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VIVIDA OBRA



VIVIDA OBRA



Agradecemos a todos os que ajudaram a tornar essa exposição possível: artistas, professoras comentadoras, e toda a equipe da Pinacoteca, especialmente Michele Micheleti, Jeferson Carvalho e Charles Ivan.



VÍVIDA OBRA: PERFORMANCE

27 de abril a 13 de junho de 2017


SOBRE A EXPOSIÇÃO


SOBRE A EXPOSIÇÃO

A

performance configura-se atualmente como um campo fértil para a expressão estética, devido à maleabilidade e hibridismo com que essa linguagem se desenvolve. Perpassando o teatro, a dança e as artes visuais, a Performance focaliza o corpo como lugar privilegiado de seu acontecimento. Arte efêmera por natureza, sua fruição apresenta-se como um desafio para o público. Seja por sua qualidade de obra aberta ou mesmo por demandar um engajamento físico ou sensorial de seus espectadores, a Performance mostra-se como um prazeroso enigma para quem a presencia.


Diante desse panorama - e imbuída de um desejo de ampliar o acesso a essa linguagem artística - surge a ideia de abrir a Pinacoteca da UFV para uma exposição totalmente dedicada à arte da Performance. O objetivo primordial é oferecer oportunidades de encontro com essa forma artística. Além disso, por entender a escola como um espaço que, historicamente, desmereceu (e talvez ainda desmereça?) o corpo e priorizou a mente, supervalorizando a observação ao invés da participação, a chegada da Performance neste âmbito é provocativa. Trata-se de uma modalidade artística que não se materializa em objetos, mas sim, na proposição de acontecimentos e relações; que não visa a contemplação passiva, mas sim, anseia por um estado ativo de participação; que não fornece mensagens acabadas, mas cria processos de construção dialógica entre o artista e o público.


Justamente por ter em mente o contexto de formação em que a Pinacoteca está inserida, a exposição prevê ainda momentos de fruição de Performances apresentadas ao vivo, seguidas de uma roda de conversa entre artista e público, com comentários e mediação feita por Professoras do Departamento de Artes e Humanidades da UFV. Nesse sentido, buscou-se oferecer obras e registros – em fotografias e vídeos - alinhados a chaves de leitura, alimentando os espectadores sensorialmente, e, ao mesmo tempo, possibilitando que formem um pensamento em relação ao que vivenciaram.



MANAUS - ELES ESTÃO BEM MORTOS Performance urbana que se vale da força da imagem para falar da morte causada pela mão do Estado brasileiro em instituições de cumprimento de pena. Diante de corpos empacotados, o espectador é silenciosamente convidado a questionar como sobreviviam? Como morreram? Quais suas afiliações de gênero, classe social e raça? Por que estavam presos? A ação nomeada em função dos massacres de Manaus (2016) e do Carandiru (1992 - a frase título da obra foi retirada do livro "Cujo", do artista Nuno Ramos, acerca do Massacre do Carandiru), busca, sobretudo, dar testemunho e visibilidade aos que morrem e aos que vivem em presídios. Apresentada no "perfura: ateliê de performance" - SESC Palladium, BH/MG - 2017 Curadoria de Ana Luisa Santos Foto: Christina Fornaciari


Ardeu 33 vezes Performance abordando estupro coletivo. Comer 33 pimentas. fazendo referência ao caso ocorrido em julho de 2016 no Rio de Janeiro, onde 33 homens estupraram uma mulher e logo depois vazaram as imagens do estupro na internet. Apresentada na Praça 7, Centro de Belo Horizonte, dentro da residência com Shannon Cochrane na MIP3 - 3a Edição da Manifestação Internacional de Performance SESC Palladium, BH/MG - 2017 Curadoria de Marco Paulo Rolla Foto: Luciana Tanure




Biografia Visual: México Biografia Visual é uma performance seriada que vem ocorrendo desde 2011 em diversos países. Elementos comuns entre a culinária brasileira e a do país visitado são utilizados para ritualizar fatos marcantes da vida da artista. A cada ano, novos fatos são incluídos na performance. Na versão Mexicana, ocorrida nas Pirâmides do Sol na cidade de Teotihuacan, foram utilizados feijão preto e pimenta vermelha. Apresentada a convite do CICO - Cientro de Investigación Coreográfica - México/DF - 2016 Foto: João Castilho


Atar Videoperformance realizada dentro do projeto SIMBIO. No dicionário, a palavra simbiose é definida como uma associação entre dois seres vivos na qual ambos são beneficiados. Na exposição Simbio, a relação ecológica ganha um novo significado, desta vez adaptado à arte. Para a quinta edição do projeto, foram convidados 7 artistas e cada um deles, por sua vez, foi desafiado a convidar outros artistas para trabalhar em colaboração. Atar é um fruto dessa parceria com o artista João Castilho. Exibida no Palácio das Artes, BH/MG - 2016. Foto: Christina Fornaciari




emergência

O que emerge de uma cirurgia cesariana não desejada - de urgência? A incapacidade de parir naturalmente instaura na artista sentimentos ambíguos em relação ao próprio corpo: fracasso, culpa, imprevisibilidade, descontrole. Os cortes cirúrgicos são atualizados na ação, que, como uma pintura, estetiza o corpo e o cotidiano. Apresentada no SESC Palladium, BH/MG - 2015 Foto: João Castilho


jenipapo A artista se submete à pintura corporal típica de rituais indígenas, feita com pigmento obtido do fruto Jenipapo, aplicada por uma autêntica índia Pataxó. A pintura tem durabilidade de 1 mês. Durante esse período, a artista carrega esses símbolos, colocando-os em circulação. Foi feito um registro diário desse período, que era acrescentado semanalmente à exposição. Apresentada na exposição "Bússola Cã", uma individual de Christina Fornaciari na Casa UNA - BH/MG. - 2014 Colaboração: Maria Flor Guerreira (pintura) e Edgard Correia Xakriabá (forneceu a tinta de jenipapo). Foto: Casa UNA




reconvexo

A artista propõe um diálogo com a arquitetura curvilínea do Pavilhão da Bienal de SP, edifício do arquiteto Oscar Niemeyer, introduzindo no espaço outras curvas, até que seu corpo desapareça nelas. Apresentada dentro da mostra Perpendicular BIENAL - na 31ª Bienal de São Paulo/SP. - 2014 Colaboração: Carolina Botura e Gilmara Oliveira Foto: Matheus Alessi


DOIS FRANCISCOS A obra trata da exploração predatória de recursos naturais ao longo do Rio São Francisco. Da nascente à foz, da extração de minério em Minas Gerais às refinarias de petróleo em Sergipe, o que circunda o rio é uma paisagem alterada, desfigurada e transtornada. A artista permanece deitada no barco, coberta por pneus e câmaras de ar durante 8 horas ininterruptas, por todo período de funcionamento do Museu. Apresentada no Museu de Arte da Pampulha, BH/MG - 2013 Foto: João Castilho




como nasce um estado Criada em meio às manifestações da chamada "Primavera Brasileira", a obra propõe uma reflexão acerca da luta popular por mudanca¸s sociais, historicamente ligada a uma alteraca¸oÞ do estado geral da população: de uma postura politicamente passiva, para uma postura ativa e reivindicadora. A artista veste uma segunda-pele contendo sementes de girassol. Ao público são distribuidì as lam ^ inas cortantes. A ação do pubì lico sobre o corpo da artista libera as sementes sobre o solo. Apresentada no SESC Tocantins, Palmas/TO, Curadoria de Vone Petson no SESC Palladium, BH/MG, curadoria de Wagner Rossi Campos. - 2013 Foto: João Castilho


agudás

Agulhas com bandeiras dos Estados brasileiros cravadas sobre mapa africano desenhado no corpo, revelam o movimento dos povos Agudás: descendentes de indivíduos escravizados no Brasil, retornando a seus países de origem na África. Colaboração: Juliana Floriano Criação e edição do vídeo ao fundo: Christina Fornaciari Apresentada no SESC Palladium, BH/MG - 2012 Foto: João Castilho




Dumping Ground (Área de Despejo) Trabalho prático individual integrante do Mestrado em Performance, realizado por Christina em Londres (Queen Mary University of London). Aborda a relação entre performance e Direitos Humanos, analisando projetos artísticos feitos em presídios da Inglaterra e do Brasil. A artista cria e habita uma cela, contendo cartas, áudios gravados dentro de presídios, entrevistas e outros materiais colhidos na pesquisa. Os espectadores entravam um-a-um na obra, podendo permanecer por 10 minutos. O figurino remete às barras de ferro das celas e a máscara-espelho foi um dispositivo criado para forçar o espectador a se identificar com a situação apresentada, uma vez que, ao olhar para a artista, era seu próprio rosto que via refletido no espelho. Duração: 8 horas (mais de 60 visitantes) Apresentada na Queen Mary University of London - 2004 Foto: Chris Jackson


dote

Através da ação de bordar nomes de mulheres, retirados da literatura, da política e do círculo de amizade da artista, é feita uma homenagem ao feminino. Apresentada na inauguração do espaço cultural CASA UNA, BH/MG - 2011 Foto: João Castilho




veia O trabalho traz à tona questões relacionadas ao tempo e à memória, objetivadas pela constante transformação do espaço e do material utilizados. Realizada no CentoeQuatro - antigo 104 Tecidos Fábrica e Loja têxtil - a performance desenha o retorno dos tecidos a esse espaço onde já habitaram. Apresentada na MIP2, Segunda Edição do evento Manifestação Internacional de Performance, dentro da finalização da oficina Nezaket Eitici. BH/ MG. - 2008 Foto: João Castilho


perfomafunk

Projeto viabilizado através do Prêmio FUNARTE Artes Cênicas na Rua 2009. Performance urbana concebida pela junção entre o conceito de CsO (Corpo Sem Órgãos), de Gilles Deleuze e Félix Guattari, e uma abordagem antropológica do movimento funk carioca. Apresentado em BH (2010 e 2011), Ouro Preto (2011) e Mariana (2011). Foto: João Castilho




Improviscosidade No subsolo de um teatro, elementos do corpo da performer (pressão arterial, imagens de ultrassonografia, etc.) são mixados ao vivo, gerando sonoridades e imagens que intervém no espaço. Concepção e performance (corpo): Christina Fornaciari Performance (som): Babilak Bah Performance (imagem/projeções): Alexandre Milagres Apresentada no Improvisões, curadoria de Luis Carlos Garrocho e Marcelo Kraiser) - 2008 Local: Subsolo do Teatro Marília, BH/MG Foto: João Castilho


Espaรงo Pedagรณgico como um Espaรงo Performativo

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Lucio Agra*


Espaço Pedagógico como um Espaço Performativo

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Lucio Agra*

¹ Devo muito do que possa pensar sobre pedagogia e performance a duas mestras desse campo: Naira

T

udo que acontece se dá em um ambiente específico. Para a performance, isso é essencial. Uma mesma performance, em ambientes diversos, é outra. Esse lugar de enunciação – assim o chamariam alguns – esse contexto – assim preferiu chamá-lo o polonês Jan Swidzinski (arte contextual), esse environment, esse invólucro de acontecimentos, esse sítio específico, esse lugar onde acontece a ação é a própria ação, como também observou Paul Zumthor, referindo-se não somente ao espaço mas à sua conjunção com o tempo. Tratava-se, no seu caso, da lembrança infantil dos cantores de rua que distribuíam a letra de suas canções e recolhiam o dinheiro que lhes dava o público embevecido. Havia

Ciotti (O professor performer) e Denise Raquel, cuja Dissertação de Mestrado sobre o tema está em vias de ser publicada pela editora da Universidade onde a defendeu, a UNESP. A elas dedico esse texto. * Performer, pesquisador, artista do verbal e do sonoro. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUCSP e professor do CECULT (Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas) da UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.


a tarde, as meninas saindo da escola, o farfalhar das árvores e aquilo, dizia ele, era uma forma total e dinâmica: “O que eu tinha então percebido, sem ter a possibilidade intelectual de analisar era, no sentido pleno da palavra, uma ‘forma’: não fixa nem estável, uma forma-força, um dinamismo ² De acordo com Jeanne Marie-

formalizado; (...) não um esquema que se dobrasse a um assunto,

Gagnebin, Erfahrung, palavra

porque a forma não é regida pela regra, ela é a regra. Uma regra

derivada de fahren (viajar) designa

a todo instante recriada, existindo apenas na paixão do homem

um tipo de experiência como aquela

que, a todo instante, adere a ela, num encontro luminoso.”

vivida pelos sobreviventes da I

(ZUMTHOR, 2007:29, grifos do autor).

Guerra Mundial. Entretanto, esse vido

E esse “dinamismo formalizado”, completa ele, isso era a

na guerra “não é acessível ao

performance. Como a imagem que relampeja do passado em um momento

simbólico, é indizível”. Por isso o

de perigo (Walter Benjamin) Zumthor tentou por diversos caminhos

termo cai em desuso e é substituído

recuperar essa memória perdida, sem êxito. Só então compreende que

por Erlebinis (de leben), o que traduz,

aquilo era um todo que não poderia ser recomposto mas que permanecia

mais simplesmente uma vivência,

vividamente na experiência.

“sua pequena experiência de vida,

Também de acordo com Walter Benjamin estamos aí diante da Erfahrung da experiência que se grava no corpo². Normalmente, levamos do espetáculo comum, seja ele no show, no teatro, no cinema, com raras exceções, apenas o sabor de uma Erlebnis, uma vivência que não se impregna em nossa carne, que

individual, quase incomunicável” GAGNEBIN, Jeanne Marie Anotações de aula – curso ministrado no Centro Maria Antônia, nov./dez 2005.


não tem o mesmo poder de evocação. Chegamos a nos surpreender quando um acontecimento dessas linguagens nos deixa uma impressão profunda, tornando-se parte do nosso elenco de experiências inesquecíveis. Na performance o intento – muito embora raras vezes conseguido – é o da produção dessa experiência. Isto se faz em parte porque na performance somos testemunhas de um acontecimento, o que é, sob algum aspecto, menos que um evento preparado para o êxtase da arte mas também, por outro, pode ser profundo a ponto de vincar nossa história. Na educação formal, ao longo da vida, carregamos várias dessas experiências. Não são espetáculos, muitas vezes são contra-espetáculos. Meter-se numa briga, contemplar a aparição do ser que se julga amar, enfrentar o cotidiano de um professor carrasco, sofrer bullying, conquistar um prêmio, dizer um poema pela primeira vez em um palco, diante de uma atenta e exigente audiência como são os pais. A escola entende essa experiência de modo categórico e construiu, ao longo do tempo, meios para que fosse gravada em nossa memória. Diz-se costumeiramente que é preciso que você passe pela escola e ela por você. São milhares de horas e dias, anos a fio, vividos naquele mesmo ambiente que


todos nós reconhecemos no momento em que entramos nele, mesmo se já está distante o dia em que ali estivemos pela primeira vez. Seja uma casinha provincial de dois cômodos, cada um com uma sala, ou um prédio público com dezenas de aposentos, existe um modelo que perpasssa as nossas experiências pedagógicas: carteiras enfileiradas, uma mesa indefectivelmente maior, um quadro (verde, negro, azul, branco, onde se escreve com canetas ou giz). Quais são os novos recursos que se acrescentaram a essa configuração nos últimos anos? Na década de 90 Pierre Lévy ironizava essa situação dizendo que a prática educacional permanecia a mesma desde o século dezoito e, entretanto, falamos dela com seu poder emancipador. Sabemos que esse poder existe, mas o argumento principal aqui é que ele já não pode avançar para lugar nenhum se não houver a transformação dessa dinâmica formal, desse environment, desse contexto. Ao menos na Universidade – mas isso deveria vir desde a escola fundamental – é inadiável a necessidade de compreender o espaço pedagógico como um espaço performativo. Com todas as características desse tipo de enunciação: irrepetível, impossível de capturar em um registro, da espécie de situação do testemunho. É preciso conjurar a vivência


perversamente transformada em experiência autoritária do aparato semelhante ao auditório, à igreja, à plateia, ao refeitório. A perfilação de indivíduos dispostos de forma linear, todos orientados em uma única direção controlada por uma figura simbólica de superioridade (em alguns casos posta em um tablado ou palco) em nada corresponde a uma outra concepção, a da convivialidade e do respeito às diferenças postas em equidistância. Foi precisamente esse problema que levou Jacques Rancière a historiar os esforços participativos no teatro da segunda metade do século vinte. Conclui Rancière, ao final de seu ensaio “O espectador emancipado” que não é mais possível pensar na situação do espectador isolado da ação que assiste, propondo dessa forma uma ruptura da barreira entre quem se “apresenta” e quem “assiste”. Não foi outra a proposta feita pelo teatro moderno mas, adverte Rancière, sem êxito, precisamente por não abolir essa fronteira. A arte da performance começa sua história tecnicamente a partir dos anos 60 muito embora fatos que tenham se dado em décadas anteriores tenham sido arrolados nessa narrativa. E ela começa já sob o signo dessa ruptura desejada pelo teatro. Se assim é, uma escola performativa ou aberta ao gesto que significa em sua inteireza de discurso psico-físico (e não apenas verbalista) não pode prosseguir sucumbindo ao falso


teatro das filas de carteiras, ao reducionista e anestesiante espetáculo das projeções em seminários ou apresentações, rostos voltados para um único foco, em forma de plateia, como se assistíssemos a uma grande celebração cívica. À sala aprisionante de carteiras lineares é preciso apor a mesa onde todos participam, convivas e semelhantes, onde todos podem se sentar lado a lado e colocar suas coisas (cadernos, computadores) sobre essa superfície comum. Menos o modelo do auditório e mais o modelo do bar, que é a fuga daquela sala de torturas. À parede reenquadrada por um frame às vezes tornado tela onde pontifica, solitário e soberano um professor, a parede onde todos podem escrever, integralmente preparada para anotações de aula, comentários, galhofas, avisos. A parede-quadro que pode virar cenário, porta, janela imaginária quado a mesa leve, apoiada em cavaletes facilmente removíveis for retirada com suas cadeiras para que o chão possa ser acento e o ambiente possa ativar-se em múltiplas direções. À sala de cujo foco principal aqui descrito, pende o crucifixo que testemunha a hegemonia cristã e colonizadora, a sala com plantas de força, com o repertório de nossa botânica simbólica e de outras até mesmo interditas.


Não poderá haver uma possível nova pedagogia sem esse novo contexto, a meu ver. E não será possível compreender o que virá nesse mundo da centralidade de nossas condutas, da éticoestética, se não for possível repensar o edifício dentro do qual se dá essa experiência. Do contrário uma aula performativa seguirá sendo aquela em que um dia um professor resolveu sair com a turma para estudar debaixo da árvrore, do lado de fora das salas-de-aula.

Referências ZUMTHOR, Paul Performance, recepção, leitura tradução de Jerusa P. Ferreira e Sueli Fenerich São Paulo, Cosac & Naify, 2007. RANCIÈRE, Jacques Le spectateur emancipé La Fabrique éditions, 2008; trad. portuguesa: O espectador emancipado (José Miranda Justo) Lisboa, Orfeu Negro, 2010; trad. brasileira: O espectador emancipado ( Ivone Castilho Benedetti ) SP, Martins Fontes, 2012.



performances apresentadas

Atreladas a exposição Vívida Obra: performances, durante o mês de maio, às terças-feiras, dias 2, 9, 16 e 23, foram apresentadas performances na Pinacoteca da UFV. Cada apresentação, realizada por estudantesdo curso de Dança foi comentada por uma professora do curso, Departamento de Artes e Humanidades DAH/UFV.



Mecânica Performer: Nailanita Prette Comentadora: Profa. Evanize Siviero Foto: Christina Fornaciari e Nando Matipó Apresentada dia 02/05 Até que ponto as alterações corporais em busca de padrões de beleza são sinônimo de perda de identidade? Aonde está o limite entre ser belo e ser padronizado, uniformizado, num comportamento mecânico que apenas repete formatos já existentes e aceitos? A performance utiliza um gesto simples, considerado feminino e sensual: passar batom.... Por meio da repetição, a ação se transforma em um gesto descontrolado, de feiúra e de apagamento.


Sonância Performer: Thainá Carvalho Comentadora: Profa. Jussara Bastos apresentada dia 09/05 'A performance Sonância apresenta a conversão de movimentos e gestos em som, através de um programa de computador. No limiar da relação entre dança e som, a performance utiliza a tecnologia como ferramenta de conexão no diálogo entre corpo criador e criação. ''




Dê Pés Performer: João Petronilio Comentadora: Profa. Laura Pronsato apresentada dia 16/05 A performance aborda o genocício da juventude negra. João faz uma pesquisa de movimentos e imagens pela Bahia, em locais onde a escravatura pesou fortemente sobre os negros, na intenção de olhar para a origem desse problema social. A pesquisa gerou uma performance de movimentação corporal e uma vídeo-performance.


Ações do Fim Ação número 1 Performer: Rebeca Lima Comentadora: Profa. Rosana Pimenta apresentada dia 23/05 A ação número um é a primeira ação de uma série de notas performáticas sobre o fim. Numa abordagem autobiográfica e ao mesmo tempo social, a performer Rebeca Lima registra de forma poética o fim de algum acontecimento, ressaltando o corpo e a marca desse fim no corpo.



christina fornaciari sobre a artista


christina fornaciari sobre a artista

N

ascida em Belo Horizonte em 1977, Christina Fornaciari vem ganhando destaque no cenário nacional da performance contemporânea, tendo realizado obras em diversos Estados brasileiros (como Tocantins, Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo, Bahia, Santa Catarina, Minas Gerais e Sergipe), bem como no exterior (incluindo China, Inglaterra, EUA, Alemanha e México). Ao longo de sua trajetória, vem desenvolvendo uma consistente pesquisa que entrelaça temas como Direitos Humanos, cultura popular, autobiografia e a relação entre arte e cotidiano.


A artista foi por quatro vezes agraciada com Prêmios da FUNARTE, tendo também recebido Prêmios da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte (2012, 2013 e 2014). Foi contemplada em diversos Editais de Instituições públicas e privadas, tendo apresentado exposições individuais nas Galerias do Sistema S (SESC e SESI) de Minas Gerais, Bahia e Tocantins, Casa UNA de Cultura (BH/MG) e Memorial Minas Gerais VALE (BH/MG), e inúmeras exposições coletivas. Enquanto professora e pesquisadora, preocupa-se com questões relacionadas à recepção, conceituação e criação em performance, bem como o treinamento psico-físico do performer. É autora de diversos livros e artigos acerca desse assunto, entre eles “Corpo e Contexto”, lançado em 2014 pela Editora Scriptum, que aborda a produção de artes junto a minorias sociais, étnicas e culturais. Defendeu sua Tese de Doutoramento “Corpo Potência: Presença, política e tecnologia na performance contemporânea” em 2014, na UFBA - Universidade Federal da Bahia, e sua Dissertação de Mestrado em Performance “Performance e Direitos Humanos” em 2005, na Queen Mary University of London. Obteve revalidação do Diploma obtido na Inglaterra pela



USP – Universidade de São Paulo, com nota máxima pelos avaliadores. Ensinou Performance e Teatro como professora regular no Curso Técnico do Palácio das Artes, BH/MG e como professora substituta nas Graduações em Artes Cênicas da UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto e UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais. Atuou como Professora na PósGraduação em Processos Criativos da PUC-Minas. Desde outubro de 2015, Christina faz parte do quadro de Professores Efetivos da UFV- Universidade Federal de Viçosa, tendo ingressado como professora Adjunta no Departamento de Artes e Humanidades dessa instituição.



apoio:

realização:


Universidade Federal de Viçosa Nilda de Fátima Ferreira Soares Reitora

João Carlos Cardoso Galvão Vice-Reitor

Clóvis Andrade Neves Pró-reitor de Extensão e Cultura

Deise Eclache Assessora Especial da Pró-reitoria de Extensão e Cultura

Geraldo Leandro da Silva Filho Chefe da Divisão de Assuntos Culturais

Michele Micheleti de Mello Diretora de Produção/Coordenadora do Museu Histórico e Pinacoteca da UFV

Jeferson Carvalho Projeto Gráfico

Camila Araújo|Charles Ivan|Gustavo Barreto|Inacio Andrade|Jeferson Carvalho|Patrícia Corrêa|William de Oliveira Tattiane Bragança|Sandielle Soares Equipe Museu Histórico e Pinacoteca da UFV


VIVIDA OBRA




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