Com Ciência Ambiental

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Com Ciência

Ambiental Co-processamento Uma tecnologia sustentável de destruição térmica de resíduos industriais


ELES SABEM, E EU TAMBÉM SEI Que, pelas ruas, gritantes sirenes transportam, dia e noite, os frutos da crescente dor. Que em cada copo de água bebe-se uma boa dose de veneno, porque as fontes não mais são puras, e o cloro nela aplicado também gera subprodutos perigosos. Que em cada porção de alimento ingerem-se resíduos dos agrotóxicos, aplicados como “salvadores da lavoura”; ou de anabolizantes, que fazem os animais “bombarem”; ou de aditivos, que transformam resíduos de processos industriais, em “saborosas iguarias”; ou ainda, de misteriosos componentes das embalagens, capazes de transformar “meninos em doces meninas”. Que, para produzir aço, derrubam florestas que poderiam salvar os rios, o clima e o que resta de beleza. Que em cada inalação, a saúde é aviltada por gases tóxicos, que matam silenciosamente os habitantes das grandes cidades, ou os desafortunados cortadores de cana, os carvoeiros e aqueles que conhecem de perto as queimadas. Que só há dinheiro para pesquisar a cura das doenças mas, não, para evitá-las, porque quem produz os remédios também é quem produz a maior parte dos venenos que desencadeiam o fim da saúde. Se eu sei de tudo isto, mais gente tem que saber, porque a ciência não foi criada para se calar, mas para iluminar os caminhos e trazer respostas que levem à paz. (Professora Sônia Hess, UFMS)


Editorial As escolhas que fazemos é que definem a pessoa que iremos nos tornar. E escolhemos a partir das informações e valores que nos são passados. Se forem manipulados ou até mesmo mentirosos poderão influenciar em nossas escolhas. A sustentabilidade passa pela revisão de nossas ideias. Entre as palavras e as ações para sustentabilidade existe ainda um vazio a ser preenchido com capacitação e cidadania, envolvendo desde a escola, comunidade, o lar e até as empresas. Não é o planeta ou a natureza que estão em risco e precisam ser salvos, mas á a própria espécie humana. Em razão das escolhas que fizemos, ao longo da história humana, já consumimos boa parte da capacidade da natureza de se regenerar. O fato de adquirirmos consciência ambiental não nos torna perfeitos. O importante é termos o compromisso de ser melhor todo dia, já que de nada adianta alcançarmos toda a riqueza do mundo se o planeta torna-se incapaz de sustentar a vida humana com qualidade. A revista Com Ciência Ambiental vem com projetos para maior entendimento dos assuntos utilizados, apresentando temas inovadores, incentivando estudos e pesquisas para o desenvolvimento de novas ideias.

EXPEDIENTE AUTORES Fernanda Danielle Gonçalves de Aguiar Gislayne Silva de Oliveira Gislene Silva de Oliveira Jéssica Ayala de Castro Ribeiro Kellen Paula Emiliano Santos Kênia Santos Cardoso Rosirene dos Santos Benedito Xavier Thairina Graziela Vieira da Silva

Sumário

CAPA 06 CO-PROCESSAMENTO Uso de resíduos em fornos de cimento

SUSTENTABILIDADE 04

MERCADO 05

BRASIL 09

SOCIAL 11

AMBIENTE 12

Centro Universitário Una Campus: Barreiro Curso de Graduação Tecnológica em Gestão Ambiental - 2º período

Aluízio Durco Bernadino Jamerson Peixoto de Matos Gomes Virgínia Granja Silva Machado de Lima

COORDENAÇÃO Fernanda Carla Wasner Vasconcelos

AGRADECIMENTOS Karine Rodrigues (Essencis – Soluções Ambientais)

ORIENTADOR Rafael Alves de Araujo Castilho

Henrique Bechara Stancioli (Essencis – Soluções Ambientais)

CO-ORIENTADORES Gabriel Vinícius Araújo Fonseca Ronaldo Gomes Faria

EDIÇÃO Jéssica Ayala de Castro Ribeiro


SUSTENTABILIDADE

Afinal, o que é SUSTENTABILIDADE? “O mundo que teremos amanhã depende do que fizermos no presente. Assegurar a gestão eficiente e inteligente dos recursos naturais é, portanto, semear um futuro sustentável.” (Autor desconhecido) Jéssic a Ribeiro

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palavra “sustentável” tem origem no latim “Sustentare”, que significa sustentar, apoiar, conservar. Este conceito de sustentabilidade está diretamente relacionado com uma atitude ou estratégia que é ecologicamente correta, que seja viável social e economicamente. É o termo utilizado para definir ações humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos sem comprometer o futuro das próximas gerações.

Sustentabilidade Empresarial

Sustentabilidade Ambiental e Ecológica

A preocupação com o meio ambiente tem crescido no ambiente empresarial, sendo ao mesmo tempo uma estratégia. Uma vez que o conceito de sustentabilidade está ligado com a responsabilidade social, torna-se uma vantagem competitiva. A empresa que se preocupa com a sustentabilidade é aquela que cuida do planeta e colabora para um meio ambiente ecologicamente equilibrado e com a qualidade de vida da comunidade, sendo apreciável aos olhos do público.

A sustentabilidade ambiental é a manutenção do meio ambiente do Planeta Terra, mantendo a qualidade de vida e o ambiente em harmonia com as pessoas. É cuidar para não poluir a água, o solo, o ar, fazendo coleta seletiva do lixo para evitar danos, degradação e até mesmo desastres ambientais. A adoção de ações de sustentabilidade garante a médio e longo prazo um planeta em boas condições para o desenvolvimento das diversas formas de vida, inclusive a humana.

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MERCADO

O papel do Gestor Ambiental Gislayne Oliveira

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demanda por bons profissionais em qualquer setor de uma organização é um fator intrínseco para que a empresa chegue ao sucesso. Essa demanda cresceu consideravelmente na área ambiental nas últimas décadas, impulsionada pelo avanço de leis e normas que regem a conduta das organizações nesse segmento. Com isso, a figura do gestor ambiental ganha cada vez mais importância nesse cenário, pois é ele quem analisa desde os processos que precisam ser implementados até as consequências dessas ações para a empresa e para a sociedade. O papel do gestor é cuidar da parte ambiental da empresa, administrando os diferentes recursos para o atendimento das questões relativas ao meio ambiente exigidas pelos diversos órgãos fiscalizadores. As atribuições são as mais variadas. É ele quem realiza a gestão de resíduos da empresa, o controle de insumos adequado e ambientalmente correto, o treinamento dos colabora-

dores nas questões ambientais, o auxílio aos setores de planejamento e engenharia na escolha de locais adequados para futuras expansões, bem como o atendimento de solicitações

“O gestor ambiental tem a capacidade de desenvolver uma ação transversal, operando desde uma visão de administração até o uso sustentável dos recursos naturais” referentes à qualidade ambiental, orientando sobre as exigências legais existentes, a realização de atividades internas e externas que visem à preservação e, mais do que tudo, a integração da co-

munidade para a melhoria da imagem da empresa. Em 2012, Marina Silva Vaz de Lima, ambientalista, historiadora, pedagoga e ex-ministra do meio ambiente falou da importância do gestor inserido nas questões de ambiente: “O gestor ambiental tem a capacidade de desenvolver uma ação transversal, operando desde uma visão de administração até o uso sustentável dos recursos naturais e faz com que essa visão integrada, observando a capacidade de suporte dos ecossistemas, contribua efetivamente para a criação de um novo modelo de desenvolvimento. Por isso entendo a sustentabilidade não como uma forma de fazer as coisas, mas como uma forma de ser, uma visão de mundo, um ideal de vida que se traduz na economia, na cultura, na ciência, na tecnologia, na relação dos homens entre si e com a natureza. Isso é a sustentabilidade que o gestor ambiental pode ajudar a construir.”

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CAPA: CO-PROCESSAMENTO

USO DE RESÍDUOS EM FORNOS DE CIMENTO Tecnologia ambiental consagrada mundialmente ganhou ainda mais força no país com as determinações previstas na Política Nacional de Resíduos Sólidos: fechar lixões até 2014 e eleger a disposição em aterros como a última alternativa para resíduos – o co-processamento em fornos de cimento continua a crescer de forma considerável

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Marcelo Furtado

evantamento da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), entidade que congrega as principais cimenteiras do país registrou em 2012 aumento de 25% no volume de resíduos t – como substituto de combustível ou de matéria prima – o que totalizou 1,45 milhão de toneladas, contra o montante de 1,16 milhões de toneladas atingindo em 2011. Desse total, 951 mil toneladas (66%) substituíram a energia térmica de combustíveis fósseis, em especifico o coque de petróleo utilizado pelos fornos de clínquer das cimenteiras. Já os 34% restantes, 499 mil t entraram nos sistemas como substitutos de matérias-primas de cimento, por contarem com calcário e argila. O crescimento do mercado é visível já alguns anos, em virtude das vantagens ambientais e da disponibilidade de oferta. Solução que efetivamente destrói o resíduo nos fornos, que operam a cerca de 1200 ºC, que queimando-o como combustível ou incorporando-o ao cimento, o co-pro-

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cessamento paulatinamente vem ocupando a capacidade total instalada de 2,5 milhões de toneladas. Das 51 fábricas integradas de cimento do país, 36 delas estão licenciadas para a atividade, sendo 17 no sudeste. Em 2010, foram co-processados 870 mil toneladas, número que foi aumentando em 25% no ano seguinte, coincidindo com a época em que o boom da construção civil atingiu de forma muita positiva a indústria de cimento. O ritmo de crescimento em 2013, segundo revelou o gerente de tecnologia da ABCP, Yushiro Kihara, deve continuar a ser acima de 10%, não no mesmo nível registrado nos últimos dois anos, mas de forma consistente. Pode duplicar – Caso a procura aumente, o Brasil tem condições de duplicar sua capacidade de co-processamento apenas com modificações nos fornos já licenciados, sem precisar recorrer a mais unidades. Porém quando houver a necessidade de ampliação para além dos fornos atualmente licenciados, o mercado precisará vencer

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TÍTULO DA SEÇÃO

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TÍTULO DA SEÇÃO

três barreiras: 1) Há regiões no pais com indisponibilidade de resíduos com poder calorífico suficiente para entrar nos fornos; 2) o investimento para controle de emissões atmosféricas é muito alto; e 3) O processo de licenciamento é burocrático e rigoroso. Para ser apto ao coprocessamento, o resíduo precisa ter poder calorífico de no mínimo 2900 Kcal/Kg, para agregar capacidade térmica no processo de combustão acostumado a operar com o coque de petróleo, com 9 mil Kcal/ Kg. E o resíduo ainda precisa ter sido preparado por unidades de blendagem (mistura) que aglomeram e trituram resíduos líquidos, sólidos e pastosos, na glanulometria certa. As unidades de blendagem mis-

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turam e trituram os rejeitos industriais sólidos e também os deixam impreguinados de outros resíduos líquidos e pastosos com poder calorífico. Os mais comuns são: solventes, borras oleosas, equipamentos de proteção individual usados, madeiras e solos contaminados. No Brasil – O co-processamento é utilizado no Brasil desde o início da década de 90. A solução Ambiental faz uso dos resíduos em substituição parcial ao combustível empregado para alimentar as chamas dos fornos, que transforma calcário e argila em clínquer, matéria prima do cimento. A queima se realiza em condições controladas, dentro de um marco regulador existente, de acordo com a política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada em 2010.

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A combustão é a reação principal do processo de fabricação do cimento. A temperatura da chama, o tempo de residência dos gases e a turbulência no interior do forno de cimento são ideais aos padrões exigidos para a destruição de resíduos perigosos. No Brasil é proibido o coprocessamento de contaminantes com organoclorados, para prevenir a formação de dioxinas, em virtude do cloro. Mas a experiência técnica diz ao contrário, já que a temperatura da queima é superior aquela que normalmente forma esses contaminantes atmosféricos ( 1200 ºC contra 800 ºC). Fonte: Revista Química e Derivados – Outubro - 2013


BRASIL

A situação dos resíduos industriais no Brasil Gislene Oliveira

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s resíduos industriais são originados nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como: o metalúrgico, o automotivo, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria alimentícia, etc. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-se grande quantidade de lixo tóxico. Esse tipo de lixo necessita de tratamento especial pelo seu potencial de envenenamento. O lixo gerado pelas atividades agrícolas e industriais é tecnicamente conhecido como resíduo e os geradores são obrigados a cuidar do gerenciamento, transporte, tratamento e destinação final de seus resíduos, e essa responsabilidade é para sempre. A indústria é responsável por grande quantidade de resíduo – sobras de carvão mineral, refugos da indústria metalúrgica, resíduo químico e gás e fumaça lançados pelas chaminés das fábricas. O resíduo industrial é um dos maiores responsáveis pelas agressões fatais ao ambiente. Nele estão incluídos produtos químicos (cianureto, pesticidas, solventes), metais (mercúrio, cádmio, chumbo) e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais onde são despejados. Os resíduos sólidos são amontoados e enterrados; os líquidos são despejados em rios e mares; os gases são lançados no ar. Assim, a saúde do ambiente, e consequentemente dos seres que nele vivem, torna-se ameaçada, podendo levar a grandes tragédias. Para tratar a questão dos resíduos industriais, o Brasil possui legislação e normas específicas. Pode-se citar a Constituição Brasileira em seu Arti-

go 225, que dispõe sobre a proteção ao meio ambiente; a Lei 6.938/81, que estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente; a Lei 6.803/80, que dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial em áreas críticas de poluição; as resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA 257/263/258 e por fim a CONAMA 313, que dispõem respectivamente sobre pilhas, baterias e pneumáticos e disposição final dos resíduos industriais. Além disso, a questão é amplamente tratada nos Capítulos 19, 20 e 21 da Agenda 21 (Rio-92). Destruir de forma definitiva resíduos é por si só o melhor argumento a favor das tecnologias térmicas. Todavia, a vantagem ambiental não é suficiente para que sistemas como coprocessamento em fornos de cimento e incineradores desafiem de forma mais incisiva a principal tecnologia concorrente, os aterros, ainda hegemônicos no Brasil, para onde cerca de 80% dos resíduos industriais são destinados. Este fato decorre do custo baixo da destinação em aterros. Outro fator limitante é a falta de exigências legais que obriguem a destruição total

do resíduo evitando a ampliação da destinação dos resíduos industriais para coprocessamento. A lei 12.305 de 2010 da política nacional de resíduos sólidos enaltece as normas já estabelecidas pelo CONAMA, além disso, o coprocessamento ganhou forte estímulo com a sanção do ex presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à Lei de Resíduos Sólidos, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que por sua vez regulamenta a destinação final dos lixos produzidos. Entre as diretrizes da PNRS está à proibição do lançamento de resíduos sólidos em praias, rios e lagos, e queimadas de lixo a céu aberto. A política incentiva também à reciclagem e a compostagem a transformação do lixo em adubo e finalmente proíbe a coleta de materiais recicláveis em lixões ou aterros sanitários. Além disso, a lei prevê a obrigação da logística reversa onde as empresas têm que fornecer condições para os usuários destinarem os resíduos, dos produtos consumidos. Fonte: Colefar

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BRASIL

O que diz a Política Nacional de Resíduos Sólidos Thairina Vieira A Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos foi sancionada pelo ex- Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva, em 02 de agosto de 2010, sendo posteriormente regulamentada por meio do Decreto nº 7.404, assinado em 23 de dezembro de 2010, passando a vigorar a partir desta data. A garantia da implementação da PNRS está baseada na aplicação integrada do seu texto jurídico interligado as outras Leis já existentes que contemplam a questão de resíduos sólidos, destacam – se aquelas que dispõem sobre: a Política Nacional de meio Ambiente ( Lei n° 6.938/81), a Política Nacional de Saúde( Lei Orgânica da Saúde n° 3.080/90) a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei n° 9.795/94), a Política Nacional de Recursos Hídricos( Lei n°9.433 de 08/01/1997) a Lei de Crimes Ambientais ( Lei n° 9.605/58). A Lei demorou 20 anos para ser aprovada

no congresso Nacional. Entretanto, a demora também trouxe como resultado uma lei mais consistente, que além de preencher a lacuna legislativa existente, trouxe inovações como a instituição do principio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, alteração do modelo de gestão dos resíduos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi instituída sobre os princípios da gestão e gerenciamento de resíduos sólidos. A gestão dos resíduos sólidos é imposta de forma integrada é uma responsabilidade compartilhada, ou seja, consumidores, fabricantes, revendedores, somos todos responsáveis pelos resíduos que geramos. Por tanto a maioria dos Estados brasileiros não possui leis efetivas para garantir o tratamento adequado dos resíduos sólidos. Então, esses resíduos

são descartados de forma inapropriada, aumentando os lixões a céu aberto, contaminação das águas pelos poluentes industriais, surtos de doenças, tragédias após grandes chuvas devido aos entulhos nos esgotos e aumento da poluição. É inegável á importância da Política nacional de Resíduos Sólidos, pois, representa uma real oportunidade de formalização, padronização, das atividades relativas á gestão dos resíduos sólidos, visando minimizar os danos ambientais já existentes e prevenir os danos futuros, sem deixar para trás o desenvolvimento do país. A sua implementação resulta uma transformação de modo produtivo de consumo e na forma da sociedade se relacionar com o meio ambiente rumo ao desenvolvimento realmente sustentável.

Quanto custa tratar o rejeito? Kênia Santos Produzidos em todos os estágios das atividades humanas, os resíduos, em termos tanto de composição como de volume, variam em função das práticas de consumo e dos métodos de produção. As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens). Os resíduos perigosos, produzidos sobretudo pela indústria, são particularmente preocupantes, pois, quando incorretamente gerenciados, tornam-se uma grave ameaça ao meio ambiente As mudanças ainda são lentas na diminuição do potencial poluidor principalmente as empresas mais antigas que continuam contribuindo com a maior parcela da carga poluidora gerada e elevado risco de acidentes ambientais, sendo, portanto, necessários altos investimentos de controle ambiental e custos de despoluição para controlar

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a emissão de poluentes, o lançamento de efluentes e o depósito irregular de resíduos perigosos. Os custos das empresas em proteção ambiental, incluindo redução da poluição, gestão de resíduos, monitoramento, conformidade, impostos e seguros, têm aumentado rapidamente nos últimos 20 anos com crescente e mais exigente regulamentação ambiental. Estas normas limitam geralmente sua atuação na informação financeira que se apresenta nas contas anuais, especialmente nas obrigações e contingências ambientais que afetam, ou podem afetar no futuro, a posição financeira da empresa. Ao longo dos anos, o setor produtivo, em especial o industrial, vem empreendendo esforços para conhecer e desenvolver ferramentas e tecnologias adequadas de gestão de rejeitos, notadamente os sólidos, motivadas quase

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sempre pela fiscalização dos órgãos de controle da poluição e, em menor parte, pela missão e compromisso de ser realmente sustentável. Independente de qual seja a motivação, se mecânico – reativo ou consciente - proativa, e de quão certa ou errada ela está, o fato é que abordagem até então corrente apresenta-se no atual contexto de entendimento sobre sustentabilidade, bastante míope acanhada. O setor industrial pode fazer mais. Já se deu o primeiro passo com a aprovação da política Nacional de resíduos sólidos – PNRS, pois a gestão de resíduos e rejeitos assumiu um papel mais analítico e preventivo com a estruturação do protocolo de ação em fases gradativas de intervenção nos resíduos, que vão desde a não geração, redução reutilização e reciclagem até a destinação final do que hoje se convencionou chamar de rejeito.


SOCIAL

PROJETO GEMA Entrevista com a prof. Maria Cristina Santiago, nutricionista-psicóloga, mestre em saúde pública - FIOCRUZ e professora do Centro Universitário UNA Fernanda Aguiar

1-Como surgiu o projeto Gema? O projeto Gema surgiu quase que por acaso. Eu e a prof. Fernanda Wasner estávamos criando jogos simultaneamente e sem que soubéssemos disso. Eu criava os jogos da nutrição na disciplina de estágio supervisionado em Nutrição Social e a Prof. Fernanda os criava para a educação ambiental. Em uma conversa, a prof. Fernanda sugeriu unirmos os objetivos e levarmos os jogos, agora transformado em projeto, para eventos como o Viva a Praça e nas escolas. Ao criarmos o Projeto, foi pensado um nome que abraçasse a nutrição e o meio ambiente, e aí surgiu o GEMA – Grupo de Elaboração de Materiais de Aprendizagem, que também é uma referencia à nutrição (gema do ovo) e no meio ambiente (gema de pedras preciosas). Criamos um logo para o projeto fomos dando continuidade ao que já fazíamos, agora em uma ótica de intradisciplinaridade (dois cursos distintos). As ações aconteceram em 2009, e o GEMA vêm trazendo a todos que dele participam, alunos e publico em geral, momentos de descontração de aprendizagem. 2-Qual a finalidade desse projeto? A finalidade é promover a educação através do lúdico, mas não somente “educação” como um ato formal porém não introjetado pela pessoa, mas sim uma construção do conhecimento levando a alfabetização em saúde. A alfabetização em saúde é um termo que vêm sendo usado para distinguir a forma como a pessoa passa a mudar seus hábitos em função da educação recebida. O lúdico cabe bem neste contexto, uma vez que dificilmente esquecemos o que nos propicia momentos agradáveis, como no caso dos jogos.

3- Alguma empresa tem parceria com esse projeto? Nenhuma empresa demonstrou interesse em participar deste projeto. Todos os jogos são desenvolvidos pelos alunos que, ao final do processo de construção, doa o jogo para fazer parte do acerto de jogos do GEMA. Isso acontece tanto na nutrição quanto na gestão ambiental. 4-Como este projeto esta sendo divulgado? O projeto é divulgado em eventos como o Expouna, Viva a Praça, eventos em escola, etc. Os jogos escolhidos para cada evento buscam ser os mais apropriados a cada publico. Construímos jogos para todas as faixas etárias e todos os graus de escolaridade, crianças, adolescentes e adultos. 5- Quem pode se envolver com o projeto? Qualquer pessoa ou curso pode se envolver com o Projeto Gema, bastando para isso mostrar interesse em participar. Em geral é a prof. Fernanda Wasner é quem faz a ponte entre os interessados e o projeto. De maneira geral, os alunos que estão cursando a disciplina de estagio supervisionado em Nutrição Social criam jogos para avaliação dentro da disciplina e a prof. Fernanda Wasner também cria os jogos com seus alunos. 6- O porque da escolha do nome Gema? GEMA – Grupo de Elaboração de Materiais de Aprendizagem, é uma referencia à nutrição (gema do ovo) e ao meio ambiente (gema de pedras preciosas).

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AMBIENTE

Essência da Vida Os recursos hídricos têm profunda importância no desenvolvimento de diversas atividades econômicas. Kellen Emiliano

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água é uma matéria prima indispensável à vida e às atividades do homem, provavelmente o único recurso natural que tem a ver com todos os aspectos da civilização humana, desde o desenvolvimento agrícola e industrial aos valores culturais e religiosos na sociedade. É um recurso natural essencial, seja como componente bioquímico de seres vivos, como meio de vida de várias espécies vegetais e animais, como elemento representativo de valores sociais e culturais e até como fator de produção de vários bens de consumo final e intermediário. Os recursos hídricos têm profunda importância no desenvolvimento de diversas atividades econômicas. Em relação à produção agrícola, a água pode representar até 90% da composição física das plantas. A falta d’água em períodos de crescimento dos vegetais pode destruir lavouras e até ecossistemas devidamente implantados. Na indústria, para se obter diversos produtos, as quantidades de água necessárias são muitas vezes superiores ao volume produzido. A água doce utilizada pelo homem vem das represas, rios, lagos, açudes, reservas subterrâneas e em certos casos do mar (após um processo chamado dessalinização). A água para o consumo é armazenada em reservatórios de distribuição e depois enviada para grandes tanques e caixas d’água de casas e edifícios. Após o uso, a água segue pela rede de captação de esgotos. Antes de voltar à natureza, ela deve ser novamente tratada, para evitar a contaminação de rios e reservatórios. A conservação da água depende, sobretudo, de ações educativas junto

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USOS DA ÁGUA Geração de Energia

No Brasil, a água é a principal fonte de geração de energia elétrica. Para isso, os rios são represados e a força da queda d´água movimenta as turbinas, gerando eletricidade.

Esporte, Lazer e Turismo

São várias as atividades de lazer que a água proporciona, desde a prática de esportes náuticos como iatismo e remo, até exercícios relaxantes como a natação e banhos de rios e de cachoeira.

Consumo Doméstico

A água é usada em inúmeras atividades cotidianas e na higiene pessoal. Ela serve para tomar banho, lavar louças e roupas, fazer comida e para matar a sede.

Indústria

As fábricas utilizam água em processo de limpeza e resfriamento de máquinas. E, mais diretamente, como matéria-prima, no caso das indústrias de alimentos e papel e, claro, de água mineral.

Irrigação Agrícola

Atualmente, a maior parte da água doce do planeta (aproximadamente 70%) é utilizada para irrigar plantações em lugares onde a quantidade de chuva não é suficiente. É justamente nessa área onde é fácil reduzir o consumo exagerado, com práticas de irrigação que não desperdiçam a água, como por exemplo, a irrigação por gotejamento.

à comunidade, que deve ser esclarecida com relação aos prejuízos que a poluição pode provocar. Depende, também, de uma série de leis e regulamentos que as autoridades devem implantar e monitorar. A falta de planejamento em relação aos recursos hídricos precisa acabar. É necessário que haja administração racional que não vise apenas aumentar a oferta de água com grandes investimentos em obras, mas se preocupe, principalmente, em conservar, preservar e reaproveitar a água que temos. A sua conservação exige, entre outras coisas, a coleta e o tratamento de esgotos, que atendem aos

aspectos sanitários e legais. O controle da ocupação urbana é primordial na proteção dos mananciais. Não se cria água, apenas se transforma do estado líquido em vapor ou em gelo e de volta em líquido. É cada vez mais importante e mais difícil conservar as águas existentes em condições de pureza. No decorrer desse século, vamos ter que fazer grandes esforços para preservar as fontes que temos dessa riqueza.


AMBIENTE

Você sabe a importância da preservação do Meio Ambiente? Rosirene Xavier

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preservação é um conjunto de medidas que devem ser adotadas por todos, de forma a garantir o futuro do nosso planeta para as novas gerações. Atualmente, a preservação ambiental se torna praticamente obrigatória em todo o mundo, em razão às graves consequências originadas pela degradação do meio ambiente que são muitas, sendo a preservação a única maneira de amenizar ou até mesmo acabar com tais consequências. A preservação de florestas é garantia da qualidade de vida, além de beleza paisagística, as formações florestais que mantém o equilíbrio climático e flora diversificada, abrigando a fauna, protegendo os mananciais e promovendo a estabilização das encostas. É da natureza que tiramos nossos recursos e por vários outros motivos não temos o mínimo direito de destruí-la. Preservar o meio ambiente é fundamental para manter a saúde do planeta e de todos os seres vivos que moram nele. Os seres humanos só conseguem sobreviver graças a natureza, afinal usamos os animais e plantas para nos alimentar, água para beber e tomar banho e outros recursos para sobrevivência. Proteger a natureza não é só cuidar da mata atlântica, mas sim preservar cada lugar por onde passamos e cada ser vivo que encontramos pelo caminho. Na luta para salvar o planeta todos podem participar, nunca é cedo nem tarde de mais para fazer

sua parte. Separar o lixo reciclável do orgânico (não reciclável) é uma medida rápida e simples que ajuda a diminuir em até 40% da quantidade de material que vai parar nos lixões. Uma latinha que se joga na rua, por exemplo, pode parecer apenas uma latinha, mas somada com outras chega a entupir bueiros e causar enchentes por isso, se cada um ajudar um pouquinho, o planeta agradece. Quando cada um se responsabilizar

e trabalhar com consciência pela preservação do meio ambiente haverá menos impacto ambiental, sendo que os aspectos poderão ser controlados por gente que entende que o planeta terra é também a sua própria casa. Se Deus criou a terra e natureza com tanto carinho, porque nós homens teremos que destruir nossas matas, nossos rios e até mesmo envenenar o ar que respiramos? Vamos nos vigiar !

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perceberá que não se vive só de dinheiro…” (Autor desconhecido)

Que futuro queremos? Pense nisso!


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