Revista FotoNarrativas | Edição 01 | Dezembro 2015 | Fotografia UNISINOS

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EDIÇÃO 1 // ANO 1 //  DEZEMBRO 2015

Revista Laboratório da atividade acadêmica Fotografia no Jornalismo | Graduação em Fotografia/UNISINOS

Com o avanço das tecnologias e o surgimento de novas demandas no mercado, antigos ofícios se tornam obsoletos, enquanto novos surgem.


Extinção

Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS Av. Unisinos, 950  São Leopoldo/RS Tel.: 51 3591 1122

Reitor

Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ Vice-reitor

Pe. José Ivo Follmann, SJ Pró-reitor Acadêmico

Pe. Pedro Gilberto Gomes, SJ

EDITORIAL Fotonarrativas nasceu da necessidade de termos um veículo para contar por imagens as pautas/histórias desenvolvidas pelos alunos da disciplina de Fotografia no Jornalismo, a qual ministro, no curso de Fotografia/UNISINOS. A temática que dá unidade à publicação veio inspirada em um trabalho realizado pelo acadêmico José Luiz Dias, então meu aluno na disciplina de Fotografia, ministrada no semestre de 2015/1. No projeto anterior, o acadêmico dedicou-se a investigar pro-

Diretor da Unidade de Graduação

Gustavo Borba Gerente das Graduações Tecnológicas

Rafael Bassani Coordendora do Curso de Fotogafia

Beatriz Sallet

fissões em extinção. Neste, ampliamos o repertório e a busca por mais histórias, além de avançarmos para trazer profissões em ascensão. Como entendemos o ensino e a aprendizagem como um processo que nunca cessa, as temáticas aqui desenvolvidas – profissões em extinção e em ascensão – correspondem a uma provocação para continuarmos olhando para ambos os temas como objetos de pesquisa, e acompanharmos esta roda viva representada pelo mundo do trabalho. Isso porque a

Revista produzida pelos alunos da Disciplina de Fotografia no Jornalismo – Fotografia Unisinos São Leopoldo/RS EDITORa

Beatriz Sallet PROJETO GRÁFICO E Diagramação

Zé Luiz Dias

discussão que se operou em sala de aula durante todo este semestre de 2015/2, no transcorrer do processo das pautas, aprofundou o debate sobre o tempo que vivemos contemporaneamente, com suas trocas de modos de se operar (modus operandi) dentro das mais diversas profissões. O avanço tecnológico é quase sempre responsável pelas diversas mudanças no mundo do trabalho. De tempos em tempos torna obsoleto alguns modos com os quais o ser

REVISÃO

Carina Mersoni Foto da Capa

Fabio Kremer COLABORADORES

Aline Secco Carrion, Carmen Leticia Stocker, Estefânia Young, Fabio Kremer, Felipe Mollé, Franciele Pirobano, Luísa Santos, Luiza Scheffer, Maicon Santos, Márlon Arruda, Nathalia S. Barboza, Nati Severo, Rafa Marques, Tamíris Dietrich, Zé Luiz Dias Fotografia Unisinos

unisinos.br/graduacao/fotografia/presencial/sao-leopoldo fotografiaunisinos

humano se relaciona com o trabalho que exerce, principalmente os manuais. A internet também chegou, nas duas últimas décadas principalmente, para mexer com as profissões, destituindo ofícios e abrindo novos horizontes. Ou seja, ora o desenvolvimento econômico destitui, ora retribui. É necessário acompanhar os ciclos, que também são cíclicos, já que muitos ofícios retornam (ou permanecem) artesanais. Neste primeiro exercício laboratorial, esperamos provocar a fala e a escuta das imagens, muito mais do que o que os pequenos textos escritos dizem sobre elas, embora sejam estes importantes na contextualização para o que a imagem diz. Essa ideia norteia nosso propósito para os futuros números semestrais que planejamos para a disciplina. Uma boa leitura!

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Su m ár i o

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Aparelhista

E m E x tin ç ã o

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Por Maicon Santos

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Calígrafa

Locadora de vídeo Por Aline Secco Carrion

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Por Zé Luiz Dias

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Por Fabio Kremer

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Ascensorista

Eletrônica

Por Zé Luiz Dias

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Por Márlon Arruda

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Modelista de bolsas Por Tamiris Dietrich

Barbeiro

Guasqueiro Por Carmen Leticia Stocker

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Tipógrafo Por Zé Luiz Dias


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Aparelhista Há 25 anos, Gelson Silva dos Santos, 47 anos, constrói peças e aparelhos que contribuem para que as empresas aumentem suas produções. Aos 13 anos, ele iniciou como auxiliar de mecânico de máquina de costura. Foi aos 22 que começou a fazer aparelhos. Gelson é um dos poucos profissionais que ainda faz manualmente a atividade, já desenvolvida em escala industrial. Trabalhando em Alvorada (RS), ele mantém vivo o ofício atendendo grandes empresas. Alvorada/RS

Por Maicon Santos

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Ascensorista Há 20 anos, Antônio Cloodci Rodrigues, 52 anos, sobe e desce, diariamente, inúmeras vezes pelos andares de um dos mais movimentados prédios comerciais de Porto Alegre, a Galeria do Rosário. Ascensorista, é ele quem opera o elevador e auxilia os usuários com informações. A profissão, mais comum em um passado recente, se tornou rara com o avanço da tecnologia e o surgimento de elevadores modernos. Em prédios com grande circulação de pessoas, a presença de um ascensorista é importante para agilidade e segurança dos usuários. Porto Alegre/RS

Por Zé Luiz Dias

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Barbeiro Barbeiro há mais de 35 anos, Dante Dalpian Machado atualmente tem pouco trabalho, mas não pensa em largar a profissão herdada do pai, nem em vender a antiga cadeira que já rendeu boas propostas em dinheiro. No Salão Bom Retiro, junto ao Hotel de Conto, na Zona Norte de Porto Alegre, os clientes fazem barba, cabelo e bigode, mas também podem ouvir as histórias de Seu Dante e apreciar suas pinturas. Aos 74 anos, o barbeiro recentemente descobriu um novo talento e, nas horas livres, pinta telas a dedo. Porto Alegre/RS

Por Zé Luiz Dias

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Calígrafa Os traços à mão cederam lugar à escrita digital, e do trabalho minucioso passou-se à agilidade dos computadores. A profissão secular de calígrafo está se dirigindo para um restrito campo de atuação: a confecção de convites de casamento. No Brasil, um grupo em rede social reúne cerca de 150 profissionais, mas no exterior a profissão é mais comum. Em Porto Alegre, Maria Denize Cardoso, 55 anos, é calígrafa há 20 anos e destaca que a atividade exige treinos diários, além, é claro, de paixão pela caligrafia artística. Porto Alegre/RS

Por Fabio Kremer

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Eletrônica As novas tecnologias possibilitaram o surgimento do profissional de eletrônica, mas é em consequência do próprio avanço destas que a atividade está em declínio. Atualmente, com a constante evolução dos equipamentos ofertados no mercado, a procura pelo conserto é menor. Em Novo Hamburgo, o eletrônico Adélcio Bohrer guarda um verdadeiro acervo de materiais eletrônicos abandonados por seus donos, que, em virtude do avanço constante da tecnologia, preferem a compra de um novo ao conserto do antigo. Novo Hamburgo/RS

Por Márlon Arruda

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Guasqueiro O trabalho artesanal com pele de animais é antigo, mas a tradição tem atravessado gerações. O termo vem de “guasca”, que no dialeto “quechua” significa pedaço ou tira de couro cru, e a atividade remonta ao tempo em que colonizadores espanhóis e portugueses chegaram à América do Sul, quando iniciou-se a confecção de artigos de montaria. Deivid Sehnem, 25 anos, que aprendeu o ofício com um amigo, é guasqueiro há 3 anos. Do couro cru, são feitos diversos materiais, como rédeas, peiteiras e estribeiras. Estância Velha/RS

Por Carmen Leticia Stocker

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Locadora de vídeo A possibilidade de baixar filmes na internet e a pirataria causaram um impacto na indústria cinematográfica e as locadoras de vídeo, tão requisitadas há alguns anos, estão em extinção. As poucas que existem, sobrevivem por algumas razões, como os antigos clientes que prezam pela indicação dos atendentes, os usuários que não têm paciência para baixar filmes, a qualidade dos DVDs e Blu-rays, o gosto por obras raras dificilmente encontradas na internet e, o mais importante, a venda de parte do acervo. Porto Alegre/RS

Por Aline Secco Carrion

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Modelista de bolsas No ateliê de Silvio Augusto Dietrich, em São Leopoldo, a tradição de cortar bolsas manualmente mantém vivo o ofício aprendido de seu pai aos sete anos. Nada de tecnologias ou softwares modernos, apenas ferramentas simples e mãos firmes em movimentos precisos. Com 46 anos, Silvio, o mais velho dos cinco filhos, foi o único a seguir a profissão do pai e, no ano passado, profissionalizou-se com um curso de modelagem manual. Atualmente, fabrica bolsas e mochilas de couro, além de outros materiais. São Leopoldo/RS

Por Tamiris Dietrich

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Tipógrafo Antes da invenção do computador, criar um texto para impressão exigia a montagem manual das letras, em composições legíveis e harmoniosas. Também era preciso produzir os tipos em máquinas linotipadoras. Luiz Tadeu de Lima, 52 anos, é tipógrafo, linotipista e impressor tipográfico há 17 anos, e sente a diminuição dos trabalhos, principalmente com o uso de notas fiscais eletrônicas. Hoje, mantém uma tipografia própria e trabalha em uma empresa com 40 anos de atuação, atendendo clientes antigos e fiéis. Porto Alegre/RS

Por Zé Luiz Dias

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Analista de conteúdo Por Zé Luiz Dias

24 Food truck Por Márlon Arruda

20 Chef de cozinha vegana Por Estefânia Young

26 Professor de tatuagem Por Rafa Marques

22 Designer de bolos Por Luiza Scheffer


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Analista de conteúdo A atuação no mundo digital gerou novas demandas às organizações. O analista de conteúdo é o profissional que administra a presença da marca nas plataformas digitais, como sites, blogs e redes sociais, gerando interação e acompanhando tendências. Graduanda em Relações Públicas, Tatiane Cross cria e administra conteúdos institucionais, jornalísticos e publicitários, com foco em SEO – Search Engine Optimization. Para ser um analista de conteúdo, é fundamental conhecer os mecanismos de buscas na internet, a fim de destacar a marca e posicioná-la nas primeiras páginas. Porto Alegre/RS

Por Zé Luiz Dias

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Chef de cozinha vegana Kellyn Elisa, 23 anos, é chef de cozinha vegana há 5 anos. Seu mais novo projeto, situado em Porto Alegre, é uma hamburgueria que só utiliza alimentos orgânicos de produtos da época. Não só o lanche que prepara, mas também a forma como opera, tem o conceito de saúde e sustentabilidade imbricados: a tele-entrega é feita em embalagens recicláveis e de bicicleta. O Veganismo é uma filosofia de vida que exclui todas as formas de exploração animal. Porto Alegre/RS

Por Estefânia Young

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Designer de bolos Do mais simples ao sofisticado, o bolo é elemento fundamental em comemorações dos mais variados tipos. Criada na Inglaterra, a técnica Sugarcraft consiste no artesanato criado a partir do açúcar. É com a Pasta Americana que o Cake Designer cria e decora bolos, de forma que, além de saborosa, a sobremesa também se torne bonita e personalizada. Designer de bolos, Gil Santos, 50 anos, atua há 17 anos na indústria confeiteira. Iniciou desenhando bolos em um ateliê e hoje também é professor da área. Porto Alegre/RS

Por Luiza Scheffer

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Food truck Profissão popular nos países em desenvolvimento, a atividade de vendedor de comida de rua ganhou novos sabores recentemente, com a oferta de receitas sofisticadas. O food truck é uma cozinha sobre rodas, que comercializa alimentos principalmente em eventos. Em Porto Alegre, o food truck The Great Bambino oferece pizzas artesanais. Nico Ventre, um dos proprietários, diz que a receita foi trazida da Itália por sua nonna. Ele e o sócio, Eduardo Spier, já chegaram a atender 25 mil pessoas em um evento. São Leopoldo/RS

Por Márlon Arruda

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Professor de tatuagem Prática comum nas últimas décadas, a tatuagem conquista cada vez mais adeptos, aumentando a demanda por profissionais deste ramo. Formado em artes plásticas, Roger Kichalowsky começou a trabalhar nesta área em 2011 e atualmente é professor de tatuagem em Porto Alegre. Para ele, “um tatuador que sabe desenhar tem liberdade de criação e isso pode ser recompensador”. A ascensão das escolas de tatuagem, além de ajudar a desmistificar o preconceito, contribui para o desenvolvimento de novas técnicas. Porto Alegre/RS

Por Rafa Marques

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