N.O.V.A. - Nada Original na Velha Arquitetura - Volume IV

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NO V V VOLUME IV

CAROL HASMANN JESSICA RANGEL KARINA FRANÇA


SUMÁRIO

04 Introdução

08 Parte 1 Fabricação digital e técnicas de materiais


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Parte 3 Objeto arquitetĂ´nico Arquibancada-abrigo

Parte 2 Herzog & De Meuron


Introdução

Lisa Iwamoto

"Arquitetura continuamente informa e é informado por seus modos de representação e construção, talvez nunca mais do que agora, quando a mídia digital e as tecnologias emergentes estão se expandindo rapidamente o que concebemos é formal, espacial e materialmente possível."

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O trabalho proposto neste quarto volume ilustrar os projetos na era digital, os tipos de técnica utilizados na indústria e a importância do laboratório de ideias, também será abordado um resumo sobre os arquitetos contemporâneos Herzog & De Meuron e suas estratégias projetuais. Também será exposto uma proposta para uma arquibancada-abrigo no jardim da Universidade Católica de Pernambuco, a partir das estratégias projetuais dos arquitetos mencionados anteriormente. O tema abordado pela equipe é a 'A falsa inovação da arquitetura' parafraseando a música de Cazuza "Exagerado" de 1986 que fala sobre a intensidade dos sentimentos, da maneira de se expressar. Somos as estudantes Ana Carolina Hasmann, Jessica Rangel e Karina França, da cadeira de Arquitetura Contemporânea, orientada pela professora Ana Luisa Rolim, do sexto período (2020.2) da Universidade Católica de Pernambuco, apresentandolhes N.O.V.A. volume 4!


DICIONÁRIO ARQUITETURA PARAMÉDICA SUBSTANTIVO FEMININO

1. TÉCNICA QUE UTILIZA SOFTWARES E CÁLCULOS PARA CRIAR OBRAS ARQUITETÔNICAS COM DESIGN DIFERENCIADO. 2. ESCOLA DE PINTURA ABSTRATA QUE VÊ NUM QUADRO UM OBJETO ESTRUTURADO, COMPOSTO BASICAMENTE DE FORMAS GEOMÉTRICAS ELEMENTARES EXECUTADAS EM ESTILO IMPESSOAL, REDUZINDO AO MÍNIMO SEUS ELEMENTOS.

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FABRICAÇÃO DIGITAL E TÉCNICAS DE D MATERIAIS


O

E


Fabricação FabricaçãoDigital Digital

Fabio Gramazio

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O representar na arquitetura é importante, porque antes de construir fisicamente, tem que se construir por representação, seja por desenhos ou maquetes. Quando se fala em modos de representação são incluídas diversas técnicas, uma série de maneiras de representar arquitetura, podendo ser um desenho simples até um corte 3D e esses modos de representam vão aumentando conforme vão surgindo mais softwares. É possível dizer que arquitetura é informada e informa, informada pois ela se

ela se alimenta disso e informa por que ela alimenta quem estuda, quem constrói, quem projeta a partir desses modos de representação. Não é possível falar de arquitetura construída sem uma representação. A fabricação digital incentivou uma revolução da representação, gerando uma grande gama de invenções arquitetônicas e inovações. Nas páginas seguintes serão expostos técnicas de fabricação e materiais digitais que calibram o modelo virtual e o artefato físico.

Rock Print Pavilion in Winterthur


The Endless Wall

Arquiteto: Fabio Gramazio e Matthias Kohler Ano: 2011 Local: Zurique, Suíça

Nessa obra é utilizado uma mão robótica comumente usada na indústria automobilística e com ela é possível tesselar uma parede de forma orgânica, mesmo sendo diversas peças, entrega a sensação de continuidade.

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Seccionamento Seccionamento

Greg Lynn

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Esta técnica de construção foi adotada na era pré-digital por arquitetos como Le Corbusier. Possui uma história antiga na indústria da construção, sendo comum a utilização dessa técnica nas indústrias de aviação e naval para fazer superfícies curvas e suas formas construtivas. O seccionamento se relaciona não muito com sua forma mas com o processo de desenvolvimento do método de construção, aproveitando o potencial dos softwares de modelagens, entendendo os objetos a partir de suas secções

partir de suas secções existem três tipos de seccionamento, são estes: costelas seccionadas, que intensifica o visual do material, unindo e aumentando a relação da forma com material tectônico; laminação ou empilhamento horizontal, que se utiliza de uma série de peças empilhadas paralelamente entre si; malha tipo waffle, que é uma técnica que pode ser adaptada e modulada para uma multiplicidade de formas e - pode se adequar à projetos de diferentes escalas e materiais construtivos.

Korean Presbyterian Church


Fabio Gramazio e Matthias Kohler

Installation Two: Volume and Void

Arquiteto: Jordana Maisie Ano: 2015 Local: Nova Iorque, EUA

Nessa obra, foi feito uma instalação em uma loja utilizando a técnica da tecnologia digital por meio do seccionamento com pranchas de madeira, formando cheios e vazios. Ainda, as linhas formadas pelo empilhamento das paletas de madeira proporcionam linhas de visão entre a rua e a loja.

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Tesselagem Tesselagem

Buckminster Fuller

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Essa técnica consiste em peças que se juntam sem deixar brechas, formando um plano ou uma superfície única. A tesselagem pode assumir qualquer forma desde que se encaixe de modo preciso, evitando brechas entre as partes. Em arquitetura, isso pode ser visto em edificações que utilizam azulejos, que formam uma imagem única sem sobras, e padrões de malha definidos por meio digital. Os primeiros registros dessa técnica se deram em mosaicos da Roma antiga e no Império Bizantino, e obviamente, eram feitos à mão e de forma elaborada eram montadas

forma elaborada eram montadas em peças bem pequenas que formam um design ou imagem coerente. A partir disso, foi se expandido essa técnica que fomentou uma grande gama de designs, figuras e variações geométricas. A tesselagem também pode se referir, em design digital, para aproximar superfícies, muitas vezes curvo, com malhas poligonais. Superfícies curvas são normalmente mais complexos e caros para construir do que os planos e essa técnica permite maneiras de construir uma forma suave usando material plano ou em folha. Um grande exemplo dessa técnica nos dias atuais são as domas feitas pelo arquiteto estadunidense Richard Buckminster Fuller que será exemplificado na página seguinte.


Cúpula Geodésica - Bioesfera

Arquiteto: Bcukminster Fuller Ano: 1967 Local: Montreal, Canadá

A forma esférica é redefinida como uma padronagem de triângulos e hexágonos que dão estabilidade à forma, resistindo a sua deformação causada pelo tempo.

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Dobraduras Dobraduras

Daniel Libeskind

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Essa técnica milenar, ficou muito conhecida pelos origamis feito pelos japoneses, nela uma superfície plana se transforma em um objeto tridimensional. A conexão entre os materiais e as dobraduras está no ganho da rigidez, a capacidade de abranger distâncias e podem ser autossustentáveis. Dobrar é econômico, visualmente agradável e pode ser feito em diversas escala, devido a esses motivos, muitos arquitetos já adaptaram sua técnica para o meio digital. As dobraduras permitem novos espaços e territórios emergirem sem

espaços e territórios emergirem sem perder as características locais do que está sendo dobrado, essa técnica possibilita uma continuidade de competição espacial, cultural, social, programática e condições contextuais dentro de uma única cultura. A operação de dobrar o material também é uma ferramenta de design generativa ganhou processos de fabricação digital. As dobraduras expandem o vocabulário tridimensional quando uma superfície pode ser uma parede mas também pode ser o teto, produzindo naturalmente deformação e inflexão. Graças a fabricação digital é possível ter formas geométricas sutis e complexas modulações, proporcionando a capacidade de incorporar e suavizar a diferença.


Museu judaico de Berlim

Arquiteto: Daniel Libenskind Ano: 1999 Local: Berlim, Alemanha

Nessa obra, o arquiteto utilizou a estrela de Davi (um símbolo importante para a religião judaica) e começou a reinterpretar a mesma, através de processos como a distorção, espremerão e finalmente a dobradura.

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Contornos Contornos

Jeremy Ficca Esse tipo de técnica construtiva utiliza de elemento em que se explora seus contornos diferenciados. É formado a partir da subtração da forma, como um bloco esculpido para se obter o contorno. Na arquitetura pode-se observar a criação do contorno dos edifícios como observado no SFMOMA (Museu de arte moderna de São Francisco), de Snøhetta . A ideia dessa tipologia construtiva é gerar formas onduladas que se modelam a partir da modulação da forma.

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Importante destacar o caráter subtrativo da técnica, sendo esse o oposto do método que utiliza a forma. A partir da fabricação digital com uma fresadora é possível chegar a uma geometria muito mais complexa. Ferramentas de corte podem utilizadas como braços mecânicos para cortar a superfícies e o contorno feito de maneira manual pode ser feito com ferramentas como entalhe e lixadeiras.

Luai Kurdi


Busan Opera House(Coreia) Arquiteto: Arquitetos Kubota Bachmann Ano: 2014 Local: Busan, Coreia do sul

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O BOH está situado no Porto de Busan Norte, em uma ilha artificial e sua forma é resultado do contorno da ilha que ,também, lembra a silhueta das montanhas que cercam a cidade. A forma circular também foi projetada em referência à tradicional base de cerâmica local, remetendo a suavidade com elementos culturais da tradição coreana.

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Formas Formas

Heather Roberge Esse tipo de método construtivo é o menos comumente utilizado. Por meio dessa técnica, é possível gerar múltiplas partes a partir de poucos moldes ou formas. Essa modelo de construção possibilita a formação de partes, componentes do edifício, pois dificilmente a modulação é referente a o edifício inteiro. Pode-se dizer que o princípio do concreto tradicionalmente e sua natureza aplicada a arquitetura é de forma. Outros tipos de materiais são utilizados para moldar o concreto, como o tecido.

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Portanto, é interessante ressaltar que essa técnica de construção, por meio da forma, se resume a modelagem a partir de um molde, adicionando massa a o bloco esculpido. Portanto, é considerada uma técnica de adição, se opondo à técnica de contornos que se utiliza da subtração para se obter suas formas onduladas.

Heather Roberge


BLUE VELVET STOOL

Arquiteto: Florencia Pita, Jacklin Hah Bloom Ano: 2014 Local: LA, EUA

Nessa obra é possível observar a o design tecnológico baseado na ideia de formas para a formação de um do topo de um banco. .

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HERZOG & DE MEURON



Herzog & De Meuron " O que se manifestara na repetição sem sentido dos estilos, a única possibilidade seria a volta a origem, recomeçar" - Rafael Moneo

Herzog e De Meuron Jacques Herzog e Pierre De Meuron são arquitetos suíços fundadores do escritótio Herzog & De Meuron, ambos estudaram na ETH (Escola Politécnica) de Zurique, onde foram lecionados por Aldo Rossi, atuando na Basiléia, território que encontra fortes costumes germânicos e latinos. Sua arquitetura não se encaixa num viés contemporâneo de inovação, mas na busca pela origem, na lógica, como um manifesto contra a repetição sem sentido. Suas principais características são a expressão lógica, materialidade e a gravidade.

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Suas obras vem com uma forma essencialista, o corpo tipológico rosiano vitalizado, somando a materialidade e as roupagens vanguardista de artistas como Joseph Beuys. A partir disso surge uma variável que vai entre o grave e o voluptuoso, entre o bruto e virtual, entre o rigor profissional e a vitalidade artística. Eles são um dos poucos arquitetos que refazem o caminho, Herzog e De Meuron se submetem a questionamentos primordiais, às origens do problema, o que os levará a respostas sem preconcepções ou preconceitos de qualquer ordem. “A arquitetura é uma oportunidade de iluminar plenamente os espaços em que vivemos e trabalhamos, para criar uma experiência que atraia todos os sentidos”


A arquitetura de Herzog e De Meuron critica fortemente o pós-modernismo, utilizando de formas puras e simples, volumes sóbrios e prismáticos, rejeitando a iconografia (a imagem não existe), fazendo fortemente o uso inteligente do potencial formal dos materiais. O armazém Ricola é a primeira obra dos arquitetos a se destacar pela sua essencialidade, se colocando como manifesto às obras pós-modernas, sendo essa resultado formal da lógica, sem excessos, dependência da função/programa ou linguagem/estilo.

Armazen Ricola

Casa Azul

Filarmônica De Hamburgo

Edifício de Apartamentos Schwitter

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Nome dos arquitetos Odile Decq Herzog & De Meuron SNĂ˜HETTA Robert Venturi e Denise Scott-Brown Marina Tabassum Aires Mateus Peter Eisenman Bernard Tschumi Steven Holl Amale Andraos Chirstian Portzamparc David Chipperfield Rem Koolhaas Sauerbruch Hutton Frank O. Ghery

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Característica das obras O processo de criação vale mais do que o resultado final. Compreensão da relação corpo e espaço; arquitetura complexa e contraditória análise empírica através de comparação e contraposição Projetos com noções de sustentabilidade social Relação inteligente entre a tectônica do lugar e contexto urbano dos materiais locais

Função social e cultural da arquitetura Variedade de materiais, predominando o vidro e o tijolo. Composições elaboradas por volumes simples, uso de um mesmo material e de tons claros Obras com grandes fendas como abertura e plantas baixas bem elaboradas, como labirintos

Arquitetura que busca a valorização do espaço, movimento e evento. Fenomenologia Composições cromáticas Experiência multisensorial Curvas e formas simétricas Preocupação com a percepção sensorial do objeto (textura, cor, forma). Desmaterialização, formas limpas e decompostas

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ARQUI ARQUI BANCADA BANCADA -- ABRIGO ABRIGO



Arquibancada-abrigo

Vancouver Art Gallery

Proposta A intervenção no jardim do bloco G an Universidade Católica de Pernambuco tem como proposta uma arquibancada-abrigo, onde os alunos da universidade pudessem relaxar durante seus intervalos e ocupar esse mobiliário de forma natural. Para esse projeto, a equipe seguiu a principal característica dos arquitetos suíços: o jogo entre materialidades em cada obra feita e para essa arquibancada foi escolhido madeira indicada pela pintura verde e fios de plátisco na cor vermelha, também foi usado de inspiração duas obras,

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usado de inspiração duas obras, sendo essas: Vancouver Art Gallery e Beirut Tarraces. A equipe nomeou de Aisha que em árabe significa que está viva, pois quer se trazer esse sentimento vívido tanto dos jardins da UNICAP como das obras de Herzog & De Meuron, trazer leveza e diversão com a movimento das peças e da junção de cores fortes.

Beirut Terraces


Diagrama A forma foi repartida em paralelepĂ­pedos iguais e diferenciados por cor, em seguida, cada um foi deformado, criando um jogo de alturas e de cheios e vazios.

Planta baixa e cortes esquemĂĄticos A

B

B'

Planta baixa

A'

Corte AA'

Corte BB'

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Frente

Costas

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Inserção da obra no local

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Questionamento Que fica... Pro dia nascer feliz O mundo inteiro acordar e a gente dormir, Pro dia nascer feliz O mundo inteiro acordar e a gente dormir Cazuza, 1986

A

inovação

trazida

pelo

novo

tempo

da

contemporaneidade foi intensamente combatida por Herzog e De Meuron. Se a inovação é uma forma de repetição sem sentido do passado, não seria melhor a volta completa a origem e recomeçar do zero?

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?


Referências Referente à Parte 1: IWAMOTO, Lisa. Architectural and Material Techniques. Princeton: Princeton Architectural Press, 2009. Referente à Parte 2: MONEO, Rafael. Inquietação Teórica e Estratégia Projetual na obra de oito arquitetos contemporâneos: James Stirling, Venturi & ScoP Brown, Aldo Rossi, Peter Eisenman, Álvaro Siza., Frank O. Gehry, Rem Koolhaas e Herzog & de Meuron. São Paulo: Cosac Naify, 2008. MÜLLER, Fábio. Herzog & De Meuron: entre o uniforme e a nudez. Arquitextos, São Paulo, ano 02, n. 020.04, Vitruvius, jan. 2002 <https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.020/81 4>.

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