UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES JÉSSICA APARECIDA RAMPAZZO
CENTRO DE ACOLHIMENTO, TRATAMENTO E REINTEGRAÇÃO DE ANIMAIS ABANDONADOS
Mogi das Cruzes 2019
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES JÉSSICA APARECIDA RAMPAZZO – 11151100862
CENTRO DE ACOLHIMENTO, TRATAMENTO E REINTEGRAÇÃO DE ANIMAIS ABANDONADOS
Trabalho
de
conclusão
de
curso
apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para avaliação do TCC I.
Professora/Orientadora: Martha Lucia Cardoso Rosinha
Mogi das Cruzes 2019 RESU
JÉSSICA APARECIDA RAMPAZZO
CENTRO DE ACOLHIMENTO, TRATAMENTO E REINTEGRAÇÃO DE ANIMAIS ABANDONADOS
Trabalho
de
conclusão
de
curso
apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para avaliação do TCC I.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
______________________________________ Professora Orientadora Arquiteta Martha Lucia Cardoso Rosinha Universidade de Mogi das Cruzes - UMC
_____________________________________ Professor(a) Convidado(a) Universidade de Mogi das Cruzes - UMC
_____________________________________ Arquiteto(a) Convidado(a)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu irmão Carlos Eduardo (in memorian) com todo meu amor. E também aos animais que foram abandonados ou que sofreram pela maldade do ser humano. AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço à Deus por me abençoar e me dar forças para lutar pelos meus sonhos mesmo com todas as dificuldades. À minha professora e orientadora Martha Lucia Cardoso Rosinha por toda orientação que foi essencial para o desenvolvimento desse trabalho. Aos meus pais, Agostinho e Maria por todo apoio e incentivo. Aos meus cães que despertaram um sentimento incondicional por animais, o que contribuiu para que este trabalho fosse desenvolvido com todo o amor. À todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo a qual pude ser aluna e adquirir conhecimento necessário para a minha formação acadêmica. Muito obrigada à todos vocês!
“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados" (Mahatma Gandhi) RESUMO
RESUMO
O trabalho desenvolvido propõe a criação de um Centro de Acolhimento, Tratamento e Reintegração de Animais Abandonados como uma solução para os problemas gerados pelo abandono de animais, em vista da saúde pública e do animal. O projeto será voltado para cães e gatos e terá a estrutura necessária para abrigar, oferecer o tratamento veterinário e proporcionar o bem-estar. Para o desenvolvimento deste, serão abordados temas que esclarecem e enfatizam a importância do assunto para a sociedade e a importância da criação de um espaço como o que será proposto.
Palavras-chave: Animais, Abandono, bem-estar, saúde pública.
ABSTRACT
The Work developed offers a breeding of pets and abandonment of animals, in view of public health and the animal. The project will focus on dogs and cats and will have the necessary structure to house, offer veterinary treatment and well-being. For the development of this, will be the themes that have clarified and emphasized the importance of the subject for society and the importance of creating a space as what will be proposed.
Keywords: Animals, Abandonment, welfare, public health
LISTA DE FIGURAS Figura 1- Comparação da visão humana (à esquerda) e animal (à direita) .............. 23 Figura 2- Comparação da percepção de cores entre cães e humanos ..................... 23 Figura 3- Localização do abrigo South Los Angeles Animal Care Center ................. 34 Figura 4- Implantação setorizada .............................................................................. 34 Figura 5- Elevação lado oeste ................................................................................... 35 Figura 6- Elevação .................................................................................................... 35 Figura 7- Fachada principal Animal Services Center ................................................. 35 Figura 8- Painéis que compõe a parte externa do edifício ........................................ 36 Figura 9- Canis com jardim enfrente ......................................................................... 37 Figura 10- Localização do abrigo Animal Care Facility ............................................. 39 Figura 11- Fachada Animal Care Facility .................................................................. 39 Figura 12- Implantação e planta baixa térreo - setorizado ........................................ 40 Figura 13- Elevações – Palm Springs Animal Care Facility ...................................... 40 Figura 14- Vista para o canil e materiais ................................................................... 41 Figura 15- Canil ......................................................................................................... 42 Figura 16- Área compartilhada para gatos ............................................................... 42 Figura 17- Fachada com vidro .................................................................................. 43 Figura 18- Localização .............................................................................................. 44 Figura 19- Vista do rio ao lado do edifício ................................................................ 44 Figura 20- Vista para o edifício e o entrono............................................................... 45 Figura 21- Maquete física ......................................................................................... 45 Figura 22- Vista para a área interna e recepção ...................................................... 46 Figura 23- Planta baixa setorizada do térreo ............................................................. 46 Figura 24- Planta baixa setorizada do pavimento superior -...................................... 47 Figura 25- Corte Longitudinal ................................................................................... 47 Figura 26- Corte transversal ...................................................................................... 47 Figura 27- Vista para os canis e gatis ....................................................................... 48 Figura 28- Área de lazer para os animais .................................................................. 48 Figura 29- Corte esquemático canil e gatil ............................................................... 49 Figura 30- Localização Hospital Veterinário Santa Catarina ..................................... 50 Figura 31- Planta baixa pavimento térreo e implantação........................................... 51
Figura 32- Planta baixa pavimento superior .............................................................. 52 Figura 33- Vista para a fachada e estacionamento do hospital ................................ 53 Figura 34- Elevador panorâmico .............................................................................. 53 Figura 35- Perspectiva da fachada do Hospital e materiais utilizados ....................... 54 Figura 36- Recepção ................................................................................................. 55 Figura 37- Centro cirúrgico ........................................................................................ 55 Figura 38- Grandes aberturas com vidro na sala de fisioterapia ............................... 56 Figura 39- Iluminação natural no corredor de acesso a UTI ...................................... 56 Figura 40- Localização Centro de Bem Estar Animal ................................................ 58 Figura 41- Via de acesso ao Centro de Bem Estar Animal........................................ 58 Figura 42- Fachada Centro de Bem Estar Animal ..................................................... 59 Figura 43- Entrada principal à unidade ...................................................................... 59 Figura 44- Acesso da sala de espera para o canil ..................................................... 60 Figura 45- Sala de administração .............................................................................. 60 Figura 46- Corredor de circulação ............................................................................. 61 Figura 47- Consultório ............................................................................................... 61 Figura 48- Sala de prescrição .................................................................................... 61 Figura 49- Sala de recuperação ................................................................................ 61 Figura 50- Sala para aplicação de medicamento ...................................................... 62 Figura 51- Depósito de material de limpeza .............................................................. 62 Figura 52- Sala de lavagem....................................................................................... 62 Figura 53- Sala de esterilização ................................................................................ 62 Figura 54- Sala de quarentena .................................................................................. 63 Figura 55- Copa para funcionários ............................................................................ 63 Figura 56- Vestiário feminino ..................................................................................... 63 Figura 57- Vestiário masculino .................................................................................. 63 Figura 58- Área de canil e gatil .................................................................................. 64 Figura 59- Baia individual para cães ......................................................................... 64 Figura 60- Baia para gatos ........................................................................................ 65 Figura 61- Depósito de material de limpeza .............................................................. 65 Figura 62- Armazenamento de rações ...................................................................... 65 Figura 63- Localização de Arujá no Estado de São Paulo......................................... 69 Figura 64- Dimensões do terreno .............................................................................. 72
Figura 65- Condicionantes do terreno ....................................................................... 72 Figura 66- Topografia do terreno ............................................................................... 73 Figura 67- Vista para o terreno .................................................................................. 74 Figura 68- Vista para a Avenida Governador Mário Covas Junior ............................. 74 Figura 69- Vista para a Avenida Governador Mario Covas Junior e acessos............ 74 Figura 70- Mapa de uso e ocupação do solo............................................................. 75 Figura 71- Cheios e vazios ........................................................................................ 76 Figura 72- Classificação das vias .............................................................................. 77 Figura 73- Equipamento urbano ................................................................................ 78 Figura 74- Mapa de zoneamento urbano do município Arujá .................................... 79 Figura 75- Características de zonas de uso .............................................................. 80 Figura 76- Vagas e estacionamento .......................................................................... 85 Figura 77- Largura mínima para um corredor ............................................................ 86 Figura 78- Largura mínima para passagem de dois cadeirantes ............................... 86 Figura 79- Vista superior de sanitário ........................................................................ 86 Figura 80- Dimensionamento mínimo para sanitário acessível ................................. 87 Figura 81- Parque Villa Lobos – São Paulo ............................................................... 89 Figura 82- Ambiente com aplicação de vidro............................................................. 89 Figura 83- Implantação ............................................................................................ 106 Figura 84- Estudo 1 – Planta baixa ......................................................................... 106 Figura 85- Estudo 2 - Planta baixa .......................................................................... 107 Figura 86- Planta baixa - Canil ................................................................................ 108 Figura 87- Planta baixa – Banho e tosa .................................................................. 109 Figura 88- Corte esquemático canil ......................................................................... 109 Figura 89- Volumetria .............................................................................................. 110
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Em quais circunstâncias perdeu o bicho de estimação ............................ 26 Quadro 2- Comparativo entre estudos de caso e visita técnica ................................ 68 Quadro 3- Programa de necessidades ...................................................................... 90
LISTA DE SIGLAS
ABINPET - Associação Brasileira da Indústria de Produtos Para Animais de estimação ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária CCZ – Centro de Controle de Zoonoses CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística ONG - Organização Não Governamental OMS - Organização Mundial de Saúde PNE - Pessoa com necessidades especiais TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade UIPA - União Internacional de Proteção aos Animais UTI - Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 17 OBJETIVO ESPECÍFICO.......................................................................................... 17 JUSTIFICATIVA........................................................................................................ 17 PROBLEMATIZAÇÃO .............................................................................................. 18 1 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 19 1.1 ANIMAL DOMÉSTICO ........................................................................................ 19 1.1.1 O que é animal doméstico .............................................................................. 19 1.1.2 Definições para cães e gatos no meio urbano ............................................... 19 1.1.3 História sobre a domesticação de animais ..................................................... 20 1.1.4 Comportamento característico de cães e gatos ............................................. 21 1.1.5 Sistema sensorial dos cães e gatos ............................................................... 23 1.1.6 Relação entre seres humanos e animais domésticos .................................... 24 1.1.7 Abandono de animais domésticos.................................................................. 25 1.1.8 Zoonoses ....................................................................................................... 27 1.1.9 Organizações não governamentais ................................................................ 28 1.2 ABRIGO DE ANIMAL ......................................................................................... 29 1.2.1 O que é abrigo de animal ............................................................................... 29 1.2.2 História dos abrigos de animais ..................................................................... 30 1.2.3 Tipos de abrigos de animais .......................................................................... 31 1.3 CLÍNICA VETERINÁRIA..................................................................................... 32 1.3.1 O que é clínica veterinária ................................................................................ 32 2 ESTUDOS DE CASO ............................................................................................. 33 2.1 SOUTH LOS ANGELES ANIMAL CARE CENTER & COMMUNITY CENTER RADA ............................................................................................................................. 33 2.1.1 Ficha Técnica ................................................................................................. 33 2.1.2 Descritivo ....................................................................................................... 33 2.1.3 Materialidade .................................................................................................. 36 2.1.4 Canis e gatis................................................................................................... 36 2.1.5 Sustentabilidade ............................................................................................. 37 2.1.6 Análise ........................................................................................................... 38 2.2 PALM SPRINGS ANIMAL CARE FACILITY........................................................ 38
2.2.1 Ficha Técnica ................................................................................................. 38 2.2.2 Descritivo ....................................................................................................... 38 2.2.3 Materialidade .................................................................................................. 41 2.2.4 Canis e gatis................................................................................................... 41 2.2.5 Sustentabilidade ............................................................................................ 42 2.2.6 Análise .......................................................................................................... 43 2.3 ANIMAL REFUGE CENTRE ............................................................................... 43 2.3.1 Ficha Técnica ................................................................................................. 43 2.3.2 Descritivo ....................................................................................................... 44 2.3.3 Canis e gatis................................................................................................... 48 2.3.4 Análise ........................................................................................................... 49 2.4 HOSPITAL VETERINÁRIO SANTA CATARINA ................................................. 49 2.4.1 Ficha Técnica ................................................................................................. 49 2.4.2 Descritivo ....................................................................................................... 50 2.4.3 Materialidade .................................................................................................. 54 2.4.4 Sustentabilidade ............................................................................................. 55 2.4.5 Análise ........................................................................................................... 56 3 VISITA TÉCNICA ................................................................................................... 57 3.1 CENTRO DE BEM ESTAR ANIMAL ................................................................... 57 3.1.1 Ficha Técnica ................................................................................................. 57 3.1.2 Descritivo ....................................................................................................... 57 3.1.3 Análise ........................................................................................................... 66 3.2 ANÁLISE COMPARATIVA .................................................................................. 66 4 ÁREA DE INTERVENÇÃO .................................................................................... 68 4.1 MUNICÍPIO ARUJÁ ............................................................................................. 68 4.1.1 História de Arujá ............................................................................................. 69 4.2 ANÁLISE DO TERRENO .................................................................................... 70 4.2.1 Terreno ........................................................................................................... 71 4.2.2 Levantamento fotográfico ............................................................................... 73 4.2.3 Levantamentos do entorno ............................................................................. 75 4.2.3.1 Uso e ocupação do solo .............................................................................. 75 4.2.3.2 Cheios e vazios ........................................................................................... 76 4.2.3.3 Sistema viário e fluxos ................................................................................ 76
4.2.3.4 Transporte público ....................................................................................... 77 4.2.3.5 Equipamento urbano ................................................................................... 78 4.2.4 Legislação ...................................................................................................... 78 5 PREMISSAS .......................................................................................................... 81 5.1 ANVISA – RDC N° 306, DE 07 DE DEZEMBRO DE 2004.................................. 81 5.2 CÓDIGO SANITÁRIO DECRETO N° 12.342, DE 27 DE SETEMBRO DE 1978 82 5.3 CFMV – RESOLUÇÃO N° 1015, DE 09 DE NOVEMBRO DE 2012 ................... 83 5.4 LEI COMPLEMENTAR N° 042 DE 08 DE JANEIRO DE 2019............................ 85 5.5 ABNT NBR 9050 – SETEMBRO 2015 ................................................................ 85 6 PERFIL DO USÚÁRIO ........................................................................................... 87 7 CONCEITO ............................................................................................................ 88 8 PARTIDO ............................................................................................................... 88 9 PROGRAMA ARQUITETÔNICO ........................................................................... 90 9.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES .................................................................... 90 9.2 AGENCIAMENTO ............................................................................................... 98 9.4 FLUXOGRAMA ................................................................................................. 104 10 ESTUDOS PRELIMINARES .............................................................................. 105 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 111
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INTRODUÇÃO
O número de famílias brasileiras que possuem um animal de estimação vem aumentando cada vez mais e a visão que as pessoas têm sobre esses animais também vem modificando, tornando-se uma relação cada vez mais estreita e que faz com que sejam considerados parte da família. São famílias que se preocupam com o conforto, alimentação e a saúde de seus animais de estimação. O aumento, principalmente de cães e gatos vem superando a quantidade de crianças nas famílias. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, de cada 100 famílias brasileiras, 44 criavam cachorros, enquanto 36 tinham crianças. A pesquisa ainda mostrou que havia 52 milhões de cães contra 45 milhões de crianças até 14 anos. (RITTO e ALVARENGA, 2015). São dados que mostram o quanto os cães e gatos se tornaram importantes e merecedores de amor e atenção. Apesar do novo estilo de vida das famílias que possuem mais animais, ainda há uma problemática relacionada ao abandono de grande parte desses cães e gatos. O fator abandono pode ser considerado como um problema recorrente na maioria das cidades no Brasil, mas que recebe pouca atenção e medidas de solução. Nas ruas esses animais passam por situações de perigo todos os dias, passam fome e sede, muitos sofrem por estar doentes, sofrem maus tratos, além do sofrimento por ter sido abandonado e estar longe de seu dono e seu lar. Alguns acabam sendo resgatados por ONGs ou canis gerenciados pela prefeitura, enquanto os demais permanecem desabrigados podendo oferecer também riscos a segurança e a saúde pública. O presente trabalho tem como proposta a criação de um Centro de Acolhimento, Tratamento e Reintegração de Animais Abandonados no município Arujá, que irá atender a cães e gatos. No Centro de Acolhimento, os animais que forem resgatados, receberão atendimento médico veterinário, passarão por exames e tratamentos, dependendo do caso, após isso irão ficar abrigados em local seguro, limpo,
com
espaço
adequado
e
área
de
lazer.
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OBJETIVO GERAL
O objetivo geral será a elaboração de um projeto voltado aos cães e gatos em situação de abandono, sendo este um centro de acolhimento, tratamento e reintegração, que através da arquitetura e todas as soluções de conforto possa garantir o bem-estar e atender todas as suas necessidades.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abordar temas que enfatizam a necessidade e importância de elaborar
o projeto;
Apresentar
dados
históricos
e
atuais
referentes
aos
animais
domésticos para melhor compreensão do tema;
Apresentar estudos de caso de projetos semelhantes para obter
referências;
Desenvolver um projeto de clínica veterinária que fará parte do Centro
de Acolhimento, para dar assistência aos animais abrigados;
Projetar canis e gatis com estrutura adequada.
JUSTIFICATIVA
O tema surgiu a partir da preocupação com a situação em que os animais se encontram após serem abandonados e a ineficiência do poder público para resgatalos, conscientizar a população e resolver tal problema. A escolha de Arujá para a implantação do projeto ocorreu a partir da convivência direta na cidade, onde foi possível a percepção de alguns problemas sendo um deles a grande quantidade de cães abandonados nas ruas. A cidade não possui um abrigo ou outro equipamento adequado para acolher, tratar e promover a adoção de animais que foram abandonados. Há apenas um Canil Municipal, porém só são resgatados os animais que apresentam alguma ameaça a saúde e segurança pública.
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Sendo assim, a criação de um centro para acolher esses animais se torna importante para apresentar uma nova visão de um abrigo de animais e suprir a necessidade de uma edificação projetada especificamente para essa finalidade, evitando assim possíveis problemas de transmissão de zoonoses, acidentes de trânsito, do ponto de vista benéfico a cidade e para os animais oferecer mais uma oportunidade de estarem em um local seguro, que atenda as suas necessidades e também contribua para que seja adotado por uma nova família.
PROBLEMATIZAÇÃO
Em relação ao tema escolhido foram identificados alguns problemas como a crescente população de animais abandonados e a situação dos atuais abrigos e canis das cidades. Dados fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2014 mostra que no Brasil havia mais de 30 milhões de animais abandonados, destes 20 milhões são cachorros e os outros 10 milhões são gatos. Nas grandes cidades a cada cinco moradores, havia um cão e 10% destes foram abandonados. Com tantos animais nas ruas torna-se necessário um local para abriga-los. As grandes cidades possuem canis do setor de zoonoses, o trabalho é voltado ao controle de doenças transmitidas por animais e no resgate de alguns que se encontram doentes oferecendo risco a segurança e saúde púbica, mas a maiorias já está com a capacidade máxima atingida. A maioria não promove campanhas, divulgações ou feiras de adoções para incentivar a adoção dos animais, que acabam ficando durante anos ou até o fim de sua vida presos em pequenas baias. Os canis criados por ONGs de proteção animal também estão sempre lotados e não possuem local adequado para um abrigo, pois há apenas uma adaptação em uma construção já existente.
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1
REFERENCIAL TEÓRICO
1.1 ANIMAL DOMÉSTICO
1.1.1 O que é animal doméstico
Segundo a Portaria IBAMA n°93, de 07 de Julho de 1998 (BRASIL, 1998) órgão responsável pelas políticas de proteção do meio ambiente, os animais da fauna doméstica são aqueles dependentes do ser humano e devido a um processo de manejo e melhoramento zootécnico se tornaram domésticos, podendo apresentar características e aparência diferentes da espécie silvestre que o originou. São exemplos de animais domésticos: gato, cachorro, coelho, cavalo, vaca, porco, entre outros.
1.1.2 Definições para cães e gatos no meio urbano
Segundo o Manual Técnico do Instituto Pasteur (SECRETARIA DA SAÚDE, 2000), em uma comunidade os cães e gatos podem ser classificados de acordo com seus hábitos e controle:
Supervisionado e domiciliado – quando o animal possui um tutor e é totalmente dependente e controlado por ele.
Errante – Animais que se perderam, fugiram ou foram abandonados por seus tutores e vivem nas ruas.
Comunitário – São animais errantes, dependentes parcialmente de várias pessoas que os oferece alimento com frequência, porém não há um responsável pelo animal que ainda permanece nas ruas. Geralmente esses animais procuram abrigo em algum local próximo de onde lhe oferecem alimento e permanece na mesma região por tempo indeterminado.
De família e semi-domiciliado – Possuem um tutor que o alimenta e oferece abrigo, porém tem livre acesso as ruas.
Selvagem – Sem contato direto com humanos e alguns ainda vivem em bandos. São independentes e buscam pelo próprio alimento.
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1.1.3 História sobre a domesticação de animais
A relação entre o ser humano e o animal surgiu na pré-história, no período paleolítico, porém no inicio existia apenas a relação entre o homem como o caçador e o animal como presa. Naquela época os homens já caçavam para se alimentarem e também se aquecerem com a pele dos animais e essas práticas eram retratas em pinturas nas cavernas. A ligação mais próxima entre o homem e o animal, começou com os lobos, que se aproximavam em busca de alimentos e então começaram a segui-los e permanecer no mesmo território. Com essa aproximação, o homem percebeu que com os lobos por perto, poderiam ser protegidos dos ataques de outros animais. Visto que seria uma vantagem para o grupo, acabaram aceitando o convívio com os lobos. Com o passar do tempo os lobos foram se acostumando a esta situação e os filhotes cresciam na nova geração que já não caçava mais, nascia então os cães, que tinha o homem como o líder do grupo e fonte de alimento, o que também os tornou cada vez mais dependentes. Com isso a relação foi tornando-se mais próxima, surgindo uma afetividade entre o lobo que já não era mais um animal selvagem e o homem. Com o passar do tempo o homem também começou a explorar a agricultura e a criar animais, criando uma habitação fixa, para que não precisasse sair à caça. Os cães passaram a serem pastores, e para esse processo foi necessário fazer uma seleção de cães que teriam a menor probabilidade de comer o rebanho. Segundo Magnabosco (2006) a domesticação de gatos teria ocorrido há aproximadamente 2.500 anos no Antigo Egito, quando descobriram que esses animais caçavam ratos. Naquele período havia grandes problemas com infestações de ratos que destruíam a colheita de grãos. Diante dessa proteção que os gatos apresentavam, os egípcios consideravam os gatos como verdadeiras divindades e que os aproximava dos deuses. A deusa Bastet, divindade da fertilidade e felicidade, era representada por uma cabeça de gato em um corpo de mulher (BERGLER 1988). O apogeu dos gatos ocorreu na cultura egípcia: os gatos eram tão importantes para a população egípcia, a ponto de serem encontradas em diversas estatuetas e múmias de gatos, junto às de humanos, nas câmaras mortuárias e sendo guardado luto pelos donos de animais que morriam. (Magnabosco, Cristina. População domiciliada de cães e gatos em São Paulo: perfil obtido através de um inquérito domiciliar multicêntrico. 2006).
21
Com o tempo e a evolução, os animais tornaram-se mais próximos dos seres humanos por todo o mundo, em vista que a relação que antes era de interesses passou a ser de companheirismo e afetividade. Como resultado dessa proximidade, o Brasil é o 4° país com maior população de animais de estimação e o 2° com maior população de cães, gatos e aves canoras e ornamentais (gráfico 1), segundo dados do IBGE em 2013. (Abinpet, Mercado Pet Brasil, 2018). Gráfico 1 – População de animais no Brasil 2%
13%
CÃES
39% 17%
AVES CANORAS E ORNAMENTAIS GATOS PEIXES ORNAMENTAIS COELHOS
29%
Fonte: IBGE – Pesquisa quinquenal. Elaboração: Abinpet. Dados 2013. Adaptado pela autora, 2019.
1.1.4 Comportamento característico de cães e gatos
Para desenvolver um projeto voltado aos animais é importante entender suas percepções em relação ao ambiente e um pouco sobre seu comportamento. O comportamento animal é variável e entre espécies há diferenças de personalidade que em muitos casos não é compreendido pelas pessoas e acaba sendo visto como um problema. Em relação ao ambiente e ao convívio com pessoas e outros animais, os cães se mostram mais sociáveis, interativos e se adaptam mais rápido à ambientes diferentes. São animais que costumam viver em bandos que normalmente seguem um líder, e isso pode ser visto também na relação com seu dono. Já os gatos são
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mais independentes e muitos não se relacionam bem com outros animais, disputam por
território,
mas
também
são
carinhosos
com
seres
humanos.
São
comportamentos mais comuns para essas espécies, mas há exceções, por exemplo, cães e gatos que passaram por algum trauma ou os que foram abandonados podem ter reações diferentes em relação aos seres humanos ou a novos ambientes. Compreender o comportamento desses animais também é um fator importante, pois pode indicar quando estão doentes, tristes ou felizes, ansiosos, estressados, geralmente há uma alteração nas atitudes de costume do animal quando apresenta algum desses problemas, o que deve ser observado e investigado para descobrir as causas.
1.1.5 Sistema sensorial dos cães e gatos
O sistema sensorial é composto pelos órgãos dos sentidos, olfato, visão, paladar, audição e tato. Entre os animais domésticos e os seres humanos há muitas diferenças em relação a capacidade de cada sentido. O olfato dos cães e gatos é considerado mais apurado que dos seres humanos. É a principal fonte de informação que os mamíferos têm sobre o que ocorre ao seu redor e o cheiro pode durar mesmo com a ausência de sua fonte (BROOM, D.M.p.8, 2010). É também o primeiro sentido usado pelos animais para encontrar e selecionar seu alimento, sendo que os cães ainda possuem mais células olfativas que os gatos. A audição dos cães e gatos também é considerada mais apurada em relação aos seres humanos. Esses animais domésticos são capazes de ouvir em frequência mais alta e perceber sons que os seres humanos não percebem. Isso justifica situações em que os animais ficam bastante incomodados diante de determinados sons, que para os seres humanos parece normal. A visão é considerada inferior em relação a percepção das cores, comparada a dos seres humanos. Eles não são capazes de enxergar todas as cores, o que não significa que enxergam em preto e branco (figura 1). A percepção da cor ocorre através das células na retina que são as cones. Os seres humanos são capazes de reconhecer mais cores, pois possuem as células cones mais sensíveis, que captam três cores diferentes, o vermelho, o verde e o azul. Enquanto isso, os cães e gatos possuem células cones sensíveis apenas a duas cores, o azul e amarelo (figura 2).
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Apesar disso, eles ainda têm uma melhor capacidade de visão noturna que os humanos.
Figura 1 - Comparação da visão humana (à esquerda) e animal (à direita)
Fonte: Visão Vet, 2019
Figura 2 – Comparação da percepção de cores entre cães e humanos
Fonte: Visão Vet, 2019
O paladar dos cães e gatos não é tão preciso quanto dos seres humanos. As papilas gustativas são compostas por células que são responsáveis pela percepção dos sabores. Os humanos possuem mais papilas gustativas que os cães e gatos, por isso são capazes de diferenciar melhor os alimentos. Entre os animais domésticos os cães possuem mais papilas gustativas que os gatos. Apesar de possuírem menos papilas gustativas, cães e gatos são capazes de sentir sabor doce, salgado, azedo e amargo. Por fim, o tato é o sentido responsável por captar as diferentes sensações na pele. Nos cães e gatos a maior sensibilidade ao toque e movimento encontra-se nas
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vibrissas, que são os pelos longos localizados no focinho, queixo, orelhas e supercilio. O resto dos pelos também é capaz de detectar sensações térmicas e táteis. 1.1.6 Relação entre seres humanos e animais domésticos
A convivência com animais domésticos garante aos donos um amor incondicional, companhia, carinho e também outros benefícios à saúde tanto para crianças quanto para adultos e idosos. Diversas pesquisas já apontam que o contato com animais de estimação desde criança favorece para o aumento da resistência imunológica, o que dificulta o desenvolvimento de problemas como asma e alergias, ajuda no desenvolvimento intelectual, além de divertir e alegrar o ambiente, isso por que principalmente os cães, tem facilidade de adaptação com qualquer pessoa. Ainda para as crianças o contato com os animais é importante para que também desenvolvam valores como respeito, cuidado e responsabilidade. Outro ponto positivo para essa relação é o aumento da interação social e concentração, em crianças com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), já que as crianças acabam relaxando ao cuidarem dos animais e ainda criam uma rotina diária. Para os adultos e idosos não é diferente, a convivência com animais domésticos como cães e gatos também traz diversos benefícios à saúde como a redução da agressividade, transtornos psiquiátricos e também a redução do estresse, pois brincar com o animal de estimação eleva-se os níveis de serotonina e dopamina, que são responsáveis por acalmar e relaxar. Os donos de animais de estimação também são menos propensos a sofrerem de depressão, hipertensão e doenças cardiovasculares, já que além da companhia e a troca de carinho, eles também estimulam atividades físicas, por meio de brincadeiras, passeios e caminhadas junto do animal. Em vista de tantos benefícios e maior expectativa de vida das pessoas que convivem com animais, foi criada a Terapia Assistida por Animais, que é um método alternativo que auxilia no tratamento e reabilitação de pessoas com problemas de saúde físicos e mentais, mas que não substitui os métodos convencionais. Apesar de não ser um método muito conhecido e utilizado, já existem estudos científicos
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que comprovam sua eficácia. Os procedimentos são realizados por um profissional da área da saúde que promove a interação do animal com o paciente de acordo com suas necessidades de tratamento. Para esse tipo de tratamento os animais passam por análise de comportamento e consultas regulares com veterinários para evitar transmissão de doença. Em uma matéria disponível no jornal online G1, o Município de Caratinga em Minas Gerais, um centro para reabilitação de uma fundação educacional atende pacientes pelo método Terapia assistida por animais e os animais que participam das sessões foram resgatados das ruas. “Os animais utilizados na pet terapia não tinham lar e foram recolhidos das ruas para ajudar no tratamento de reabilitação dos pacientes. "Nossos cães e gatos terapeutas são animais que se encontravam em situação de abandono e maus-tratos. Eles foram resgatados, cuidados pelos veterinários do centro de reabilitação e adestrados para participar das terapias. No fim do tratamento, os cães e os gatos ficam disponíveis para adoção pelos pacientes e outros são resgatados para substituí-los", diz Juliana”. (MOURA, Thatiane. Animais ajudam em terapias de reabilitação de pacientes em Caratinga, 2018.)
Ações como essa são importantes para incentivar a adoção de animais abandonados, pois durante o tratamento o paciente acaba criando um vinculo com o animal e isso acaba motivando a adota-lo, além de também contribuir no resgate desses animais nas ruas.
1.1.7 Abandono de animais domésticos
Segundo Osório (2013) o conceito de abandono não se limita apenas aos animais que foram despejados por seus tutores, mas a todos os que estão nas ruas, independente de sua origem. O número de animais abandonados no Brasil cresce a cada ano, o que acaba tornando comum encontrar cães e gatos pelas ruas e avenidas, passando por várias situações de risco, maus-tratos, a procura de alimento, água ou simplesmente alguém que lhe dê um pouco de atenção. A falta de planejamento e responsabilidade por parte dos donos resulta no abandono desses animais domésticos, e os principais motivos alegados são em sua maioria banais, como mostra na pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência e o
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Instituto Waltham (Quadro 1), que cita em porcentagens as circunstâncias e razões da perda ou abandono de um animal de estimação (CORONATO, 2016). Quadro 1 – Em quais circunstâncias perdeu o bicho de estimação. CAUSA
%
"Mudei de residência e não pude leva-lo comigo" 14 "Não tinha tempo para cuidar dele como gostaria" 3 "Ele se perdeu" 3 "Tive de deixá-lo, porque o comportamento dele era inadequado" 2 "Tive de deixá-lo porque meu filho nasceu" 2 "Tive de deixá-lo porque meu filho nasceu" 2 "Tive de deixá-lo, porque era muito caro" 1 "Ele morreu" 67 "Ele foi envenenado" 5 "Ele foi roubado" 2 Fonte: Ibope Inteligência e o Instituto Waltham: Época, 2016. Adaptado pela autora, 2019.
Ou seja, as principais justificativas dos donos para abandonarem seus animais de estimação são na maioria dos casos, mudança de residência, falta de tempo, nascimento de uma criança, comportamento do animal (principalmente quando filhotes, que costumam fazer mais bagunça), e também a descoberta de alergia entre membro da família, problemas financeiros ou simplesmente quando o animal adoece ou envelhece, e ninhada inesperada. Isso ocorre com mais frequência quando a pessoa resolve adotar ou comprar o animal por impulso, sem pensar e analisar as necessidades e responsabilidades de ter um animal de estimação ou em outros casos de pessoas que compram animais pela aparência ou por estar na “moda” e acabam se arrependendo depois. Esses animais que são abandonados, na maioria dos casos não são castrados, acabam se reproduzindo, e com isso o número de cães e gatos nas ruas aumenta ainda mais. Contudo essa superpopulação além de afetar a saúde e bem-estar desses animais, é também um risco à saúde pública, pois os animais quando abandonados ficam expostos a vários tipos de zoonoses, que são doenças típicas de animais que podem ser transmitidas ao ser humano. Mesmo diante de tantos riscos à sociedade, o poder público não realiza medidas estratégicas para solucionar tal problema da superpopulação de cães e
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gatos nas ruas bem como fiscalização e leis mais eficazes para punir quem abandona os animais.
1.1.8 Zoonoses
Zoonoses é o nome dado a alguns tipos de doenças ou infecções que podem ser transmitidas entre animais e humanos. A forma de contaminação pode variar dependendo do tipo de doença, mas é mais comum a transmissão pelo contato com secreções do animal contaminado (saliva, sangue, pelo, urina, fezes) ou também arranhões e mordidas. A contaminação presente pode ser por bactérias, vírus, fungos ou vermes. Existem muitos tipos diferentes de zoonoses e dentre as mais comuns estão: Raiva – é uma zoonose adquirida através do vírus rábico e transmitida pela saliva do animal. Todos os mamíferos estão sujeitos a serem contaminados, mas na área urbana é mais comum a transmissão por cães e gatos. O vírus atinge o sistema nervoso, podendo levar a morte em poucos dias. Entre os principais sintomas está a mudança de comportamento (inquieto ou mais agressivo), dificuldade para deglutir e mastigar, salivação excessiva e paralisia. Para tal doença não há um tratamento eficaz para cura, e a aplicação da vacina contra raiva em animais é a melhor forma de prevenção. Leishmaniose Visceral – é uma zoonose que se propaga através da picada do inseto vetor infectado pelo “Lutzomyia longipalpis”, popularmente conhecido como mosquito “palha”. Esses insetos desenvolvem-se em ambientes úmidos, com pouca luz e restos de lixo orgânico. As pessoas ou animais infectados são como reservatórios do parasito, ou seja, acabam sendo fontes da doença para o vetor. Apesar de existir tratamento para os infectados com a Leishmaniose, não é possível eliminar por completo e ainda continuam sendo uma fonte para a propagação da doença. Alguns dos sintomas são: febre, úlceras na pele, apatia e emagrecimento. Para a prevenção da Leishmaniose é necessário eliminar o mosquito transmissor, manter o ambiente limpo e também já existe uma vacina indicada para os animais. Toxoplasmose – é uma doença infecciosa causada pelo “Toxoplasma Gondii” que pode estar presente nas fezes dos gatos quando estão com baixa resistência, mas que não é contagiosa, a transmissão ocorre na maioria dos casos, pela ingestão de alimentos ou água contaminados pelo protozoário, tanto para os
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animais quanto humanos. Outra forma menos comum de transmissão é durante a gestação, onde a mãe infectada pode passar para o feto, ou por transfusão de sangue e transplante de órgãos de pessoas infectadas. Tanto os humanos quanto animais podem se contaminar com a doença. Os sintomas da doença podem não aparecer caso a imunidade do infectado esteja alta, nesse caso o parasita permanece no corpo sem que seja notado, porem se o sistema imunológico do infectado estiver mais baixo, podem apresentar alguns sintomas como febre, dor de cabeça, cansaço. Em casos mais graves podem espalhar-se para o cérebro, coração, pulmões, olhos, e demais órgãos. A doença pode ser tratada com medicamentos e a para a prevenção deve evitar o contato com fezes de gatos, limpeza dos ambientes, evitar ingerir carne crua, lavar bem os alimentos e cuidar da saúde do animal com visitas frequentes ao veterinário e vacinação. Sarna – é uma doença de pele contagiosa causada pelo ácaro “Sarcoptes scabiei”, e que pode ser transmitida pelo contato de animais ou pessoas contaminadas ou por compartilhar roupas de pessoas com a sarna. O principal sintoma é a coceira intensa e vermelhidão na pele. O tratamento pode ser realizado com medicação e para a prevenção é necessário evitar o contato direto com infectados. No geral as zoonoses podem se manifestar em qualquer cidade e afetar a saúde pública e animal, é um problema que pode e deve ser evitado com medidas tomadas pelo poder público, com cuidados e atenção básica aos animais (principalmente os abandonados) em campanhas de vacinação e vermifugação, redução de animais de rua, e limpeza dos ambientes públicos. Cada cidadão também pode contribuir para evitar as doenças como a limpeza dos ambientes domésticos principalmente das áreas onde fica o animal doméstico, caso tenha, higiene dos alimentos e o cuidado com a saúde do animal.
1.1.9 Organizações não governamentais
As Organizações Não Governamentais Sem Fins Lucrativos (ONGs) voltadas aos animais são instituições criadas por pessoas que se voluntariam e trabalham em prol da defesa e do bem-estar dos animais, sendo mantidas por doações de pessoas que se sensibilizam e apoiam a causa.
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As ONGs de animais são criadas pela falta de ações do poder público para solucionar os problemas de abandono e maus-tratos de animais domésticos ou não. São diversas instituições espalhadas pelo país que buscam resgatar, tratar e promover eventos de adoção e conscientização, mas que não possuem necessariamente um local de abrigo. Por serem entidades criadas e mantidas por doações, em sua maioria não possui um local adequado e projetado para esse tipo de uso, em alguns casos são realizadas apenas algumas adaptações em uma edificação já existente.
1.2 ABRIGO DE ANIMAL
1.2.1 O que é abrigo de animal
Abrigo é definido como um local que se destina abrigar, proteger e amparar algo ou alguém. Os abrigos de cães e gatos são locais destinados a abrigarem animais, que em sua maioria são resgatados das ruas. Segundo o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, um abrigo de animais deve ser criado a fim de atender três tarefas principais. A primeira é de ser um refúgio seguro para os animais que necessitam desse tipo de serviço, a segunda, é funcionar como um local de passagem, de forma que promova a adoção dos animais para lares definitivos e a terceira tarefa, é tornar esse abrigo uma referência em relação aos cuidados, controle e bem-estar animal.
1.2.2 História dos abrigos de animais
Em um estudo realizado por Aprobato Filho (2007), entre o final do século XIX e inicio do XX, na cidade de São Paulo, foram elaboradas várias leis para solucionar o problema em relação aos cães abandonados nas ruas. Dentre as leis, em 1892, foi estabelecido que os animais retirados das ruas devessem ser levados a um depósito da prefeitura. A princípio não era utilizado o termo abrigo para designar os locais para alojar animais, sendo inicialmente nomeados como depósito. No depósito os cães que não fossem retirados por seu dono em até quatro dias seriam sacrificados com exceção dos cães de raça que poderiam ser leiloados
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caso não fossem retirados pelo dono. Para retirar o animal era necessário o pagamento das despesas e multa. No ano seguinte, em 1893, foram realizadas algumas alterações na lei determinando que todos os cães sem raça que estivessem nas ruas deveriam ser sacrificados pelos fiscais e apenas os cães de raça seriam levados ao depósito (APROBATO FILHO, 2007). A prática de sacrifícios aos animais e maus tratos continuou durante anos sem que houvesse compaixão e respeito. As leis voltadas aos animais visavam apenas medidas para garantir a saúde pública, e os sacrifícios eram vistos como uma solução para eliminar cães de ruas que eram considerados um problema para a cidade e transmissores de doenças, enquanto os gatos não eram mencionados em nenhuma lei (OZÓRIO, 2013). Os demais animais como cavalos e burros também sofriam maus tratos e eram usados para puxar carroças e bondes de transporte coletivo, por horas seguidas. Outros animais como touros eram atrações em touradas, onde também sofriam maus tratos. Foi diante de uma situação de maus tratos a um cavalo que o suíço Henri Ruegger denunciou o ocorrido ao Diário Popular. Com isso despertou uma atenção por parte de jornalistas em escrever e publicar matérias sobre animais e a necessidade da sociedade defende-los e reconhecer seus direitos (NASCIMENTO, 2015). Apesar da repercussão só após dois anos depois, em 1895, um grupo de homens e mulheres da elite paulista, se uniram para criar a primeira entidade de defesa aos animais no Brasil, nomeada União Internacional de Proteção aos Animais (UIPA). Entre os fundadores estava Ignácio Wallace da Gama Cochrane, Antônio Prado, Affonso Vidal, Alcântara Machado e René Thiollier. A instituição UIPA conseguiu em 1899 junto à prefeitura de São Paulo, criar novos depósitos para os animais que seriam retirados das ruas, independente de ser de raça ou não. Nesses depósitos os animais não seriam sacrificados. Nos anos seguintes surgiram outras entidades de proteção nas demais cidades do país que foram criando abrigos para manter os animais resgatados em local seguro (NASCIMENTO, 2015). Com o passar dos anos os depósitos da prefeitura que não eram gerenciados por entidades de proteção e sim pelo poder público, foram mantidos e o nome atualizado para canil municipal. O foco permaneceu o mesmo, a saúde pública, e as práticas de sacrifício em animais só foram proibidas a partir de 2008 com a lei
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estadual n° 12.916 para o estado de São Paulo, que dispõe sobre o controle da reprodução de cães e gatos e proíbe a eutanásia em animais saudáveis, sendo permitida apenas em casos doenças graves ou infecto-contagiosa incurável. Os depósitos gerenciados por entidades de proteção animal passaram a ser chamados de abrigos, e os princípios e as atividades exercidas permaneceram as mesmas, que envolvem o acolhimento e apoio a animais abandonados ou maltratados, denunciando também casos de maus tratos. A mudança ocorreu em relação a parceria com o poder público e ao auxilio financeiro que era cedido naquele período, atualmente a maioria não recebe mais.
1.2.3 Tipos de abrigos de animais
Existem diferentes tipos de abrigos, e a diferença está na função a que a entidade exerce, a qual espécie de animal está direcionada e o órgão de administração. Os mais comuns são, lar temporário, abrigo, santuário, canil municipal, Centro de Controle de Zoonoses. As entidades podem ser mantidas pelo poder público, privado, ou organizações não governamentais. O lar temporário é a forma de oferecer um abrigo temporário a determinado animal, podendo ser gato ou cachorro. O abrigo é oferecido por voluntários que disponibilizam um pouco de seu tempo e sua casa para abrigar e cuidar temporariamente algum animal que foi resgatado até que seja adotado em um lar definitivo. O lar temporário contribui para diminuir o numero de animais desabrigados e a superlotação dos abrigos mantidos por Ongs. A iniciativa pode surgir de qualquer pessoa que se sensibilize com o caso. O abrigo portas-abertas é criado especialmente para alojar animais resgatados, normalmente cães ou gatos. Para esse tipo não há restrição quanto a raça, tamanho, idade ou condição de saúde. O local pode ser construído para tal finalidade ou adaptar alguma edificação já construída para. São mantidos por organizações não governamentais que trabalham em defesa dos animais ou instituições privadas. Os Santuários são locais destinados a abrigar animais que foram resgatados de indústrias de testes, circos, zoológicos ou fazendas de abate, onde são vitimas de maus-tratos e exploração. Os animais resgatados podem ser de diferentes espécies e o objetivo é salvar a vida, e proporcionar um ambiente mais próximo do
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que seria em seu habitat natural, a fim de proporcionar o bem-estar e também preservar as espécies. Geralmente os santuários abrigam e cuidam desses animais por toda sua vida. Geralmente são entidades mantidas por organizações não governamentais ou instituições privadas, sendo também os mesmos a realizarem os resgates. O Canil Municipal é criado em cidades com até quinze mil habitantes e mantido pela prefeitura local. A função do canil municipal não é abrigar todo e qualquer animal, normalmente os cães e gatos são resgatados por motivo de segurança e saúde pública quando apresentam algum risco por estarem doentes ou debilitados. O Centro de Controle de Zoonoses não é necessariamente um abrigo, apesar de manter alguns animais abrigados, sua função principal é o controle e prevenção de doenças transmitidas por animais, que são chamadas de zoonoses. Para isso as unidades são equipadas com laboratórios e pessoas especializadas para o diagnóstico e controle de vetores como Aedes aegypti, carrapato, culicídeos, entre outros. Assim como o canil municipal o órgão mantido pela prefeitura de cada cidade e não é um abrigo para alojar qualquer e todo animal abandonado, os animais apenas são resgatados quando apresentam algum risco a segurança ou saúde pública. Algumas unidades também oferecem vacinação e castração gratuita para animais de moradores da região como uma forma de controle da população animal e prevenção de doenças como a raiva.
1.3 CLÍNICA VETERINÁRIA
1.3.1 O que é clínica veterinária
A Resolução n° 1015/2012, do Conselho Federal de Medicina Veterinária desenvolvida para conceituar e estabelecer critérios voltados ao atendimento médico veterinário define clínica veterinária como um estabelecimento destinado ao atendimento de animais para consultas e tratamentos clínico-cirúrgicos, podendo ou não ter cirurgia e internações, sob a responsabilidade técnica e presença de médico veterinário (CFMV, 2012). Ainda segundo a resolução, quando houver internação será necessário o funcionamento por 24 horas com a presença de um profissional da medicina veterinária, mesmo que não haja o atendimento ao público.
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Além das clínicas veterinárias há outros tipos de estabelecimentos para atendimento e cuidados a saúde animal que são os hospitais, de atendimento ao público e em período integral, e os consultórios ou ambulatório médico veterinário, onde realiza apenas consultas clínica, curativos e vacinas não sendo permitido realizar procedimento cirúrgico, anestésico ou internação.
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ESTUDOS DE CASO
2.1 SOUTH LOS ANGELES ANIMAL CARE CENTER & COMMUNITY CENTER / RA-DA
2.1.1 Ficha Técnica
Arquiteta: Rania Alomar Localização: Los Angeles, Estados Unidos Área construída: não informada Ano do projeto: 2013
2.1.2 Descritivo
O Animal Care Center é um abrigo de animais domésticos de pequeno porte e sua localização foi escolhida de forma estratégica para atrair o público. O local escolhido para a implantação do abrigo é próximo de indústrias, residências e avenidas movimentadas (figura 3). O projeto foi focado em criar ambientes acolhedores não somente para os animais, mas também para a comunidade, de forma que fosse um local agradável para o público visitante. O abrigo é composto não somente pelo canil, mas também por um edifício para o tratamento e cuidados veterinários dos animais, pet shop e um centro comunitário para realizar palestras de conscientização e demais atividades voltadas a comunidade e animais, além de promover ações de adoção (figura 4).
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Figura 3 – Localização do abrigo South Los Angeles Animal Care Center
Fonte: Archdaily - South Los Angeles Animal Care Center (2019)
Figura 4 – Implantação setorizada
Fonte: Archdaily - South Los Angeles Animal Care Center. Adaptado pela autora, 2019.
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Figura 5 – Elevação lado oeste
Fonte: Archdaily - South Los Angeles Animal Care Center (2019)
Figura 6 – Elevação
Fonte: Archdaily - South Los Angeles Animal Care Center (2019)
Figura 7 – Fachada principal Animal Services Center
Fonte: Archdaily - South Los Angeles Animal Care Center (2019)
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2.1.3 Materialidade
Os materiais utilizados na construção tanto na parte interna quanto externo são de origem reciclável. Na fachada do edifício foram utilizados painéis compostos pré-fabricados e executados repetidamente em duas linhas para envolver o exterior do edifício, o resultado desse processo deveria sugerir as camadas de pele de um réptil (figura 8). Os painéis ainda possibilitam a mudança de cor quando as bandas superior e inferior se movem para dentro e para fora, criando saliências nas entradas, sombra nas áreas envidraçadas e articulação nas superfícies. Figura 8 – Painéis que compõe a parte externa do edifício
Fonte: Archdaily - South Los Angeles Animal Care Center (2019)
2.1.4 Canis e gatis Nomeado como “Main Bolevard”, o canil é bem arborizado e com jardins para acomodar os visitantes, de modo a incentiva-los a permanecer mais tempo no local, o que também contribui para olharem e conhecerem os animais, aumentando as chances de adoção. As baias dos canis foram dispostas de um modo que evitasse que os animais tivessem contato visual com os demais, para isso foram criados jardins em frente as
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baias (figura 9), afim de reduzir os latidos que muitas vezes ocorre por meio do contato visual entre os cães, e evitar o incomodo aos moradores ao redor. A área destinada aos gatos está inserida junto ao bloco da clínica veterinária e disposta estrategicamente próxima ao estacionamento para que tenha visibilidade dos visitantes. Figura 9 – Canis com jardim enfrente
Fonte: Archdaily - South Los Angeles Animal Care Center (2019)
2.1.5 Sustentabilidade
O projeto possui o certificado LEED Silver, que é adquirido quando o edifício apresenta condições sustentáveis.
Para isso foram aplicadas medidas para
iluminação, controle de temperatura, circulação de ar e qualidade ambiental, tais como a criação de painéis solares fotovoltaicos nos telhados para gerar energia elétrica e claraboias para permitir a entrada de luz em todos os ambientes, o paisagismo projetado para baixo consumo de água e manutenção e os ambientes bem dispostos de forma a reduzir o uso de ar condicionado e proporcionar mais conforto térmico. Para a construção do edifício também foi utilizado material de origem reciclável.
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2.1.6 Análise
O Animal Service Center se torna interessante pela preocupação do arquiteto em desenvolver um local que visa o conforto dos animais, com a criação de ambientes arborizados, com iluminação e circulação de ar natural, áreas para lazer dos animais, e também uma clínica veterinária. O sistema de módulos nos canis ajuda para ter a melhor disposição e ocupação do espaço. O ambiente arborizado também contribui para tornar-se um local agradável para os visitantes e funcionários. Outro ponto para a comodidade e a favor dos visitantes é que o local ainda possui fácil acesso e estacionamento para automóveis e bicicletas.
2.2 PALM SPRINGS ANIMAL CARE FACILITY
2.2.1 Ficha Técnica
Arquitetos: Swatt | Miers Architects Localização: Califórnia, Estados Unidos Ano de construção: 2012 Área: 21.000 m²
2.2.2 Descritivo
Palm Springs Animal Care Facility é um abrigo de animais construído a partir da parceria entre o poder público e a ONG “Friends of The Shelder”. Localizado no deserto de Demuth Park, o abrigo está situado entre área de ocupação comercial e residencial (figura 10). O projeto foi desenvolvido para que apresentasse uma arquitetura convidativa a fim de chamar atenção das pessoas para entrarem no local e conhecerem não sobre o espaço mas também os animais, a fim de promover a adoção dos mesmos (figura 11).
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Figura 10 – Localização do abrigo Animal Care Facility
Fonte: Google Earth – Palm Springs Animal Care Facility (adaptado pela autora, 2019)
Figura 11 – Fachada Animal Care Facility
Fonte: Archdaily – Palm Springs Animal Care Facility, 2019
Além de abrigo o centro é composto por uma clínica veterinária, centro de vendas de produtos, sala de convívio, área de socialização para cães e gatos, sala de treinamento, sala para aulas e palestras, além de um espaço livre para que seja possível a expansão e ampliação do abrigo (figura 12).
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Figura 12 – Setorização – Palm Springs Animal Care Facility
Fonte: Archdaily – Palm Springs Animal Care Facility (Adaptado pela autora, 2019)
Figura 13 – Elevações – Palm Springs Animal Care Facility
Fonte: Swatt Miers Architects – Palm Springs Animal Care Facility (Adaptado pela autora, 2019)
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2.2.3 Materialidade
Como materiais construtivos do edifício foram utilizados o aço junto ao concreto e as paredes de drywall na vedação. Para as áreas de canis e gatis foram selecionados materiais de qualidade e durabilidade em vista da necessidade de limpeza diária que o local exige. Sendo esses materiais: resina epóxi para pisos e paredes, telha metálica, teto acústico e outros dispositivos de proteção (figura 14).
Figura 14 – Vista para o canil e materiais
Fonte: Archdaily – Palm Springs Animal Care Facility, 2019
2.2.4 Canis e Gatis
O abrigo tema capacidade para abrigar 91 cães e 154 gatos, mantidos em locais separados por espécie (figura 15). Os canis foram projetados para abrigar um animal por baia, podendo haver mais de um em caso de necessidade, já os gatos compartilham o mesmo espeço com os demais gatos (figura 16).
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Figura 15 – Canil
Fonte: Archdaily – Palm Springs Animal Care Facility, 2019
Figura 16 – Área compartilhada para gatos
Fonte: Archdaily – Palm Springs Animal Care Facility, 2019
2.2.5 Sustentabilidade
O projeto possui o certificado LEED Prateado que foi concebido pelas condições sustentáveis criadas no projeto que incluem o sistema de reciclagem de água que após ser tratada possibilita a reutilização para limpeza do abrigo e a implantação de painéis solares na cobertura do edifício que possibilita uma
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economia de 30% da energia elétrica. O vidro também foi escolhido para compor partes do edifício, contribuindo para a iluminação natural (figura 17). Figura 17 – fachada com vidro
Fonte: Archdaily – Palm Springs Animal Care Facility, 2019
2.2.6 Análise
Os principais pontos de referência do projeto Animal Care Facility são as escolhas de materiais e soluções arquitetônicas que contribuem para a economia de energia e água, e também a manutenção do edifício. São fatores importantes, visto que um abrigo de animais gera muitas despesas e necessita de limpeza diária. A disposição dos ambientes também contribui para a organização do fluxo de pessoas, separando de acordo com o público e funcionário. A criação de um local para palestras também é um ponto positivo para que seja possível compartilhar informações sobre temas que envolvem animais.
2.3 ANIMAL REFUGE CENTRE
2.3.1 Ficha Técnica
Arquitetos: Arons em Gelauff Arch Localização: Amsterdã, Holanda Área: 5.800 m² Ano do projeto: 2007
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2.3.2 Descritivo
O Animal Refuge Centre é o maior abrigo de animais na Holanda, com o objetivo de acolher cães e gatos em situação de abandono. O projeto surgiu a partir da união de dois abrigos já existentes. O edifício está localizado em Amsterdã, em uma área próxima a comércios, residências, áreas sem ocupação (figura 18) e ao lado de um rio (figura 19). Figura 18 – Localização
Fonte: Google Maps – Animal Refuge Centre. Adaptado pela autora, 2019.
Figura 19 – Vista do rio ao lado do edifício
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre, 2019
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Para a fachada do edifício foram utilizados tons de verde para criar uma harmonia com o entorno que é uma região arborizada e com predominância de áreas verdes (figura 20). Figura 20 - Vista para o edifício e o entrono
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre, 2019
O terreno escolhido era considerado inutilizável para alguns usos por causa de sua forma triangular (figura 21), porém o arquiteto aproveitou a forma e desenvolveu o projeto do edifício para que acompanhasse o formato do terreno que e fosse funcional, possibilitando circulação de ar e iluminação natural nos ambientes, como visto na figura a seguir que representa a maquete física do abrigo. Figura 21 – Maquete física
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre, 2019
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O edifício possui dois pavimentos onde são distribuídas as baias para cães e gatos nas extremidades e na parte central encontra-se a recepção (figura 22), área administrativa, área de serviço, área comercial e clínica veterinária. Figura 22 – Vista para a área interna e recepção
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre, 2019
Figura 23 – Planta baixa setorizada do térreo
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre. Adaptado pela autora, 2019
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Figura 24 – Planta baixa setorizada do pavimento superior
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre. Adaptado pela autora, 2019.
Figura 25 – Corte Longitudinal
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre, 2019
Figura 26 – Corte transversal
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre, 2019
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2.3.3 Canis e gatis
O edifício tem capacidade para 180 cães e 480 gatos, onde os gatos são alojados no pavimento superior e os cães no térreo. A circulação de pessoas ocorre através de um corredor que percorre toda a edificação, dando acesso às áreas de todos os animais (figura 27). As baias dos canis são voltadas para o centro do edifício para que os latidos dos cães não incomode a vizinhança. No centro do edifício ainda foi criado uma área para lazer com algumas grades divisórias que possibilitam a separação dos animais (figura 28). Figura 27 – Vista para os canis e gatis
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre, 2019
Figura 28 – Área de lazer para os animais
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre, 2019
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A disposição dos ambientes e aberturas foi pensada para possibilitar a entrada, circulação e saída de ar natural, proporcionando maior conforto para os animais (figura 29). Figura 29 – Corte esquemático canil e gatil
Fonte: Archdaily – Animal Refuge Centre. Adaptado pela autora, 2019
2.3.4 Análise
O projeto se torna interessante pelo aproveitamento e ocupação do local com a criação de um edifício que acompanha o formato do terreno. Nota-se a preocupação dos arquitetos em relação ao conforto nos ambientes que possuem aberturas para iluminação e ventilação natural, proporcionando um local agradável tanto para as pessoas quanto para os animais. As áreas dos canis e gatis voltados para o interior do edifício favorecem para que os latidos não incomodem as pessoas que estão nas instalações ao redor, porém as baias são dispostas frente a frente e possuem divisórias de grades, podendo ser este um ponto negativo, pois o contato visual entre os cães aumenta os latidos.
2.4 HOSPITAL VETERINÁRIO SANTA CATARINA
2.4.1 Ficha Técnica
Arquitetos: Alexandre Fantin e Eduardo Siqueira
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Projeto arquitetura e interiores: Fantin Siqueira Arquitetura Construtora: Prosil Construções Ltda. Localização: Blumenau, Santa Catarina Área do terreno: 2.500m² Área construída: 1.200m² Ano do projeto: 2011
2.4.2 Descritivo
O Hospital Veterinário Santa Catarina se tornou referência na região pela qualidade, tecnologia e todos os serviços oferecidos, disponibilizando dos mais modernos equipamentos. O edifício está localizado em uma área de fácil acesso tanto para veículos quanto para pedestres, e próximo à residências e comércios (figura 30). Figura 30 – Localização Hospital Veterinário Santa Catarina
Fonte: Google Maps – Hospital Veterinário Santa Catarina, Adaptado pela autora, 2019.
O hospital além de possuir uma completa estrutura para atendimento, exames e tratamento veterinário, também possui auditório e salas para realização de cursos e palestras com o objetivo de conscientizar e garantir a saúde e qualidade de vida dos animais.
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O edifício é composto por dois pavimentos e a disposição dos ambientes foi pensada para a melhor organização do fluxo de pessoas, separando as áreas que tem maior circulação do público que são as áreas de atendimento como a recepção e os consultórios, das áreas que devem ser mais restritas aos médicos veterinários e demais funcionários, como as salas de cirurgia, exames e administração (figuras 31 e 32). Para casos de animais com doenças infecciosas foi criado um corredor restrito de acesso a UTI, com estrutura de alumínio e policarbonato. Figura 31 – Planta baixa pavimento térreo e implantação
Fonte: Fantin Siqueira Arquitetos –Hospital Veterinário Santa Catarina, 2019
Legenda:
11 – UTI
1 – Centro cirúrgico
12 – Emergência
2 – Sala de esterilização
13 – Recepção/ espera
3 – Farmácia
14 – Sanitários
4 – Sala de preparação médico
15 – Sala de fisioterapia
5 – Sala de preparação animal
16 – Estacionamento para clientes
6 – Raio-x
17 – Estacionamento para
7 – Sala de reunião/diretoria
funcionários
8 – Laboratório 9 – Consultório 10 – Consultório com acesso a UTI
52
Figura 32 – Planta baixa pavimento superior
Fonte: Fantin Siqueira Arquitetos –Hospital Veterinário Santa Catarina, 2019.
Legenda:
9 – Dormitório
1 – Vestiário feminino
10 – Vestiários
2 – Vestiário masculino
Feminino/masculino
3 – Manutenção
11 – Sala de reunião
4 – Terraço Técnico
12 – Bar
5 – Lavandeira
13 – Auditório
6 – Almoxarifado
14 – Sala técnica
7 – Cozinha
15 – Sala de administração
8 – Banho
No recuo frontal do Hospital há o estacionamento destinado aos visitantes (figura 33) e o acesso para o estacionamento de funcionários localizado no recuo posterior do terreno.
53
Figura 33 – Vista para a fachada e estacionamento do hospital
Fonte: Google Maps – Hospital Veterinário Santa Catarina. Adaptado pela autora, 2019.
A circulação vertical ocorre por meio de escadas e um elevador panorâmico que valoriza a estética da edificação e possibilita ao usuário um contato visual com a paisagem externa (figura 34).
Figura 34 - Elevador panorâmico
Fonte: Fantin Siqueira Arquitetos –Hospital Veterinário Santa Catarina, 2019
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2.4.3 Materialidade
A ideia dos arquitetos para a fachada principal do Hospital era que apresentasse uma imagem futurista, com isso foi escolhido placas de alucobond nas cores branco e verde para o revestimento externo do edifício (figura 35), e que funcionam também como isolante térmico. Na fachada lateral as saliências são compostas por vidro espelhado (figura 35). Figura 35 – Perspectiva da fachada do Hospital e materiais utilizados
Fonte: Fantin Siqueira Arquitetos –Hospital Veterinário Santa Catarina, 2019
Para as áreas internas foram escolhidos materiais de fácil manutenção, limpeza do local e as cores predominantes são o branco nas paredes que transmitem uma sensação de amplitude, e o verde no piso que remete a natureza (figuras 36 e 37). Dentre os materiais predominantes estão o aço, drywall, madeira, vidro, cerâmica e aço.
55
Figura 36 – Recepção
Fonte: Fantin Siqueira Arquitetos –Hospital Veterinário Santa Catarina, 2019
Figura 37 – Centro cirúrgico
Fonte: Fantin Siqueira Arquitetos –Hospital Veterinário Santa Catarina, 2019
2.4.4 Sustentabilidade Para a economia de água e energia, os arquitetos criaram cisternas no subsolo para a captação de águas pluviais e painel solar fotovoltaico para gerar energia elétrica. O vidro também foi utilizado para possibilitar a entrada de
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iluminação natural nos ambientes, o que também contribui para a economia de energia (Figura 38 e 39). Figura 38 – Grandes aberturas com vidro na sala de fisioterapia
Fonte: Fantin Siqueira Arquitetos –Hospital Veterinário Santa Catarina, 2019
Figura 39 – Iluminação natural no corredor de acesso a UTI
Fonte: Fantin Siqueira Arquitetos –Hospital Veterinário Santa Catarina, 2019
2.4.5 Análise
O Hospital Veterinário Santa Catarina conta com muitos pontos positivos como a disposição dos ambientes para melhor organização dos fluxos evitando
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conflitos e acesso do público em áreas restritas com risco de contaminação. A luz natural nos ambientes favorece tanto para a economia de energia quanto para criar ambientes mais agradáveis para pessoas e animais. Outro ponto positivo são os sistemas para captação de águas pluviais e placas para aquecimento solar, o que mostra uma preocupação dos arquitetos em criar um projeto sustentável. E por fim o paisagismo aliado às estruturas de vidro também proporcionam ambientes mais agradáveis.
3
VISITA TÉCNICA
3.1 CENTRO DE BEM ESTAR ANIMAL
3.1.1 Ficha Técnica
Localização: Estrada Santa Catarina, 2570 - Cezar de Souza, Mogi das Cruzes Área: 345,00 m² Data da visita ao local: 20 de Março de 2019 Visita monitorada pela funcionária Marina
3.1.2 Descritivo
O Centro de Bem Estar Animal é uma unidade de atendimento veterinário mantido pela prefeitura de Mogi das Cruzes e voltado para atendimento de animais de proprietários residentes na cidade e que são de baixa renda. Além da clinica veterinária a unidade tem um canil e gatil para os animais que foram resgatados e que é de responsabilidade do Centro de Controle de Zoonoses de Mogi das Cruzes, este que se localiza próximo à unidade. O Centro de Bem Estar Animal está situado em um local bem isolado, na região tem apenas algumas casas em meio a uma grande área verde. Na figura 40, abaixo é possível observar a marcação em vermelho, a localização da unidade e o entorno.
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Figura 40 – Localização Centro de Bem Estar Animal
Fonte: Google Maps – Centro de Bem Estar Animal de Mogi das Cruzes. Adaptado pela autora, 2019.
O local também é de difícil acesso tanto por ser mais distante quanto pela falta de calçadas (figura 41) e algumas vias ainda não são pavimentadas. O transporte público de acesso ao local é circular e possui poucos horários.
Figura 41 – Via de acesso ao Centro de Bem Estar Animal
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
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Figura 42 – Fachada Centro de Bem Estar Animal
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Na clinica veterinária são realizadas as consultas, exames de raio-x e cirurgias simples, e para exames de sangue e outros, no local são apenas coletados e enviados a um laboratório. A setorização e os fluxos funcionam da seguinte forma: a partir do portão de entrada (figura 43) se tem acesso à recepção, sala de espera (figura 44), sanitários PNE e uma sala que era para ser inicialmente administração, mas que esta sendo utilizada como depósito (figura 45).
Figura 43 – Entrada principal à unidade
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
60
Figura 44 – Acesso da sala de espera para o canil
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 45 – Sala de administração
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
A partir da recepção se tem acesso as demais áreas restritas aos funcionários, mas que os tutores dos animais também acabam circulando. A área restrita inclui dois consultórios de atendimento, sala de prescrição, sala de recuperação pós-cirurgia, sala de cirurgia, sala de raio-x, sala para aplicação de medicação, depósito de materiais de limpeza, sala de lavagem e esterilização, sala de quarentena (local para animais com suspeita de doença que pode ser
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contagiosa), copa para funcionários, e vestiários feminino e masculino, como pode ser observado na sequência de figuras do 46 ao 57.
Figura 46 – Corredor de circulação
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 48 – Sala de prescrição
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 47 – Consultório
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 49 – Sala de recuperação
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
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Figura 50 – Sala para aplicação
Figura 51 – Depósito de material
De medicamento
De limpeza
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 52 – Sala de lavagem
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 53 – Sala de esterilização
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
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Figura 54 – Sala de quarentena
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 56 – Vestiário feminino
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 55 – Copa para funcionários
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 57 – Vestiário masculino
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
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Na área restrita há o acesso ao canil e gatil, as baias são dispostas uma de frente para a outra em um corredor (figura 58). A capacidade é de 20 cães sendo um por baia. Cada baia do canil tem uma área coberta e uma área aberta ao ar livre (figura 59). Figura 58 – Área de canil e gatil
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 59 – Baia individual para cães
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
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Para os gatos são destinadas duas baias com capacidade máxima para 3 gatos em cada. O gatil também conta com uma área coberta e uma área aberta ao ar livre, mas com uma grade de proteção para evitar que eles saiam (figuras 60). Ao lado das baias de gatil tem o depósito para materiais de limpeza e outro depósito para armazenamento de rações (figuras 61 e 62).
Figura 60 – Baia para gatos
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 61 – Depósito de material de limpeza
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
Figura 62 – Armazenamento de rações
Fonte: Foto da autora. Datada em 20/03/2019
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3.1.3 Análise
A iniciativa do Centro de Bem Estar Animal em Mogi das Cruzes é importante por proporcionar tratamento gratuito para cães e gatos de pessoas com baixa renda. Em relação a disposição dos ambientes e fluxo de pessoas, nota-se que há um conflito de fluxos em relação as áreas de acesso público e áreas que são de acesso restrito aos funcionários, o que deveria haver uma separação entre os consultórios que possui a circulação do público, das demais áreas mais restritas como as salas de lavagem, esterilização, exames, cirurgia, vestiários, copa para funcionários e principalmente a sala de quarentena que deveria estar mais isolada. Todos ambientes possuem aberturas para a entrada de luz e circulação de ar natural, sendo este um ponto positivo. Porém nota-se a necessidade de uma sala para administração, e falta de manutenção das áreas externas que apresentam piso irregular, dificultando o acesso ao canil. Há a necessidade de manutenção também na fachada em relação a pintura e aos portões. Referente ao canil e gatil, foi possível notar que os animais ficam bastante agitados e estressados por terem o contato visual direto com outros cães, o que aumenta o nível de latidos e também não há uma área de soltura para que esses animais possam sair das baias e ficarem por um período em um local mais espaçoso. As duas baias para gatos ficam no mesmo local para as baias de cães, o contato visual também contribui para que os cães fiquem mais agitados e os gatos podem se sentir ameaçados ou ficarem estressados por conta dos ruídos. Sendo o mais indicado abriga-los em um local separado das instalações dos cães. A localização da unidade também é um ponto negativo, pois é um local de difícil acesso, as vias são estreitas e não possui passeio, o local também é próximo à periferia o que compromete a segurança tanto para a unidade quanto para os usuários.
3.2 ANÁLISE COMPARATIVA
Uma análise comparativa entre os estudos de caso e a visita técnica foi elaborada no quadro 2. Os critérios escolhidos para a análise são: o uso, a inserção no meio urbano, os aspectos funcionais, as soluções de conforto ambiental e os sistemas sustentáveis aplicados.
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Quadro 2 – Comparativo entre estudos de caso e visita técnica South Los Angeles Animal Care Center
Palm Springs Animal Care Facility
Animal Refuge Centre
Hospital veterinário Santa Catarina
Centro de Bem Estar Animal
Uso
Abrigo de cães e gatos com clínica veterinária (privado)
Abrigo de cães e gatos com clínica veterinária (privado)
Hospital veterinário com atendimento 24 horas e especialidades (privado)
Clínica veterinária com abrigo para cães e gatos (público)
Inserção no meio urbano
Inserido entre comércios, indústrias e habitações
Localizado entre indústrias, comércios e habitações, uso de elementos na fachada que integra o edifício na paisagem
Localizado entre habitações e comércios
Área afastada do centro urbano, com poucas habitações e muita área verde
Aspecto funcional
Dois blocos separam as áreas para o público e outro para atendimento veterinário e apoio para organizar melhor o fluxo de pessoas Implantação bem arborizada para o conforto dos animais e usuários do edifício Claraboia para aproveitar a luz natural, uso de materiais
Abrigo de cães e gatos com clínica veterinária e comércio de artigos para animais (público/ Privado) Localizado entre comércios, um parque e habitações, uso de vegetação nativa para integrar a paisagem da implantação do abrigo com o entorno Ambientes separados por setor e função, fluxo organizado
Programa pequeno, baias dos canis voltadas para o centro do edifício com o objetivo de diminuir o ruído emitido para a vizinhança
Programa grande, ambientes separados por setor/função e fluxo organizado
Programa pequeno, conflito entre fluxos devido a organização espacial dos ambientes
Teto acústico na área de canis
Aberturas que permite a ventilação cruzada nos ambientes
Revestimento externo com isolante térmico
Sistema para reciclagem de água, painel solar fotovoltaico para gerar
Não informado
Uso do vidro para aproveitar a luz natural, painel solar fotovoltaico para gerar
Soluções de conforto ambiental
Soluções sustentaveis
Não se aplica
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reciclado para a construção do edifício, painel solar fotovoltaico para gerar energia elétrica, paisagismo de baixo consumo de água e manutenção
energia elétrica e uso de do vidro para aproveitar a luz natural nos ambientes
energia elétrica e cisterna para captar e reutilizar água pluvial
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
Com base no quadro 2 e de acordo com o uso de cada projeto é possível elaborar uma comparação entre os abrigos South Los Angeles Animal Care Center, Palm Springs Animal Care Facility, Animal Refuge Centre que são internacionais e o Centro de Bem Estar Animal que é nacional, pois apresentam mesma função. Com isso, nota-se que o abrigo South Los Angeles Animal Care Center apresenta mais atribuições em relação a aplicação de sistemas sustentáveis, conforto ambiental e organização dos ambientes. Os projetos internacionais também se destacam por estarem inseridos nos centros urbanos e em locais de fácil acesso. O Hospital Veterinário Santa Catarina apesar de não ter abrigo para animais se destaca pela organização espacial e sistemas sustentáveis, pontos importantes e que contribui para a elaboração do projeto proposto neste trabalho.
4
ÁREA DE INTERVENÇÃO
4.1 MUNICÍPIO ARUJÁ
O município Arujá, escolhido para a implantação do projeto, está localizado ao nordeste da região metropolitana de São Paulo (figura 63), entre as serras da Cantareira e do Mar e às margens do rio Baquirivu-Guaçu, e com passagem da Rodovia Presidente Dutra que faz ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro. O município apresenta uma área territorial de 96, 167 km², onde 51 km² de seu território são considerados área de proteção de mananciais.
69
Arujá está localizado a uma altitude de 755 metros, a 37 km do marco zero da Capital, e os limites do município são Santa Isabel a norte e nordeste, Mogi das Cruzes ao sudeste, Itaquaquecetuba ao sul e Guarulhos a oeste e noroeste. A população estimada é de 88. 455 pessoas o que resulta a densidade demográfica de 779,33 hab/km², e o PIB Per Capita de R$ 55.521,78, Segundo IBGE em 2018. Em relação ao clima no município, é considerado quente e temperado com uma pluviosidade significativa durante todo o ano, com média anual de 1336 mm. O clima é classificado em Cfb e a temperatura média é 17.9 °C segundo dados do Climate-Data.org. Figura 63 – Localização de Arujá no Estado de São Paulo
Fonte: IBGE – Arujá. Adaptado pela autora, 2019.
4.1.1 História de Arujá
Arujá surgiu a partir do traçado de uma estrada que saia da Praça da Sé até o Rio de Janeiro, passando pelo Brás, Penha, Guarulhos e Bonsucesso. A estrada era utilizada por tropeiros que exploravam novas áreas pela floresta e buscavam ouro para ser levado de à Bonsucesso e Guarulhos. Até 1700, em Arujá não havia nenhuma intervenção urbana e estava sendo descoberta para a extração de produtos vegetais e ouro.
70
Em 1781 iniciou-se a construção da capela do Senhor Bom Jesus, por José de Carvalho Pinto, como a primeira intervenção urbana e que originou a cidade. A construção foi concluída pelo irmão de José de Carvalho Pinto, o capitão João de Carvalho Pinto. Em 1852, Arujá tornou-se distrito de Mogi das Cruzes e anos depois em 1944, foi transferido para o município de Santa Isabel. Com o passar do tempo a extração descontrolada de produtos vegetais na região acabou devastando algumas áreas, o processo de extração consistia na queima da madeira em grandes quantidades, que era coberta com capim e terra, para transforma-la em carvão vegetal, e o procedimento acontecia durante três dias ou até mais, com isso a flora e fauna da cidade acabou sendo comprometida. Nesse período também começou a construção de grandes fazendas e pequenas moradias nas áreas já devastadas, onde eram produzidos café, açúcar entre outras produções
agrícolas.
Com
isso
surgiram
as
primeiras
áreas
urbanas
e
desenvolvendo a economia através da produção agrícola. Em 1959, Arujá atingiu a categoria de município e emancipou-se de Santa Isabel pela Lei Estadual número 5285, de 18 de fevereiro de 1959. Ainda na década de 50 surgiram os primeiros condomínios na região central do município, voltados para a população de classe alta. A expansão continuou nos anos seguintes e os demais lotes da região central foram sendo ocupados pela população de classe mais baixa. A partir dos anos 90, o município já era composto pelo centro industrial, clubes de esporte e lazer e inicia a construção de novos condomínios horizontais. Como resultado de grandes áreas arborizadas e poucas edificações verticais, o município recebeu o nome de “cidade natureza”. Já o nome da cidade Arujá é de origem Tupi e significa “plena de barrigudinhos (peixes)” segundo Theodoro Sampaio na obra O Tupi na Geografia Nacional.
4.2 ANÁLISE DO TERRENO
Para a implantação do projeto proposto neste trabalho, o terreno foi escolhido a partir da análise de sua localização, vias de acesso, tamanho, vegetação existente, áreas ocupadas no entorno, ruídos, legislação do município e o impacto social e urbano do projeto na cidade.
71
O local para construir uma edificação de dessa tipologia, que acaba gerando ruído para seu entorno, deve estar mais distante de áreas de habitação e adensamento populacional. Sendo assim o terreno escolhido está inserido no Bairro do Portão e na zona Industrial do município Arujá. O terreno escolhido apresenta condições favoráveis para o projeto, pois é um local sem grandes ruídos no entorno o que favorece para a tranquilidade dos animais abrigados e também para os funcionários e visitantes do abrigo. O local também tem boa visibilidade e fácil acesso por transporte público ou particular, pontos que contribuem para atrair as pessoas a conhecerem o abrigo. A região apresenta muitas indústrias, porém a prefeitura e a CETESB não realiza nenhuma avaliação da qualidade do ar no município, sendo assim, apesar do terreno estar um pouco mais distante, é um fator que deve ser levado em consideração para a elaboração de um projeto com medidas preventivas e que contribuem para melhorar a qualidade do ar. Os terrenos disponíveis mais próximos do centro da cidade e de regiões de maior adensamento populacional foram descartados, pois eram áreas que poderiam ocorrer expansão residencial, e um projeto de abrigo de animais poderia gerar incomodo por causa dos ruídos e assim desvalorizar as habitações ao seu redor. Os terrenos também eram muito próximos de escolas, comércios equipamentos de saúde, podendo atrapalhar as atividades realizadas no local. Outro ponto analisado e motivo para a não escolha desses terrenos é também em relação aos ruídos, mas os que são gerados no entorno e poderiam comprometer o bem estar dos animais e também dos demais usuários do abrigo.
4.2.1 Terreno
O terreno escolhido para a implantação do projeto situa-se à Avenida Governador Mário Covas Junior, no Bairro do Portão. Abrange uma área de 9.046,13m², com dimensões conforme a figura 64.
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Figura 64 – Dimensões do terreno
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
A partir do estudo das condicionantes do terreno (figura 65) foi possível identificar a orientação solar sobre o terreno, sendo que a fachada norte, sentido de acesso ao terreno irá receber maior insolação diária, a face leste receberá o sol da manhã, a face oeste o sol da tarde e a face sul, a que receberá menor incidência solar. Os ventos predominantes seguem em direção a oeste.
Figura 65 – Condicionantes do terreno
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
73
A partir do mapa topográfico que foi disponibilizado pela prefeitura de Arujá, é possível notar que o terreno tem apenas um desnível (figura 66). O mapa fornecido não apresentava as identificações de todos os níveis, sendo assim através do Google Earth foi possível identificar que o declive referente ao terreno equivale a um metro. Figura 66 – Topografia do terreno
Fonte: Prefeitura municipal de Arujá. Adaptado pela autora, 2019
4.2.2 Levantamento fotográfico
A partir das imagens obtidas no local de estudo é possível notar na figura 67 que o terreno não possui nenhuma vegetação ou árvores. A Avenida de acesso ao terreno é pavimentada, bem iluminada e também possui acessibilidade através do passeio público e uma ciclovia (figura 68).
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Figura 67 – Vista para o terreno
Fonte: Foto da autora. Datada em: 02/04/2019.
Figura 68 – Vista para a Avenida Governador Mário Covas Junior e acessos
Fonte: Foto da autora. Datada em: 02/04/2019.
A vista a partir do terreno é marcada por uma área bem arborizada e também pela passagem do rio Baquirivu-Guaçu (figura 69). Figura 69 – Vista para a Avenida Governador Mario Covas Junior
Fonte: Foto da autora. Datada em: 02/04/2019.
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4.2.3 Levantamentos do entorno
4.2.3.1 Uso e ocupação do solo
Para a análise do uso e ocupação do solo foi realizado um mapeamento de identificação da tipologia das edificações no entorno do terreno de estudo, aproximadamente um quilômetro a partir do terreno. A partir da análise identificou-se que no entorno do terreno é predominante o uso industrial, alguns lotes de produção agrícola, grandes áreas verdes, comércio e as habitações mais distante (figura 70). Figura 70 – Mapa de uso e ocupação do solo
Fonte: Google Maps – Av.Gov.Mário Covas Junior, Arujá. Adaptado pela autora, 2019.
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4.2.3.2 Cheios e vazios
A partir do mapeamento de cheios e vazios (figura 71), é possível identificar as áreas que estão ocupadas e as que estão desocupadas. Com essa analise foram identificadas muitas áreas que ainda não estão ocupadas em grande parte dos lotes próximos ao terreno de estudo. Figura 71 – Cheios e vazios
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.
4.2.3.3 Sistema viário e fluxos
O mapeamento de vias e fluxos apresenta uma analise da característica das vias próximas ao terreno de estudo em aproximadamente um quilômetro (figura 72).
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A via de acesso ao terreno, a Avenida Governador Mario Covas Junior, marcada em amarelo no mapa, faz ligação da cidade de Arujá com Guarulhos. Está classificada como via arterial, pois possui acessibilidade as demais vias da cidade, interseções em nível e velocidade máxima de 60 km. Em relação ao fluxo de veículos, é considerado médio. As demais vias no entorno são classificadas como local (marcadas em laranja no mapa), pois apresentam interseções em nível, sem semáforos e no caso do local de estudo é mais comum a circulação de moradores da região e funcionários das indústrias (figura 72). Figura 72 – Classificação das vias
Fonte: Google Maps – Av.Gov.Mário Covas Junior, Arujá. Adaptado pela autora, 2019.
4.2.3.4 Transporte público
O transporte público que circula no município é o transporte de ônibus coletivo e também os taxis. A linha municipal que acessa o bairro de estudo, passa pela Avenida Adília Barbosa Neves, localizada do outro lado do lote do terreno.
78
4.2.3.5 Equipamento urbano
No entorno da área de estudo não há muitos equipamentos urbanos (figura 73), sendo os únicos, uma unidade básica de saúde marcada em azul no mapa e uma creche marcada em amarelo no mapa. Ambos a aproximadamente mil metros de distância da área do terreno.
Figura 73 – Equipamento urbano
Fonte: Google Maps – Av.Gov.Mário Covas Junior, Arujá. Adaptado pela autora, 2019.
4.2.4 Legislação
De acordo com a Lei de uso e ocupação do solo de Arujá a área do terreno faz parte da zona de uso industrial ZUPI 1 (figura 74). Para esta região é permitido o gabarito máximo de 28,00 metros, não podendo ultrapassar 8 andares além do pavimento térreo.
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Figura 74 – Mapa de zoneamento urbano do município Arujá
Fonte: Prefeitura Municipal de Arujá, 2019. (Adaptado pela autora).
De acordo com a Lei Complementar n° 042, de 08 de Janeiro de 2019, no capítulo II sobre conceitos e definições, o abrigo se encaixa nos quesitos descritos no item S3: “XVI - S3 - Serviços Especiais: Estabelecimentos destinados á prestação de serviços á população que possam adequar-se aos mesmos padrões de usos residenciais, no que diz respeito as características de ocupação dos lotes, de acesso, de tráfego, de serviços urbanos e aos níveis de ruídos, de vibrações e de poluição ambiental”. (LEI COMPLEMENTAR N° 042, 2019)
Estabelecimentos com tais características e que fazem parte da ZUPI 1, devem respeitar o recuo mínimo frontal de 6,00m, lateral de 1,50 m (único lado), fundo de 3,00, área mínima do terreno de 500,00 m² sendo 20,00m a dimensão mínima para a frente do terreno (figura 75). A Taxa de Ocupação é de 0,7 e o Coeficiente de Aproveitamento de 1,5 (figura 75), sendo assim, considerando o terreno de 9.046,13m², a taxa de ocupação será 6.332,29m² e o coeficiente de aproveitamento 13.569,19m².
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Figura 75 – Características de zonas de uso
Fonte: Prefeitura Municipal de Arujá, 2019. (Adaptado pela autora).
Já no capítulo VII da Lei Complementar n° 042, de 08 de Janeiro de 2019, sobre exigências e restrições ambientais, define: “Art. 48 – Todo imóvel, objeto de aprovação de projeto de construção, reforma ou ampliação, situado no perímetro urbano do Município de Arujá, deverá destinar 10% para área permeável”. Sendo assim a área permeável do terreno será de 904,61m². O Plano Diretor de Arujá estabelece que as construções em áreas próximas ao percurso de rio deverão respeitar a distancia para a faixa “Non Aedificandi”.
Art. 92 É obrigatória a reserva de "faixas Non-Aedificandi" ao longo de qualquer curso ou corpo d'água, das faixas de domínio público, das rodovias, ferrovia, dutos e linhas de drenagem. (...) § 4° As faixas "Non-Aedificandis" terão, nas Áreas Urbanas e de Expansão Urbana Controlada, a largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado, ao longo dos córregos canalizados dos limites dominiais das estradas, faixas públicas e dutos, salvo maiores exigências de legislação ou Norma Técnica específica. (LEI COMPLEMENTAR N° 006, 2007).
81
5 PREMISSAS 5.1 ANVISA – RDC N° 306, DE 07 DE DEZEMBRO DE 2004
A Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dispõe alguns regulamentos para o gerenciamento e armazenamento de resíduos de serviços de saúde, com atendimento voltado aos humanos e animais.
15. ARMAZENAMENTO 15.1 - O armazenamento externo, denominado de abrigo de resíduos, deve ser construído em ambiente exclusivo, com acesso externo facilitado à coleta, possuindo, no mínimo, 01 ambiente separado para atender o armazenamento de recipientes de resíduos do Grupo A juntamente com o Grupo E e 01 ambiente para o Grupo D. O abrigo deve ser identificado e restrito aos funcionários do gerenciamento de resíduos, ter fácil acesso para os recipientes de transporte e para os veículos coletores. Os recipientes de transporte interno não podem transitar pela via pública externa à edificação para terem acesso ao abrigo de resíduos.
15.2 - O abrigo de resíduos deve ser dimensionado de acordo com o volume de resíduos gerados, com capacidade de armazenamento compatível com a periodicidade de coleta do sistema de limpeza urbana local. O piso deve ser revestido de material liso, impermeável, lavável e de fácil higienização. O fechamento deve ser constituído de alvenaria revestida de material liso, lavável e de fácil higienização, com aberturas para ventilação, de dimensão equivalente a, no mínimo, 1/20 (um vigésimo) da área do piso, com tela de proteção contra insetos. 15.3- O abrigo referido no item 15.2 deste Regulamento deve ter porta provida de tela de proteção contra roedores e vetores, de largura compatível com as dimensões dos recipientes de coleta externa, pontos de iluminação e de água, tomada elétrica, canaletas de escoamento de águas servidas direcionadas para a rede de esgoto do estabelecimento e ralo sifonado com tampa que permita a sua vedação. 15.4- Os resíduos químicos do Grupo B devem ser armazenados em local exclusivo com dimensionamento compatível com as características quantitativas e qualitativas dos resíduos gerados.
.
15.5 - O abrigo de resíduos do Grupo B, quando necessário, deve ser projetado e construído em alvenaria, fechado, dotado apenas de aberturas para ventilação adequada, com tela de proteção contra insetos. Ter piso e paredes revestidos internamente de material resistente, impermeável e lavável, com acabamento liso. O piso deve ser inclinado, com caimento indicando para as canaletas. Deve possuir sistema de drenagem com ralo sifonado provido de tampa que permita a sua vedação. Possuir porta dotada de proteção inferior para impedir o acesso de vetores e roedores.
82
15.6 - O abrigo de resíduos do Grupo B deve estar identificado, em local de fácil visualização, com sinalização de segurança RESÍDUOS QUÍMICOS, com símbolo baseado na norma NBR 7500 da ABNT.
15.7 - O armazenamento de resíduos perigosos deve contemplar ainda as orientações contidas na norma NBR 12.235 da ABNT. 15.8 - O abrigo de resíduos deve possuir área específica de higienização para limpeza e desinfecção simultânea dos recipientes coletores e demais equipamentos utilizados no manejo de RSS. A área deve possuir cobertura, dimensões compatíveis com os equipamentos que serão submetidos à limpeza e higienização, piso e paredes lisos, impermeáveis, laváveis, ser provida de pontos de iluminação e tomada elétrica, ponto de água, preferencialmente quente e sob pressão, canaletas de escoamento de águas servidas direcionadas para a rede de esgotos do estabelecimento e ralo sifonado provido de tampa que permita a sua vedação. 15.9 - O trajeto para o traslado de resíduos desde a geração até o armazenamento externo deve permitir livre acesso dos recipientes coletores de resíduos, possuir piso com revestimento resistente à abrasão, superfície plana, regular, antiderrapante e rampa, quando necessária, com inclinação de acordo com a RDC ANVISA nº. 50/2002. (ANVISA, 2004)
5.2 CÓDIGO SANITÁRIO DECRETO N° 12.342, DE 27 DE SETEMBRO DE 1978
A prefeitura de Arujá não possui em seu código de obras, normas e regulamentos específicos para a construção de clínicas veterinárias. Sendo assim foi consultado o Decreto n° 12.342, de 27 de setembro de 1978. Capítulo XXIII Estabelecimentos Veterinários e Congêneres e Parques Zoológicos Artigo 271 - Os hospitais, clínicas e consultórios veterinários, bem como os estabelecimentos de pensão e adestramento, destinados ao atendimento de animais domésticos de pequeno porte, serão permitidos dentro do perímetro urbano, em local autorizado pela autoridade municipal, e desde que satisfeitas as exigências deste Regulamento e de suas Normas Técnicas Especiais.
Artigo 272 - Os canis dos hospitais e clínicas deverão ser individuais, localizados em recinto fechado, providos de dispositivos destinados a evitar a exalação de odores e a propagação de ruídos incômodos, construídos de alvenaria com revestimento impermeável, podendo as gaiolas serem de ferro pintado ou material inoxidável, com piso removível. Artigo 274 - Os canis devem ser providos de esgotos com destino adequado, dispor de água corrente e sistema apropriado de ventilação. (DECRETO 12.342, 1978)
83
5.3 CFMV – RESOLUÇÃO N° 1015, DE 09 DE NOVEMBRO DE 2012
A Resolução n° 1015, de 09 de novembro de 2012, estabelece as características de cada estabelecimento voltado ao atendimento animal, sendo clínica veterinária, hospital, consultório ou ambulatório, e as condições necessárias para o funcionamento de cada um. Para o presente trabalho será desenvolvido uma clinica veterinária, devendo atender os seguintes requisitos da resolução: Capítulo II Das clínicas veterinárias Art. 4º Clínicas Veterinárias são estabelecimentos destinados ao atendimento de animais para consultas e tratamentos clínico-cirúrgicos, podendo ou não ter cirurgia e internações, sob a responsabilidade técnica e presença de médico veterinário. §1º No caso de haver internações, é obrigatório o funcionamento por 24 horas, ainda que não haja atendimento ao público, e um profissional médico veterinário em período integral. §2º Havendo internação apenas no período diurno, a clínica deverá manter médico veterinário e auxiliar durante todo o período de funcionamento do estabelecimento.
§3º A opção de internação em período diurno ou integral e de atendimento cirúrgico deverá ser expressamente declarada por ocasião de seu registro no Sistema CFMV/CRMVs. Art. 5º São condições para funcionamento de Clínicas Veterinárias: I - setor de atendimento: a) sala de recepção; b) consultório; c) geladeira, com termômetro de máxima e mínima para manutenção exclusiva de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos; d) sala de arquivo médico, que pode ser substituída por sistemas de informática; II – para o caso de o estabelecimento optar pelo atendimento cirúrgico, setor cirúrgico: a) sala para preparo e recuperação de pacientes, contendo: 1. Sistemas de aquecimento (colchões térmicos e/ou aquecedores); 2. Sistemas de provisão de oxigênio e ventilação mecânica; 3. Armário de fácil acesso com chave para guarda de medicamentos controlados e armário para descartáveis necessários a seu funcionamento; e
84
4. No caso dos medicamentos sujeitos a controle, será obrigatória a sua escrituração em livros apropriados, de guarda do médico veterinário responsável técnico, devidamente registrados nos órgãos competentes. b) sala de antissepsia e paramentação com pia e dispositivo dispensador de detergente sem acionamento manual; c) sala de lavagem e esterilização de materiais, contendo equipamentos para lavagem, secagem e esterilização de materiais. d) a sala de lavagem e esterilização de materiais pode ser suprimida quando o estabelecimento utilizar a terceirização destes serviços, comprovada pela apresentação de contrato/convênio com a empresa executora; e) sala cirúrgica: 1. mesa cirúrgica impermeável e de fácil higienização; 2. equipamentos para anestesia inalatória, com ventiladores mecânicos; 3. equipamentos para monitorização anestésica com no mínimo temperatura corporal, oximetria, pressão arterial não-invasiva e eletrocardiograma; 4. sistema de iluminação emergencial própria; 5. foco cirúrgico; 6. instrumental para cirurgia em qualidade e quantidade adequadas à rotina; 7. aspirador cirúrgico; 8. mesa auxiliar; 9. paredes impermeabilizadas de fácil higienização, observada a legislação sanitária pertinente; 10. sistema de provisão de oxigênio; 11. equipamento básico para intubação endotraqueal, compreendendo no mínimo tubos traqueais e laringoscópio; 12. sistema de aquecimento (colchão térmico); III - para o caso de o estabelecimento optar pela internação, setor de internação, devendo dispor de: a) mesa e pia de higienização; b) baias, boxes ou outras acomodações individuais e de isolamento compatíveis com os animais a elas destinadas, de fácil higienização, obedecidas as normas sanitárias municipais e/ou estaduais; c) local de isolamento para doenças infecto-contagiosas, no caso de internação; d) armário para guarda de medicamentos e descartáveis necessários a seu funcionamento; e) no caso dos medicamentos sujeitos a controle, será obrigatória a sua escrituração em livros apropriados, de guarda do médico veterinário responsável técnico, devidamente registrados nos órgãos competentes. IV - setor de sustentação: a) lavanderia; b) depósito/almoxarifado; c) instalações para descanso, preparo de alimentos e alimentação do médico veterinário e funcionários, quando houver funcionamento 24 horas; d) sanitários/vestiários compatíveis com o número de funcionários; e) setor de estocagem de medicamentos e fármacos; f) unidade de conservação de animais mortos e restos de tecidos; Parágrafo único. A clínica deverá manter contrato/convênio com empresa devidamente credenciada para recolhimento de cadáveres e resíduos hospitalares. (RESOLUÇÃO n° 1015 CFMV, 2012)
85
5.4 LEI COMPLEMENTAR N° 042 DE 08 DE JANEIRO DE 2019
A Lei Complementar n° 042 de 08 de janeiro de 2019, especifica as condições para novas construções de acordo com a categoria e zona de uso em Arujá. Para estacionamentos na categoria S3 referente à Serviço, a lei determina: Figura 76 – Vagas e estacionamento
Fonte: Prefeitura Municipal de Arujá, 2019. (Adaptado pela autora)
5.5 ABNT NBR 9050 – SETEMBRO 2015
A ABNT NBR 9050 estabelece critérios para a acessibilidade em projetos de arquitetura. O objetivo é possibilitar a mobilidade de qualquer individuo independente de suas condições e limitações físicas ou de percepção. A norma especifica a largura mínima de corredores de 1,20m a 1,50m para a circulação linear entre um cadeirante e um pedestre (figura 77) e de 1,50 a 1,80 para a passagem de dois cadeirantes.
86
Figura 77 – Largura mínima para um corredor
Fonte: NBR 9050, 2019
Figura 78 – Largura mínima para passagem de dois cadeirantes
Fonte: NBR 9050, 2019
Segundo a NBR 9050 os sanitários acessíveis devem possuir entrada independente e sua dimensão deve possibilitar ao cadeirante um giro de 360° (figura 79). Figura 79 – Vista superior de sanitário
Fonte: NBR 9050, 2019
87
Para prédios de uso público a ser construído, as áreas comuns devem ter no mínimo “5 % do total de cada peça sanitária, com no mínimo um, para cada sexo em cada pavimento, onde houver sanitários” (NBR 9050/2015), devendo atender as medidas mínimas (figura 80). Figura 80 – Dimensionamento mínimo para sanitário acessível
Fonte: NBR 9050, 2019
6 PERFIL DO USUÁRIO
O projeto será voltado especialmente aos cães e gatos resgatados após serem abandonados por seus tutores, mas também será um local para a recepção e interação do público com os animais, e circulação diária dos funcionários. Não haverá restrição quanto a raça, porte ou idade dos cães e gatos, que serão resgatados das ruas por meio de projetos sociais. A permanência desses animais no abrigo irá depender do período necessário para o tratamento e recuperação da saúde física e mental. Após esse processo estarão disponíveis para a adoção. O perfil dos visitantes será variado, podendo ser homem ou mulher de qualquer faixa etária, mas em comum o interesse em adotar ou apenas conhecer o abrigo. O quadro de funcionários será composto por profissionais da medicina veterinária, administração e limpeza, de idades variáveis.
88
7 CONCEITO Bem Estar Animal é o principal conceito adotado para o desenvolvimento do projeto. O termo tem seu significado relacionado ao conforto e satisfação física ou moral. A ideia é fazer com que esses animais que foram abandonados e passaram por tantas situações de risco e maus tratos possam ser acolhidos em um lugar que, o respeite como um ser vivo que possui características e necessidades individuais e garanta seu bem estar. Para aplicar tal conceito no projeto é necessário conhecer “As cinco liberdades”, expressão utilizada para avaliar o bem estar de um animal (CFMV, 2019):
Liberdade de fome e de sede – acesso a água e dieta adequada para
manter sua saúde;
Livre de desconforto – ambiente apropriado que inclui abrigo e área
para descanso;
Livre de dor – prevenção, diagnóstico e tratamento para manter a
saúde física;
Liberdade
de
comportamento
–
espaço
suficiente
para
o
comportamento natural do animal;
Livre de medo e de estresse – condições e tratamento para evitar o
sofrimento mental. A integração será outro conceito para o projeto, a palavra tem seu significado relacionado a união e ligação dos ambientes. A ideia é integrar não somente os canis e gatis com a área verde, mas também as demais áreas da clínica veterinária e administração para evitar a sensação de ambientes muito fechados ou isolados, e criar ambientes aconchegantes e alegres.
8 PARTIDO Com o conceito definido foram identificados métodos para que fosse possível atingir o objetivo e ideias propostas. De acordo com as “Cinco Liberdades” o bem estar animal também está relacionado com o ambiente, que deve ter espaço adequado para a espécie e não restrinja seus comportamentos naturais.
89
Com isso, no partido arquitetônico serão propostos alojamentos de cães e gatos com dimensões mais amplas para que possam se movimentar e se sentirem confortáveis, espaços ao ar livre em área bem arborizada para que possam ter contato com a natureza, outros animais, pessoas, e que também seja possível se exercitarem e brincar. Para isso as referências serão os parques arborizados com áreas de convívio (figura 81). Figura 81 – Parque Villa Lobos – São Paulo
Fonte: Transamerica Expor Center-Parque Villa Lobos, 2019.
Os demais ambientes deverão ser integrados aos jardins externos por meio do vidro (figura 82), com isso as áreas internas serão mais aconchegantes tantos para os funcionários quanto para os visitantes. Figura 82 – Ambiente com aplicação de vidro
Fonte: GlassecViracon – Vidro insulado, 2019
90
9
PROGRAMA ARQUITETÔNICO
9.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES
O programa de necessidades foi definido para proporcionar o bem estar dos animais, funcionários e visitantes, de forma que os ambientes apresentem as dimensões e condições necessárias para serem aconchegantes à todos os usuários e que fosse possível realizar todas as atividades destinada a cada ambiente. Para o desenvolvimento do programa foram analisados os projetos internacionais, pois apresentavam ideias mais próximas do que seria proposto no presente trabalho e uma análise individual e comparativa para identificar pontos positivos, negativos e quais ambientes faziam parte do programa de cada um. A visita técnica ao Centro de Bem Estar Animal em Mogi das Cruzes possibilitou o melhor entendimento de como funciona uma clínica veterinária e quais as carências do local. Para o dimensionamento mínimo dos ambientes foi consultado o Decreto n° 40.400, de 24 de Outubro de 1995 que estabelece as condições e dimensionamento mínimo para ambientes de estabelecimento veterinário, a Resolução n° 1015 de 09 de novembro de 2012, que conceitua e estabelece condições para o funcionamento de estabelecimentos médicos veterinários e a setorização necessária, e o Decreto n° 12.342, de Setembro de 1978, que dispõe dimensões mínimas para ambientes em geral.
91
Quadro 3 – Programa de necessidades n°
Recepção
Setor
Ambiente
Função
Qtd.
Recepção
Atender e orientar os visitantes
1
Espera
Aguardar atendimento
1
Sala de aula
Sanitário PNE
Palestras e aulas
1
2
n°
pessoas animais
1
Até 26
Layout
Condicionantes
Área
Área
Ambientais
Mínima
Total
10m²
10m²
10m²
10m²
Dimensão horizontal Balcão de mínima 2,50m, atendimento, Pé direito 3,00m cadeira iluminação e ventilação natural Dimensão horizontal mínima 2,50m, Cadeiras Pé direito 3,00m iluminação e ventilação natural Mesa; cadeiras
Lavatório, sanitário e demais adequações à NBR 9050
Pé direito 3,00m iluminação e ventilação natural
30,75 30,75m² m²
2,50m²
5m²
92
1
Prateleiras, balcão
Secretaria
Organizar o abrigo e entrevistar pessoas para adoção
1
1
0
Mesa, cadeira, armário.
Almoxarifado
Guarda de material técnicoadministrativo
1
0
0
Sala diretor com sanitário anexo
Direção do centro/financeiro
1
1
Arquivo
Guardar documentos
1
0
Reunião
Reunir funcionários
Copa para funcionários
Preparar e realizar refeições
Administração
Área de vendas
1
1
10
16m²
16m²
Pé direito 3,00m iluminação e ventilação natural
10m²
10m²
Prateleiras ou armário
Pé direito 3,00m
12m²
12m²
0
Mesa, cadeira, armário.
Pé direito 3,00m iluminação e ventilação natural
10m²
10m²
0
Armário
Pé direito 3,00m
10m²
10m²
0
Mesa de reunião
Pé direito 3,00m iluminação e ventilação natural
20m²
20m²
0
Bancada com pia, mesa, geladeira
Pé direito 3,00m iluminação e ventilação natural
6m²
6m²
93
2
Lavatório, sanitário e demais adequações à NBR 9050
Consultório
Atendimento médico veterinário a cães e gatos
2
1
1
Mesa inox; mesa, cadeira, pia
Sala de emergência
Atendimento médico de imediato
1
1
1
Sala de quarentena
Abrigo/observação para cães e gatos recém-chegados
10
Internação
Atendimento médico veterinário
Sanitário PNE para funcionários
Sala de internação
Internação de animais que necessitam de cuidados constantes
Sala de internação (isolamento)
Internação de animais com doenças infectocontagiosa
2
0
2,50m²
5m²
Dimensão horizontal mínima 2,00m, Pé direito 3,00m
6m²
12m²
Mesa inox; mesa, pia
Pé direito 3,00m
6m²
6m²
Boxes para cães e gatos (mínimo 2,5m² cada)
Aberturas sentido oposto ao vento
10m²
10m²
Pé direito 3,00m
10m²
20m²
Pé direito 3,00m iluminação e ventilação natural
10m²
20m²
Mesa inox; boxes 2
0
10
para cães e gatos (mínimo 2,5m² cada) pia; armário
2
0
10
Boxes para cães e gatos, lavatório
Cirurgico
Procedimento
94
Sala de raio-x com cabine de comando
Realizar exame radiográfico
Sala de fisioterapia
Realizar tratamento de fisioterapia
Sala de vacina
Armazenar e aplicar vacinas
1
Antecâmara de assepsia
Antissepsia das mãos
Sala de preparo
Preparo do animal para cirurgia
1
1
1
Equipamento Pé direito 3,00m de raio-x
Realizar procedimentos cirúrgicos
1
Pé direito 3,00m
10m²
10m²
1
1
Bancada com pia, geladeira, mesa inox
Janela com peitoril 1,80m
6m²
6m²
1
1
0
Pia
Menor dimensão horizontal 2,00m
4m²
4m²
1
1
1
Mesa inox; lavatório, balança.
Pé direito 3,00m
10m²
10m²
Dimensão horizontal mínima 2,00m, Janelas com telas, acesso através da antecâmara.
10m²
10m²
Pé direito 3,00m, iluminação e ventilação
10m²
10m²
1
1
1
1
1
inox; mesa auxiliar inox; Eq. Cirúrgico
Sala de recuperação
Recuperação pósanestesia/cirurgia
16m²
Esteira aquática, mesa inox, mesa, cadeira.
Mesa cirurgica Sala de cirurgia
16m²
1
1
1
Maca com sistema de aquecimento; equipamento
95
Sustentação
Cuidados
de monitoração, armário.
natural.
Sala de lavagem
Lavagem de materiais
1
1
0
Bancada com pia
Pé direito 3,00m
6m²
6m²
Sala de esterilização
Esterilização de materiais
1
1
0
Autoclave, armário
Pé direito 3,00m
6m²
6m²
Necrotério
Conservação temporária de animais mortos
1
0
1
Mesa inox
Janela com peitoril 1,80m
14m²
14m²
1
Tanque de banho, mesa para secagem, mesa para tosa.
Dimensão horizontal mínima 2,00m
20m²
20m²
4m²
4m²
16m²
16m²
Sala para banho e tosa
Dar banho e tosar os animais
1
Cozinha
Preparo de alimento para os animais
1
Vestiário feminino
Troca de roupa; banho, guarda de pertences
1
1
Armário, bancada com Pé direito 3,00m pia
0
Cabines para sanitário e banho; Pé direito 3,00m armário; lavatório
Gatil
Canil
96 Cabines para sanitário Pé direito 3,00m e banho; armário; lavatório
Vestiário Masculino
Troca de roupa; banho, guarda de pertences
1
0
DML
Guarda de material de limpeza
1
0
Tanque
Farmácia
Estocar medicamentos
1
0
Copa para funcionários
Realizar pequenas refeições
1
Estacionamento
Estacionar veículos
1
16m²
16m²
4m²
4m²
Armário
8m²
8m²
0
Mesa, armário, geladeira.
4m²
4m²
0
5 vagas
Vaga individual 2,40x4, 70m
11,28 56,40m² m²
Comedouro duplo, colchonete.
Pé direito mínimo 2,10m, ventilação e iluminação natural
1,5m²
60m²
Área mínima 2,00m²
2m²
120m²
Iluminação e ventilação
10m²
10m²
Baia com cobertura (Porte Grande)
Abrigar cães
40
1
Solário
Exposição ao sol
40
1
Abrigo coberto (Coletivo)
Abrigar gatos
2
Comedouro duplo,
Pé direito 3,00m
97
Setor técnico
Apoio Canil e gatil
Lazer
nichos, prateleiras. Solário (coletivo)
Exposição ao sol
2
Área de soltura
Local para animais brincarem/ adestramento
2
Depósito para ração
Armazenar ração
1
0
0
Prateleiras
DML
Guarda de material de limpeza
1
0
0
Tanque
Abrigo de resíduos sólidos
Guarda temporária de resíduos sólidos
2
0
1
0
Gerador
natural
Ar livre
10m²
10m²
Janela com peitoril 1,80m
6m²
6m²
4m²
4m²
0
5m²
10m²
0
8m²
8m²
Brinquedos de circuito
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
98
9.2 AGENCIAMENTO
Para o agenciamento os ambientes foram separados em grupos de acordo com a função a qual estão relacionados. Sendo:
Recepção - Fazem parte desse grupo as áreas voltadas para o atendimento ao público em geral. RECEPÇÃO/ ESPERA Recepcionista Receber visitantes Primeiro atendimento ao público visitante; Informação e orientação Aguardar atendimento Espaço para café/agua ÁREA DE VENDAS
SALA DE AULA
Receber visitantes Realizar palestras Treinamento de funcionários Educação sobre animais e meio-ambiente
SANITÁRIOS
Venda de produtos pet
Administração - Fazem parte desse grupo as áreas de organização do abrigo e da clínica veterinária, atendimento ao público específico, incluindo áreas de apoio aos funcionários desse setor. DIRETORIA (Sanitário anexo)
Administrar Organizar Planejar Recursos financeiros Informação e orientação
ALMOXARIFADO
Receber materiais Guardar material técnicoadministrativo
ARQUIVO SECRETARIA
Atender e entrevistar pessoas interessadas em adotar Organizar eventos de adoção Organizar registros de animais abrigados
Receber documentos Organizar Guarda de documentos
SANITÁRIOS
99
REUNIÃO
Reunir funcionários Discutir/solucionar problemas
Atendimento médico veterinário - Fazem parte desse grupo as áreas voltadas para o atendimento médico veterinário à cães e gatos que foram resgatados e recém-chegados no abrigo. CONSULTÓRIO
Primeiro atendimento aos animais recémchegados no abrigo Atendimento aos animais abrigados Analise das condições de saúde dos animais
QUARENTENA
EMERGÊNCIA/URGÊNCIA
Atendimento casos especiais que necessitam de cuidados imediatos Receber e atender animais em situação grave
SANITÁRIOS
Observação de cães e gatos recém-chegados Analisar comportamento do animal Suspeita de doença infectocontagiosa
Internação - Fazem parte de grupo as áreas destinadas para cuidados de animais que necessitam de mais atenção e cuidados especiais em relação a saúde.
INTERNAÇÃO
Alojar cães ou gatos com a saúde comprometida Cuidados especiais
INTERNAÇÃO (isolamento)
Alojar cães ou gatos com a saúde comprometida por doença infectocontagiosa Cuidados especiais
100
Procedimento - Fazem parte desse grupo as áreas destinadas para realizar procedimentos de exames de ou tratamentos de curto ou longo prazo.
RAIO-X
Realizar diagnóstico por imagem Anexo – cabine de comando
FISIOTERAPIA
Tratamento para animais com problema ortopédico ou neurológico
VACINA
Armazenar vacinas Aplicação de vacina em animais
Cirúrgico - Fazem parte desse grupo as áreas necessárias para o uso antes e depois de procedimento cirúrgico. ANTECÂMARA DE ASSEPSIA
Troca de roupa para realizar cirurgia Antissepsia das mãos
CIRURGIA
Realizar procedimentos cirúrgicos em animais
LAVAGEM
Lavar materiais usados em procedimento cirúrgico
PREPARO ANIMAL
Preparar o animal para a cirurgia
ESTERILIZAÇÃO
Esterilizar materiais usados em procedimento cirúrgico
RECUPERAÇÃO
Recuperação póscirurgia e anestesia
Cuidados - Fazem parte desse grupo as áreas voltadas para os cuidados com a higiene dos animais. BANHO
Dar banho nos animais do abrigo
TOSA
Tosar cães do abrigo
101
Sustentação - Fazem parte desse grupo as áreas voltadas para o apoio aos funcionários e demais áreas do bloco administrativo e clinico. COZINHA
LAVANDERIA
Preparo de refeição para animais com necessidades especiais
DML - Depósito de material de limpeza
Guarda de material de limpeza
Lavar pano multiuso
VESTIÁRIO
Banho Troca de roupa
COPA
Realizar refeições
FARMÁCIA ESTACIONAMENTO
Estocar medicamento para uso dos animais no abrigo
Estacionar veículos de visitantes, funcionários e serviço.
Abrigo - Fazem parte desse grupo as áreas voltadas para abrigar cães e gatos. CANIL
GATIL Alojar cães Manter em segurança Proteger da chuva e sol
Alojar gatos Manter em segurança Proteger da chuva e sol
Lazer - Fazem parte desse grupo as áreas voltadas ao lazer dos animais.
ÁREA DE LAZER PARA ANIMAIS
Brincar Prática de exercícios Adestramento Convívio entre animais Interação de pessoas e animais
102
Apoio abrigo - Fazem parte desse grupo as áreas voltadas a dar apoio ao setor de abrigo. DEPÓSITO DE RAÇÃO
Armazenar ração dos animais abrigados
DML – Depósito de material de limpeza
Guardar equipamento de limpeza dos abrigos
DEPÓSITO DE RESÍDUO
Guardar temporariamente resíduos dos animais
Setor técnico - Fazem parte desse grupo as áreas voltadas a parte técnica. DEPÓSITO DE RESÍDUOS
Descarte de lixo hospitalar ou comum Guardar temporariamente resíduos sólidos até a coleta adequada para cada tipo
103
9.2
ORGANOGRAMA
Setor recepção
Setor apoio abrigo
Setor administrativo
Setor abrigo
Setor atendimento médico veterinário
Setor lazer
Setor sustentação
Setor de procedimento
Setor de internação Setor cirúrgico
104
9.3
FLUXOGRAMA
Acesso funcionário
Vestiário s Copa
Acesso público
Recepção /espera
Sala de aula
Sala diretor Sala de Reunião
Secretaria Gatis
Emergência
Consultório Canis
Vacina
Fisioterapia
Raio-x
Quarentena
Área de lazer
Internação
Internação isolamento
Banho/ tosa
Arquivo DML
Preparo animal
Antecâmara/ Sala de cirurgia Sala de Recuperação
ACESSO PÚBLICO ACESSO FUNCIONÁRIOS
Farmácia
Lavagem e esterilização
105
10 ESTUDOS PRELIMINARES
Nos estudos preliminares serão apresentadas as ideias iniciais de projeto em relação
à
volumetria,
implantação,
acessos
e
setorização,
ainda
em
desenvolvimento. No primeiro estudo (figura 84), o setor de saúde havia sido colocado ao centro do terreno, porém considerando que a área dos canis iria ficar neste sentido, optouse por modificar de local, para que o edifício não ficasse entre as baias dos cães. No segundo estudo (figura 85) a área de saúde foi modificada para o lado oeste do terreno e o setor de administração movido para o lado leste, sendo mantidos os acessos restritos aos funcionários nas laterais. A largura dos corredores de circulação também foi diminuída, considerando que a circulação de pessoas nessas áreas seria pouca. No estudo dos canis as baias foram posicionadas para que a área do solário que é descoberta fosse direcionada para o lado leste, com isso os animais poderiam se expor ao sol da manhã. Neste estudo também foi desenhado uma cobertura que irá contornar as baias dos canis, para possibilitar a visitação e a circulação dos funcionários para os cuidados com os animais em dias chuvosos. O posicionamento de arborização e a cobertura externa irá controlar a incidência solar na parte onde será aplicado o vidro, este também deverá receber um tratamento necessário para controle térmico e acústico.
106
Figura 83 – Implantação
Figura 84 – Estudo 1 - Planta baixa
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
107
Figura 85 – Estudo 2 – planta baixa
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
108
Figura 86 – Planta baixa – Canil (estudo)
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
109
Figura 87 – Planta baixa - Banho e tosa (estudo)
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
Figura 88 - Corte esquemĂĄtico canil
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
110
Figura 89 – Volumetria
Fonte: Elaborado pela autora, 2019
111
REFERÊNCIAS
Artigo
OSÓRIO, Andréa. A cidade e os animais: da modernização à posse responsável. Revista dos Departamentos de Antropologia e Arqueologia, Ciência Política e Sociologia, Minas
Gerais,
n°21,
p
143-176,
2013.
Disponível
em:
<
http://teoriaesociedade.fafich.ufmg.br/index.php/rts/issue/viewFile/12/12> Acesso em 10 de Fevereiro de 2019.
SANTOS, Pedro. Algumas questões relativas ao encaminhamento de cães e gatos para
adoção.
Revista
de
Antropologia
da
UFSCAR.
Disponível
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