João e o feijoeiro mágico

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João vivia com a sua mãe e uma vaca, numa casita em ruínas, à saída da vila. Não tinham muito dinheiro mas não se preocupavam muito com isso.

A mãe do João também gostava de fazer só um bocadinho disto e um bocadinho daquilo.


Um dia, em que não havia nada para comer, nem dinheiro para comprar comida, a mãe do João disse-lhe: - Temos de vender a vaca. Amanhã, levantas-te bem cedo e vais ao mercado vendê-la. E vê lá se consegues um bom preço por ela.


João tinha tanta fome que concordou com a ideia. Na madrugada do dia seguinte, levantou-se, atou uma corda à volta do pescoço da vaca e meteu-se a caminho da vila.


Pouco tempo depois, encontraram um estranho homenzinho, que vestia um casaco muito largo com bolsos enormes.

- Bom dia, rapaz! Que bela vaca aí trazes. Não queres trocá-la? – disse o homem. - E o que me dará em troca? – perguntou João.

- Dou-te seis feijões gordos em troca da vaca. – propôs o homem. - Seis feijões gordos?! - Sim. Não penses que são uns feijões quaisquer. São feijões mágicos e tens de ter muito cuidado.


Ora n찾o havia nada neste mundo de que o Jo찾o mais gostasse do que magia. Jo찾o entregou a vaca ao homem, agarrou nos

feij천es e correu para casa.


João chegou a casa radiante.

- O que é isto? – perguntou a mãe. - São feijões mágicos, mãe. Troquei-os pela vaca e já temos comida. Precisamos semeá-los para colhermos muitos mais. - Foi o melhor negócio que fizeste?! – gritou a mãe, furiosa. A mãe abriu a janela e atirou os feijões para a terra.


Nessa noite, no jardim, começaram a acontecer “coisas” : os feijões escorregaram pelas gretas da terra, as suas raízes enterraram-se bem fundo e germinaram pequenos rebentos que se prepararam para a subida.

De repente, os feijoeiros cresceram, cresceram, cresceram, até ao céu e penetraram no reino das nuvens.


João ouviu bater à janela do seu quarto . - Quem está aí? – perguntou João, bocejando.

Aonde irá dar?

Sem perceber se se tratava de um sonho

ou de uma aventura verdadeira, pé ante pé aproximou-se da janela e abriu as

cortinas. À

sua

frente,

balançando à luz do luar, estava o maior

feijoeiro que jamais vira.


Sem pensar duas vezes, JoĂŁo saltou pela janela e trepou o feijoeiro.


Quando chegou ao

reino João

das

nuvens,

saltou

do

Bateu à porta e esperou.

feijoeiro para o chão

Ouviu o barulho

fofinho.

de chaves a

Ao longe, avistou um

rodar, o chiar de

castelo formidável e

grades a

foi até lá.

abrirem-se e o som de correntes a serem arrastadas.


A enorme porta rangeu e abriu-se com um estrondo.

- Não podes entrar. Ele regressa daqui a pouco! Vai-te embora. – ordenou a velha . - Por favor! Estou cheio de fome. Não posso entrar só

por um bocadinho para comer qualquer coisa? - Está bem, podes entrar mas por pouco tempo. Mas não deixes que ele te veja.


- Ele quem? – perguntou João. João e a velhinha caminhavam pelos corredores poeirentos que conduziam à grande cozinha.

As paredes estavam forradas de pilhas de enormes sacas, que tiniam quando João lhes tocava. - O gigante, é claro. Se te apanha é capaz de te comer. Ele é tão malvado que é melhor ficares longe

da sua vista. Esconde-te entre as sacas se o ouvires entrar.


E assim aconteceu.

JoĂŁo mal teve tempo para se esconder atrĂĄs de um monte de sacas.


- Zaz, traz, plaz! Cheira-me a um rapaz! Onde estĂĄ ele mulher? Onde o escondeste? O gigante cheirou e procurou por todo o lado. - NĂŁo sejas tolo! Deves estar a cheirar o guisado que acabei de preparar. Queres prova-lo? O gigante devorou uma enorme tigela de guisado num instante e arrotou ruidosamente.


- Vai buscar o meu ganso! Quero mais ouro!


A

velha

voltou

à

carregando

saiu

e

cozinha

um

enorme ganso nos braços.

Do seu esconderijo, João viu o ganso começar a pôr ovos, todos feitos do mais puro ouro!


- Agora traz-me a minha harpa. Quero música! Mais uma vez a velha

trouxe

a

harpa

e

o

gigante gritou: -

Toca,

toca!

harpa,

E como por magia, o espaço encheu-se da mais delicada música.


João começou a arrastar uma das gordas sacas, que estava cheia de moedas de ouro, pelo chão da cozinha. A saca era muito pesada, e tinia de cada vez que ele a puxava.

João estava muito cansado mas conseguiu levar a saca até ao topo do feijoeiro e deixou-se escorregar pelo feijoeiro abaixo.


O gigante nem se mexia.


Quando João

chegou

viu

a

a

casa,

mãe

muito

espantada a olhar para o

feijoeiro. - Corda! – gritou o João.

João saltou para o chão, correu para casa e voltou com

uma

grande

corda

enrolada à cintura.

De

seguida,

trepou

novamente pelo feijoeiro.


Do alto do feijoeiro, João

deixou escorregar a saca que a mãe prontamente segurou.

João atou novamente uma

ponta da corda ao caule do feijoeiro e fez descer a outra saca.


João voltou à cozinha para ir buscar outra saca. O ganso olhou-o e pediu: - Deixas-me ir contigo? Em troca, eu podia pôr todos os ovos que quisesses.

João pegou no ganso, correu para fora da sala e deu de caras com a velha .


- Posso ir contigo tambĂŠm?

- Claro que sim. Tu levas o ganso enquanto eu volto para ir buscar a harpa.


Logo que o João pegou na harpa,

esta começou a queixar-se muito alto e resmungou: - Quem és tu? Socorro! Socorro!

João sentiu a mão do gigante roçar o seu pescoço e gritou: - Depressa!


O gigante corria atrรกs deles tentando apanhรก-los.


Com o peso do gigante, o feijoeiro curvou-se e começou a balançar com muita força. A velha e o João conseguiram chegar sãos e salvos, ao chão.


João puxou a corda até conseguir ver o gigante, que se agarrava como podia, tal era o medo de cair. Estava furioso!! De repente, João soltou a corda.

BOINNNNNGGGGGGGGGG!



O feijoeiro disparou como uma enorme catapulta. O gigante, que já não se podia segurar mais, voou

dali para fora. Subiu tão alto, em direção ao espaço, que nunca mais ninguém o viu. E, tanto quanto sei, ainda lá deve estar.


Entretanto a velha entrou em casa para fazer o chazinho. A mãe guardou a harpa dourada no armário da cozinha. O João construiu uma casota especial, só para o ganso mágico. Guardou a saca de ouro e sempre que precisava tirava de lá uma moeda.

A última vez que fui visitá-los, a harpa tocou músicas tão alegres que nos divertimos todos a dançar!


Vitória, vitória, Qual é a moral da história?

Texto adaptado para Oeste Infantil.


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