Revista Trupicalia

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ED. 01 / ANO 01


REDAÇÃO: Guilherme Pereira Martins Jackeline Cristina de Souza Jéssyca Ingrid Coutinho Resende Rômulo Aguiar Dias de Oliveira Júnior EDIÇÃO E CURADORIA DE IMAGENS: Jackeline Cristina de Souza Jéssyca Ingrid Coutinho Resende REVISÃO: Guilherme Pereira Martins Jackeline Cristina de Souza DIREÇÃO DE ARTE: Guilherme Pereira Martins Jéssyca Ingrid Coutinho Resende DIAGRAMAÇÃO: Guilherme Pereira Martins Jéssyca Ingrid Coutinho Resende Rômulo Aguiar Dias de Oliveira Júnior MATÉRIA DE CAPA: Rômulo Aguiar Dias de Oliveira Júnior CAPA: Jéssyca Ingrid Coutinho Resende

Orgulhosamente produzida no curso de Jornalismo da UFSJ. Revista Trupicália - Ed.1/Ano 1 São João Del Rei - MG (00) 00000-0000 @RevistaTrupicalia

BEM VINDO Trupicália surge da junção dos termos: trupicar e tropicalismo. O primeiro se refere a arte de tropeçar várias vezes e talvez nem chegue a realmente cair, ou seja, estamos começando algo e queremos que dê muito certo, mas sabemos que podemos deixar algo passar ou errar em algum momento e por isso já adiantamos que trupicamos, mas iremos sempre nos reerguer, independente de uma queda ou não. Já o segundo, se refere ao movimento originário de 1967, durante a ditadura militar, que revolucionou o modo de fazer não somente música popular, mas também cinema, teatro e poesia. A ideia desse ritmo era expressar a opinião, mas como havia muita censura na época, eles não podiam fazer isso de forma clara como outros movimentos, por isso usavam de deboches em suas letras musicais, sátiras em suas apresentações e até mesmos suas roupas exageradas era uma forma de debater com o que era visto como correto pelo governo. A ideia era chocar quem os assistisse e com isso conseguiram espaço, por mais que muitos não gostassem da forma como eles escolheram se manifestar e alegassem que não havia um posicionamento. Com foco cultural, a união desses termos dá nome a esta revista, genuinamente mineira.


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PITACO

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Mare of Easttown

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Quem matou Sarah?

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Dos quadrinhos à Netflix

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O profundo disfarçado de cliché Suspense brasileiro e drama mexicano A fantasia de Sweet Tooth

DESTAQUE DE MINAS Djonga

Influência no mundo do Rap/Trap

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DEDIM DE PROSA Entrevista

Com a atriz Anna Rita Cerqueira

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MAIS DE MINAS Curiosidade

Conheça mais sobre a bandeira de Minas

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PITACO 01

© Michelle K. Short /HBO

Mare of Easttown é o profundo disfarçado de cliché Nova série da HBO é muito mais do que parece ser Em 1990, ia ao ar o primeiro episódio de Twin Peaks. Pela primeira vez de forma serializada, a trama que acompanhava a investigação do assassinato de uma adolescente, apresentou arquétipos que seriam constantes na televisão mesmo mais de trinta anos desde sua estreia. Mare of Easttown, nova minissérie da HBO, parece seguir à risca a cartilha estabelecida por David Lynch: quando uma jovem é encontrada brutalmente morta às margens de um rio, uma pequena comunidade da Filadélfia vira cenário de uma intensa investigação encabeçada pela já não tão bem-quista detetive Mare Sheeran, brilhantemente interpretada por Kate Winslet.

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Todos os ingredientes da receita estão lá, desde os personagens dúbios até a direção de fotografia densa e trilha sonora marcante. Acontece que, enquanto a obra noventista também adotava linhas sobrenaturais e surrealistas a fim de ressaltar sua singularidade, Easttown mantém os pés no chão ao exercer um estudo de personagem profundamente detalhado. Assim, a excentricidade de Lynch é deixada de lado, e o realismo toma a frente enquanto subverte os clichês do gênero, aproximando-se muito mais de The Killing — outra produção que também bebeu da mesma fonte.

Mare Sheeran (Winslet), outrora heroína do basquete e motivo de orgulho em sua vizinhança durante o colegial, é uma detetive cheia de frustações. Em casa, uma mãe em luto na batalha pela guarda do neto; na vida profissional, é cobrada a todo o momento por um crime não solucionado que, mais tarde, vem a ser um caso reaberto.


© Sarah Shatz/HBO

© Sarah Shatz/HBO

Na medida que desdobramentos da série são apresentados, logo nos primeiros dois episódios já é possível notar que o crime serve à trama apenas como um pontapé inicial do retrato melancólico das personagens femininas e como elas são sufocadas pela violência velada e pela angústia iminente, lutando para escapar de um destino ao qual estão fadadas. No entanto, não são os homens os grandes vilões aqui, e sim todo um sistema patriarcal que atinge a todos, oprimindo sentimentos e resultando em sérias tomadas de decisões. Mesmo com um total de apenas sete capítulos, a série ainda consegue se aprofundar em cada linha de roteiro que se propõe. Enquanto a direção de Craig Zobel (A Caçada) é eficiente ao transferir para a tela a sensação de dor e luto, prezando pela sutileza e livre da glorificação do sofrimento, o roteiro de Brad Ingelsby assume o difícil papel de explorar as multicamadas de figuras complexas, proporcionando a todos do elenco a chance de brilhar.

© Sarah Shatz/HBO

Winslet como a personagem-título não só faz parecer fácil a troca do sotaque britânico pelo filadelfiano, como também entrega a melhor performance de sua carreira, um feito incrível para a vencedora do Oscar, que conta no currículo grandes produções como Titanic (1997) e O Leitor (2008). O elenco de apoio também não deixa a desejar: a sempre ótima Jean Smart faz mais um ótimo adendo à uma leva de recentes papéis expressivos na televisão, enquanto Julianne Nicholson é dada a chance de mostrar o seu talento a um público que não acompanha sua carreira no cinema indie. Mas é Evan Peters que, pela primeira vez em uma série não produzida por Ryan Murphy, realmente surpreende ao ser desafiado com um personagem diferente de seus trabalhos anteriores. Se todos os arquétipos e características de uma trama “quem matou?” apresentados por Twin Peaks perderam força conforme as suas inúmeras tentativas de replicação, tendo funcionado apenas pouquíssimas vezes como em True Detective e Broadchurch, então Mare of Easttown é, em suma, a desmistificação do clichê a favor do profundo, da realidade e da atmosfera. GUILHERME MARTINS

★★★★

MARE OF EASTTOWN (2021) Direção: Craig Zobel Roteiro: Brad Ingelsby Elenco: Kate Winslet, Jean Smart, Julianne Nicholson, Evan Peters, Guy Pearce Disponível em: HBO Max

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PITACO 02

© Divulgação/Netflix

Suspense brasileiro e drama mexicano

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A junção dos dois países em uma única série: Quem Matou Sarah

om enredo de novela, porém com maiores mistérios, Netflix lança no dia 24 de março de 2021, sua mais nova série de suspense: Quem Matou Sara? O seriado gira em torno da morte de Sara, mais precisamente em quem foi o autor do crime, que teve como condenado o irmão da jovem, Álex. Ele passou 18 anos pagando por um delito que não cometeu e agora, em liberdade, promete fazer justiça e colocar atrás das grades o verdadeiro culpado.

Repetindo o roteiro de muitas novelas, principalmente por ser original do México, um dos gigantes neste gênero, teremos vários suspeitos e o tempo todo novas informações irão surgir, fazendo você se questionar sobre quem e o porquê teria cometido o assassinato. É possível comparar com a épica novela Avenida Brasil, quando matam Max e todos na cena do crime têm motivos de sobra para terem executado o vilão. Neste caso, Álex sai da prisão tendo um único suspeito e querendo achar provas contra essa pessoa, mas acaba descobrindo a existência de muitos fatos que ele desconhece. Mostrando que um bom suspense se cria com novas revelações e pistas falsas para despistar o telespectador, o autor revela aos poucos como Álex, que era tão próximo à sua irmã, aceitou ir para a cadeia por algo que não fez. Ressalta que a vítima tinha mais inimigos do que qualquer um poderia imaginar, e que a pessoa mais provável não é a culpada.

© Divulgação/Netflix

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© Divulgação/Netflix

Outra jogada da série foi alternar entre o passado e o presente, dando pista do que houve no dia da morte e como está a vida de cada um atualmente, mantendo o público cativo atrás de obter respostas. Também usaram a velha tática Romeu e Julieta, quando membros de famílias rivais se apaixonam, além de levantar diferentes pautas como tráfico sexual, feminicídio e retratar a homofobia existente em muitas famílias.

© Divulgação/Netflix

No decorrer dos oito episódios iremos nos deparar com a face obscura de cada personagem, dando a entender que qualquer um deles poderia ser o culpado, e descobrindo uma nova versão da garota que aos olhos do irmão era uma jovem feliz, cheia de vida e não merecia o ocorrido. Sem dúvidas vale a pena se aventurar e se surpreender com esse conteúdo rico em drama, aventura policial e até um romance, mostrando mais uma vez a qualidade das séries latinas © Divulgação/Netflix

JACKELINE SOUZA

★★★

¿QUIÉN MATÓ A SARA? (2021) Criação: José Ignacio Valenzuela Estrelando: Manolo Cardona, Alejandro Nones, Ximena Lamadrid, Carolina Miranda e Eugenio Siller. Disponível em: Netflix

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PITACO 03

Dos Quadrinhos à Netflix A fantasia distópica de Sweet Tooth

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riador de universos fantásticos em quadrinhos, Jeff Lemire, escritor de HQs admirado pela cultura pop moderna, ganha a adaptação na Netflix de um de seus sucessos. Sweet Tooth, é um drama que se inicia com um vírus misterioso que dizimou parte da população mundial, ao mesmo tempo em que começam a nascer crianças híbridas com feições animalescas, causando pânico e medo em toda a população. Gus, protagonista da trama, é uma criança híbrida de humano e um cervo. Ele vive isolado em uma floresta, protegido dos caçadores mercenários que perseguem e matam as crianças mestiças. O destino do pequeno Gus tem uma virada quando perde seu tutor para o vírus e conhece Tommy, um homem cheio de mistérios.

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O roteiro acerta no ritmo da série, investindo tempo e atenção aos detalhes para a compreensão da fantasia. O episódio piloto é focado na contextualização dos precedentes da história e na apresentação de Gus, o personagem principal. Diferente da maioria dos pilotos que abordam o máximo de personagens logo no início, Sweet Tooth já explora seu mistério com sua construção narrativa. Cada episódio apresenta uma nova história com personagens interessantes e bem amarrada em si, uma característica muito instigante. Além do universo misterioso de suas figuras, a obra é bem dinâmica em seu enredo e cenografia. A trama não se mantém fixa, sempre com novos elementos, personagens e lugares, com um grande território físico que enriquece a série.


Isturdia na TV! Outras estreias neste fim de ano

© Jan Thijs/Sony

The Wheel of Time A famosa obra de fantasia de Robert Jornan finalmente ganha uma adaptação. Estrelada por Rosamund Pike, a série segue Moiraine e seus quatro jovens discípulos em uma aventura ao redor do mundo, na crença que um deles seja a reencarnação de um poderoso profeta que irá salvar o planeta. Estreia 19/11 no Prime Video.

© Nicola Dove/Netflix

© Kirsty Griffin/Netflix

JÉSSYCA COUTINHO

★★★★

SWEET TOOTH (2021) Criação: Jim Mickle Estrelando: Nonso Anozie, Stefania LaVie Owen, James Brolin, Will Forte e Amy Seimetz Disponível em: Netflix

Cowboy Bebop Outra adaptação que chega as telinhas é uma versão live-action do incrível anime japonês de mesmo nome. Ambientada em 2071, três caçadores de recompensas partem em busca dos mais diversos criminosos em todo o sistema solar, a bordo da nave Bebop. O elenco é encabeçado pelo talentosíssimo John Cho. Estreia 19/11 na Netflix

© Divulgação/HBO

Cada episódio uma nova aventura, Sweet Tooth é uma fantasia linda e positiva que traz uma mensagem de esperança para esses tempos de pandemia que estamos inseridos. Gus, Tommy e todo o universo distópico da série aliados à deslumbrante cenografia formam um equilíbrio perfeito de aventura excitante e drama envolvente que conquistaram a produção de uma nova temporada. Podemos aguardar ansiosos pelo desenrolar da história do pequeno híbrido e a origem misteriosa do vírus do Flagelo.

STATION ELEVEN Por fim, uma nova série sobre tempos pandêmicos, estrelada por Gael Garcia Bernal, também chega na HBO. A minissérie se passa vinte anos depois que uma pandemia de gripe resultou no colapso da civilização, um grupo de sobreviventes que ganha a vida como artistas viajantes encontra um culto violento, liderado por um homem cujo passado está inconscientemente ligado a um membro da tropa. Estreia 16/12 na HBO Max.

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Embora Minas Gerais seja conhecida por muitos, sabemos que muitas vezes ela é estereotipada como o Estado das roças, sotaque caipira e pão de queijo. Com isso, grande parte do País desconhece outras diversas qualidades do estado, inclusive os inúmeros artistas maravilhosos que, acabam por não receber o destaque merecido. Pensando nisso, a seção Destaques de Minas traz para o público mais curiosidades sobre a nossa gigantesca MG, onde a cada nova edição um diferente artista mineiro é matéria. Nosso primeiro destaque é ele: Djonga, o rapper nascido em Belo Horizonte, e um dos mais aclamados artistas do gênero atualmente.

A NOVA CARA DO HIP-HOP BRASILEIRO


DjongA

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bram alas para o rei, Gustavo Pereira Marques, mais conhecido pelo nome artístico Djonga. Cria da periferia de Belo Horizonte (MG), Djonga nasceu em 4 de junho de 1994, em Belo Horizonte, mais precisamente na Favela do Índio e cresceu no bairro de São Lucas, Santa Efigênia. Atualmente, Djonga, além de rapper; escritor; compositor e historiador, virou sinônimo de luta e conscientização. O artista é conhecido por sua lírica aguçada, marginalizada e agressiva e, também, por suas fortes críticas sociais em suas letras, sendo assim, umas das personalidades mais influentes dentro do trap/rap.

ACESSE OS HITS DO ARTISTA AQUI:


DESTAQUE DE MINAS

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m 2010, começou a compor música com apenas 16 anos, porém, Djonga começou de verdade sua carreira em um sarau de poesia, chamado Sarau ViraLata. Apesar do talento, Djonga ia aos saraus somente para ouvir, até que o rapper Hot Apocalypse o chamou para montar um grupo. Ao rimar sua poesia em cima do beat feito por Oculto Beats, o rapper gravou sua primeira obraprima, o single “Corpo Fechado”.

A partir do seu primeiro single, a vida de Djonga nunca mais foi a mesma. Após a estreia de “Corpo Fechado”, foi lançado seu primeiro EP: “Fechando o Corpo”, em 2015. Dois anos depois, o rapper lançaria “Heresia”, esse que seria o primeiro dos cinco álbuns de estúdio de Djonga. É incalculável a dimensão do “efeito Djonga” tanto na música, quanto na sociedade. Sua influência na vida das pessoas, aquelas que sua música atinge, é muito forte e é exatamente essa a intenção do cantor ao escrever suas músicas: provocar uma reflexão de si e da sociedade. A genialidade de Gustavo Pereira Marques não vai ser esquecida jamais. O rapper mineiro já deixou sua marca na história da música brasileira e internacional, visto que Djonga é o primeiro brasileiro na história a ser indicado ao prêmio BET Hip Hop Awards nos Estado Unidos. Além de outras duas indicações, o cantor venceu o MTV Millenial Awards pela categoria BEAT Br em 2019 e 2020. Djonga também faturou o prêmio de Artista do Ano em 2019 pelo Troféu APCA, um dos mais importantes de sua carreira.

É notável nas letras de Djonga a influência do grupo Racionais MC’s, grupo que o rapper já admitiu muitas vezes ser fã e, além disso, tem Mano Brown como um de seus principais ídolos dentro e fora do rap. Por ter uma família muito envolvida com a música, também foi influenciado pela MPB, que era muito escutada em sua casa, e pelo samba, que sua mãe escutava ao limpar a casa. Além dos raps, MBP, funk e samba, Djonga passou a escutar rock, Cazuza e Barão Vermelho eram seus preferidos na época.

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Sua contribuição para fora da música é intensa e subjetiva. “Eu devolvi a auto estima ‘pra’ minha gente, isso que é ser hip-hop. ”, diz Djonga em JUNHO DE 94, ou seja, através do sucesso de suas letras e canções, ele conseguiu dignificar e empoderar mais ainda seu povo perante à sociedade racista em que vivemos. Então, percebe-se que, o “ser hip-hop” vai muito além da música, da métrica e da rima. RÔMULO AGUIAR


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ISCOGRAFIA E CURIOSIDADES Heresia:

Apesar de ser o álbum de estreia de Djonga, atingiu a aclamação crítica e pública fazendo fortes críticas à sociedade e enfatizando o empoderamento negro. A renomada revista Lançado em 13 de março de 2017. Rolling Stone elegeu o disco como o melhor do ano, tendo como música destaque “O mundo é nosso”, a qual teve participação - 10 Faixas. do rapper carioca BK. Também foi indicado para o prêmio APCA. A capa do álbum faz referência ao álbum Clube da Esquina, feito - 2 Prêmios: Melhor disco de 2017 em 1972, de Lô Borges e Milton Nascimento, mas ao invés das pela Rolling Stone e Disco de Platina duas crianças, é exposto o próprio rapper mineiro. pela ONErpm.

O Menino que Queria ser Deus:

O disco expõe uma linguagem ácida acerca questões sociais e raciais. Também, Djonga fala mais sobre sua vida pessoal e carreira.

Lançado em 13 de março de 2018. - 10 Faixas. - 6º melhor disco brasileiro de 2018, de acordo com a revista Rolling Stone Brasil.

Ladrão: Lançado em 13 de março de 2019. - 10 Faixas. - Ganhou o prêmio de “Álbum do Ano de 2019”, organizado pela Red Bull e a votação foi popular, de forma online.

Histórias da Minha Área: Lançado em 13 de março de 2020. - 10 Faixas. - Recebeu o Disco de Ouro da ONErpm. Com esse álbum, Djonga se tornou o primeiro e único brasileiro a ser indicado ao BET Hip Hop Awards.

O disco foi gravado na casa da avó de Djonga. O álbum traz a experiência dos discos anteriores, porém com novas dinâmicas.

A fotografia de Daniel Assis foi a escolhida para a capa do álbum. Cinco jovens olhando para os próprios corpos no chão traz a mensagem da violência cotidiana sofrida pela população, o que é muito relatado durante todo o disco. A capa é tão chamativa e excêntrica que acabou sendo escolhida, em 2020, como capa mais bonita do ano pela RapTV. Apesar da pandemia de COVID-19, o álbum obteve uma repercussão gigante, chegando a bater 3 faixas no Top 5 das plataformas digitais.

NU: Lançado em 13 de março de 2021. - 8 Faixas. - Indicado ao prêmio MTV Millenial Awards Brasil 2021.

O álbum é uma espécie de resposta às críticas que recebeu após um show lotado no Rio de Janeiro, em meio ao período crítico causado pela pandemia da COVID-19 no estado. Talvez esse seja o álbum mais melancólico do cantor, onde ele se mostra fragilizado. Isso é encontrado até na capa, onde Djonga afirma ser entregue de bandeja para todo mundo e, ao mesmo tempo, tem todo o julgamento e dedos apontados em direção ao rapper. O nome do álbum veio da reação mais mineira possível de Djonga ao ver as críticas: “NU”, que no dialeto mineiro é a expressão máxima de espanto ou admiração.

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A atriz Anna Rita Cerqueira topou dar uma entrevista falando de vários assuntos que vão desde a auto aceitação à compra do seu primeiro apartamento. Fotos por @SelfieClube no Instagram.

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DEDIM DE PROSA

SEM ARREPENDIMENTOS Anna Rita Cerqueira, atriz e influencer de 23 anos, começou a sua carreira ainda criança, com 5 anos. Ficou conhecida por interpretar Flaviana na novela teen Malhação. Formou-se em dublagem aos 9 anos e tem passagens pela Globo, Record e filme na Netflix, colecionando mais de 20 trabalhos. Acumula mais de 700 mil seguidores no Instagram e mescla a carreira de atriz com o marketing digital.

Você começou no meio artístico ainda criança, acha que já ter tanta responsabilidade atrapalhou em algo? Eu acredito que sim, hoje em dia acho que mudou muita coisa na minha vida, mas não me arrependo de nada do que eu vivi. Acho que eu estava fazendo o que eu queria, aprendendo, correndo atrás. Era muita responsabilidade, mas hoje eu acho que consigo equilibrar melhor isso, consigo equilibrar melhor o meu tempo. Porque a dedicação, desde muito nova com escola, com tudo e a responsabilidade de trabalho, acaba sendo meio pesado, mas hoje em dia eu dou mais tempo para mim, para cuidar melhor de mim, para ter meu tempo de trabalho, meu tempo de vida social, vida com a família. Acho que foi positivo no final, então não me arrependo.

E com amigos, já aconteceu de alguém te tratar diferente só por te reconhecer das novelas? Sim, é uma coisa que às vezes acaba acontecendo. Alguns amigos meus me conheceram, eu já era atriz (a maioria). E alguns não sabiam ou foram saber ao longo do tempo, vendo a minha rotina, mas algumas pessoas só acabavam se aproximando por eu ser atriz e curiosidade. Algumas pessoas também são maldosas, mas como tudo na vida... Eu acho que as pessoas se aproximam de diversos profissionais e pessoas por diversos motivos. Muitos artistas que começam cedo, acabam optando por outra profissão. Você sempre teve a certeza que era isso o que queria? Sim, eu sempre tive muita certeza que eu queria fazer aquilo para sempre e até hoje eu não tive dúvidas disso. Optei sim, por outras carreiras também, trabalhando com outras coisas. Fiz minha faculdade de marketing, tá trancada mas eu trabalho com marketing, tento aprender sobre isso em paralelo a minha carreira como atriz, que para mim é o que me motiva mesmo. É o que eu gosto de fazer, não que eu não goste das outras áreas, são outros amores.


© Instagram/@selfieclube

Eu não tenho sonhos, tenho metas. Já teve que deixar de fazer algo por temer a repercussão que isso causaria? Teme o cancelamento? Não, eu não costumo ser uma pessoa que deixa de fazer alguma coisa por medo da crítica ou de algum cancelamento. Eu faço as coisas com muito profissionalismo, com muita ética, com senso. Então eu tento sempre fazer do jeito que eu queria mesmo, do jeito que eu penso sobre qualquer tipo de conteúdo, nada que interfira no que eu acredito.. Qual foi o maior obstáculo que você já enfrentou na carreira? Ah, o maior obstáculo com certeza é a instabilidade financeira, porque a maioria dos trabalhos para atores, com filmes, novelas e etc, são de contratos fechados. Então tem essa dificuldade da instabilidade, de não saber o próximo trabalho às vezes, e isso complica um pouco.

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Você é uma referência para várias garotas que também se sentem fora do padrão. Como é saber que tantas pessoas se espelham em você? Sobre pessoas se inspirarem em mim por conta do meu corpo, eu gosto muito na verdade dessa força que a gente dá uma para a outra. Eu acho que é algo muito importante, algo que vivi durante muito tempo, e que não queria falar sobre. E agora eu acho que chegou o momento certo, de eu me abrir em relação a isso e ajudar outras pessoas, então eu fico feliz com isso. A gente sabe que por mais que a mídia foque no glamour, a vida de artista não é fácil. O que falaria para alguém que sonha em seguir os seus passos e ser atriz? Alguém que sonha em ser atriz, eu falaria para ir com calma. Estudar muito, buscar entender, buscar ver filmes, buscar estar no meio, entender como é que funciona um set, tudo, cada detalhe, tanto de prática quanto de cursos etc. E acho que saber que precisa ter um plano b também, sem que o plano de atriz seja o único a se entregar..


Você é uma artista engajada com várias causas. Como você enxerga a importância de se manifestar sobre essas pautas? Então, eu falo muito sobre causas que eu acredito, e que na minha vida mesmo estou acompanhando, estou lendo, que estou assistindo alguma coisa e acho que seria bom refletir. Eu acredito muito na diversidade, acredito muito na evolução do ser humano, então acho que quanto mais a gente busca, a gente pode compartilhar também. Então eu busco compartilhar nas redes sociais o que me gera um crescimento, o que eu estou aprendendo, o que eu acho importante.

© Instagram/@selfieclube

Qual foi o sonho que você achava impossível realizar, mas conseguiu? E qual você ainda pretende realizar? Eu costumo falar que eu não tenho sonhos, eu tenho metas. Eu prefiro deixar as metas, pois eu acho que ficam mais próximas da minha realidade. E aí eu consigo sentir o gostinho dela chegando melhor, sabe? Do que viver uma vida pensando num sonho muito grande. É claro que eu tenho uma ideia, por exemplo, se me perguntar como vai estar a Anna Rita daqui há 30 anos. Eu penso em estar tranquila com meu trabalho, com minha família, penso em ter filho, penso em estar numa casa grande, para poder ter espaço. E enfim, poder viver uma vida tranquila, com meus amigos, e conhecendo o mundo, viajando. Mas meta, eu acho que uma das metas que eu bati agora foi a compra do meu primeiro apartamento, que foi uma coisa muito importante para mim, e acho que a próxima meta vai ser... eu ainda tô decidindo a próxima meta para falar a verdade.

Qual é o seu maior desejo pós pandemia? Meu maior desejo pós pandemia, é uma festa enorme, cheia de gente, cheia de amigo meu. Tocando as músicas que eu gosto, dançando funk até as 6 horas da manhã. E nossa, comendo na festa e sendo muito feliz até o dia amanhecer. É o que eu mais penso. E viajar! Eu tô louca para viajar!

JACKELINE SOUZA

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MAIS DE MINAS

A bandeira de Minas Gerais

Curiosidade sobre significado da frase “Libertas quae sera tamen”

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egundo o site Significados.com, o significado do triângulo é uma referência à Sagrada Trindade, sendo a ideia da sua incorporação na bandeira de Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, conhecido por ser um dos membros mais significativos da Inconfidência Mineira, principal movimento de contestação á Coroa portuguesa. Ele, aliás, nasceu entre Tiradentes e São João Del Rei, local responsável por juntar os criadores dessa revista. A Sagrada Trindade, de acordo com a Maçonaria, representa a junção dos ideais de liberdade, fraternidade e igualdade, sendo estes também elementos básicos da Revolução Francesa.

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A bandeira é composta por três cores: branco, vermelho e preto. O vermelho (triângulo) foi adotado por fazer referência ao ideal revolucionário da Inconfidência Mineira, e o preto é a cor para dar destaque ao lema "libertas quae sera tamen". Esta frase em latim significa "Liberdade ainda que tardia", como dito. Originalmente, a criação deste lema foi de Alvarenga Peixoto, um inconfidente, inspirado a partir de um verso de um poema do poeta romano Virgílio: "Libertas, quæ sera tamen, respexit inertem".


SUA MELHOR PARADA EM MINAS

Rodovia BR 040 Km 699, s/n - Caicaras, Barbacena - MG, 36205-666


Sua dose mensal de mineiridades, cultura, variedades.


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