Resenha - Razões do Coração

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RESENHA DO LIVRO RAZÕES DO CORAÇÃO 1. Referência bibliográfica EDGAR, William. Razões do Coração – Reconquistando a persuasão cristã. Trad. Elizabeth S. C. Gomes. Brasília: Refugio 2000,144p. 2. Apresentação do autor da obra William Edgar é professor de apologética do Westminster Theological Seminary, em Filadélfia. Nasceu nos EE. UU., viveu grande parte de sua vida na Suíça, onde trabalhou com o Dr. Francis Schaffer, no L’Abri, e na França, onde lecionou na Faculté Libre de Theólogie Reformeé, em Aix-en-Provence. Foi editor do Westminster Theological Journal. Recebeu o bacharelado em música da Harvard University, o grau de M.Div. do Westminster Theological Seminary, e o Ph. D. em teologia da Université de Genève, Suiça. 3. Perspectiva teórica da obra Willian Edgar ao escreve esta obra apresenta um problema de nossas igrejas que é a dificuldade com a apologética. O autor procura demonstrar que a apologética não deve ser uma coisa fria e racional, mas, uma interação entre a razão e o coração, “um sistema de racionalismo seco sozinho nunca nos conduzirá a Deus.” O autor também procura demonstrar que para o cristianismo a apologética tem um significado especial, e é necessária tendo sido delegada por Deus aos seus servos. 4. Breve síntese da obra Este livro é uma “apologia da apologética” da espécie pascalina. A primeira parte coloca os fundamentos da apologética. Os capítulos um e dois descrevem tanto alguns obstáculos à persuasão cristã nos dias atuais, quanto oportunidades para recuperá-la. Embora nossa época não seja diferente de qualquer outra em termos das questões básicas, enfrentamos desafios específicos, tais como as reivindicações da condição de pós-modernidade. Nos capítulos três e quatro iremos para as bases bíblicas da tarefa apologética, mostrando as diversas maneiras que a escritura não apenas autoriza, mas ordena a persuasão responsável. O quinto capítulo, baseado nos primeiros quatro, focaliza os métodos que apresentam os princípios por trás de argumentos reais em favor da posição cristã. Na segunda parte trataremos especialmente de questões que surgem na apologética, sugerindo respostas. O capitulo seis lida com as barreiras apara a fé, examinando a questão: “Por que as pessoas resistem considerar as perguntas mais básicas da vida?”. Examinaremos então as três principais questões que surgem nas discussões sobre fé. A primeira, no capitulo sete, é se a religião não seria uma ilusão. O capitulo nove lida com a terceira questão, o problema da existência do mal.


Finalmente, o capitulo dez trata do assunto de segurança, sua necessidade e seus limites. Embora nada aqui seja exaustivo, o livro foi planejado para encorajar a persuasão cristã, apelando para as razões do coração. 5. Principais teses desenvolvidas na obra e suas implicações Uma razão pela qual temos pouco efeito no fazer apologia hoje está arraigada na crença de que nossa era seja absolutamente única e de que as barreiras para se crer no evangelho sejam muito maiores do que antes. pp.22 Apesar de a afirmação apontar para um período de facilidades para a apologia no passado, o autor demonstra que esta crença esta errada, uma vez que no passado também havia grandes dificuldades para o evangelho, tanto na igreja primitiva, como no período da reforma. O que havia eram períodos de calmaria intercalados com grandes dificuldades. Sendo assim, nunca houve um período em nenhuma época do passado, onde não houvesse barreiras para se anunciar o evangelho. As dificuldades sempre ocorreram em todas as épocas, desde o inicio da Igreja Cristã. Os meios pelos quais nos comunicamos hoje são tão poderosos que as pessoas dizem que temos a melhor oportunidade de espalhar as boas novas pelo globo desde a Reforma, que usou a imprensa com tanta vantagem. pp.24 O autor tratar deste ponto com uma grande dificuldade, quanto à questão da comunicação do evangelho. E afirma que usar os meios de comunicação como forma de anunciar o evangelho sem uma persuasão verdadeira, não irá adiantar muito. Os cristãos muitas vezes se enganam com os métodos modernos de evangelismo, que trazem multidões a conferencias, reunião centralizada em algum ministério, eventos com pregadores renomados. Estes tipos de movimentos apresentam uma falsa força do cristianismo, que não se reflete na vida das pessoas. O evangelismo atual procura conquistar o mundo sem saber como. ...nossa era está como nunca aberta ao evangelho porque somos “pósmodernos”. pp. 25 A mentalidade pós-moderna esta envolta ao ceticismo, o conhecimento não é objetivo e a ética não é universal, este cenário não é compatível com o evangelho. Há também uma visão errada dos pós-modernistas quando a um presente diferente do iluminismo e da modernidade. afirmação de que a uma abertura como nunca vista graças ao pós-modernismo, se torna uma visão errada da realidade. Nunca houve uma época mais fácil para evangelho e sem duvida a pós-modernidade também não o é. A primeira maneira pela qual comprometemos a mensagem é quando perdemos a paciência e tentamos ser ouvidos mediante a luta pelo poder, como, por exemplo, pela violência. pp.30. Ao fazer uso da força e com impaciência fazendo com que as pessoas sejam forçadas ao ouvir-nos, não é a forma correta, pois acaba deixando um evangelho superficial, sem raízes, ao passo que um trabalho mais lendo e paciente tende a se tornar mais duradouro, e a ter mais efeito na vida das pessoas, em um modo geral.


Uma segunda forma de comprometimento vai na direção oposta: a fé cristã se torna “particularizada”, que significa que ficamos felizes em ter crenças cristãs, mas somente para nós mesmos, sem deixar as outras pessoas preocupadas com isso. pp. 30 A particularização do evangelho está na contramão dos propósitos de Deus. Vivemos em um mundo onde o individualismo e um estilo de vida, mas, este estilo é completamente contrario ao proposito de Deus, em levar o evangelho a todas as criaturas. Este tipo de posicionamento é apresentado em pessoas que ficam satisfeitas em serem cristãs e terem a sua fé guardando-as para si e ficando cada vez mais isolados. A responsabilidade de defesa e anunciação do evangelho não é algo da sua ossada. Uma terceira estratégia errada, que se aproxima do ideal, mas ainda não se alinha com ele, é o que chamamos de “mero evangelismo”. pp.31. A apresentação do evangelho visando apenas à salvação da alma sem nenhum efeito pratico para a vida das pessoas, ou seja, a preocupação única é com a vida eterna, mas a forma como vivemos não importa é relevante. O mero evangelismo é aquele em que se anuncia o evangelho, mas não se faz um acompanhamento, um discipulado contrariando a onde de Cristo que nos manda além de ir, anunciar também ensinar. O evangelho deve ser integral na vida do cristão. A apologética reconhece a realidade da oposição, mas oferece respostas na confiança de que a bondade de Deus esta ai afinal. pp.39. A apologética sempre sofreu oposição, e dificuldades ao longo dos tempos, tanto físicas quanto verbais, mas as escrituras nos ensinam que devemos agir com calma e paciência. devemos agir com o nosso coração que é o centro das nossas disposições. nossa confiança deve estar em Deus, e não em nossas forças. Se a apologética tem um importante sentido legal e quer dizer “livrar-se de uma acusação”, vemos que a defesa verbal é especialmente visível. pp.41. Algumas pessoas acham que as escrituras não necessitam de uma defesa, mas, se esquecem de que Deus nos entregou a incumbência de anunciar a sua palavra de forma completa e verbal. para que se possa cumprir esta incumbência, é necessário usarmos nossos recursos dialéticos, na defesa das escrituras diante da oposição ao evangelho de forma completa. a persuasão humana aplicada ao evangelho também é um dos propósitos de Deus. Não basta termos grandes respostas, se não reconhecemos a necessidade e não compreendermos nossos ouvintes. pp.42. Segundo o autor além de termos as respostas é preciso conhecer nossos ouvintes, tanto em seus aspectos psicológicos, quanto em seus aspectos culturais e sociais. com isso seremos capazes de reconhecer qual o problema dos nossos ouvintes e aplicarmos de forma mais direcionada. é necessário que o apologéta esteja preparado não apenas intelectual, mas principalmente espiritualmente, para cumprir com êxito a sua tarefa. o apologéta deve ser persuasivo em suas palavras diante da variante cultural e intelectual dos seus ouvintes. Assim como a Bíblia não se inicia com os Evangelhos, nem ainda com as epistolas, assim também o trabalho de apologética não vem somente do Novo Testamento. pp. 45. O trabalho apologético trata das escrituras como um todo não somente de uma parte dela, pois ambos os testamentos espoem o plano de Deus para o homem. é necessário o apologéta ver esta relação para que possa se sentir a vontade e


persuadir o seu ouvinte. a obra apologética se encaixa no plano de redenção de Deus através do seu amor. O trabalho do apologista é descobrir a tensão entre a descrença e o conhecimento de Deus que todos possuem. pp.61 O apologista deve identificar qual o ponto de tensão nas pessoas, todos têm certo grau de conhecimento de Deus, mas a questão maior é qual é este conhecimento e o que as pessoas entendem deste conhecimento. muitas vezes a dificuldade esta em reconhecê-lo, o apologista deve com paciência reconhece esta dificuldade, e levar as pessoas a se confrontarem com ela, de modo que venha a reconhecer a soberania de Deus e que ninguém consegue viver sem a religião e que todos creem de certo modo, este reconhecimento torna a pessoa mais receptível ao evangelho. Em qualquer conversa sobre as questões ultimas, o ponto de contato, a revelação, à volta ao lar, e a plausividade deverão ocorrer em todo o processo. pp. 73. Muitas vezes, o ponto de contato para que as pessoas possam despertar para o evangelho ocorre através de choques com as realidades que envolvem questões ultimas como a morte, a confrontação com a sua própria realidade também funcionam como uma forma de despertamento para Deus. Todas as formas passam por um processo de confrontamento com a situação que se esta vivendo e é o choque desta confrontação que age fazendo com que enxerguemos a necessidade de conhecermos e nos relacionarmos mais com Deus. O grande perigo é o apologéta mistificar, estes conhecimentos a ponto de distanciá-lo da condição real do individuo. O apologéta deve estar atento a estes pontos de contato levar o individuo a uma necessidade de conhecimento e despertamento a Deus. Os que creem que a fé cristã seja mera ilusão muitas vezes dizem, em deboche, que a religião é uma muleta. pp. 89 Muitos pensadores do passado fizeram declarações colocando a fé como algo que não existe, ou que é fruto da imaginação, ou se focam nas distorções que a na religião para desacreditá-las. É necessário o apologista demonstrar que apesar das seitas usarem o nome de Deus, e sustentarem suas distorções através de citações Bíblicas, isto não invalida o evangelho. É necessário demonstrar que todas as coisas apontam para Deus e seu amor. Deve se buscar um entendimento real sobre as escrituras, sem distorções. Na verdade, uma das principais características da civilização moderna é o pluralismo, que se refere à coexistência de grupos e instituições que mantêm grandes diferenças. pp. 98 Vivemos em meio a uma sociedade diversificada por vários grupos e classes sociais e culturais, em meio a esta diversidade é comum aparecerem questionamentos sobre o que verdadeiro, ou qual a verdade religiosa. o autor coloca que a pluralidade social não é motivo para que cristão se estremeça. Claro que admitir que as outras crenças detenham a verdade é tirar de Cristo o caminho para Deus. O Cristão deve aprender a viver em meio à diversidade cultural e social, e aprender a ver nesta pluralidade a diversidade de Deus revelada na criação. Não é de surpreender que todas as filosofias e religiões se preocupam com o mal, o sofrimento e a dor; o problema da existência do mal, o sofrimento e


a dor; o problema da existência do mal não é especificamente um problema cristão. pp.110. Não temos como explicar a existência do mal, apenas que ele existe. o autor explica que o mal tem a sua utilidade ao refinar a nossa visão. apesar de Deus não intentar o mal, é certo que ele não está fora dos propósitos de Deus, e é ai que o evangelho nos apresenta a Jesus que veio para vencer o mal, em todas as suas formas. esta deve ser a mensagem do apologista, que Jesus Cristo veio para vencer o mal e restabelecer a comunhão plena com Deus. A origem do mal não é um problema a ser tratado pelo cristão, mas a solução para este mal, sim. Toda espécie de desafio à fé cristã pode provocar duvidas e mal-entendidos. pp. 124 muitas vezes a fé cristã é confrontada com os aspectos arqueológicos, ou com teorias ou com a ciência o que podem causar distorções a respeito das escrituras. Tais questionamentos devem ser respondidos com honestidade, sem receio de dizer que não se sabe, quando não souber a resposta. Mas é necessário ressaltar que grande parte das escrituras que exige acerto histórico não é verificável em pesquisa histórica. O melhor é que deixemos a própria Bíblia falar em seus próprios termos e não forçar as teorias sobre ela.

6. Avaliação crítica da obra O livro Razões do Coração surpreende pela sua forma clara e de agradável didática, apresentando a matéria apologética como algo essencial a vida da igreja e do cristão, mas, sem que seja algo espinhoso. A visão do autor de que a razão das deve agir junto com o coração, nos leva a refletirmos como estamos anunciando o evangelho, ou se estamos anunciando e cumprindo ao determinado por Deus para nossos ministérios e em nossas igrejas. Os conflitos apresentados com soluções simples encorajam-nos, a enfrentarmos com mais confiança e segurança as dificuldades na defesa das escrituras. Apesar disto Razões do Coração, em certos momentos torna-se confuso e faz com que precisemos ler os textos algumas vezes para captar a ideia do autor sobre determinado assunto quando ele o explica através de historia, mas, que com um releitura mais cuidadosa é possível entendê-lo. Uma boa obra que todo cristão deveria ler.


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