BOLETIM DA JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPOLIDE ANO XVIII #82 ABRIL 2018 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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Eléctrico 24
regressa aos carris PÁG. 4
+ TÉCNICOS ESTRANGEIROS + UM LAÇO QUE UNE + OBRAS CONCLUÍDAS + gente nossa
nesta edição... BOLETIM DA JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPOLIDE ANO XVIII #82 ABRIL 2018 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Eléctrico 24
ARTIGO DE CAPA:
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MIGUEL SEIXAS · Ilustração de Capa
GENTE NOSSA: SILAS_PÁG.6
NOVOS BANCOS na Freguesia_PÁG.8
A LOJA ONDE VOU: MANUEL CARAMELO_PÁG.14
A RUA ONDE MOR0: Rua ALEXANDRE GUSMÃO_PÁG.15
eXECUTIVO
+ TÉCNICOS ESTRANGEIROS _PÁG.10 + UM LAÇO QUE UNE _PÁG.11 + OBRAS CONCLUÍDAS _PÁG.12 ANDRÉ NUNES DE ALMEIDA COUTO PRESIDENTE
ANA RAQUEL MOREIRA DA SILVA
BRUNO LOURO Tesoureiro
SECRETÁRIA
bruno.louro@jf-campolide.pt
raquel.silva@jf-campolide.pt Atendimento: 3.ª feira - Mediante marcação prévia
Atendimento: 4.ª feira - Mediante marcação prévia
Pelouros: Equipamentos, Habitação, Acção Social, Colectividades, Igualdade de Oportunidades.
Pelouros: Informática, Recursos Humanos, Serviços Administrativos, Comércio e Licenciamento, Financeiro e Contratação.
BRUNO corgas GONZALEZ
Maria Cândida Cavaleiro Madeira
Vogal
Vogal
bruno.gonzalez@jf-campolide.pt Atendimento: 6.ª feira - Mediante marcação prévia Pelouros: Educação e Desporto.
Assembleia de Freguesia: Presidente · MARTA VIEIRA DA CRUZ | PS
1º Secretário · Carlos José Reis Lopes Ramos | PS 2º Secretário · Miguel belo marques | PS
candida.cavaleiro.madeira@ jf-campolide.pt Atendimento: Mediante marcação prévia Pelouros: Saúde
Restantes Membros: Januário Gomes da Costa, Luís Filipe Correia Rosa, Cátia Sofia da Cruz Costa, Pedro Miguel Pereira Ferreira da Silva, Teresa de Jesus Cancela Dias Baptista Francisco Maria Oom Pimenta Peres Joana Vitorino Mendes, João Carlos Infante Gameiro Maria José Branco Ferreira do Nascimento Garcia Arnaldo Maria do Carmo Bica
André Couto · Direcção | Sofia Julião · Coordenação | Sofia Julião · Redacção | Taiz Collovini · Paginação | João Barata · Fotografias Junta de Freguesia de Campolide · Propriedade | 121904/98 · Depósito Legal | 9 000 exemplares · Tiragem
*As empresas privadas presentes nesta edição efectuaram doações para a Acção Social da JFC
editorial Memórias e convívio ANDRÉ NUNES DE ALMEIDA COUTO PRESIDENTE
andre.couto@jf-campolide.pt https://www.facebook.com/andre.ndac Atendimento: 4.ª feira - Mediante marcação prévia
Pelouros: Comunicação, Espaço Público, Espaços Verdes, Defesa do Meio Ambiente, Higiene Urbana, Recenseamento Eleitoral, Cultura, Restauração, Grandes Opções do Plano, Protecção Cívil e Segurança, Transportes.
Caros Vizinhos e Vizinhas, Foi contagiante a alegria quando o Eléctrico 24 subiu, novamente, à Praça de Campolide. O 24 não é só um meio de transporte. Ele é, acima de tudo, um veículo das nossas memórias de infância e juventude, de um tempo em que Campolide e a Cidade viviam com mais vagar, as pessoas se cruzavam cumprimentando-se, conhecendo-se, convivendo e vivendo em comum. De manhã, servia para levar muitos ao trabalho, outros à escola, com bilhete ou à pendura, malandrice que quase todos reconhecem ter praticado. Como é bom poder viver, em 2018, o que o nosso passado teve de melhor. Para além das memórias o regresso do 24 reforça a nossa auto-estima porque ele era, com o Aqueduto, um dos nossos elementos identitários mais fortes. Também é importante o sinal dado a Campolide de reforço do transporte público e inversão da diminuição de carreiras, só possível dada a nova gestão desta empresa pública, agora nas mãos da Câmara Municipal de Lisboa. Deixo o nosso reconhecimento ao Presidente Fernando Medina, com quem partilhei esta nossa luta antiga, à qual ele foi sensível nas opções para a Cidade que gere. Pretendemos manter o espírito de Bairro em Campolide. É com muita felicidade que vejo os novos bancos de jardim, pedidos nos nossos famosos directos de Facebook, sempre ocupados e a cumprirem a sua função de pontos de encontro. Por isso criámos passeios na Rua Particular ao Arco do Carvalhão, entre tantas outras ruas, para resolver o dramático problema de segurança pedonal. Lutámos muito para que as recordações tivessem o seu espaço no presente e o 24 regressasse. Disseram que não conseguiríamos mas, hoje, já saiu à rua, com a promessa de voltar, não em versão turística, mas na carreira regular que sempre nos transportou. A mobilização da Junta de Freguesia e dos Vizinhos e a sensibilidade de quem decide, foram decisivos. Mais um sonho, um projecto político e uma promessa que se concretizam, a bem de Campolide. Ah! E sim, eu também andei à pendura! Um abraço,
O CELEIRO SOLIDÁRIO DA JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPOLIDE FACULTOU:
JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPOLIDE Rua de Campolide, 24 B – Tel: 21 388 46 07 e-mail: geral@jf-campolide.pt www.jf-campolide.pt Reunião aberta: Primeira 4.ª feira de cada mês
336.671
DOSES
até ao fim de MARÇO de 2018
(Até ao fim de Junho de 2017)
260.227 764.692 Kg de FRUTAS/VEGETAIS
unidades de COMPLEMENTOS
2.003 Kg
963 Kg
1073 Kg
(VIDRO)
(PLÁSTICO/EMBALAGENS)
(PAPEL/CARTÃO)
ECOPONTO VERDE ECOPONTO AMARELO ECOPONTO AZUL
Eléctrico 24 regressa aos carris
24 EM 2018, QUANTAS MEMÓRIAS CABEM?
As memórias do Eléctrico 24 estão bem vivas entre os Vizinhos e Vizinhas de Campolide. Fomos à pendura com eles neste regresso ao futuro, já que o seu retorno aos carris é uma realidade. Fotografia: João Barata
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odas as segundas-feiras o ritual repetia-se. Dália Frazão subia a Rua do Arco do Carvalhão e apanhava o Eléctrico no Alto de Campolide. O destino era o Chiado, para comprar uma cautela para o padrasto na – ainda existente – Casa Travassos. O eléctrico em questão, esse, era o antigo 24. “Todas as semanas fazia isso, lembro-me muito bem. Quando tinha cerca de oito anos, éramos miúdos, até fizemos algumas tropelias... como ir do lado de fora... sem pagar”, recorda divertida. Os tempos eram outros, o relacionamento bem diferente. “Lembro-me de os próprios motoristas nos ‘convidarem’ a entrar sem pagar, as pessoas eram muito mais amigas, hoje só são amigos no facebook”, lamenta-se. Dália, que cresceu na Calçada dos Sete Moinhos, ainda antes de surgir a Cooperativa da Bela Flor, mantém-se ligada a Campolide, Freguesia onde trabalha, mais concretamente, na Rabicha, numa oficina. O Eléctrico 24 fez a sua
primeira viagem em 1905, ligava o Rossio a Campolide. Pelo caminho, fazia escala no Cais do Sodré, Rua do Alecrim, Príncipe Real, Rato e Amoreiras. Com a passagem dos anos, esse percurso foi sofrendo algumas alterações. Em tempos, a linha chegou a ser prolongada até à Avenida Duque de Ávila, Rua Morais Soares e Alto de São João. Corria o ano de 1995, quando o “amarelo” fez a sua última viagem. A anunciada suspensão ganhou contornos de prolongada ausência e a reposição deste meio de transporte foi sendo afastada da agenda de Lisboa. Até agora. O Eléctrico 24 vai mesmo voltar, possivelmente ainda antes do Verão. O ALICATE NOS DEDOS “É claro que me recordo do 24”, responde prontamente Constantino Vidal, 76 dinâmicos anos de idade, nascido na Rua B, morador no Bairro da Serafina. À semelhança de todos os outros
entrevistados, nem sempre a viagem se fazia do lado de dentro, mas sim “à pendura… depois lá vinha o revisor, o ‘pica’, com o alicate, e dava-nos com ele nos dedos para largamos as janelas... raramente caíamos”, assegura, com graça e elegância. As memórias que Constantino nos traz vêm de longe, da década de cinquenta, “quando os eléctricos não tinham portas automáticas”. No tempo em que a linha terminava na Praça do Chile, muitos eram os moradores de Campolide que usavam este meio de transporte, porque “para praticar desporto era preciso tirar uma micro, um exame que era feito no Hospital de Arroios, e como todos queriam ser federados…” A viagem diária para a escola era um dos principais motivos para comprar bilhete. Ou não, como se vai percebendo pelos relatos… “As memórias que tenho são de uma criança de nove anos a ir para a escola, a Marquesa de Alorna”, evoca
Carlos Alves, hoje com 58 anos, nascido e criado em Campolide, morador do Bairro da Liberdade. As viagens à pendura fazem parte das memórias de vários Vizinhos e Vizinhas de Campolide. E Carlos não é excepção. A idade ajudava, os tempos eram outros, até o trânsito era menos tumultuoso. “Íamos à pendura, sim, e na maioria das vezes até tínhamos Passe”, recorda Carlos. E, por entre risos de cumplicidade, lá desvenda uma parte das motivações. “Um dos motivos porque o fazíamos é porque as miúdas iam muitas vezes a pé... era uma forma de nos ‘armarmos’ junto delas”.
Hoje, continua ligado ao mesmo estabelecimento de Ensino, envolvido na dinamização das hortas do Tarujo junto
O BANCO DOS PALERMAS “Habitualmente, era quando ia para os lados do Saldanha, ali pela Marquês da Fronteira, porque eu estudava no Externato Almada Negreiros. Um ou duas vezes por mês usava também o Eléctrico 24 para ir visitar familiares que moravam na zona do Bairro Alto”, conta-nos José Carlos Almeida, hoje com 54 anos. José Carlos recorda outros pormenores: “Havia uns bancos em que se ia sentado de lado, a malta chamava-lhes o banco dos palermas. Por baixo, havia sempre uma quantidade enorme de areia, que era usada para assegurar a aderência do eléctrico e impedir que ele patinasse em algumas partes da linha”. Estas memórias remontam ao final
da década de 70, numa outra Lisboa, com um trânsito completamente distinto (“em algumas zonas nem sequer existiam semáforos, recordo-me bem”) e uma forma de estar da miudagem, de viver aventuras em grupo, que já quase não existe. “Íamos muito à pendura, desde que houvesse hipótese, não pensávamos duas vezes. Recordo-me bem do pica-bilhetes [o cobrador, que acompanhava o guarda-freio] dar-nos com o alicate nos dedos para nos fazer saltar… ”, recorda entre risos o presidente do CRP Campolide, clube que se tem distinguido a nível nacional, essencialmente, pela sua prestação no Karaté. Entre a Lisboa que nos contam e a cidade que vai acolher o regresso do tão badalado 24, muitos anos passaram. Mas a beleza de deslizar pelas ruas, essa, permanece, como canta Cristina Branco, nas palavras de Carlos Tê: “Sentei-me ao lado do tempo/ num eléctrico amarelo/ senti-me um rei em viagem/ sobre rodas, num castelo”. nc
NOTICÍAS DE CAMPOLIDE
VINHA O ‘PICA’, COM O ALICATE, E DAVA-NOS COM ELE NOS DEDOS... RARAMENTE CAÍAMOS
dos jovens. “Da mesma forma que é um privilégio continuar ligado a esta escola, vai ser um privilégio voltar andar no 24... mas agora já não posso ir à pendura”, conclui, entre gargalhadas.
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gente nossa: SILAS
especial
Viver pelo Futebol Fotografias: João Barata
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ctual treinador do Clube de Futebol Os Belenenses, Silas é um dos nomes mais importantes da sua geração desportiva. E é fácil de adivinhar que os primeiros pontapés na bola foram em Campolide, onde nasceu. “Sim, devia ter cerca de quatro anos, mesmo em frente ao Santana Futebol Clube, na Bela Flor, aquilo não era nada como é hoje. Depois, fui viver para um bairro que havia, de casas pré-fabricadas, mesmo por baixo das bombas de gasolina, onde vivi até aos 21 anos, quando fui para Espanha”, recorda Jorge Manuel Rebelo Fernandes. Ou melhor, Silas, nome que lhe foi atribuído no bairro e que o acompanhará para sempre. As memórias desfilam de volta à frente dos seus olhos. “Lembro-me do Santana, do Cascalheira, de jogar à bola, dos jogos de berlinde, de andarmos todos na rua, de andarmos em carros de esferas na Calçada da Quintinha… de todos os meus amigos… ainda falo com eles quase todas as semanas”. Nasceu em 1976 e muito cedo a sua vocação se impôs. “Nunca me passou pela cabeça ser outra coisa que não fosse futebolista. Era quase como uma obsessão, um dos meus grandes objectivos. Achava que tinha jeito e passava horas e horas por dia a jogar. Digo aos meus filhos que aquilo que eles jogam numa semana, jogava eu num dia! Cinco ou seis horas por dia, ninguém me tirava. Mais que paixão, é preciso sacrifício”. O primeiro clube onde jogou foi o Domingos Sávio, em Campo de Ourique, nos Salesianos. “Fui com 10 anos, em 1986. Estive lá um ano, passei a jogar no Sporting (durante dois anos como Infantil) e Futsal no Cascalheira”, recorda. FUTEBOL PRIMEIRO QUE TUDO
AS VANTAGENS DO DESPORTO Silas não esconde as más influências a que esteve sujeito. “Foi o futebol que me salvou de ter uma vida diferente. Uma vida que podia ser muito pior… a verdade é que eu tinha tudo para ser bandido, só não tinha cabeça. Essa, estava focada no Futebol. Há muita gente que não foi jogador porque não teve cabeça e eu fui jogador porque não tinha cabeça para ser outra coisa”, resume. Por tudo isso, não se cansa de louvar as virtualidades do desporto e sua importância na construção da personalidade, “porque nos ensina a trabalhar em grupo, porque nos dá um sentimento de pertença a algo que muita gente não tem, que nos dá uma autodisciplina importante”. Se há coisas que não mudam, outras reflectem o tempo em que vivemos e as novas prioridades. Quando Silas começou a jogar à bola, na rua, em Campolide, no centro das atenções estavam os jogadores, estava a bola redonda. Hoje, estão os dirigentes, os negócios, estão muitas outras coisas e os jogadores em terceiro ou quarto plano. Conhecedor profundo deste meio, o profissional mostra-se crítico, salientando que “a Comunicação Social tem uma responsabilidade enorme porque alimenta muito tudo isso, dá muito protagonismo a quem não o merece. Quem cria este ambiente é gente que nunca jogou Futebol, alguns deles até vieram de outros ramos, de outras realidades e apanham aqui uma oportunidade para ganhar dinheiro. Aos poucos vão matando o Futebol. É uma fase, mas não sei quando é que ela vai acabar.” nc
NOTICÍAS DE CAMPOLIDE
Rapidamente se percebe que o Futebol norteou todas as decisões na sua vida, mesmo com algum prejuízo para outras actividades. Como os estudos. “Não foi fácil… perdi dois ou três anos, queria era jogar à bola… mas consegui acabar o 12º ano. Quando ia para a Faculdade, acabei por ir jogar para Espanha… e a partir daí já era mais complicado, já era profissional e o profissionalismo exige-nos dedicação a 100 por cento. Alimentava-me a pensar no Futebol, hidratava-me a pensar no Futebol, dormia e descansava a pensar no Futebol… tudo o que eu fazia era a pensar no Futebol.”
Apesar da notoriedade que acompanhou a sua carreira, Silas prefere hoje algum recato. “Já tive a minha quota-parte de visibilidade, enquanto jogador. Agora, quanto menos tiver, melhor. Prefiro que se dê mais destaque aos meus jogadores, tento não dar muitas entrevistas porque os protagonistas têm de ser eles”. Silas tem dois filhos, com seis e dez anos, e o bichinho do Futebol também já faz das suas junto dos miúdos. “Com pena minha, não jogam tanto tempo como eu joguei, mas jogam muito. Há dias em que passam quatro ou cinco horas a brincar na rua… é das coisas mais importantes, quando os vejo muito tempo em casa, desligo-lhes a playstation. E lá vão para a rua. Aprender a cair, a virarem-se sozinhos… a lidarem com outras pessoas…”
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NOVOS BANCOS na freguesia Cinco novos bancos de jardim vão permitir momentos mais agradáveis neste Verão. Fomos conhecer quem os sugeriu à Junta de Freguesia de Campolide (JFC) nos directos semanais de atendimento no facebook. Fotografias: João Barata
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om o Verão a espreitar, numa Freguesia com tantas ruas que ora sobem, ora descem, não é de espantar que um dos pedidos mais insistentes nas últimas sessões dos directos semanais que o Presidente da JFC efectua pelo facebook seja... bancos de jardim. Um dos equipamentos mais simples que encontramos nas cidades, mas também um do mais queridos e utilizados. Cátia Costa reside em Campolide há duas décadas, conhece bem a vizinhança da sua rua, General Taborda, e quanto custa ascender ao cimo daqueles metros, especialmente quando a idade já vai pesando. “Quem me pediu um banco na General Taborda, foi, principalmente, uma querida vizinha. Foi em nome dela e também em nome de outros vizinhos com dificuldade de locomoção (uns andam de canadianas e outros são uns jovens com mais de 70 anos). Acharam, e eu concordo, que seria importante ter um banco no cimo da rua, pois é uma rua muito íngreme e assim, ao subirem, conseguem descansar um pouco e também conviver”, explica-nos, realçando que o seu papel foi, essencialmente, transmitir esse desejo comum. “No fundo, eu apenas fui uma espécie de porta-voz”. Com a chegada de dias mais quentes, o ideal seria minorar o efeito do sol que se faz sentir nesta esquina da Rua Conde das Antas. Cátia Costa explica que alguns moradores vão contactar lojas da rua e tentar colocar ali um chapéu-de-sol, o que tornaria este ponto de descanso ainda mais
apetecível para descansar da subida, parar a ler o jornal ou, simplesmente, dar dois dedos de conversa e saber as últimas novidades do bairro. DESCANSAR NA SUBIDA Por falar em ruas inclinadas, vamos até à Calçada da Quintinha. Começamos a descer, viramos à esquerda, e o cenário não deixa margem para enganos. Os quatro bancos ali colocados – um deles, uma construção recente – são dos locais mais concorridos entre os moradores que por ali se deslocam, alguns só a descer, como é caso de Maria do Carmo Vieira, Vizinha nestas paragens há mais de meio século. “Já subi muito, quando era mais nova”, deixa escapar, com um sorriso afável. A sua companhia neste local de repouso é a bem conhecida “tia” Fátima Lopes, que intercedeu por dois novos bancos na Freguesia. Um deles, é este, que Fátima Lopes designa como “o nosso ponto de encontro”, por entre a divertida concordância das habituais companhias neste sol de Inverno do início da tarde. O outro banco, igualmente pedido à JFC através dos directos do facebook, ficou instalado onde era bem necessário, no Bairro da Serafina, junto à Santa Casa da Misericórdia. “Estive a ter sessões de fisioterapia lá e fazia-me muita confusão que os velhotes saíssem à hora do almoço e fossem sentar-se no banco do autocarro. Não era para apanharem
nenhum transporte, era mesmo para se sentarem por ali, já que não podem ir para longe e não havia mais nenhum local onde repousar um bocadinho”, explica-nos. SONHOS CONCRETIZADOS Teresa Cancela Dias é moradora nas Twin Towers, mas são muitas as tardes que vai passear para o bonito Jardim da Amnistia, junto ao Pavilhão Polidesportivo que faz conjunto com os restantes equipamentos ali existentes – aparelhos de fitness, um quiosque com esplanada, um parque infantil e uma zona hortícola. O extenso relvado e o descampado que se estende convida a si e às amigas para ali se encontrarem. As amigas e não só: “Nós, as donas e os cães, tínhamos um sonho. Há cinco anos que diariamente desfrutamos do Jardim da Amnistia e queríamos ter um banco debaixo do pinheiro, a única sombra aprazível deste magnífico espaço verde”, conta-nos. Residente há muitos anos em Campolide, conhece bem a sua Freguesia e muito tem participado em várias iniciativas, campanhas, dinamização de actividades. E bem sabe como “não há nada como o sonho para criar o futuro”. Por esse motivo, resolveu dirigir-se directamente a quem poderia interceder por esta causa. “Aproveitando a sessão comemorativa dos 100 directos no facebook, olhos nos olhos e directamente ao nosso Presidente da JFC sonhei alto… e ele registou. E como há
sonhos mágicos, numa manhã de Março, lá estava o banco debaixo do pinheiro”, recorda, enquanto Chanel, a fiel e brincalhona cadelinha que acompanha a dona para todo o lado, parece concordar com tudo. “Em, Campolide, os sonhos tornam-se realidade… e sempre que um homem sonha o mundo pula e avança”, conclui, citando o mais famoso poema de António Gedeão. Mudança de cenário. Quem se senta neste novo banco, na Avenida Calouste Gulbenkian, tem à sua frente o Aqueduto das Águas Livres, o mais emblemático monumento por estas paragens. A longa zona pedonal convida ao repouso, à contemplação. “Venho muitas vezes para aqui, tirar partido do Corredor Verde… passear, descansar… e é precisamente porque as pessoas gostam de estar por aqui que me lembrei de pedir à JFC um banco de jardim”, explica-nos Adriana Santos, moradora na Calçada dos Mestres. Aproveita para elogiar a nova calçada em diversas zonas da Freguesia, os passeios mais largos que permitem passear mais à vontade e salientar a sua surpresa face à rapidez na satisfação do pedido. “Pedi o banco e uns dias depois já lá está, é verdade”, conta-nos divertida, enquanto o sol ainda forte de um final de tarde primaveril ilumina toda a Avenida. A mancha verde que nos rodeia evoca o escritor Afonso Cruz, quando escreveu que “todos os jardins da nossa infância são o jardim do Paraíso”. nc
NOTICÍAS DE CAMPOLIDE
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Técnicos estrangeiros visitam Campolide O projecto CampolideSoma&Segue-E6G é um exemplo de boas práticas no trabalho com juventude. Isso mesmo ficou demonstrado perante uma plateia internacional. Fotografias: João Barata
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eria mais uma tarde chuvosa com sol de Inverno, igual a tantas outras, mas o grupo que passeou pelas ruas dos bairros da Liberdade e Serafina dificilmente passaria despercebido. Os diferentes idiomas e a aparência nórdica não escondiam que se tratava de visitas. A convite da SWTI - Street Work Training Institute, o projecto CampolideSoma&Segue-E6G, promovido pela Junta de Freguesia de Campolide (JFC), recebeu no passado dia 13 de Março duas dezenas de profissionais da área da Juventude vindos da Islândia, Estónia, Sérvia e Itália. O encontro, que contou com a visita aos espaços da Serafina e da Liberdade onde o projecto desenvolve as suas actividades e uma visita guiada aos dois bairros, realizou-se no âmbito do “Community Guarantee”, um projecto Europeu que pretende conhecer e partilhar diferentes modelos de intervenção com jovens NEET (ou seja, jovens que não trabalham, nem estudam, nem frequentam qualquer formação) com vista ao desenvolvimento de um instrumento orientador para uma estratégia global de integração desta população. No fundo, trata-se de replicar as boas práticas em diferentes países, trocando experiências entre realidades distintas. No caso português, esteve em foco o projecto CampolideSoma&Segue-E6G e as suas medidas de intervenção (empregabilidade, cidadania e inclusão digital), objectivos e modelos de actuação. O projecto “Community Guarantee” terminará em 2019, com um seminário internacional, na Estónia, onde serão apresentadas as conclusões e do qual sairá um Manual de Boas Práticas Europeu, para o qual o projecto CampolideSoma&Segue-E6G contribuiu com o seu exemplo de actuação e intervenção. Além de natural motivo de orgulho, esta visita serviu para confirmar como as opções tomadas pela JFC no âmbito das suas políticas sociais de combate à exclusão e dinamização de uma juventude mais desprotegida se têm revelado eficazes e frutíferas. No final, era visível a satisfação dos nossos convidados estrangeiros com aquilo que viram e ouviram, por entre muita alegria e boa disposição. Mesmo com a chuva que teimava em cair lá fora... nc
Um laço que une O mês de Abril foi escolhido para evocar os maus tratos sobre as crianças. E preveni-los. Uma iniciativa simbólica para um problema muito concreto.
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uem se dirige à JFC durante este mês de Abril encontra na porta um laço azul. E pode mesmo perguntar-se o que será. Em 1989, na Virgínia, Estados Unidos, Bonnie W. Finney, amarrou uma fita azul à antena do seu carro. Muitos lhe perguntaram o que era aquilo e Finney contava-lhes sobre os maus-tratos à sua neta, os quais já tinham matado o seu neto de forma brutal por espancamento pela mãe e o namorado desta. Hoje, este laço tornou-se no símbolo de uma campanha internacional de Prevenção dos Maus Tratos na Infância, na qual a JFC é parceira. Durante todo o mês de Abril, os transportes referentes à JFC tiveram um laço exposto no vidro, alusivo à iniciativa, o mesmo que esteve bem visível em todos os serviços de atendimento. Entre os dias 9 e 13 de Abril, todos aqueles que tomaram um café no quiosque da Praça de Campolide, receberam também este símbolo. Nem todos o conheciam, ou sabiam o seu significado e, também por isso, a divulgação se mostrou eficaz desta forma. A encerrar o mês, de 23 a 30 de Abril, a entrada do Posto Médico da JFC acolheu uma emocionante exposição, composta por laços pintados pelos alunos da Universidade Sénior da JFC. Esta é a nossa forma de apoiar as famílias e fortalecer as comunidades nos esforços necessários para prevenir o abuso infantil, a negligência e os maus-tratos. Resta desvendar porquê a cor azul para o laço. Bonnie Finney explicou que não queria esquecer os corpos magoados e cheios de nódoas negras dos seus dois netos. O azul, que simboliza a cor das lesões, servir-lhe-ia como um lembrete constante para a sua luta na proteção das crianças contra os maus-tratos. nc
obras CONCLUÍDAS NA FREGUESIA Um bonito conjunto de canteiros no Bairro da Serafina e a implantação de passeios na Rua Particular ao Arco do Carvalhão são algumas das obras mais recentes em Campolide. Fotografias: João Barata
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Verão vai ser mais colorido, junto aos prédios da Cooperativa da Serafina, graças à intervenção que ali criou um bonito arranjo de canteiros, tendo em conta a arquitectura circundante e as características locais. Uma das preocupações nas obras efectuadas foi assegurar o impedimento de florescimento de espécies arbustivas invasivas, bem como o impedimento de acesso por parte de animais e pessoas. A opção passou por colocar uma tela no chão em toda a extensão, de modo a impedir o crescimento das espécies não desejadas, sem que essa medida afectasse as plantas existentes. Por cima desta tela foi colocada uma camada de brita, contribuindo assim para um arranjo paisagístico mais apelativo. Em todo o perímetro dos canteiros foi colocada uma vedação em madeira, com uma altura de meio metro. “Esta obra foi levada a cabo no âmbito da intervenção no Bairro da Serafina, assumindo a Junta de Freguesia de Campolide (JFC) que essa zona é uma prioridade para nós porque foi abandonada nos últimos anos. Queremos
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reconquistar a confiança da população que aí reside, temos dezenas de intervenções preparadas e uma delas foi a destes canteiros. Este espaço foi reconstruído de raiz, com uma estrutura ecologicamente sustentável, mais à base de madeira e espécies que pudessem consumir menos água”, explica-nos o Presidente da JFC, André Couto. De facto, esta intervenção vem na sequência de outras que o bairro conheceu nos tempos mais recentes, como o Talude criado para a Vila Ferro, as casas de abrigo para arrumação de ferramentas ou as melhorias desenvolvidas junto ao Campo de Jogos. O autarca não esconde a sua satisfação com o resultado final: “a obra correu muitíssimo bem e terminou dentro do prazo. Sentimos, pelas mensagens recebidas, que a população ficou satisfeita com o resultado”.
de passeio colocava em constante perigo todos os Vizinhos e Vizinhas que ali habitam ou por ali passam. “Era das ruas que mais me chocavam em Campolide, uma vez que, por ser próxima de minha casa, a conheço desde criança. Todos passávamos por lá, no acesso à A5, e era uma rua com um trânsito extremamente intenso, que não tinha passeio em nenhuma das margens. Isto dificultava a circulação pedonal e o acesso às casas. Era uma das ruas mais desequilibradas e cruéis da cidade de Lisboa”, sintetiza.
SEGURANÇA RODOVIÁRIA
Esta rua apresenta hoje um grande afluxo de trânsito automóvel por constituir um acesso à A5 e A2, sendo também utilizada como escoamento tanto de Campolide como de Campo de Ourique.
Durante muitos anos, os moradores da Rua Particular ao Arco do Carvalhão lidaram com graves problemas de segurança rodoviária. A ausência
ESTA INTERVENÇÃO VEM NA SEQUÊNCIA DE OUTRAS QUE O BAIRRO CONHECEU NOS TEMPOS MAIS RECENTES
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É unânime que apresentava diversos problemas, como o estacionamento abusivo e a carente circulação pedonal. A escassa largura da faixa de rodagem dificultava o acesso a veículos de emergência e manutenção. Junte-se a isto a carência de algum mobiliário urbano, nomeadamente papeleiras. AS PASSADEIRAS FORAM ELEVADAS À COTA DO PASSEIO, PERMITINDO A CIRCULAÇÃO PEDONAL A CADEIRAS DE RODAS E CARRINHOS INFANTIS
COMÉRCIO E ESTACIONAMENTO Mas os constrangimentos de quem aqui vive não se prendem apenas com construções incorrectas ou mal planeadas: “Um outro problema, era o comércio existente na zona, as garagens e uma loja de antiguidades, serem os principais prevaricadores a prejudicar a qualidade de vida de quem ali vive. E isto segundo o relato que nos foi feito pelos próprios moradores”. As passadeiras foram elevadas à cota do passeio, permitindo a circulação pedonal a cadeiras de rodas e carrinhos infantis, ao mesmo tempo que contribuem para uma maior segurança para os peões, agem como limitadores de velocidade automóvel, funcionando como lombas. Outra medida foi o
uso de dissuasores de estacionamento para garantia da segurança dos peões, impedindo igualmente a continuidade do estacionamento abusivo. E sobre esse aspecto, André Couto assegura que também, ele foi acautelado: “Reduzimos o estacionamento na rua, mas utilizámos um terreno baldio que alcatroámos e onde criámos estacionamento mais abaixo”. Maria Rosa Teixeira mora na Rua Particular ao Arco do Carvalhão desde 1977. Durante muitos anos, o passeio era apenas um desejo dos moradores, “não havia nada, era quase só uma valeta”, compara. Reformada de uma fábrica de material eléctrico, Rosa Redondo, como é mais conhecida pela gente de Campolide, dedica uma boa parte do seu tempo à escrita de poesia, fixando em palavras as suas memórias e pensamentos. A propósito da sua nova rua, não resistiu e fez uns bonitos poemas, que pode ler na pág 17, na nosssa nova secção “O Cantinho do Vizinho”. nc
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“Terminámos com essa situação, não havendo outra solução que não fosse a construção de um passeio, de ambos os lados da via, com as medidas mínimas regulamentares o que, hoje em dia, permite que toda a circulação pedonal feita entre a Calçada da Quintinha e o Bairro da Calçada dos Mestres, a Quinta da Bela Flor e o Arco do Carvalhão, nomeadamente através
do acesso às Amoreiras e a Campo de Ourique, passou a poder ser feito de forma pedonal, através de um passeio digno e seguro, o que pôs fim a inúmeras histórias de atropelamentos naquela rua”, acrescenta André Couto.
A LOJA ONDE VOU: Manuel Caramelo Estofador e Decorador Memórias de madeira O ruído repetitivo, mas discreto, do maço ao encontro do escopro faz-se ouvir em pano de fundo. Tec-tec-tec, lá vai desbastando uma cadeirinha com mais de um século, destinada a acolher os joelhos de alguém durante a confissão. Se as peças de mobiliário falassem… Fotografias: João Barata
EDIÇÃO Nº82 ABRIL 2018
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anuel Caramelo, senhor de uns joviais 73 anos, montou oficina na Calçada da Quintinha há quase meio século, corria o ano de 1971. Vindo da aldeia de Pínzio com apenas um ano, foi acolhido em Campolide, na Vila da Amendoeira, bairro que já não existe. Este sempre foi o seu ofício, entre tecidos, napas, madeiras, estofos, pregos e tachas, colas e pioneses. “Quando vim da tropa, da Guiné, aprendi numa casa na Travessa da Trindade… e aprendi bem”, admite. Por aqui, “faz-se restauro de peças, algumas bastante antigas”, como a referida cadeira, peça de colecção particular herdada pelo seu proprietário, “mas também reposteiros… muita coisa”. Clientes exigentes, é coisa que não falta: “vêm aqui todos os irmãos da família Soares da Costa, os sete filhos… e tenho trabalhado em diversas peças para o Palácio da Ajuda”, revela, com orgulho.
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Na cadeira que está a ser manejada abundam os pequenos furos resultantes da intervenção do bicho da madeira. Aprendemos que não se devem tapar, senão a peça perde valor. “Mas já foi para o expurgo”, sossega-nos, explicando que é uma técnica com gás que mata a bicharada toda e previne o seu regresso. Casado, com uma filha e dois netos, Manuel duvida que seja pela linhagem natural que se dê a entrega do negócio. “A malta nova hoje quer tudo computorizado… as coisas são todas pensadas para usar e deitar fora”, resume. A oficina é dividida com o irmão, Albino, mais novo uma década. Estudaram ambos na escola Comercial Ferreira Borges, Albino trabalhou ainda antes na Av. Infante Santo, depois juntou-se ao mano. “Eu queria ser mecânico, mas há sempre um que puxa pelo outro…”, explica-nos. Manuel tem outra faceta. A viola
eléctrica que lá está em casa, hoje, já não conhece o uso de outros tempos, mas nem sempre foi assim. “Noutros tempos, quando se ouviam os Gatos Negros, e assim… fui muito amigo do Luís Pedro Fonseca”, recorda. Por aqui, a banda sonora mais constante é o martelo de estofador (que, hoje em dia, só se adquire por encomenda), da pistola de ar, de agrafes, o tal escopro meticuloso e sabedor que vai arrancando pedaços desnecessários e devolvendo a dignidade àquele assento onde se ajoelhavam pecadores. O tec-tec-tec prossegue… nc
Manuel Caramelo Estofador e Decorador Calçada da Quintinha 36-B Segunda a Sexta-feira 9h00 - 13h00 / 14h00 - 19h 00 tel: 213 857 203
A RUA ONDE MOR0: Gusmão, o diplomata O seu papel foi fundamental na definição de territórios na América Latina. Alexandre de Gusmão marcou a Diplomacia portuguesa do séc. XVIII.
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artolomeu de Gusmão foi o padre luso-brasileiro que inventou a célebre passarola (referida no Memorial do Convento, de José Saramago), um globo de papel que subiu cerca de quatro metros de altura, utilizando o ar aquecido, antecipando o zepelim. O seu irmão, Alexandre, foi também um visionário, mas no Direito e na Diplomacia. Alexandre de Gusmão nasceu na cidade de Santos, no Brasil, a 17 de Julho de 1695, nono de 12 irmãos, filhos do cirurgião Francisco Lourenço Rodrigues. A sua intervenção foi crucial nas negociações com a Espanha em 1750 (Tratado de Madrid), quando estava em jogo definir os limites das potências, relativamente às colónias na América Latina e na Ásia (isto, depois de violações sucessivas ao famoso Tratado de Tordesilhas). Para a História ficarão também as suas opiniões sobre miscigenação, defendia que não poderia haver uma genealogia intocada no Reino de Portugal, dada a relação mantida por vários séculos com judeus e mouros. Em escritos repletos de ironia, realçava: “queria que me dissessem os Senhores Puritanos se têm notícia que todos fossem Familiares do Santo Ofício?”. Estudou na Bahia e, em 1710, mudou-se para Lisboa. Cinco anos depois, é nomeado secretário da Embaixada portuguesa, na corte de Luís V, em Paris. Em 1720 integrou
uma delegação portuguesa em França, partindo depois para Roma, com estatuto semelhante ao de Embaixador de Portugal na Santa Sé. Em 1740 foi nomeado escrivão da puridade, secretário particular do Rei D. João V. Era ele quem definia as linhas fundamentais que ditavam a política externa portuguesa. Um edital de 14 de Dezembro de 1990 atribuiu o seu nome à antiga Rua dos Chumecos, na Freguesia de Campolide, reconhecendo o seu valor. Ironicamente, com a morte de D. João V (em 1750) caiu em desgraça e ignorância do Poder. Alexandre Gusmão faleceu na miséria, no último dia de Dezembro de 1753. Dois anos depois, a cidade onde passou os seus últimos dias de vida, Lisboa, era varrida em grande parte pelo mais terrível terramoto da sua História, responsável pela destruição de grande parte dos seus escritos e arquivos. No Brasil, onde nasceu, a Fundação com o seu nome estuda e interpreta as grandes questões económicas e diplomáticas da actualidade; em 2017 publicou livros como Direction of Chinese Global Investments ou Brasil - Líbano: Legado e Futuro. Por aqui, a vida pacata prossegue, numa rua cuja placa toponímica homenageia um dos grandes nomes da Diplomacia portuguesa. nc
NOTICÍAS DE CAMPOLIDE
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BREVES ABRIL 2018 ACÇÃO SOCIAL Polícias por um dia
No dia 24 de Março a 37ª Esquadra da Serafina viveu um dia diferente. Um conjunto de crianças do Agrupamento de Escuteiros da Serafina e outras do ADM Estrela, envergaram mini fardas da PSP, participaram na rendição de serviço e apresentação ao Comandante da Esquadra e efectuaram um patrulhamento apeado pelo bairro. O objectivo fundamental era contactar com a população, distribuindo folhetos com conselhos de segurança. Integrada nesta acção, decorreu na Rua da Igreja uma Operação STOP, “comandada” pelos jovens, destinada a transmitir conselhos de prevenção e sensibilização rodoviária. O dia terminou com um animado lanche, novamente na Esquadra.
com idades entre os 5 e os 16 anos durante as férias escolares de Verão. São dois meses de actividades em áreas tão diversas como o desporto, ambiente, cultura, entre outras.
de actividades diárias que asseguram um Verão animado aos seniores da nossa Freguesia. O programa é composto por quatro semanas (16-20 Julho; 23-27 Julho; 30 Julho-3 Agosto e 6-10 Agosto), com um custo de 15 euros para os Vizinhos e Vizinhas com mais de 50 anos recenseados na Freguesia e 45 euros para todos os de outras Freguesias, com a mesma idade. Estão também a decorrer as inscrições para os monitores que ficarão responsáveis por acompanhar este programa. As inscrições podem ser feitas no balcão de atendimento da JFC, de 2ª a 6ª Feira, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 16h00. Basta trazer o Cartão de Eleitor, o Cartão de Cidadão (ou Bilhete de Identidade) e um Termo de Responsabilidade.
ASSOCIAÇÕES Coro da ARPC visita escola
ACÇÃO SOCIAL Verão Sénior
ACÇÃO SOCIAL
EDIÇÃO Nº82 ABRIL 2018
Vamos à Aventura! As inscrições para a edição deste ano do “Vamos à Aventura” já estão abertas, e permanecerão até dia 11 de Maio. O Programa "Vamos à Aventura" é promovido pelo Departamento de Acção Social da JFC. O objectivo é ocupar os tempos livres dos jovens de Campolide
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Em Maio, abrem as inscrições para a edição deste ano do Verão Sénior, conjunto
Dia 21 de Março é também o Dia Mundial da Poesia. Escrita com palavras, expressa pelos actos e pelos sentimentos, ela será sempre uma das manifestações essenciais da condição humana e da capacidade de sonhar.
Associando-se a este dia, o Grupo Coral da Associação de Reformados e Pensionistas de Campolide esteve na Escola Básica Mestre Querubim Lapa para partilhar a sua música e reforçar as relações entre gerações, entre diferentes fases da vida, porque, como resumiu António Gedeão “no poço da morte impura/ goteja a humana agonia/ da angustiosa aventura/ tudo o que fica é poesia”.
ESPAÇOS VERDES Poda prepara chegada do 24 O Departamento de Espaços Verdes da JFC procedeu à limpeza de ramagens ao longo da Avenida Conselheiro Fernando de Sousa. Além de uma manutenção regular relacionada com os aspectos gerais da Segurança, esta acção de poda visa preparar também esta artéria para a passagem do eléctrico 24, cujo início das viagens regulares está para breve. O regresso do 24 é há muito aguardado pelos Vizinhos e Vizinhas de Campolide.
Estes dois poemas foram escritos pela nossa Vizinha, Rosa Redondo, registando a forma como via a sua rua e como a vê agora, depois das obras que lhe damos conta na página 12. É com eles que inauguramos este novo espaço do Notícias de Campolide.
PANORAMA DA MINHA JANELA Dizem que a cidade é bela Enganam-se, com certeza Vejo da minha janela Um cenário de tristeza! Vejo carros deslizando Formando longas fileiras E muita gente passando Apressada, sem maneiras. As ruas são ratoeiras Onde caímos, sem querer Enfeitadas com lixeiras Que ninguém pensa varrer. Eu vejo a cerrar fronteiras Um contraste vergonhoso, As torres das Amoreiras, Olhando o Casal Ventoso. Mais ao longe a lamentar A triste realidade Vejo o Monsanto a chorar P´lo Bairro da Liberdade. E sempre…dia após dia Desde manhã ao serão Ouço a triste sinfonia Dos carros no alcatrão. Sinto uma saudade infinda Da minha Vila pacata, Calma e doce, sempre linda, A Cidade me maltrata.
A minha Rua é aquela Que eu ando agora por ela Muito mais descontraída Era Rua sem passeio De panorama tão feio Que me entristecia a vida. Seu passeio pedonal Era “valeta” igual À berma de qualquer estrada Hoje é vibrante e formosa Fruto d´alma grandiosa, Em bem-fazer empenhada. E perante esta visão Nunca escondo a gratidão E manifesto o encanto. Hoje da minha janela, Vejo quem passa por ela Também avisto o Monsanto. Esta minha nova-Rua É minha…e também tua Sou a sua porta - voz, Não sendo Rua privada Para todos foi criada - A Rua é de todos nós. Março 2018 Rosa Redondo
Agosto 1991 Rosa Redondo Este é um novo espaço aberto a todos os Vizinhos e Vizinhas. Envie-nos um texto, uma carta ou um artigo de opinião sobre a freguesia para: comunicacao@jf-campolide.pt com o máximo de 1000 caracteres (incluindo espaços e títulos). Por questões editoriais, a selecção do artigo a publicar em cada edição será da responsabilidade do Departamento de Comunicação da JFC.
POSTO MÉDICO ESPECIALIDADES ACUPUNTURA ENFERMAGEM MASSAGISTA DENTISTA MÉDICO DE FAMÍLIA TERAPIA DA FALA PSICOLOGIA NUTRIÇÃO
4ª Feiras 2ª e 6ª Feiras 4ª Feiras 5ª Feiras 2ª Feiras 3ª Feiras 5ª Feiras 2ª Feiras 6ª Feiras 3ª Feiras 4ª Feiras 3ª Feiras
09H00/17H00 09H00/12H00 16H00/18H00 09H00/17h00 14H00/16H30 09H00/16H30 14H00/16H30 09H00/12H00 09H30/12H00 14H00/17H30 09H00/12H30 09H00/17H00
PREÇÁRIO I TAXAS* ESPECIALIDADE
ENFERMAGEM
Médico de Família 2€ Dentista 30€ Acupuntura 20€ Massagens e tratamento de lesões musculares e articulares 25€ Psicologia 25€ Terapia da Fala 25€ Nutrição 25€
Injecção Tensão Arterial Pensos Teste de Diabetes
*A JFC não se responsabiliza pelos actos dos especialistas
Preços válidos para recenseados (as)
CONTACTO I 211 955 667
1€ 0,50€ 2€ 0,50€
CONTACTOS ÚTEIS - JUNTA DE FREGUESIA DE CAMPOLIDE Tel: 213 884 607 - Balneário Público da Serafina Tel: 211 979 931 - Pavilhão Polidesportivo de Campolide Tel: 91 38 82 896
SAÚDE - Centro de Saúde de Sete Rios Tel: 217 211 800 - Hospital de Santa Maria Tel: 217 805 000
polícia - BOMBEIROS
O BALOICINHO
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PASTELARIA SNACK-BAR REFEIÇÕES RÁPIDAS
- 21ª Esquadra da PSP (Palácio da Justiça) Tel: 213 858 817 - 3ª Divisão da PSP de Benfica Tel: 217 142 526 - 37ª Esquadra da PSP (Bairro da Serafina) Tel: 213 858 346 - Polícia Municipal de Lisboa Tel: 217 225 200
Rua Prof. Sousa da Câmara, 158 1070-218 LISBOA
Tel.: 21 383 293
- Bombeiros Sapadores de Lisboa Tel: 808 215 215 - Comissão Protecção de Crianças e Jovens Tel: 217 102 600
HIGIENE - LIMPEZAS - HIGIENE URBANA - Recolha de ‘Monos’ (CML) Tel: 808 203 232 - HIGIENE URBANA - Entrega Contentores (CML) Tel: 808 203 232 - Posto de Limpeza de Campolide Tel: 211 328 237 - Posto de Limpeza da Serafina Tel: 211 328 929
TRANSPORTES - CP - Tel: 707 210 220 - CARRIS - Tel: 213 500 115 - METRO - Tel: 225 081 000 - TAP - 707 205 700 - FERTAGUS - 707 127 127 - VIMECA - 214 357 472
Novo horário Balneário público 2ª feira das 9h30 Às 12h30 4ª feira das 18h30 Às 21h30 6ª feira das 9h30 Às 12h30 Sábado das 16h00 Às 19h00 encerra 15 minutos antes do horário do fecho
Rua miguel Ângelo de Blasco no Bairro da liberdade, ao lado da psp
tel: 211 979 931
DIVERSOS - EPAL - Faltas de Água Tel: 800 222 425 - EPAL - Comunicação de Roturas na Via Pública Tel: 800 201 600 - Casa dos Animais (Canil/Gatil) Tel: 218 172 300 Fiquei sem eletricidade. O que devo fazer? Primeiro, tente identificar a origem da falha. Verifique se existe luz na rua, se os vizinhos têm luz, se tem os pagamentos em dia ou se algum equipamento fez "disparar" o disjuntor/quadro. Caso não encontre o problema, ligue: 808 100 100 (EDP Distribuição)
TODA A INFORMAÇÃO NA PALMA DA MÃO
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