PROCEDIMENTOS PEDAGOGICOS PARA O PROFISSIONAL DO KARATE NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO FISICA ESCOLAR. Dd. Jefferson Campos Lopes – UTAD/UNAERP Ms. Carlos Augusto Carvalho Filho – UNOESTE Resumo O karate é uma modalidade milenar de origem japonesa que esta presente em vários contextos na sociedade que podem ser: desde sua prática como atividade física para qualidade de vida, dentro das aulas de educação física escolar e até nos sistemas de modalidades de combate com várias competições inclusive sendo parte do circuito olímpico.Assim este artigo vai ao encontro de possibilitar dentro da arte marcial – Karate contribuir para o desenvolvimento do segmento no contexto escolar ,uma visão aos profissionais que trabalham junto a educação física escolar de um olhar de novos caminhos que possam ajudar na melhoria do processo do ensino e aprendizagem existentes nos dias de hoje na literatura. Palavras chaves: Karate, pedagogia, aprendizagens.
Abstract Karate is an ancient form of Japanese origin that is present in various contexts in society that can be: from his practice as physical activity to quality of life within the school physical education classes and even in combat modalities systems with various competitions including being part of the Olympic circuit. So this article will appeal to enable within the martial art - Karate contribute to the development of the segment in the school context, a vision for professionals who work with physical education a look for new ways that can help in improving the teaching process learning and existing today in the literature. Key words: Karate, pedagogy, learning.
INTRODUÇÃO Podemos dividir no Karate a sua história em dois períodos, antes e após Gichin Funakoshi, sua história acaba se confundindo com a própria história do Karate, por isso a ele é creditado o título de pai do Karate moderno. Os relatos do período anterior a Funakoshi possuem fatos controversos e são repletos de folclores, mistérios e estilo reservado, típico da cultura oriental 1 De fato o Karate começa a ganhar popularidade no oriente por volta de 1900, e chegou ao Brasil com os imigrantes japoneses, em 18 de Junho de 1908. São 3 as áreas básicas trabalhadas no treino de karate: Kihon, treino dos fundamentos; Kata treino em exercícios formais; e o kumitê que é o jogo de combate
1
já o Karate competição é dividido em duas modalidades kata e kumitê
Origem e Desenvolvimento do Karate
Faz-se necessário uma abordagem sobre o contexto histórico, filosófico e sócio-cultural do Karate e do país em que o mesmo surgiu, para que dessa forma fique mais nítida a função do karate na sociedade atual. Pouco se sabe sobre a verdadeira origem do karate, basicamente podemos dividir sua história em dois períodos, antes e após Gichin Funakoshi, que devido aos seus esforços em divulgar essa arte para o mundo e torna-a acessível a todos. Sua história acaba se confundindo com a própria história do karate, por isso a ele é creditado o título de “pai do karate moderno”. Os relatos do período anterior a Funakoshi possuem fatos controversos e são repletos de folclores, mistérios e estilo reservado, típico da cultura oriental. Apesar de serem apresentadas diversas versões, existe um consenso no que diz respeito ao local de origem, Okinawa, que é a maior das ilhas do arquipélago situado ao sul do Japão: as Ilhas Ryukyu. Esta região, que atualmente forma a província de Okinawa, constituía um reino independente até o final do século XIX, quando foi anexada ao império japonês. A forma como era chamada inicialmente, “te” (mãos) de Okinawa. E no tocante a influência chinesa na criação do estilo. Por causa do comércio e de outras relações entre Okinawa e a Dinastia Ming da China, é provável que ele tenha sido influenciado por técnicas chinesas de luta, mas não há registros escritos fornecendo uma idéia clara do desenvolvimento do “te” 2
Encontram-se relatos apontando que o Karate e as demais artes marciais atuais têm suas raízes mais remotas nos séculos Vl e V antes de Cristo, quando se encontram os primeiros indícios de lutas na Índia. Esta luta era chamada Vajramushti, cuja tradução aproximada poderia ser “aquele cujo punho cerrado é inflexível”. Vajramushti foi o estilo de luta do Kshatriya, uma casta de guerreiros da Índia. Estudos apontam que, em 520 a.C., o monge budista Bodhidharma (também conhecido como “Tamo” em chinês ou “Daruma Taishi” em japonês), viajou da Índia para a China, objetivando ensinar o budismo no templo shaolin. O relato continua dizendo que quando ele chegou encontrou os monges do templo numa condição de saúde tão precária, devido às longas horas que eles passavam imóveis durante a meditação, que ele imediatamente se preocupou em melhorar a saúde deles 3 O templo shaolin
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ficava na floresta e os monges precisavam defender-se
também dos animais e de alguns bandidos. Assim sendo, criaram técnicas de autodefesa baseadas no próprio movimento dos animais e nas forças da natureza, que inicialmente eram utilizadas como exercícios físicos. Em adição, estes inúmeros exercícios criados pelos seus ancestrais e por eles, já que muitos antes de se ingressarem ao templo eram mestres em arte marcial, acabaram dando origem ao shaolin kung fu. Os templos foram destruídos por completo durante a dinastia Ming de 1644 a 1368 a.C., sendo que apenas cinco monges conseguiram escapar do massacre do exército Manchu, os quais ficaram conhecidos como “os cinco ancestrais”. Estes deram origem aos cinco estilos básicos de kung fu: tigre, dragão, leopardo, serpente e grou. Mais tarde emigraram para Okinawa, desenvolvendo novos sistemas conhecidos como “te”, que significa “mão”. Okinawa 2 foi unificada sob o reinado do rei Shohashi de Chuzan em 1429 e, posteriormente, durante o reinado do rei Shoshin, foi publicado um decreto proibindo a prática das artes marciais. Sabe-se que uma ordem proibindo armas foi promulgada pelo clã Satsuma de Kagoshima, depois de ele ter adquirido o controle de Okinawa em 1609. O “te” tornou-se então um recurso último de autodefesa, mas como o clã Satsuma também reprimia severamente essa prática, ela só podia ser praticada em absoluto sigilo.
A Difusão do Karate no Mundo
De fato o Karate começa a ganhar popularidade no oriente por volta de 1900, período em que surge Gichin Funakoshi propondo diversas alterações nos métodos de treinamento e nos nomes utilizados. O seu trabalho fundamental foi o de introduzir as alterações necessárias à transformação de uma arte de guerra, numa atividade formativa, física e espiritualmente, ao serviço do homem 3. Toda sua trajetória tem início a partir de uma exibição da arte numa escola primária na qual Funakoshi era professor. No começo deste século (em 1902), durante a visita de Hintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, a escola de Funakoshi em Okinawa, foi feita uma demonstração de karate. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Foi então que o treinamento de karate passou a ser oficialmente autorizado nas escolas. Até então o karate só era praticado atrás de portas fechadas, mas isso não significava que fosse um segredo . Contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de karate, que eram a favor de manter tudo em segredo, Funakoshi trouxe o karate, com a ajuda de Itosu, até o sistema de escolas públicas. Logo, crianças na escola estavam aprendendo kata como parte das aulas de Educação Física. A redescoberta da herança étnica em Okinawa era moda, então as aulas de karate em Okinawa eram vistas como algo interessante a se fazer 3.
O Karate no Brasil
A história da introdução do Karate no Brasil está diretamente ligada aos imigrantes japoneses que aqui se estabeleceram após a Segunda Guerra Mundial. Com a formação da colônia japonesa em São Paulo a partir de 1955 foi estabelecida a primeira academia de Karate naquela cidade, pelo sensei Mitsusuke Harada do estilo Shotokan 56.
Em 1959, o sensei Seiichi Akamine fundou a primeira academia do estilo Goju-ryu e
em 1960 fundou a Associação Brasileira de Karate, e que mais tarde daria origem à Confederação Brasileira responsável pela administração do esporte 7. Neste ano outros conhecidos mestres, oriundos também da colônia japonesa de São Paulo praticavam a arte em solo nacional, eram eles: Juichi Sagara, Yasutaka Tanaka, Tetsuma Higashino e Sadamu Uriu. Em 1961 o Karate foi introduzido na Bahia
pelo sensei Eisuke Oishi, levado ao Estado pelo Dr. Angelo Decaino. No ano seguinte, o estilo Shorin-ryū, um dos mais tradicionais em Okinawa, era trazido ao país pelo sensei Yoshihide Shinzato, considerado também o pai do Kobu-Dō de Okinawa em solo brasileiro. Estes mestres foram, portanto, os introdutores do Caminho das Mãos Vazias no Brasil, em um processo de estruturação que levou cerca de 10 anos, aproximadamente de meados da década de 50 a meados da década de 60, e propiciou a introdução da arte no território nacional. Importante frisar qui outros grandes nomes que contribuíram para o desenvolvimento do Karate brasileiro, sendo estes5: Milton Osaka, Hironasu Yoki, Benedito Nelson Augusto Santos (o primeiro faixa-preta não nissei do Brasil), Denislon Caribé, Lirton Monassa, Ailton Menezes, Oswaldo Duncan, Raimundo Bastos, Márcio Bienvenutti, Claudio Trigo, William Felippe, Julio Takuo Arai, Koji Takamatsu (Wadōryū), Taeto Okuda, Yoshizo Machida, Yasunori Yonamine, Akio Yokoyama, Michizo Buyo, Akira Taniguchi e Seiji Isobe (Kyokushinkaikan). Devido também as leis esportivas no Brasil, e como é natural o Karate como esporte cresceu muito, organizando-se em federações e confederações, pois hoje existem várias confederações de Karate, todas têm seus direitos assegurados pela Lei Federal N.º9.615, de 24 de março de 1998. Todavia somente a Confederação Brasileira de Karate – CBK e suas filiadas podem exibir e defender as cores do país com os símbolos olímpicos, pois por força de lei também o Comitê Olímpico Brasileiro – COB e o Comitê Olímpico Internacional – COI podem somente reconhecer um entidade reguladora em cada país.
Os conteúdos de aprendizagem do karate O ensino do Karate pode ser dividido em três pilares fundamentais: kihon (fundamentos), kata (exercícios formais) e kumite (luta), que são ensinados nessa ordem e devem ser treinados e estudados, dando-se a mesma importância. O kihon compreende todas as técnicas e fundamentos básicos do Karate-do como o tsuki (soco), uchi (golpe), keri (chute) e uke (bloqueio). Os exercícios fundamentais, ou Kihon, têm como objetivo ajudar o praticante de a aprender as técnicas básicas e a controlar o próprio corpo. É dito que somente com o trabalho de
Gichin Funakoshi, após sua ida ao Japão, que houve a separação do treinamento do Karate-Do nos seus três pilares fundamentais 1. Kihon, Kata e Kumite. Antes de 1920, portanto, só era praticado o Kata . Nos dias atuais pratica-se nas diversas associações, clubes, e escolas de Karate dos mais diferentes estilos uma serie de vários exercícios de Kihon que ajudam a desenvolver as habilidades necessárias para o preparo da prática do Karate, esses exercícios também podem ser denominados de ações de motoras simples quando praticadas com referencia a uma ou 2 ações motoras e complexas quando praticadas com mais de 3 ações motoras, com deslocamentos em varias direções e ou projeções 8. Desta forma, a execução dos Kihon trabalha as habilidades de técnicas de mãos (Tewaza), que compreendem socos (tsuki ), defesas (uke), e golpes indiretos (uchi ), além das técnicas de chute (Keri-waza) que compreendem os ataques com os pés (soku), pernas (ashi ) e joelhos (hiza). Há também as técnicas combinadas ou consecutivas (Renzoku-waza), que compreendem sequências que misturam socos e chutes, rasteiras e chutes, socos e golpes, etc. Outras técnicas menos comuns são as rasteiras, ou técnicas de desequilíbrio (Kuzushi-waza/Nagewaza), chutes saltando (Tobi-geri ) e torções
A palavra kata, em japonês, significa forma. Os katas são sequências de movimentos que devem ser executados em uma ordem, ritmo e velocidades específicas e que são encadeados de forma lógica. Os katas compõem o sistema de treinamento técnico mais antigo do Karate. Cada kata tem um propósito ou ensina uma técnica específica e são verdadeiras bibliotecas de movimentos 8. A forma da execução do kata dependerá de se o praticante está fazendo sozinho, em equipe ou demonstrando sua aplicação em forma de luta (bunkai)8. Já no bunkai o praticante demonstra, em adversários reais, como em uma luta simulada, a aplicação prática dos movimentos do kata que está executando. Com exceção do bunkai, no treinamento dos katas o praticante deve executar a sequência préestabelecida imaginando-se que esteja cercado por adversários, em uma situação de luta real 4-8. Iremos apresentar agora o Kumite, ou a luta. A luta é a finalidade de uma arte marcial, mas não se pode chegar à luta senão através do treinamento sistemático dos fundamentos básicos (kihon) e dos katas. O kumite nada mais é que a aplicação das técnicas e movimentos aprendidos no kihon e katas em uma situação real de combate 8. Desta forma com os katas o praticante de Karate aprende as técnicas de ataque e defesa, e a dominar de forma integral seu corpo. Já no treinamento do kumite, o
praticante demonstra essas técnicas previamente aprendidas frente a frente com um adversário real, treinando seus reflexos para aprender a encadear ataques e defesas 8
Procedimentos pedagógicos – um novo olhar possível. Gostaria de fazer uma relação entre os saberes e pilares pedagógicos para o profissional do karate. Assim podemos entender que as lutas fazem parte de um contexto da cultura corporal. Portanto quando falamos em saberes, podemos relacionar os conteúdos que existem nos PCN´S (9) – Esportes, Jogos, lutas e ginásticas nos quais podemos desenvolver através de categorias dos blocos conceituais, atitudinais e procedimentais. Neste sentido é preciso esclarecer o significado de cultura corporal: trata-se, falando de modo bastante simples, de apresentar significado para quaisquer gestos, atitudes, movimentos, jogos, danças, esportes e outras manifestações corporais. Nesse sentido, a intenção da Educação Física é a de fazer com que os alunos compreendam e valorizem as suas manifestações corporais, assim como se empenhem em valorizar e apreender manifestações corporais de outras culturas. Durante esse processo de valorizar a própria cultura e outras culturas por meio do corpo, outro elemento fundamental da educação está em andamento: o rompimento com o preconceito. Zabala (10) aborda os conteúdos em três categorias atitudinais, conceituais e procedimentais. Os conteúdos conceituais referem-se à construção ativa de capacidades intelectuais para operar símbolos, imagens, ideias e representações que permitam organizar as realidades. Os conteúdos procedimentais referem-se ao fazer com que os alunos construam instrumentos para analisar, por si mesmos, os resultados que obtém e os processos que colocam em ação para atingir as metas que se propõem e os conteúdos atitudinais referem-se à formação de atitudes e valores em relação à informação recebida, visando a intervenção do aluno em sua realidade. Os conceituais nos transportam aos dados existentes na nossa vida: científicos, intelectuais, filosóficos, calculistas ou de outros parâmetros. Estes nos possibilitam a verdadeira base da descoberta do saber, estimulando a curiosidade de aprender. Os conceitos passam a desenvolver a parte cognitiva do ser levando este a desenvolver o intelecto, o raciocínio, a dedução, a memória, proporcionando a construção do conhecimento.
O conceito é considerado um instrumento do conhecimento, através dele é que ser humano desenvolve sua compreensão do mundo que o rodeia, ele capacita para o mercado de trabalho e torna-se o maior alvo de pesquisa estudantil. Os conteúdos conceituais fazem parte da construção do pensamento, nele o indivíduo aprende a discernir o real do abstrato. Abrem-se as portas da dúvida, esta dúvida estimula a descoberta do conhecimento, gerando novas duvidas possibilitando descobertas infinitas. A elaboração de conceitos permite ao aluno vivenciar o conhecimento, elaborar generalizações, buscar regularidades resinificando e relacionando a dimensão conceitual do conteúdo numa perspectiva científica, criativa, produtiva. cotidianas em que se materializa a produção do saber.
CONCEITOS FATOS ABSTRATO
OBJETOS SIMBOLOS PRINCÍPIOS
CAUSAS EFEITOS CORRELAÇÃO
Os atitudinais são a vivencia do ser com o mundo que ele convive. O aprendizado de normas e valores torna-se alvo principal para que este conteúdo seja adquirido por quem quer que seja, e na sua proporção e qualificação só é desenvolvido na prática e em seu uso contínuo da ética e moral. Os conteúdos atitudinais passam pelo processo sociedade-indivíduo-sociedade. Tratando-se de grupos, tribos, comunidades de diferentes escalões sejam eles econômicos ou culturais. Todos seguindo normas estabelecidas por valores humanos: respeito, compreensão, solidariedade, humildade, muitos outros de suma importância.
No meio escolar estes conteúdos são trabalhados todo o tempo, seja ele nos trabalhos individuais ou em grupos, sendo ele melhor trabalhado em grupo já que o tema proposto é aprender a viver juntos respeitando uns aos outros em suas opiniões concordando ou discordando de determinadas atitudes que ferem as normas e os valores estabelecidos normalmente. Através da convivência vê valores o individuo torna-se ser pensantes de suas próprias atitudes amadurecendo seu interior e descobrindo-se membro de sua sociedade, e não mais um indivíduo, mas alguém que pode fazer a diferença.
normas e padrões
convivência coletiva
valores
ética e moral
atitudes e comportamentos
Os procedimentais direcionan-se em colocar em prática o conhecimento que adquirimos com os conteúdos conceituais relacionados ao fazer. Caracterizado pelo estudo de técnicas e estratégias para o avanço do conhecimento proporcionado através da experiência do movimento humano em sua máxima produção do gestor motor. Desenvolver como ideia principal a organização com um objetivo, de regras, técnicas, destrezas, habilidade, estratégias, e procedimentos. Pelo qual seriam o que se deve saber
fazer, sem se restringir apenas à execução de atividades, mas procedendo também a uma reflexão de como realizá-las.
ADAPTAÇÃO ACOMODAÇÃO
ASSIMILAÇÃO
Continuamos a desenvolver o tema saberes agora mais especificamente no contexto formal da aprendizagem do karate. Para tal vale identificar a formação acadêmica existente em algumas universidades do estado de São Paulo. Como mostra a tabela abaixo grande parte das universidades incentivam o conhecimento das lutas ou artes marciais como educação. Mas sabemos que no contexto escolar existe uma grande dificuldade de aproximar a prática com a teoria tornando assim uma grande dificuldade por parte dos profissionais LOPES(12). Por quatro motivos: 1) a falta de experiência com o conteúdo por parte dos professores, tanto no cotidiano de vida, como no âmbito acadêmico; 2) a preocupação com o fator violência, atribuído em relação às práticas de luta, o que discrimina a possibilidade de abordagem deste eixo na escola; 3) a falta de espaço, a falta de material, a falta de vestimentas adequadas para que os alunos possam pratica uma aula elaborada pelos professores;
4) são os poucos estudos na área voltados para esta temática. Estudo realizado por Franchini e Correia (13), nos revela que apenas 2,93% dos periódicos (revistas científicas) analisados entre os anos de 1998 e 2008 abordaram esta temática. Abaixo quadro sugerido como pesquisa da Tese de Doutorado em Ciências do desporto (Lopes,(12) sobre a formação inicial nas universidades em artes marciais ou lutas. Nome UNAERP Unisanta Unimes Unip Usp Unicamp Unifesp Unesp Unibr Scelisul Unoeste Anhembi Puc Unifev São Judas tadeu Uninove
Licenciatura/bacharelado s s s s s s ? s s s s n s s s s
Ciclo 5 5 3 3 5 3
Tipo karate lutas lutas lutas optativa livre lutas
8 6 5 4
judô Artes marciais Artes marciais lutas
6 4 4 6
Anhanguera Umesp Esefj Fefisa Fib Dom bosco Unicastelo Ung Uniabc Fam Unisa Uniban Unisuz Unimesp Firp Ufsj Ufop feevale Fit Univali Unicsul Famesc
s s s n s n s s s s s s n s s s n s n s s n
6 3 6
Lutas Lutas Lutas Esportes de combate Lutas Artes marciais Lutas
4
Lutas
5 4 6 5 4 5
Artes marciais Lutas Artes marciais Lutas Capoeira Lutas/AM
7 6 6
Lutas Lutas Esporte de lutas
1
Combates
7 5
Lutas Artes marciais
Unimar Metrocamp Unicid Unisantana Unib Unifae São judas
s n s s s s s
4
Lutas
4 4 5 5 4
Artes marciais Lutas Lutas Artes marciais Esportes de lutas
FONTE ADAPTADA DA RELAÇÃO DE UNIVERSIDADE EM SP http://ruf.folha.uol.com.br/2014/rankingdecursos/educacaofisica/
Sendo assim agora podemos discutir a partir de agora sobre os pilares pedagógicos do karatê como processo de ensino e aprendizagem na educação física escolar. Identifico algumas novas formas que oriento como nome de pilares para o segmento da educação física escolar no quesito da aprendizagem do karate dentro do contexto escolar, são elas: 1. MODELO DA EDUCAÇÃO DESPORTIVA (Siedentop)(14) – Enfatiza o papel socializador do Desporto, através de um papel ativo do praticante na organização de tarefas subsidiadas ao jogo e no próprio jogo. Onde os objetivos são:
Promover aprendizagem contextualizada;
Promover experiências educacionalmente ricas e autênticas nas aulas.
Desenvolver os alunos de forma competentes, entusiásticos e culto.
Sendo o desenvolvimento da competência esportiva (o saber fazer), a compreensão e o saber apreciar os valores culturais que qualificam a prática, conferindo o verdadeiro significado (cultura esportiva) e finalmente o entusiasmo pelo desporto, ou seja, da atração despertada nas crianças/adolescentes pelo fenômeno esporte(Conviver).
2. LITERACIA MOTORA (15) - A competência motora, evidenciada nas habilidades locomotoras fundamentais (correr, skiping, saltar), de estabilidade (equilíbrio, rolar) e manipulativas (lançar, pontapear, agarrar), é considerada um requisito fundamental na construção de um repertório motor diversificado, essencial e passível de ser aplicado com sucesso em contextos mais especializados
3. PEDAGOGIA NÃO LINEAR (16) – Advém dos conceitos da psicologia ecológica e da teoria dos sistemas dinâmicos, podendo ser definida como a aplicação de conceitos e ferramentas não dinâmicas que suportam a prática docente. Assim possibilita a interação de componentes que oscilam entre fases de instabilidade e estabilidade constituindo-se de processos de auto-organização das dificuldades propostas. Considerações finais Esperamos que nossas reflexões em torno da construção dos saberes pedagógico e pilares para o ensino do Karate partiram da premissa de que essa é uma tema exigem um continuo e progressivo de pesquisa pelos interessados da área. Assim significa dizer que o nosso desenvolvimento profissional depende, por um lado, da organização sistemática do trabalho que desenvolvemos durante a prática cotidiana e, por outro, da reelaboração. A cada dia devemos desenvolver sobre os nossos próprios saberes para ensinar o karate nas aulas de Educação Física para refletirmos sobre as nossas próprias possibilidades e limitações que enfrentamos no cotidiano escolar. Tivemos a intenção de evidenciar os componentes técnicos da aprendizagem da modalidade bem como novas intervenções pedagógicas que se fazem necessárias para uma melhor condição da aprendizagem. A intervenção sobre essa realidade para transformá-la exige que os próprios profissionais da área mobilizem-se para tornar público os saberes articulados e operacionalizados para atuar no espaço escolar bem como em outros. Estudar sobre os saberes docentes indica e implica que a prática pedagógica dos professores de Educação Física escolar e profissional precisa passar por uma introspecção, sistematização e partilha de saberes. Esse exercício criativo foi muito desafiador para ambos os professores-pesquisadores, mesmo considerando que existe poucas publicações expressivas e que se trata de conhecimentos que devem compartilhados e discutidos durante a experiência para o ensino do Karatê. Até o momento, os autores estiveram implicados com as incertezas de uma possível experiência para ensinar o caratê ao qual desenvolvem com sua prática no âmbito escolar: ora com a possibilidade de ensinar o caratê, ora com os valores orientadores a serem mobilizados na prática pedagógica.
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14. Gustavo, L.T.C. Trabalho coordenativo: um olhar para iniciação esportiva.Revista Braisleira de Futsal e Futebol – ISSN 1984-4956. 2014. 15. Clemente, F.M. Princípios pedagógicos dos Teaching Games for Understanding e da Pedagogia nãolinear no ensino da educação fisica.Revista Movimento (ESEF/UFRGS) 2012.