Arte E Design

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estátua pavilhão de técnologias



“ Isto poderá parecer estranho, mas as artes têm entre si uma profunda alma tão unida que as feições caracterizadoras duma são, por vezes, intimamente comparáveis às feições caracterizadoras da outra: nada mais parecido com a música de Mozart do que a pintura de Rafael; nada mais parecido com a poesia de Dante que a escultura de Miguel Ângelo. E porque não? Todas as feições se parecem a exprimir o amor, a curiosidade, o terror: as artes são apenas as feições do belo ideal.” Eça Queirós

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Edição jv&ms – joana valadão & maria santos NPC: 509630472

capital social: 10.000,00 rua duque de loulé n246 4000-234 porto

telefone: 214702971

site internet: www.arteedesignfbaup.pt email: info@arteedesignfbaup.pt

Editor e Director joana valadão e maria santos

Redação maria santos joana valadão excertos

Marketing, Comunicação nuno neves

nuno.neves@arteedesignfbaup.pt

Design Editorial joana valadão e maria santos

Desenvolvimento ângelo santos

Convidados isabel boavida ricardo alves ana isabel mineiro mario moura

Entrevistado miguel januário

Fontes glypha lt std helvetica neue open sans adobe garamond pro futura bank gothic

Fotografia joana valadão maria santos miguel januário

(cedidas) http://gravurafbaup.wordpress.com/ Impressão gráfica qualquer ideia

pavilhão de pintura


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história fbaup

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catálogo fotográfico

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o futuro das artes será no porto de mário moura

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entrevista a miguel januário

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1780 - 1993

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agenda

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espaço oficinas de impressão


HISTÓRIA estátua pavilhão tecnologias


“A história desta instituição remonta à aula de desenho e debuxo, iniciada em

1780. em 1802, o pintor vieira portuense, por ocasião da abertura das aulas, designa por

“academia” essa aula de desenho, tentando assim dignificar a instituição e apelando para uma formação mais completa.” Ivan Turgueniev

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No entanto, a desejada reforma, acontecera apenas dia 22 de Novembro de 1836, através da criação da Academia Portuense de Belas Artes, com o objectivo de “promover o estudo das Bellas Artes, difundir, e aplicar a sua prática às Artes Fabris”.A Academia oferecia aulas nas áreas da Pintura, Escultura e Arquitectura, e ainda um curso preparatório de Desenho. Ainda no século XIX, a Academia dá origem à Escola Portuense de Belas Artes e, a partir de 1950, ascende a Escola Superior de Belas Artes, conhecendo anos de grande prestígio pedagógico e artístico. Na década de 1970 é iniciado o curso de Design de Comunicação. Em 1979, o curso de arquitectura ganha autonomia, integrando-se como Faculdade de Arquitectura na Universidade do Porto e, em 1994, também a Escola Superior de Belas Artes do Porto passa a fazer parte da Universidade do Porto e a designar-se por Faculdade de Belas Artes. No entanto, a desejada reforma, acontecera apenas dia 22 de Novembro de 1836, através da criação da Academia Portuense de Belas Artes, com o objectivo de “promover o estudo das Bellas Artes, difundir, e aplicar a sua prática às Artes Fabris”.A Academia oferecia aulas nas áreas da Pintura, Escultura e Arquitectura, e ainda um curso preparatório de Desenho. Ainda no século XIX, a Academia dá origem à Escola Portuense de Belas Artes e, a partir de 1950, ascende a Escola Superior de Belas Artes, conhecendo anos de grande prestígio pedagógico e artístico. Na década de 1970 é iniciado o curso de Design de Comunicação. Em 1979, o curso de arquitectura ganha autonomia, integrando-se como Faculdade de Arquitectura na Universidade do Porto e, em 1994, também a Escola Superior de Belas Artes do Porto passa a fazer parte da Universidade do Porto e a designar-se por Faculdade de Belas Artes. A Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP) define-se como uma instituição de ensino e investigação na área das artes visuais, actual, voltada para o futuro e fortemente enraizada numa história com mais de 200 anos. É essa articulação entre um longo e prestigiado passado e um presente que encara os desafios que o futuro lhe coloca que faz da FBAUP o lugar privilegiado para o desenvolvimento de um trabalho simultaneamente dinâmico, inovador e amadurecido.

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estรกtua do jardim

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A FBAUP encontra-se num processo de reestruturação profunda com consequências, a curto prazo, na diversidade de cursos de licenciatura a oferecer, respectiva duração e plano de estudos; no número de cursos de pós-graduação; na estruturação de um programa doutoral. Também no que respeita às suas instalações, a FBAUP conta, já em 2005, com uma ampliação e qualificação significativa dos seus espaços. Presentemente, a Faculdade de Belas-Artes oferece três cursos de licenciatura, com a duração de cinco anos: Artes Plásticas – Pintura, Artes Plásticas – Escultura e Design de Comunicação – Arte Gráfica. Em sintonia com o perfil acima definido, a formação do aluno estrutura-se em dois períodos complementares. O primeiro, de construção de saberes fundamentais, com significativa incidência no desenho, na reflexão teórica pluridisciplinar e nos fundamentos específicos de cada área de estudo. O segundo, de elaboração e desenvolvimento de projectos pessoais, incentivando-se o recurso à utilização de todos os meios disponíveis, humanos e técnicos, independentemente do curso em que o aluno esteja inscrito. Na FBAUP, o aluno tem, pois, a possibilidade de investir fortemente numa área de especialização ou, em alternativa, alargar o seu leque de formação a outras áreas artísticas disponíveis, utilizando a possibilidade de seleccionar o seu tutor e as disciplinas de opção que melhor o apoiem nos seus objectivos. A extensa rede de instituições de ensino europeias com quem a FBAUP mantém acordos de intercâmbio permite a uma significativa percentagem de alunos a possibilidade de enriquecer a sua formação com uma experiência internacional. Um elevado número de estudantes, bem como a presença de docentes provenientes dessas instituições, contribuem, por seu lado, para o enriquecimento da vivência quotidiana de toda a comunidade da FBAUP. A oferta de mestrados e cursos de pós-graduação, embora dirigida a uma pluralidade de candidatos e respectivos perfis académicos, visa sobretudo equipar os licenciados na área das artes visuais com ferramentas adicionais para o aprofundamento de conhecimentos e a competitividade profissional. Estão em curso três mestrados: Arte Multimédia; Práticas e Teorias do Desenho; Desenho e Técnicas de Impressão. A FBAUP oferece ainda cursos de pós-graduação em Práticas e Teorias do Desenho com especialização em Técnicas de Impressão e em Estudos Museológicos e Curatoriais. Parcerias com uma diversidade de instituições, públicas e privadas, na concretização de projectos pontuais contribuem não só para a formação dos alunos, preparando-os para a vida profissional, como dão a conhecer a eventuais empregadores as capacidades dos futuros licenciados. As marcas deixadas na cidade pelos artistas formados nas Belas-Artes do Porto ao longo de mais de dois séculos, em monumentos e edifícios, nos museus, em equipamentos vários utilizados quotidianamente, são ainda exemplo do largo campo de intervenção ao alcance dos jovens formados na FBAUP. [10]


artes plásticas pintura, escultura, multimédia e design de comunicação


oficina de escultura



salas de pintura



pavilh達o central



ator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator /texto ressabiator MĂĄrio Moura / ressabiator / texto MĂĄrio Moura essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiaor / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / essabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressaator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabiator / ressabia-

o futuro das artes estĂĄ no

Porto


Querem saber como vão ser os próximos anos da cultura aqui em Portugal? Olhem para o Porto na última década.

É a segunda cidade do país, empobrecida e periférica. Preterida pela televisão e pelos jornais, apontados quase sempre a Lisboa. Teve um momento de abundância com o Porto 2001, uma dinâmica sustentada por uma geração inteira de artistas plásticos locais, que se aguentaram precariamente, consolidados numa cena frágil durante mais meia dúzia de anos, depois da Capital da Cultura acabar e de Rui Rio chegar a presidente da câmara, ironizando que quando ouvia falar de cultura puxava logo do livro de cheques. No final, esta cena incipiente não se extinguiu propriamente – dissolveu-se. Há quem diga que desapareceu por falta de apoios ou de visibilidade, o que não convence muito: acabou precisamente na altura em que grandes instituições como Serralves lhe dedicavam alguma atenção (pagando o catálogo do Salão Olímpico, por exemplo). Desintegrou-se porque não havia grande incentivo a que os criadores se comportassem como um colectivo, esquecendo as suas discordâncias em nome de um fim comum. Enquanto houve algum interesse da crítica e da curadoria em tratar a cena como um movimento, houve coesão, a bem ou a mal. Acabado o interesse, a cena desmembrou-se e foi vendida à peça. Cada espaço, cada colectividade, desfez-se em artistas individuais. Mas não foi um fim, claro. Continuam a haver espaços e iniciativas semelhantes no Porto. Mais até do que na altura. Na verdade, e esquecendo as ambições de uma carreira nas artes, a cena artística do Porto foi apenas o começo de uma certa dinâmica urbana que se generalizou: pequenos espaços e eventos onde se comia, bebia, via arte, ouvia música, enquanto se saía à noite com os amigos.Na década passada o Porto ganhou movimento com o aeroporto e as low cost.Tornou-se cosmopolita mas não exclusivo. Dedicou-se a um turismo barato e impulsivo, que se confunde com a população flutuante das universidades, uma espécie de Erasmus civil que vai aos mesmos sítios, ouve a mesma música, tem os mesmos gostos do estudante de intercâmbio. A cultura que funciona melhor neste ambiente é a que não depende da língua: som, imagem mas sobretudo corpo, no sentido de comer, beber e dançar. Os espaços e os eventos que sobrevivem melhor aqui são os que fornecem tudo isto numa base regular, quotidiana (o turismo barato não se desloca tanto para ir ver eventos específicos, que tornam a viagem e a estadia mais caros). São restaurantes, bares, mas também galerias e espaços de concertos, abertos para [19]


a rua a rua e não muito longe do centro (para quem vem num avião, isso é importante). Pequenos eventos, pequenos espaços, que se tornam estruturalmente polivalentes. Negócios que, por uma questão de poupança acumulam valências. Surgem também modelos de sincronização no tempo, como as inaugurações simultâneas, um fenómeno que começou com as galerias da Miguel Bombarda, mas que se estendeu aos alfarrabistas, por exemplo. Neste ambiente, os formatos culturais mais bem sucedidos são a comida e a música. Nas artes visuais, vingam formatos mais decorativos: a ilustração, a publicação, o mobiliário, a roupa, mais do que as artes de galeria, fora do alcance do bolso comum e muito menos portáteis (tudo o que não couber numa mochila).Este turismo barato e impulsivo desloca-se de modos que em outras décadas pareceriam estranhos. Viaja-se, trabalha-se e estuda-se no mesmo momento, sem distinção, não exactamente pela qualidade das instituições ou do trabalho mas sobretudo do local e da sua experiência. É uma mobilidade que começa na universidade (com os vários intercâmbios disponíveis) e mais tarde se legitima no formato da residência artística. A residência assenta na mesma logística que fornece o turismo low cost, torna-se até certo ponto indistinguível dele. É uma indefinição crucial: dizer mobilidade é dizer precariedade. E a lógica por detrás das residências confirma-o: é mais barato fazer deslocar um artista do que a sua obra. Prefere-se dar cama, comida, logística e matéria prima, do que um salário ou um fee. Talvez seja esta também uma das razões de ser para a ascensão do comissário itinerante: no fundo, um artista-dj, cuja obra consiste em remisturar obras alheias e acervos.É tudo bastante dinâmico sobretudo porque não tem alternativa senão sê-lo. Só é possível fixar gente numa cidade se houver condições para isso. No Porto, essas condições passavam por um segundo emprego, a dar aulas (se possível no ensino superior), ou a trabalhar para uma das grandes instituições culturais, serviços educativos, visitas guiadas, montagem de exposições, etc. Com a redução de financiamento do ensino superior e o corte nas fundações, associado ao aumento de responsabilidades de quem ainda vai mantendo o emprego, calculo que a cena cultural do Porto vá sofrer também um corte indirecto.


O que existe são grandes instituições públicas, privadas ou a meio caminho, dirigidas sobretudo para um circuito internacional profissional de críticos, curadores e artistas, e um caso ou outro de consagração retrospectiva de uma ou outra carreira nacional. À volta disso, como relva miúda, os tais espaços e eventos de pequena escala, quase sempre aguentando-se com financiamentos indirectos, desde um segundo emprego, um segundo negócio, até apoios que quase, quase se adequam tematicamente – e nunca, nunca chegam para cobrir os custos. O que falta ficaria no espaço entre as grandes e as pequenas estruturas, uma espécie de classe média – o que não é de todo uma metáfora. Em Lisboa, ainda têm aparecido essas estruturas: a Zé dos Bois é um exemplo bem sucedido; o Oporto, idem. Se calhar estou a ser injusto, mas no Porto nenhuma pequena estrutura se aguentou o suficiente para chegar a um nível intermédio. Será isso o futuro, muito provavelmente (até certo ponto, já é o presente): também nas artes, a crise isolará meia dúzia de oisas grandes rodeadas por uma maré rasa de cultura efémera, cada vez mais invisível à crítica, cada vez mais local, excepto nos sítios onde o bairro também tenha uma televisão ou um jornal de referência. Dezembro 29, 2012

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ESPAÇO ENTREVISTA

“sou licenciado em design de comunicação, mas para mim o design é mais uma ferramenta para o meu trabalho em geral. não pratico design gráfico concretamente, aplico é os conhecimentos noutras vertentes, como a intervenção, a pintura ou o video.”



M I G U E L J Como foi o primeiro contato com o graffiti? O meu primeiro contacto com o graffiti aconteceu quando era muito pequenino ainda. Passou um filme na televisão que se chamava “Wild Style”, foi um dos primeiros filmes sobre graffiti, isto nos anos 80 talvez. Na altura despertou-me alguma curiosidade. Depois mais tarde vim a Lisboa. Vinha algumas vezes passar férias e via o graffiti que havia cá, que começou dez anos mais cedo que no Porto. Quando entrei para a Soares dos Reis (escola de artes no Porto) no 10º ano comecei a ter um contacto mais próximo, porque andava de skate nessa altura, tinha assim uma queda para a rua, e sempre estive ligado à rua. As artes e rua fizeram com que essa paixão pelo graffiti se fortalecesse.

Sempre foi uma aspiração tua ser designer ou surgiu ao longo da tua vida de estudante? A minha vontade sempre foi criar, o design surge mais tarde, como uma excelente possibilidade de expandir perspectivas e linguagens. Não me considero um designer propriamente dito. Também o serei, mas não só.

O design é uma forma de comunicação, uma forma de arte ou uma forma de intervenção? Lá está, penso que neste momento são caminhos que se cruzam mais do que nunca. O mundo mudou e as fronteiras da imaginação também. As novas possibilidades e o uso de novas ferramentas permite que se explorem muitos caminhos onde por vezes andam todas essas vertentes lado a lado.

Consideras-te um artista de intervenção? O que te levou a desenvolver atividades de intervenção? Há quanto tempo te dedicas a este processo artístico? Tudo começou com o graffiti e a rua, com a vontade de expressar ideias. Desde sempre o fiz com vontade de intervenção, mas só mais tarde é que solidifiquei essas intenções num projecto mais sólido. E é interessante porque considero o meu projecto pessoal um projecto artístico de intervenção, mas ele surge precisamente no final do curso de design, numa investigação para a cadeira de design.


A N U Á R I O Como foi o primeiro contato com o graffiti? O meu primeiro contacto com o graffiti aconteceu quando era muito pequenino ainda. Passou um filme na televisão que se chamava “Wild Style”, foi um dos primeiros filmes sobre graffiti, isto nos anos 80 talvez. Na altura despertou-me alguma curiosidade. Depois mais tarde vim a Lisboa. Vinha algumas vezes passar férias e via o graffiti que havia cá, que começou dez anos mais cedo que no Porto. Quando entrei para a Soares dos Reis (escola de artes no Porto) no 10º ano comecei a ter um contacto mais próximo, porque andava de skate nessa altura, tinha assim uma queda para a rua, e sempre estive ligado à rua. As artes e rua fizeram com que essa paixão pelo graffiti se fortalecesse.

Em que momento da tua vida sentiste necessidade de investir no tipo de trabalho de intervenção que desenvolves atualmente? Precisamente quando terminei o curso ou estava a terminar. O meu projecto pessoal (o maismenos) surge como um questionamento do papel do designer de comunicação numa sociedade de mercado. Ou seja, qual iria ser a minha participação na perpetuação de um sistema económico injusto. A vontade sempre existiu, mas este foi o momento certo para reflectir sobre isso e colocar em prática.

O Graffiti é uma profissão reconhecida? Começa a ser. Acho que para a maioria das pessoas ainda é difícil aceitarem e acreditarem que é possível ganhar dinheiro na vida a fazer graffiti. Mas a verdade é que é. Existem muitos trabalhos. No meu caso não faço apenas graffiti, produzo conteúdos vídeo, realizo, design e outro tipo de intervenções. Tenho um trabalho mais artístico, mais específico, portanto não vivo propriamente só do graffiti. Mas sim é possível. Durante muito tempo o graffiti foi o que mais me sustentou mensalmente. Tenho amigos principalmente em Lisboa mas também no porto que vivem praticamente do graffiti... eventos, workshops, convites para isto convites para aquilo, festivais de arte. Pedem-te para pintar, por exemplo, um festival de música e lá vais pintar dois ou três dias e depois pedem para fazeres um workshop com miúdos, depois para decorares um espaço qualquer, uma discoteca, uma fachada, uma loja… É sempre possível trabalhar e ganhar dinheiro. [25]


±PENSO MAS NÃO EXISTO± ±COMPRO MAS NÃO EXISTO± ±AO LONGO DA HISTÓRIA O PODER CRIOU FORMAS DE ALIENAR AS MASSAS, ILUDINDO-AS COM MITOS NECESSÁRIOS, USADOS PARA DISSEMINAR JINGOÍSMOS E PREOCUPAÇÕES FÚTEIS NO CIDADÃO COMUM. HOJE A TELEVISÃO E A COMUNICAÇÃO PERMITEM A MANUTENÇÃO DO STATUS QUO, FABRICANDO A ILUSÃO EM CONCEITOS COMO DEMOCRACIA E LIBERDADE± ±POR MOTIVOS RELACIONADOS COM O CONTROLE DE MASSAS O SEGUINTE ‘GRAFFITI’ NÃO S ERÁ EXIBIDO. IMPOMOS DESDE JÁ AS NOSSAS DESCULPAS. QUALQUER TENTATIVA DE EXIBIÇÃO SERÁ PUNIDA DEMOCRATICAMENTE (ISTO É, FORA DA ARENA PÚBLICA) POR UMA LEI CRIADA POR NÓS PARA NOS DEFENDER DE QUALQUER TIPO DE DISSIDÊNCIA. AGORA CIRCULE, OBRIGADO± ±DESLIGUE A TELEVISÃO. O MELHOR REMÉDIO CONTRA A GRIPE DAS AVES± ±POUPE ÁGUA. ASSIM PODEMOS JOGAR GOLFE± ±GRÂNDOLA, VILA CORRUPTA, TERRA DA DESIGUALDADE± ±GENTE FINA NÃO COME AQUI± ±GENTE FINA NÃO MORA AQUI± ±O POVO VENCIDO JAMAIS SERÁ UNIDO± ±PERDA FILOSOFAL± ±CREDITAMOS EM DEUS± ±MUDOS OS TEMPOS, MUDAS AS VONTADES± ±É UMA CASA PORTUGUESA SEM CERTEZA± ±EM NOME DO AMORIM, DO SONAE E DO BANCO ESPÍRITO SANTO. AMEN± ±PAGUE LEVE LEVEMENTE± ±TER OU NÃO SER± ±A GUERRA, AS MIGALHAS, HABITUAÇÃO, DOENÇA E MÁ EDUCAÇÃO± ±A GLOBALIENAÇÃO DO CAPITACLISMO± ±O FASCINISMO DA DEMOCRAPATIA± ±PORTUGAL AO FUNDO MONETÁRIO INTENCIONAL± ±NO PRESENTE É PASSADO O FUTURO± ±LATRINOCRACIA± ±ESTALO NOVO± ±ORGULHOSAMENTE S.O.S± ±ADEUS PÁTRIA FAMÍLIA± ±PARA A ESMOLA, RAPIDAMENTE E EM FORÇA± ±ABRIL MÁGOAS MIL±


Situa no tempo e explica o surgimento do “±” e qual é o seu simbolismo? O “±” surge como um projeto final de curso, de design de comunicação, em 2005, na FBAUP. Eu como designer questionava qual iria ser o meu papel no futuro. Ou seja, será que ia ser mais um maquilhador do mercado? Um mercado que não é justo, onde uns têm mais e outros têm menos.... E a minha tese desenvolveu-se à volta dessas questões, ou seja, qual era o papel do designer nessa sociedade de consumo e qual era o papel do designer como agente nessa sociedade de mercado. Da parte teórica passou à prática, em que decidi ironicamente criar uma marca, uma marca que utopicamente eliminasse as outras marcas. Ou seja mais menos igual a zero, a ideia seria anular toda a comunicação de mercado. Claro que isto é um projeto utópico mas centrase nisso. O “±” surge por isso, “±” como a comunicação sendo a energia da sociedade, como as pilhas,”±”; como uma marca que se anula, “± = 0” e como uma ilustração do que é a nossa sociedade, aqueles que têm mais e aqueles que têm menos. A partir daí foi começar a disseminar o projeto como uma marca normal. Houve um período só de marketing em que espalhava a marca de forma incógnita sem deixar uma descrição do que aquilo representava. Depois comecei a desenvolver o projeto já com outras vertentes mais evidentes daquilo que seria o “±”, que é no fundo uma posição de observador político económico e social. Portanto o “±” é isso. Um projeto artístico de intervenção que se debruça sobre a observação da sociedade em que vivemos.

±






1780 APDDP aula pĂşblica de debuxo e desenho do porto 1836 APBA academia portuense das belas artes 1881 EBAP escola de belas artes do porto 1950 ESBAP escola superior de belas artes do porto 1995 FBAUP faculdade de belas artes da universidade do porto


" Não há, na arte, nem PASSADO nem FUTURO. A arte que não estiver no presente jamais será arte." Pablo Picasso

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pavilh達o de tecnologias


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jardins fbaup


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oficinas de escultura e jardim


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pavilh達o carlos ramos


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A G E N D A C U LT U R A L 2 0 1 2 / 1 3

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“É na arte que o homem se ultrapassa definitivamente.” Simone de Beauvoir

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ESPAÇO OFICINAS A Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto dispõe de vários espaços destinados ao ensino da fotografia analógica e digital, espaços de multimédia, vídeo, escultura, pintura, desenho, design de comunicação, um espaço de oficinas destinadas ao ensino de técnicas de impressão manuais, entre outros. Nesta edição da revista Artedesign o espaço escolhido para mostrar é a oficina de técnicas de impressão. Neste espaço é disponibilizado aos alunos todo o material necessário para a aprendizagem de técnicas de impressão manuais como serigrafia, calcografia, litografia, xilogravura, entre outras.

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DE IMPRESSテグ

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"A educação " Não há, na arte, é a arma nem PASSADO mais nem FUTURO. poderosa Aque arteseque pode usar no não estiver no mundo." jamais presente Gabriel Ferraciolli será arte." Pablo Picasso

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É também neste espaço que são impressos, muitas vezes, em serigrafia, cartazes de eventos da UP. Passamos a mostrar alguns dos cartazes aqui impressos.

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FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP FBAUP 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