|
e mais: Restaurantes de bem com a vigilância sanitária • Como vender mais no verão UMA PUBLICAÇÃO DO GRUPO LUND • ANO 41 • No 10 • OUTUBRO 2010
WWW.SM.COM.BR
Integrais, orgânicos, diet/light fazem parte de sua dieta. E o melhor: ela topa pagar até 15% mais pelos produtos. É o que mostra pesquisa exclusiva do Instituto Around Research
ESTRATÉGIA
Veja como planejar os próximos anos de sua empresa CATEGORIA
Celular: o brasileiro deseja e você pode vender LOJA
O que incomoda o cliente nas compras de Natal PESQUISA EXCLUSIVA
ELA QUER SAÚDE NAS PRATELEIRAS
30
Promoção
Supermercado moderno • outubro 2010
verão
certeza de aquecimento no consumo
É
Por Fernando Salles | salles@lund.com.br |
só a temperatura subir para que surjam inúmeras oportunidades de vendas nos super e hipermercados de todo o Brasil. A vasta relação de categorias cujo consumo sofre impacto positivo do clima quente transforma o verão em um dos principais momentos do ano para o varejo de autosserviço. Já é possível ter uma prévia do que está por vir na alta temporada. Foi só aparecer uma onda de calor para as vendas de cerveja dispararem em julho e agosto. Tanto que, neste ano, a categoria já cresceu 14% em comparação com o mesmo período de 2009, conforme informa a Heineken. Imagine como será quando o sol aparecer de vez! Só na indústria de água mineral, a expectativa é de vendas 50% maiores em relação a outros períodos do ano, segundo a Abinam, associação que reúne fabricantes do setor. O impacto do verão, porém, não fica restrito às bebidas. Produtos como repelentes e inseticidas têm entre 45% e 60% da comercialização de todo o ano concentrada entre os meses de dezembro e março.
Com o clima e a economia jogando a favor, as oportunidades estão garantidas até março de 2011. Você precisa cuidar apenas do sortimento. Alimentos como frutas e verduras também surfam na onda de crescimento e ajudam a elevar a procura por produtos complementares. “Na minha loja, reforço o estoque de azeites e molhos de salada”, confirma Antônio de Souza, gerente da rede paulista Futurama. A partir das próximas páginas, você confere números e informações que vão ajudá-lo a capitalizar as vendas dessas e de outras categorias importantes no verão.
| 31
Água mineral consumo deve subir 50%
C
joão de freitaS
om mais de R$ 1,5 bilhão de faturamento anual, o segmento de água mineral é impactado positivamente pelos momentos de alta nas temperaturas. Em média, o crescimento nas vendas é de 50% em comparação com outras épocas do ano, segundo estimativas da Abinam (Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral). Na região Sul, contudo, as vendas devem subir 70% em relação a outras épocas do ano, em razão da seca provocada pelo fenômeno La Niña, que deverá causar impacto durante todo o verão. Vendas por embalagem (Nos suPermercAdos)
outras
1,5 litro 35%
10%
10 litros
5 a 6 litros 30%
500 ml
5%
Fonte: abinam
20%
Nos supermercados, as garrafas mais vendidas são as
de 1,5 litro
43% das vendas da categoria acontecem nos
super e hipermercados, segundo a Nielsen
Participação das versões nas vendas (Nos suPermercAdos)
Saborizadas
2%
85%
com gás
13%
Dicas • Para não faltar produto, antecipe os pedidos e estabeleça programação de entrega para o período entre novembro e março Fonte: abinam
Sem gás
• no acordo com os fornecedores, assegure a compra, mas deixe aberta a possibilidade de reprogramar algumas entregas até junho de 2011, em função de mudanças climáticas
Fonte: abinam
o verão não chegou e a rede paulista coop já registra 40% de aumento nas vendas de água em relação a 2009
É bom oferecer o produto gelado em embalagens menores para estimular o consumo imediato mais informações abinam: (11) 3167-2008 coop: www.coop-sp.com.br
| Promoção | Supermercado Moderno • outubro 2010 verão
joão de freitas
Sucos prontos Embalagem de 1 litro sai mais
C
onsiderados mais saudáveis, os sucos constituem uma das mais importantes categorias da estação quente. A praticidade tem conquistado adeptos para as versões prontas para beber, cuja presença nos lares pulou de 49% em 2007 para 57% no ano passado. Nesse mesmo intervalo de três anos, os sucos concentrados reduziram sua presença de 39% para 36% nos lares brasileiros, segundo levantamento do Kantar WorldPanel.
30% a 40% das vendas
Ofereça o produto gelado,
Evolução das vendas em volume
anuais se dão no verão
(em mil litros)
Fonte: Schin
2009 2008 2007
Promoções relacionadas a preço geram bons resultados porque é uma época de viagens, em que o consumidor busca economizar, lembra a Schin
Fonte: Abinam
49%
Néctar em
2007
57%
2009
embalagem cartonada de 1 litro apresenta o maior aumento de vendas no período Fonte: Schin
412.583 395.067 372.485
principalmente nas embalagens de consumo imediato (menores)
Penetração nos lares Fonte: Kantar WorldPanel
32
Uva, laranja e maracujá
são as versões mais vendidas na rede Futurama
Super e hiper ficam com 79% das vendas da categoria Fonte: Nielsen
R$ 1,6 bilhão foi o faturamento total dos sucos prontos em 2009 Fonte: Nielsen
Mais informações Kantar WorldPanel: www.kantarworldpanel.com Nielsen: br.nielsen.com Schin: (11) 2118-9500
| Promoção | Supermercado Moderno • outubro 2010 verão
Cerveja
joão de freitas
36
R$ 8,6 bilhões em vendas
O
inverno nem havia terminado e o mercado de cervejas já registrava 14% de aumento nas vendas em comparação com o mesmo período de 2009. Nada mal para uma categoria cujo faturamento anual no autosserviço já ultrapassa os R$ 8 bilhões. Para suprir a demanda, os principais fabricantes não poupam investimentos. A Ambev, por exemplo, anunciou há alguns meses R$ 446 milhões em verbas para ampliar a capacidade produtiva em cinco fábricas. O clima positivo é compartilhado pelos supermercados. Um exemplo é o Hippo, de Florianópolis, cuja expectativa é de vendas 12% a 15% maiores durante o verão, segundo Sheila Portalupi, negociadora de bebidas.
O dobro de participação
no mercado é o que o segmento de cervejas premium e superpremium conquistou nos últimos 10 anos
Fonte: Heineken/Sindicerv
Vendas por embalagem Long Neck
3%
Garrafa 600 ml 66%
Chope
Lata
4%
27%
Cervejas marcam presença em 63% dos lares brasileiros Fonte: Kantar WorldPanel
O supermercado Hippo não altera a exposição nas gôndolas, mas reforça o estoque das geladeiras, a fim de não faltar cerveja para consumo imediato
Como as vendas entre janeiro e julho foram superiores à média histórica, o giro do produto no verão promete crescer no mínimo os mesmos 14% Fonte: Heineken
30% a 40%
das vendas do ano ocorrem no verão Fonte: Schincariol
Quem atende as classes A e B deve privilegiar cervejas especiais e lucrar
ainda mais no verão. Na loja Hippo, dirigida a esse público, elas representam 40% das vendas.
| Promoção | Supermercado Moderno • outubro 2010 verão
60% das vendas anuais
ocorrem no período de verão, segundo a Nestlé
Sorvetes
A produção aumenta 15%
A
os poucos, o brasileiro se acostuma a consumir sorvete em todas as estações do ano. Porém o verão continua imbatível e respondendo por nada menos de 60% do volume anual vendido, segundo a Nestlé. Para este ano, as fabricantes devem superar em 15% os 995 milhões de litros produzidos em 2009, segundo estimativa da Abis (Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes). De acordo com a Nestlé, o produto pode ser gerador de fluxo para os supermercados no período de calor. Para isso, a empresa sugere divulgação em tabloide. A dica da Kibon, marca da Unilever, é realizar ações promocionais e degustações, principalmente das novidades.
15%
Napolitano, creme e flocos
é o aumento estimado da produção em 2010
são os sabores mais vendidos em potes
Fonte: Kibon
Fonte: Abis
Dicas • Para não faltar sorvete no verão, a rede Futurama combina duas entregas semanais • Ofertas nos fins de semana é outra iniciativa da paulista Futurama. “As vendas crescem até três vezes”, garante Antônio de Souza, gerente de uma das lojas.
R$ 2 bilhões
• Câmaras frias devem ser utilizadas na temperatura e capacidade corretas, para evitar derretimento do produto
é o valor que o segmento movimenta por ano no Brasil
• Mantenha temperatura constante e jamais desligue os equipamentos de refrigeração • Em algumas unidades, a rede Coop negocia um container congelado com o fornecedor, para garantir maior armazenamento
joão de freitas
38
Fonte: Nestlé/(Abis) Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes
| Promoção | Supermercado moderno • outubro 2010 verão
joão de freitaS
Protetor solar mais proteção, mais vendas
B
rasileiro gosta de sol e sabe da importância do protetor solar, mas mesmo assim não usa diariamente. É, portanto, no verão que o consumidor médio sai à procura do produto. Nessa época, um bom trabalho no ponto de venda pode incentivar a compra, segundo a Johnson & Johnson, responsável pela marca Sundown. Gôndolas iluminadas, bem sinalizadas e sem ruptura costumam ajudar a elevar ainda mais as vendas no período. Segundo a Nivea, há uma migração do consumo para os itens com fator de proteção mais alto. Tem a ver com a maior conscientização sobre os riscos da exposição e também com o aumento de renda dos consumidores, já que esses itens são mais caros. A empresa recomenda maior espaço de exposição para o produto em loção, responsável por 66,3% do consumo.
80% das
compras são feitas pelas mulheres
Dicas • exposição deve ser feita por marca e depois dividida em bronzeadores, protetores e linha kids • reserve mais frentes para itens com fator de proteção (FPS) alto, responsáveis pela maior parte das vendas • a coop fez testes e percebeu que o melhor espaço para exposição é perto da linha de cremes para tratamento corporal • em Florianópolis, o hippo também aloca o produto na entrada da loja
8% a 10% deve ser o
crescimento do protetor solar neste verão Fonte: J&J
alto Potencial de consUmo:
apenas 27% das famílias compraram protetor solar nos últimos 12 meses
itens com maior crescimento na última temporada (% de elevAção NAs veNdAs em 09-10 X 08-09)
FPS 50 FPS 4 FPS 15 FPS 30
1,7 frasco
é o consumo médio por pessoa no verão Fonte: J&J
63% das vendas em volume ocorrem entre setembro e fevereiro Fonte: nivea
58%
FPS 60
36% 25% 23% 21%
Vendas subirarm
22% em valor e 18% em volume na última temporada (setembro a fevereiro)
mais informações coop: www.coop-sp.com.br Johnson & Johnson: (11) 3030-8122 nivea: (11) 5097-3800
Fonte: nivea
40
42
| Promoção | Supermercado Moderno • outubro 2010 verão
Depilatórios
Ceras frias e roll-on em alta
A
maior exposição do corpo no verão se reflete amplamente nas vendas de produtos para depilação. O giro cresce em média 34% em relação ao inverno. No último verão, segundo dados da Nielsen, o aumento foi de 31%. Dona da marca Veet, a Reckitt Benckiser lembra que a procura por ceras frias e roll-on está em alta em razão da conveniência e praticidade no uso.
Dicas • Vale garantir maior visibilidade à categoria entre novembro e fevereiro. Displays e pontos extras são boas alternativas. • Exponha cremes, loções, folhas, lenços e itens pré e pós-depilatórios acima ou ao lado das lâminas de barbear – vendas crescem 25% • Estimule as mulheres maduras a usar o produto, mantendo uma promotora no setor de exposição para explicar as diferentes formas de aplicação
Migração das lâminas para cremes, loções
Aumento médio anual de 25% nas
e folhas prontas é a tendência Fonte: Química Geral do Nordeste
Temporada 2008/2009 registrou recorde
Participação das versões no volume de vendas Folha
Creme
27%
24%
Outros
Fonte: Reckitt Benckiser/Nielsen
8%
Loção
Cera
13%
histórico de alta nas vendas: 57%
Roll-on
13%
15%
Fonte: Reckitt Benckiser
Mais informações Química Geral do Nordeste: (11) 5102-4134 Reckitt Benckiser:(11) 3783-7000
vendas da categoria nos últimos três anos Fonte: Reckitt Benckiser/Nielsen
| Promoção | Supermercado Moderno • outubro 2010 verão
Inseticidas
Casos de dengue elevam procura
M
aior poder de compra dos consumidores e necessidade de combater mosquitos como o transmissor da dengue têm elevado as vendas da categoria nos últimos anos – a versão aerossol acumula crescimento de 34% em valor nos últimos cinco anos, já os elétricos subiram 25% no mesmo período. Apesar da baixa penetração nos lares, os inseticidas elétricos constituem um segmento em ascensão dentro da categoria. Segundo SC Johnson, dona das marcas Raid e Baygon, isso reflete a busca do consumidor por praticidade, já que o produto garante proteção contínua por até quatro semanas. A SC Johnson e a Reckitt Benckiser, duas das principais fabricantes, prometem aumentar seus investimentos em comunicadeve ser o ção no próximo verão, em comparação com crescimento o último ano. O período de quatro meses, entre dezembro e março, é responsável por em relação ao último verão quase 45% das vendas anuais.
3%
Vendas por segmento (Participação % das versões no volume de vendas/2009)
Aerossol Multi-inseticida 56% Mata Insetos Voadores
3%
Mata Insetos Rasteiros
12%
Mulheres
com 25 a 55 anos são as principais compradoras de inseticidas Fonte: SC Johnson
Quase 45% das vendas de inseticida acontecem entre dezembro e março
Dicas • Proteção e eficácia são os principais atributos de compra. Praticidade e conforto também são levados em consideração.
29%
Elétrico Aparelho
90%
Refil
10%
• A árvore de decisão do shopper considera a seguinte escala de prioridades: √ Tipo de ameaça (mosquito, ratos, baratas) √ Ação esperada (exterminar ou repelir) √ Formato (aerossol, elétrico, isca, espiral) √ Tipo (específico ou de uso geral)
Mata Tudo
Líquido Até 500 ml
98%
Acima de 501 ml
2%
Fonte: Hypermarcas
• A exposição deve privilegiar os segmentos mais importantes. Dê mais espaço para aerossóis, seguidos dos elétricos e, por fim, das versões automáticas.
Mais informações Hypermarcas: www.hypermarcas.com.br Reckitt Benckiser: (11) 3783-7000 SC Johnson: (21) 3722-4455
Fonte: Nielsen
44
Categoria
Supermercado moderno • outubro 2010
celular:
Por Natalia Guaratto | natalia.guaratto@lund.com.br |
o brasileiro quer e você vende número de linhas habilitadas no Brasil
189.428.395
pré-pagos
82,20%
pós-pagos
17,80%
densidade por 100 habitantes
97,96 linhas
I
Fonte: AnAtel/Agosto 2010
50
magine um País em que os habitantes vêm o celular como um item de primeira necessidade. Ele existe e atende por Brasil. Dados da Anatel indicam que hoje, para cada 100 brasileiros, existem 97,96 linhas de telefonia móvel habilitadas. Engana-se, porém, quem acha que estamos satisfeitos. A troca por um novo celular acontece a cada seis a nove meses, criando um ciclo interminável de demanda e oferta. Mensalmente, os fabricantes despejam até cinco novos aparelhos no mercado. Consumidores ávidos por tecnologia garantem a expansão do segmento no Brasil. Segundo o mais recente levantamento da Nielsen Telecom Practice Group, divisão da Nielsen, houve aumento de 31% no volume de celulares vendidos no primeiro semestre de 2010,
a telefonia móvel é a nova paixão nacional. enquanto os preços caem e a tecnologia avança, o autosserviço monta estratégias para se consolidar entre os canais de venda. o futuro é promissor.
| 51
os principais concorrentes
na comparação com o mesmo do autosserviço período de 2009. “É uma fase são as lojas das operadoras. elas concentram dourada para o setor. O aumento de vendas neste ano é 17% . maior do que o registrado nos seis primeiros meses de 2008, período anterior à de mercado, Samsung, o canal grande crise global”, revela Thiago Moreira, gerente surpreende: a participação nas regional de produtos Nielsen para a América Latina. vendas de super, hiper e lojas de A Tim, terceira maior operadora de celulares departamento saltou de 15% no do País, calcula em 12% a participação dos super ano passado para 30% em 2010. e hipermercados nas vendas. “A tendência é cheOs concorrentes a serem batigarmos a 15% em 2010”, afirma Silmara Maximo, dos são as lojas de operadora. Seresponsável pelo Canal Varejo da TIM Brasil. A gundo levantamento da consultoSony Ericsson, quinta marca mais vendida, tamria de mercado Gartner, elas bém está otimista. “Existe uma grande oportuniconcentram 31,6% das vendas de dade de crescimento no autosserviço”, ressalta celulares. São seguidas das lojas de Luís Gonzaga, diretor de vendas. Para a vice-líder departamento com 16,6% e do va-
31,6% das vendas
joão de freitas
O extra, do Grupo Pão de açúcar, foi o oitavo ponto de venda que mais vendeu aparelhos celulares no ano passado, deixando para trás concorrentes tradicionais, como submarino e Magazine Luíza
52
| Categoria | Supermercado Moderno • outubro 2010 celulares
joão de freitas
Venda de celular por ponto de venda 31,6%
Loja de operadora Loja de departamento Varejo
Pa r t i c i pa ç ã o d e m e r c a d o Das operadoras
Oi
19,74%
CTBC
0,30%
Sercomtel
0,04%
Unicel
0,01%
Dos fabricantes
32,8%
Nokia
16,6%
Samsung
16,2%
LG Motorola
Lojas virtuais
13,8%
Outras Fonte: Gartner
24,25%
Tim
14,7% 4%
25,43%
Claro
Loja especializada Outros
30,23%
Vivo
Fonte: Anatel/Agosto 2010
rejo tradicional - do qual o autosserviço é o principal representante - com quase o mesmo percentual: 16,2%. Super e hipermercados interessam a todos os envolvidos no negócio: operadoras, fabricantes, distribuidoras e consumidores. Em algumas redes a operação já está consolidada. É o caso do Extra, cujas vendas apresentaram crescimento de 20% no primeiro semestre de 2010 em comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com um levantamento da consultoria CVA Solutions, a cadeia de hipermercados do Grupo Pão de Açúcar foi o oitavo ponto de venda que mais co-
Sony Ericsson
24,2% 20,7% 8,3% 7,4% 2,6%
Fonte: Gartner
Manter promotoras especializadas no atendimento ao público está entre as ações da Coop para aumentar as vendas
mercializou aparelhos no ano passado, deixando para trás concorrentes tradicionais como as lojas virtuais Submarino e Mercado Livre, além da especializada em eletroeletrônicos Magazine Luiza. Atuando há mais de dez anos na área, outra rede, a Coop, calcula aumento nas vendas de 30% no primeiro semestre de 2010 ante igual período de 2009. “Esse segmento oferece margens melhores em comparação com outras categorias, como alimentos, bebidas e até eletrodomésticos”, afirma Edson Rodrigues, gerente comercial da empresa. Os celulares estão presentes em 24 das 29 unidades, representando 11% do faturamento do setor de eletrônicos e 1,1% do total da rede. Segundo Rodrigues, o principal desafio do autosserviço é bater a concorrência especializada. “As promoções são o nosso diferencial. A Coop usa tabloides quinzenais, revista e TV para promover os lançamentos e as ofertas pontuais”, diz. Fabricantes e operadoras, contudo, acreditam que falta aos super-
54
| Categoria | Supermercado Moderno • outubro 2010 celulares
joão de freitas
A queda de 5% nos preços dos celulares em relação a 2008 ajuda os supermercados a aumentar a margem da categoria
“O celular não é uma categoria pegue e leve. É preciso treinar profissionais para agregar valor às compras do consumidor” • luiz savietto, da distribuidora Rcell
Fonte: Pesquisa da ToolBox realizada em junho pela internet com 1.488 consumidores de todo o brasil, idade entre 20 e 69 anos, das classes ABC.
mercados proporcionar mais experiência ao consumidor. “O celular não é uma categoria “pegue e leve”. É preciso treinar profissionais para agregar valor às compras do cliente”, afirma Luiz Savietto, diretor comercial da distribuidora Rcell. Quem também investe no segmento é a rede pernambucana Arco-Íris, 17 lojas. Implantada em
2005, quando quase não se vendiam celulares no autosserviço do Nordeste, o desempenho do segmento surpreendeu. Ho,je responde por 8% do faturamento da rede. “À medida em que o tempo passa, as vendas do primeiro celular diminuem e as trocas de aparelhos aumentam”, diz Mônica Bezerra, gerente de telefonia do Arco-Íris. “Vamos precisar de estratégias para conquistar os clientes em busca de inovação." Os fabricantes e distribuidores pensam de maneira parecida. “Atualmente, a maior parte dos celulares vendidos no autosserviço possui preços e tecnologias médias”, Intenção de compra de novos aparelhos afirma Luiz Savietto, da Rcell. No Celular com rádio e cartão de memória (MP3) Extra, por exemplo, o modelo recor24,9% Celular com câmera de 3.0 MP para cima dista de vendas custa R$ 79. “Traba20% lhamos com um sortimento de 60 Celular com rádio 15,1% itens, mas não temos modelos com Celular com câmera até 2.0 MP 14,2% preços acima de R$ 1 mil, porque o Celular com qualquer câmera + Wi-FI (Wlan) + GPS 11,6% giro é baixo”, diz Alessandra Shima, Celular com qualquer câmera + Wi-FI (Wlan) 7,5% gestora de telefonia do Extra. 4,6% Celular com cartão de memória (MP3) sem rádio Uma boa notícia é que os preços Celular sem nenhum aplicativo 2,2% dos aparelhos vêm caindo. Segun-
62
Capa
SUPERMERCADO MODERNO • OUTUBRO 2010
PESQUISA EXCLUSIVA
Eles querem saúde e pagam mais Estudo da Around Research para SM conclui que o consumidor já está familiarizado com as qualidades nutritivas dos alimentos do dia a dia. O que ele precisa é de informações mais detalhadas, orientação e facilidade de escolha. E sua loja pode dar isso a ele.
J
osé Maria é um ávido consumidor de alimentos orgânicos e integrais. Entusiasta de uma dieta balanceada, ele cortou o sal e o açúcar pela metade e passou a comprar produtos sem glúten. Também se alimenta com carne de peixe três vezes por semana, graças à presença de ômega 3. Suely começou a dar preferência a alimentos que ajudam a controlar o colesterol alto, como queijo branco e cereais. De vez em quando, vai até lojas especializadas em alimentos naturais para ver as novidades que não encontra nos supermercados. Mary é adepta de frutas, iogurtes funcionais e adora conhecer alimentos com menos gorduras, mais vitaminas e fibras. Há algum tempo trocou o requeijão normal pelo creme de ricota. Thamara já tem na cabeça suas marcas preferidas de produtos integrais, presentes na sua alimentação diária. Também opta por produtos com menos calorias e consome aveia regularmente. O comportamento dessas quatro pessoas reflete uma tendência de consumo que aparece com clareza na pesquisa O brasileiro e os produtos saudáveis, feita pela Around Research a pedido de SM. O estu-
Conheça a pesquisa
O
levantamento Around/SM foi realizado com 650 consumidores de todo o País, que responderam a questionários pela internet. Do total de participantes, 64% eram mulheres e 36% homens. O público predominante foi o da classe B, 39% dos respondentes, seguido da classe A, com 33%, e das classes C e D, com 27% e 1%, respectivamente. O principal participante está na faixa de 24 a 29 anos (32% do total), e aqueles com mais de 50 anos, 23%. A Around possui um painel com 120 mil consumidores ativos pela web. Realiza pesquisas quali e quantitativas e atende clientes como Carrefour, Redecard e Porsche. Contato: (11) 3255-7294. www.aroundresearch.com
| 63 Por Alessandra Morita | amorita@lund.com.br
do mostra que o brasileiro sabe bem quais alimentos são bons ou ruins para a saúde.A maioria passou a consumir integrais, funcionais e diet/light no último ano e também se dispõe a pagar até 15% mais por eles. Porém...você precisa trabalhar melhor esses produtos, até para ter um lucro maior.
Saudáveis garantem margem bruta 8% a 10% superior à dos alimentos tradicionais O que o público já sabe sobre saúde Conhecimento sobre o que é saudável não falta. A pesquisa Around/SM mostra que a maioria dos respondentes soube analisar como verdadeiras ou falsas várias frases sobre características de diferentes alimentos. Exatos 99%, por exemplo, acertaram ao apontar como falsa a afirma-
Marcas do bem Ades, Nestlé
, Mãe Terra e Taeq são as marcas mais associadas à saúde pelo consumidor, segundo a pesquisa Around/SM. Daniela Casabona, responsável por pesquisa e atendimento da Around, explica que essas marcas comunicam muito bem o conceito de qualidade de vida. Citadas espontaneamente pelos pesquisados aparecem também as marcas Becel, Activia, Corpus, Danone, Nutri e Del Valle.
64
| Capa | SUPERMERCADO MODERNO • OUTUBRO 2010
SAÚDE
Consumidores pagam mais por produtos saudáveis Sim
85% 15% Não
Maioria compraria
em supermercados que vendessem apenas saudáveis Sim
63% 37% Não
Cliente aprova
supermercados que oferecem aulas de ioga e palestras com nutricionistas Sim
93% 7%
Não
TV são o que mais influencia a compra de alimentos saudáveis: 33% das menções. A recomendação médica aparece como a segunda influência, com 32%, seguida de propaganda e informações do rótulo, com 11% cada. “A conscientização sobre a saúde é uma tendência mundial. O que os supermercados precisam fazer é se adaptar, dentro do seu posicionamento, para atender essa nova demanda”, diz a consultora de varejo Simone Terra. “Hoje em dia, quem não se cuida se sente culpado”, acrescenta. Ivan Zurita, presidente da Nestlé, concorda: “O brasileiro está mais consciente em relação ao consumo de alimentos saudáveis e é por isso que a Nestlé tem evoluído na oferta desses produtos”, afirma. Para o executivo, o crescimento das bebidas à base de soja é um bom exemplo. Ele lembra que a empresa tem investido em biscoitos livres de gorduras trans, em produtos com 0% de Consumidores querem gordura, em itens orgânicos e em alimeninformações nas gôndolas sobre valor nutritivo dos alimentos tos com menos sódio e açúcar. A maior conscientização não significa Sim que o público dispensa informações. Na 88% verdade, quanto mais detalhes sobre os benefícios do produto e, principalmente, 12% quanto maior a frequência na comunicaNão ção, mais o consumidor incorpora os sau-
ção de que “fibras não fazem bem para a saúde” e 98% não hesitaram em indicar como verdadeira a frase de que “sal em excesso pode provocar hipertensão arterial” (veja quadro na p. 65). Não dá para negar que o consumidor é hoje bombardeado por informações sobre saúde. Tanto que, segundo o estudo, reportagens em jornais, revistas e
O QUE INFLUENCIA a compra de produtos saudáveis (Respostas de múltipla escolha)
BRASIL
NORDESTE
Recomendação médica
Recomendação médica
32% Recomendação de parentes e amigos
Recomendação de parentes e amigos
Rótulos
11%
Propaganda
Rótulos
5% Reportagens
27% Outros
5%
10% 27%
26% Outros
Recomendação de parentes e amigos
Reportagens
Reportagens
33%
34%
13% 26%
Reportagens
4%
Propaganda
Propaganda
11%
Recomendação médica
27%
16%
Propaganda
SUDESTE
Recomendação médica
26%
10%
Outros
SUL
36% Rótulos
6%
10% Outros
3%
| 65
O cliente quer informação
No Pão de Açúcar, a área de orgânicos conta com um reforço visual para convencer o consumidor
O estudo Around/SM mostra também que 93% dos respondentes aprovam a divulgação de receitas saudáveis, palestras com nutricionistas e médicos, aulas de ioga e musculação. Quem dá um bom exemplo é a Casa Santa Luzia, dirigida ao público Cardápio no tabloide de maior renda da capital paulista. O supermercado coloca à disposição dos clientes folhetos produA nutricionista Andréa Esquivel acredita que o zidos pela equipe de nutricionistas. Um modelo varejista deve divulgar cardápios com alimentos sautrata de produtos, como quinoa e aveia. “Falamos dáveis nos folhetos de ofertas. “O ideal seria associar dos nutrientes e benefícios e oferecemos dicas de os pratos aos produtos anunciados”, diz. Outra possibiconsumo, além de receitas”, conta a nutricionista lidade é ensinar diferentes pratos com o mesmo produAna Fanelli. Já outro folheto aborda temas, como to para estimular ao máximo o consumo. lanches saudáveis para crianças. Nesse caso, há sugestões do que pode PÚBLICO CONHECE benefícios (ou não) dos alimentos: ser usado no preparo. FALSO VERDADEIRO São realizadas ainda O problema do ovo é a clara 18% 82% palestras com especialisQueijos são fonte de cálcio e vitaminas 88% 12% tas sobre assuntos como a Excesso de gordura animal na alimentação 93% 7% saúde da mulher. E a loja pode provocar colesterol alto conta com nutricionistas Hortifrútis garantem vitaminas importantes 13% para o organismo 87% encarregadas de ajudar o Alimentação saudável sem exercício físico não é o suficiente 78% 22% público na compra. “Elas Açúcar em excesso só prejudica a boa forma 42% 58% falam das características Arroz e feijão compõem alimentação pobre em nutrientes 13% 87% dos alimentos e indicam Fibras não fazem bem para a saúde 1% 99% o que pode ou não ser A ingestão diária de cálcio é cerca de três vezes menor consumido por quem so23% do que o recomendado mundialmente 77% fre de restrição alimenSal em excesso pode provocar hipertensão arterial 98% 2% tar”, explica Ana.
JOÃO DE FREITAS
dáveis no seu consumo diário. Vale, portanto, divulgar as propriedades dos alimentos em tabloides, cartazes e lousas, como a da foto ao lado. Tudo numa linguagem fácil. Nela, a rede Pão de Açúcar expõe os benefícios dos orgânicos. Além de chamar a atenção para os produtos, a empresa mantém viva na lembrança do cliente as vantagens do consumo. Um outro cartaz poderia ser exposto, lembrando às mães que os orgânicos são mais apropriados para bêbes, pois não levam agrotóxicos.
66
| Capa | SUPERMERCADO MODERNO • OUTUBRO 2010
SAÚDE
Allain. “Os integrais proporcionam mais fibras, além de nutrientes importantes para o bom funcionamento do metabolismo”, acrescenta. Para aproveitar a boa aceitação dos produtos, algumas redes optam por expô-los em uma seção exclusiva para saudáveis. É o caso da Villarreal, cinco lojas. “A decisão foi tomada há quatro anos e, de lá para cá, a variedade aumentou de 32 SKUs para 88”, conta o gerente Hilton da Silva, acrescentando que o carro-chefe do segmento são os cookies. Segundo ele, apenas os pães integrais ficam fora desse corredor, porque o cliente está acostumado a buscar o produto perto da padaria e quer ampla variedade de versões.
A pesquisa Around/SM apontou também os produtos introduzidos na alimentação no último ano por serem considerados saudáveis. Entre eles, os integrais são os que mobilizam maior percentual de respondentes: 62% do total. O fabricante Jasmine confirma o interesse: “O volume de vendas sobe cerca de 15% ao ano”, diz o diretor Damian
“O arroz e o pão integrais já fazem parte da minha rotina alimentar. Como fico fora de casa boa parte do dia, também tenho sempre um biscoitinho integral na bolsa para um lanche rápido.”
SUL
67%
60% 60%
cio
NORDESTE
(Respostas de múltipla escolha)
37% 37%
32% 32%
26% 26%
21%
Pr Fu odut nc ion os in ais teg ,d iet rais ou lig ht Qu Grã eij o os s bra nc o s Pro du tos Peix org e ân ico Ve s rdu ras Azeit e Óle leg e os um de es gir as Fr so ut l o as uc an ola Su cos
ALIMENTOS SAUDÁVEIS que passaram a ser consumidos no último ano
BRASIL
SUDESTE
33% 29%
22%
57% 55% 48% 47% 45% 41% 41% 34% 31% 28%
Pro du t Ve os in rdu te ras gra e le is Fu gu nc me ion s ais , d Grão iet s ou lig ht Az eit e Fru t a Pro s du tos Suco s o Qu rgân i eij os cos Óle bra os n de cos gir as so Peix lo uc e an ola Vin ho
62% 62% 45% 40% 40% 39% 37%
20%
63% 47% 47% 47%
55% 55% 53%
27% 27% 27% 27%
Fu n
THAMARA NERES, PROFESSORA, 20 ANOS
62%
33% 33%
na is, d Pro iet o du u lig t Ve os i ht rdu nte ras gra e le is gu me s Az eit e Grã os Óle Prod F u os rut t o de s a gir orgâ s as so nico lo uc s an ola Qu eij Suco os bra s nc os Vin ho Pe ixe
47% 47%
Pr Fu odut nc ion os in ais teg r , Ve diet ais rdu ou ras lig e le ht gu me s Grã os Az eit e Qu Fru eij t a s Pro os du bra tos nco org s ân ico s Óle Su os cos de gir as so Peix lo uc e an ola Vin ho
JOÃO DE FREITAS
Integrais na frente
| 67
Alguns consultores acreditam que a melhor forma de exposição dos integrais é junto à categoria tradicional, para incentivar o consumo em massa. “Colocar todos os integrais num único local atrai somente as pessoas acostumadas a comprar o segmento”, explica a nutricionista Andréa Esquivel. A especialista Simone Terra concorda e lembra que a rede francesa Monoprix tem dentro de cada categoria um espaço específico para as versões saudáveis. Ela agrupa os produtos e sinaliza com placas que batizam a área de “Bio-Nutrition”. Se você tem dúvidas sobre a melhor opção, faça alguns testes. Crie um setor especial, mas também coloque os itens nas gôndolas tradicionais. O ideal é estabelecer um período de três meses para comparar os resultados de vendas. Outra constatação da pesquisa: versões magras de produtos gordurosos também estão em alta. Caso do queijo branco, indicado para o controle do colesterol alto e capaz de fornecer boa quantidade de cálcio. No estudo, 40% dos consumidores afirmaram ter incluído o produto na alimentação. Vale, portanto, divulgar as propriedades do alimento para atrair maior número de consumidores, e ainda oferecer sugestões de consumo – uma ideia são os lanches com pão integral, peito de peru, queijo branco e alface. Para o varejista, os queijos proporcionam margem líquida média de 25%. Segundo consultores, uma iniciativa que pode gerar bons resultados é indicar as quantidades ideais de cálcio para o consumo diário. Estudo divulgado pela Associação Brasileira das Indústrias de Queijos mostra, por exemplo, que crianças de 4 a 10 anos precisam de 800 mg de cálcio diariamente. Para isso, devem consumir três porções de 35 g de quei-
“Para controlar o colesterol, um dos produtos que passei a consumir foi o queijo branco. Outro foi a granola, que tem muita fibra. Não fico atrás de informações sobre saúde, mas quando vejo na TV, presto atenção.” SUELI ROMANO, PSICÓLOGA, 59 ANOS
FREIT AS
Exposição na área de origem
jo por dia, obtendo assim 50% do necessário. Os adolescentes devem ingerir três porções diárias de 60 g, responsáveis por 35% das necessidades – 1.200 mg diárias. O restante de cálcio deve ser suprido com outros lácteos, que o varejista pode indicar com a ajuda de especialistas. Convém lembrar que produzir cartazes com dados sobre os alimentos é considerado positivo por 88% dos respondentes da pesquisa.
JOÃO DE
Outra empresa que adotou solução semelhante foi a Casa Santa Luzia. O setor “saúde” fica no mezanino numa área de 250 m2 e abriga 2 mil itens, 20% de integrais. O segmento fica atrás somente dos diet/light, responsáveis por 40% do sortimento.
68
| Capa | SUPERMERCADO MODERNO • OUTUBRO 2010
SAÚDE
Saúde não tem preço
“Embora os alimentos orgânicos ainda sejam caros, não abro mão deles na minha alimentação. Avalio sempre o grau de agrotóxico que estou ingerindo e quanto custaria para fazer uma desintoxicação.”
Se o varejista já desconfiava, agora pode ter certeza. De acordo com a pesquisa, 85% dos respondentes não se importam em pagar mais por alimentos saudáveis. Os produtos que puxam esse resultado são os orgânicos, os enriquecidos com fibras e vitaminas e os integrais – 85% dos pesquisados –, além dos que possuem ômega 3 e 6, 82% do total. Os consumidores de orgânicos são os que estão dispostos a desembolsar mais (veja gráfico abaixo). E é na região Sudeste que os alimentos encontram maior aceitação do público: 90% das pessoas aceitam preços superiores. “A razão é a grande oferta de orgânicos na região e a disponibilidade de renda”, diz Daniela Casabona, da Around. O Grupo Pão de Açúcar confirma a importância do Sudeste no consumo de orgânicos. Considerando apenas os hortifrútis, as lojas da região respondem por 65% de todo o volume vendido. “No consumo por loja, o campeão de vendas é o Distrito Federal”, diz Sandra Sabóia, gerente de orgânicos. O fato é que as versões in natura e industrializadas têm um excelente desempenho na
JOSÉ MARIA FILHO, JORNALISTA, 39 ANOS
QUANTO O CONSUMIDOR pagaria mais por alimentos saudáveis
5%
10%
15%
ACIMA DE 15%
NÃO PAGARIA
BRASIL Alimentos integrais Alimentos orgânicos Alimentos com fibras, vitaminas Alimentos com ômega 3 e 6 Massas com pouco carboidrato Alimentos light e diet Maionese sem colesterol Biscoito sem gordura
29%
33%
21%
22%
26%
27%
32%
21%
27% 22%
13% 10% 15%
27%
21% 27%
34%
8% 15%
20% 17% 16% 16%
16% 17%
7% 9%
15% 3%
17% 8% 8%
10% 12%
25% 27% 33% 34%
Salgadinho sem gordura e baixo teor de sódio
34%
17% 8% 7%
35%
Bebidas com maior teor de cálcio
33%
18% 9% 3%
37%
Linguiça, salame e mortadela sem gordura Cerveja e refrigerante de baixa caloria
JOÃO DE FREITAS
33% 29%
20% 26%
22% 18%
15% 2%
41%
10% 2%
43%
| 69
Cuidados na precificação
“Procuro saber se os alimentos são ricos em fibras e vitaminas. E gosto de produtos com ômega 3, como alguns peixes.”
Estima-se que seja de 30% a margem líquida média dos orgânicos. No entanto, a estratégia de precificação pode mudar de acordo com o objetivo da empresa. Algumas redes aplicam um percentual maior, engordando a fatia do lucro. Já outras acreditam que o melhor é estimular o aumento de volume. Essa tem sido a tática do Grupo Pão de Açúcar. “No caso do FLV, que é a porta de entrada do público para os orgânicos, optamos por trabalhar um preço menor ao consumidor e compensar a margem na quantidade vendida”, explica Sandra. “Ainda assim, os valores assustam e por isso mantemos os produtos ilhados, na maioria das lojas”. Os consumidores se dispõem a pagar mais também por alimentos enriquecidos com fibras/vitaminas e ricos em ômega 3 e 6. Vale a pena reunir em um espaço extra somente produtos ricos em ômega 6, como nozes e sementes. E, no caso dos peixes, ricos em ômega 3, convém divulgar os benefícios do alimento à saúde, como ajudar a reduzir o nível de triglicérides e o colesterol total. Quem só trabalha com as versões congeladas e enlatadas deve deixar claro para o consumidor que os nutrientes são preservados. Mais uma vez, exponha receitas e realize uma boa degustação. Apesar da disposição do cliente em pagar mais pelos alimentos saudáveis, é preciso tomar cuidados na precificação. “Aumentar os preços aleatoriamente pode ser um tiro no pé. Se a loja cobrar em excesso, mesmo o consumidor fiel pode desistir da compra. Além do desembolso, esse cliente compara preços e é muito consciente de seus direitos”, diz a consultora Simone Terra. O melhor é garantir informações detalhadas e serviços que ajudem o cliente nas escolhas. Mostre o que sua loja oferece e se prepare para um futuro mais saúde. SM
MARY ALVES, INSTRUTORA DE IOGA, 29 ANOS
JOÃO DE FREITAS
empresa. Vêm crescendo 40%. ao ano e devem crescer mais 40% em 2010. A rede comercializa 750 itens.
Como preparar o peixe Espalhe cartazes, divulgue nos tabloides ou oriente os funcionários a dar a seguinte dica ao cliente: os peixes in natura precisam ser preparados com a pele para não perder ômega 3. “O consumidor pode até consumir sem a pele, mas ela deve ser mantida até o peixe ficar pronto para ser servido”, explica Andréa Esquivel.
MAIS INFORMAÇÕES: Around Research: (11) 3255-7294 Casa Santa Luzia: (11) 3897-5000 Gastronomia Nutritiva: (11) 2574-9601 Jasmine: www.jasminealimentos.com Pão de Açúcar: www.grupopaodeacucar.com.br Simone Terra Soluções: (21) 3603-0419 Villarreal: (12) 3904-7000
98
RH
Supermercado Moderno • outubro 2010
| Por Fernando Salles | salles@lund.com.br
Liderança
De gerentão a dono do pedaço Convencida de que os líderes podiam ser bem mais eficientes, a rede catarinense Breithaupt fez uma pequena revolução que favoreceu os profissionais, suas equipes e, claro, a própria empresa
V
de seus subordinados um melhor desempenho, o que é bom para todo mundo”, diz Reinaldo Berti, gerente de operações. Começou com um projeto-piloto no maior hipermercado da rede. Com os bons resultados, o trabalho foi estendido a cinco supermercados e às lojas de material de construção, móveis, eletrodomésticos e auto-centers. Para facilitar a assimilação, a implantação foi dividida em quatro fases. Acompanhe.
eja se você reconhece esse profissional: ele é gerente, distante das estratégias da empresa, sobrecarregado, sofre para administrar o dia a dia e mal consegue conduzir sua equipe numa só direção. Familiar, não é? Esse profissional, essencial para Perfil o sucesso de qualquer supermercado, anda meio abandonado pelas empresas. » 4 supermercados Mas não todas. A Breithaupt, de Santa » 2 hipermercados Catarina, resolveu tornar o profissional » 11 lojas especializadas – e outros com cargo de liderança em » 1 shopping center diversas áreas – mais importante para a » 70 mil itens no sortimento organização e implantou, junto com a » 1.539 funcionários Raupp Consultoria & Associados, o pro» 4,68% de turnover/mês grama Gestão por Responsabilidade » R$ 110,5 milhões de faturamento na operação (GPR). “Decidimos preparar os líderes de super e hipermercados em 2009 para serem os donos das suas áreas. Eles » 4,49% de aumento no faturamento agora otimizam processos, gerenciam em 2009 x 2008 corretamente as rotinas e sabem extrair
| 99
Fase 1 Cada área tem seu dono
A
divulgação
primeira etapa tinha um objetivo claro: preparar cada gerente para ser o dono do seu setor. Para isso, foi preciso trabalhar a parte comportamental. Os profissionais aprenderam a importância de assumir a responsabilidade pelo desempenho da equipe. Em palestras foram tratados valores, como ter a humildade de admitir que não sabe tudo, perguntar sempre que tiver dúvidas, aconselhar a equipe e delegar tarefas a quem tem “o programa Gpr cria um senso de condições de desempenhá-las. A apresentação do consultor Bento Carlos Raupp disciplina e comprometimento da equipe” mostrou, por exemplo, a importância de se ODENIR DOS SANTOS, GERENTE DE LOJA DO BREITHAUPT colocar no lugar do liderado para conhecer suas dificuldades e assim orientá-lo organização do trabalho, proatimelhor. Uma boa parte do conteúdo explorou ainda vidade, atenção concentrada e comportamentos como paciência, gentileza, humilsenso de higiene e disciplina. dade, respeito, honestidade e compromisso. Os líderes foram também estimulados a ensinar, acompanhar, estar abertos a mudanças e usar a criatividade Fase 2 para “energizar” a equipe. Em uma das apresentaaprender a aconselhar ções, as competências exigidas especificamente pelo Breithaupt foram apresentadas e trabalhadas assadas as informações básicas para aplicação no dia a dia. São elas: atendimento e trabalhadas as atribuições deao cliente, foco em resultasejadas, chegou a hora de mostrar dos, gestão e desenvolvicomo aplicar a técnica do aconsemento de pessoas, vilhamento. Os participantes recebesão empreendedora, ram conteúdo teórico sobre o tema
P
o que o LÍDer TeM (ou DeVe Ter) De eSPeCIaL
ão divulgaç
E
m tempos de compartilhamento de informações e de conhecimento, por que os líderes continuam tão importantes para as empresas? Meiry Kamia, diretora da consultoria Human Value, ajuda a responder. “É ele quem detém conhecimento técnico e aponta o caminho para a superação de metas”, resume. Meiry lembra, contudo, que as competências técnicas são apenas parte do perfil de um bom líder. “Um profissional competente também deve ser bom na parte comportamental”. Em outras palavras, precisa saber como motivar a equipe para extrair o máximo de cada integrante. Precisa ter iniciativa, proatividade e, cada vez mais, capacidade para lidar com ambientes de pressão e de atribuições simultâneas. Outro ponto importante, segundo a especialista, é saber delegar funções. “Líderes que não delegam, se perdem nas rotinas operacionais. Com isso, não conseguem se dedicar à gestão, que é atribuição de quem chega a essa posição”, afirma. As consequências aparecem em forma de uma falta de planejamento aqui, uma equipe desmotivada ali. No fim da história, os resultados ficam comprometidos.
¬
100
| RH | Supermercado Moderno • outubro 2010 liderança
divulgação
Bento Raupp, responsável pelo programa de liderança: o gerente tem de se colocar no lugar do liderado para orientá-lo melhor
para consulta. Em seguida, o consultor trabalhou a parte prática por meio da técnica teatral, com simulação de situações idênticas às vivenciadas diariamente. A ideia era, de forma lúdica, ajudar a quebrar as barreiras na comunicação entre liderança e equipes. “É difícil para o líder mostrar que, ao questionar um colaborador, sua intenção é identificar a causa do problema, e não culpados”, comenta Carla Zipf, coordenadora de gestão da rede. Em um dos exercícios, os líderes foram preparados para abordar um funcionário com desempenho aquém do desejado. Eles deveriam expor o motivo da conversa de forma direta e ouvir tudo o que o colaborador tinha a dizer. Deveriam também fazer perguntas específicas, como: “você acha que agindo assim atingirá os objetivos?” ou “você reconhece que é um problema de comportamento?”. Por fim, deveriam informar o funcionário dos procedimentos
da empresa e possíveis consequências e pedir a ele que se comprometesse a não repetir o ocorrido. Tal simulação foi realizada para ajudar o líder a memorizar o que fazer e a se sentir mais seguro para aplicar a técnica em situações cotidianas, como em casos de discussão entre membros da equipe, faltas e atrasos sem justificativa, fofocas, mau atendimento e erros operacionais.
Fase 3 Checklist para controlar rotina
P
lanejar as ações não é um hábito dos brasileiros. Por essa razão, atividades importantes acabam sendo desempenhadas de forma aleatória, o que ocasiona problemas. Não por acaso, o terceiro passo do projeto foi dedicado à implantação de uma ferramenta de verificação da rotina, o checklist. “Muitas vezes as situações simples fogem da observação, o que gera erros, além da falta de padronização na operação das lojas”, resume Carla Zipf. O checklist consiste em uma relação de itens que devem ser verificados pelo gerente a cada semana, quinzena e mês. O acompanhamento facilita a identificação de problemas e sua rápida solução. Na prática, ajuda na comunicação entre as lideranças e seus subordinados.
| 101
Fase 4 Auditoria mostra os resultados
F
eita a preparação comportamental das lideranças, tratadas as questões relativas à operação e garantido o cumprimento das rotinas de trabalho por meio do checklist, só faltava medir os resultados dos procedimentos. Por essa razão, o ciclo foi encerrado com a implantação de auditorias, cujo objetivo era verificar o cumprimento das ferramentas implantadas. O processo consiste em medir o desempenho do líder em termos de resultados e de gestão da sua área. Uma parte da avaliação diz respeito a indicadores como faturamento, rentabilidade (%), perdas gerais (%), turnover (%), reclamação de clientes, número de colaboradores e quantidade de líderes. Para cada quesito há uma meta a ser atingida. “A auditoria resulta em um processo de competitividade interna sadia, em que cada gestor busca alcançar o melhor resultado para sua loja”, garante Carla. “E essa competição faz com que a equipe torne-se comprometida e motivada a fazer o melhor em seus processos”, completa. Segundo a coordenadora, um dos principais ganhos para o Breithaupt foi a conversão de gestão centralizadora para um modelo descentralizado, em que todos são qualificados para assumir a res-
Veja o que fazer
P
ara quem ainda não tem condições de promover um programa de desenvolvimento de lideranças, uma das soluções é oferecer cursos aos gestores. Um deles é promovido pela Multimeta, empresa especializada em treinamentos com sede em São Paulo – também realiza cursos in company. No treinamento Gestão de Pessoas nas Organizações, a consultoria apresenta técnicas e dinâmicas para aprimorar a capacidade de administração das equipes. Segundo Ana Carolina Franceschi Simões, diretora executiva da Multimeta, tem sido exigido dos líderes das novas gerações que já estão no mercado de trabalho uma postura bem mais colaborativa, com foco no ‘saber ouvir’. O treinamento é feito em dois módulos com oito horas cada. Informações: www.multimeta.com.br
ponsabilidade de suas atribuições como líder. “Hoje, o Breithaupt possui lideranças prontas para assumir novos desafios quando a empresa expandir”, afirma. Para Bento Raupp, consultor que liderou a implantação do projeto, entre outros benefícios o trabalho ajudou a aumentar os níveis de controle sobre os processos da empresa, tornou mais justa a relação entre líderes e subordinados e trouxe melhorias na proposição de solunão ções para os obstáculos identificados nas diversas é exatamente áreas da empresa. um hábito dos Entre os participantes, as impressões são igual- brasileiros. mente positivas. Odenir Muitas atividades dos Santos, gerente de importantes loja, que o diga. “Além de auxiliar o gestor a manter acabam sendo as normas e procedimen- desempenhadas tos da organização, o programa cria na equipe um senso de disciplina e com, prometimento, que fortao que ocasiona lece a cultura de fazer cada vez melhor”, afirma. Hoje, diversos os gestores são bem ava- problemas. liados até entre colaboradores que deixam a companhia. Dos profissionais desligados da empresa em julho deste ano, 83% disseram considerar o trabalho de seus líderes bom, muito bom ou excelente. SM
Planejar as ações
de forma aleatória
Mais infor mações: Breithaupt: www.hiperb.com.br raupp: rauppconsultoria.blogspot.com human value: www.hvalue.com.br