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PRODUÇÃO, UTILIZAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO FENO FURLANETTI, Alessandra Carla1 BRAMBILLA, Everton2
Resumo: Este artigo teve como objetivo refletir sobre a obtenção da forragem desidratada de alta qualidade verificando seu processo de conservação para preservar alimento de bom valor nutritivo, nos períodos chuvosos, com perda mínima e custo de produção economicamente viável. Para o produtor tem sido uma boa opção produzir feno para seu próprio uso e comercialização. Nos períodos de escassez de chuvas muitos pecuaristas procuram alternativas para suprir a necessidade de pastagem ao rebanho e podendo ainda além de produzir pode comercializar feno para utilizar como complementação alimentar aos bovinos. Palavras-chave: Feno – Comercialização – Custos viáveis.
Abstract: This article had as objective to obtain dehydrated forage of high quality verifying your conservation process to preserve food of good nutritional value, in the rainy periods, with minimum loss and production cost economically viable. For the producer it has been a viable option to produce hay for your own use commercialization. In the periods of scarcity of rains many cattle creators look viable alternatives to supply the pasture necessity its flock and can commercialize the hay to be used as alimentary complementation to the bovines. Keywords: Hay. Commercialization. Viable costs.
Introdução
O pecuarista que investe em um sistema de produção de feno, como uma das alternativas disponíveis para o armazenamento de forragens adere a uma pratica que foi considerada por muito tempo difícil de ser realizada por exigir maquinários específicos como enleiradeira, enfardadeira entre outros. A fenação é uma técnica de conservação de forragens realizadas por meio da desidratação ou secagem da forragem verde, que preserva o alimento de bom valor nutritivo, com mínimo de perda na produção. O feno é um alimento para ser fornecido aos animais nos períodos de seca ou quando há falta de volumoso.
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A introdução de algumas forrageiras de alta potencialidade, produção e valor nutritivo que são gramíneas tropicais como tifton ou coast-cross tem contribuído para difusão da tecnologia de produção de feno. Alguns fatores podem ser considerados para qualidade de folhas, caules finos, macios, ausências de mofo e impurezas. O gerenciamento de custos for focado de acordo com objetivo desejado, dessa maneira, procurou pesquisar a importância sobre vantagens da fenação ao pecuarista e como produzir feno sendo indispensável maquinários específicos para menor mão-deobra e melhorar a qualidade do produto.
2- Metodologia aplicada
A metodologia deste trabalho foi obtida em discussões sobre feno demonstrando-se procedimentos que devem ser executados com o feno através de pesquisas aplicadas aos pecuaristas da região de Santo Anastácio do interior do Estado de São Paulo, Foram elaboradas perguntas aos pecuaristas e estes relataram sua opinião nas questões relacionadas ao assunto da importância do feno. Desta forma resultou melhor conhecimento, rentabilidade da produtividade e utilização do feno pelos pecuaristas nos períodos de seca entre os meses de maio a setembro.
3- Pesquisa
O trabalho procurou pesquisar sobre os procedimentos da produção, utilização e comercialização do feno para os pecuaristas na região de Santo Anastácio – SP. Esse trabalho foi desenvolvido no Sítio Santa Virgínia, propriedade da família do autor Everton Brambilla, que relatou a convivência do trabalho diária dentro desta pesquisa, constatando-se junto aos pecuaristas que a melhor rentabilidade foi produzir seu próprio feno em grande quantidade para futura comercialização. A investigação apontou várias vantagens que o feno pode oferecer aos bovinos. Diante das estratégias de armazenamento da forragem os pecuaristas podem comercializar os bovinos com melhor preço, resultando em maior peso e, consequentemente, maior lucratividade.
4- Análise e discussão dos resultados
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Produzir feno exige planejamento e sua utilização deve ser estratégica durante a seca e inverno. Estes são os dois principais períodos críticos em que a escassez de alimento torna-se mais aguda, refletindo diretamente na produtividade do rebanho. Vilela (2006) relatou que os custos de produção do feno apropriou-se produção da massa verde desde a destoca do terreno, até tratos culturais considerando-se vida útil de oito anos. Foi computado o custo da massa verde como se o campo de produção de forragem fornecesse três cortes fenáveis por ano. A colheita de forrageiras retira do solo alta concentração de nutrientes que demanda após cada corte realizar aplicação de adubação de manutenção para reposição dos nutrientes como nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). O corte é realizado entre abril e maio garantindo nos meses seguintes uma forragem com alto valor nutritivo. O planejamento é essencial para que o pecuarista encontre melhor opção da variedade de forrageira a ser cultivada no momento de decidir pela espécie tipo de forrageira. O pecuarista deve levar em consideração a relação caule, folha estreita, folhas maiores, plantas com alto valor nutritivo e menor teor de matéria seca (Vilela, 2006). As variedades de forragens com mais folhas possuem maior teor nutritivo, ou seja, mais proteínas. As que apresentam mais talos são ricas em fibras. O ideal é uma combinação talo e folha equilibrando o valor nutritivo da forrageira. Para obter uma forragem de qualidade e com bons índices de produtividade deve-se recorrer a solos com boa fertilidade, adubação de manutenção e a escolha adequada das espécies sejam gramíneas ou leguminosas. De acordo com Vilela (2006) as leguminosas são melhores do que as gramíneas em seu valor nutritivo, porém, produzem quase a metade de forragem por unidade de área.
4.1 Sítio Santa Virgínia em Santo Anastácio (SP) do autor da pesquisa
No período da seca entre maio e setembro são grandes os problemas enfrentados por pecuaristas na criação de bovinos, muitas vezes, o produtor coloca menos quantidade de bovinos reservando-se mais pastagem para esse período, porém, quando a seca surge, sempre acaba faltando pastagem. Nos meses de maio a setembro
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ocorre poucas chuvas, pastagem não cresce, os bovinos acabam perdendo peso e pode até chegar a morte. A propriedade em que foi desenvolvida esta pesquisa foi na cidade de Santo Anastácio do Sítio Santa Virgínia, que pertence a família do autor, que passava por esses problemas. Uma das primeiras alternativas ao problema foi à silagem de milho, porém, o custo de produção era bastante elevado não sendo um recurso viável para produção de bovinos. A propriedade além da criação de bovinos também tinha como atividade à produção de forragem para comercialização da semente com o mesmo processo que a produção de feno. Um aspecto importante foi que no processo inicial do feno, tinha que ter uma máquina enfardadeira e no processo final da semente máquina colhedora. Antes de produzir feno a propriedade tinha como alternativa o aproveitamento da forragem utilizada para produção de semente. Após a forragem ter sido colhida a semente pegava essa forragem que estava enleirada, colocava-se em carretas de trator e depois servia aos bovinos para alimentação dos mesmos. O resultado foi bastante mãode-obra e nada de lucratividade. Então surgiu a idéia de realizar o aproveitamento da forragem em forma de fenação, enfardava a forragem que tinha sido colhida a semente mas, dependendo da espécie de forragem a qualidade não era das melhores. A forragem que é produzida para colheita de semente, floresce, produz cachos de sementes e após amadurecer, apresenta folhas duras e amareladas. O valor nutritivo fica baixo, ocasionando-se, desta maneira, com que os bovinos não engordassem. A melhor alternativa foi produzir a forragem com finalidade específica para produção de feno, forragem cortada e enfardada no ponto ideal da realização do feno, antes da floração (folhas com coloração verde, talos macios e, em conseqüência, alto valor nutritivo). Ao achar o ponto ideal da forragem para produção de feno constatou-se que trouxe várias vantagens para a propriedade. Uma delas foi que sua produção era maior em quantidade de fardo e quilos, fazendo com que a propriedade pudesse obter maior lucratividade na produção. A outra vantagem foi o feno realizado antes da floração, com maiores valores nutritivos, e os bovinos ingeriam maior quantidade diária não ocorrendo desperdício, consequentemente, obteve-se maior ganho de peso diário. No entanto, para o pecuarista descobrir a melhor estratégia, com custo adequado, às vezes, não é do dia para noite, podendo estar no caminho certo porém,
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máquinas inadequadas. Com isso, a qualidade não seria das melhores e o custo de produção pode ser elevado. Foi assim que as estratégias testadas verificaram resultados positivos para essa pesquisa. Tudo começou a partir de um aproveitamento de forragem, no entanto, o feno não era de boa qualidade, a propriedade começou a plantar forragem, especificamente para a produção do feno, tudo realizado no exato momento. A máquina (enfardadeira) que encontrava-se para iniciar o feno, utilizava muita mão-de-obra na hora do carregamento ao transporte fazendo com que elevasse o custo de produção. Aumentavase
o
tempo
de
transporte,
possibilitando
ocorrência
de
chuvas,
havendo
comprometimento na qualidade final do produto (feno). Para diminuir o custo de produção e tempo de carregamento do transporte, a propriedade realizou investimento em novas tecnologias adquirindo a máquina enfardadeira. O sistema de carregamento para transporte, passou ser todo mecanizado não utilizando mão-de-obra, com isso, transporte foi reduzido, resultando em maior lucratividade. Atualmente, além da propriedade produzir feno para uso interno e comercialização, também foi desenvolvido sistema de prestação de serviço, com os equipamentos de fenação. A propriedade Sítio Santa Virgínia utiliza área de forragem desenvolvendo todo processo de fenação e ao final recebe por unidades produzidas dos fardos de feno.
4.2 Relação Custo/Benefício
A fenação é imprescindível para o produtor que pratica o sistema de cria em sua propriedade seja pecuária de corte, leite ou elite. O feno torna-se mais importante para tratar da bezerrada. É um alimento importante para o desenvolvimento inicial do rúmen e bezerros, pela característica da fibra e categoria do volumoso que constitui feno em termos de matéria-seca. O valor da arroba (@) do boi foi de R$ 55,00 (cinqüenta e cinco reais) cotado dia 17 de novembro de 2006 na bolsa de valores (U$$ 25,46). Considerando-se, um ganho médio bruto por cabeça de 0,8 kg de bovinos suplementado com feno/minerais e peso vivo médio de 450 kg, durante o período seco do ano entre julho e setembro.
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O beneficio diário por animal foi de R$ 1,46 (um real e quarenta e seis centavos) (U$$ 0,68). O fardo de feno pesa em média 250 quilos (kg). O custo do fardo de feno = (custo do plantio mais custo de vedação)/2 = (9,37 + 6,77) /2 = R$ 8,07 (oito reais e sete centavos) (U$$ 3,74). O custo kg do feno = (custo do fardo/kg fardo) = (R$ 8,07/250) = R$ 0,03 (Três centavos) (U$$ 0,01). Quantidade de feno consumido diariamente = (quantidade de fardo x peso do fardo)/quantidade de animais. Quantidade de feno consumido diariamente = (5 x 250)/ 100 = 12,5 kg. Custo (kg) mineral = (preço/saco) Custo (kg) mineral = 18/30 = R$ 0,6 (seis centavos) (U$$ 0,28). Consumo diário de kg mineral = kg mineral/dia/quantidade bovina. Consumo diário de kg mineral = (30/15)/100= 0,02 kg Considerou-se ainda, um consumo de 12,5 kg de feno por dia e 0,02 kg de mistura mineral. O custo da alimentação diária foi: a)
Feno: (12,5 kg x 0,03)= R$ 0,37 (Trinta e sete centavos) (U$$ 0,17)
b)
Mineral: (0,02 x 0,6)= R$ 0,01 (Um centavo)
c)
Total do custo (feno x mineral)=(0,37+0,01)= R$ 0,38 (Trinta e oito centavos) (U$$ 0,18).
Os benefícios obtidos foram os ganhos de peso por bovino de 0,8 kg dia. O valor da arroba (@) do boi foi cotada em R$ 55,00 (U$$25,46) conforme citado anteriormente. Desta forma, o beneficio diário foi em torno de R$ 1,46 (Um real e quarenta e seis centavos) (U$$ 0,68). Resultou em R$ 0,38 (Trinta e oito centavos) (U$$ 0,18) o custo do alimento dia, sendo assim, a lucratividade diária ficou em R$ 1,08 (Um real e oito centavos) (U$$ 0,50) por cada bovino.
Considerações Finais
Pode-se considerar neste trabalho através das diversas revisões de literaturas e sites que foram pesquisadas e verificou que a produção de feno para a maioria dos pecuaristas é utilizada como complemento alimentar aos bovinos no período da seca.
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Para instalar o processo de fenação na propriedade deve ser necessário investir na compra de um fenar, composta por cortadeira, enleiradeira e enfardadeira automática. O pecuarista além de produzir feno para alimentação dos seus animais também pode comercializar. Verificou-se que nos meses entre maio e setembro, geralmente, tem dois lados da moeda, para o pecuarista. Se o mercado estiver com muita oferta de bovino em conseqüência disso o preço do mercado da @ do boi estará menor, deixando o pecuarista sem alternativa além dos bovinos não apresentarem peso ideal para abate. O preço da @ do boi está em baixa (abaixo do custo), desta forma, pode trazer prejuízos. A demanda dos bovinos pode ser maior que a oferta deixando o preço da @ do boi elevado, isto é, ocasionado pela falta de pastagem, quando há poucos bovinos no ponto de abate (abaixo do preço), peso dos bovinos não pagam o custo. A solução para esses problemas é a produção do feno por duas razões, além de ser uma alternativa para os bovinos engordar, o pecuarista não precisa vender seus bovinos a qualquer preço, por falta de pastagem, pode esperar o mercado da @ do boi estabilizar e somente efetuar a venda quando for compensador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Doutora em Agronomia (Agricultura) pela UNESP/ Botucatu e professora do curso de administração da Faculdade de Presidente Prudente (UNIESP).
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Graduado em Administração pela Faculdade de Presidente Prudente (UNIESP).
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