lochte morreu na praia ao fingir que sofreu um assalto para nĂŁo ter que explicar para a esposa uma escapada na noite carioca. LĂ?RIOS O acidente aĂŠreo, que matou quase todos os jogadores da Chapecoense no fim de novembro, entristeceu e chocou ^ 1aPbX[ T ^ \d]S^ PARA FICAR DE OLHO
~ 6PQaXT[ 9Tbdb ^ \T]Xno de apenas 19 anos jĂĄ foi campeĂŁo nacional pelo ?P[\TXaPb T Ă&#x152; ^ S^]^ SP camisa 9 da seleção brasileira.
FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAĂ&#x2021;Ă&#x192;O; PAULO FREITAS
NO TOPO O carioca Jorge Paulo Lemann entrou para o grupo das 20 pessoas mais ricas do mundo e ĂŠ o mais rico S^ 1aPbX[ bTVd]S^ P [XbcP SP Forbes. Seu patrimĂ´nio ĂŠ avaliado em cerca de R$ 100 bilhĂľes.
líder share CO M PA RT I L H A M E N TO D E A E R O N AV E :
AV I AÇ ÃO E X E C UT I VA AO S E U A LC A N C E , P O R U M A F R AÇ ÃO D O C U STO O LÍDER SHARE É UM PROGRAMA INTELIGENTE QUE PROPORCIONA AO ASSOCIADO UMA FORMA ECONÔMICA DE VOAR, A PARTI R DO COMPARTI LHAMENTO DE HORAS DE VOO. ALÉM DISSO, TEM GARANTIA D E D I S P O N I B I L I DA D E E A S E G U R A N Ç A DA M A I S C O M P L E TA E M P R E S A D E AV I A Ç Ã O E X E C U T I VA DA A M É R I C A L AT I N A . A E N T R A DA É I M E D I ATA E S E M B U R O C R A C I A . P R E C I S A VO A R M A I S ? A L Í D E R AV I A Ç Ã O P R O P O R C I O N A M A I S B E N E F Í C I O S E M E N O S C U S T O S . P O R Q U E V O A R É D A N O S S A N AT U R E Z A .
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W W W. L I D E R AV I A C A O. CO M . B R / L I D E R S H A R E /
PALPITE FELIZ
VOCÃ&#x160; Ã&#x2030; SEU MESTRE 0\Z bZ Zza\Q\ [NQN \_a\Q\e\ 3YNcVN 0fZONYV`aN R[`V[N RZ]_R`s_V\` ReRPbaVc\` R \]R_NQ\_R` Q\ ZR_PNQ\ º[N[PRV_\ N `RTbV_ N V[abVyw\ [N U\_N QR a\ZN_ QRPV`Â&#x2021;R` 2eNaNZR[aR P\Z\ SNg \ PzYRO_R ZRTNV[cR`aVQ\_ 4R\_TR @\_\` P\Z ^bRZ RYN N]_VZ\_\b `bN azP[VPN por paulo vieira fotos karime xavier
“SE VOCÊ NÃO ESTIVER CONFORTÁVEL COM A DECISÃO QUE VAI TOMAR, ALGO DENTRO DE VOCÊ VAI RECLAMAR. PODE SER UM NÓ NA GARGANTA OU UM APERTO NO PEITO”
“A SOCIALIZAÇÃO NOS TREINA A PRESTAR ATENÇÃO NA REGRA EXTERNA, NÃO A ESSE ALGO INTERNO QUE NOS FALA O QUE ESTÁ CERTO”
T
udo o que um experimentado operador do mercado financeiro não precisa é de alguém que lhe ensine a dar palpites. Dar palpites, afinal, é a essência de seu trabalho. Mas quando a paulistana Flavia Cymbalista é contratada, é isso o que se espera dela. Especializada em incerteza – em seu site consta exatamente isso –, Flavia desenvolveu um método que ajuda operadores, empresários e executivos na hora H: a da tomada da decisão. Pode ser uma decisão pontual, como quando é o caso de aliviar no hedge e entrar com os quatro pés nos derivativos, por exemplo. Ou uma medida mais extrema: fazer o velho capitalista entender que já passou o tempo de pendurar o paletó e de passar o comando da empresa que fundou para outras mãos. Formada em ciências econômicas pela Universidade Livre de Berlim e com pós-doutorado em psicologia cognitiva pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, Flavia aprimorou seu conhecimento com alguém que sabe como poucos, ou, melhor dizendo, que sabe como ninguém ganhar dinheiro: o investidor norte-americano
32 PODER JOYCE PASCOWITCH
nascido na Hungria George Soros, ex-garçom que estreou em Wall Street com um pequeno fundo de hedge e que hoje é dono de um patrimônio de US$ 24 bilhões. Soros é famoso por ouvir seu instinto, o chamado “gut feeling”, na expressão em inglês. E embora tenha desenvolvido um corpo teórico e publicado livros para dar aos mortais um mapa de seu “how to”, é uma dor nas costas, segundo seu filho Robert Soros, que informa ao bilionário que a decisão que ele está prestes a tomar não é a mais adequada. Flavia conviveu com Soros para escrever o texto acadêmico: 5\d 4R\_TR @\_\` 8[\d` DUNa 5R 8[\d` e, desde então, vem ajudando os próprios clientes a ouvir sua intuição – que se manifesta não necessariamente por uma dor nas costas. Há um comentário do mestre no site de sua pupila, aliás: “O trabalho de Flavia traz insights interessantes para o papel da intuição na tomada de decisão em momentos de incerteza. Ele ajuda a entender como teoria e instinto trabalham juntos (em tradução livre)”. O PONTO DE CADA UM Flavia viveu a última década entre Palo Alto, na Califórnia, Bali, na Indonésia, e Nova York. Conta que atendeu
O TUTOR BILIONÁRIO
George Soros é famoso por enxergar tendências que ninguém vê, capitalizar com elas e ter faro para jogar contra (e a favor) de moedas nacionais. Em 1992, ganhou US$ 1 bilhão apostando na derrocada da libra esterlina. Autor de quase uma dezena de livros com análises do sistema financeiro mundial e adepto de uma teoria econômica que reza que as crenças dos investidores têm o poder de alterar os fatos – a reflexividade –, Soros “não conseguia explicar o uso de sua intuição” em seus livros, segundo Flavia. No paper que escreveu sobre o investidor, ela incorporou uma passagem divertida da biografia Soros: A Vida de um Bilionário Messiânico, de Michael Kaufman (lançada no Brasil pela Imago), em que o biógrafo dá voz ao filho de Soros, Robert: "(...) ele muda suas posições no mercado porque suas costas começam a matá-lo. Não tem nada a ver com razão. Ele sente um espasmo, esse é o primeiro aviso". Soros, que desde 1970 faz doações filantrópicas sistemáticas – teria já diminuído em US$ 7 bilhões sua fortuna pessoal –, não tem retrospecto só de acertos, contudo. Ele já perdeu US$ 600 milhões prevendo erroneamente o comportamento do iene em relação ao dólar em fevereiro de 1994. Será que as costas não do-
o cliente, presencialmente ou não, em Cingapura, Hong Kong, Londres e Estados Unidos. Mas agora decidiu, pela primeira vez em sua “vida adulta”, como diz, morar no Brasil. “O Brasil e o jeitinho brasileiro têm tudo a ver com a incerteza”, disse em entrevista a PODER em seu apartamento, nos Jardins, em São Paulo, quando ainda não se vislumbrava no horizonte a queda do ex-ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo, nem o envolvimento do presidente Temer com o affair, só para citar o imbróglio mais quente de Brasília daquela semana. Mas as incessantes mudanças políticas que tumultuam e contaminam o ambiente econômico brazuca e parecem fatos antiquíssimos já no dia seguinte não têm qualquer relação com o trabalho de Flavia. Teóricos da ciência econômica também não dão as caras quando ela precisa explicar seu método, mesmo a incerteza aparecendo com força na obra do britânico John Maynard Keynes (1883-1946), um dos santos maiores da economia. O que Flavia propõe é que o interlocutor busque em seu próprio corpo indícios de que aquela decisão que está por ser tomada “cai” bem ou não. Não precisa ser a dor nas costas de Soros. Basta uma cisma, um des-
conforto, um je ne sais quoi, uma dissonância, ou, para citar a própria autora, um “UHM”, a onomatopeia que usa para explicar aquilo “que todo mundo sabe”. E aquilo que todo mundo sabe leva, escolhida a melhor decisão ou não, a gente a dizer “eu já sabia” ao fim do processo. Explicado assim, procurar esse UHM pode soar completamente etéreo, lembra o “ache seu ponto”, a primeira lição que o mítico índio Don Juan propõe ao escritor e antropólogo peruano Carlos Castaneda no best-seller . 2_cN Q\ 1VNO\. É aquela hora em que Castaneda é convidado a dormir no chão e, para conseguir pegar no sono, terá de encontrar a única posição confortável possível: o tal ponto. Essa comparação é totalmente por conta do repórter. Flavia prefere pensar nos insights da iluminação budista, quando uma solução é encontrada após certo período de meditação. Só que Flavia desenvolveu seu método antes de dedicar-se mais profundamente ao estudo do budismo, particularmente o tibetano – os tibetanos, segundo ela, conhecem a mente como ninguém, têm “uma agência especial interna” na própria cabeça. Voltando ao método, ao contrário do que pode parecer, não é preciso fazer um esforço de concentração hercúleo, analisar nos mínimos PODER JOYCE PASCOWITCH 33
detalhes cada premissa ou cada passo que leva à decisão escolhida. A análise requer outro tipo de atenção. É preciso um pouco de silêncio para “sentir o corpo por dentro” e concentrar-se na “barriga, no peito e na garganta”. Feito isso, hora de responder uma pergunta-chave: “Eu estou completamente confortável com essa decisão?”. “Se isso não for verdade, algo dentro de você irá reclamar. A sensação pode ser, por exemplo, um nó na garganta ou uma pressão no peito”, disse sobre o método. Flavia não vê nada de irracional ou de ilógico nesse tipo de entendimento. Trata-se de exercitar outro nível de racionalidade, aquela que está “fora da caixa”. “A integração da inteligência com a intuição é a coisa mais quente que há”, diz ela, baseada em observações recentes de sua passagem pelo Vale do Silício. “Todo mundo já viveu esse UHM no corpo, essa dissonância, mas a socialização nos treina a prestar atenção na regra externa, não nesse algo interno que nos fala o que está certo. Flavia compara esse saber intuitivo ao nosso próprio aprendizado quando bebês. “Ninguém ensina a criança a engatinhar. Ela é guiada por um UHM, UHM, UHM e assim vai.” Como tantas outras coisas na vida, o método não é infalível e deve ser observado com certa reserva. Não basta, por exemplo, achar que tudo está certo com a decisão só porque você não captou absolutamente nada em seu corpo. “Tem gente que não sente a dissonância porque não presta atenção, está com seu GPS corporal desligado”, afirma. A incerteza tem valor ontológico na ciência econômica: para Keynes, ela irrompe de tempos em tempos, com efeitos danosos. Pode levar a uma recessão, por exemplo, quando os agentes econômicos, movidos por ela, trocam abruptamente o consumo por uma necessidade quase patológica de poupar; na física quântica, por sua vez, a in-
34 PODER JOYCE PASCOWITCH
certeza define um princípio, o de que não é possível prever com segurança a posição das partículas subatômicas. Mas a “incerteza cymbalística” bebe muito mais na técnica do “focusing”, criada pelo filósofo norte-americano Eugene Gendlin e que consiste na identificação das tais dissonâncias corporais e, a partir delas, na criação de uma tábua de símbolos ou de ideias que ajudem a encontrar a solução de determinado problema. Assim, ainda que Flavia veja na incerteza a “essência dos processos de mercado” e trabalhe com clientes que são praticamente todos da área financeira, seu método tem aplicações abrangentes. Para ela, “a pessoa fica mais calibrada e confortável para tomar decisões, como se casa ou não; se entrega ou não à polícia”. Recém-chegada ao Brasil, Flavia não está em fase de prospecção de clientes. Se estivesse, ela teria certeza – ops, foi mal –, teria indícios para acreditar que fez bem ao decidir regressar. Especialmente se esse exemplo que usou de se entregar à polícia não for aleatório. N
UMA FAMÍLIA EM PROL DA CIDADE
De uma família de origem judaica, Flavia é irmã de Renato Cymbalista, urbanista formado na FAU-USP em 1996 e hoje professor dessa mesma faculdade. Renato está envolvido com diversos projetos que visam tornar as cidades “mais justas, sustentáveis e democráticas”. São exatamente esses três adjetivos, aliás, que são usados para definir o Instituto Pólis, ONG de atuação internacional que o tem como presidente. Para só ficar em dois de seus temas de estudo, Renato dedicou-se ao padrão de ocupação da imigração boliviana em São Paulo e a uma certa sociologia dos cemitérios – têlo como guia no cemitério da Consolação, o Père Lachaise paulistano, é luxo só. Renato também faz parte do conselho administrativo da Casa do Povo, instituição presente desde 1953 no Bom Retiro, erguida ali àquela época para homenagear as vítimas do holocausto e também para dar relevo e voz aos ideais de vanguarda dos imigrantes judeus que escolheram aquele bairro como porta de entrada em São Paulo.
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NA TRAMA DO SUCESSO Considerada uma das marcas nacionais de peças de tricô de maior expressão lá fora, Cecilia Prado está presente em cerca de 30 países Quando se pensa em tricô, a primeira imagem que vem à cabeça é a de uma senhora sentada em meio a muitos novelos de lã fazendo um cachecol para os netos, certo? Pois se a malha em questão tiver a assinatura Cecilia Prado, essa cena não corresponde à realidade. Trazer elementos da moda a peças que vão muito além dos suéteres foi a grande sacada da marca, hoje presente em 26 países de cinco continentes. Criada há 32 anos em Jacutinga, no sul de Minas Gerais, a marca foi fundada por Yara, mãe de Cecilia. Na época, o nome ainda era Castor Tricot e a empresa era apenas mais uma da cidade mineira conhecida exatamente pela profusão de lojas especializadas nesse tipo de tecido. “Nosso grande diferencial é o produto. Não tínhamos nenhuma estratégia e começamos a crescer sem ser de maneira profissional”, explica Cecilia, que tinha apenas 1 ano quando a mãe fundou a empresa. Ser criada Com três lojas em São Paulo, uma em Maceió e mais entre carretéis e linhas foi decisivo em sua formação. duas pop-up stores – uma em Goiânia e outra no quadrado Foi Cecilia a responsável pela primeira incursão da de Trancoso –, a estilista Martha Medeiros já tem um belo empresa fora do país. “Cursei negócios da moda em nome fora do país. Uma de suas clientes assíduas é Sofia São Paulo e, nessa época, em 2001, surgiu uma oporVergara, considerada uma das atrizes mais bem pagas do tunidade de nos apresentar em uma feira em Paris”, mundo. Mas agora ficou mais fácil para Sofia e o restante da conta. Foi um marco. Além de passar a vender as peças clientela internacional adquirir as peças da grife. Em novembro, Martha Medeiros abriu sua primeira unidade além-mar na Melrose Place, um dos mais prestigiados endereços de Los Angeles, nos Estados Unidos. Ao lado de marcas como Alexander McQueen, Marc Jacobs e Diesel, a loja foi inaugurada no dia 13 de novembro com um pocket show da cantora Claudia Leitte. No cardápio, muita caipirinha – preparada com cachaça brasileira, é claro. A concept store de Martha Medeiros em Los Angeles é um show à parte. A decoração é assinada pelo arquiteto João Armentano, que deu ao espaço um toque de galeria de arte, levando o melhor do design e do artesanato brasileiro. Estão lá peças dos irmãos Campana – algumas desenhadas espe-
no mercado internacional, a companhia precisou mudar de nome. “A gente não conseguia registrar Castor Tricot aqui no Brasil e também não era um nome compreensível para o pessoal lá fora.” A escolha por Cecilia Prado foi natural. Afinal, apenas ela e a mãe trabalhavam na empresa. Com a entrada no ramo da exportação, no entanto, foi necessário investir na profissionalização dos negócios. Yara tinha toda a expertise da fábrica e Cecilia trazia o olhar da moda. Foi então que, em 2011, Lourenço, irmão de Cecilia, deixou uma promissora carreira no mercado financeiro – ele trabalhava no Itaú BBA – para se dedicar ao empreendimento da família. “Ele chegou com muita expertise administrativa”, diz. Atualmente, a marca vai muito bem, obrigado. De 2014 para 2015, cresceu 32%. As vendas para o mercado no exterior já respondem por 75% do faturamento do atacado. Há cerca de um ano, Cecilia foi convidada para integrar a classe 2015 do Winning Women, programa global de coaching da EY para mulheres empreendedoras. “Fiquei superfeliz e tenho crescido muito com eles. Minha mentora é a Sônia Hess, da família que fundou a Dudalina. Só de cialmente para a Louis Vuitton – e também da artesã Sil de conversar com ela, já tive vários insights”, conta. Capela, que faz esculturas sacras de barro. Mas as estrelas, claro, são as criações únicas de Martha. Os vestidos de festa – e, especialmente, os de noiva – são sucesso aqui e lá fora. Não à toa, a alagoana é uma das onze participantes da classe 2016 do Winning Women, programa de estímulo ao empreendedorismo feminino da EY. Martha e outras dez empresárias de diferentes áreas recebem mentoria e acompanhamento de um conselho de líderes formado por executivos da própria EY e de empresas como Magazine Luiza, Ornare e Center Norte. Esse time de conselheiros está ao lado delas para ajudá-las a fomentar ainda mais as relações, expandir o networking, aprimorar sua capacidade de liderança, ampliar seu negócio e ganhar mais visibilidade no mercado.
38 PODER JOYCE PASCOWITCH
TIM-TIM
ALMOĂ&#x2021;O DE PODER
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D
esta vez, o almoço de PODER nĂŁo teve um, mas cerca de 40 convidados. O motivo? Celebrar as 100 ediçþes da revista. A comemoração lotou o jardim de inverno do Parigi, restaurante da capital paulista conhecido por sua clientela estrelada. Joyce Pascowitch, diretora da Casa Glamurama, reuniu empresĂĄrios, altos executivos e amigos â&#x20AC;&#x201C; pessoas que, de alguma forma, participaram da histĂłria da revista â&#x20AC;&#x201C; para brindar mais um marco na trajetĂłria da PODER, que fez sua estreia em março de 2008. Os convidados começaram a chegar por volta das 12h30. Cerca de uma hora depois, a conversa jĂĄ tinha engrenado e o almoço começou a ser servido. No cardĂĄpio, trĂŞs opçþes de entrada e de prato principal. Antes da sobremesa, Joyce ergueu um brinde, agradecendo a presença de todos, principalmente daqueles que vieram de outras cidades para prestigiar o evento. Depois, foi a vez dos profitePODER JOYCE PASCOWITCH 39
Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Joyce Pascowitch e Henrique Luz
roles e do tiramisu, mas houve o grupo dos dissidentes que resolveu ir de fruta (o abacaxi ganhou disparado, aliás). Nas quatro mesas, a conversa correu animada até depois das 15 horas, com direito a muitos cafezinhos. Falou-se de tudo: de viagens (mas não as de turismo, e sim aquelas que ajudam a desconectar a mente); de política (a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos foi tema de várias conversas), de esportes, de saúde, de economia... E, como não existe almoço grátis no mundo dos negócios, a troca de cartões foi intensa.
Renato Janine Ribeiro
Augusto de Arruda Botelho e Alexandre Costa
Arthur Guerra e Najla Kubrusly
40 PODER JOYCE PASCOWITCH
Luís Claudio Garcia de Souza
Pierpaolo Bottini e Igor Sant'Anna Tamasauskas
Renata Guimarães
Ricardo Almeida
Sônia Hess de Souza
Sinara Polycarpo Guilherme Abdalla
Bob Eugenio
APRESENTA
PODER
100 EDIÇÕES
FERVE
Joyce Pascowitch e Henrique Luz
SINERGIA
PODER R =d0 `R b[V_NZ ]N_N ]VY\aN_ \ NYZ\y\ ^bR P\ZRZ\_\b N` RQVyÂ&#x2021;R` QN _RcV`aN 7\fPR =N`P\dVaPU QV_Ra\_N Q\ 4_b]\ 4YNZb_NZN R 5R[_V^bR 9bg `Â&#x192;PV\ QN =d0 _RPROR_NZ \` P\[cVQNQ\` [\ _R`aNb_N[aR =N_VTV RZ @w\ =NbY\
FOTOS BRUNA GUERRA; MARIA ANTÃ&#x201D;NIA ANICETTO; PAULO FREITAS
Gabriel Boyer
German Carmona
Ana Malvestio
Renata Guimarães
Fernanda Pinazo e Nina Pandolfo
Alexandre Costa
GRAN FINALE
Tico Gelpi
Fabio Niccheri
Carolina Arantes e Gabriela Scalzo
Sônia Hess
FOTOS BRUNA GUERRA; MARIA ANTÃ&#x201D;NIA ANICETTO; PAULO FREITAS
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Igor Tamasauskas
EM HARMONIA
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Mรกrcio Lutterbach
Nina Pandolfo
Luis Claudio Garcia de Souza
Costume e tricĂ´ Calvin Klein, camisa Fideli, gravata Ricardo Almeida
ENSAIO
SEM MÁSCARA Do alto de seu 1,86 metro e com humor leve, Marco Luque entra para o time de estrelas da Globo com personagens hilários, que levantam a plateia e, de quebra, a audiência doAltas Horas por fernanda grilo fotos maurício nahas styling luna nigro
Costume e tricô Calvin Klein, camisa Fideli, gravata Ricardo Almeida, relógio Piaget, sapato Sapataria Cometa
Costume e colete Hugo Boss, camisa Bottega Veneta, gravata Salvatore Ferragamo, relógio Jaeger-LeCoultre
J
á na estreia, em abril, recorde no Ibope (12,1 pontos) e a certeza de que a dupla com Serginho Groisman no .YaN` 5\_N` iria render bons frutos. Aos 42 anos, é a segunda vez que o comediante Marco Luque – que fez carreira no teatro e no 0>0, da Band – experimenta o tamanho da repercussão de estar em um programa da Rede Globo. Dez anos atrás, quando fazia parte do espetáculo teatral de humor AR_yN 6[`N[N, foi entrevistado por Jô Soares e, garante, viu sua vida mudar. “No dia seguinte, as pessoas me reconheciam na rua. De lá para cá, meu trabalho também ganhou outra dimensão”, conta. Na contramão do estilo stand-up comedy, em que comediantes apresentam, de cara limpa, textos cheios de polêmicas, Luque aposta em uma volta ao humor de personagem. Os dele, além de hilários, têm enorme apelo popular: o motoboy Jackson Faive, o taxista santista Silas Simplesmente, a empregada Mary Help e o rastafári vegetariano Mustafary. Como se não bastasse o sucesso no .YaN` 5\_N`, o moço ainda faz teatro, esquetes no YouTube, participa do CNV >bR 0\YN, no Multishow, deve estrear ano que vem no cinema com o filme < 5\ ZRZ =R_SRVa\ e, em breve, dar as caras em uma série de comédia na Netflix. QUE LUQUE Jogador de futebol mediano, desistiu aos 24 anos da carreira nos gramados. A mãe foi quem o incentivou a entrar no campo da arte e o fez cursar artes plásticas na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo, e a entrar na escola de atores da famosa preparadora de elenco Fátima Toledo. “Quando jogava, perguntava a Deus se era isso mesmo o que queria. Sempre que você tem dúvida é porque a resposta é ‘não’”, acredita. No meio desse dilema, tentou a vida como garçom, animador de festas, monitor de acampamento, palhaço – e, assim, foi se descobrindo no humor. Fez muito show de comédia em bar vazio até conseguir lotar teatros e, em 2008, chegar à televisão com o 0>0. “Grace (Gianoukas, criadora do AR_yN 6[`N[N) foi minha mestra. Ela que me deu a dica que mudou tudo: ‘Foca nos seus personagens e deixa de lado as imitações. Desse jeito, um dia você será o imitado’.” E não é que ela tinha razão? N
Costume, camisa e gravata Burberry
“A GRACE (GIANOUKAS) DEU A DICA QUE MUDOU TUDO: ‘FOCA NOS SEUS PERSONAGENS E DEIXA DE LADO AS IMITAÇÕES. UM DIA, VÃO IMITAR VOCÊ’”
Costume Hugo Boss, camisa Bottega Veneta, gravata Salvatore Ferragamo, relógio Jaeger-LeCoultre, sapato Ricardo Almeida Beleza: João Boeno (Capa MGT) Produção de moda: Andréa Levy Assistentes de fotografia: Caio Toledo e Charles Willy
PODER INDICA
OTIMISMO Ă&#x20AC; VISTA Nem a difĂcil situação econĂ´mica nem a grave crise polĂtica pela qual passa o Brasil foram capazes de tirar do paĂs sua importância no ambiente de negĂłcios internacional. Essa ĂŠ a avaliação de Bob Moritz, chairman global do Network PwC, que esteve em SĂŁo Paulo no mĂŞs de novembro para uma extensa agenda de encontros com os CEOs das maiores empresas brasileiras, alĂŠm de reuniĂľes com os sĂłcios da PwC Brasil. Moritz, que assumiu o cargo hĂĄ quatro meses, demonstrou otimismo com as perspectivas de negĂłcios por aqui. â&#x20AC;&#x153;O desempenho do Brasil ĂŠ muito positivo entre as firmas do Network PwC. Ao longo dos Ăşltimos cinco anos, as receitas no paĂs subiram perto de 50%. Um crescimento de dois dĂgitos em uma economia com certa volatilidade ĂŠ um excelente resultadoâ&#x20AC;?, afirmou. O chairman discorreu ainda sobre a situação nacional diante de um cenĂĄrio instĂĄvel, com economia em recessĂŁo e um noticiĂĄrio polĂtico movimentado. â&#x20AC;&#x153;O Brasil sempre foi um grande parceiro comercial e possui muitos recursos naturais. Nos Ăşltimos dois anos, porĂŠm, vem enfrentando muita volatilidade com essa difĂcil criseâ&#x20AC;?, pontuou. Para ele, os rumos da economia jĂĄ estĂŁo começando a mudar e o paĂs vai recuperando a confiança internacional â&#x20AC;&#x201C; muito embora no curto prazo ainda haja um otimismo cauteloso por parte de lĂderes e investidores. â&#x20AC;&#x153;O Brasil continua a ser um paĂs muito importante para os negĂłcios. Mesmo que estejamos vivendo o que eu classifico como uma desaceleração temporĂĄria, quando olhamos para os Ăşltimos dois anos, os sinais sĂŁo de que o paĂs jĂĄ estĂĄ retomando a direção. Os sĂłcios da PwC continuarĂŁo acreditando e investindo no Brasilâ&#x20AC;?.
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PEGA-PEGA
Em tempos de Lava Jato, em que as prisões muitas vezes se dão de maneira ostensiva, PODER entrevistou uma psiquiatra especializada em bullying infantil. Aqui, ela explica como lidar com as crianças que têm o pai levado pela polícia por paulo sampaio ilustração jairo malta
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ruína do herói. É assim que a psiquiatra Lee Fu-I define o sentimento dos filhos de políticos, de banqueiros e de empreiteiros arrastados de casa repentinamente nas operações da Polícia Federal. Coordenadora do Programa de Transtornos Afetivos na Infância e na Adolescência do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), Lee diz que a criança pode reagir com isolamento, estresse e depressão. A primeira providência, diz ela, é o acolhimento. Com 30 anos de experiência na área, a psiquiatra fala da importância de preservar a criança, ou adolescente, de manifestações agressivas. Eventualmente, o ideal é isolá-lo, para protegê-la, inclusive, do boicote dos adultos ligados aos colegas do colégio. No entender da médica, deve haver envolvimento da escola, esclarecimento das mães e fortalecimento das relações entre as crianças. PODER: Que providências tomar em relação ao filho, no momento da prisão do pai? Digamos que a Polícia Federal tenha entrado na casa de manhã cedo, com um certo aparato, e vasculhado tudo, antes de levá-lo? LEE FU-I: Caso não tenha um cuidador já designado, a mãe, a avó, uma tia, ou no impedimento desse (a mãe também foi presa ou está tomando providências para libertar o marido), é importante saber se haverá alguém para exercer essa função (padrinhos, avós, amigos, vizinhos, professores, amigos...). PODER: Quais seriam os “primeiros socorros”? LFI: Antes de tudo, o acolhimento. O cuidador deve observar o comportamento da criança para verificar o que mudou. Ela está assustada? Ansiosa? Monossilábica? Se houver recusa na comunicação, é preciso investigar se ela tomou conhecimento do fato de forma indireta (acesso a noticiário, mídias sociais etc.). Em todo caso, é importante tentar fazer a criança compreender as informações recebidas, escutá-la com paciência, sem aparentar julgamento, censura ou correção. Isso deve auxiliar na análise do juízo de valor (meu pai foi injustiçado/meu pai foi perseguido/meu pai mereceu porque não agiu corretamente). No mais, é importante garantir que a criança exerça
suas atividades rotineiras, e avaliar ambientes e situações potencialmente de risco (exposição a comentários e bullying, por exemplo); traçar previamente planos protetivos, criando trajetos alternativos para evitar locais onde há jornalistas e promover contato com pessoas, objetos ou situações que lhe ofereçam segurança (uma mensagem ou ligação dos avós na hora das refeições ou de dormir). Na escola, assegurar o acesso a professores ou coordenadores em caso de hostilidade. PODER: Que tipo de reação a criança/adolescente pode ter à informação repentina de que o pai foi preso? LFI: Mudanças rápidas podem provocar alterações emocionais e de comportamento que nunca haviam sido experimentadas antes. Muito provavelmente, a criança/ adolescente não saberá como lidar com elas e pode resistir a reconhecer que esteja alterado – além de haver dificuldade em pedir ajuda. PODER: Quais as alterações possíveis? LFI: Manifestação de tristeza, choros frequentes, isolamento de amigos e/ou familiares, perda de interesse por atividades que antes adorava. Eventualmente, observam-se consequências psicomotoras, como inquietude e hiperatividade: para não pensar no assunto, a criança passa o dia jogando videogame. Além de transtornos de estresse pós-traumático ou depressão. À noite, pode haver dificuldade para pegar no sono, assim como sobressaltos por causa de reações de hipervigilância (como se corpo e mente ainda estivessem esperando imprevistos). À mesa, alteração de apetite: perder a fome, ou comer demais “para preencher o vazio”. PODER: E no comportamento? LFI: Podem sobrevir atitudes que desafiem as regras legais/domiciliares/escolares. Exemplos: se papai está preso, então o que ele me ensinou estava errado. Ou: se ele está preso, não tem quem me controle. Há ainda o que se define como comportamento disruptivo, que se revela em rompantes além do que é esperado para idade e nível sóciocultural, e que incomoda quem está ao redor. PODER: E no adolescente, o que muda? LFI: De forma geral, os procedimentos para preservar o adolescente têm os mesmos objetivos, mas de acordo com a faixa etária a forma e o vocabulário utilizados dePODER JOYCE PASCOWITCH 55
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vem ser modificados. Como os adolescentes têm mais autonomia, podem ter opinião formada sobre o tema. PODER: Como preservar o adolescente de comentários agressivos nas redes sociais? LFI: Viajar para fora do país pode ser uma opção. O cuidador deve tomar decisões no sentido de isolar o adolescente para protegê-lo. O acolhimento deve ocorrer no local mais confortável e seguro possível para ele. Mas, isolado ou não, cabe ao cuidador tentar filtrar, acompanhar ou combinar o compartilhamento de informações para evitar distorções de entendimento, porque isso pode provocar uma exposição ainda maior. PODER: Imagina-se que haja casos em que a mãe tenta eximir o pai (preso) da responsabilidade pelo crime. Usa argumentos como “a culpa é da Polícia Federal”, ou “o governo é que é corrupto” etc. LFI: As respostas do cuidador para a criança são decisão pessoal. Tenho a impressão de que os adultos que não sabem o que fazer e percebem isso – seriam mais saudáveis mentalmente, pois reconhecem as próprias dificuldades – pedem socorro de familiares, amigos confiáveis, escola etc. Aqueles que já têm resposta “na ponta da língua” tendem, por impulso, a desvirtuar a realidade – uma maneira de proceder que pode implicar no desenvolvimento (da criança) com base em uma realidade distorcida. Isso prejudicaria a construção do caráter (temperamento nato + lapidagem pelo meio ambiente) e noções de valores e juízo da realidade. Embora o isolamento tenha como objetivo proteger a criança, recomenda-se que o cuidador não fique alienado. É importante prestar atenção ao que acontece ao redor para planejar alternativas de proteção: o que pode acontecer, por exemplo, na relação com um colega da escola cujo pai esteja do outro lado do processo (o embate investigado x delator)? PODER: Como proceder diante do bullying das mães das outras crianças (boicote a festinhas)? LFI: A situação de “ninguém vai vir” ou “ ninguém veio” a minha festa é um estressor clássico. A criança que tem uma percepção parcial disso (por exemplo: um amigo contou que tem gente pensando em não ir à festa), deve ser preservada. Ao perceber que existe a possibilidade de expô-la a momentos desagradáveis, o melhor é sus-
pender a festa, por mais que seja uma decisão difícil. Uma solução é trocar a comemoração por uma comemoração mais familiar, ou uma viagem. PODER: A escola dever ser comunicada do boicote? Existe a possibilidade de fazer um reforço pelo lado das crianças, fortalecendo a relação entre elas? LFI: Infelizmente, esse tipo de bullying eventualmente ocorre sem que a escola tome conhecimento. Mas caso tome, os profissionais da instituição devem tentar orientar as mães sobre a inadequação desse comportamento. Pode haver quem se recuse a aceitar isso, alegando que quer dar ao filho uma educação baseada no que elas consideram correto – distante de criminosos. Nesse caso, a escola deve promover diálogos e discussões sobre amizade (cofiança no amigo) x individualidade (preso o pai, o filho não tem culpa), valorizando a noção de lealdade. PODER: Existem maneiras de estimular as crianças a fortalecer os laços que existem entre elas? LFI: Se há vínculos estabelecidos antes do acontecimento, em geral, as crianças querem participar, comparecer. Nessas ocasiões, há possibilidade de observar se há demonstrações de tolerância (“não importa de quem você
é filho, nós gostamos de você”); lealdade (“vim te fazer companhia, ver como você está”); educação (“papai não queria, mas mamãe prometeu me trazer, então, vim”). Infelizmente, as crianças não vão a festas sozinhas nem sem autorização de seus responsáveis legais. Os adolescentes, nesse ponto, apesar de serem capazes de aplicar bullying mais cruéis, têm autonomia para decidir e se manifestar. PODER: Subentende-se que, nesses casos, a escola deveria ter uma posição política neutra. LFI: O pior que pode ocorrer é quando parte dos docentes tem posições políticas radicais, inflexíveis, e participa de forma velada do bullying. Acontece tanto em escolas pública como em particulares. PODER: O dinheiro ajuda? LFI: É bom lembrar que, embora a criança rica tenha mais recursos para ser isolada – em Miami, na Suíça, em um colégio interno – a perda é igual para todas. A sensação de ruína (do herói) é a mesma. PODER: Quando os adultos não têm condições emocionais de acolher a criança/adolescente, a quem devem recorrer? LFI: Os profissionais da saúde mental são os mais apropriados, já que são treinados para se manter imparciais. Caso não consigam, por ter uma postura política conflitante, por exemplo, melhor indicar outro profissional. PODER: Em que o bullying ao filho do pai preso difere dos outros (raça, condição física, orientação sexual)? LFI: Nos outros casos, o objeto é claro e, então, a criança sabe o que deve enfrentar e o que pode fazer. Ela tem condição de selecionar os objetivos a serem superados em cada momento do seu desenvolvimento. Nossas atletas olímpicas negras ou chinesas (Wu Minxia foi chamada de japonês: “japonês é tudo igual”) ou os nossos atletas de paraolimpíadas são exemplos disso. Agora, sofrer bullying por uma condição em que se desconhece a motivação ou em que não se reconhece como pertencente a ela aumenta a sensação de impotência, de desesperança. Não se sabe qual pode ser o desfecho (por exemplo: papai prometeu que voltaria em seis meses, mas está preso há dois anos). Ainda pode haver o sentimento de culpa (papai guardou dinheiro para me dar uma vida boa, e agora está preso por causa disso). N PODER JOYCE PASCOWITCH 57
CALENDĂ RIO
AGENDA BLOQUEADA < 3Â&#x192;_bZ 2P\[Â&#x2026;ZVP\ :b[QVNY RZ 1Nc\` z \O_VTNaÂ&#x192;_V\ ]N_N R[aR[QR_ \ ^bR `R ]N``N [\ Zb[Q\ @R \ PN`\ z `R QR`YVTN_ QRYR N ]RQVQN z \ /b_[V[T :N[ PODER SRg bZN `RYRyw\ QR NYTb[` Q\` RcR[a\` ZNV` VZ]\_aN[aR` Q\ N[\ ^bR cRZ
FĂ&#x201C;RUM ECONĂ&#x201D;MICO MUNDIAL Os principais lĂderes do mundo empresarial e polĂtico, assim como jornalistas e intelectuais, se reĂşnem para discutir as questĂľes mais urgentes enfrentadas atualmente, como, por exemplo, meio ambiente e imigração. AlĂŠm disso, o evento ĂŠ um lugar perfeito para aumentar o networking. QUANDO De 17 a 20, em Davos, na SuĂça. QUEM COSTUMA IR Alguns dos principais dirigentes do mundo, como Joe Biden, vice-presidente norte-americano, Min Zhu, presidente do FMI, ou Nelson Barbosa, ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff, o empresĂĄrio Jorge Paulo Lemann e celebridades engajadas como Bono Vox e Leonardo DiCaprio. 58 PODER JOYCE PASCOWITCH
JAN
CONSUMER ELECTRONICS SHOW (CES) Feira profissional anual patrocinada pela Consumer Electronics Association (CEA) que apresenta os novos produtos das principais empresas de tecnologia do mundo. Smart TV, Blu-ray, Xbox, entre outros, estrearam lĂĄ. QUANDO De 5 a 8, em Las Vegas, Nevada, Estados Unidos. QUEM COSTUMA IR Todas as gigantes da tecnologia: Apple, IBM, Philips e Samsung, entre outras. SĂŁo mais de 3 mil expositores.
FOTOS GETTY IMGAES; DIVULGAĂ&#x2021;Ă&#x192;O
por raul duarte
MAR
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SOUTH BY SOUTHWEST Um dos eventos mais importantes do planeta sobre inovações tecnológicas, o South by Southwest (SXSW) é o lugar ideal para quem quer ficar atualizado na área. O Twitter, por exemplo, foi apresentado durante o festival de 2007 e tornou-se fenômeno mundial instantaneamente. Paralelamente ao SXSW acontecem o SXSW Music e SXSW Film, que trazem o que há de mais novo quando o assunto é música e cinema.
PICNIC – EMPREENDEDORISMO E CRIATIVIDADE Em 2006, dois empreendedores holandeses visitaram o Vale do Silício e resolveram trazer para a Europa um encontro para falar sobre tecnologia e inovação, mudando a rota desse tipo de evento que, usualmente, acontecia na Califórnia. As discussões vão de smart cities à robótica e a ideia é debater e apresentar soluções criativas, e relacionadas a novas tecnologias, para problemas sociais e ambientais. A edição brasileira do Picnic aconteceu pela primeira vez em 2016.
QUANDO De 10 a 19, em Austin, no Texas, Estados Unidos QUEM COSTUMA IR As maiores autoridades do mundo em inovação e tecnologia costumam aparecer por lá. O evento já contou com palestrantes como Jimmy Wales cofundador da Wikipedia, Craig Newmark, criador do Craigslist, e Mark Zuckerberg, do Facebook, entre outros.
AGO
QUANDO Em setembro, em Amsterdã, Holanda, e, em outubro, no Rio de Janeiro QUEM COSTUMA IR Experts em inovação, como professores, urbanistas, diretores de ONGs, artistas e jornalistas, que ficam responsáveis pelas palestras.
NOV BURNING MAN O evento é uma espécie de festival de contracultura que costuma atrair mais de 50 mil pessoas de todas as nacionalidades. Todos são encorajados a se expressar e é o próprio público que cria as obras de arte expostas – que são incineradas em uma grande fogueira no último dia (é daí que vem o nome do evento). O visual do deserto e a arte garantem uma experiência única. QUANDO De 27 a 4 (de setembro), no Black Rock Desert, Nevada, Estados Unidos QUEM COSTUMA IR Artistas, representantes da cultura alternativa e curiosos em geral que pagam US$ 400 pelo ingresso.
CONFERÊNCIA MUNDIAL DO CLIMA (COP) Organizada pela ONU, conta com os principais líderes mundiais que discutem as mudanças climáticas e suas possíveis soluções. Em 2016, a 22ª edição, que aconteceu em Marrakesh, no Marrocos, atraiu um público de mais de 20 mil pessoas QUANDO De 6 a 17, em Bonn, Alemanha. QUEM COSTUMA IR Além das principais lideranças do mundo, que comparecem ao evento, milhares de pessoas se reúnem para protestar e discutir as questões propostas durante a COP. PODER JOYCE PASCOWITCH 59
VENDAVAL
UM BONDE CHAMADO
ANISTIA Um governo em busca de receita, uma rede de cooperação internacional no rastro de dinheiro oculto e uma midiática operação policial que, pela primeira vez, levou ao encarceramento em série de gente rica. A combinação desses fatores explica o sucesso do programa de repatriação de recursos, que já devolveu R$ 46,8 bilhões aos cofres públicos por antonio bender mammì
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Q
uando proposto pelo time do então ministro da Fazenda Joaquim Levy, com a Lava Jato no auge e o mercado se descabelando, o programa de repatriação de recursos foi rechaçado pela opinião pública. Afinal, em troca da declaração à Receita da existência de recursos no exterior, o dispositivo oferecia anistia criminal para delitos como sonegação fiscal, evasão de divisas e manutenção de depósitos não declarados fora do país. Difícil de digerir para o sujeito que, tomando seu pingado, assistia às peripécias suíças de políticos e empresários pela televisão da padaria. Não só para ele, como também para alguns engravatados de caneta pesada. “O Ministério Público Federal, num primeiro momento, tinha uma postura muito crítica à Lei de Repatriação, por conta do senso comum de que ela teria como efeito anistiar crimes de pessoas com alta condição financeira, enquanto os desfavorecidos economicamente não teriam o mesmo direito”, explica Alamiro Velludo Salvador Netto, professor de direito penal da Universidade de São Paulo (USP) e sócio do Souza e Velludo Salvador Advogados. A sanha justiceira foi em parte aplacada pela exclusão do benefício a políticos, que estão proibidos de aderir ao programa. Não sem esforço, a então presidente Dilma Rousseff sancionou, em 13 de janeiro de 2016, a Lei n.º 13.254, inaugurando o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária. Até agora, já foram arrecadados R$ 46,8 bilhões com a lei. É verdade
A LEI DE REPATRIAÇÃO FAZ PARTE DE UM MOVIMENTO MUNDIAL DE TRANSPARÊNCIA FISCAL E BANCÁRIA ENCABEÇADO PELOS ESTADOS UNIDOS
que esse valor é menos da metade do prometido por Levy, que, em 2015, falava em receitas de R$ 100 bilhões. Entretanto, ninguém discordou que, dadas as controvérsias que cercaram a tramitação do projeto e os debates entre a Receita Federal e os contribuintes ao longo da janela de adesão ao programa (fechada em 31 de outubro), o resultado foi mais que satisfatório. Não por outro motivo, o Senado já aprovou um projeto de lei reabrindo o prazo de repatriação em 2017, que deve ser votado pela Câmara ainda este ano. Engana-se quem acredita que a lei foi uma excepcionalidade brasileira, concebida para premiar delinquentes em tempos de crise. A medida faz parte de um movimento mundial de transparência fiscal e bancária, encabeçado pelos Estados Unidos. Depois
de penar para identificar as fontes de financiamento ao atentado às Torres Gêmeas e de seu mercado financeiro expor ao mundo as deformidades da globalização com a crise de 2008, os norte-americanos costuraram acordos com seus parceiros comerciais para estabelecer a troca automática de informações tributárias e financeiras entre os fiscos. Em 2009, no encontro anual do G-20 em Londres, foram gestados acordos multilaterais nesse sentido. “Os bancos dos países com jurisdição off-shore estão pedindo a comprovação de regularização dos valores depositados perante o domicílio fiscal dos clientes, e quem não o fizer está sendo convidado a se retirar da instituição”, afirma Marcelo Paolini, sócio da área de gestão patrimonial do Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey PODER JOYCE PASCOWITCH 61
e Quiroga Advogados, que tem escritório em São Paulo. Ou seja: o mundo está cada vez menor para quem quiser esconder dinheiro. Todos os paraísos fiscais em mercados seguros (como Suíça e Ilhas Cayman) foram cobertos pelo espectro de transparência desenhado pelo novo sistema internacional. É certo que, para um traficante de armas, faz sentido transferir recursos para algum país da Ásia ou da África em que não vigore algum tipo de acordo. No entanto, para quem apenas recebeu um apartamento no exterior como herança e não o declarou à Receita por medo da ciranda financeira que imperava no país nos anos 1980, resistir em aderir ao programa começou a ser encarado como algo ilógico. “Muitos dos contribuintes são pessoas com riqueza familiar que sempre quiseram regularizar sua situação, mas tinham a faca no pescoço: descobriam que tinham um bem no exterior, mas, se declarassem, estariam confessando um crime de evasão imprópria. A lei acabou abrindo essa janela de oportunidade”, sustenta Velludo. RÉU CONFESSO O programa ainda contou com uma propaganda fortíssima: a Lava Jato. “As pessoas estavam apavoradas com a perspectiva de serem presas. Era muito comum ter reuniões com advogados tributaristas, que tratariam de 90% dos aspectos relacionados à repatriação, e o cliente querer ouvir, antes de tudo, o criminalista”, conta Rodrigo Dall’Acqua, sócio do Oliveira Lima, Dall’Acqua, Hungria
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& Furrier Advogados, que também tem escritório na capital paulista. Embora, de modo geral, a recomendação sempre tenha sido a adesão à repatriação, nem tudo são flores. A base de cálculo do imposto e da multa foi muito discutida (cR_ ^bNQ_\) e há desconfiança sobre como a Receita e o Ministério Público tratarão as informações prestadas na Dercat (Declaração de Regularização Cambial e Tributária), um formulário similar ao do imposto de renda. O contribuinte não precisa apresentar nenhum documento que comprove a legalidade da origem do dinheiro repatriado. No entanto, se a Receita tiver provas de que o declarante mentiu, ele é imediatamente excluído do programa e o Ministério Público pode ser comunicado sobre a existência de eventuais crimes. O que preocupa é que, embora nenhuma investigação possa ser iniciada com base na Dercat, há uma ressalva na lei que permite a instauração de procedimentos caso haja outras evidências. Uma notícia de jornal, por exemplo, poderia desencadear um inquérito policial, que já contaria com um robusto acervo probatório. “Em que medida aquelas informações que eu prestei unilateralmente podem ser um gatilho para instaurar uma investigação contra mim sobre evasão de divisas? Essa é uma pergunta que só descobriremos a resposta ao longo do ano que vem”, resume Velludo. Dall’Acqua vai na mesma linha: “Se a pessoa for exposta na mídia por ter praticado um crime não anistiável, terá um problema”. Além da esfera criminal, há o te-
NEM TUDO SÃO FLORES PARA QUEM ADERE AO PROGRAMA. HÁ O TEMOR DE EVENTUAIS REPRESÁLIAS DA RECEITA FEDERAL RAIO X
O primeiro prazo de adesão ao programa se encerrou em 31 de outubro, mas a Câmara está prestes a votar projeto de lei para abrir nova oportunidade de repatriação em 2017. ALÍQUOTA: 35% sobre o saldo no exterior em 30/6/2016 (17,5% de IR + 17,5% de multa). Na primeira janela, esse valor foi de 30% (15+15), mas optou-se pela majoração para premiar aqueles que já haviam aderido ao programa. BENS A DECLARAR: Depósitos
bancários, instrumentos financeiros, operações de empréstimo e câmbio, participações societárias, direitos autorais, imóveis, veículos em geral.
CRIMES ANISTIADOS: sonegações
fiscal e previdenciária, falsidade ideológica, uso de documento falso para fins de sonegação, evasão de divisas, manutenção de depósitos não declarados no exterior e lavagem de dinheiro (desde que proveniente de um dos delitos antes mencionados).
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mor de eventuais represálias da Receita Federal. “Você faz a repatriação e ganha imunidade criminal, mas está confessando que sonegou impostos, fez caixa dois. Vi muito empresário dizendo que não iria aderir à repatriação porque não queria trazer a fiscalização para dentro do seu negócio”, relata Dall’Acqua. MÃO DUPLA O fato é que, a partir de 2017, entrará em vigor o Foreign Account Tax Compliance Act (Fatca), firmado entre Brasil e Estados Unidos. Com ele, as informações tributárias dos contribuintes brasileiros e norte-americanos serão compartilhadas de maneira automática. Também é certo que, nos próximos dois anos, durante a implementação do Common Reporting Standard (CRS), da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – da qual o Brasil é membro –, os dados dos fiscos de centenas de países estarão à disposição da Receita Federal. Para quem não regularizou sua situação em 2016, a provável janela de 2017 pode ser a última oportunidade de comprar a paz criminal. N
FOTO OU FILME?
Durante a repatriação de 2016, Receita Federal e advogados engalfinharamse em torno da base de cálculo: enquanto a primeira queria tributar todos os valores consumidos pelo contribuinte entre 2010 e 2014 (filme), os tributaristas defendiam que o que contava mesmo era o saldo de recursos não declarados em 31 de dezembro de 2014 (foto). “Ainda haverá muito debate nos tribunais, porque o volume de quem aderiu utilizando o critério de foto é maior do que o daqueles que usaram o critério de filme”, afirma Raul Leite, sócio do Freitas Leite Advogados. A incerteza represou muitas declarações na quinzena que precedeu o encerramento da janela, e o baixo nível de arrecadação naquele momento angustiou o governo, que patrocinou um projeto de lei na Câmara com o objetivo de estender o prazo até 31 de dezembro – iniciativa abortada por falta de acordo entre os parlamentares.
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ESPELHO
TODOS OS SENTIDOS “Eu treino atletas profissionais e profissionais atletas.” É assim que o preparador físico JOSÉ RUBENS D’ELIA explica seu mais novo projeto: a Pilotech. Especializada no treinamento de pilotos, a academia, que fica na Vila Nova Conceição, em São Paulo, também atende “gente comum”, homens e mulheres interessados em ganhar condicionamento físico e mental. “Temos clientes de 6 a 70 anos”, conta. Formado em educação física e em administração de empresas, ele também é pós-graduado em fisiologia do exercício pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e em treinamento esportivo e administração esportiva pela Universidade de São Paulo (USP). Com mais de três décadas de experiência na área, segundo suas contas, D’Elia já treinou mais de mil atletas – os velejadores Robert Scheidt e Lars Grael e os pilotos Christian Fittipaldi, Mário Haberfeld e Bruno Senna, entre eles. Consultor da equipe olímpica de ciclismo, também foi responsável pelo treinamento dos atletas para os Jogos de Los Angeles, Seul, Barcelona, Sydney, Atenas e Pequim. Isso só para citar algumas passagens importantes da carreira desse paulistano de 61 anos. Segundo D’Elia, que tem como sócios os pilotos LUCA MILANI e LUIZ NICOLACI SANTOS, a Pilotech é o único centro do tipo na América Latina. Além de dois simuladores, um de kart e outro de corrida, para criar as situações que podem aparecer durante uma prova, o centro também conta com equipamentos de última geração. Mas a tecnologia não é o único trunfo da Pilotech. Ao longo de sua carreira, D’Elia percebeu que, a partir de determinado ponto, não havia mais como melhorar a performance física de seus pupilos. “O preparo mental e psicológico é que possibilita transcender os limites do corpo”. Por conta disso, os exercícios propostos por ele são, no mínimo, diferentes. Não é raro chegar à Pilotech e encontrar alguém pulando corda com os olhos vendados para estimular os outros sentidos, e não apenas visão e audição, os que mais usamos. Também não é difícil ver um aluno jogando uma bola na parede enquanto diz em voz alta os nomes de cores escritas em um cartaz na parede. Só que o exercício tem uma pegadinha: as cores são grafadas com letras de outro tom e a ideia é falar a cor delas – e não a palavra em si. Para suas aulas, D’Elia empresta conceitos da neuróbica,técnica que treina não só o corpo, mas também a neuroplasticidade cerebral, a capacidade do cérebro de fazer novas conexões. “Tem gente que aciona mais o hemisfério cerebral esquerdo, o da lógica. Outros, o direito, o da criatividade.” Ele chama o primeiro grupo de engenheiros, de convergentes. “São pessoas detalhistas, que constroem as coisas de baixo para cima, que não têm a visão do final do processo. O outro grupo é o dos arquitetos, dos divergentes, são visionários e transgressores”, diz, completando que o objetivo é desenvolver os dois lados. Exercícios de respiração e de meditação, e os tradicionais (abdominais, flexões de braço, agachamentos e cia.) também fazem parte do pacote. N Os sócios da Pilotech: Luiz Nicolaci Santos, Luca Milani e José Rubens D'Elia
por márcia rocha PODER JOYCE PASCOWITCH 65
PODER INDICA
ABRAM AS CORTINAS
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começo quase sempre difĂcil, as pedras no caminho, os altos e baixos atĂŠ a consolidação de uma empresa ou uma marca â&#x20AC;&#x201C; todos esses sĂŁo elementos fundamentais em uma boa histĂłria de empreendedorismo. Afinal, nenhum negĂłcio cresce da noite para o dia. SĂł conhecendo a trajetĂłria para entender o que foi determinante para o sucesso. Ă&#x2030; por conta disso que a EY promove o prĂŞmio Empreendedor do Ano, uma comemoração realizada em SĂŁo Paulo para cerca de 500 convidados que ĂŠ muito mais do que uma premiação: ĂŠ uma homenagem ao espĂrito inovador dos maiores e melhores empreendedores do paĂs, alĂŠm de uma confraternização entre os grandes nomes do mundo dos negĂłcios. Lançado nos Estados Unidos em 1986, o Empreendedor do Ano acontece em 145 cidades de 60 paĂses ao redor do mundo. O Brasil foi o primeiro da AmĂŠrica Latina a sediar o evento, em 1998, que hoje estĂĄ na 19ÂŞ edição. De lĂĄ para cĂĄ, a premiação sĂł cresceu em prestĂgio e importância. Em 2016, por exemplo, o Empreendedor do Ano brasileiro na categoria Master â&#x20AC;&#x201C; que celebra os lĂderes que mais se destacaram em sua ĂĄrea de atuação â&#x20AC;&#x201C; foi Roberto Medina, do Rock in Rio. TambĂŠm ostentam o tĂtulo Pedro Lima, do Grupo 3coraçþes (Empreendedor do Ano de 2015), Marco Stefanini, CEO global da Stefanini (2013), Marcelo Henrique Ribeiro Alecrim, da Ale CombustĂveis (2010) e o renomado publicitĂĄrio Nizan Guanaes (2008), sĂł para citar alguns exemplos. Como nĂŁo poderia deixar de ser, os critĂŠrios de seleção para o prĂŞmio e a preparação para a grande noite ĂŠ minuciosa. Entre março e outubro deste ano, mais de 30 entrevistas foram realizadas em dez cidades de sete estados brasileiros. Na mira, empreendedores de setores e de mercados distintos, mas com algo em comum: todos fazem do mundo um lugar melhor ao gerar crescimento econĂ´mico, empregos e prosperidade. NĂŁo Ă toa, todos os indicados na categoria Master 2017 refletem essas qualidades: Ricardo RoldĂŁo (RoldĂŁo Atacadista), Eloi Dâ&#x20AC;&#x2122;Avila (Flytour), Halim Nagem (Nagem), Guilherme Paulus (CVC), Sandro Garcia Rodrigues (Hinode) e Edgard Corona (Bio Ritmo).
PODER
Mas não é só da grande noite em São Paulo que o homenageado participa. O grand prix da EY mundial é o Entrepreneur of the Year, que acontece em Mônaco, em junho. Lá, o Empreendedor do Ano 2017 da categoria Master representa o Brasil em uma festa memorável, com seis dias de muita celebração – e muito networking internacional. Além da Master, a EY criou a categoria Emerging, destinada a empresários que se encontram em plena ascensão. Os destaques de 2017 são: Ladmir Carvalho (Alterdata), Marcus e Alexandre Abdo Hadade (Arizona), Ari de Sá Cavalcante Neto (Sistema Ari de Sá de Ensino), Mate Pencz e Florian Hagenbuch (Printi), Claudio Sassaki e Eduardo Bontempo (Geekie), Pedro Chiamulera e Bernardo Lustosa (ClearSale), Lisabeth e Ilana Braun (Dermage) e Renato Saraiva (Complexo de Ensino Renato Saraiva). Na categoria Sustentável,
que reconhece empresas que são exemplo nessa área. Carlos Marinelli e Eduardo Marques (Fleury), Fabio Schvartsman e Francisco Razzolini (Klabin) e Miguel Setas e Sónia Cardoso (EDP) estão entre os nomes dessa categoria.
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INDICA
ESPELHO
BENDITO FRUTO Em 1997, o empresário MARCELO CESANA estava em uma casa de sucos do Rio de Janeiro quando provou pela primeira vez um açaí. Não gostou. “Achei o sabor esquisito.” Corta para 2017: dono da marca Frooty, Cesana é o maior vendedor de açaí do Brasil, além de exportar para 21 países. Sim, muita coisa aconteceu nesse intervalo de quase 20 anos. Para começar, Cesana quebrou “umas três vezes”, segundo o próprio. Sua primeira investida no mundo dos gelados foi com o frozen yogurt, produto ainda desconhecido nos idos de 1990 e que não deu muito certo como negócio naquela época – as pessoas achavam azedo, as lojas não iam bem. Ele deu um passo atrás e decidiu fabricar o bom e velho sorvete, bem docinho, o mais tradicional possível. Deu certo e ele começou a fazer algum dinheiro. Já envolvido no business sorveteiro e cheio de contatos em supermercados, restaurantes e lanchonetes, notou que surgiam aqui e acolá algumas lojas de açaí no Rio e em São Paulo. Acabou farejando primeiro que todo mundo aquilo que se tornaria febre anos depois: o pequeno fruto roxo vindo do Pará que, do nordeste para baixo, faz as vezes de sobremesa (é doce e acompanha frutas) e de comida saudável para atletas (ultracalórico, virou refeição pré-academia). Além da perspicácia, o pulo do gato do empresário foi ter começado a produzir em larga escala, o que tornou a Frooty onipresente Brasil afora. De cada dez potes de açaí vendidos no Brasil, 6,5 são Frooty. Agora com a marca consolidada, Cesana quer pintar de novas cores seu negócio – literalmente. Acaba de lançar o Frooty Pitaya, um creme rosa-choque feito a partir da fruta que é super-rara no Brasil – apesar de encontrada em mercadões e casas especializadas, não existe produção regular no país. Tanto que ele importa a matéria-prima da Nicarágua, e tem dado certo: a aceitação é tanta que a projeção é que a bebida pink deve responder por 25% do faturamento da empresa ano que vem. Alguém duvida que, em pouco tempo, as casas de suco especializadas em pitaya vão estar pipocando por aí?
por nataly costa foto miguel lebre
RESPIRO
O AMIGO HINDU BZ Q\` ZNV` SNZ\`\` Tb_b` Q\ `zPbY\ 8_V`U[NZb_aV [w\ NP_RQVaNcN RZ _RYVTV R` ]_RR`aNORYRPVQN` R Q\TZN` ZN` [\ `R_ UbZN[\
FOTO GETTY IMAGES
por fábio dutra Jiddu Krishnamurti, ou apenas Krishnamurti, foi um guru daqueles de caricatura. Mesmo tendo sempre recusado a pecha de guia espiritual, fato é que suas palestras e as dezenas de livros que publicou influenciaram, e muito, jovens e intelectuais humanistas de todo o mundo. E é fácil pensar, ao vê-lo em ação, que, se os dicionários fossem ilustrados, uma foto sua viria ao lado do verbete “guru”. O indiano, que viveu 90 anos e morreu em 1986, foi um dos maiores pensadores para a geração hippie e póshippie por não ser ligado a nenhuma religião específica, mas por valorizar a espiritualidade e o homem. A verdade, para ele, não tinha caminhos e deveria ser buscada via autoconhecimento, investigação do entorno, valorização das relações humanas e suas interações com o mundo ao redor. Não à toa é sempre lembrado por militantes jovens em elucubrações sobre a possibilidade de um sistema social novo, baseado na solidariedade e no amor. Nas críticas à democracia liberal, por exemplo, sua célebre frase é sempre lembrada: “Ninguém é tão facilmente escravizado quanto aquele que se julga livre”. Por tudo isso, Krishnamurti e seu paralelo ocidental – e mais mundano –, o alemão Herbert Marcuse, foram ressuscitados pelos jovens manifestantes do Occupy Wall Street em seus protestos e produções. A série de documentário GRVaTRV`a, por exemplo, espécie de Bíblia daquela turma, cita o indiano dezenas de vezes. Para não falar dos memes com colagens de fotos e de frases – nem sempre suas, como é praxe na internet. Reproduções que não se sabe se Jiddu Krishnamurti e seus ensinamentos sobre independência e autoconhecimento aprovariam.
TEIA
MODO AVIÃO
Sim, está cada dia mais difícil desconectar e os smartphones viraram uma extensão do nosso corpo – e também da mente. Mas por que não fazer como empresários e CEOs ao redor do mundo e entrar na onda do detox digital, o retiro espiritual do século 21? por nataly costa 72 PODER JOYCE PASCOWITCH
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or força do ofício e também pelo prazer em viajar, o diretor de marketing da Air France German Carmona já rodou o mundo. Um de seus países preferidos é a Índia, onde costuma ir para sair da rotina e espairecer. Só tem um problema: na Índia tem internet. E a mera existência de um fraco sinal de rede ou do símbolo do wi-fi em um restaurante já coloca o executivo naquele redemoinho que todos nós conhecemos bem: WhatsApp, e-mail, Facebook, Instagram, e repete. Por isso, este ano, Carmona fez diferente. Foi para um hotel de selva em Novo Airão, no Amazonas, à beira do rio Negro, onde o celular funciona no máximo como uma lanterna mequetrefe para caminhadas no meio da floresta. “Nas outras viagens acabava ficando sempre agitado, ligado em tudo o que estava acontecendo. Agora não, foi outra coisa. Consegui realmente desconectar.” O fato de estarmos vidrados em tecnologia não é novidade – já há alguns anos estamos mais na mão dos smartphones do que o contrário. O assunto, inclusive, já é estudado pela psicologia – a Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, tem um laboratório especializado em dependência digital – e o medo de ficar sem celular tem até nomenclatura própria – nomofobia, forte candidata a mal do século. A relação de dependência é tamanha que, para escapar dela, empresários, executivos e workaholics em geral estão optando por correr na direção oposta: ficar dias sem celular,
“OS GADGETS SÃO DESENHADOS PARA CAPTURAR NOSSA ATENÇÃO O TEMPO INTEIRO – AS LUZES, OS BIPES, A VIBRAÇÃO. E NOSSO INSTINTO É RESPONDER À ÚLTIMA DEMANDA, INCLUSIVE QUANDO ISSO PODE NOS MATAR, ENQUANTO DIRIGIMOS” (MARTIN TALKS, DIGITAL DETOXING ) em uma espécie de retiro espiritual 2.0 em que a única conexão permitida é no sentido figurado: com o eu, com a natureza, com os outros ao redor. Mas sem postar hashtag gratidão no Instagram ou mandar foto para o grupo do WhatsApp. Os detox digitais estão em alta ao redor do mundo – em comum, quase todos são feitos em cenários idílicos, longe de grandes cidades. O rito de iniciação sempre inclui deixar qualquer objeto que possua uma tela – celular, tablet, e-reader – do lado de fora. Depois de trabalhar por 20 anos
na área de tecnologia, o britânico Martin Talks criou o Digital Detoxing, empresa que promove retiros de dois, três ou sete dias pelo interior da Inglaterra. A ideia é que, em meio a caminhadas, passeios de canoa e contato próximo com a natureza e com os outros, “digiholics” do mundo inteiro comecem a entender melhor a relação com a tecnologia. “Os gadgets são desenhados para capturar nossa atenção o tempo inteiro – as luzes, os bipes, a vibração. E nosso instinto é sempre responder à última demanda, é algo que vem desde a Idade da Pedra. Respondemos mensagens inclusive quando isso pode nos matar, que é enquanto dirigimos”, reflete Talks. Para ele, fazer um detox digital não é querer viver como um ermitão ou abrir mão das benesses da tecnologia, mas, sim, evitar que o aparelho nos controle. “Não é bom que o celular seja a última coisa que você veja antes de dormir e a primeira pela manhã. Isso mexe com nosso raciocínio, nosso sono”, diz. “Hoje carregamos um celular no bolso, mas não falta muito para inserirmos a tecnologia em nosso corpo. A medicina já faz isso. Ou seja, por enquanto, ainda é possível apertar em ‘desligar’. Em breve, teremos mais dificuldade de encontrar esse botão”, diz ele. Para o coordenador do laboratório de dependência digital do Instituto de Psiquiatria da USP, Cristiano Nabuco, manter sob controle o vício em celular é tão difícil quanto manter uma relação saudável com o chocolate, por exemplo. “O empoderamento emocional vem do maior contato possível com o eu, com suas questões internas. PODER JOYCE PASCOWITCH 73
O que a tecnologia faz é tirar o foco disso, é deixar você totalmente voltado para fora. Próximo do entorno, mas distantes de nós mesmos”, afirma o psicólogo. Nabuco é um pouco cético em relação a retiros digitais. Para ele, é como ir a um spa – de volta à vida normal, os vícios e as compulsões retornam. O certo é ir se reeducando no dia a dia.
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VENENO E REMÉDIO
Itália, em uma praia afastada do Havaí ou no meio dos campos de Somerset, na Inglaterra. Em West Lexham, a duas horas de Londres, o Unplugged Weekend oferece um fim de semana detox também para o corpo – a comida é vegetariana (focada em alimentos crus) e a água é bebida direto da nascente. A “rendição digital” – como chamam por lá – começa às oito da noite da sexta e termina às três da tarde no domingo. Já o pessoal do Restival promove acampamentos chics (em casas de alvenaria muito bem aquecidas) no Arizona (EUA) e na Lapônia (Suécia). Ioga, nado, dança biodinâmica, banho de som e aulas de sobrevivência na floresta entram no pacote. N
A solução para a cura do vício em celular pode estar no... celular. Existem diversos aplicativos que limitam o uso diário do smartphone e até bloqueiam os apps distrativos – caso do Facebook e do Instagram – em determinados horários: FREEDOM – Permite escolher quais
aplicativos bloquear em cada janela de horário. Você pode, por exemplo, escolher não usar Instagram e Facebook das 12h às 17h, ou restringir todas as redes sociais – incluindo WhatsApp – pela manhã.
MOMENT – O aplicativo fica de olho em quanto tempo o usuário passa no celular e cria vários alertas ao longo do dia, deixando a pessoa atenta a possíveis exageros. QUALITYTIME (MY DIGITAL DIET) – Também na linha “dedo-duro”, o app conta quantas vezes você abre cada aplicativo e sugere “breaks” do celular de tempos em tempos.
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RECALCULANDO Quem também já fez um retiro digital meio sem querer foi o empresário Alexandre Costa, dono da Cacau Show. Na verdade, tinha uma viagem de férias marcada para Las Vegas, nos Estados Unidos, com o filho mais velho, de 15 anos. Por influência de amigos e vontade de oferecer uma experiência diferente para o garoto, mudou o destino – radicalmente. “Quando propus que a gente fizesse o Caminho de Santiago, achei que ele ia me xingar. Para minha surpresa, o Marcello topou, e foi uma das vivências mais incríveis da nossa vida”, conta. Eles deixaram o celular de lado ao iniciar a jornada – mesmo porque, nos hotéis simples onde ficaram, wi-fi era palavra desconhecida. “Foi uma viagem em que realmente vivemos o momento. Passávamos a noite escrevendo nossos diários e conversando muito. Aprofundei ainda mais a relação com meu filho”, revela. Procurar passar uns dias off-line pode ser um começo – pelo menos para medir quão “digiholics” nós estamos. Além do Digital Detoxing, outras organizações ao redor do mundo oferecem esse tipo de experiência, como o Time to Log Off – os retiros acontecem em um casarão histórico de Puglia, na
ESPELHO
LOCA POR TI, AMÉRICA Com três décadas de carreira, a embaixadora norte-americana Liliana Ayalde é expert em América Latina. Passou por Cuba, Guatemala, Nicarágua, Bolívia, Colômbia e Paraguai antes de desembarcar no Brasil, em 2013, para ficar três anos e meio – a missão se encerra em dezembro. Só não esperava pegar justamente esses nada pacatos três anos e meio. Já chegou na turbulência, com a descoberta recente de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) havia mandado espionar a presidente Dilma Rousseff. Depois, vieram Copa do Mundo, eleições, protestos, impeachment, Olimpíada, Lava Jato. “Nunca me entediei”, garante. A ligação de Liliana com o Brasil é antiga. Filha de um médico especialista em doenças tropicais, passou parte da infância no Rio de Janeiro, onde fazia aulas de violão e ia à praia em Copacabana. Quando voltou, como embaixadora, a vida foi menos fácil: reuniões com ministros, visitas de CEOs norte-americanos, pedidos de Washington (sempre “para ontem”, segundo ela). Também era preciso assegurar para o governo dos EUA que, no meio do vendaval político e econômico, as coisas por aqui ainda caminhavam de forma minimamente civilizada. “Houve uma grande preocupação quando colocaram o muro em Brasília (durante a votação do impeachment). Mas, no dia, foi um piquenique. Os dois lados vibravam como se fosse futebol.” As filhas de Liliana também adoram o país – uma delas pendurou até bandeira verde e amarela no quarto. “Ela se sente brasileira, me chama de mamãe.” A embaixadora deixa claro que vê o Brasil em uma posição de destaque no contexto sul-americano. “É um erro falar do continente como uma coisa só. O Brasil é mais parecido com os Estados Unidos do que com outros países da América Latina.” Liliana garante que, como mulher, poucas vezes sentiu preconceito – “meu cargo estava escrito na testa” –, mas, claro, não passou incólume. “Já aconteceu de, em ambientes sociais, me mandarem sentar com as mulheres. Até posso sentar com elas, só não quero que ninguém me indique.” O ambiente diplomático, porém, avançou nesse sentido. “Não faz muito tempo que mulher só podia ser secretária no serviço exterior. Para subir de cargo, tinha de casar. Hoje, temos 45% de embaixadoras mulheres.” De malas prontas para partir, Liliana garante que volta como turista – quer muito conhecer o Xingu – e que não sabe ainda seu destino a partir de janeiro. “Esse é meu desafio: depois do Brasil, o quê? Realizei um sonho, agora fica difícil saber qual o passo seguinte.” P O R N ATA LY C O S TA
FOTO MIGUEL LEBRE
Ã&#x2030; DE PODER
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POR ANA ELISA MEYER
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FOTOS DIVULGAÃ&#x2021;Ã&#x192;O
ALAIN DELON E ROMY SCHNEIDER
FATTO A MANO
Em março de 2017, a Sartoria Formosa, uma das alfaiatarias mais tradicionais de Nápoles, na Itália, abre as portas para estudantes e profissionais dispostos a desvendar a arte de criar roupas masculinas sob medida. O curso repassa as técnicas e os segredos de corte, costura e finalização que tornaram a marca reconhecida no mundo todo. Fundada em 1965, por Mario Formosa, a Sartoria Formosa, atualmente, é comandada por seu filho, Gennaro, que mantém as práticas antigas e detalhistas de confecção. Reconhecidos por dominar o fatto a mano (feito à mão) italiano, a casa têm entre seus clientes o rei Carl 16 Gustaf e a rainha Sílvia, da Suécia, e a família Benetton.
CAMISA Ermenegildo Zegna R$ 1.260 zegna.com.br
BOLSA Giorgio Armani R$ 20.500 giorgioarmani.com
MAIÔ Lenny Niemeyer R$ 919 lennyniemeyer.com
CALÇA Carolina Herrera R$ 2 mil carolinaherrera.com
CINTO Polo Ralph Lauren R$ 420 ralphlauren.com PODER JOYCE PASCOWITCH 77
BRINCO Gioielli Pantalena R$ 42 mil gioiellipantalena.com TOALHA Hermès R$ 2.625 hermes.com
SAPATO Tommy Hilfiger R$ 799 br.tommy.com
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formato custa um terço do Steak House. Ano que vem vamos investir R$ 36 milhĂľes sĂł nessa configuração, R$ 20 milhĂľes a mais que em 2016. Ă&#x2030; o nosso focoâ&#x20AC;?, explica. Empreendedor nato, o sucesso nĂŁo veio fĂĄcil para Durski, que herdou a paixĂŁo pela cozinha da famĂlia. Depois de se aventurar em outras profissĂľes, como o de madeireiro, decidiu apostar na gastronomia. Em 1999, abriu o Restaurante Durski, em Curitiba, com receitas de origem ucraniana e polonesa. A crĂtica especializada adorou, mas o pĂşblico nĂŁo correspondeu. Durski nĂŁo se deu por vencido e criou o Madero. No inĂcio, apostou em uma clientela mais selecionada e em preços altos. Resultado? SalĂŁo vazio de novo. Em uma decisĂŁo ousada â&#x20AC;&#x201C; que se mostrou acertada algum tempo depois â&#x20AC;&#x201C;, cortou o preço dos lanches quase pela metade e viu tudo mudar radicalmente. As vendas dispararam e, em apenas seis semanas, aumentaram 500%. E nunca mais pararam. Hoje, o Madero vende 640 mil cheeseburgers e atende 800 mil clientes todo mĂŞs.
CANTO DE PODER
O BRAÇO DIREITO
Não é um escritório comum. Afinal, quem costuma sentar com frequência nessas cadeiras é o atual presidente da República, Michel Temer – cliente e amigo de longa data do dono da sala, o advogado paulistano JOSÉ YUNES. É bem verdade que, nos últimos meses, a dupla alterna suas conversas e articulações entre São Paulo e Brasília, já que Temer transformou Yunes em assessor especial do Palácio do Planalto. “Passo pelo menos dois dias da semana lá, entre almoços e reuniões. Está bem corrida a minha rotina”, conta o jurista, que atua nas áreas de direito cível, trabalhista, administrativo, tributário, contratual. “Só não fazemos criminal”, diz. Com todos os contatos de Yunes na política – ele mesmo já foi duas vezes deputado estadual e outras duas federal –, o advogado foi um dos poucos nomes de destaque no circuito jurídico que não pegou um naco
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1. Na mesa, DVD da Associação dos Advogados, catálogos do grupo Lide e a edição passada de PODER 2. Lupas para documentos com letra miúda 3. Mapa-múndi 4. Réplica da estátua da deusa Themis, igual à do STF em Brasília 5. Souvenirs religiosos
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da afortunada clientela da Lava Jato. “Pois é, está todo mundo ganhando dinheiro, menos eu”, brinca. Em um prédio baixo de uma rua tranquila no Jardim Europa, na zona sul de São Paulo, o José Yunes e Associados tem uma vizinhança formada majoritariamente por imóveis residenciais. A decoração é sóbria, com mesas, estantes e portas de madeira, além de cadeiras e de sofás em tons claros. Na espaçosa sala de reunião, que conta com um janelão de vidro com vista para a rua, os convidados têm à disposição papel, canetas e até balas personalizadas com o logotipo do escritório. Um dos espaços preferidos do advogado de 80 anos é a biblioteca. O lugar só sai da calmaria quando os jornalistas resolvem fazer plantão por ali à espera de Temer – que também tem seu próprio escritório a poucos quarteirões do de Yunes. N por nataly costa fotos beatriz chicca
VIAGEM
PARAĂ?SO Ă&#x2030; POUCO
< ANVaV ]\_aN QR R[a_NQN QN =\YV[z`VN 3_N[PR`N z QVcV[\ R aRZ ZbVa\ ]N_N \SR_RPR_ /\_N /\_N ?NVNaRN R :\\_RN `w\ NYTbZN` QN` VYUN` ^bR P\Z]YRaNZ \ PR[s_V\ o \ ]s_R\ z ZR`Z\ Qb_\ ]\_ Ys texto e fotos pico garcez
PALAFITA Ă&#x2030; em Tahâ&#x20AC;&#x2122;a ou Taha, pequena ilha do arquipĂŠlago Society, um dos cinco da PolinĂŠsia Francesa, que fica o Le Tahaâ&#x20AC;&#x2122;a Island Resort & Spa. O estabelecimento ĂŠ praticamente um dos Ăşltimos que tĂŞm donos polinĂŠsios. Tahâ&#x20AC;&#x2122;a tambĂŠm ĂŠ conhecida como â&#x20AC;&#x153;ilha da baunilhaâ&#x20AC;?
DE SONH
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Com muit a chegante, s flores e decoraçã o o conta do b clima de romance aconResort & S angalô do Le Taha’a toma pa Island
o Pacífico Sul, a Polinésia Francesa reina absoluta com seus cinco arquipélagos formados por nada menos que 118 ilhas e atóis de natureza deslumbrante. O Taiti é o destino mais famoso, mas está longe de ser o único. PODER visitou Papeete, a capital, Bora Bora, Raiatea e Moorea e mostra um pouco do que elas têm para oferecer: praias, resorts de luxo, gastronomia diversificada e muita natureza cercados por uma beleza sem-fim. MENU As cervejas da Polinésia (à esq.) espantam o calor e podem ser acompanhadas de um jantar leve. Uma dica? O peixe mahi mahi do restaurante Mayflower, na ilha de Moorea (à dir.)
CARTÃO-POSTAL A Polinésia Francesa é um convite ao relax. Em Bora Bora, o Pearl Beach Resort & Spa oferece uma massagem feita exclusivamente com água (à esq.). As esculturas maori estão espalhadas por Motu Tevairoa (acima), que também fica em Bora Bora, e mostram um pouco da cultura local. Já na ilha de Moorea é possível ver alguns lemon shark nadando tranquilamente (à dir.).
JANELA
Os bangalôs são marca registrada da hospedagem na Polinésia Francesa. Acima, a jacuzzi do Le Taha’a Island Resort & Spa, que tem o mar literalmente na porta do quarto (à dir.)
-MAR a, à esq.) vende de tuALÉcaM do de Papeete (acim uvenirs
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to e so O mer o abacaxi, artesana do: frutas, como gens no estilo maori, assim coua ça das mulheda região. As tat não saem da cabe mo as flores, que linésia. O cultivo de ostras para Po res, são típicos da alta qualidade é comum por lá de produzir pérolas na ilha de Raiatea (acima à dir.). a” – na foto, “fazend ra Bora. Só vendo para acreditar. Bo de ar m o o, Abaix
PODER VIAJA POR FERNANDA GRILO
Em meio ao deserto do oeste norte-americano, o Amangiri, em Utah, surge como refúgio de privacidade e de conforto. O resort do grupo Aman tem suítes com amplas janelas para que o hóspede aprecie as cores do horizonte, que vão do ocre ao rosa, dependendo da posição do sol. A piscina, construída em torno das rochas, é um dos maiores atrativos do hotel, que oferece ainda passeios de balão, a cavalo ou em pequenos aviões. AMAN.COM
90 PODER JOYCE PASCOWITCH
FOTOS DIVULGAÇÃO; ANDRÉ LIGEIRO; ISTOCKPHOTO.COM
OÁSIS
AVENTURA
Acompanhar a grande migração das manadas de animais que vivem nas planícies africanas é um dos privilégios de quem se hospeda no Singita Faru Faru Lodge, em Grumeti, no norte da Tanzânia. Cravado em uma colina no meio do Serengeti Mara, o hotel é perfeito para a realização de safáris durante o ano todo, tem clima informal, decoração rústica e suítes com vista única. SINGITA.COM
DECIFRA-ME
Este é para quem gosta de aventura. O Bolsover Cruise Club, da Inglaterra, acaba de criar o Secret Sailaway, roteiro de 16 dias de navio, com seis paradas totalmente desconhecidas. Pouco tempo antes do embarque os passageiros começam a receber mensagens enigmáticas por e-mail que ajudam a desvendar cada destino. Outros detalhes, como os hotéis onde vão ficar e eventuais trechos de avião durante o percurso, também são mantidos em segredo. A primeira partida está marcada para março de 2017. BOLSOVERCRUISECLUB.COM
Esquiar é mais que um hobby para CHRISTIAN BLANCO, vice-presidente de marketing da SABMiller no Brasil: são exatos 43 anos praticando o esporte em diferentes pistas ao redor do mundo. Com a chegada da temporada de frio na Europa, o executivo indica três estações que frequenta e revela os motivos para PODER. Stubaier Gletscher, Neustift (Áustria): “Por ser uma geleira, funciona praticamente o ano
inteiro. No inverno, tem mais de 100 km de pistas. A dica é se hospedar no Relais & Châteaux Spa-Hotel Jagdhof . ” Telluride, Colorado (EUA): “Para mim, esse é um dos melhores lugares que existem para praticar heliski. São mais de 400 km de terreno. Mountain Village é a cidade mais próxima e tem bons hotéis. Recomendo dois: Lumière e The Peaks.” Gstaad, (Suíça): “A área conhecida como Saanenland tem diversas estações com pistas que ficam a até 3 mil metros de altura. E o vilarejo é um charme.”
M A IS E M GL A M U R A M A .COM/ PELO -M U N DO PODER JOYCE PASCOWITCH 91
MOTOR
PEQUENOS
NOTÁVEIS <` O\aR` QRVeN_NZ QR `R_cV_ QR N]\V\ R TN[UN_NZ VaR[` QVT[\` QR ON_P\` ZNV\_R` R ZNV` Ybeb\`\` P\Z\ `\Ys_V\ Z\O~YVN R `b~aR` =_saVP\` sTRV` R `RTb_\` RYR` N[QNZ P\[^bV`aN[Q\ \ P\_Nyw\ QR ^bRZ NZN N cVQN N\ ZN_ por fernanda grilo
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REBEL 47 SACS MARINE | SOB MEDIDA
O Rebel 47, da Sacs Marine, estaleiro italiano tradicional na fabricação de barcos infláveis de luxo, vem equipado com dois motores Volvo D6, o que faz toda a diferença na navegação: vibração mínima e baixo ruído. Com cama queen size, banheiro de teto alto e cozinha ampla, ele pode ser completamente customizado pelo proprietário, que escolhe do formato do barco às cores dos móveis. Em janeiro de 2017, a Sacs lança uma versão ainda mais potente chamada Sacs Strider. O preço parte de 465 mil euros.
PODER JOYCE PASCOWITCH 93
TAURANGA 41’ | ALTO DESEMPENHO
Originalmente projetadas para a guarda costeira da Nova Zelândia, as lanchas da Protector são infláveis de fundo firme com múltiplas possibilidades de uso e alto desempenho. Nos Estados Unidos, por exemplo, o modelo Tauranga 41’ é muito usado como barco de passeio de luxo. O design em formato V em toda a extensão da lancha (do casco até a popa) chamou a atenção dos velejadores mais exigentes e ainda melhora a qualidade do passeio e a sensação de agilidade. A cabine é ampla, com interior estendido em relação aos demais modelos da marca. Tem ainda geladeira, sistema de água doce e piso antiderrapante.
Todo o charme dos grandes veleiros ganhou uma versão pocket. O F-RIB 460S, da Foldable RIB, do Reino Unido, é um barco a vela inflável e dobrável, que cabe no portamalas de uma SUV e pode ser levado para qualquer lugar. Com 15 pés, peso total de 80 quilos, casco de fibra de vidro, capacidade para seis pessoas e valor a partir de 5 mil euros, ele ainda pode navegar em águas rasas por conta de sua vela retrátil. Quem preferir pode equipálo com um motor pequeno.
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FOTOS DIVULGAÇÃO; ARQUIVO PESSOAL
F-RIB 460S | AMIGO DE PRAIA
SR-1000 | CONFORTO FLUTUANTE
Um iate em tamanho miniatura é a proposta do brasileiro Flexboat SR-1000. Com amplo console central, banheiro, boxe para banho, solário de popa e teto solar elétrico com sistema antiesmagamento, o barco tem capacidade para 13 pessoas. Os dois motores Mercruiser permitem atingir uma velocidade de até 85 Km/h. O flutuador é produzido com Hypalon Orca, material francês de alta resistência e durabilidade. Por causa do tamanho compacto, pode ser aportado direto na praia. O preço? R$ 600 mil.
SEALEGS 7,7 | DOIS EM UM
A Sealegs é conhecida por construir modelos infláveis e anfíbios, sendo o Sealegs 7,7 a opção de luxo do estaleiro da Nova Zelândia. O motor de popa tem potência de 200 HP e o barco ainda vem equipado com sistema de freio ABS, assentos confortáveis e opção de customizar a embarcação. O modelo é indicado para passeios em família por ter um sistema que facilita a entrada e a saída de idosos e de crianças e ainda pode chegar até a praia.
PODER JOYCE PASCOWITCH 95
FERVE
Luiz Sérgio Vieira
BOAS IDEIAS
Ricardo Roldão
PODER R 2F ]VY\aN_NZ NYZ\y\ [\ =N_VTV RZ @w\ =NbY\ ]N_N SNYN_ `\O_R aRP[\Y\TVN R V[\cNyw\ [N` RZ]_R`N` 7\fPR =N`P\dVaPU R 9bVg @z_TV\ CVRV_N 02< QN 2F /_N`VY P\ZN[QN_NZ \ ONaR ]N]\ ^bR S\V PURV\ QR V[`VTUa` CRWN ^bRZ ZNV` ]N``\b ]\_ Ys
Paula Bellizia
Filipe Sabará
Denise Damiani
FOTOS PAULO FREITAS
Rosana e Ricardo Saad
Marly Parra
FOTOS PAULO FREITAS
João Cury
Facundo Guerra
Joyce Pascowitch
Mariju Bofill
COZINHA DE PODER POR FERNANDA GRILO F O T O S G I O VA N N A B A L Z A N O
A M EN IN A DO B O LO 0\Z ]\bPN` PNY\_VN` R PURVN QR `NO\_ N PR_RWN QVg N ^bR cRV\ [w\ `Â&#x192; RZ `\O_RZR`N` ANZOzZ SNg bZ P\[a_N]\[a\ V[aR_R``N[aR RZ _RPRVaN` `NYTNQN`
P
_b[b` NcVbZ â&#x20AC;&#x201C; esse ĂŠ o nome cientĂfico da cereja, fruta que pertence Ă famĂlia das frutas vermelhas, tambĂŠm conhecidas como berries (framboesa, cranberry, goji berry, morango e mirtilo tambĂŠm fazem parte dessa lista). De origem asiĂĄtica, a cereja se adaptou na Europa por conta do clima mais frio. Apesar de pequena nĂŁo fica devendo nada para as frutas maiores quando o assunto ĂŠ sabor e benefĂcios para a saĂşde. Ingrediente de sobremesas e de receitas agridoces, principalmente nesta ĂŠpoca do ano, o consumo in natura ainda traz de carona o baixo valor calĂłrico: dez cerejas tĂŞm apenas 62 calorias. Rica em fibras e substâncias como potĂĄssio, magnĂŠsio, fĂłsforo e antocianinas, a fruta auxilia no funcionamento do intestino, do coração, faz bem para ossos e mĂşsculos, sem falar de sua ação antioxidante, que ajuda a manter os nĂveis de colesterol e a evitar o aparecimento de doenças crĂ´nicas como o diabetes, por exemplo. Atletas de plantĂŁo tambĂŠm podem usar e abusar da frutinha. â&#x20AC;&#x153;Um estudo da revista :RQVPV[R N[Q @]\_a @PVR[ PR publicado em 2012 mostrou que um copo de suco da fruta consumido de forma regular colabora na recuperação de esportistas e reduz o uso de anti-inflamatĂłriosâ&#x20AC;?, afirma a nutricionista Cynthia Antonaccio, da Consultoria Equilibrium, em SĂŁo Paulo. N
98 PODER JOYCE PASCOWITCH
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ma fila imensa se formava no primeiro andar da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, no começo de novembro. Era a noite de autógrafos de Valter Hugo Mãe, escritor angolano radicado em Portugal que é sucesso absoluto no Brasil e que acaba de lançar seu sétimo romance, 5\ZR[` 6Z]_bQR[aRZR[aR =\zaVP\`, pelo selo Biblioteca Azul, da Editora Globo. PODER aproveitou a passagem do autor por aqui para garantir uma conversa:
PODER: Muitos acreditam que a popularidade de um autor é inversamente proporcional à qualidade da literatura, o que não é seu caso. O que pensa disso? VALTER HUGO MÃE: Há mesmo esse preconceito contra a visibilidade, como se a verdade estivesse do lado dos escondidos. Para mim, não – acho até que certas coisas fazem mais sentido se entregues a mais gente. Nunca achei que fosse preciso ser um sujeito obscuro e mal-humorado para ser levado a sério. PODER: Você escreve prosa, poesia, contos, livro infantil, coluna para jornal. Como consegue ser tão produtivo? VHM: Tenho a felicidade de ser efetivamente um escritor. Não só preciso pagar as contas como a escrita é uma compulsão. A literatura surge como coisa inelutável, não sei entender o mundo sem o socorro das palavras. Escrever é meu modo de pensar, é a forma mais espessa que tenho de maturar as ideias. PODER: Mas você não só escreve. Você canta, desenha... VHM: Mas isso é como amador, como alguém que ama. Não posso ser apresentado como artista plástico. Faço desenhos que eventualmente são maus, as pessoas é que são simpáticas. Não espero tê-los ao lado de uma obra de arte,
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enquanto quero muito meus livros ao lado de outros que sejam verdadeiramente literatura. Desenhar, cantar, tudo isso é mais uma incapacidade minha de resistir à vida. Não sei recusar, gosto de estar disponível. Adoro dizer sim. PODER: O que você lê? VHM: Filosofia, ensaios. Gosto muito de Sérgio Buarque de Holanda. Recentemente, conheci Leandro Karnal e fiquei maravilhado. Queria encontrar os diários de Lúcio Cardoso, que estão esgotados. Há uns dois anos li uma página em uma livraria e não sei por que não comprei. Também tenho lido um filósofo romeno que morou na França, o Emil Cioran, e outras coisas que vou pegando... hoje mesmo comprei o livro de ensaios do Benjamin Moser sobre arquitetura no Brasil e, se tiver meia hora antes de dormir, já vou começar. PODER: E quando esse tempo antes de dormir vai para o celular? Estamos lendo menos? VHM: Já pensei muito sobre isso e também me culpo. A verdade é que hoje, com a realidade digital, mantemos contato com muito mais gente. Somos parte de um coletivo muito mais extenso, e a gestão dessa infinidade de relações ocupa nosso tempo. Por vezes, é gratificante porque encontramos amigos, pessoas que admiramos, há uma espécie de feedback do mundo que é compensador. Mas às vezes não, ficamos só esperando que alguém nos tenha dito uma coisa boa. Ficamos na expectativa dessa justiça do mundo, da consumação de um agrado, de uma paixão. E ela não chegou no e-mail, não chegou no Facebook e a gente fica ali só perdendo tempo, só demorando, como quem tem esperança em uma coisa que não vai acontecer. Então era melhor estarmos a ler os ensaios sobre o Brasil.
+LIVRO
FOTOS NÉLSON D’AIRES / DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO
INFERNO PROVISÓRIO LUIZ RUFFATO Originalmente, era uma série de cinco livros editados pela Record. Agora, a Companhia das Letras relançou a obra em uma edição. Nela, o escritor mineiro discorre sobre a saga do trabalhador brasileiro ao longo dos anos, desde o êxodo rural na década de 1950 até a adaptação à dureza da realidade urbana.
A MONTANHA MÁGICA THOMAS MANN Começou a ser escrito em 1912, quando a mulher do escritor alemão teve tuberculose e fez tratamento em um sanatório na Suíça – não à toa, é esse o cenário que ambienta a história. O jovem engenheiro Hans Castorp vai até o hospital visitar um primo, descobre que também está doente e acaba internado. No longo período que passa ali, amadurece e divaga sobre o tempo, a vida e a política da Alemanha na época. O livro só terminou de ser escrito em 1924, quando foi publicado. Cinco anos depois, Mann ganharia o Nobel de Literatura.
EXPOSIÇÕES
É SÓ SABER OLHAR
O fotógrafo João Paulo Farkas, de 61 anos, é um apaixonado pela Bahia. Frequenta Trancoso desde a década de 1970, quando começou a registrar as pessoas e os costumes daquele pedacinho charmoso do litoral. Há três anos, derivou suas viagens para a pequena Maragojipe, cidade do Recôncavo Baiano que cultiva a tradição do uso de máscaras durante o Carnaval. Com um trabalho fortemente ligado ao brilho e à espontaneidade da cultura popular, Farkas logo se viu fisgado pelas “caretas”, como são chamados aqueles enfeites. “É um costume antigo que, em vez de deixar morrer, eles ressignificaram com liberdade e criatividade absolutas”, conta. Daí nasceu 0N_RaN` QR :N_NT\WV]R – @z_VR .gbY, exposição que entra em cartaz durante o Carnaval 2017 – quando mais? – na Galeria Marcelo Guarnieri, no Rio de Janeiro. Quem já viu uma prévia do trabalho na SP- Foto, em agosto deste ano, ficou impressionado: seria aquele pessoal fantasiado com máscaras coloridas no meio da Bahia uma criação artística de Farkas? “As pessoas não acreditaram que isso existe. Entendo que hoje a fotografia está muito ligada à intervenção mesmo. Mas para mim a vida já é tão maravilhosa que basta o que eu encontro”, reflete. “A arte está em tudo, é só saber olhar.” E, falando em olhar – e voltando a Trancoso – , Farkas também acaba de editar um livro sobre a praia, com fotos produzidas por lá entre os anos 1970 e 1990. “Naquela época já percebia que aquela coisa maravilhosa estava começando a se deteriorar e comecei a registrar tudo, paisagens, pessoas, festas”, relata. Logo depois, parou de frequentar o lugar – a ideia era manter a memória da Trancoso de outrora, antes de virar o point turístico que é hoje . “Não queria me transformar naquela pessoa nostálgica, chata, que fica reclamando, então decidi ir só de vez em quando”, conta. Mas as pessoas sabiam que Farkas vinha fotografando o lugar, e começaram a pedir que ele publicasse o material – coisa que está fazendo agora. “Fiz o livro porque queria devolver esse trabalho à cidade, inclusive estou doando o material fotográfico para o povo de lá.” Para quem conhece a qualidade artística da obra de Farkas, é um presente de Natal e tanto.
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FOTOS DIVULGAÇÃO; ARQUIVO PESSOAL
.` V[Pb_` R` ]RYN /NUVN S\_NZ ]_\QbaVcN` ]N_N \ S\a T_NS\ 7\w\ 3N_XN`' bZ YVc_\ `\O_R A_N[P\`\ R bZN Re]\`Vyw\ P\Z N` V[b`VaNQN` °PN_RaN`± QR :N_NT\WV]R [\ ?RP [PNc\
ARTE ENTRE TERRA Com uma longa carreira na TV – foi diretor de vinhetas, de videoclipes e de séries de ficção na Globo –, o carioca Ricardo Nauenberg investe agora na fotografia como linguagem. Em 2[a_R AR__N, ele registrou as obras da linha 4 do metrô do Rio de Janeiro, inaugurada em agosto para a Olimpíada. Para Nauenberg, foi a possibilidade de eternizar uma paisagem à qual o público não teve acesso, pois ficava no subterrâneo, e desapareceu quando a obra ficou pronta. Com muitas imagens em preto e branco ou em tons frios, o fotógrafo realça o movimento dos trabalhadores e a força humana empenhada ali. Em cartaz no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, de 14 de dezembro até 12 de março de 2017.
FOTOS RICARDO NAUENBERG / DIVULGAÇÃO; SERGIO SADE / REVISTACHIC (ACERVO MIS-SP); DIVULGAÇÃO
SILVIO SANTOS VEM AÍ! A trajetória de uma das figuras mais carismáticas do Brasil, o apresentador Silvio Santos, é tema da nova exposição do Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo, que promete ser mais um sucesso de público. Além de revisitar sua carreira na TV, a mostra traz documentos e fotos inéditas do acervo pessoal do homem do baú, cedidos exclusivamente para o museu. Em cartaz de 7 de dezembro a 12 de março – para driblar as filas, vale a pena comprar ingressos antecipadamente pela internet.
UMA CANÇÃO PARA O RIO A mostra inaugura o espaço Carpintaria, do grupo Fortes D’Aloia & Gabriel (antigo Fortes Vilaça), que começou a funcionar mês passado no Jockey Club do Rio de Janeiro. Em cartaz, obras de nomes como Ernesto Neto, Nuno Ramos e Jac Leirner. A curadoria é de Hanneke Skerath e Douglas Fogle. Em cartaz até 11 de fevereiro. PODER JOYCE PASCOWITCH 107
PODER É
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1 - OUVIR CANÇÕES INÉDITAS DE ADONIRAN BARBOSA... Um acervo com partituras nunca antes musicadas do compositor foi encontrado pelo produtor Cassio Pardini, que produziu um disco somente com essas pérolas. São 14 faixas que serão lançadas no boxe @R .``\]_N_ =\``\ .PR[QR_ QR ;\c\, que inclui CD e DVD.
aficionado colecionador de fotografia moderna, especialmente do início do século 20. Na mostra AUR ?NQVPNY 2fR' :\QR_[V`a =U\a\T_N]Uf 3_\Z aUR @V_ 2Ya\[ 7\U[ 0\YYRPaV\[ foram selecionados grandes trabalhos de nomes como Man Ray, André Kertész e Aleksandr Rodchenko, que geralmente ficam restritos às paredes da casa do autor de “Tiny Dancer”. Na Tate Modern de Londres até maio de 2017.
2 - VER DE PERTO AS FOTOS DA COLEÇÃO DE ELTON JOHN, NA TATE MODERN, EM LONDRES... O cantor inglês é um
3 - PRESTIGIAR O MUSICAL HAMILTON, EM NOVA YORK... Intelectual, revolucionário e o primeiro secretário
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do Tesouro dos EUA, Alexander Hamilton é uma figura central na história do país e tem sua história contada de maneira brilhante no musical idealizado por Lin-Manuel Miranda. O espetáculo é um arrasaquarteirão na Broadway e faz temporada no Richard Rodgers Theatre. 4 - CONFERIR A NOVA MOSTRA DO MAM DO RIO DE JANEIRO... A partir do dia 3 de dezembro, o Museu de Arte Moderna (MAM)do Rio inaugura A\Q\ 6QRNY ;N`PR CNT\, com pinturas de Eloá Carvalho feitas
a partir de uma pesquisa fotográfica realizada com o acervo próprio museu, dos anos 1950 até os dias atuais. Em cartaz até 5 de março. 5 - CURTIR A QUARTA EDIÇÃO DA SEMANA INTERNACIONAL DE MÚSICA DE SÃO PAULO (SIM)... O festival tem uma programação intensa de palestras sobre o mercado da música no Brasil e showcases com novos e antigos talentos, como Liniker, Mahmundi e Elza Soares. De 7 a 11 de dezembro no Centro Cultural São Paulo.
FOTOS DIVULGAÇÃO; MARIO GRISOLLI / DIVULGAÇÃO; ARQUIVO PESSOAL
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UNIVERSO PARTICULAR POR RAUL DUARTE
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FOTOS MARCIO NUNES / TV GLOBO; REPRODUÇÃO; DIVULGAÇÃO; ISTOCKPHOTO.COM
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DIRETOR: Glauber Rocha AUTOR (NOVELA): Silvio de Abreu TEATRO: Molière ARTE: reflexão EDUCAÇÃO: o mais importante BRASIL: o futuro TRABALHO: tudo FAMÍLIA: um símbolo REFÚGIO: Cinema São
Luiz, em Recife TELEVISÃO:
um meio INSPIRAÇÃO:
Ariano Suassuna COMÉDIA:
muito além dos risos
CIDADE: Recife, Pernambuco
pernambucano Guel Arraes, de 63 anos, tem um nome que é praticamente sinônimo de política. Seu pai, Miguel Arraes, foi o fundador do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e era governador em 1964 quando foi cassado pela ditadura. Seu sobrinho, Eduardo Campos, morto em 2014 em plena corrida presidencial, também era governador e sua irmã Ana Arraes é ministra do Tribunal de Contas da União. Mas preferiu o caminho da arte. “As duas áreas têm mais em comum do que parece. Todo político é um ator nato”, diz. Se a família queria uma revolução no campo político, Guel Arraes promoveu uma na Globo. Antes diretor de novelas como 4bR__N Q\` @Re\` (1983) e CR_RQN A_\]VPNY (1984), foi responsável pelo estrondoso sucesso da TC =V_NaN, em 1988. O programa caiu nas graças do público e conferiu a ele o controle do núcleo de minisséries. “A novela não é o melhor lugar para mim porque sou ruim de improvisar. Mas sou bom de preparar”, conta. A partir daí, nasceram marcos da dramaturgia da Globo como ._ZNyw\ 6YVZVaNQN, . 0\ZzQVN QN CVQN =_VcNQN e < .ba\ QN 0\Z]NQRPVQN. “Acho que toda comédia ajuda a pensar. É por aí que extravaso meu lado político.” Guel também está por trás dos ótimos . 4_N[QR 3NZ~YVN e <` ;\_ZNV` que inauguraram o conceito de temporada – algo antes reservado às séries norteamericanas – na TV aberta. E, como se não bastasse, seu currículo vai além da TV: já dirigiu peças de sucesso, como uma readaptação de < /b_Tb|` ?VQ~Pb Y\, de Molière, o filme 9V`ORYN R \ =_V`V\[RV_\ e a refilmagem de < /RZ .ZNQ\, um dos seus projetos favoritos, baseado em um político do tipo coronel. “A política é uma atividade séria e toda atividade séria é boa de ser sacaneada”, revela. N PODER JOYCE PASCOWITCH 109
CABECEIRA
ESTANTE
.YOR_a\ ?R[NbYa `R P\[`VQR_N bZN ]R``\N UV]R_NaVcN ANZOzZ ]bQR_N ÂŽ \ R`P_Va\_ _\aRV_V`aN PR[Â&#x192;T_NS\ QV_Ra\_ QR aRNa_\ R QR AC R`as `RZ]_R R[c\YcVQ\ RZ QVcR_`\` ]_\WRa\` N\ ZR`Z\ aRZ]\ .T\_N RZ WN[RV_\ ]\_ ReRZ]Y\ `R ]_R]N_N ]N_N R`a_RN_ \` ]_\T_NZN` Fazendas e FĂŠrias R N `RTb[QN aRZ]\_NQN Q\ Casa Brasileira NZO\` [\ PN[NY 4;A °=\_ PNb`N Q\ a_NONYU\ cVNW\ ZbVa\ R P\[URy\ QVcR_`\` YbTN_R` [\ /_N`VY .V[QN N``VZ ZRb PN[a\ ]_RSR_VQ\ ZR`Z\ z N ZV[UN PN`N P\Z ZV[UN R`aN[aR QR YVc_\` R ZbVaN` _RcV`aN`Âą P\[aN RYR ^bR aNZOzZ z Sw QR Â&#x192;]R_N R QR aRNa_\ 0\Z\ O\N ]N_aR Q\` O_N`VYRV_\` ?R[NbYa YRZO_N ^bR P\ZRy\b N T\`aN_ QR YR_ NV[QN P_VN[yN P\Z N` UV`aÂ&#x192;_VN` QR :\[aRV_\ 9\ONa\ 1R]\V` [w\ ]N_\b ZNV` . ]NVew\ ]RYN` YRa_N` z aN[aN ^bR RYR Naz R`P_RcRb a_|` _\ZN[PR`' A Foto Moko no Brasil R Sr. R °. YVaR_Nab_N cRV\ QR S\_ZN [Nab_NY .PU\ ^bR R`P_Rc\ [w\ `Â&#x192; ]\_ NZ\_ N\` YVc_\` ZN` ]\_ T\`aN_ QR \O`R_cN_ @\b ZbVa\ QR \YUN_ R PN]aN_ N` P\V`N` Âą por raul duarte ESTRELA DA VIDA INTEIRAMANUEL BANDEIRA
O FRANGO ENSOPADO DA MINHA MĂ&#x192;E â&#x20AC;&#x201C; NINA HORTA
â&#x20AC;&#x153;As palavras mais deliciosas, as lembranças mais saborosas e as emoçþes mais bem temperadas estĂŁo nesse livro. As crĂ´nicas de Nina Horta sĂŁo uma aula de escrita, maravilhosas.â&#x20AC;?
MINHA LUTA â&#x20AC;&#x201C; KARL OVE KNAUSGĂ&#x2026;RD EM BUSCA DO TEMPO PEDIDO MARCEL PROUST
â&#x20AC;&#x153;Ler Proust ĂŠ como ouvir mĂşsica, uma experiĂŞncia que te acompanha para o resto da vida.â&#x20AC;?
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MALONE MORRE â&#x20AC;&#x201C; SAMUEL BECKETT
â&#x20AC;&#x153;Adoro Beckett. Com ele aprendi que a arte ĂŠ a invenção de um mundo. Literatura ĂŠ linguagem.â&#x20AC;?
â&#x20AC;&#x153;Dos seis romances em que essa obra foi dividida, apenas quatro jĂĄ foram publicados no Brasil. Li todos de uma sĂł vez. As lembranças hipnotizantes da infância e da adolescĂŞncia do norueguĂŞs Karl Ove sĂŁo adorĂĄveis e universais.â&#x20AC;?
FOTOS GUSTAVO PELLIZZON; DIVULGAĂ&#x2021;Ă&#x192;O
â&#x20AC;&#x153;Os poemas de Bandeira sĂŁo singelos, afetivos, eles nos fazem companhia e falam de maneira simples sobre a morte. â&#x20AC;&#x2DC;EstĂŁo todos dormindo profundamenteâ&#x20AC;&#x2122; ĂŠ um verso que nĂŁo esqueço.â&#x20AC;?
CARTAS cartas@glamurama.com
AGENDA PODER
POR UMA VIDA EXTRAORDINÁRIA
Se todo mundo tivesse a consciência de ajudar os outros, com certeza o mundo estaria muito diferente. (PODER 100) 7bYVN[N .__RTbf cVN R ZNVY QR /RY\ 5\_Vg\[aR
FOTO ROBERTO SETTON
ENSAIO
Quanta foto bonita! PODER já está na edição 100? Parabéns a toda a equipe. Que a revista continue por mais mil edições! :VYR[N 4bVZN_wR` cVN R ZNVY QR @w\ =NbY\ Parabéns, PODER! Revista única no jornalismo brasileiro que consegue conciliar jornalismo de
alta qualidade com textos agradáveis de ler. 1N[VY\ 1bN_aR cVN R ZNVY QR @w\ =NbY\
A ERA DO CÉREBRO ELETRÔNICO
É importante começar a refletir sobre essas coisas que vão transformar o mundo (PODER 100). Senão, parece que tudo passa e a gente fica sem chão. ?RTV[N 3V\_R cVN R ZNVY QR @w\ =NbY\
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Fidel Castro surgiu para o mundo nos anos 1950 quando, numa América Latina em chamas, tentou tomar o poder em Cuba no malogrado assalto ao quartel Moncada. A ditadura de Fulgencio Batista resistiu, ele sobreviveu à prisão, fez a autodefesa mais famosa do século 20 – compilada no livro A História me Absolverá– e, graças à pressão internacional, conseguiu seguir para o exílio no México. De lá preparou sua tropa e retornou à Ilha a bordo do iate Granma para fazer a Revolução Cubana em 1959. O governo nacionalista nascido dos anseios de libertar um país e seu povo do bordel a céu aberto explorado pelas potências estrangeiras passou a socialista com vultosos recursos soviéticos, sempre com Fidel à frente, e a dividir opiniões: opositores o tratam por ditador e defensores, por libertador. Fato é que Fidel Castro é um dos maiores personagens da história do século 20 ao lado de Winston Churchill, Mao Tsé-tung e Franklin Roosevelt – e pouquíssimos outros. Ele morreu, aos 90 anos, no dia 25 de novembro, num momento em que Cuba começa a negociar sua reabertura para os mercados. Mas sua frase, “Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo; nenhuma delas é cubana”, ainda ecoa.
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São Paulo tem milhares de restaurantes. Sabe o que têm em comum os vencedores do prêmio Veja Comer & Beber como melhor restaurante italiano e melhor restaurante francês da cidade?
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