catálogo | toda palavra é uma paisagem

Page 1





natalie salazar 24/08 a 15/10 de 2017


sobre a exposição toda palavra é uma paisagem


A exposição “toda palavra é uma paisagem” consiste na criação de uma paisagem:palavra; um lugar não-ilusório e não-referente. Não é uma imitação, não é uma maquete, nem um simulacro, tampouco é signo. Para criar esta exposição, a artista utiliza experiências familiares como matéria. Seus avós foram sobreviventes da II Guerra Mundial e enquanto seu avô escreveu 14 romances nos quais conta sua experiência durante a guerra, sua avó, sobrevivente de Auschwitz, nunca falou sobre o assunto. É exatamente no não nomear que nasce esse projeto. “toda palavra é uma paisagem” sugere a construção de um espaço que busca tensionar o limite da certeza, da consciência, da representação. Procura potencializar as formas de linguagem para penetrar numa zona germinal, um lugar das (in)possibilidades, do (in)vivível, (in)audível, (in)pensado.


São apresentados dois trabalhos inéditos: no centro da sala a obra “indiferente” e em uma das paredes a obra “verrugas”. Indiferente, palavra escolhida não por indiferença, mas no ímpeto de provocar seu significado, sentido e conteúdo. Questionando-a, desconstruindo-a, abrindo-a para afetos. A palavra indiferente, escrita com pedras de brita de cimento, é a proposta da artista para a construção de um lugar espaço-tempo do estar-junto e não do estarcom. Uma paisagem que dá corpo às entonações, intenções, respiros, sopros. Busca trazer à luz, fazer emergir, a imagem de uma cena, enquanto o som ou a escrita se dão a ver. A partir da topografia da gravação sonora (gráfico da gravação) da palavra indiferente, o trabalho aqui proposto dá a ver a materialidade, a potência que a palavra carrega. No segundo trabalho exposto, as “Verrugas” dispostas na parede surgem como relevos, não se diferenciam da parede, tornamse um único corpo. Das verrugas, são proferidas cinco expressões idiomáticas em uma língua em extinção, o ídiche (dialeto falado pelos judeus), que se repetem em loop. O som delas se confundem, gerando murmúrios. Se idiomas tivessem uma sede no corpo humano, não seria na cabeca¸ e nem no coraca¸ oÞ , mas sim nas tripas, nas visì ceras que estaoÞ dentro do abdome, e que evocam o que de mais primitivo e ancestral haì na pessoa. As “verrugas” dão permanência e materialidade a algo que busca sobreviver. Assim como a verruga que nasce do próprio tecido, dando a ver algo que queremos negar, não ver, não ter.


“Verrugas” , assim como a obra “indiferente” propõem uma certa existência. Não são uma representação, nem uma coisa, mas sim, uma existência situada entre a coisa e a representação, são palavra: paisagem que fazem sobreviver. “toda palavra é uma paisagem” provoca a palavra, fazendo dela emergir uma paisagem que se dá a partir da desconstrução do conhecido; da ruptura da relação entre um conceito e uma imagem. A origem e o original não estão mais lá. Em seu lugar, a duração, a marca que dá sobrevida e novas possibilidades de uso, entendimento e relações. Sendo assim, a artista traz à Pinacoteca da UFV uma experiência não da palavra de ordem, mas do espaço que é mais ruído do que discurso, mais provocação do que certeza. O espaço das afetações e possibilidades, da experiência.




indiferente







verrugas







natalie salazar sobre a artista


Natural do Rio de Janeiro e formada em Fotografia na Escola Panamericana de Artes (SP), trabalha a partir do resgate de memórias, livros e fotografias do arquivo de sua família, reutilizando-os a fim de criar novas conexões, estranhamentos ou deslocamentos. Estuda artes visuais em diversos cursos livres e grupos de estudos. Dentre as exposições que participou, destaca-se o Prêmio Brasil de Fotografia, o qual adquiriu um trabalho da artista para o acervo da fundação Porto Seguro.



Universidade Federal de Viçosa Nilda de Fátima Ferreira Soares Reitora

João Carlos Cardoso Galvão Vice-Reitor

Clóvis Andrade Neves Pró-reitor de Extensão e Cultura

Deise Eclache Assessora Especial da Pró-reitoria de Extensão e Cultura

Geraldo Leandro da Silva Filho Chefe da Divisão de Assuntos Culturais

Michele Micheleti de Mello Diretora de Produção/Coordenadora do Museu Histórico e Pinacoteca da UFV

Jeferson Carvalho Projeto Gráfico

Charles Ivan|Gustavo Barreto|Inacio Andrade |Jeferson Carvalho Patrícia Corrêa| Tattiane Bragança | William de Oliveira Equipe Museu Histórico e Pinacoteca da UFV





Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.