Egon Schiele by Joana Sequeira

Page 1

EGON SCHIELE Vida e Obra de um artista incompreendido Neste presente artigo iremos debruçar-nos em alguns pontos da vida e da obra do presente artista, focando numa primeira fase numa parte biográfica, o contexto a que pertence, a influência de um dos seus contemporâneos, um breve apontamento sobre a questão do Existencialismo que se entrecruza no processo de trabalho e temas recorrentes das suas obras com a sua respectiva simbologia.

2013


seus modelos são caracterizados por uma liberdade incrível no que toca às suas sexualidades, auto-estima, homossexualidade ou atitudes voyeurísticas, assim como á sedução habilidosa do observador. Schiele pintou retratos e paisagens que se assemelham a naturezas mortas, mas tornou-se famoso como desenhador. Enquanto Sigmund Freud refere os prazeres reprimidos da alta sociedade vienense, que veste as mulheres com espartilhos, Schiele despe os seus modelos. Os seus estudos do nu penetram com toda a brutalidade no domínio privado dos seus modelos e confronta o observador com a sua própria sexualidade.

“ A arte não pode ser moderna. A arte é primordialmente eterna.” A cavalo entre dois mundos, o império que se desmoronava e a pujante Viena onde florescia um dos grupos de intelectuais que mais iria ter influência no pensamento moderno, Egon Schiele, a sua pessoa e a sua obra, parece carregada de uma dualidade semelhante. A sua pintura, dura e sem concessões – que, a par da sua curta vida e dos escândalos que a rodearam, lhe valeram uma certa aura de artista maldito -, perfila-se como um âmbito autónomo da sua existência, talvez o mais autêntico, e não se ajusta bem aos testemunhos que o apresentam como um individuo de gostos boémios. Na época da descoberta da arte moderna e da perda do «tema», Schiele de acordo com a citação acima responde que para ele a modernidade não existia, mas sim o «eterno». O mundo do artista fechou-se nos retratos do corpo, sem qualquer compromisso temporal e local, a autodescoberta torna-se uma revelação sem descanso de si próprio, sendo qualificado como um erótico, porque a sua arte é a representação erótica do corpo humano, mas no entanto o artista não se debruçava apenas pelo estudo do feminino, mas também da nudez masculina, sendo que os

Sob o signo da era moderna e industrial com o ruido dos engenhos a vapor a funcionarem nas fábricas e massas humanas presentes nelas, Egon Schiele nasce em Tulln, uma pequena cidade da baixa Áustria, junto ao Danúbio, a 12 de Junho de 1890, proveniente de uma família burguesa, como filho do chefe dos caminhos-de-ferro Adolf Eugen Schiele e sua mulher, Maria. Na sua formação, frequentou os primeiros anos do liceu real, Klosterneuburg na cidade de Krems, sendo que de muito novo descobre a sua paixao pelo desenho, sendo esse talento reconhecido ainda muito cedo. A sua infância é marcada pela morte do seu Pai que padece quando Schiele tem ainda 15 anos, recebendo como tutor, o tio Leopold Czihaczek, algo que o marcou definitivamente porque se sentia mais próximo da figura paternal ao invés da Mãe, da qual a relação se caracterizava pelo distanciamento e incompreensão. Em 1906, com apenas 16 anos, Schiele ficou aprovado no exame de admissão ao curso de arte geral na Academia de Belas Artes Schillerplatz de Viena. Sendo que com a aprovação, este termina a vida no campo, passando para a grande metrópole disponibilizado de meios limitados. Em 1910 quis até fugir da cidade, escrevendo ao seu amigo pintor, Anton Preschka: «Viena é uma sombra, a cidade é negra…»

1


A exposiçao do Pisko é determinante na vida de Schiele, pois é ali que conhece o escritor e critico de arte, Arthur Roessler que a partir dai, luta pelo pintor e apresenta-o a coleccionadores importantes como Carl Reininghaus e o Dr. Oskar Reichel.

Sob a pressão psíquica aberta em três frentes – a desconfiança da mãe que o perseguia com as suas recriminações, a rejeição do professor ultra conservador, Griepenkerl, a relação instável com o tio – Schiele arrisca os primeiros passos na sua própria liberdade artística, sendo que, provavelmente após o semestre de Verão de 1909, Schiele abandona a Academia e funda com alguns colegas, entre os quais, Anton Peschka, o «Grupo para a Nova Arte», expondo em Dezembro na galeria Pisko. (Cartaz da Exposição em baixo.)

Schiele é descrito por vários autores como um «eterno adolescente», no qual a essência da sua arte baseia-se numa tecnica extraordinaria e na sua capacidade para expressar sentimentos universais, como a angustia, a solidão ou o sofrimento nas suas varias formas. Nesse sentido, o artista austriaco situa-se na corrente expressionista que domina a arte centro-europeia das primeiras décadas do século XXI. Mas, ao contrario dos seus contemporaneos, Schiele não projecta o seu mundo interior através de um cromatismo violento e arbitrário. O seu ponto de partida foi o modernismo na versão vienense, embora depressa se afastasse dos seus excessos decorativos e das suas apuradas alegorias. A sua ferramenta principal foi o desenho, com um dominio absoluto da linha e uma forma insólita de abordar o enquadramento, criou imagens que suscitam no espectador emoção ou desagrado, mas nunca indiferença. A brevidade da sua vida propiciou uma obra que, embora cheia de matizes é fruto de uma firme intransigência face ás convenções da arte e da sociedade. Passou pelo escândalo e pela prisão, acusado de atentado á moral publica, rapto, corrupção de menores, visto que algumas das suas modelos eram jovens como também a sua arte ser dita de pornográfica, tudo isto deixou uma marca profunda no arrtista,que, reafirmado no seu papel de ser excepional e incompreendido o interpretou como um atentado á sua liberdade criadora segundo se depreende dos desenhos que realiza na prisão. 2


Contexto Vienense Não faria sentido falar de um artista ou de um movmento sem falar do contexto ao qual está inserido, e ainda mais quando toca á arte, pois se pensarmos em vanguardas artisticas, vemos que elas estão impregnadas de um espirto referente á sua epoca, e por ela influenciadas. Nesse caso, abordaremos entao um pouco o contexto vienense, a Viena da viragem do século é ainda dominada pela beleza espiritual da fachada da burguesia, mas em simultâneo, cheio de tensões nervosas, dúvidas e pressentimentos de catástrofes eminentes e de uma época radicalmente diferente. A Viena destes tempos é não só uma cidade com um ambiente de afundamento como de ressurrgimento. Freud desenvolve aqui a sua percursora teoria da psicanálise, Ludwig Wittgenstein amadurece as suas reflexões lógico-filosóficas que devem conduzir a um novo capitulo da historia da mente. É um estado construido por multiplas etnias com cerca de 850 estruturas monumentais publicas e privadas. Nesta epoca, o afluxo da população rural que se dirige á grande cidade é crescente. Simultaneamente, o incremento da industrialização provoca o surgimento do proletariado nos subúrbios. Nos cafés dos escritores, Leo Trostki, Lenine e mais tarde, Hitler, consultam o expositor de jornais e cismam sobre o inicio do novo século, os chamados cafés literários, funciona como a base de uma das culturas do fin-desiécle e onde se encontravam os literados, criticos, artistas e revolucionários.

Em 1893, atravás de um escândalo provocado pelo quadro “Jovem rapariga sob uma cerejeira” de Engelhard, que fora repudiado pois segundo os padrões da época atacava a audiência feminina, isto numa altura em que a exposição de nus era já prática corrente. Em 1897, Klimt juntamente com outros artistas vienenses fundaram a Secessão de Viena – protesto contra a concepção oficial da arte – criam um novo mas muito simples estilo que se insurge contra a pompa dos tempos da Revolução Industrial, unindose sob o lema: « A cada tempo a sua arte, á arte a sua liberdade». Simultaneamente, a Secessão exige a abolição da distinção entre arte mais elevada e a arte menor, arte para os ricos e arte para pobres e declara a arte propriedade comum. Apesar desta exigência da geração art noveau, ela permaneceu um privilégio da classe dominante entendido pelo ideal «a arte é um estilo de vida».

3


Schiele participou assim na crise de valores, pois a cultura fin-de-siécle vienense foi um movimento de revolução e de avanço onde Viena triplicou em população sendo inteiramente remodelada e é neste tempo de renovação que se dão drástticas reconstruções a nivel social, as teorias inovadoras sobre o desejo sexual e do subconsciente propostas por Freud afectaram largamente novas maneiras nas quais a sociedade, especialmente vienense, começava a mudar. Estas rápidas transformações na cultura vienense ajudaram a desenvolver conflitos de consciência social, conflitos estes que tiveram influência no trabalho do artista, a nivel externo: as explorações de Schiele no tema do retrato foram refratadas através da crise da virada do século na identidade masculina da Europa. Crise esta que nasceu de desenvolvimentos sociais e politicos que trabalharam para minar os homens da classe média no que toca á sensação de poder e auto-estima entre o movimento da mulher e uma nova consciência cultural do seu poder psicológico de mães e da noção da sua sexualidade feminina. Isto exerceu algum poder nos artistas que muitas vezes se sentiam marginais e efeminados numa cultura que valorizava as muitas virtudes do guerreiro e do empresário. Do tumulto desta época, o trabalho de Schiele emergiu confrontando a audiência com uma resposta um pouco obscura e sombria atendendo ao espirito da epoca: a impossibilidade última de comunicação humana, o caracter ilusório da felicidade sempre ensombrada pelo sentimento de culpa e pela armadilha da morte ou a visão amarga da relação entre os sexos, factores presentes na sua obra.

Klimt | Modelos de Schiele | Existencialismo Embora o retrato que Schiele produziu foi em grande parte moldado pela cultura vienense, este também foi bastante influenciado pelo seu amigo e mentor, Gustav Klimt, com o qual desenvolveu uma amizade próxima, ambos fascinados com o trabalho de cada um, trocando desenhos e Klimt cedendo modelos a Schiele. Ao contrario de Klimt, Schiele encontra os seus modelos nas ruas: jovens raparigas do proletariado e prostitutas, sendo que as suas preferências vão para a mulher-criança do tipo andrógeno. Os corpos jovens e magros que ilustram os desenhos de nus de Schiele quase inspiram piedade, manchas vermelhas combrem-lhes a pele fina e as mãos que parecem de esqueletos, corpos tensos como pequenos animais, estão estendidas aguardando o olhar libdinoso do espectador, que apesar da tenra idade, as modelos de Shiele estão cientes do seu esplendor erótico e sabem usá-lo, desenhos que atestam a uma consciência simples do corpo e uma atitude natural com a qual os niveis inferiores da sociedade, em que a venda do amor significa ganhar a vida, lidam com a sexualidade. Ultrajado, o publico vienense ataca Shiele, declarando que ele pinta o expoente máximo de depravação, ironizando por vezes como «Faço uma enorme quantidade de publicidade com os meus desenhos proibidos…». Viola o recato, despe as pessoas de todos os acessorios decorativos e concentra-se na exclusividade dos seus corpos, em contraste com os desenhos académicos de nus, que se limitam a representação 4


da anatomia, Schiele poe em cena o corpo estimulado eroticamente. A máxima existencialista na obra de Schiele: «tudo está morto na vida» vem ao encontro da corrente do Existencialismo o qual estava em voga nesta epoca: “Qual é o significado da vida?”, filósofos como Nietzsche formulam este tipo de questões, por exemplo, para este nada além do verdadeiro ego é real, o homem não é restrito e deve-se tornar algo que o ultrapasse, ou seja, desde que a existência de cada pessoa é única, o auto-retrato reflecte essa mesma singularidade, aspecto notável em Schiele, assim pela via do narcisimo cura a sua dor e sofrimento enquanto artista e ser humano incompreendido e rejeitado. O existencialismo nada mais fez do que enfatizar a experiência do eu, o que nos remete para os trabalhos de Schiele, sendo unicos em expressar a emoção do autor, estando sempre a ideia da morte a assombrar o artista.

Temas correntes na sua obra Schiele e os seus trabalhos são unicos em expressar a emoçao do autor, sendo assim começemos por nos debruçar nun dos seus temas mais polémicos, que se prende precisamente com a produção de auto-retratos, estes constituem o genero a que melhor se adapta o qualificativo expressionista. Por volta de 1910, este começa a pintar uma continua serie de auto-retratos, muitos dos quais retratam o artista através de cores fortes, escuras e duras, e linhas exageradas. Neles, a projecção da subjectividade do artista atinge o valor máximo, o desejo de se mostrar ao espectador a compor nus obscuros, a contorcer-se violentamente ou a representar-se mutilado. Em muitos casos tenta mesmo representar a alma do retratado sob a forma de uma auréola branca que o rodeia. Este pintou cerca de 100 auto-retratos o que evidencia a

obsessão, pois as imagens que o artista deu de si próprio têm muito pouco a ver com as convenções de género e revelam uma necessidade de comunicaçã o que ultrapassa a mera autorepresentaç ão. As perspectivas inusuais, as poses forçadas e teatrais – evidente influencia do mimo Erwin Dominik Osen – apresentam um ser proteiforme e que se oferece numa nudez extrema que transcende o puramente fisico para entrar no ambito das emoções, trata-se de um exibicionismo que resulta da convicção do pintor quanto á sua elevada missão. Schiele que se sentiu sempre incompreendido e numa em que a sua obra era já amplamente reconhecida, chegou a representar-se como um asceta ao jeito de São Sebastião. Nunca deixou de se ver como um génio, um desses seres que conforme escreve num poema, «não precisam de justificar tudo o que dizem, dizem-no e é assim que tem de ser…são descobridores, humildes seres vivos, divinos, sobredotados, universais e omniscientes. O oposto é o prosaico, o homem comum.» Schiele via-se a si próprio como um ser multiplo, habitado por diferentes naturezas. 5


É por isso que se representa a si mesmo sob diferentes personalidades, e aparecendo também desdobrado. Á margem de uma certa veia teatral, é bem subjacente a busca de identidade de quem escrevia: “Quando me vejo na minha totalidade, tenho que me ver a mim mesmo, saber que é isso que quero, que não é apenas o que me ocorre, mas até onde chega a minha incapacidade de ver, quais são os meus instrumentos, quais as substancias misteriosas que me dao forma e quais as que predominam.» Para Schiele a actividade artistica tem muito de missao sacerdotal: o criador, convertido em pregador, visionario ou profeta – aspectos sobre os quais ele proprio se representou – é um ser eleito que tem a capacidade de apreender e transmitir aspectos da realidade que são inacessiveis ao comum dos mortais. Esta concepçao de estirpe romantica que ve no artista uma especie de medium. Alegoria, desmascaramento, titulo de representaçao e a observaçao atenta da linguagem do corpo são aplicados por Schiele neste tipo de obras, na sua odisseia pelo vasto terreno da experiencia com o «ego» nos seu autoretratos, ele representa-nos a pantomina do ego, que o tornou único no século XX e na vanguarda de todoa os outros artistas. Nenhum artista á excepção de Rembrandt, se sentiu psiquica e fisicamente tao atraida pelo ego como Schiele. Ele apresenta-se como quem age e observa, como sósia e solitário, como santo e masturbador, como eremita e São Sebastião, como sósia e dândi, como prisioneiro e morte. Ele saboreia o papel duplo de modelo e pintor, actor e realizador, em resumo: as suas inumeras visões do do ego auto-encenadas tornam os auto-retratos o capitulo mais fascinante da sua obra. Eis alguns dos

seus trabalhos referentes deste grande tema.

Auto-retrato de pé, 1910

Auto-retrato puxando a bochecha, 1910 6


outras obras dessa epoca, um fino contorno delimita os corpos e expressivas pinceladas ocres conferem-lhe um aspecto de carne macilenta.

Mãe e filho, 1910 Auto-retrato com o braço torcido acima da cabeça, 1910 Outro dos seus temas também frequente no decorrer da sua obra prende-se com o assunto da Maternidade, é um dos tems principais, o conflito entre mae e filho parece transmitir-se para as obras nas quais a maternidade é apresentada de um ponto de vista pessimista, e por vezes, trágico, cenas tipicamente simbolistas que parecem invocar a infancia do pintor. Por exemplo na obra “Mãe e Filho” de 1910 (ver abaixo), com apenas 20 anos, Schiele ofereceu a sua versao pessoal de um motivo tradicional da historia da arte. A figura da mae é um nu cuja sensualidade é enfatizada pelo pormenor das meias pretas, que virada de costas parece ignorar a presença do filho, um ser de cabeça disforme que, tenta agarrar-se á mãe. Na linha de

Seguidamente na obra “Grávida e Morte (Mãe e Morte)” de 1911, o pintor aborda o drama da vida do «vir a ser» e perecer, do nascimento e da morte, onde neste quadro alegórico, a morte na figura de um monge enfrenta a mulher.

7


Tal como na obra “Agonia” de 1912, a morte torna-se também um tema tangivel intuida nos seres agonizantes, mas aqui as cabeças de dois monges são confrontadas uma com a outra, a do mais velho de barba de perfil, a do mais jovem de frente. O monge velho olha preocupado e com ar suplicante para o jovem, cuja cabeça de órbitas vazias e vermelhas se assemelha a uma caveira. A sua mao esquerda comprime-se contra o coraçao, enquanto a direita estigmatizada se ergue no espaço como se estivesse paralitica de dor. O primeiro nivel do tema – um velho monge como testemunha da dor, morte e agonia do jovem – é de importancia secundaria. Mais importante é a relaçao pai-filho revestida de religiosidade, parecendo o poder hipnótico e dominante passar do mais velho para o mais novo através do olhar e do gesto. A interpretaçao a segundo nivel, que á primeira impressão parece escondido, mostra a particularidade de Schiele, de transformar um tema geral numa alegoria pessoal. Schiele parece aqui simbolizar o seu afastamento do estilo da secessão. Em suma, á medida que Schiele foi ficando mais velho, a sua pintura mudou, afastando-se da temática da sexualidade, e começando a explorar a natureza da personalidade, dando enfase a uma realidade mais concreta, abraçando e mostrando mais maturidade. Embora tenha padecido muito cedo, Egon Schiele criou um olhar surpreendente na psique da virada de século da cultura vienense.

Agonia, 1912

Para saber mais, consultar: Steiner, Reinhard - Egon Schiele : 1890-1918. : the midnight soul of the artist. Köln : Taschen, 2000; Fischer, Wolfgang Georg - Egon Schiele : pantominas do prazer, visões da mortalidade : 18901918 . Köln : Taschen, 1997; Whitford, Frank - Egon Schiele. London : Thames and Hudson, 2002. (World of Art).

8


Auto-retrato como S達o Sebasti達o, 1914/15

9


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.