Seminário UMADI - 2017

Page 1

SEMINÁRIO

UMADI 2017 A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO

União da Mocidade das Assembleias de Deus de Itajaí


ÍNDICE 01. Apresentação 02. (Ir)relevância 07. Os ‘Sem Noção’ 11. Atenas 15. Quatro Conselhos 20. Bibliograa 21. Anotações


SEMINÁRIO UMADI 2017

01

A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO Alan Brizotti: casado com Mari Brizotti e pai de Eduardo Brizotti, é pastor na Catedral da Família em Goiânia. É professor, escritor com 12 livros lançados, consultor teológico, pesquisador das áreas de Teologia, Filosoa, Família, Espiritualidade, Linguagem, Exegese e Liderança. É terapeuta familiar, membro da ABRATEF: Associação Brasileira de Terapia Familiar. É coach e prossional da área de comunicação, tendo palestrado em mais de dez países. É CEO da Estação Premium, um selo editorial de textos selecionados da Editora Estação da Fé


A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO

A visão que a pós-modernidade tem do evangelho: (Ir)relevância

02

(Sl. 11.3) Introdução Relevância: segundo o “Dicionário etimológico da língua portuguesa”, de Antônio Geraldo da Cunha, o termo “relevância” tem suas origens no latim do século XV, com o sentido de “ressaltar, sobressair, destacar”. Relevância também evoca o sentido do que é importante! Quando se estabelece uma “crise de relevância” o exercício evangelístico ca comprometido, refém dos guetos, obscuro, reduzido aos clichês evangelicalistas que dizem muito sem nada comunicar. Uma igreja em crise de relevância é refém das sombras, divorciada do signicado, da profundidade. É uma igreja do medo. O exercício missionário da igreja para ser relevante precisa de alguns ajustes, dentre eles, entender seu tempo histórico, servir sua geração, falar ao homem do seu tempo. Há dois “movimentos” nas igrejas espalhadas pelo Brasil que carecem, urgentemente, de um choque de realidade: · ·

O MST (Movimento dos Sem Teologia) O MSN (Movimento dos Sem Noção): ambos são parasitas da irrelevância

Grande parte do que vou dizer aqui só vai fazer sentido para você quando estiver - de verdade - imerso na realidade da missão de Deus, nos púlpitos do Brasil, nas missões urbanas, em meios aos gemidos da rua. Nosso povo vive no que chamo de “tensão entre Provérbios e Eclesiastes”: entre a tentação de entender a vida só pelo que absorve de mensagens dentro dos templos e a relevância de encarar a vida!


SEMINÁRIO UMADI 2017 Vamos reetir sobre alguns aspectos da visão pós-moderna que o Brasil de hoje tem da igreja e sua (ir)relevância: 1. Uma radiograa do Brasil contemporâneo: da sujeira generalizada à lava jato! O Brasil é um país sui generis: um país onde poucos têm milhões e milhões vivem de migalhas. Um país de contrastes abismais: riqueza e miséria separados por uma esquina. Um país de todos? Um país do frenesi “evangelástico” e suas confusões: de um lado, a tentação da numerolatria do outro, a angústia da numerofobia. Crente pra todo lado e uma confusão que só cresce, a pergunta é: “Se Deus é por nós, por quem somos nós?” O Brasil é um país que ouve diariamente o grito da injustiça. Um país onde a televisão investe milhões de reais para mostrar um grupo de pessoas fechadas numa casa, escovando os dentes e movimentando eroticamente um edredon, mas não paga sequer a metade para matar a fome de crianças subnutridas do sertão nordestino castigado pela hipocrisia do poder. País do pré-sal e da cracolândia; da esperança e do medo; dos pessimistas e dos sonhadores, dividido miseravelmente entre coxinhas e petralhas. Da eterna política do pão e circo, na expressão de Roberto Da Matta, “Carnavais, malandros e heróis”. País de belezas e tristezas, densidade e leveza, muita confusão e poucas certezas. Nos últimos anos o Brasil teve grandes eventos esportivos, políticos, religiosos e sociais: eventos que mostraram um pouco da nossa veia de confusões (Cafusa: a bola da copa, segundo os seus criadores foi uma homenagem à identidade brasileira: “Carnaval, Futebol e Samba” – mas, “carnaval e samba” não são a mesma coisa?). Nem Freud explica o Brasil... Na esteira das confusões também vieram as manifestações: um misto de beleza e caos: tipicamente pós-moderna, uma multidão que marchava sem saber direito o por quê! (Lembra muito bem as “evangelásticas” marchas para Jesus). No Brasil de hoje temos o “evangelicalismo das paródias”: igrejas dos nomes bizarros e práticas bizonhas; a

03


A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO

04

teologia policialesca que monitora com uma preocupante (e suspeita) intensidade a sexualidade alheia na tentativa de ocultar outros desvios... (É a velha lógica do pecadinho/pecadão). Que mensagem passa o indivíduo que dirige seu carro de modo imprudente e ostenta o seguinte adesivo: posso todas as coisas naquele que me fortalece? Quem é o Cristo do cristianismo tupiniquim? Segundo o Dr. Augustus Nicodemos, em 2011, no site da Revista Forbes, foi feita uma pesquisa sobre Cristo para os brasileiros. A pesquisa constatou que Jesus Cristo cou em quinto lugar na preferência nacional. À frente de Jesus na pesquisa estavam: Angelina Jolie, Lula, Silvio Santos e Bill Gates. E ainda tem gente ostentando a velha frase triunfalista: O Brasil é do Senhor Jesus! Será? Como dizia o adesivo na placa de um carro em Salvador-BA: “Não me siga: estou perdido!” 2. Igreja na “Idade Mídia”: Desaos e tendências O termo “Idade Mídia” foi criado pelo professor Gabriel Perissé, escritor e palestrante. Um termo que evoca muito bem a era da interatividade que estamos vivendo. O tempo da “infoxicação”: a intoxicação que vem pelo excesso de informação! Não é fácil ser igreja na Idade Mídia. O próprio termo, em si, “igreja” está em declínio, perdeu muito do seu respeito. Numa época de impérios “evangélicos” a granel, “faculdades” teológicas em cada fundo de igreja, assumir-se “evangélico”, é perigoso! Exige explicação detalhada. O problema é que, inuenciados pela sociedade da pressa, muitas igrejas caem na ilusão do falso crescimento. Lotam os templos, mas não conguram um corpo. Fazem ajuntamento, mas não geram unidade. Incham, mas não crescem. Os desaos que cercam a igreja na Idade Mídia são inúmeros, mas quero destacar alguns: O desao do conteúdo numa era de banalidades: é o desao de pregarmos a Bíblia e não as futilidades de uma busca pelo Google. O desao da alegria numa era de correria: chega de um exercício teológico triste, pesado, sofrendo de gravidade, invertendo


SEMINÁRIO UMADI 2017 a lógica abençoada do Salmo 30.5: colocando a certeza no choro e a possibilidade na alegria! 05 O desao do equilíbrio numa era das intensidades irresponsáveis: é preciso resgatar um modo de ser igreja que promova a redescoberta de uma teologia espiritual e uma espiritualidade teológica! Nem o frenesi místico de uns, nem os vícios dogmáticos de outros: uma teologia do coração e uma espiritualidade da cabeça! Dentre as tendências, destaco três que já se concretizaram como epidemia: A vida pelas mídias sociais: o Facebook está se tornando uma espécie de termômetro da miséria teológica dos evangélicos. O que não podemos fazer é cometermos o pecado da alienação. Podemos usar as mídias sem sermos destruídos! Não precisamos criar novas quimeras! O “evangelho 3G”: grana, glamour e gambiarra: é a nova moda nos evangélicos da Idade Mídia: a busca descarada pela fama, os fã-clubes, os líderes infectados pelo vírus do Imperador, os seminaristas que já não procuram a teologia por amor à Palavra, mas por planos e ambições divorciadas da fé. As distorções teológicas tidas como normais: a profetomania e seu positivismo gospel, o abracadabra cristão. A milagromania e sua xação nos sinais, transformando-os num m em si mesmo. A doença dos títulos: de pequeno papa a “J.J. Jeová Júnior”. A mistura infeliz entre loucura e irrelevância. O Brasil precisa de uma igreja com o coração quebrantado, que tenha uma santa perplexidade diante de tanta distorção, que seja capaz de um exercício teológico com veia profética, que denuncie os males e construa pontes de esperança. Uma igreja da cruz! 3. Por uma teologia relevante (e para hoje!) Ouso chamá-la “teologia da segunda-feira”. Uma teologia das esquinas, das feiras, das donas-de-casa, com cheiro de gente e não da parana das gavetas fechadas. Que seja mais do que o frequentar, uma vez por ano, uma escola bíblica. Carecemos de um exercício teológico que alcance o pobre, que fale a língua do oprimido, que se recuse a transformar


A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO

06

Jesus num ídolo pop, num ícone da cultura de Hollywood. Carecemos de um exercício teológico criança: infantil sem ser mimado, pequeno sem ser invisível, dependente sem ser miserável, amado, amigo e amável. Uma teologia do sorriso, do abraço e da leveza. Uma piedade sem rancor, sem máscaras, sem adereços. Carecemos de uma teologia do evangelho, bíblica, cristocêntrica, que consegue ser relevante! Carecemos de um exercício teológico que se recuse a pregar a fé como o elixir da felicidade fabricada, como uma mágica para o sucesso fácil, como uma prostituição da adoração, como um analgésico celestial que alivie a dor de uma vida vazia. Quando os fundamentos são destruídos o que pode fazer o justo? (Sl. 11.3) Carecemos de gente marcada pela esperança. Gente com sonhos de reconstrução: os Neemias e suas lágrimas. Gente com sonhos de ressignicação: os Paulos e suas leituras da fé com desdobramentos na vida prática da comunidade! Ideias frescas num mundo que cheira a formol. Conclusão Talvez você esteja pensando: Que fazer? Eu respondo: “Não sei!” Não tenho todas as respostas! Preciso dos irmãos! Em comunhão, em comunidade, na unidade da multiforme graça, nos diálogos e na parceria da fé, o Espírito de Deus nos ajuda a salgar e iluminar a terra! Como escreveu Guimarães Rosa: Eu quase de nada não sei, mas descono de muita coisa!


SEMINÁRIO UMADI 2017

A visão que a pós-modernidade tem do evangelho: Os “Sem Noção” At. 8.26 Introdução O Messenger (MSN) acabou, foi extinto. Mas o MSN do movimento evangélico brasileiro ainda está muito vivo e forte: Movimento dos Sem Noção! Ainda há pessoas na igreja com medo de pensar: neofobia, o medo do novo. Gente que tem tanto medo de mergulhar na profundidade da Palavra, que prefere as ideias rasas e sua suposta facilidade. Sérgio Pavarini escreveu: O ministério da saúde mental adverte: mergulhar fundo em ideias rasas produz a paralisia dos pensamentos. Do ponto de vista da informação não era para existir mais os adeptos da seita do “sem-noceísmo”. Segundo os estudiosos, recebemos, num único dia, a mesma quantidade de informação que um homem levaria a vida inteira para obter na Idade Média. Já era para os “sem noção” serem uma espécie em extinção! Mas não são! No texto que lemos, Filipe se envolve numa investigação teológica profunda com um viajante numa estrada deserta! Conteúdo no caos! A técnica de Filipe atormenta os “sem noção”: perguntas, dúvidas! Se você quiser deixar um “sem noção” apavorado, faça perguntas, desae-o com dúvidas – ele vai pirar ou apelar para o místério! Vamos analisar alguns detalhes sobre a desconstrução do cristianismo “sem noção”: 1. Uma radiograa dos “sem noção” Quem são os adeptos do cristianismo “sem noção”? Parece uma pergunta simples, mas não é. Nada é simples quando o assunto é o “sem noceísmo”. Antigamente, os “sem noção” eram os analfabetos, ignorantes, caipiras, roceiros, membros de igrejas minúsculas e

07


A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO

08

inexpressivas – pouca gente admite, mas essa era a conguração de um “sem noção”. Hoje, a coisa evoluiu! Os “sem noção” cresceram, estudaram, têm diploma, congregam nas grandes igrejas, às vezes até lideram departamentos... Hoje, o “sem noção” é o que nge que sabe. Uma frase poderosa diz: “Quem não lê porque não quer é muito pior do que aquele que não lê porque não sabe!” Quem são os “sem noção” pós-modernos?” “Sem noção” é aquele jovem tão conectado que já não tem relação de verdade com ninguém... é um robozinho perdido na selva midiática! “Sem noção” é aquele jovem, aquela jovem, que se acha! Que chega atrasado todo culto só pra ver se estão olhando sua entrada triunfal! “Sem noção” é aquele jovem com a síndrome de Pinórquio, mentindo sobre tudo e todos. Dizendo que já namorou todas as moças do planeta, quando, na verdade tem medo até do espelho! “Sem noção” são aquelas igrejas que, por fatalidade semântica, nos aprisionam em reuniões literalmente ordinárias! “Sem noção” é todo aquele que vem ao templo, mas já não é igreja. Sofre do vírus de Adão – andar no jardim de Deus, mas sem Deus! Se você se identicou em algum aspecto, calma! Os discípulos que Jesus escolheu também foram “sem noção” um dia, mas depois de Jesus, deram sentido, noção ao mundo: “Sal e luz”! Ainda dá pra mudar! É preciso ter coragem de trocar a dança pela mudança; o grito pela lágrima; o agito pela reexão; e a fachada pela verdade! 2. Uma pergunta decisiva Filipe começa fazendo uma pergunta decisiva: Entendes o que lês? Repetir essa indagação no Brasil provoca uma resposta bastante incômoda. Segundo o INAF (Indicador de Analfabetismo Funcional), 75% dos brasileiros entre 15 e 64 anos não conseguem ler, escrever e calcular plenamente. O número inclui os 68% considerados analfabetos funcionais e os 7% analfabetos absolutos, pessoas sem qualquer habilidade de leitura ou escrita.


SEMINÁRIO UMADI 2017 São aqueles que saem dos lmes de Hollywood achando que aprenderam história; que discutem muito sobre temas que nunca 09 leram; que têm opinião para tudo aquilo que nada sabem... São os inocentes úteis dos oportunistas de plantão. São aqueles que fazem barulho demais para encobrir a própria deciência. Mark Twain disse: “Barulho não prova nada: uma galinha bota um ovo e cacareja como se tivesse botado um asteróide”. É incrível o quanto essa pergunta de Filipe ainda cabe para nós hoje: Entendes o que lês? Por ignorância no trato com a Bíblia, temos muita gente fazendo promessas que Deus nunca fez, saindo da vontade de Deus e criando as mais bizarras heresias (Lava-rápido “Alabachurias”). Exorcizar a potestade chamada ignorância requer esforço contínuo. Segundo Richard Foster, a supercialidade é a maldição do nosso tempo. A supercialidade rouba nossa identidade. A expressão “lhos do rei” vira sinônimo de “playboys da malandragem” tentando levar vantagem na antiética do jeitinho! Lessing chamou o abismo que existe entre aquilo que se lê e aquilo que realmente está escrito de “fosso sujo”. Permita que sua alma faça a si mesma, honestamente, essa pergunta devastadora: você entende aquilo que lê? 3. Outras perguntas que desaam a nossa fé O texto é pontuado por perguntas devastadoras: 1. Como posso entender se alguém não me guiar? O Eunuco agora também ousa perguntar. O termo grego para guiar, conduzir ou explicar é “Rodegós” (do mesmo radical da palavra Rodós, caminho). Em outras palavras, como posso ir se ninguém me mostra o caminho? Em seguida, o Eunuco convida Filipe a subir na carruagem para acompanhá-lo. Isso demandará algum tempo. Filipe tem que fazer uma escolha: car ao lado da carruagem respondendo perguntas teológicas ou se envolve numa investigação de fé com um estranho? (o balconista que vende mapas do deserto é diferente do guia que vai com você). Filipe desconstruiu o sem noceísmo ao subir na carruagem e


A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO viajar, literalmente, em várias dimensões ao mesmo tempo! 10

2. A quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro? Lutero insistia em que devemos sempre ler as Escrituras procurando “o que nos leva a Cristo”. É preciso lembrar que a Bíblia inteira fala de Jesus. Se você rasgar a Bíblia com um punhal ela irá sangrar – e esse sangue é o sangue de Jesus! Para desconstruir o cristianismo “sem noção” você precisa estar enraizado em Jesus, amando a Jesus, vivendo em Jesus: nele nos movemos e existimos (At. 17. 28). 3. Que impede que eu seja batizado? Essa é a pergunta que muda a história! Uma nova pergunta que já não é mais a busca frenética por informação, mas por uma nova vida! O Eunuco agora quer água! Quer ser batizado, receber uma nova nomenclatura. Participar de um novo tempo! Agora tem noção! O batismo é o pedido pela comunhão! Esse texto é repleto de lições que desconstroem o cristianismo “sem noção”. Estamos diante de um banquete hermenêutico: ouvintes e leitores reunidos em torno das Escrituras, falando de Jesus e buscando pelas águas da misericórdia!Filipe, o pregador. Eunuco, o leitor. Reunidos em torno de Isaías, o profeta. Cristo, invisível, mas presente. Aconteceu de novo – e ainda acontece – onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, alí estou eu!Filipe é arrebatado. O sonho dos “sem noção” é não precisar mais pagar passagem de avião. O que Filipe está experimentando é muito maior do que um milagre de teletransporte – ele está, literalmente, imitando o mestre. Jesus e os discípulos no caminho de Emaús e Filipe e o Eunuco. Fazendo as mesmas obras que o Senhor que se revelou no texto de Isaías. Quem fala de Jesus precisa aprender a sai de cena! Cristo é o único!!! Conclusão O movimento dos “sem noção” ainda vai crescer muito, mas acredito num novo tempo. Um tempo de jovens conectados com Deus, com os outros e com a Palavra! Eles mudarão o curso da história!


SEMINÁRIO UMADI 2017

Atenas: um campo missionário - Inuência At. 17.28 Introdução O mundo vive uma confusão generalizada. Não é surpresa pra ninguém que a história pareça estar de cabeça pra baixo! Um dos traços mais terríveis do mundo em que vivemos é a normalização do anormal. As pessoas estão se acostumando ao horror, ao erro, à mentira. Nem a política carrega mais aquele despertar das utopias. No muro de uma Universidade em Paris, alguém rabiscou o seguinte: “Senhores políticos, por favor, queremos mentiras novas”. Hoje é normal ser estranho. Foi publicada em um jornal popular, tempos atrás, a seguinte manchete, que cou famosa: “Matou a mãe sem motivo justo”. Somos a sociedade das coisas sem sentido. Tudo acontece, mas nada faz sentido. O pensador espanhol López Quintás disse que “hoje nem tudo está perdido, mas tudo está ameaçado”. Um grupo de ladrões invadiu um hospital para roubar botox. O corpo humano está virando mercadoria. E ainda dizem que o homem veio do macaco!!! Como escreveu um jornalista: “macacos são bichos felizes, sem neuroses. Não podemos nos comparar a eles. Seria uma ofensa aos macacos. Se eles falassem, diriam: 'Humanos não, heim! Humano é a sua mãe!'” Essa é a face nua da chamada “cultura pós-moderna”, mas, anal, o que é isso? 1. O que é pós-modernidade? É a atualidade e sua conturbada maneira de encarar a vida. O homem pós-moderno é um homem solitário que se acha popular. Vive de um vazio absurdo que o maltrata, que o aniquila pouco a pouco. O termo “pós-modernismo”, foi empregado pelo historiador Arnold Toynbee em 1947. O pós-modernismo (“pós”, indica o tempo seguinte ao moderno), é caracterizado pelo sentimento do nada, algo denominado “niilismo”, (do latim, “nihil”, nada), os desejos do

11


A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO

12

nada, a morte em meio à vida. Na pós modernidade, a tecnologia invade o cotidiano com uma gama enorme de artefatos e serviços, mas, não oferece nenhum valor moral. Somente um hedonismo consumista. O indivíduo pós-moderno é consumista, hedonista, (do grego, “hedone”, prazer), narcisista, (do mito grego de Narciso), niilista e relativista. No modernismo, a massa humana, o todo, era mais industrial e proletária. Lutava por melhores condições de vida, pelo poder político, cria no futuro, mobilizava-se em grandes metas através de sindicatos, partidos e apelos nacionais. A massa pósmoderna é consumista. Vive de um conformismo alienado, sem ideais, aplaude e busca somente ideais de bens materiais e velocidade. Supercialidade é a marca do homem pós-moderno. Um homem efêmero. O homem pós-moderno vive sem tradições porque deprecia o passado, não tem nenhum projeto para o futuro, apenas o presente é que conta. É um homem que busca resultados a curto prazo, imediatista. Carente de envolvimento. A modernidade teve intensa mobilização política, como duas guerras mundiais e muitas revoluções, já a pós-modernidade vive dos seus próprios, e individualistas interesses – liberalismo sexual, feminismo, educação permissiva, liberalismo teológico. O indivíduo pós-moderno é interessado apenas em seu próprio ego. A chamada “arte pop”, “ecletismo” (mistura de estilos), “pastiche” (imitação barata), são exemplos dos vários modismos que a pós-modernidade consegue impor, trabalhando assim uma gigantesca inversão de valores. O pós-modernismo foi nascendo com a arquitetura e a computação nos anos 50, foi tomando corpo com a chamada arte pop dos anos 60, crescendo com o adentrar pela losoa nos anos 70 como uma crítica da cultura ocidental, e vai amadurecendo na atualidade, alastrando-se na moda, cinema, música, arte e tecnologia do cotidiano, que vai desde alimentos processados até telefonia celular personalizada, e tudo isso, sem que saibamos se é decadência ou progresso. A lógica pós-moderna é: “o que importa é dar certo, mesmo que não esteja certo”. Quase um retorno à losoa de Maquiavel que dizia que “os ns justicam os meios”. É a famosa frase: “Almoce seu vizinho antes que ele jante você”.


SEMINÁRIO UMADI 2017 Frente a esse quadro, a igreja precisa apresentar propostas que preencham o vazio pós-moderno, precisa trazer um evangelho 13 de conteúdo, um evangelho de profundidade e compromisso. Um evangelho que revolucione o homem pós-moderno. 2. Inuência na Atenas de hoje O que é “inuência”? O termo vem do latim, inuens, que dá o sentido de movimento. Inuência é aquilo que move, tira do chão do marasmo. É aquilo que aponta para os novos rumos, rompendo com o cansaço das mesmas coisas. É respirar a abençoada atmosfera da novidade, das mudanças. É a mesma força que faz com que as águas corram para os rios – daí o termo “auente”, da mesma raíz! O verbo “uir” também vem do mesmo radical: o inuente é aquele que conjuga o verbo uir; aquele que se movimenta, se desloca, transita, caminha! Jesus é o Deus que caminha. O Deus que inuencia. O Deus que se movimenta. Ser igreja sem caminhar é viver uma contradição. Alguém disse que “água e religião paradas congelam mais depressa”. É a teologia da inuência. Se a nossa fé não for capaz de gerar inuência no mundo, então é porque ela já se comprometeu e perdeu a autoridade. Inuência é muito mais do que clonagem! Nosso chamado não signica enchermos a cidade de salõezinhos com a placa da nossa denominação – isso é no máximo clonagem! De que adianta termos um bairro cheio de igrejas, se o índice de mortalidade, drogas e prostituição continua aumentando? Não existe uma “blindagem gospel”: livros “seguros”, lugares “seguros” – “O mundo jaz no maligno” (I Jo. 5.19). A oração de Jesus – João 17 – é contrária à mentalidade de gueto! É no mundo que a igreja precisa estar, viver e agir – sem perder a graça, a piedade e a inuência! Não precisamos criar “cristãozinhos”, mas sim, discípulos de Jesus, carregando a cruz (e isso se faz na rua) e inuenciando gerações!


A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO

14

Inuência é transformação radical da realidade. Em Atos, Jesus ordena aos discípulos que quem em Jerusalém até serem revestidos pelo Espírito. Ao invés de apontar um caminho, apontou uma parada – a estação da transformação. Só se movimenta bem quem sabe para onde está indo! Esse é o padrão de Deus: somente aqueles que foram transformados podem pregar a transformação. A igreja descrita no livro de Atos – a mais poderosa igreja missionária da história – começa “esperando”. É uma igreja que se recusa a entrar na sociedade sem a transformação operada pelo Espírito. Para transformar a realidade à sua volta, a igreja inuenciadora não se rende aos poderes do mundo, mas ao poder que vem do Espírito. Jesus revestiu a sua igreja com o poder do Espírito e, imediatamente, a direcionou para a transformação da história (porque poder sem trabalho mata no colo macio da ociosidade). Aquela igreja inuenciadora saiu para provocar a transformação radical da história: · · · ·

Jerusalém: transformar a mentalidade dos dogmas; Judeia: transformar a mentalidade dos esquemas de merecimento; Samaria: transformar a mentalidade das diferenças mortais; Conns da terra: transformar a mentalidade do gueto, do bairrismo

Conclusão O apóstolo Paulo pregou com base no altar ao “Deus desconhecido”. Será que podemos dizer que, por causa da nossa atuação na cidade, a sociedade já pode dizer que conhece a Deus? Inuência!


SEMINÁRIO UMADI 2017

Atenas: um campo missionário - quatro conselhos At. 17.15-16; 21 Introdução J. Blanchard disse uma frase que precisa nos incomodar: “A grande necessidade da igreja é ter um espírito de evangelização, não um esforço evangelístico temporário”. É natural da verdadeira igreja o desejo sincero por almas. Se não há conversão, se não há transformação, algo está profundamente errado com essa igreja! Richard Halverson disse algo muito sério: “Parece que a evangelização nunca foi um 'problema' no Novo Testamento. Isso quer dizer que não encontramos os apóstolos recomendando, exortando, repreendendo, planejando e organizando programas evangelísticos... A evangelização acontecia! Emanando sem esforços da comunidade de crentes como a luz emana do sol, era automática, espontânea, contínua, contagiante”. Evangelizar é a tarefa primordial da igreja. A evangelização é a propagação do evangelho do Reino (não do nosso reino). Evangelizar é apresentar Cristo, no poder do Espírito Santo, para que os homens depositem a sua conança por Ele em Deus e O sirvam como Rei na feliz comunhão da igreja. É a propagação dos ideais de Cristo, da causa de Cristo. A evangelização genuína é aquela que resgata a centralidade da cruz de Cristo, é aquela que exalta o senhorio de Cristo, que o torna conhecido não apenas por palavras, mas mediante a prática do amor, da justiça e da misericórdia. Uma igreja sem evangelização é uma igreja sem alma. É como a folha do outono, seca e morta, que apenas retém a forma e a estrutura. A igreja é chamada a encarnar a graça, e o evangelho é a revelação da graça de Deus pregada, encarnada e amada por Jesus. É por isso que a evangelização é a tarefa suprema da igreja, porque o evangelho é a vida que Deus sinaliza para esse mundo em estado de aição e morte.

15


A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO

16

· · · ·

· ·

O evangelho é conhecido como “evangelho da graça”, porque provém do livre amor de Deus (At. 20.24); É também conhecido como “evangelho do Reino”, porque trata do reino da graça e da glória de Deus (Mt. 4.23); É o “evangelho de Cristo”, porque Jesus é o seu autor e assunto (Rm. 1.16; 15.19); É o “evangelho da paz” e também da salvação porque suas doutrinas promovem nosso completo sentimento de amor e ainda conduzem à glória eterna (Ef. 1.13; 6.15); É também chamado o “glorioso evangelho”, porque nele se expõem as gloriosas perfeições de Deus (II Cor. 4.4); É também chamado o “evangelho eterno”, visto que foi planejado desde a eternidade, é permanente, e de efeitos eternos (Ap. 14. 6). A igreja que não evangeliza não é igreja.

Vamos reetir sobre quatro conselhos que precisamos guardar para transformarmos a nossa Atenas pós-moderna:

1. Evangelize mais com a vida e menos com as palavras Viver é o grande desao contemporâneo. O mundo está cansado de crente bancando o bonzinho e esperando para morrer. O mundo clama por referenciais! O Evangelho que pregamos precisa ser o que vivemos para que não sejamos contradições ambulantes (como Judas foi!). Jesus disse aos seus discípulos: “vocês são sal e luz” (Mt. 5.13-14). Sal e luz são elementos que se caracterizam pelo uso: eles se gastam. O sal, além de preservar e dar sabor, também causa sede! Além disso, o sal arde! A luz é, ao mesmo tempo, calor e direção. Se a luz da igreja se apaga, as pessoas da cidade morrem de frio e no escuro! É a presença da igreja como luz que dá direção e sentido. Se a igreja já não é luz, então já faz parte da comunidade do absurdo. Precisamos pregar com a vida. É a espiritualidade de João Batista que “ardia e iluminava” (Jo. 5.35).


SEMINÁRIO UMADI 2017 Deus não procura as nossas palavras (Ele já nos deu as palavras dele!). Deus procura as nossas vidas! 2. Use as mídias sem seu usado por elas Vivemos na era da exposição. Um tempo de conectividades aceleradas. Ficar de fora desse tempo é cometer o pecado da irrelevância virtual! O problema nunca foi o computador ou o celular, mas sim a pessoa que está na frente do monitor ou da tela! A igreja precisa corrigir um erro histórico: o que zemos em relação à televisão, não podemos fazer em relação às mídias de hoje! Precisamos “salgar e iluminar” as redes sociais! Uma igreja que não sabe usar as mídias, fatalmente será usada por elas. A mídia é a fundadora e mantenedora principal da “indústria da felicidade”, que tenta a todo custo nos fazer acreditar que precisamos vender a alma para ganhar seus sucessos ilusórios. A igreja pode (e deve!) usar as mídias para a glória de Deus. Santicar tudo o que toca. Quando a consciência da nossa missão é maior do que a dependência da ambição, a mídia perde seu poder de encanto, e entronizamos Cristo no centro das nossas vontades: “Seja feita a tua vontade” (Mt. 6.10). Paulo não perdeu tempo com as doutrinas dos atenienses, ele usou o desejo por novidades (v. 21) para lhes anunciar as boas novas do Reino!!!

3. Tenha conteúdo, mas nunca perca a graça Um pensador disse que “a humanidade sonha com o dia onde das vestes de sua atual personalidade, possa uir um super-homem capaz de resgatar anos de mediocridade”. Vivemos numa geração sem conteúdos. Homens e mulheres vivendo de sombras, sem o menor sentido de ser. Gente sem graça e longe da graça! Sem conteúdo nossa pregação é estéril. Jesus tinha conteúdo tanto em suas pregações quanto em suas ações. O que caracterizou o ministério de Paulo foi a capacidade de dar conteúdo

17


A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO

18

às igrejas de sua época. O cristão precisa ter conteúdo, porque Deus é sua suciência, e se Deus é sua suciência logo, esse cristão não pode estar vazio. O homem é feito de carências: carência de pão, de água, de Deus. O homem precisa estar completo. O sentimento do vazio nada mais é senão a ausência de sentindo para a vida, sem conteúdo o homem morre em sua humanidade. O vazio é o fantasma que mais assusta. Um evangelho sem conteúdo não pode ter relação alguma com o Cristo vivo. A igreja precisa oferecer cura para as neuroses da humanidade, cura para uma sociedade sem conteúdo, uma sociedade que vive de abstrações, de vácuo, de sombras, mitos e manias. É por falta de conteúdo no evangelho que muita gente tem caído no labirinto das seitas, na descaracterização da Bíblia (como aqueles que usam textos, como o Salmo 91, como “mantras', “calmantes espirituais”, etc.), tem cado sem rumo e sem verdade, e ainda por cima culpam a Deus. É preciso aprender a mesclar o conteúdo intelectual com os conteúdos sociais, políticos e, principalmante, espirituais. Sem a graça, todo conteúdo é vazio. Sem conteúdo, a graça vira escândalo, histeria coletiva. Conhecimento sem a graça é luz sem calor; graça sem conhecimento é calor sem luz – é como as duas asas de uma águia: só é possível voar se as duas estiverem em perfeitas condições. 4. Pregue o evangelho, não as suas opiniões Essa é a grande tragédia da igreja contemporânea: nossos púlpitos estão se tornando, cada vez mais, espaços de interesses pessoais. Pregar o evangelho é o grande chamado da igreja. Paulo deu um ultimato a Timóteo: Conhecendo o sagrado depósito que lhe fora conado, a iminência de seu martírio, a natural fraqueza de Timóteo, a oposição do mundo e a extrema sutileza de Satanás, Paulo dá a Timóteo quatro exortações com relação ao evangelho: ·

“Guarda o evangelho” (II Tm. 1.14) porque é um tesouro de valor inestimável,


SEMINÁRIO UMADI 2017 · · ·

“Sofre pelo evangelho” (II Tm. 2.3; 8, 9) por ser uma pedra de tropeço ao orgulho, 19 “Permaneça no Evangelho” (II Tm. 3.14) porque é a verdade de Deus, “Pregue o Evangelho” (II Tm. 4.2) porque é a boa nova da salvação. John Stott disse algo muito sério sobre isso: “A igreja de nossos dias precisa urgentemente atentar para a mensagem desta segunda carta de Paulo a Timóteo, já que à nossa volta vemos cristãos e igrejas abrindo mão do evangelho, manuseando - o desajeitadamente, incorrendo no perigo de nalmente vê-lo escorrer por entre os dedos. Precisase de uma nova geração de jovens Timóteos, que queiram guardar o sagrado depósito do evangelho, que estejam determinados a proclamá-lo e preparados para sofrer por ele; e que o compartilharão puro e incorrupto à geração que, em seu devido tempo, se levantará.”

Timóteo foi chamado a ser el em sua geração. Onde estão os homens e as mulheres dispostos a serem éis em nossos dias? Tais pessoas são necessárias com urgência. O mundo clama por uma igreja relevante! A Atenas de hoje ainda busca novidades, ainda precisa da maior de todas as notícias: Ele vive! Conclusão Parafraseando, Paulo nos diz, como o disse a Timóteo: "Permanece naquilo que aprendeste, ainda que a pressão para se acomodar seja muito forte. Não importa que sejas jovem, inexperiente, tímido e fraco. Não importa se acontecer de cares testemunhando sozinho. Até aqui seguiste o meu ensino; permanece, pois, daqui para a frente, naquilo em que


A VISÃO DA PÓS MODERNIDADE DO EVANGELHO

20

vieste a crer. Conheces as credenciais bíblicas da tua fé. A Escritura é inspirara por Deus, e útil. Mesmo em meio a estes tempos difíceis, em que os homens maus e impostores vão de mal a pior, ela pode te suprir e te equipar para o teu trabalho. Que a Palavra de Deus te faça um homem de Deus. Permanece leal para com ela, e ela te conduzirá à maturidade cristã."

Bibliograa ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia edição contemporânea. Editora Vida, São Paulo, SP, 1995. Bíblia Sagrada NVI – Nova Versão Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2002. BRIZOTTI, Alan. O privilégio dos íntimos. Goiânia: Estação da Fé, 2016. CORTELLA, Mário Sérgio. Não nascemos prontos. Vozes, Petrópolis, RJ, 2006. GINGRICH, Wilbur F. DANKER, Frederick W. Léxico do Novo Testamento Grego/Português. São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 1991. HENDRIKSSEN, William. 1 Timóteo, 2 Timóeto e Tito. Comentário do Novo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2001. PETERSON, Eugene. Onde o seu tesouro está. Textus, Niterói, RJ, 2005. RENOVATO, Elinaldo. Perigos da pós-modernidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é pós-moderno? Coleção Primeiros Passos 165. São Paulo: Brasiliense, 1986. SILVA, Deonísio da. De onde vêm as palavras. Osasco, SP: Novo Século Editora, 2009. STOTT, John. A mensagem de Atos. São Paulo: ABU Editora, 2008.


SEMINÁRIO UMADI 2017

21


Sábado

Domingo

08 de julho

09 de julho

Credenciamento - 14:00 Palestra - 14:30 Término e Coofee Break - 17:30 Início - 19:30 Plenária - 20:00

09:00 - Início 09:15 - Palestra 19:00 - Início 19:30 - Plenária


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.