Moda. Rock. Comportamento
MRC CARTA AO LEITOR Muito mais do que capital do rock, arrisco-me dizer que Brasília é a capital da arte, da cultura e da inovação. Na década de 80, a cidade em formato de avião ganhou destaque por ter sido o berço de diversas bandas de rock, ganhando o título de Capital do Rock. Hoje novos artistas movimentam a cena local, trazendo de volta o olhar para a cidade. Se você é um amante do rock, aprecia a moda relacionada a esse gênero musical e quer saber mais sobre a cena brasiliense, a M.R.C foi feita sob medida para você. Em nossas reportagens você poderá conhecer um pouco sobre o cenário musical em Brasília, conferir uma cobertura completa do festival “Porão do Rock”, que nesta edição completou duas décadas. Além de descobrir de que forma a moda e o rock se relacionam, com reportagens explicativas e painéis de inspiração para trazer todas as referências apresentadas para os dias atuais.
6 A capital do rock vem se tornando cada vez mais eclética
EXPEDIENTE MRC Texto e edição Áquila Bacelar Débora Oliveira Projeto Gráfico e Diagramação Jéssica Martins
8
Fotografia João Stangherlin Ilustração Eduardo Carvalho Trabalho de conclusão de curso Instituto de Educação Superior de Brasília “A moda e o rock caminham de mãos dadas.” Arlindo Grund
Top 5 bandas brasilienses
14
22
30
Porão do Rock realiza sua 21ª edição e celebra 20 anos de história
A moda nos palcos
Moda rock 2.0
20
26
44
Moda, rock, comportamento e consumo
Dos palcos para as ruas
A importância de se pensar em um figurino
A CAPITAL DO ROCK
vem se tornando cada vez mais
ECLÉTICA A história do rock em Brasília virou referência no Brasil, desde que cantores da capital ganharam destaque levando a melodia para os palcos e, consequentemente, acabaram conquistando o público. Berço de grandes bandas do gênero, Brasília passa por dificuldades para manter o ritmo no topo.
Por: Áquila Bacelar
4
MRC
N
Nos anos 80, Brasília recebeu o título de “capital do rock” e se tornou o berço das principais bandas do cenário jovem da época. Nomes como Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial surgiram e cravaram seus nomes na história da música brasileira. Naquele tempo, as bandas, formadas por filhos de funcionários públicos e de diplomatas, estavam em busca não apenas de diversão, mas também de um espaço para compartilhar conhecimento musical. Ali nascia uma história de amor entre Brasília e o rock. De alguns anos pra cá, o rock foi perdendo sua força na cidade e isso se deu pela diversidade e pelo contexto político-social. O professor em etnomusicologia, Hugo Leonardo Ribeiro, conta que a perda de espaço se deu pela identificação dos jovens por outros gêneros musicais, como o sertanejo, “isso é o que a juventude quer consumir, logo o rock vai estar em segundo plano, isso não quer dizer que não tenha, porque continua tendo muitas bandas de rock”, acrescentou. Ainda assim, muitos jovens estão envolvidos no meio, seja por influência dos pais ou por gostar do som que as guitarras podem transmitir, porém existe um déficit de investimento em locais para a prática. Uma das grandes reclamações do Gerente de Projetos, Renato Albuquerque, é a falta de espaço apropriado e o apoio as
bandas da cidade. Ele conta que alguns lugares ainda promovem bandas autorais, mas que são raros pela quantidade de músicos no mercado de Brasília. As bandas têm grande papel em disseminar o rock pela cidade. Além disso, são elas que impulsionam a “capital do rock” para outros lugares. Uma dessas é a banda Os Cabeloduros. Formada em 1989, é fruto da unificação de grupos na adolescência e das experiências do movimento punk durante os anos 80. E recebeu esse nome em forma de simbolizar as raízes afrodescendentes em protesto ao racismo que sofriam naquela época. O vocalista da banda, Hélio Gazu, conta que Brasília tem reconhecimento por todo Brasil, justamente pela história que criou durante todos esses anos. “Fomos pólvora pra que o rock pegasse fogo no resto do país. Esse legado ninguém nos tira. Hoje, o Rock é Patrimônio Imaterial da cidade. Agora, cabe a essa rapaziada de hoje sustentar esse legado”, afirma ele que integra a banda junto com Ralph na guitarra, Guilherme no baixo e Daniel na bateria.
MRC
5
TOP 5
bandas Desde os anos 80, Brasília tem sido o berço de diversas bandas de rock, como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, ganhando o título de Capital do Rock. Em um cenário de altos e baixos, ainda hoje a cidade continua se destacando com bandas que representam bem a capital nacionalmente e internacionalmente. Conheça 5 bandas atuais brasilienses de rock para ficar de olho
Por: Débora Oliveira
6
MRC
LUPA Formada por Múcio Botelho (voz e guitarra), João Pires (bateria), Lucas Moya (baixo), Victor Cavalcanti (guitarra) e André Pires (teclado), a banda de rock alternativo apresenta músicas que tratam do amor em suas letras e falam também sobre sexo sem tabu. Por meio de um financiamento coletivo, o grupo lançou o primeiro álbum chamado de “Lupercalia”. Entre as 12 músicas lançadas, “Justo Eu” foi a escolhida para ganhar um clipe, que hoje ultrapassa mais de 61 mil visualizações. Nas redes sociais, a banda conta com uma média de 38 mil seguidores, além de grupos de whats app que aproxima ainda mais os músicos ao público.
MRC
7
DONA CISLENE Formada por Bruno Alpino ( voz e guitarra), Gui de Bem ( guitarra), Pedro Piauí (baixo) e Paulo Sampaio (bateria), a Dona Cislene é uma das bandas responsáveis pelo novo cenário atual do rock em Brasília. A banda surgiu no ano de 2013 e conta com dois discos, sendo eles “Um brinde aos loucos” lançado no ano de 2014 e “Meninos e leões”, lançado no ano de 2017. Dona Cislene já gravou com importantes nomes do rock, como Dinho Ouro Preto da Capital Inicial e também com o Digão da banda Raimundos. Nas redes sociais, a banda conta uma média de 50 mil seguidores, em clipe postado no youtube, da música “Good Vibes” do primeiro álbum, a banda conta com cerca de 214 mil visualizações.
8
MRC
O TAROT Formada por Caio Chaim (voz e teclado), Lucas Gemelli (acordeon, guitarra e bandolim), Vinicius Pires (guitarra), Victor Neves (baixo) e Vítor Tavares (bateria e percussões), “O Tarot” é uma banda de música nômade, transitam entre diversos ritmos musicais, em especial, o rock. O grupo estreou no ano de 2016, com o lançamento do EP Zero onde com o clipe da música “Meridiana” alcançaram 5,3 mil visualizações. Em maio de 2018 a banda lançou o EP “A Ilha de Vidro”, com 12 músicas inéditas que expandem o conceito de música nômade criado no primeiro EP. Lançou, ainda, clipe da música “Em Construção” com estética cinquentista. Nas redes sociais, somam cerca de 10 mil seguidores.
Foto: Artur Dias
MRC
9
ALARMES Formada por Arthur Brenner (voz e guitarra), Lucas Reis (baixo) e Gabriel Pasqua (bateria), Alarmes é uma banda de rock consistente, simpática a todos os públicos, surgiu em 2014 e entre os principais destaques na carreira está uma participação especial na novela “ Rock Story ”, exibida pela Rede Globo. O grupo já se apresentou fora do Brasil, e no país natal já participaram de diversos festivais como Porão do Rock, Tenho Mais Discos Que Amigos entre outros, dividindo o line com grandes bandas como Raimundos, Capital Inicial, Plebe Rude e Os Paralamas do Sucesso. Com três EPs lançado, o vídeo com maior visibilidade no canal da banda é o da música “Incertezas de um encontro qualquer”, com 23 mil visualizações. Nas redes sociais, contam com cerca de 22 mil seguidores.
Foto: Gabriel Oliveira
10
MRC
ELLEFANTE Formada por Fernando Vaz (voz e guitarra), Adriano Pasqua (baixo) e João Dito (bateria), a banda Ellefante surgiu em 2016 e apesar de serem uma banda nova, já se tornaram referência internacional de Música Alternativa Brasileira. O trio brasiliense já se apresentou em dois grandes festivais alemães, sendo eles ‘Lott’ e ‘Confluentes Festival’. As músicas da Ellefante fazem um mix de música brasileira, pop blues e outras influências do rock alternativo que vão de folkmusic até ritmos africanos. “Cartas Paraná”, uma das músicas mais conhecida do grupo, conta com 9,9 mil visualizações nas redes sociais. Além dos festivais internacionais, a banda já participou de importantes festivais nacionais como o Porão do Rock. Nas redes sociais somam cerca de 8 mil seguidores.
MRC
11
PORÃO DO ROCK
20
realiza sua 21ª edição e celebra
anos de história
A edição de 2018 contou com 46 atrações que se dividiram em 3 palcos durante os dois dias de festival. Entre os clássicos do rock estavam Matanza, Barão Vermelho e CPM 22. O festival também contou com novos nomes do rock, como O Tarot, Lupa e Ellefante, que foi vencedora de uma das seletivas para participar do Porão do Rock deste ano.
Por: Débora Oliveira
12
MRC
A
história se deu início em 8 de agosto de 1998, acontecia na Concha Acústica - Brasília/DF a primeira edição do Porão do Rock, com um total de 14 atrações em um único palco. Brasília setembro de 2018, estacionamento do Estádio Mané Garrincha, dois dias (29 e 30), três palcos e 46 atrações, de fato o festival tomou uma grande proporção. Ao longo de 20 anos de história o Porão do Rock já foi assistido por mais de 1,1 milhão de pessoas e reuniu 458 bandas/artistas diferentes, sendo 237 somente do Distrito Federal, 221 artistas de outros 17 estados brasileiros além de nomes internacionais de oito países. (Dados de 2017) Dia 29 de setembro, 16 horas, portões abertos! Em edição comemorativa, o festival contou com shows de grandes artistas, como Plebe Rude que já havia tocado na segunda edição do Porão, em 1999 e em outras edições, Barão Vermelho, Matanza, CPM 22, Krisiun, Cordel do Fogo Encantado, Francisco El Hombre, Letrux e até a Orquestra Brasileira de Música Jamaicana. Destaque para as 23 bandas do Distrito Federal que se dividiram entre os três palcos. O line-up brasiliense ganhou reforço com grupos convidados que tocaram na edição passada, a oportunidade foi conquistada por meio de seletivas e entre eles estão as bandas Lupa e O Tarot. Para o baterista da banda Lupa, João Pires que já frequentava o festival com sua mãe desde que era pequeno, participar de um festival com proporções tão grandes como o Porão através de uma seletiva e no ano seguinte como convidado é um passo importante para a carreira.
“Essa participação foi de extrema importância! A gente consegue ver que tudo isso é fruto do nosso trabalho. Entramos em 2017 por seletiva e agora, um ano depois, estamos numa posição diferente no festival, mostra uma evolução nossa e isso de certa forma é uma comprovação de que o que a gente vem fazendo está certo, está com a energia certa”, explica João, que enxerga o festival comoalgo importante para a cena local, uma vez que carrega não só o nome de Brasília e sim o nome de todos os artistas locais. Arthur Brenner, vocalista e guitarrista da banda Alarmes concorda sobre a importância do festival para a cidade, no entanto, reconhece a necessidade do festival em se reinventar. “É um festival com uma carga muito grande, muitas edições, onde já passaram bandas enormes em edições de ouro, porém é um festival que também precisa se reinventar. Tem grande importância para a cidade e para cena local, é uma ótima vitrine para as bandas se apresentarem e tem grande valor no mercado”, revela Arthur. Para a banda O Tarot, que também se apresentaram pela segunda vez no festival, o convite é como o reconhecimento do crescimento do trabalho. No ano de 2017 a banda havia participado de uma seletiva para concorrer a uma vaga no festival, no prazo de um ano, o grupo cresceu profissionalmente e lançou um novo álbum, o resultado do trabalho foi o convite para uma nova apresentação no festival. “Participamos da seletiva em 2017, foram 10 bandas fortes e ganhar foi um sonho que se tornou realidade. Passamos na seletiva e entre-
MRC
13
Foto: Artur Dias
gamos um show que eles gostaram muito. No período de um ano entre um show e outro crescemos, lançamos um novo álbum, não ficamos parados no mesmo lugar, eles perceberam esse crescimento e colocaram a gente como convidados, em um horário mais relevante. Voltar em condições melhores foi uma responsabilidade grande, então entregamos um show maior, “ explica Tavares, baterista da banda O Tarot. “Ser convidado e não ter participado de uma seletiva veio desse reconhecimento de que uma chance foi dada pra gente em um momento que não tinhamos tanta relevância, e a gente abraçou a oportunidade e fizemos o nosso trabalho, foi justo, foi merecido esse espaço e estamos agradecidos ao Porão por isso, foi fantástico”, completa Tavares.
14
MRC
“
Toquei com sangue no olho, literalmente
Vitor Tavares
BATERISTA DA BANDA O TAROT
”
Para todas as classes e idades Visando colocar em pauta assuntos que vão além da diversão e da música, o festival realizou algumas ações, que teve como intuito despertar no público o interesse por causas sociais. Entre as ações realizadas: “Meia-entrada solidária”, mediante a doação de 1kg de alimento não perecível ou de ou de um item considerado lixo eletrônico. O lixo coletado foi doado para a ONG Programando o Futuro visando o tratamento do material corretamente e os alimentos foram doados ao programa Mesa Brasil, do Sesc, que atende mais de 200 instituições cadastradas no Distrito Federal.
“
No quesito locomoção, o “Baú do Porão”, democratizou o acesso ao festival, ônibus gratuito fez o trajeto Rodoviária – Porão do Rock – Rodoviária. Já o “Vá de Bike” realizado em parceria com a ONG Rodas da Paz, garantiu ingresso mais barato aos participantes. O festival realizou ainda outras diversas ações, onde a atenção relacionada aos cuidados com o meio ambiente também foram colocadas em pauta. Entre as ações, um ônibus de metareciclagem onde foi oferecido ao público uma série de atividades educativas e de engajamento sobre o tema.
Porão sempre foi um festival democrático, para todas as classes, ele nunca foi elitizado Vitor Tavares
BATERISTA DA BANDA O TAROT
”
MRC
15
Fotos: Nina Quintana
16
MRC
História registrada Escrito por Pedro de Luna, primeiro jornalista de fora de Brasília a cobrir o festival, o livro “Histórias do Porão” de 239 páginas reúne histórias baseadas em pesquisas e depoimentos de pessoas que estão na produção do evento desde a primeira edição, realizada em 8 de agosto de 1998 na Concha Acústica. O livro percorre os 20 anos de história, conta como tudo começou, causos de bastidores, desafios, conquistas, a criação da ONG e da revista de bolso, as crises, as viradas e os premiados casos de responsabilidade social e de sustentabilidade. Em duas décadas, o festival se reinventou algumas vezes, atravessando modismos e tendências, agregando atividades extras sem descuidar das atrações em cima do palco. Até a 20ª edição 458 artistas já se apresentaram no Porão, sendo 237 do Distrito Federal, 186 de outros 17 estados e 35 internacionais.
MRC
17
MODA, ROCK,
COMPORTAMENTO
E CONSUMO Tradicional festival de Brasília, Porão do Rock, reuniu diversos estilos de vestuário. A moda é algo que você pode brincar, usando a sua criatividade, combinando com sua personalidade e gostos musicais. A MRC conversou com parte público presente no festival sobre moda, rock, consumo e comportamento.
Por: Áquila Bacelar
18
MRC
Fotos: Débora Oliveira
Maria Cecília, 17 anos “Faz pouco tempo que venho para o porão do rock, tenho influência com o rock recentemente , sempre gostei de me vesti diferente dos outros, o rock e a moda estão juntos como quase todas as músicas que tem o seu estilo próprio.”
Matheus Pablini, 17 anos “Esse é o meu primeiro porão do rock, a moda e rock é um casamento perfeito acompanho as tendências, gosto de ousar.”
Bruna Tarauel e Diego, 27 anos “A gente vem todos os anos, sempre quando tem porão, o evento é maravilhoso, além de ser barato conseguimos ver várias outras bandas. A moda se baseia de pessoa para pessoa, me visto de uma maneira exótica misturado com flash back acho maravilhoso o evento, além de ser barato conseguimos ver várias outras bandas.”
Yasmin Lopes, 26 anos “Acho que a moda e o rock sempre estiveram lado a lado, podemos ver o diferencial que os artistas de rock têm ao se vestirem, querem sempre algo diferente, que chame atenção. Esse estilo musical diferencia as pessoas pelo jeito alternativo e descolado de se vestir, assim que nos identificamos. Desde adolescente gosto desse estilo musical e sempre gostei de me vestir de maneira diferente do convencional, então sempre tive o rock e a moda presentes na minha vida.
MRC
19
A moda nos
PALCOS
O rock começou a se popularizar na década de 50 e desde então muitos artistas chamavam atenção pela forma extravagante ou diferente de como se vestiam. Os figurinos usados nas apresentações traziam grandes ideologias, seguiam costumes e na maioria das vezes, iam O rock começou a se popularizar na década de 50 e desde então muitos artistas em direção contraria as tendências da época. Esse visual apresentado em shows trouxeram chamavam atenção pela forma extravagante ou diferente de como se vestiam. Os fortes influências para o mercado da moda. figurinos usados nas apresentações traziam grandes ideologias, seguiam costumes e na maioria das vezes, iam em direção contraria as tendências da época. Esse visual apresentado em shows trouxeram fortes influências para o mercado da moda.
Por: Débora Oliveira
20
MRC
Rockabilly 1950
Hippie 1960
Calças jeans e jaqueta, saias e calças de cintura alta faziam parte da vestimenta.
Roupas velhas e naturalmente rasgadas ou então roupas com bastante cor.
Folk rock 1960 Tons terrosos e temática ligada à natureza moldam o estilo folk. Ilustrações: Eduardo Carvalho
MRC
21
Glam rock 1970
Calças xadrez, coturnos e corte de cabelo moicano colorido ou espetado.
Heavy metal 1970
Gótico 1970
Cabelo comprido, jeans surrado e camiseta preta formam o visual.
22
Punk rock 1970
Trajes muito coloridos, saltos altos e paetês marcavam o modo de se vestir.
MRC
A visão de vida de sombria é traduzida nas roupas escuras e maquiagem pesada.
New wave 1970
Surgiu na Inglaterra, o visual ficou marcado por muitas cores e pelo exagero.
Emo 2000 Franjões sobre o olho, maquiagem pesada e calças justas moldam o estilo.
Grunge 1990
Camisa xadrez, calça jeans surrada e tênis all star velho, fazem parte do visual.
2015
Marcado pelo mistura de estilos, como o short de cintura alta e as camisas xadrez.
MRC
23
DOS PALCOS para as
RUAS Couro, tachas, brilho, xadrez e cores escuras. Talvez você não saiba, mas peças nesse estilo estão relacionadas ao movimento cultural do rock. A MRC te mosra referências que surgiram nos palcos e acabaram tomando as ruas e o gosto de amantes do rock e da moda.
Por: Débora Oliveira
24
MRC
A
história do rock começou na década de 50, quando o rock explodiu como um movimento de contracultura, trazido por jovens através da música e cultura de rua, com o objetivo de reagir ao ideal de vida perfeita no período Pós-Guerra. O movimento sempre esteve ligado a quebra de padrões, atravessou gerações e ainda hoje, segue com a mesma essência. Assim como o rock, a moda é expressão e atitude, “ao se popularizar, o rock trouxe algumas vestimentas, e trouxe algumas coisas importantes principalmente com movimentos punk porque as referências eram um muito claras e poucas usuais para a época. Foi bastante em-
“
blemático, o próprio figurino do Elvis Presley influenciou muita gente e contribuiu para disseminar novas referências de vestir”, explica Clarice Garcia coordenadora do curso de moda. Com sua popularização, o rock trouxe alguns códigos novos para a época, popularizando algumas vestimentas e trazendo fortes influências para o mercado da moda. Tudo começou com o estilo “Rockabilly”, onde o principal ícone da época foi Elvis Presley, o cantor misturava country e blues. Topete alto no cabelo, jeans curto com as barras dobradas, camiseta branca, xadrez e jaqueta de couro eram marcas registradas de Elvis.
A moda e o rock se relacionam por que ambos são maneiras de se expressar, comunicar e escrever um pouco do que você é de uma forma diferente sem ser exatamente falando, e sim com uma imagem ou com uma história. João Pires
BATERISTA DA BANDA LUPA
”
MRC
25
Controversas Se na década de 50 Elvis chamava atenção pelo cabelo arrumadinho, Bob Dylan fazia sucesso nos anos 60 com seu cabelo desgrenhado, terno justo e botas cowboy. Ainda na década de 60, os Beatles apareceram com cabelo e visual singular, além dos Rolling Stones e The Who, os meninos de cabelos arrumadinhos, ternos e gravatas coloridas. O visual era moderno na época e são referências na moda até hoje. Já década de 70, o rock levantava a bandeira da geração hippie e a moda era ditada por lenços, estampas, calças boca de sino e acessórios em couro, Jimmy Hendrix, Jim Morrison e Janis Joplin se destacavam na época. Indo em uma direção completamente contrária no quesito estilo, na mesma década surgiu o glam rock. Muito glitter, paetês, ombreiras e tecidos metalizados não tinha como não se destacar e David Bowie chamava atenção com seu visual andrógino, misturando roupas masculinas com femininas.
LOOK A LOOK
26
MRC
No final da década de 70 e no ínicio dos anos 80 começava o movimento punk na Inglaterra. Ícone na moda, a estilista Vivianne Westwood ajudou o Punk a sair do underground e atingir o mainstream. Ao lado do marido Malcolm McLaren, produtor da banda inglesa Sex Pistols, Vivianne comandava a icônica boutique SEX e era responsável pelo visual da banda. Além da Sex Pistols, bandas como Ramones, Iron Maiden e The Clash usavam jeans skinny rasgado, camisetas justas,coturno e jaquetas de couro. Nos anos da década de 90 e 2000 novos sub-gêneros passaram a aparecer, com isso, novas bandas. Hoje temos uma mistura de tudo e a pesquisadora de tendências Clarice relembra que, “as referências são muitas e sempre estiveram presentes. Jaqueta de couro, uma bomber, tachas, botas, o xadrez, isso já faz parte da nossa cultura, foi introduzido e hoje está presente de uma forma natural, acho que são coisas que estão sempre aí”, complementa Clarice.
INSPIRE-SE
MRC
27
MODA
ROCK
2.0
Sempre companheiras das bandas de rock em turnês, as groupies que muitas vezes serviram de inspiração para os músicos foram inspiração para este ensaio. Elas se destacavam no meio musical, por sua beleza e estilo, e acabavam se tornando musas para muitas outras mulheres. Este editorial vem para te mostrar que o visual rock não precisa ter um ar pesado e grosseiro, mas que também pode ter leveza, brilho e sofisticação para compor um look nos dias atuais.
Produção: Débora Oliveira Fotos: João Stangherlin Modelos: Aléxia Letícia, Ana Karolina, Joice Mariana, Kássia Vieira e Yasmin Lopes Roupas: Acervo pessoal e Ateliê di Priscila
28
MRC
MRC
29
30
MRC
MRC
31
32
MRC
MRC
33
MRC
35
36
MRC
MRC
37
38
MRC
MRC
39
40
MRC
MRC
41
A importância
de se pensar em um
FIGURINO “Tudo pode influenciar os fãs, a forma de falar, de se comportar, de se vestir. Todo artista precisa saber bem o que deseja passar adiante, precisa saber qual legado vai deixar. Seja nas roupas coloridas, rasgadas, pretas, seja com uma mensagem de amor e inclusão ou da forma que a banda resolver se expressar. O rock é transgressor de fronteiras, tem a ver com atitude”, Arthur Brenner vocalista da banda Alarmes.
Por: Débora Oliveira
42
MRC
L Fotos: Artur Dias
uzes acesas e um palco grande, poucas pessoas na parte de cima, muitas pessoas na parte de baixo. Esse costuma ser o ambiente de trabalho de quem faz música e show, e é para isso que o público está ali, para assistir um show. Nada mais justo do que entregar uma experiência completa a quem está assistindo. Ao fazer um show, o músico deve pensar no seu figurino. Os artistas não fazem apenas música, é um contexto visual e auditivo que influencia diretamente e indiretamente, ao subir em um palco o músico deve trazer consigo todas as linguagens, e elas devem dialogar. “O artista ganha mais força quando tem um figurino pensado para o show, levando em consideração o que ele acredita, dentro do disco e outras referências visuais que vão está no show, como telão, iluminação entre outros”, explica Clarice Garcia, coordenadora do curso de Designer de Moda do IESB.
“
A moda é um lugar de bastante expressão, da sua identidade, do que você quer passar e da mensagem que você quer passar para o seu público. É um ótimo meio de chamar atenção mesmo em um palco grande Marina Bafutto
FIGURINISTA DA BANDA O TAROT
O papel da figurinista A M.R.C conversou com figurinista Marina Bafutto - responsável por figurinos da banda O Tarot - sobre a importância de se pensar nas roupas de apresentação e sobre de que forma essas escolhas e conceitos são criados e desenvolvidos. A banda O Tarot apresenta toda uma estética no palco e nos trabalhos desenvolvidos fora dos palcos, como clipes por exemplo. De que forma essas estéticas e conceitos são trabalhadas? Para “A ilha de vidro” que o foi o último a ser lançado, foi um processo muito intenso de criação de figurino. Fiz um brainstorm gigante com eles do que era essa ilha, qual era o tema dessa ilha e quem morava nela. O tema do álbum é a carta e o mago, e a partir dessa carta pegamos a lenda da ilha de vidro que é a lenda do mago Merlim, que recebeu o rei Arthur… Construímos um cenário de ilha pra ser trabalhável, um cenário de transição que dialogava com cada música do álbum. Montei painéis de público e de personalidade de cada integrante, com a colagista Bela Pina e esses painéis foram importantes para trazer a personalidade deles para essa ilha criada e para o figurino.Depois desse trabalho, comecei a gerar alternativas, fazer paleta de cores fazer uma imersão no mago e no que é a ilha. Comecei a produzir o figurino e apresentar opções para cada um deles de acordo com a personalidade. 44
MRC
”
Quais outros pontos você leva em consideração na hora de escolher os figurinos? Além de analisar a personalidade, analiso as áreas técnicas do tipo, qual estilo de palco que vão tocar, qual o fundo do palco… Se não tem muita iluminação, proponho figurinos com mais brilho no próprio tecido, com composições como por exemplo: O figurino do Lucas que é um terno com uma camiseta clara cinza por trás, por mais que não tenha brilho, o cinza por ser uma cor clara já chama muita atenção quando você está em um palco escuro e quando você está em um palco claro. O caio ele está sempre sem blusa por baixo por que a pele da um grande contraste quando você está em um fundo escuro e realça os movimentos. Qual a importância desses estudos e dessas escolhas? Isso é extremamente importante para que cause uma leitura visual da banda e gere seu momento de importância para cada um dos integrantes. A ideia é que de fato, seja visualizado que aquele cara que está ali tocando baixo, ele está dialogando com o outro que tá tocando guitarra que tá do outro lado do palco e que esse está chamando atenção pro baterista que tá de roxo brilhante lá no fundo, em um palco muito grande e tem um monte de coisa na frente dele... Então trabalhamos isso de como chamar a atenção para cada integrante, dentro de uma atmosfera de “A ilha de vidro”.
48
MRC