Reconstruindo Memórias: requalificação da orla ferroviária da Mooca

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Reconstruindo memórias requalificação da orla ferroviária da Mooca



Reconstruindo memórias requalificação da orla ferroviária da Mooca

Trabalho Final de Graduação Jaqueline Ruivo Rabello de Lima Orientador Prof. Ricardo Ruiz Martos Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo São Paulo Dezembro de 2018



Agradecimentos

Aos meus pais, Nilma e Paulo, a minha irmã, Mariana, e a minha família, que nortearam a minha formação enquanto indivíduo e me deram toda a base para a minha formação enquanto profissional. Ao meu orientador, Ricardo Martos, pelas orientações, conversas e ensinamentos que tanto agregaram a esse trabalho. Aos membros da banca, Ivanir Abreu, por me instruir e me inspirar com suas aulas e me dar a certeza de ter escolhido o curso de graduação correto, e a Omar Dalank pelo auxílio, conversas e ensinamentos que contribuíram para a minha formação. Ao Briton pela compreensão, carinho e companheirismo nesses anos. Aos meus amigos e colegas de faculdade pelo apoio e incentivo diário nessa jornada. A equipe da Mínima Arquitetura e da ODVO Arquitetura e Urbanismo, com as quais tive a oportunidade de trabalhar e aprender muito do que está presente neste trabalho. E a todos que se fizeram presente nesse processo.



Sumário

1. Introdução

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2. Território

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- O bairro da Mooca

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- Análise do bairro

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- Análise da área de intervenção

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- Operação Urbana Consorciada

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- Resolução de tombamento 14/2007

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- Edificações significativas dentro da área de intervenção

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3. Conceituação - Referencial teórico - Referencial projetual Sesc Pompéia

31 32 34

Station F Pavillon de France Rockmagneten

4. Proposição

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- Partido

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- Programa

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- Edifícios propostos

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Centro da indústria criativa Edifício ponte Complexo cultural e de lazer Praças e áreas de intervenção

5. Considerações finais

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6. Referências

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1. Introdução


Introdução

O trabalho nasce da inquietação pessoal em estudar novas formas de ressignificar os patrimônios industriais da cidade de São Paulo a partir da adoção de novos usos. O recorte para o ensaio da proposta localiza-se no bairro da Mooca, por entendê-lo como representativo do processo de industrialização da cidade e por ver um potencial de ressignificação em seu espaço. O bairro da Mooca teve seu desenvolvimento e histórico de ocupação atrelado à chegada da ferrovia São Paulo Railway, posteriormente Estrada de Ferro Santos – Jundiaí. A extensão do eixo ferroviário ao acompanhar o desenvolvimento das plantações valorizou certas áreas que até então eram inexploradas. Aonde, nas décadas seguintes, viriam a dar lugar para as primeiras construções fabris e vilas operárias. No entanto, a mudança da implantação das indústrias dos eixos ferroviários na década de 1950 e a mudança do perfil econômico da cidade na década de 1980, em decorrência das alterações mundiais do processo produtivo foram momentos decisivos para a perda do uso industrial na cidade de São Paulo, coloca Rodrigues.

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A indústria tradicional (têxtil, metalúrgica e alimentícia) praticamente desapareceu deixando a maioria dos antigos edifícios fabris. Alguns foram adaptados e convertidos para o comércio ou serviços, mas em sua maioria o ex-cinturão industrial ao longo das linhas férreas ostenta fileiras de galpões industriais fechados e degradados; o que forma um território fragmentado, com dificuldades de articulação e que sofre com intervenções sem parametrização propostas pelo mercado imobiliário. (RODRIGUES, 2011, p. 124)

Essa realidade pode ser observada no bairro da Mooca, que por mais de um século teve sua vida impulsionada pela atividade industrial e que tem passado por significativas transformações espaciais nas últimas décadas que trazem a necessidade de se repensar esse território. Neste contexto, o presente trabalho visa requalificar a orla ferroviária da região da Mooca, articulando os territórios remanescentes do processo de desindustrialização, os conjuntos industriais subutilizados, os edifícios propostos e as futuras intervenções delimitadas pela Operação Urbana

através da recuperação física e da reconversão funcional desses espaços, com o objetivo de resgatar sua memória fabril, de forma a incentivar sua preservação e transmitir a cultura histórica local e a identidade do bairro. Assim como, reabilitar áreas ociosas, promover novos pontos de encontro e convivência e oferecer um espaço requalificado à cidade. Desta forma, o trabalho estrutura-se em três etapas. A primeira consiste no contexto histórico do processo de industrialização de São Paulo, estudando o caso do bairro da Mooca, e na leitura do território e diagnóstico da área de intervenção. A leitura busca analisar as diretrizes propostas pelo Plano Diretor Estratégico, pela Operação Urbana e pelos órgãos de preservação, além de compreender os vínculos dos patrimônios industriais com seu entorno imediato. Na segunda etapa são apresentados conceitos relacionados ao tema e as referências projetuais. E, por fim, é apresentada a prática projetual. É nesta etapa que o embasamento teórico e as análises e diagnósticos se convergem resultando em um projeto arquitetônico.

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2. Territรณrio


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O bairro da Mooca

Figura 1 Traçado urbano do bairro da Mooca em 1930. Fonte: mapa topográfico Sara 1930.

O bairro da Mooca, ainda que no século XIX tenha timidamente se desenvolvido como parte dos subúrbios do centro histórico devido a atividade comercial na várzea do Carmo, tem o seu desenvolvimento atrelado a chegada da ferrovia, da indústria e com a formação dos bairros operários. Com a inauguração da São Paulo Railway, posteriormente Estrada de Ferro SantosJundiaí, em 1867, e com a chegada dos imigrantes a partir da década de 1880, a região da várzea do Tamanduateí se viu ocupada por fábricas, vilas e residências operárias que deram origem a Mooca industrial. Os bairros operários, devido a seus usuários e características, eram praticamente considerados uma cidade independente da cidade grande localizada no centro e à oeste do Rio Tamanduateí. (SEGETE, 2018) Com a consolidação das indústrias ao longo da ferrovia até a década de 1940, o bairro da Mooca se formaria de modo integrado aos bairros do Brás e do Cambuci, ambos formados predominantemente por imigrantes europeus. No entanto, com o desenvolvimento da indústria

automobilística na década de 1950 e com o plano de avenidas de Prestes Maia, a construção da Avenida Leste e da Avenida do Estado acarretaram em uma ruptura territorial entre os bairros. (FORTUNATO, 2016) A implantação das indústrias em áreas de ocupação dispersa ou praticamente desocupadas contribuiu para a definição do traçado urbano do bairro, como seu arruamento e definição dos principais acessos. Tal arquitetura industrial, muitas vezes, criava quarteirões repletos de indústrias e armazéns alinhados e sucessivos, presentes até os dias de hoje. A arquitetura industrial e sua técnica de construção adotada na cidade não varia muito entre si, os grandes edifícios que chegavam a ocupar quarteirões inteiros, geralmente eram construídos de alvenaria de tijolos aparentes e estrutura de ferro fundido ou aço. As coberturas, geralmente tinham estrutura metálica ou de madeira com sheds ou em duas águas sucessivamente repetidas lado a lado. A caixilharia era de ferro ou em poucos casos de madeira. (SEGETE, 2018, p. 25)

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Desta forma, a Mooca industrial compreende ao território consolidado ao longo do século XX que a partir da combinação de culturas diversas, estimulada pela convivência nos locais de trabalho e pelas relações de vizinhança, tornou possível a construção de uma identidade local e memória coletiva. No entanto, a região que por mais de um século teve sua vida impulsionada pela atividade industrial, hoje é composta por vastos lotes subutilizados devido aos processos de esvaziamento industrial ocorridos na década de 1960 e 1980, alvos da especulação imobiliária e que trazem a necessidade de se repensar esse território.

Com a perda da característica e vocação industrial, a região voltou-se para o uso residencial, principalmente pela sua proximidade com o centro da cidade e a oferta de empregos locais. Até o início dos anos 2000 o bairro ainda apresentava a sua característica horizontal do início da sua formação com alguns pontos de recente verticalização. Hoje em dia, a tentativa de controlar e direcionar essas mudanças está moldada pela delimitação de uma Operação Urbana na área.

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Figura 2 Mapa do pátio da Mooca, posterior a 1915, com a estação original, a rua Taubaté (hoje Borges de Figueiredo), a av. Bavaria (hoje av. Presidente Wilson), a rua da Estação (hoje rua Monsenhor João Felipo) e a Cervejaria Bavária, depois Antárctica. Fonte: http://www. estacoesferroviarias. com.br/m/mooca.htm Figura 3 Pátio da Mooca visto do viaduto São Carlos, 1950. Fonte: http://www. estacoesferroviarias. com.br/m/mooca.htm

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Análise do bairro

O distrito da Mooca localiza-se na zona lesta da cidade de São Paulo. A região está sob jurisdição da subprefeitura da Mooca, juntamente com os distritos do Brás, Pari, Água Rasa do Belém e do Tatuapé. Seus limites são: Avenida Alcântara Machado, Rua Patrimônio Mônaco, Rua Serra do Paracaima, Avenida do Estado, Rua da Figueira e a estrada de ferro. Segundo o censo demográfico do IBGE 2010, o distrito possui 75.724 habitantes e uma área aproximada de 7,7 km², resultando em uma densidade demográfica de 9.834 habitantes por km². Ainda segundo dados do censo (2010) a faixa etária com a maior população do setor era dos 30 aos 34 anos. A população infantil de 0 a 5 anos era de 1.692 crianças e a população com mais de 70 anos era de 1.564 idosos, em 2010. Em relação a trabalho, em 2010, de acordo com dados do Relatório de Impacto Ambiental da Operação Urbana Consorciada Mooca Vila Carioca, com relação a idade dos traba­ lhadores do setor observou-se que faixa etária predominante era entre 40 e 49 anos com 32.942 empregos, segui­ dos por aqueles que possuíam idade entre 50

e 64 anos (21.484 empregos), já a faixa entre 30 e 39 anos, ocupava o terceiro lugar com 20.741 empre­ gos, seguido por aqueles que têm entre 25 e 29 anos de idade (19.627 empregos formais). Um dos fatores que podem explicar a maior presença dos trabalhadores com faixas etárias mais eleva­das é a neces­sidade de mão de obra mais especializada, por­ tanto, com mais experiência para determinadas funções. A oferta de empregos na região é significativa, tornando o distrito uma centralidade importante para a zona leste, atraindo um grande número de pessoas para a área e a atenção do mercado imobiliário. De acordo com o censo (2010), a atividade industrial ainda é um setor importante em relação à oferta de postos de trabalho, empregando quase 39 mil trabalhadores. O setor de serviço ocupa o segundo lugar em número de empregos (34.696), enquanto o setor de comércio ocupa o terceiro lugar (27.135). Quanto à escolaridade, em 2010, 72,5% dos empregos eram ocupados por pessoas que tinham da 8ª série completa ao 2º grau completo; 14,1% ocupados por pessoas analfabetas ou

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que não chegaram a completar a 8ª série; e somente 12,9% eram ocupados por pessoas que cursam ou já haviam completado o ensino superior. Sobre o perfil econômico da população, segundo dados do censo (2010), a maioria das pessoas com 10 anos ou mais de idade constavam (5.601) na categoria “sem rendimento nominal mensal”. A segunda classe de rendimentos mais presente neste Setor com 4.011 pessoas detinham valores entre R$510,00 a R$1.020,00, seguida pela faixa de R$2.550,00 a R$5.100,00, rendimento de 2.321 pessoas. Com rendimento até R$510,00 estão 1.765 trabalhadores. Há, portanto uma demarcada desigualdade de renda tendo em vista que somente 268 pessoas apresentavam rendimento superior a R$10.200,00.

Em relação a equipamentos, o setor Mooca possui 13 equipamentos de educação; 2 equi­ pamentos de saúde, sendo um municipal e um privado; e 2 equipamentos de cul­ tura, esporte e lazer- o Espaço de Convivência da Mooca e o Estádio do Clube Atlético Juventus. Quanto a habitação, em 2010, o setor abrigava 7.250 domi­cílios. O uso neste setor é misto - “industrial, comercial e de serviços” e “residencial, comercial e de serviços” - com habitações e condomínios verticais. No período entre 2009 e 2012, foram contabilizados 19 lançamentos de edifí­cios comerciais e residenciais de 1, 2 ou 3 dor­ mitórios. Em relação à infraestrutura básica, em 2010 havia 7.248 domicílios (99,61%) ligados à rede geral de energia elétrica; 7.217 domicílios (99,54%) ligados à

Mapa 1 Taxa geométrica de crescimento anual Fonte: SMDU, Prefeitura do Município de São Paulo (2010)

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rede de água; 7.141 domicílios (98,49%) ligados à rede geral de esgotos; e 7.225 domicílios (99,65%) atendidos por algum tipo de serviço de coleta de lixo. No que diz respeito às questões ambientais, em 2011, a subprefeitura da Mooca foi considerada a pior em quantidade de área verde por habitante. A incidência dessas se dá principalmente em clubes privados e pequenas praças, sendo o Parque da Mooca sua ocorrência mais significativa. A região é uma das áreas mais quentes da cidade, devido aos efeitos das ilhas de calor. E, devido ao seu solo ser predominantemente impermeável, a área também apresenta problemas de drenagem.

vias coletoras, como a Rua da Mooca e a Avenida Paes de Barros. A área é atendida pela Linha 10 – Turquesa da CPTM com 3 estações na área (Tamanduateí, Ipiranga e Mooca), pelas estações Brás e Bresser da Linha 3 - Vermelha do Metrô e é servida por 36 linhas de ônibus metropolitanos e 135 linhas de ônibus municipais. Funcionando um corredor de ônibus na Av. Paes de Barros e o Expresso Tiradentes da Av. do Estado. Outros projetos de sistemas de transportes metroferroviários estão em fase de planejamento ou implantação e deverão aumentar ainda mais a oferta de transporte cole­tivo na região da Operação Urbana Consorciada e intensificar a atividade imobiliária.

A região apresenta boa disponibilidade de transporte público e abriga importantes

Mapa 2 Áreas de crescimento demográfico positivo Fonte: SMDU, Prefeitura do Município de São Paulo (2010) Mapa 3 Distribuição de emprego formal Fonte: SMDU, Prefeitura do Município de São Paulo (2012)

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Análise da área de intervenção

A área de análise situa-se na orla ferroviária, onde, atualmente, encontram-se alguns galpões industriais do início do século XX. Delimitada pelas ruas Monsenhor João Felipo, Borges de Figueiredo, pelo Viaduto São Carlos e pela Av. Presidente Wilson, compreendendo a uma área de 257.000 m², hoje o local abriga estacionamentos, armazéns e pequenas empresas. A história de um lugar não serve como modelo a ser copiado, mas como matriz que seja fonte dos códigos culturais da qual se pode extrair referências para construir os espaços do futuro. (MIRANDA, 2015, p. 78, apud SEGETE, 2018, p. 56)

Na busca de desenvolver um projeto arquitetônico, procura-se analisar a área delimitada e verificar as diretrizes urbanísticas sugeridas para o desenvolvimento de um projeto na área. Segundo o Plano Diretor Estratégico (PDE), o terreno do projeto está contido na Macroárea de Estruturação Metropolitana. De acordo com a Lei nº 16.402, de 22 de março de 2016, relativas ao parcelamento, uso e ocupação do solo, as áreas que vierem a ser tombadas por legislação municipal, estadual ou

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federal enquadram-se como ZEPEC (Zona Especial de Preservação Cultural). O Art. 21 da Lei de Zoneamento define as ZEPEC como porções do território destinadas à preservação, valorização e salvaguarda dos bens de valor histórico, artístico, arquitetônico, arqueológico e paisagístico, doravante definidos como patrimônio cultural, podendo se configurar como elementos construídos, edificações e suas respectivas áreas ou lotes; conjuntos arquitetônicos, sítios urbanos ou rurais; sítios arqueológicos, áreas indígenas, espaços públicos; templos religiosos, elementos paisagísticos; conjuntos urbanos, espaços e estruturas que dão suporte ao patrimônio imaterial e/ou a usos de valor socialmente atribuído. De acordo com o mapa zoneamento podemos ver que algumas áreas do terreno de estudo são enquadradas como ZEPEC-BIR (Bens imóveis representativos), que têm como objetivo preservar bens tombados e elementos construídos, edificações e suas respectivas áreas ou lotes com valor histórico, arquitetônico, paisagístico, artístico, arqueológico e cultural. Algumas

porções

do

terreno

do


Figura 4 Foto aérea perspectivada da área de intervenção. Fonte: Google Earth

projeto pertencem a ZOE – Zona de Ocupação Especial, que são porções do território destinadas a abrigar predominantemente atividades que, por suas características únicas necessitam disciplina especial de uso e ocupação do solo. Geralmente, esses obedecem aos mesmos parâmetros de ocupação dos lotes vizinhos, mas com algumas ressalvas. Neste caso, especificamente, as orientações são estabelecidas pela resolução de tombamento 14/ Conpresp/2007 dos galpões da Rua Borges de Figueiredo.

o Quadro 3 da Lei de Zoneamento (Lei nº 16.402/16), o Coeficiente de Aproveitamento (CA) mínimo para essa área é 0,3, o básico 1 e o máximo 2; a Taxa de Ocupação (TO) máximo é 0,7; e a Taxa de Permeabilidade mínima é de 25%.

Já o restante das áreas do terreno são pertencentes a Zona Mista. Segundo

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Zoneamento No mapa ao lado podemos ver o zoneamento determinado para a área, onde algumas porções do terreno do projeto pertencem a ZOE (Zona de Ocupação Especial) e o restante a ZM (Zona Mista).

Ru

ad

aM

ooc a

Também pode-se observar uma grande concentração de construções enquadradas como Bens Imóveis Representativos (BIR) – elementos construídos ou edifícios com valor histórico, arquitetônico, paisagístico, artístico, arqueológico e cultural para toda a comunidade. Legenda

BIR indicação ZM - zona mista ZC - zona de centralidade ZEU - zona eixo de estruturação da transformação urbana

R. Borges de Figueiredo

BIR - bens imóveis representativos

Av. Presidente Wilson

área de intervenção

ZOE - zona de ocupação especial ZEIS-3 - zona especial de interesse social ZPI - zona predominantemente industrial

Mapa 4 Zoneamento Fonte: elaborado pela autora

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Viaduto São Carlos


Gabarito das construções O mapa ao lado destaca as alturas das construções da quadra. A partir dele podemos observar a relação da construção industrial com a cidade.

Ru

ad

aM

ooc a

É possível perceber que a quadra possui uma paisagem bem homogênea, com grande parte dos edifícios não ultrapassando cinco pavimentos. Legenda área de intervenção 1 a 5 pavimentos 6 a 10 pavimentos 11 a 20 pavimentos

gabarito máximo de 30m

Mapa 5 Gabarito Fonte: elaborado pela autora

Av. Presidente Wilson

gabarito máximo de 25m

R. Borges de Figueiredo

mais de 20 pavimentos

Viaduto São Carlos

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Uso do solo Conhecida pelo seu passado industrial, podemos observar pelo mapa ao lado que essa caracteristica ainda predomina até os dias de hoje.

Ru

ad

aM

ooc a

Ao levantamos o uso do solo da área onde o projeto está inserido, percebemos que ela é marcada por um uso do solo basicamente industrial e de armazéns. O comércio encontra-se próximo as vias de maior fluxo, como a Rua da Mooca. Legenda área de intervenção indústria e armazéns comércio e serviços

institucional equipamentos públicos

Mapa 6 Zoneamento Fonte: elaborado pela autora

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R. Borges de Figueiredo

residencial vertical

Av. Presidente Wilson

residencial/ comércio e serviços

Viaduto São Carlos


Mobilidade No mapa a seguir estão demarcadas as vias estruturais mais próximas ao terreno do projeto, a Rua Mooca e a Av. Presidente Wilson, as vias coletoras e as vias locais.

Ru

ad

aM

ooc a

Estão destacadas também a linha férrea, a Estação Mooca-Juventus (que será realocada para a Rua da Mooca) e os pontos de ônibus que atendem o entorno.

R. Borges de Figueiredo

A região está confinada entre três grandes barreiras: pela ferrovia, pela Radial Leste e pela Av. do Estado. A ferrovia causa uma ruptura tanto na malha como na dinâmica urbana, fenômeno que é agravado pela presença das demais barreiras.

Av. Presidente Wilson

O transporte sobre rodas circula pela região somente como rotas alternativas, uma vez que algumas das principais vias, como Rua da Mooca e Rua dos Trihos, são de mão única.

Legenda

área de intervenção

vias estruturais

vias coletoras

vias locais

ferrovia

estação da cptm

ponto de ônibus

Mapa 7 Mobilidade Fonte: elaborado pela autora

Viaduto São Carlos

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Operação Urbana Consorciada

A Operação Urbana Consorciada caracteriza-se como uma proposta de desenvolvimento de um Plano Urbanístico Estratégico (PUE) para uma região do município de São Paulo, tendo como objetivo a transformação urbana desta região de modo planejado e ordenado, possibilitando a otimização da infraestrutura instalada, o adensamento populacional e a alteração de uso em áreas subutilizadas. Á área do projeto está englobada pela Operação Urbana Consorciada Mooca Vila Carioca (OUCMVC). A operação originou-se da chamada Operação Diagonal Sul, inicialmente determinada pelo Plano Diretor Estratégico de 2002. À OUCMVC, também se atribui o nome de Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí, denominação adotada nas publicações mais recentes. Totalizando 1.659 ha, o perímetro da OUCMVC faz parte da Macroárea de Estruturação Metropolitana do PDE de 2014 (Lei 16.050/2014) e ocupa parte dos territórios de quatro subprefeituras: Sé, Mooca, Ipiranga e Vila Prudente. Contudo, a área da operação e as diretrizes específicas são orientadas segundo a subdivisão do território em setores. São eles: Mooca, Cambuci,

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Ipiranga, Parque da Mooca, Henry Ford, Vila Prudente e Vila Carioca. Parcialmente englobado pelo setor da Mooca, o bairro da Mooca consiste no polo cultural a ser estabelecido na orla ferroviária e é vizinho a dois setores nos quais estão previstas novas estações de metrô e trem – a Estação São Carlos, no setor Cambuci e a Estação Parque da Mooca, no setor Henry Ford. O mapa a seguir, elaborado pela OUCMVC, ilustra as principais intervenções no setor da Mooca. Considerada como uma das áreas com maior potencial de transformação, estão previstas a instalação de atividades de abrangência regional a partir do polo cultural a ser estabelecido (áreas indicadas em roxo). Por ser neste setor que se encontram a maioria dos edifícios industriais tombados, o projeto da área está voltado principalmente para a proteção do patrimônio histórico e cultural, ao adensamento populacional, a consolidação da orla ferroviária como uma centralidade regional, a criação de um parque de areia às margens da ferrovia, melhorias no acesso e na mobilidade da região, implantação de novos equipamentos públicos e sistemas de drenagem e parques e áreas verdes


para recuperar áreas contaminadas pela indústria. Quanto a mobilidade urbana, a área possui importantes vias de ligação da cidade, como a Avenida do Estado, Avenida Professor Ignácio de Anhaia Melo e a Avenida Juntas Provisórias. Além de, também, contar com uma rede de vias locais em forma de “grid” para atender a própria região. A OUCMVC prevê a redistribuição dos fluxos da Avenida do Estado para outras vias locais, de modo a desafogar o trânsito e a realocação da estação da Mooca, hoje localizada entre o Antigo Armazém da São Paulo Railway e as Antigas Oficinas Casa Vanorden, para a Rua da Mooca.

tombados para restauro e reconversão de usos, em especial para atividades relacionadas à economia criativa, ao controle de gabarito dos novos empreendimentos junto a possibilidade de transferência de potencial construtivo para lotes tombados e o desenvolvimento de projetos urbanos para valorizar os bens tombados.

Figura 5 Projeto de Intervenção Urbana presente no projeto de Lei nº 723/2015.

Em relação a preservação do patrimônio, a OUCMVC define que 4% dos recursos da OUC são destinados a preservação de bens tombados, a aquisição de imóveis

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Resolução de tombamento 14/2007

O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) considera o conjunto arquitetônico ao longo da Rua Borges de Figueiredo e Avenida Presidente Wilson, um conjunto de importância histórica e urbanística devido ao significativo testemunho do parcelamento e ocupação original daquela área do bairro da Mooca, entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX. A resolução faz parte de um conjunto de medidas que visam a preservação e a recuperação da antiga linha ferroviária da São Paulo Railway, bem como das instalações industriais e armazéns de matérias primas e mercadorias no processo de industrialização e para a conformação do bairro da Mooca. Considera-se que o patrimônio industrial além de ser um registro significativo das transformações geradas pela industrialização, também são testemunhos das técnicas construtivas e dos processos produtivos dos primórdios da industrialização paulista. (CONPRESP, 2007)

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Considerando os imóveis enquadrados como ZEPEC, o Conpresp define para cada imóvel resoluções específicas. Também limita o gabarito máximo permitido para novas construções, reformas ou ampliações dentro dos limites dos lotes tombados em 25 metros de altura. Quanto aos edifícios do entorno imediato, estes não podem exceder de 30 metros de altura. Qualquer projeto ou intervenção dos lotes tombados, sendo ele de reforma, construção, demolição ou ampliação, deverá ser submetido ao DPH e aprovado pelo Conpresp.

Figura 6 Mapa referente a resolução 14/2007 de tombamento. Fonte: DPH


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Edificações significativas dentro da área de intervenção

H A

G B

C

D

E

F

Figura 7 Foto aérea da área de intervenção. Fonte: Google Earth

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Figura 8 A) Antigas Oficinas Casa Vanorden Fonte: Google Earth Figura 9 B) Conjunto Grandes Moinhos Minetti Gamba Fonte: Google Earth Figura 10 C) Remanescentes das Indústrias Matarazzo Foto: Priscila Alkimin

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Figura 11 D) Conjunto de galpões e armazéns Fonte: Google Earth Figura 12 E) Conjunto de depósitos para café (CEAGESP) Fonte: Google Earth Figura 13 F) Conjunto Sociedade Técnica Bremensis e Schmidt Trost Fonte: nelsonfsouza arquitetura.com.br Figura 14 G) Conjunto de armazéns da antiga São Paulo Railway Foto: Gabriela Gatti Figura 15 H) Companhia Antárctica Fonte: www.flickr. com/mlsirac

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3. Conceituação


Referencial teórico

Os referenciais teóricos foram definidos por meio de pesquisas e leituras acerca dos seguintes conceitos: a) Patrimônio industrial; b) Economia criativa; c) O bairro da Mooca como território industrial. A escolha da Dra. Angela Rosch Rodrigues para o embasamento sobre o conceito de patrimônio industrial se justifica pela sua experiência na área de arquitetura e urbanismo com ênfase em patrimônio histórico e preservação de bens culturais, atuando principalmente nos seguintes temas: preservação, ruínas, bens culturais e patrimônio industrial. Os conceitos apresentados na dissertação “Estudo do patrimônio industrial com uso fabril na cidade de São Paulo” e no artigo “Patrimônio industrial e instrumentos urbanos na cidade de São Paulo” foram fundamentais para o entendimento do que são patrimônios industriais e suas delimitações, o papel dos órgãos de preservação e como preservar esse legado. Rodrigues também faz referência à questão do uso, que em muitos momentos, é citado como importante ferramenta para assegurar a vitalidade do patrimônio.

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Para o entendimento da importância da economia criativa para as cidades, foi analisada a tese de doutorado “Cidades Criativas: análise de um conceito em formação e da pertinência de sua aplicação à cidade de São Paulo” da urbanista e economista Ana Carla Fonseca Reis. A autora estuda os principais conceitos e fatores que caracterizam uma cidade criativa e explora a importância de se investir na criatividade das pessoas como uma possibilidade para alavancar a economia. Reis apresenta uma experimentação de sua aplicabilidade e uma análise prática da aderência desse conceito na cidade de São Paulo, que serviu de base para um estudo prévio de requisitos e características que o local deve atender para se implantar este tipo de economia e os fatores que precisam ser resolvidos para adequar a região. Para estabelecer um diagnóstico sobre o bairro da Mooca foi utilizado como referência o livro “A leste do centro – territórios do urbanismo” das urbanistas Regina Meyer e Marta Grostein. A obra consiste em um estudo realizado sobre a região do Vetor Leste Centro, que abriga os bairros da Mooca, Brás, Glicério e Pari e tem como objetivo propor melhorias


Figura 16 Trem na estação da Mooca e antiga fábroca da Antárctica ao fundo, 2015. Foto: Priscila Alkimin

para a região central da capital paulista. O livro, além de apresentar os problemas atuais da região, também explica os fatores de expansão da cidade para o leste, como a instalação da ferrovia e de suas estações na região da várzea, o esvaziamento populacional e as transformações urbanas dos

bairros centrais. Busca-se entender a formação e as transformações do bairro da Mooca, analisando seu estado atual, condicionantes e deficiências para, assim, estabelecer estratégias de intervenção e utilizar a arquitetura como suporte para transmitir a cultura histórica local e a identidade do bairro.

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Referencial projetual

Os estudos de caso foram selecionados devido ao seu grau de identificação e relação com o tema proposto. Foram escolhidos projetos que tratam de intervenções em edifícios industriais e que tem o propósito de requalificar uma determinada área. As referências serviram de apoio e reflexão para a elaboração do partido arquitetônico, escolha dos materiais e técnicas construtivas e definição do programa arquitetônico.

Sesc Pompéia Arquiteto: Lina Bo Bardi Localização: Rua Clélia, 93 - Barra Funda, São Paulo - SP, Brasil Ano do projeto: 1986 O local onde o Sesc Pompéia está inserido é, em sua origem, uma fábrica, construída por volta de 1938 pela firma alemã Mauser & Cia Ltda. Em 1971, o terreno foi adquirido pelo Sesc como parte de um plano de trabalho criado pelo Sesc entre 1969 e 1974 que tinha como proposta a criação de diversos centros culturais e esportivos no Estado de São Paulo.

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O projeto, constituído espacialmente por galpões, distribuídos de forma semelhante a projetos ingleses característicos do período inicial do século XX, possui parede em alvenaria de tijolos aparentes com estrutura de ferro e concreto e sheds para iluminação zenital. A primeira proposta arquitetônica para o complexo consistia em demolir os galpões para a criação de um edifício novo. No entanto, devido a questões financeiras o projeto não foi executado. Posteriormente, a arquiteta Lina Bo Bardi é convidada a criar um novo projeto, com a premissa de reutilizar o edifício. A primeira etapa, finalizada em 1982, constituiu na recuperação estrutural e readequação da antiga fábrica para o novo programa. Já a segunda etapa, se deu pela inauguração do bloco esportivo em 1986, formado por duas torres de concreto ligadas por 8 passarelas. Os dois edifícios são interligados por um eixo de circulação que remete às antigas vilas operárias de São Paulo. As técnicas utilizadas na restauração do SESC Pompéia, como a libertação das paredes internas nos espaços comuns, o


Figura 17 Sesc Pompéia atualmente Fonte: http:// infoartsp.com.br/ guia/museus-einstituicoes/sescpompeia/ Figura 18 Área de leitura Fonte: http:// infoartsp.com.br/ guia/museus-einstituicoes/sescpompeia/

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19 Figura 19 Rua interna e preexistência Fonte: https:// universes.art/de/ sesc-videobrasil/

descascamento das paredes de alvenaria dos galpões e a criação de um pátio interno que conecte o edifício antigo e o novo, apresentam-se como referências consideradas a serem aplicadas no projeto. Outro aspecto a se considerar no projeto de Lina é a valorização nacional nos ambientes: “aplicações de

azulejos artesanais cariocas, tapeçarias feitas por tecedeiras do Triângulo Mineiro e mobiliários inspirados em brinquedos populares da Bahia, por exemplo, são elementos que assumem uma importância cultural significativa”, coloca Fuck (2016, p. 11).

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Figura 20 Planta Figura 21 Corte bloco esportivo Figura 22 Elevação bloco esportivo 21

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Figura 23 Elevação rua interna Fonte: https://www. archdaily.com.br/01153205/classicosda-arquitetura-sescpompeia-slash-lina-bobardi


Station F (la halle freyssinet) Arquiteto: Wilmotte & Associés Localização: 5 Parvis Alan Turing, 75013 - Paris, França Ano do projeto: 2017 La Halle Freyssinet é um testemunho da atividade ferroviária na região de Paris Rive Gauche. Projetado em 1927, pelo engenheiro Eugene Freyssinet, para abrigar um centro de transbordo para trens e caminhões, o edifício, de 310 metros de comprimento e 58 metros de largura, é composto por três naves paralelas, amplas janelas e finos arcos de concreto que chegam a ter 5 cm de espessura. Desde 2001, a cidade de Paris esteve empenhada na preservação e reutilização do edifício para transformá-lo em um local aberto para os parisienses. Mas, somente em 2012, foi aprovada a construção do projeto de Jean-Michel Wilmotte, que consiste na readequação do galpão dos anos 20 para abrigar cerca de 1000 startups e se tornar a maior incubadora do mundo. Em seu projeto, Wilmotte subdivide o edifício em três partes distintas: a parte frontal consiste em um fórum para encontro e compartilhamento de habilidades e tecnologias, contendo um fablab e um auditório aberto com 370 lugares e salas de reunião. O setor central é destinado ao espaço de trabalho das startups, que transforma

a nave em um espaço comunitário multifuncional de planta livre, abrigando também espaços de apoio à incubadoras e 24 “vilas”, distribuídas pelos mezaninos laterais que abrigam espaços servidores, como copas, salas de vídeo conferência e salas de reunião. A última parte contém um restaurante com funcionamento 24 horas aberto ao público e um terraço aberto para o jardim do projeto. O programa desenvolve-se praticamente sem fechamentos internos e possui duas circulações principais que cruzam o salão longitudinalmente. Essa passagem atua como uma vitrine para as empresas, promovendo o intercâmbio e o encontro entre elas. Além de contribuir para a definição do programa arquitetônico, as características deste projeto que se apresentam como referência para a concepção do projeto são a distribuição de usos e ambientes diversos ao longo de um espaço aberto com o mínimo de divisões internas, que buscam propiciar o encontro de pessoas através de sua arquitetura, concentrando espaços comuns ao longo da circulação.

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27

25

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29 Figura 24 Planta térre e 1º pavimento Figura 25 Perspectiva externa Figura 26 Perspectiva interna Figura 27 Espaço multiuso Figura 28 Espaço coworking Figura 29 Salas compartilhadas

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Figura 30 Corte Fonte: https://archi. ru/world/77305/otzheleznodorozhnykhgruzov-k-kreativnoiindustrii

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Pavillon de France Arquiteto: SOA Architectes Localização: World Expo 2015 - Milão, Itália Ano do projeto: 2014 (concurso) O projeto do Pavilhão da França para a World Expo 2015 em Milão visa combinar agricultura e arquitetura, criando, com leveza, um diálogo entre exterior e interior. O pavilhão busca, através de sua forma, relatar a história das construções agrícolas e os modos de ocupação dos campos franceses. Para os arquitetos, essa “arquitetura” enfatiza o retorno de uma “agricultura habitada”. Seu desenho intencionalmente técnico, como colocam os autores, retratam a origem da fazenda camponesa: uma

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casa de fazenda emblemática, onde o local de trabalho, a habitação e comércio ocupam o mesmo espaço. O edifício combina dois métodos construtivos, fazendo com que a madeira dos pisos interajam com a tecnologia das estufas garantindo a regulação térmica do edifício pelo seu “envelope” inteligente. Os caixilhos de vidro se adaptam conforme o clima e as estações do ano. Abrindo-se à frescura do vento, fechando para aproveitar o clima ou implementando os panos de vidro para proteger o sol. O Pavilhão da França, por meio de um jogo sutil de transparências, procura uma possível reconciliação entre a natureza e a indústria agrícola.

Figura 31 Perspectiva externa Fonte: https://www. soa-architectes.fr/fr/ architecture/project/ pavillon-de-france


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34 Figura 32 Plantas Figura 33 Perspectiva externa Figura 34 Elevação

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Figura 35 Corte Fonte: https://www. soa-architectes.fr/fr/ architecture/project/ pavillon-de-france

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Rockmagneten Arquiteto: Transform Localização: Roskilde, Dinamarca Ano do projeto: 2011 (concurso) Construído no lugar de uma antiga fábrica de concreto, Musicon será a nova área criativa em Roskilde. Um bairro vibrante, compacto e diversificado, desenvolvido com uma relação estreita ao passado industrial da região, como colocam os arquitetos. O Rockmagneten é constituído por 3 prédios: o Danish Rock Museum, o Roskilde Festival Folkschool e o The Roskilde Festival Headquarters, juntos compartilham a Public Community House. A ideia é que a área se torne um espaço para o imprevisível, integrando eventos temporários e flexíveis. Acreditamos que “o novo” começa com o existente e percebemos a atribuição como uma “atribuição de extensão”. Do existente, temos a ideia de uma estrutura urbana robusta e flexível e definimos a escala futura da área, as novas zonas climáticas e a hierarquia dos espaços públicos. (DIVISARE, 2011)

A Public Community House, por estar na rua principal já existente, Rabalderstræde, deve atrair o público mais ativo da vizinhança. Já o Danish Rock Museum, o Roskilde Festival Folkschool e o The Roskilde Festival Headquarters estão localizados na

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parte oriental da área. Na área oeste os edifícios industriais existentes serão preservados, podendo abrigar diversos programas, como galerias, oficinas, estúdios etc.

Figura 36 Perspectiva externa

O New Rock Museum foi projetado de acordo com as características industriais do bairro, relacionando o íntimo e imediato com o surpreendente e monumental. O Roskilde Festival Folkschool é uma escola ativa e urbana com atividades 24 horas por dia, relacionadas a música, comunicação e artes. A ideia é criar uma escola que permita que a escola e o aluno participem de seu ambiente e se com seus vizinhos imediatos - Musicon, ROCKmagneten/ Rabalderstræde - e com o átrio central unificador do edifício, servindo como um “mixer” social e profissional da escola.

Figura 40 Corte Fonte: https:// divisare.com/ projects/179897transformwingardhsrockmagneten

Figura 37 Perspectiva interna Figura 38 e 39 Maquete


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4. Proposição


Figura 41 Fachada tombada, Ăşnico remanescente das Antigas IndĂşstrias Matarazzo Foto: Priscila Alkimin

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Partido

De modo a requalificar a orla ferroviária da região da Mooca, o projeto tem a proposta de articular os territórios remanescentes do processo de desindustrialização, os conjuntos industriais subutilizados, os edifícios propostos e as futuras intervenções delimitadas pela Operação Urbana através da recuperação física e da reconversão funcional desses espaços, com o objetivo de resgatar sua memória fabril, de forma a incentivar sua preservação e transmitir a cultura histórica local e a identidade do bairro. Assim como, reabilitar áreas ociosas, promover novos pontos de encontro e convivência e oferecer um espaço requalificado à cidade.

Foram utilizados como parâmetros de projeto a Lei de Zoneamento (Lei nº 16.402/16), analisada anteriormente, e a resolução de tombamento 14/2007 do Conpresp, que delimita o gabarito máximo de 25 metros de altura para os projetos novos dentro da quadra. Por se tratar de um projeto que envolve patrimônios industriais tombados, além das leis já citadas, foram analisadas as Cartas patrimoniais - Carta de Veneza (1964) e Carta de Nizhny Tagil (2003) - e as normas relacionadas às edificações históricas e industriais.

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Visando a potencialidade cultural da área de estudo, o projeto apropria-se de duas quadras paralelas a ferrovia para instaurar uma escola voltada à economia criativa junto a uma incubadora de empresas, um edifício ponte que abriga serviços de atendimento e conecta as duas quadras, e um complexo cultural e de lazer contendo restaurante, espaço multiuso, salas de ensaio, espaço recreativo, piscina, quadras, espaço expositivo, ginástica e uma série de espaços abertos que além de conectarem os edifícios e criarem eixos visuais que

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valorizam o patrimônio, também trazem vitalidade para a área e amenizam os efeitos da ilha de calor. Buscando garantir a densidade dos usos e o convívio das diferentes atividades que compõem o programa, assim como a reestruturação morfológica da quadra, o projeto atentou-se não só na na adequação tipológica, como também na adequação volumétrica dos edifícios propostos. Foram preservados um total de 7 conjuntos industriais, tombados pelo

complexo cultural e de lazer

REMANESCENTES DAS INDÚSTRIAS MATARAZZO

preservar

CONJUNTO DE GALPÕES E ARMAZÉNS

preservar

CONJUNTO DE DEPÓSITOS PARA CAFÉ (CEAGESP)

preservar

CONJUNTO SOCIEDADE BREMENSIS E SCHMIDT TROST

Programa


Conpresp. Para estes, foram atribuídos novos usos conforme proposto pela OUCMVC: complexo de cinemas e teatros, espaço para eventos e gastronomia, biblioteca, parque e museu aberto. Além dos edifícios existentes, alguns galpões e construções irregulares foram demolidas para dar lugar a novas edificações e espaços públicos.

ANTARCTICA PAULISTA

complexo de cinemas e teatros

centro da indústria criativa

CASA VANORDEN

eventos e gastronomia

MOINHO MINETTI GAMBA

biblioteca

ARMAZÉM SÃO PAULO RAILWAY

serviços de atendimento

EDIFÍCIO PONTE

faculdade das américas (FAM)

GRANDES MOINHO MINETTI GAMBA

museu aberto da ferrovia

PARQUE PORTO DE AREIA

Figura 42 Isométrica Fonte: elaborado pela autora

Legenda edifícios propostos edifícios existentes

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Legenda demolições propostas

Situação atual Implantação

N 0

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50

100

200 m


Legenda edifícios propostos edifícios existentes

Situação proposta Implantação

N 0

50

100

200 m

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Edifícios propostos

Centro da Indústria Criativa Uma vez que a mudança no paradigma produtivo ocasionou a deterioração de áreas devido a obsolescência de determinada atividade econômica, pretende-se, justamente, recuperar o território a partir de uma produção condizente à realidade contemporânea, através da economia criativa. Dessa forma, para o terreno localizado na esquina entre as ruas Borges de Figueiredo e Monsenhor João Felipo foi projetado uma escola voltada à economia criativa junto a uma incubadora de empresas, como possível estratégia para reabilitação e desenvolvimento econômico da região. No mesmo terreno encontra-se o edifício industrial Casa Vanorden que compõe o Centro da Indústria Criativa. Fundada no início do século XX para abrigar uma das primeiras gráficas da cidade, a Sociedade Anônima Casa Vanorden, produzia materiais para órgãos públicos e para as ferrovias. O conjunto projetado em 1909 pelo arquiteto Jorge Krug era composto por uma edificação assobradada, onde se instalava a administração da tipografia, e uma sequência de 10 galpões com

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aproximadamente 6,5 metros de altura e uma modulação demarcada na fachada de 4,5 metros, nos quais os materiais gráficos eram produzidos. Em 1911, o edifício foi ampliado e a fachada do sobrado da rua Borges de Figueiredo passou de 4,5 metros para 13,50 metros. Além disso, a sequência de galpões passou de 10 para 17. Em 2007, esse e outros remanescentes industriais da rua Borges de Figueiredo foram tombados pelo Conpresp. Hoje o edifício tombado é, junto a outros dois galpões não incluídos no tombamento, usado provisoriamente como um estacionamento e locadora para veículos de carga. A implantação do novo edifício se dá basicamente em dois blocos que formam um L, ligados por uma laje que abriga o terraço e serve como elemento de ligação entre o edifício proposto e a preexistência através de um pergolado e pelas diferenças de níveis do auditório. Através desta configuração, obtémse o vazio central na quadra do qual é possível contemplar o edifício tombado e o novo sem obstáculos visuais.


Figura 43 Planta de localização Fonte: elaborado pela autora

O recuo do novo edifício em relação a calçada segue com a mesma distância que os recuos da preexistência, e os pés direitos foram projetados baseados nos pés direitos da Casa Vanorden para que as duas fachadas possam dialogar e atuar como uma única unidade. Os acessos foram locados na intenção de possibilitar diferentes passagens para quem se desloca pela quadra ou à estação de trem. Assim, foi criado mais um acesso pelo galpão preexistente e uma passagem pela lateral do terreno que une os dois edifícios. O térreo livre do novo edifício se transforma em uma grande praça ao ligar dois lados do terreno com o vazio dos Grandes Moinhos Minetti Gamba e a ferrovia, facilitando os acessos, o fluxo e a permeabilidade visual. Quanto a distribuição dos usos, decidiuse criar uma escala gradativa que vai dos espaços públicos aos privados. No térreo do novo edifício encontramse os espaços públicos de eventos e convívio, como as lojas, restaurante, espaço multiuso e uma praça interna. O primeiro andar abriga os espaços de produção, como os laboratórios, fablab, espaço multimídia, espaço expositivo e o auditório. E, o segundo andar comporta

os espaços destinados a ensino e pesquisa, são eles: as salas de aula, sala de desenho, ateliê de costura, estúdio fotográfico e a biblioteca. Já para o edifício existente definiu-se que este deveria abrigar aquilo que abrigou em sua origem: a administração e a produção. O sobrado abriga os setores administrativos, como secretaria, coordenação, sala dos professores, administração e área para funcionários. E os galpões abrigam as áreas de produção relacionadas a incubadora, como o espaço de coworking, módulos para empresas, assessoria, salas de reunião, copa, espaço de descompressão e convivência. A circulação interna do edifício proposto é feita por passarelas ora transversais, ora longitudinais que conformam um vazio no eixo central gerando permeabilidade visual de todo o edifício. Visando racionalizar a construção, o módulo adotado no edifício é de 1,25 metros, com seus múltiplos e submúltiplos. A estrutura proposta para o novo edifício é mista, obedecendo vãos de 7,5 x 10 metros, com pilares metálicos e laje em concreto. O novo edifício reproduz os sheds

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industriais do galpão existente aproveitando-se de seu formato para abrigar painéis solares e sistema de captação de água de chuva, assim como oferecer iluminação e ventilação natural. Em seu interior, tanto na parte preexistente como na nova, há poucas divisórias internas, sendo estas principalmente compostas por vidro e drywall. Quanto a materialidade e estrutura do conjunto tombado, estas foram preservadas e não sofreram modificações. Na cobertura, foi utilizada telha termo-acústica metálica. Este tipo de telha possui baixa condutividade térmica, gerando maior conforto térmico e acústico ao edifício. Os fechamentos são feitos essencialmente por placas de policarbonato que trazem transparência e leveza a edificação. PROGRAMA DE NECESSIDADES Setor

Área

Público

5810 m²

Privado

1676 m²

Circulação Área construída

575 m² 7761 m²

C.A (min 0,30 máx 2)

0,91

T.O (máx 0,70)

0,52

Permeabilidade (0,25)

0,25 - 2128m²

Pré existência

1800 m²

Área total do lote

8515 m² Figura 44 Vista Casa Vanorden Figura 45 Vista Centro da Indústria Criativa a partir do centro da quadra Fonte: elaborado pela autora

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45 57


elevação 01

elevação 03

elevação 02 1. Secretária e recepção 2. Coordenação 3. Sala dos professores 4. Sala de reunião 5. Módulo para empresa 6. Acessoria 7. Coworking 8. Espaço de descompressão 9. Copa 10. Depósito 11. Loja 12. Restaurante 13. Ateliê colaborativo de criação 14. Espaço multiuso

Planta Térreo

N 0

5

10

20 m

elevação 01

elevação 03

elevação 02

1. Administração 2. Área para funcionários 3. Área de convivência 4. Auditório 5. Foyer/ espaço expositivo 6. Espaço multimídia 7. Fablab 8. Laboratório 9. Depósito

Planta 1º pavimento

N 0

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5

10

20 m


elevação 01

elevação 03

elevação 02

1. Estúdio fotográfico 2. Área técnica 3. Biblioteca 4. Sala de aula 5. Ateliê de costura 6. Sala de desenho 7. Terraço

Planta 2º pavimento

N 0

5

10

20 m

Corte AA 0

5

10

20 m

Corte BB 0

5

10

20 m

Corte CC 0

5

10

20 m

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Elevação 01 0

5

10

20 m

Elevação 02 0

5

10

20 m

Elevação 03 0

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5

10

20 m


Corte setorial 1:100

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Edifício ponte No lugar de um galpão não tombado remanescente na área de intervenção, projeta-se um edifício ponte com a função de abrigar serviços de atendimento. O programa do edifício aparece como uma alternativa coringa as demandas existentes na região, que carece de equipamentos públicos em diversas áreas, como a dos serviços públicos. Além da inserção de um programa de serviços que a região atualmente não dispõem, objetiva-se, também,

proporcionar a transposição entre os dois territórios segregados pela linha férrea. Dessa forma, o edifício conta com três formas de acesso: pelo térreo localizado na Rua Borges de Figueiredo, que se abre totalmente por meio de painéis pivotantes, pelo Parque Porto de Areia, através do bloco de circulação vertical e pelo armazém da São Paulo Railway que abriga uma biblioteca.

Figura 46 Vista do edifício ponte do Parque Porto de Areia Fonte: elaborado pela autora

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Figura 47 Planta de localização Fonte: elaborado pela autora

O térreo se mantém livre abrigando um espaço para comércio e um espaço livre que pode ser utilizado para eventos e convívio, promovendo a integração com o restante da quadra propiciando novas maneiras de se usufruir do espaço. No primeiro andar encontra-se a recepção, área de atendimento, gerência e salas de reunião. O segundo andar abriga mais uma área de atendimento, administração, espaço para funcionários e a transposição, que conta com lojas e áreas de convivência com vista para a ferrovia. Os sanitários, elevadores e escadas de emergência formam um bloco estrutural, assim como as caixas de escada e elevadores que possibilitam a transposição. Mantendo a unidade dos edifícios, os pés direitos foram projetados baseados nos pés direitos da Casa Vanorden e do Centro da Indústria Criativa. Assim, a altura da transposição ocorre a 10 metros da linha férrea, obedecendo, também, a altura mínima para construções sob ferrovias. Pensando no fluxo diário de pessoas e na necessidade de vencer pés direitos altos, adota-se escadas rolantes projetadas no centro do edifício para facilitar o deslocamento de quem apenas por ali transita.

A forma da cobertura do edifício segue como referência as coberturas de outros edifícios industriais da região. Os fechamento são feitos em sua maioria por caixilhos de vidro, paredes de alvenaria sem revestimento no bloco estrutural do edifício e chapas metálicas nos blocos de circulação vertical da transposição. O módulo adotado no edifício é de 1,25 metros, com seus múltiplos e submúltiplos. A estrutura proposta é metálica, com vãos de 6,25 x 10 metros e 10 x 10 metros. Já a parte que transpõe a linha férrea é composta por vigas Vierendeel de 5 x 5 metros recuadas da caixilharia. PROGRAMA DE NECESSIDADES Setor

Área

Público

1770 m²

Privado

495 m²

Circulação

1951 m²

Área construída

4216 m²

C.A (min 0,30 máx 2) T.O (máx 0,70) Permeabilidade (0,25) Área total do lote

1,3 0,68 0,27 - 885m² 3245 m²

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1. Térreo livre 2. Loja

Planta Térreo

N 0

5

10

20 m

1. Recepção 2. Atendimento 3. Gerência 4. Sala de reunião

Planta 1º pavimento

N 0

5

10

20 m

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1. Atendimento 2. Administração 3. Área funcionários 4. Lojas

Planta 2º pavimento

N 0

5

10

20 m

10

20 m

Corte DD 0

5

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Figura 48 Perspectiva interna do edifĂ­cio ponte Fonte: elaborado pela autora

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Complexo Cultural e de Lazer Localizado no terreno remanescente das Fábricas Matarazzo, o programa atribuído para este edifício foi pensado para servir de apoio a Praça Porto de Areia. Portanto, propõe-se criar um Complexo Cultural e de Lazer, que tem seu programa explodido num total de 8 edifícios. Para a distribuição dos usos, decidiuse criar uma escala gradativa que vai dos espaços culturais e de lazer aos esportivos. Estes se encontram mais afastados da faculdade por abrigarem atividades que produzem mais ruídos. públicos aos privados. O programa é composto por (do sentido norte ao sul): restaurante, pátio, galpão multiuso, galeria, salas de ensaio, espaço recreativo infantil e adulto, piscina, espaço para ginástica, ginásio e quadra society.

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No terreno encontram-se algumas fachadas industriais tombadas, único remanescente da antiga Fábrica Matarazzo na Rua Borges de Figueiredo, que foram preservadas no projeto. Essas deram origem às diretrizes de ocupação do terreno, servindo como base para alinhamentos e criação de aberturas, como a do pátio rebaixado que serve como espaço de permanência e de apresentações, tendo como fundo o patrimônio e a ferrovia. Os novos edifícios tem como gabarito máximo 10 metros, igual as fachadas remanescentes, de forma a não sobrepor o patrimônio. As coberturas dos novos edifícios fazem uma releitura contemporânea das antigas coberturas dos galpões industriais. Essas são recobertas por chapas metálicas que se estendem até as fachadas do edifício onde se

Figura 49 Vista do complexo cultural e de lazer Fonte: elaborado pela autora


Figura 50 Planta de localização Fonte: elaborado pela autora

concentram as aberturas. Os caixilhos possuem diferentes dimensões e peitoris, seguindo a modulação de 0,625 metros. Para vencer grandes vãos, a estrutura proposta é metálica com vigas treliçadas. Assim como nos demais edifícios propostos, a modulação é de 1,25 metros, com seus múltiplos e submúltiplos. A estrutura fica recuada dos fechamentos em painéis de vidro, assim como o forro, criando a ilusão de que estes estão “soltos” do edifício.

PROGRAMA DE NECESSIDADES Setor

Área

Público

7736 m²

Privado

155 m²

Circulação Área construída

2794 m² 10685 m²

C.A (min 0,30 máx 2)

0,34

T.O (máx 0,70)

0,34

Permeabilidade (0,25) Área total do lote

0,28 - 8689m² 30988 m²

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1. Restaurante 2. Pátio 3. Galpão multiuso 4. Galeria 5. Salas de ensaio 6. Espaço recreativo 7. Piscina 8. Sala de ginástica 9. Ginásio 10. Quadra society

Planta Térreo

N 0 5 10

20 m

Corte EE 0 5 10

20 m

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Praças e áreas de intervenção Os espaços abertos que configuram pequenas praças entre os edifícios propostos e os conjuntos industriais preservados foram pensados de modo que fosse possível traçar diferentes

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percursos para se chegar aos diversos edifícios e que criassem eixos visuais que valorizassem os patrimônios. O desenho do piso se mantém por toda a extensão da área de intervenção do

Figura 51 Vista do pátio do complexo cultural e de lazer Fonte: elaborado pela autora


projeto, sendo o elemento unificador de todas as intervenções e preexistências, também abrigando áreas verdes, necessárias para amenizar os efeitos da ilha de calor, ajudar na drenagem e a recuperar áreas contaminadas

pela indústria. O desenho angular faz referência aos ângulos das coberturas presentes nos galpões e em outros elementos dos projetos.

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5. Consideraçþes finais


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Considerações finais

De início, o interesse em estudar novas formas de ressignificar os patrimônios industriais da cidade de São Paulo se restringia apenas à escala do edifício. Entretanto, ao longo do processo de análise da área, percebeu-se que não seria possível abordar a questão do patrimônio industrial sem deixar de tratar também as questões urbanas. Dessa forma, este trabalho foi direcionado para uma perspectiva não imaginada antes, mas nem por isso foi deixado de lado a questão principal desejada desde o início: salvaguardar o patrimônio industrial por meio da recuperação física e da reconversão funcional. Essa pesquisa constituiu num esforço de reflexão acerca da importância dos edifícios fabris como elementos de valor histórico e documental do desenvolvimento da cidade de São Paulo e, mais especificamente, do bairro da

Mooca. Resultando não somente no estudo de um bairro na perspectiva do patrimônio, mas abrindo espaço para questionamentos sobre as atuais práticas de regeneração do território. Nesse processo, o projeto procurou a todo o momento articular a escala do edifício a escala da cidade, de modo a transformar e valorizar a área com a proposição de novos usos compatíveis com a dinâmica contemporânea do bairro, a fim de reconfigurar o espaço urbano e requalificar a orla ferroviária. Na tentativa de realizar um trabalho acadêmico interdisciplinar, que pudesse abranger diversos campos que foram estudados durante o período da graduação, tais como os da preservação, do patrimônio industrial, da estrutura e do urbanismo, este trabalho pode trazer à tona questões de diferentes naturezas e, dentro dos limites da arquitetura, propor possíveis soluções a elas.

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6. ReferĂŞncias


Referências

CARTA DE VENEZA. Carta Internacional sobre Conservação e Restauração de Monumentos e Sítios. II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos. Veneza, 1964. Disponível em: <http://portal. iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/ Carta%20de%20Veneza%201964.pdf> Acesso em: 22/02/2018. FORTUNATO, Aline. O patrimônio industrial da Mooca. FAUUSP: São Paulo, 2016. FUCK, Elisa. Reapropriação do espaço público em Joinville: restauro e requalificação da Cidadela Cultural Antarctica e Parque das Águas. Centro Universitário Católica de Santa Catarina: Santa Catarina, 2016. DIVISARE. Rockmagneten. 2011. Disponível em: <https://divisare.com/ projects/179897-transform-wingardhsrockmagneten>. Acesso em: 10/09/2018. LEITE, Carlos. Cidades Sustentáveis, Cidades Inteligentes: Desenvolvimento Sustentável Num Planeta Urbano. São Paulo: Bookman, 2012. MEYER, Regina Maria Prosperi; GROSTEIN, Marta Dora. A leste do centro: territórios do urbanismo. São

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Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010. OLIVEIRA, Liana Paula Perez de. A capacidade de dizer não: Lina Bo Bardi e a fábrica da Pompéia. Dissertação de Mestrado. São Paulo. Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2007.

SÃO PAULO, SMC/CONPRESP. Lei nº 10.032, de 27 de dezembro de 1985, alterada pela lei 10.236 de 16 de dezembro de 1986, Resolução 14 de 2007. Disponível em: <https://www.prefeitura. sp.gov.br/cidade/upload/8b69c_14_T_ Galpoes_da_Mooca.pdf> Acesso em: 14/04/2018.

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