DESIGN PERMACULTURAL da FAZENDA-SOCIAL NOVA AURORA - CENA Parceria para replicação do PDC OnLine de Geoff Lawton João Lotufo joaonabao@gmail.com ARCAH Maio 2015 – Amsterdam, NL
Index CONTEXTO pg 3 OBJETIVO DO DESIGN pg 4 INFORMAÇÕES GERAIS pg 5 DADOS DO LOCAL pg 6 IMPLEMENTAÇÃO pg 7 ÁREA pg 9 LIMITES pg 10 SETORES pg 11 TOPOGRAFIA pg 12 ESCOAMENTO pg 13 AÇUDES E SWALES pg 14 ZONAS pg 15 ELEMENTOS pg 17 AGROFLORESTA pg 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS pg 19
CONTEXTO CENA é uma missão interdenominacional que busca alcançar pessoas que vivem na “boca do lixo” com o evangelho de Cristp desde 1987. A Missão CENA vai ao encontro de pessoas em situação de rua, crianças e adultos em situação de risco, prove abrigo durante o inverno. Prove assistência legal e grupo de suporte para dependentes quimicos na base da missão que é localizada no centro de São Paulo – Cracolândia. O trabalho é dividido em 4 etapas. Para mais informações acesse: www.missaocena.com.br
PREVENÇÃO, na qual a missão oferece atividades esportivas, artísticas e educativas para crianças e famílias da região.
RESGATE, cujo objetivo é auxiliar quem vive oprimido às margens da sociedade. Atividades como assistência à população de rua e abrigo são oferecidas.
RESTAURAÇÃO, onde pessoas que eurem mudar a forma que estão vivendo e se livrar das drogas ficam 9 meses por livre opção numa fazenda-social/comunidade terapêutica
REINSERÇÃO, etapa na qual o auxilio é focado na construção de novas perspectivas sociais. Uma casa família acolhe quem necessita e empregos formais são oferecidos por parceiros.
OBJETIVO DO DESIGN Doada em 1996, a fazenda Nova Aurora se tornou a comunidade terapêutica / fazenda social da CENA. Após a triagem feita na sede da missão no centro de são Paulo, as pessoas interessadas em mudar de vida são encaminhadas para a fazenda. Lá ficam 9 meses reaprendendo o cuidar, resgatando suas saúdes e realizando laborterapia como parte da prática terapêutica.
O principal objetivo do design permacultural é indicar um caminho ético de transição para uma prática mais sustentável e produtiva na fazenda-social.
Outros objetivos do design são: -Aprsentar técnicas para adequar a laborterapia - Produzir alimento na e para a fazenda - Produzir excedente para os outros braços da missão - Reduzir as necessidades externas da fazenda - Tornar a fazenda um centro educacional
INFORMAÇÕES GERAIS A fazenda-social é localizada no municipio de Juquitiba, SP, Brasil. Local da maior área de Mata Atlântica preservada da região metropolitana de São Paulo e rica em recursos hídricos. "Y-ku-tiba" é originado do Tupi e significa “terra de muitas águas”. Acredita-se que o nome se dá devido aos diversas fontes que existem na região assim como por suas constantes chuvas devido à sua localização geografica. Acesso A principal estrada é a BR-116. O portal da cidade é localizado no Km 326, a 70 Km da cpital do estado. A fazenda fica a aproximadamente 50 minutos do portal por uma estrada de terra. Clima O clima é considerado subtopical Cfb (clima úmido temperado com verão temperado). A temperatura média no ano é por volata dos 18 graus celsius. Oclima possui 4 estações distintas com chuvas distribuidas durate todo o ano, com maior concentração no verão. A média pluviometrica anual é de 1913mm. Vegetação Uma grande extensão do municipio é dominado por fragmentos de Mata Atlântica preservada, representando um grande valor ecológico para a região. Possui tambem fauna e flora na lista de espécies em risco de extinção. Fragmentos do Parque Estadual da Serra do Mar e do Parque Estadual do Jupará. Situção presente da área A fazenda possui uma boa parete de sua área com Mata Atlântica secundária. O resto da fazenda está bastante degradada e possui histórico de uso de adubos químicos como NPK e venenos. Anualmente folhas e “mato” capinado são queimados e árvores nativas são cortadas para lenha. Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Juquitiba http://pt.climate-data.org/location/34792/
DADOS DO LOCAL:
Cliente: CT Nova Aurora - CENA Localização: Juquitiba, Sudeste SP, Brasil, a 45 Km Oeste do Oceano atlântico, e aproximadamente 50 km ao Sul do Tropico de Capricornio Coordenadas: 23°55’11.23”S - 47°07’03.74”W Altitude: 650 metros acima do nível do mar Clima: Subtropical Cfb Chuva anual: 1913 mm Tamanho da propriedade: 80 hectares Solo: Latossolo Vermelho-Amarelo; compactado; pH ácido
IMPLEMENTAÇÃO Este design busca auxilir na transição de uma propriedade degradada e não produtiva para um local mais harmonico e abundante. Para isso, as decisões devem ser tomadas a partir de u ponto de vista permacultural, ou seja, de acordo com as éticas de cudado com as pessoas, cuidado com a terra e partilha. Por não possuirmos um budget para iniciar ou planejar a aplicação do projeto, o cronograma foi substituido por principios de design norteadores para a jova jornada. Desta forma a implementação poderá ser gradativamente realizada de acordo com as possibildades e continuará a fluir a cada novo momento do projeto. - Comece pequeno e sem pressa O local é muito rande e degradado. É melhor concentrar esforços nas zonas próximas e gradativamente expandir as atividades. Um bom resultado pequeno é mais fácil de expandir do que tentar fazer tudo de uma vez e “dar um passo maior do que a perna”. Lembre-se de que para cada grande swale implementado, devemos cobrir toda sua extensão com plantio sucessional.(Podemos implementa-lo em partes para dar conta!) Ilustração de Patricia Yamamoto - Diversas funções e fontes Se cada elemento exerce diversas funções e suas necessidades são supridas por diversas fontes o sistema se torna mais sistêmico, interconectado e resiliente. Um biosistema integrado não trata apenas o esgoto, mas também provê biogás, biofertilizante liquido, biomassa, além de ovos, aves e peixes. Imagem - http://cargocollective.com/patriciayamamoto/Biossistemas-Integrados-BSI
IMPLEMENTAÇÃO (cont.)
- Trabalhe com a natureza, utilize seus padrões Aproveite a gravidade! Faça composto acima da horta e armazene água no ponto mais alto que puder. Se possível comece pelos açudes e swales do topo, para cnseguir a maior energia potencial. As curvas de nível permitirão harmonizar com o local, a energia irá fluir passivamente..
Ilustração de Patricia Yamamoto
- Procure sistematizar a água e criar solo Cada zona possui uma estratégia específica para sistematizar a água e criar solo. Na Zona 1 temos calhas, cisternas enquant n Zona 4 swales e açudes. Na zona 1 fazendas de minhocas produzindo composto enquanto em zonas menos energéticas temos piquetes e tratores de animais segudos de manejo de adubação verde. - Sistematizar água quer dizer Reduzir sua velocidade, Espalha-la pela paizagem e Infilrala. Mantenha a água o máximo possivel no seu design, infiltre-a e a natureza o compesará. Lembre-se que és reponsável pela forma como direcionas a energia para for a do seu design. - Ao invés de árvoes, plante ecosistemas Otimize a sucessão natural por meio de estratégias agroecológicas. Num plantio garanta a dinâmica florestal, plante pioneiras, secundárias, climax e emergentes. Fixadoras de nitrogênio, madeira e comida. Rbalhe com os cicloe naturais e não se esqueces dos fungos!! http://cargocollective.com/patriciayamamoto/Agroflorestas
A área atual da fazenda-social possui 3 alojamentos, uma área comum, duas casas e uma capela. Um grande lago com barragem e um lago com peixes. Um terço da área é coberto por Mata Atlãnica secundária. A foto de satélite é do Google-Earth e o opensource software utilizado para o design foi o LibreOffice Draw.
O local não possui cerca em todo o seu entorno, e portanto seus limites não são claramente identificados. Existem registros de caçadores e palmiteiros dentro da área preservada. Gado dos vizinhos também entram na propriedadee eventualmente se alimentam de plantações e agroflorestas recem implementadas.
O site http://suncalc.net foi utilizado para obtenção dos angulos solares assim como visitas e conversas no local. São muitos os limites sem cerca, o que gera problemas com animais e plantações. Como exemplo desta interferência, foi relatado o prejuizo de um plantio agroflorestal de 6 meses que foi devorado por algumas cabeças de gado
A topografia foi feita por meio do googlemaps e googleearth. O local possui um vale. Seu ponto mais alto ĂŠ por volta de 700 metros acima do nivel do mar e o mais baixo, na entrada da fazenda, estĂĄ a aproximadamente 650 metros de altitude.
Em azul são mostrados os locais de maior escoamento de água após chuvas fortes. Nas partes degradadas e sem vegetação a força da água lixivia e erode o solo de forma proeminente. O local mais evidente de erosão é a própria estrada de acesso de chão batido.No cruzamento das linhas de escoamento com a linha-chave (linha de contorno topográfico no ponto de transferência de concavidade de um morro – de convexo para concavo) são chamados de pontos chave, sendo locais ideais para armazenar água [c.f. P. A. Yeomans].
Foram planejados 4 principais swales e 5 aรงudes que captarรฃo a รกgua de chuva do terรงo mais degradado da propriedade, uma รกrea de aproximadamente 270.000 metros quadrados que recebem anualmente 516.510.000 litros de รกgua de chuva. ร gua que serรก sistematizada, armazenada nos aรงudes e infiltrada pelos swales no sub-solo. O excesso de รกgua serรก encaminhado por escoamento para o grande lago jรก existente que desagua num pequeno riacho que deixa a propriedade prรณximo a estrada de acesso.
A Zona 1 foi restringida ao entorno das casas e alojamentos e seus caminhos de acesso. Subsequente, as áreas mais acessadas após a zona 1 foi denominada zona 2. Zona 3 é a área com fácil acesso mas pouco frequentada/utilizada. Zona 4 a mais distante e difícil acesso. Zona 5 foi delimitada a área da fazenda que já possui Mata Atlântica estabelecida,
Zona 1 Existem 3 dormitórios para os alunos assim como 2 casas para a equipe da CT. Uma casa comum com escritório, sala de tv, enfermaria e padaria, além de refeitório e cozinha com fogão a lenha anexados no centro desta zona. Uma capela e oficina se localizam na transição entre zonas 2 e 3. O design prevê que os caminhos entre os dormitórios se tornem produtivos com frutíferas, chás e tempeiros. Cisternas estão previstas em todas as construções assim como ligações de esgoto com o biosistema integrado cujo biogás produzido (na zona 3) é direcionado para a cozinha. Banheiros cujo nível seja inferior ao biodigestor utilizarão outras técnicas como seco ou bacia de evapotranspiração.
Zona 2 Nela estão parte das margens do grande e o campo de futebol, ambos contornados por chinampas. Uma grande horta está localizada no contorno da colina central da fazenda cujo design também inclui um grande trator de galinhas/piquetes e é contornado por uma pequena agorfloresta que abriga um melipolinário de abelhas nativas. Um bambuzal limita o zoneamento, servindo de quebra-vento e isolando a zona 5. Anexado ao dormitório feminino está a estufa e lombadas direcionam a água da estrda para circulos de bananeiras.
Zona 3 Local que está situado o biosistema integrado que tratará o esgoto. Anexado ao sistema, um lago de produção de peixes e patos, seguido de agrofloresta de alimentos. Ao lado do grande lado outra parcela de agrofloresta seguida da área para plantação de grãos consorciados. Na transição entre Zonas 3 e 4 estão os abrigos para animais e produção de shitake.
Zona 4 A maioria dos swales e açudes estão presentes nesta área, que possui também a maior altitude da fazenda. Também estão localizados na área os pastos em piquete e agroflorestas para madeira, biomassa e alimento e colméias de abelhas melíferas.
Zona 5 Cobrindo um terço da fazenda, é o local que acessamos para aprender, meditar e contemplar. Existem algumas trilhas na mata para caminhadas e coleta de sementes.
Maior o número da Zona, menor o trabalho. A energia deve se concentrar nas primeiras Zonas.
João Lotufo joaonabao@gmail.com
A partir do principio de auto reguulação, os elementos estão dispostos para exercerem diversas funções e terem suas necessidades supridas por multiplas fontes. Estas conexões possibilitam um melhor fluxo energético e complexidade, o que resulta num sistema com maior resiliência..
JoĂŁo Lotufo joaonabao@gmail.com
Podemos divir a agrofloresta em duas categorias: Alimento e Madeira. Ambas seguem a lĂłgica sucessional, sendo implementadas como ecosistemas. O manejo busca otimizar os ciclos naturais, potencializando os resultados com produtividade diversa de acordo com o estĂĄgio de cada saf.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Este design é um ponta pé inicial na transformação da fazenda-social. Existem diferentes possibilidades e estratégias de aplica-lo. O objetivo principal é o de apresentar uma nova possibilidade de rumo no desenvolvimento do local, sintonizado aos padrões naturais, abundância, diversidade e resiliência. A patir deste momento, cada nova etapa deve ser planejada de acordo com este quadro geral, o qual não está pronto, mas aberto para o feedback em um desenvolvimento contínuo e plástico.
A Permacultura deve auxiliar na possibilidade de um mundo melhor, mais abundante, em que o ser humano possa viver de forma mais harmoniosa com e no planeta. Se este design produziu sentimentos nesta direção, bem vindo a jornada! Por meio de um olhar permacultural vamos perceber as coisas de uma forma nova, com novas possibilidades e Bora Permaculturar!
João Lotufo joaonabao@gmail.com