JG NewS
ANO XXII - EDIÇÃO 230 - DEZEMBRO DE 2017
Maria Bethânia em Portugal
- COMENTÁRIOS - LANÇAMENTOS FONOGRÁFICOS - LANÇAMENTOS INSTRUMENTAIS - ENTREVISTAS - REPORTAGENS
JG NEWS, ANO XXII, ED. 230, DEZEMBRO DE 2017
Caderno Especial ECAD
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MA TRIZ: PRAÇA MAHATMA GANDHI, 2, MATRIZ: GRUPOS 709 E 710 CENTRO, RIO DE JANEIRO, RJ CEP 20.031-100 TELEFONE ONE: (21) 2220-3635 TELEF ONE E-MAIL: sbacem@sbacem.org.br 2
JG NEWS, ANO XXII, ED. 230, DEZEMBRO DE 2017
Alberto Guimarães
Os Grandes Sucessos de Maria Bethânia em Portugal
PORTUGAL EXPEDIENTE Editores Antonio Braga e Jorge Piloto Colaboradores Elias Nogueira, Alberto Guimarães, Márcio Paschoal, Robson Candêo, Patrícia Rodrigues, Nido Pedrosa e Fábio Cezane.
Comercial Rio de Janeiro Antonio Braga Whatsapp: 22 98828-0041 CEL: 21 98105-4941 bragaa@gmail.com Bahia Jorge PIloto (71) 98647-7625 (71) 9922-1828 jorge.piloto@yahoo.com.br Redação: Rua Cristóvão Barcellos, 11/103, Laranjeiras/ Rio de Janeiro, RJ CEP 22.245-110 Os artigos assinados são única e exclusivamente de responsabilidade de seus autores. Maria Bethânia voltou em outubro aos palcos portugueses onde é presença constante e regular. A grandeza de Bethânia e o enorme número de pessoas que a querem ouvir e ver, fazem com que os seus tablados naturais só possam ser palcos mores como o do Coliseu de Lisboa onde se apresentou nos dias 21 e 22, e o do Coliseu do Porto onde esteve no dia 25. Foi no Porto que presenciamos o show de Bethânia, apresentado como GranJG NEWS, ANO XXII, ED. 230, DEZEMBRO DE 2017
des Sucessos de Bethânia, um revisitar de temas marcantes dos seus 50 anos de música. Um show já testado com sucesso em diversas cidades do Brasil e que agora atravessou o oceano. "Eu ouço Bethânia todos os dias", dizia num dos corredores do Coliseu do Porto, uma admiradora da cantora de Santo Amaro. Desde quando em meados dos anos sessenta rumou da Bahia para o Rio de Janeiro, onde substituiu Nara Leão no espetáculo Opinião, e so-
A revista JG News é a continuação, em formato revista, do Jornal das Gravadoras, fundado em novembro de 1996 pelo jornalista Antonio Sergio de Farias Braga, Registro Profissional 18.851 L87 fl8v, emitido em de 16/09/1986. 3
As fotografias do show de Maria Bethânia são da autoria de Bruno Ferreira e foram gentilmente cedidas por Palco das Artes e pela produtora em Portugal de Grandes Sucessos de Bethânia, a Everything is New.
bressaiu com a interpretação sentida e vigorosa de "Carcará", que Maria Bethânia tem um público que segue o seu trabalho com paixão e a ela assiste sempre num processo de mútua entrega. Os show de Bethânia têm algo de liturgia. Através da música, da poesia e da dramaticidade, ela induz uma comunhão de quem a ouve com dimensões transcendentes, mesmo na interpretação de canções românticas. Maria Bethânia é de Nossa Senhora e Iansã, é de Oxum. Doce e arrebatada. A presença na música popular brasileira de Maria Bethânia faz-se singularmente e ninguém como ela atinge dimensões iguais. Grande intérprete, baseia-se numa escolha criteriosa entre o corpus de vários tempos da MPB. Também o público português não podia deixar de se aproximar de Bethânia, como aconteceu no Coliseu do Porto, numa noite cálida, embora já de outono. Acompanhada por excelentes mú4
sicos como Túlio Mourão ou Jorge Helder, Bethânia assinalou uma presença brilhante no palco. "Brilhante, ê! De noite dentro da mata / Na escuridão luz exata vejo você / Divina, ê! Diamantina presença / Na solidão de quem pensa só em você". Outras palavras como estas de Caetano Veloso delimitam um tempo/ espaço mágico quando Bethânia surge agigantada no palco. Depois foi a vez de temas como "O Quereres" A Dona do Raio e do Vento", "Onde Estará o Meu Amor", "Estado de Poesia"… Momento tocante foi "Gisberta", canção do portuense Pedro Abrunhosa sobre Gisberta, transexual cruelmente assassinada alguns anos atrás não muito longe do Coliseu do Porto. O drama de Gisberta comove e perturba porque, apesar de tudo, "O amor é tão longe". Com Gisberta " Apagaram-se as luzes / É o futuro que parte". E Bethânia, no seu vestido brilhante saiu por momentos do palco onde deixou os
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músicos qua a acompanhavam. O show, ou o rito, continuou com " Cálice", mais canções e pedaços de poemas. A música e a poesia com que Maria Bethânia viaja merecelhe uma gratidão que ela enfatizou no seguimento do show. A Amália Rodrigues e Sophia de Mello Breyner. A Vinicius de Moraes e Naná Vasconcelos. Cantando um excerto do Frevo Nº. 2 e com uma tela ao fundo mostrando imagens do Carnaval de Recife, Bethânia referiuse com saudade ao percussionista Naná Vasconcelos, falecido o ano passado, como "a mais nova estrela que brilha no céu do Recife". Dorival Caymmi, Dona Edith do Prato, Baden Powell, Caetano Veloso, Chico Buarque, Dona Ivone Lara, muita gente que tem passado pela vida e pela carreira musical de Maria Bethânia receberam dela um Saravá!. Porventura porque em Portugal, e para lembrar ainda mais Amália, Bethânia cantou um fado do repertório amaliano: "O Meu Amor É JG NEWS, ANO XXII, ED. 230, DEZEMBRO DE 2017
PORTUGAL Marinheiro", de António Campos e Joaquim Pimental. Maria Bethânia, tributada também pelo público do Porto, não lamenta os anos que dedicou aos shows, aos discos. Nem a vida com o seu bem e todo o seu mal. No final da sua prestação no Coliseu do Porto juntou significativamente "Começaria Tudo Outra Vez", de Gonzaguinha e "Je Ne Regrette Rien", canção francesa que Édith Piaf tornou bem conhecida. Voltaria ao palco, tais os fortes e incessantes aplausos do público, para cantar A Cappella "Explode Coração", também de Gonzaguinha. E todos deixaram a bela e imponente construção de arquitetura modernista que é o Coliseu do Porto com mais luz no coração e na alma. "Esquecer, não… / Esconder, não… / Brilhante, ê!"
Negue: Uma consagração de Adelino Moreira por Bethânia Um dos momentos mais altos do show de Maria Bethânia foi a interpretação fervorosa de "Negue", de Adelino Moreira (parceria com Enzo de Almeida Passos). " Diga que já não me quer /negue que me pertenceu / que eu mostro a boca molhada / e ainda marcada pelo beijo seu". Esta composição acompanha as apresentações de Bethânia desde 1978, quando o LP Álibi, atingiu picos de vendas. "Negue" é um inspirado e inspirador samba-canção que se cola agora a um exercício sensual e dramático bem próprio de Bethânia. Gravado seis décadas atrás por Roberto Vidal, conheceria sucesso na voz de Carlos Augusto. Posteriormente Nelson Gonçalves JG NEWS, ANO XXII, ED. 230, DEZEMBRO DE 2017
também o gravou, assim como Cauby Peixoto, Agostinho dos Santos ou Ney Matogrosso que o registou com o violinista Raphael Rabello. " Negue teve ainda gravações no exterior do Brasil como a da falecida cantora de Cabo Verde Cesaria Evora, acompanhada pelo pianista cubano Chucho Valdés. Pese a excelência de todas essas versões, "Negue" é território condizente com a carga dramática característica de Maria Bethânia e que se lhe presta para exprimir sensualidade e emotividade em grau elevado.
Quando "Negue" agora se fez ouvir no Coliseu do Porto, entoada de leve pelo público que depois aplaudiu vibrantemente, num canto do céu Adelino Moreira certamente sorriu por sentir a energia que "Negue" fez correr ali. Bem perto de Covelo, Gondomar, onde o compositor nasceu e de onde partiu para o Brasil. "Negue" reveste-se como um saliente indício da obra intemporal e de grande valia musical e poética de Adelino Moreira. Uma obra para continuar a ouvir e descobrir em toda a sua extensão. 5
INSTRUMENTAL
OLHA PRO CÉU, décimo disco solo de TOMÁS IMPROTA Um trabalho onde o personagem principal é o seu piano O pianista, arranjador e compositor Tomás Improta lança o CD "Olha pro Céu", onde interpreta músicas de Tom Jobim, Ary Barroso, Edu Lobo e Torquato Neto, Villa-Lobos e Cole Porter, além de composições próprias. As sete canções de "Olha pro Céu" são executadas ao piano por Tomás, e apenas duas das músicas trazem participações de outros instrumentos, o contrabaixo acústico e o violão. As gravações, feitas com muita tranquilidade, tiveram início em novembro de 2015 e terminaram em abril de 2016, no Rio de Janeiro. Aos 69 de idade e 47 de carreira, Tomás Improta chega ao seu décimo CD solo: "Esta é uma marca que muito me orgulha, principalmente porque estamos num país onde quase não há espaço para a música instrumental. 'Olha pro Céu' é especial também porque faz um interessante contraponto estético em relação ao meu CD anterior, 'A Volta de Alice', que tem estilos e timbres muito variados, inclusive eletrônicos, com quase vinte músicos envolvidos nas gravações, bem diferente do 'Olha pro Céu', que é um disco destacando o piano." A faixa-título Olha pro Céu, de Tom Jobim, abre o CD. Tomás faz uma emocionante releitura desta canção, comprovando a imortalidade da obra do mestre Jobim. Em seguida, temos as consagradas Risque (Ary Barroso) e Pra Dizer Adeus (Edu Lobo e Torquato Neto). A próxima música, Poema Singelo, de Heitor Villa-Lobos, tem um significado especial para Tomás 6
Improta, pois Villa-Lobos faz parte da história da sua família, sendo responsável pela vinda de sua mãe de Bauru para o Rio de Janeiro. A autoral Silvestre: Nascente do Rio Carioca, inspirada na beleza desse rio e suas paisagens, traz a participação do contrabaixista Tony Botelho. A única música internacional do CD, I Concentrate on You, de Cole Porter, é uma das preferidas de Tomás. Escolhida entre tantas obras-primas do compositor americano, esta gravação conta com a participação do violonista Gabriel Improta, filho de Tomás Improta. A contemplativa e também autoral Karen B. fecha o CD. UM POUCO SOBRE TOMÁS IMPROTA Nascido em uma família de músicos clássicos, filho do pianista e crítico de música clássica Eurico Nogueira França e da pianista erudita Ivy Improta, Tomás Improta começou a compor e a improvisar ao piano desde muito cedo. Recebeu aulas de grandes mestres do piano clássico e popular. Estudou composição com os eminentes professores Marlos Nobre e Francisco Mignone, e ainda adolescente, na década de 60, apaixonado principalmente pela bossa nova e pelo jazz, Tomás participou de vários grupos destes gêneros. No início da década de 1970, começou a tocar com cantores como Luiz Melodia, Lúcio Alves e Zezé Motta, entre outros, até que em 1976 foi convidado a participar do grupo "Os Doces Bárbaros". E além de Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Gilberto Gil, com os quais tocou por mais de 10 anos e gravou cerca de 20 discos, Tomás
trabalhou com outros expressivos nomes da nossa música como Chico Buarque, Elizeth Cardoso, Djavan, Baden Powell, João Bosco, Elba Ramalho, Nara Leão, Toninho Horta, Raul de Souza, Rosinha de Valença e Dominguinhos, entre muitos outros. Tornou-se um dos pianistas mais requisitados do país e foi eleito na década de 1980, pelo "Jornal da Música", como o melhor tecladista nacional. Também realizou muitos shows no exterior, entre eles no Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, onde se apresentou em três edições. Compôs e gravou para o cinema, incluindo a premiada trilha de "Bar Esperança", de Hugo Carvana. Trabalhou também em musicais em teatros, e em diversos shows e novelas na TV. A partir de 1990, Tomás passou a se dedicar ao trabalho autoral. Desde então, gravou 10 CDs, entre eles dois CDs de conteúdo didático. O CD "A Volta de Alice", lançado em dezembro de 2015, teve excelente avaliação da crítica especializada de diversas regiões do país. Tomás Improta lança agora o CD "Olha pro Céu" (Sonora, 2017).
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PatrÃcia Rodrigues
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Elias Nogueira
ARTISTA EM DESTAQUE
O Baile “Flashback” de Ed Motta aconteceu como nos anos 1970 Todos cantando FOTO ELIAS NOGUEIRA e dançando, tinha até passinhos com coreografia; na hora da "lentinha" (música lenta) todos procuravam seu par. Sinceramente, depois de longos, mais de 20 anos, pude assistir ao show o Ed Motta e sair feliz. Show popular foi a melhor ideia que Ed Motta teve com isso trouxe o publico para ficar junto a ele. Foram músicas da soul music, funk music dos anos 1970 e inicio 1980. "O Baile do Flashback é um projeto que sempre me foi cobrado pelas pes- amente conhecidos, casos como B. soas que acompanham meu traba- B. & Q. Band, McFadden & Whitelho. Sempre existiu uma curiosida- head, Shalamar e clássicos de de em escutar minha voz em clás- Earth, Wind & Fire, Al Green, Dionne sicos recentes da música, recebi Warwick, Kool & The Gang e Stevie emails por anos com esse pedido. Wonder dentre outros. Resolvi montar o show com a aju- O caminho principal do show é o da preciosa do diretor musical e pi- soul/funk das décadas de 1970 e anista Michel Lima, que fez os ar- 1980, mas aparecem também baranjos e me ajudou a montar a ban- ladas românticas, as chamadas de da", confessou Ed Motta. lentinha, como "Take Me Now" do O repertório do show é permeado David Gates (Bread 1981). com temas que tocam até hoje nas No repertório nacional, músicas que rádios segmentadas; músicas que não poderiam ficar fora como: as pessoas conhecem, mas seus Colombina, Fora Da Lei, Manoel, intérpretes não ficaram, necessari- Vendaval, Tem Espaço Na Van etc. 8
Ainda sobre o baile: O single que faz parte do projeto "O Baile Do Flashback" foi lançado com a música do Gino Vannelli "Living Inside Myself" (Spotify) - na gravação participaram: Sergio Melo (bateria), Alexandre Katatau (baixo), Renato Fonseca (teclados), Bombom (guitarra) - Ilustração e design: Edna Lopes, gravado e mixado por Edu Costa e produzido e arranjado por Ed Motta. * Show realizado no Imperator Centro Cultural João Nogueira Méier, na Zona Norte do Rio de Janeiro, em 27 de outubro de 2017. JG NEWS, ANO XXII, ED. 230, DEZEMBRO DE 2017
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Márcio Paschoal
paschoal3@gmail.com
MANTRAS
A importância do som - por mais que cantores e compositores populares insistam no contrário - vem de remotas convicções. O som é místico. Todos os rituais religiosos são cantados; não há seita, por menos espiritualizada que seja, que não possua seus hinos ou cânticos. Os sons que elevam o espírito são os mantras ou os sons místicos e sagrados. A origem dos mantras está num dos textos sagrados da Índia (os Vedas), um livro de cantos métricos divididos em dez discursos denominados mandalas. Por essa razão, muitos traduzem do sânscrito a palavra mantra como hino ou discurso cantado. A Igreja católica possui os seus mantras, e um dos mais famosos é o missal hoc est corpus meum ("este é o meu corpo"). Quem já ouviu tantum ergo, no canto gregoriano (sacramentum veneremur cernui et antiquum documentum novo cedat ritui praestet fides suplementum), não sabe, mas devia crer piamente que o sacramento é tão grande que a fé suprirá a fraqueza dos sentidos. São palavras que tomam força e sabem do poder de sua repetição. A música erudita também produziu seus mantras, como podemos observar no Bolero de Ravel (Maurice), uma obra musical de um único movimento, escrita para orquestra e originalmente composta para balé. A obra segue (ou persegue?) um ritmo uniforme e invariável. São quatorze minutos e dez segundos, em que a única sensação de mudança é dada pelos efeitos de orquestração, com um crescendo progressivo digno de nota (aliás são notas em dó maior, só passando a mi maior 10
CRÔNICA
perto do final, repetidas cento e sessenta e nove vezes, em dois compassos em ostinato). Não à toa o Bolero é tocado na Praia do Jacaré, em Cabedelo, na Paraíba, todo pôr do sol. Não me pergunte por quê. A força dessas melodias, propositadamente repetitivas, aliada às palavras certas, explica sua posteridade. As palavras seguem seu ritual e podem ser bem avaliadas nos hinos dos países ou em certas invocações revolucionárias, como no Allons enfants de la patrie, da Marseilhesa, ou no Star-splanged banner. Esse, mais por imposição de sua popularidade, já que era uma canção de taverna com uma letra de um poeta amador. Coisas da América, talvez o American way of singing. Nosso maior mantrista popular foi, sem dúvida, Lamartine Babo, que compôs a maioria dos hinos dos clubes cariocas de futebol, entre eles, o mais belo, o do América (time do coração), o do São Cristóvão (o menos famoso) e o do Flamengo (o mais cantado). O "uma vez Flamengo, sempre Flamengo..." é poderosíssimo mantra. Só quem torce pelo Botafogo, Vasco ou Fluminense não percebe. Outro bom exemplo de crescendos e mantras é o final de Hey Jude, no piano de Paul McCartney; ou ainda, para se ficar no universo Beatle, o yeah-yeah, bordão das canções iniciais capitaneadas por Lennon. Aqui, a tradução nacional cometeu a bárbara (no seu sentido mais visigodo) versão, ainda apondo o epíteto real: os reis do iê-iê-iê. Valha-me Deus. Sem intenções de radicalizar, admite-se também como mantra os tor-
turantes hinos do funk, que irmanam, na pobreza vocabular e na aridez da marginalidade, os infelizes da periferia, os sem som e os idiotas junkies da classe média. O que cause estranheza é esse tipo de repetição sonora ganhar cada vez mais adeptos, apesar de a Física procurar explicar que as ondas sonoras não se propagam no vácuo. Um contrassenso, sem dúvida. O silêncio é um mantra. Os monges dervixes tapam os ouvidos para meditar e girar; uma tribo da PapuaNova Guiné mutila as orelhas para comunicação divina, e entre algumas tribos nômades da Palestina descobriu-se o ritual do silêncio enchendo os ouvidos com lama. O silêncio é um mantra que vale ouro. A fase surda de Beethoven pode dar luz ao mistério da genialidade. Pensa-se melhor no silêncio. Fica a pergunta de quando ocorrerá essa ausência total da sonoridade, a morte do som. O escritor Markus Zusak, no romance A menina que roubava livros, toma a morte como narradora. Ela (a morte) garante: "Depois da minha chegada, o único som que se ouvirá será o da minha respiração, além do som do cheiro dos meus passos." Dito de outro modo, mesmo no vazio do som, no extremo silêncio, escutarse-ão os passos e o seu cheiro. E como distinguir a onomatopeia do silêncio, uma vez que da morte nada saberemos? Aquele "shhh" do cala a boca aí, que todos fazem, qual a origem? Aparentemente, o som seria universal, pois em todas as culturas, se você fizer o "shhh" (mesmo sem dedo na boca) as pessoas farão silêncio. Estranho, não? JG NEWS, ANO XXII, ED. 230, DEZEMBRO DE 2017
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Fábio Cezanne
LANÇAMENTO
Astronauta Discos comemora 18 anos apostando na renovação da música brasileira Criado em 1999 pelo produtor Leonardo Rivera, selo lança CDs de Ju Martins e Paul Rock, dentre outros, e se torna referência em consultoria artística no Rio O selo Astronauta Discos surgiu em 1999, quando o ex-label manager e A&R da PolyGram, Leonardo Rivera, assinou a distribuição e vendas dos produtos com a Universal Music. Atuante desde então, é referência como plataforma de lançamento de novos artistas - nos segmentos pop/rock, eletrônico e MPB alternativa. A Astronauta Discos já lançou CDs de Galaxy (Beto Lee), Autoramas, Luis Capucho, Coyote Valvulado, O Divã Intergaláctico, Senhor Kalota, Ju Martins e Paul Rock entre outros. O selo faz a representação artística e a consultoria estratégica para a pré-produção, produção, lançamento, divulgação e distribuição de álbuns de artistas que, se não fossem pelo selo, talvez jamais tivessem lançado seus álbuns de estreia. "A proposta é justamente a mesma utilizada quando se trata do primeiro emprego. O artista chega verde e sai mais maduro, com novas perspectivas e um ano de consultoria estratégica pensada especificamente para ele, para sua obra e colocação no mercado. Além disso, a finalização é a profissionalização e o seu lançamento oficial com nosso label", diz Rivera, que indicou a contratação do Farofa Carioca (ainda com Seu Jorge) para a multinacional, em 1997. "Eu sou jornalista e já escrevia sobre bandas novas e artistas independentes antes de revelá-los", explica. Todo ano o elenco da Astronauta se renova e lança novos produtos. O selo está sempre ouvindo novos talentos, fechando parcerias e atendendo clientes com distribuição e vendas, física e digital, da Tratore, e edições musi12
cas da Warner/Chappell, e é afiliada à Abramus. Nos últimos dois anos a Astronauta Discos lançou CDs da cantora e compositora Ju Martins e do cantor e compositor Paul Rock. Ju Martins finalizou a gravação e mixagem do seu álbum, "Heyo", nos estúdios da Warner/Chappell, na Gavea (RJ), enquanto Paul Rock conquistou a participação especial de Zé Ramalho na faixa "O Bravo Cantador". Também saíram pela Astronauta o relançamento, em CD Digital, do disco original de 2001 da banda Mr Sombra, com ilustres participações de Cássia Eller, Lan Lan e Nabby Clifford; os cinco relançamentos de albuns da banda eletrônica indie dos anos 90, Ima Metzaltzelin,; alem do single de "Vamos Fazer Um Filme", canção de Renato Russo gravada pela Legião Urbana e que, nesta gravação, aparece na voz de Ju Martins - que gravou a faixa para o um projeto especial em homenagem ao Renato.
Ju Martins (Link do Spotify: https://open.spotify.com/ album/1saQGLQ2LzppdzUVaMgKkZ)
single de "Vamos Fazer Um Filme" na voz de Ju Martins (Link do Spotify: https://open.spotify.com/ album/62oOBznZL3SpMqp8LjciMp)
Paul Rock (Link do Spotify: https://open.spotify.com/ album/0L2EPiGGKcBeUfzrpr6WI9)
Mr Somba (Link do Spotify: https://open.spotify.com/ album/1rT1lyFmBxxpYCCfJNcoNo)
Ima Metzaltzelin (Link do Spotify: https://open.spotify.com/ artist/18cpZnj6pHWF5ccaVi7a7m)
Quem já gravou ou participou de gravações e shows com a Astronauta Music? Autoramas, Cassia Eller, Lan Lan, Nabby Clifford, Luis Capucho, Mathilda Kovak, Lucinha Turnbull, Suely Mesquita, Beto Lee, Zé Ramalho, Júpiter Maçã, Marcos Sacramento, Luciana "Tigra" Pestano, Tatiana Dauster, Gilber T, Chico Chico, Julia Vargas, João Mantuano, Rodrigo Garcia, DJ TataOgan, Ju Martins, Paul Rock.
Conheça o site oficial: www.astronautadiscos.com Link do selo na Tratore: http:// w w w . t r a t o r e . c o m . b r / um_selo.php?id=8#relaciona
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Robson Candêo
LANÇAMENTOS
MUSICANDO Novo álbum do Foo Fighters - Concrete and Gold é demais, mesclando músicas mais leves com outras mais roqueiras. Superou minhas expectativas. Tem tudo para ser um grande sucesso. Uma boa surpresa foi ouvir o CD The Aviary da dupla sueca Galantis que nesse segundo trabalho traz música eletrônica de qualidade - letras e melodias bem harmonizadas. Quem também traz um ótimo lançamento é Jack Johnson, álbum All The Light Above it Too, com linha romântica, bem praieira, deliciosa! E que tal o álbum Songs of Bob Dylan, interpretado pela grande cantora Joan Osborne (não confundir com a família Osbourne), que traz as músicas de Dylan executadas em estilo próprio, meio country - vai agradar sim muita gente. Greatest Hits Live, do cantor e compositor britânico Steve Winwood, 14
faz um apanhado da sua carreira com clássicas como "I'm a Man", "Back in the High Life Again" e a fantástica "Gimme Some Lovin'". Show! Julio Iglesias lançou Dois Corações, seguindo a sua linha romântica de sempre, regravando grandes hits internacionais como "My Sweet Lord", "Careless Whisper", "How Can You Mend a Broken Heart" junto com algumas clássicas lançadas por ele mesmo. No time nacional, um bom título para os amantes da boa MPB, o título Piano, Voz e Jobim, executados por Augusto Martins (voz) e Paulo Malaguti Pauleira (piano) em 15 grandes canções de Tom Jobim, como "Luiza", "O Morro Não Tem Vez" e "Retrato em Preto e Branco". Para comemorar os 40 anos de estrada, o sexteto feminino As Frenéticas, lançou um pack - 40 Anos de Dancin' Days - com 4 CDs recheados de grandes hits que elas emplacaram no auge da era disco. Tem "Dancin'Days", "Perigosa", "O Preto que Satisfaz" e infantis que fizeram parte de álbuns clássicos como "Aula de Piano" e "O Pintinho", também tem versões em espanhol, regravações de hits de outros artis-
Robson Candêo escreve para o blog www.blurayedvdmusical.blogspot.com
tas e muito mais. G u i l h e r m e Arantes, um dos nossos ícones ro m â n t i c o s , lançou Flores & Cores, que traz o bom e velho estilo do cantor - romântico com uma pegada pop, para os fãs se deliciarem. E os Tribalistas (trio formado por Marisa Monte, Nando Reis e Carlinhos Brown) finalmente lançaram um novo álbum depois de um longo hiato. Não é de se esperar todo o sucesso que fizeram da outra vez, mesmo assim é um bom trabalho para os que curtem essa MPB quase alternativa. E para as crianças, vai uma dica de um álbum que ajudará muito a introduzir os pequenos nas músicas dos adultos - álbum Música de Brinquedo 2 da banda Pato Fu, - executado todo com instrumentos de brinquedos, e vozes de bonecos de fantoches complementando a doce voz da Fernanda Takai. Entre as músicas clássicas tem "Palco", "Kid Cavaquinho", "Private Idaho", "Every Breath You Take" e muito mais. JG NEWS, ANO XXII, ED. 230, DEZEMBRO DE 2017
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Nido Pedrosa
MERCADO MUSICAL
SOPRANO, ALTO, TRANSVERSAL & PÍFANOS O Som de Dau Barros Nesta edição vamos relatar um pouco da trajetória de Jadson Barros do Amaral, um ótimo Flautista-Saxofonista mais conhecido como Dau Barros, compositor, arranjador e músico especialista em flauta transversal, pífanos, sax soprano e sax alto, nascido em Serra Talhada, interior de Pernambuco, desde criança grande admirador de música. Pergunto ao Dau Barros como foram seus primeiros contatos com a música, como foi o início de tudo neste oficio e ele nos conta uma história muito interessante: 'Um belo dia vinha descendo da escola para casa. Tinha mais ou menos oito anos, achei um pedaço de cano de "PVC" na rua, sem nenhuma intenção, apanhei e levei comigo. Cheguei em casa doido para brincar. Tirei a farda da escola e fui encontrar meus amigos que já estavam brincando de bolade-meia. Deixei meu pedaço de cano em um canto da parede da casa de um grande amigo, conhecido por Antonio Mocinha e fui brincar também. Seu pai, Chico Tonhé, era um velhinho meio carrancudo e às vezes brincalhão. Não sabíamos quando ia reclamar ou brincar. "Seu Chico", pegou meu pedaço de cano, retirou um pequeno canivete do bolso e sem falar nada, começou a fazer furos no mesmo. Confesso que fiquei chateado, pois o cano era meu, mas fiquei quieto, não sabia como andava seu humor? Perto da hora do almoço, todos já tinham ido para casa, menos eu, fiquei esperando meu pedaço de cano, mesmo todo furado. Sentei no meio fio 16
de costas para ele e, de repente, me surpreendi com um som que vinha do local onde estava. Era a música "Assum Preto" de Luiz Gonzaga. Aquele som me emocionou profundamente, pois sabia que era alguém tocando e como tocava bem o velho! Olhei para traz e vi meu pedaço de cano com sete furos, sendo seis para colocar os dedos e um para colocar nos lábios. Estava feito meu primeiro instrumento musical. Nesse dia, ele tocou várias músicas, sendo a maioria de Luiz Gonzaga. Eu calado e emocionado vendo aquilo, não sabia o que dizer. Queria mesmo era dizer que aquele cano era meu, mas não sabia como estava seu humor? Até que chegou o momento de também ir para casa, pois já tinha sido chamado várias vezes para entrar... Quando eu estava entrando no portão, ouvi uma voz chamando: "Ei minino, esse cano é seu?" Respondi que sim e continuei: Mas se o senhor quiser, pode ficar! Falei isso com o coração na mão, mas graças a Deus ele disse: "Leve, eu fiz esse Pife
pra você". Sem dúvida nenhuma, esse foi um dos dias mais felizes da minha vida, pois mesmo feito de um pedaço de cano, eu tinha ganhado um instrumento que tocava de verdade. Não demorou muito tempo, já estava tocando várias músicas de Luiz Gonzaga e Trio Nordestino. Num certo dia, na calçada da minha casa, passou um senhor que morava duas casas depois, perguntando quem estava tocando aquele Pife, pois sendo ele deficiente visual não sabia se era adulto ou criança. E alguém respondeu: "É apenas uma criança de oito anos de idade". Ele chegou perto de mim e disse: "Gostei muito de ouvir você tocando, é assim que começa." E foi embora. Quando foi na semana seguinte ele me chamou. Estava com três instrumentos iguais ao meu, sendo que eram feitos de Taboca, cujo som é mais bonito. Fiquei encantado com a perfeição. Como uma pessoa que não enxerga faz algo tão bem feito e para minha surpresa, ele também tocava muito bem, igual a Seu Chico. E para aumentar minha felicidade, me deu os três "Pifes". Como cabia na cabeça de uma criança que era fascinada por música, que no espaço de, mais ou menos, dois meses sua vida tinha se transformado tanto? A minha felicidade estava ao meu lado. Nas mãos dos meus vizinhos e eu não sabia. Nada acontece por acaso. Esse foi o meu primeiro contato de verdade com a música, pois esses instrumentos tão rudes abriram todos os caminhos para que chegasse aonde eu JG NEWS, ANO XXII, ED. 230, DEZEMBRO DE 2017
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MERCADO MUSICAL cheguei. Os anos se passaram, aprendia cada vez mais. Em 1977, fui morar em Recife-PE e após um tempo comprei uma "Flauta Doce", logo estava tocando em festivais e apresentações na escola. Aos dezoito anos, com uma pequena herança que meu pai me deixou comprei minha primeira flauta transversal e fui estudar no CPM - Conservatório Pernambucano de Música onde permaneci por onze anos. Hoje graças ao meu talento, esforço, dedicação e perseverança e a estes dois maravilhosos vizinhos e "Mestres", já tenho trinta e cinco anos de carreira como músico profissional. Se você tem um sonho, não desista, pois pode estar em qualquer canto. Até mesmo nas mãos de um vizinho do lado, mesmo que não seja Chico Tonhé ou o Ceguinho do Cipó.' finaliza Dau Barros. Hoje, mesmo com sua carreira consolidada, Dau continua se dedicando cada vez mais aos estudos, particularmente ao estilo Chorinho. Acompanhou vários artistas de prestígio nacional, a exemplo de Cauby Peixoto, Xangai, Trio Nordes-
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tino, Agnaldo Timóteo, Orquestra Madrigal Soares, Biafra (em shows realizados no Recife-PE) e também, artistas de prestígio local e Regional (Pernambuco e Nordeste) como Maciel Melo, André Rio, Israel Filho, Paulo Matricó, Tonino de Arcoverde, Cristina Amaral entre outros e recentemente, participou de algumas turnês internacionais: Arequipa e Lima (no Peru); Santiago (no Chile) e Buenos Aires (na Argentina). Dau Barros atua em cerimoniais e eventos em geral com grupo próprio. Músico versátil com experiência em tocar de ouvido, lendo ou escrevendo partituras e tem experiência em vários estilos musicais co-
mo MPB, Chorinho, Forró, Bossa Nova, Frevo, Samba, Jazz, Pop, Maracatu, Valsa dentre outros. Está também cursando Licenciatura em Música, mas já atuou como professor musical no Colégio Salesiano de Arcoverde-PE, no Conservatório de Música de Jaboatão-PE, participou de quatro edições do FIG Festival de Inverno em Garanhuns-PE, Projeto Leão do Norte do SESC, acompanhando o compositor-cantor Paulo Matricó. Em 2016, participou do São João em Caruaru-PE e Campina GrandePB acompanhando o cantor - compositor Maciel Melo. Atualmente está apresentando seu trabalho solo com seu Grupo de Chorinho e participando como integrante da Orquestra de Frevo do Paço do Frevo no Recife Antigo, Bairro do Recife-PE, que conta com a direção do Maestro Spok. Para contatos, acessar: www.facebook.com/daubarros Site: www.jbaproducoes.com.br E-mail: jadsondau@oi.com.br
JG NEWS, ANO XXII, ED. 230, DEZEMBRO DE 2017
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INSTRUMENTOS EM DESTAQUE BANJO ESPECIAL
Banjo Algarvea Clave Sonora Em madeira natural; braço em cedro; fundo e faixa em marfim imperial; aro de alumínio; cordal de aço carbono; pele animal. Versatilidade; Pegada anatômica e timbragem única, som singular harmônico. Instrumento calibrado e pronto para estudantes e profissionais da área. Melhor custo benefício do mercado. À venda nas melhores e mais importantes lojas de instrumentos musicais do território nacional. Vale a pena conferir!
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O Ecad é a instituição responsável por defender os direitos autorais dos artistas que têm suas músicas tocadas em emissoras de rádio e TV, shows, eventos, internet, bares, restaurantes, casas de show, lojas, boates, cinemas, academias, hotéis etc. Seu principal desafio é conscientizar toda a sociedade sobre a importância do direito autoral para a cadeia produtiva da música. Criado para centralizar as atividades de cobrança e distribuição dos direitos autorais de execução pública musical, o Ecad facilita o processo de autorização para o uso de qualquer música. Com mais de 5 milhões de fonogramas em seu banco de dados, o Ecad identifica as músicas tocadas e repassa os valores arrecadados aos milhares de compositores, intérpretes e músicos nacionais e internacionais. O Ecad é administrado por sete associações de música: Abramus, Amar, Assim, Sbacem, Sicam, Socinpro e UBC, que definem todas as normas e critérios de arrecadação e distribuição. Em 2016, o Ecad distribuiu R$ 841,8 milhões para 221.386 titulares de música e associações. Os valores arrecadados são distribuídos conforme a divisão abaixo:
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Para fazer parte da gestão coletiva e ter seus direitos autorais protegidos, é preciso que o titular se filie a uma das sete associações que administram o Ecad. No ato da filiação, todo o seu repertório deve ser informado à associação escolhida, inclusive com os percentuais de participação em cada obra musical ou fonograma e parcerias, se houver. Também é de responsabilidade do titular manter seu cadastro sempre atualizado. O Brasil é um dos países pioneiros no mundo a distribuir direitos conexos, beneficiando também os artistas executantes da música (intérpretes e músicos), o que mostra a excelência da distribuição realizada pelo Ecad.