O PRINCIPE SEM SONHOS
“O Príncipe sem sonhos” conta a estória de Tiago, um menino que tinha tudo o que o dinheiro pudesse comprar, afinal, seus pais eram nobres reis e, portanto, seu futuro e reinado já estavam garantidos. Tiago possuía tapetes voadores com piloto automático, dragões de estimação, fábrica de chicletes mágicos, súditos que o serviam sem raiva, heranças, muitas heranças e até uma criação particular de unicórnios. Mesmo tendo todos os presentes e conforto que o dinheiro pudesse comprar, o principezinho sentia-se muito infeliz, pois o que ele não tinha, era um sonho para sonhar. Isto porque antes mesmo dele pensar em sonhar com alguma coisa, seus pais já o tinham presenteado. Afinal ele era o único herdeiro do reino Chateado por não ter um sonho para sonhar, como tinham todos os seus amigos, Tiago resolve pedir ajuda ao seu avô, um feiticeiro aposentado do reino que resolvera morar longe das badalações do castelo. Então o nosso principezinho ruma em direção à casa do seu avô na tentativa de encontrar uma solução para o seu problema Ao encontrá-lo e após um abraço aconchegante, relata o seu dilema ao avô que o convida a sentar-se com ele na varanda da sua casa. Um cheiro de chuva, acompanhado de nuvens carregadas inspirou este velho feiticeiro a indagar seu neto: - Tiago, dê uma olhada neste céu estrelado. Não é maravilhoso? - perguntou o avô com ar de provocação. - Ô vô, acho que o senhor tá precisando mudar o grau dos seus óculos. Não há estrelas no céu! E o avô sorridente, lhe diz: - Meu querido, o céu está estrelado sim. Você é que não está vendo as estrelas. Esse é um antigo provérbio árabe: “Não diga que o céu está sem estrelas só porque às vezes você não as enxerga”. E continuou o feiticeiro: Seus sonhos, filho, são como as estrelas. Eles estão sempre aí, mesmo que você não consiga enxergá-los. Por mais que uma nuvem possa esconder algumas estrelas, elas continuam lá, firmes a brilhar. Tiago após contemplar as estrelas adormece no colo do seu avô. Será que ele estava finalmente sonhando? Seu avô naquele momento não saberia dizer, mas o que este velho feiticeiro sabia era que os melhores sonhos são aqueles que sonhamos acordados... COMENTÁRIOS “O Príncipe sem sonhos” nos oferece a oportunidade de refletir sobre o quanto o capital é capaz de atrofiar o nosso potencial lúdico ao nos oferecer satisfação pessoal através da compra de objetos e vivência de situações que somente o dinheiro pode comprar. Entretanto, “O Príncipe sem sonhos” também pode representar a esperança. A esperança contra a acomodação. A busca pelo seu próprio destino, a coragem de mudar e ser feliz. Este sábio vovô fez seu neto perceber que qualquer um pode desenvolver a sua capacidade lúdica e sonhar. Logo, por mais atrofiados que os nossos desejos íntimos possam nos parecer, haverá sempre a possibilidade inédita de “enxergarmos estrelas no céu”. Assim, o adulto, a criança, o lúdico, entre outros, recebem influências de esferas da economia, da política, da sociedade em geral, as quais visam na maioria das vezes, apropriar-se desses elementos para gerar mais lucro. Porém, esses mesmos elementos (o lúdico, a criança, o adulto) também são revolucionários, imprevisíveis, justamente por serem humanos ou fazerem parte da dimensão humana e é isto que deve mover nossos ideais de luta, nossas metas de vida: a certeza de que somos seres condicionados mas também condicionamos. Logo, por mais que interesses do mercado queiram moldar nossos desejos, estes são capazes de se libertar das amarras do capital uma vez que - humanos, somos passíveis de transformação. Somos sujeitos em movimento. E é isto que “O Príncipe sem sonhos” vem nos anunciar: a certeza de que haverá, sempre, estrelas no céu mesmo em tempos de chuva, basta querermos enxergá-las, basta o desejo e a vontade de ser feliz. O princípe sem sonhos desejava ter um sonho para sonhar. E você, tem um sonho para sonhar? Como pretende atingí-lo? E no seu trabalho como professor(a) que movimentos você faz para fomentar a emergência dos sonhos dos seus alunos?