DIÁRIO DO NORDESTE FORTALEZA, CEARÁ - SÁBADO E DOMINGO, 21 E 22 DE JULHO DE 2018
8 | Cidade CARTÃO-POSTAL
O pescador Edson Ferreira, de 52 anos, se desloca todos os dias do local no qual mora para as proximidades do Mercado dos Peixes; a ideia é ganhar a vida e contar as histórias que o mar lhe rendeu nos 36 anos de profissão FOTO: SAULO ROBERTO
Basta o sol começar a iluminar o céu alencarino que as cadeiras e mesas do Bar do Mincharia, empreendimento tradicional da região da Praia de Iracema, dão lugar à confraria de amigos que se reúnem ali há 35 anos FOTO: THIAGO GADELHA
De dia ou de noite, Beira-Mar transborda histórias da orla Do Poço da Draga ao Mercado dos Peixes, Fortaleza conta narrativas de saudade e de esquecimento CADU FREITAS Repórter
Todo dia Edson Ferreira, 52, vai do Serviluz ao Porto do Mucuripe ganhar a vida e contar suas histórias de pescador. Há 36 anos carrega o ofício que, de acordo com ele, deveria ser melhor assistido. Ao longo do tempo a maré foi avançando e, hoje, os cerca de 60 profissionais dividem o espaço da areia para a manutenção dos barcos antes de enfrentarem o mar. Durante a manhã, o espaço é tranquilo e, dessaforma,parte dosseisquilômetros de extensão da BeiraMar de Fortaleza amanhece. Até, mais ou menos, 14h não há muito o que se esperar a não ser a brisa natural que bate no rostoealiviao calor.Ospescadores que se ancoram ao lado do Mercado dos Peixes, por outro lado, declaram sentir falta de mais policiamento no local. “A droga, você sabe, ela vem acabando com tudo. Então, aqui tem muito assalto, às vezes, os bandidos se escondem até mesmo no mar”, relata Edson. Apesar das intempéries, uma coisa para ele já é nítida: só vai parar de se jogar na água salgada quando morrer ou adoecer.
“Essadinâmica, essa nossatradição,éisso que ébonito”, complementa o pescador. Andandoum pouco mais pelo calçadão, na altura da Praia do Náutico,afamíliaMendessereúne para um piquenique com avó, filhos e netos. O momento foi marcado por tranquilidade, à margem do mar e sob a sombra das barracas recém abertas. A família se desloca do bairro Maraponga à orla em busca de paz e uma boa água de coco, produto essencial em uma tarde de sol.
Rotina É na orla da Capital que uma sériedeatividadesformamapaisagem urbana de uma cidade que tem o mar como presente. Aposentados se encontram e contam suas rotinas na Praça do Estressados; namorados fazem cooper no calçadão; e amigos se abraçam embaixo de um sol ardente. “A gente traz a ‘família Buscapé’ inteira”, brinca a matriarca Ângela Mendes. Distante dali, em um espaço na comunidade do Poço da Draga – uma das localidades que deu origem à Praia de Iracema – a metros de sua casa, Marlene Oliveira costura para uma Organização Não-Governamental (ONG). Impossíveis de contar nos dedos, os seis filhos e seis netos criados por si lembram com facilidade as melhorias e os principais problemas enfrentados na localidade. “É muito bom morar na beira da praia”, confessa, sem tanto entusiasmo, como
quem já se acostumou a ver o mar pela janela do quarto. Maressequepodeserempecilho quando ameaça inundar sua moradia durante o período chuvoso do ano. “A gente tem que ficar tirando à força pra não alagar tudo”, desabafa a mulher. Nem tudo para ela é preciosidade ao se morar de frente para o mar. Contudo, a antiga Ponte dos Ingleses, o Aquário prometido há cerca de uma década e a alegria no sorriso das crianças da comunidade denunciam: é possível ser feliz ali.
Recanto Naturalde Morada Nova, Marlene chegou à Capital com apenas oito anos. Hoje, 60 anos depois, orgulha-se do que conseguiu construir. As casas, antes de madeira, taipa e, finalmente, tijolo comum, são praticamente coladas umas às outras, nas ruas ondetodo mundo sabe bemsobre o outro. Apesar disso, ainda há muito o que completar por ali, um posto de saúde – para não se deslocar até o Centro da Cidade –; uma creche – já que a mais próxima faz os pés cansarem –; e o saneamento básico, que segue como um desejo de outrora. Amanhãédeserenidade,nesse pedaço da Praia de Iracema, um recanto que praticamente vive da noite. “Aqui não é essas coisas de perigoso como as pessoas pensam. A gente ainda pode sentar nas calçadas, até meianoite, uma hora da manhã, enquanto espera o filho voltar do
O Estoril urbanizou o local e trouxe os demais pontos turísticos, que, unidos, formam o que hoje é conhecido como cartão-postal Dragão do Mar. Ainda, né? Porque nunca se sabe. Mas é ótimo sim, aqui”, conclui. Os diversos bares e restaurantes daregião, durante o primeiro turno do dia permanecem com o sentimento do que é iminente. Prestesasubirasportas,enquanto os clientes tendem a se avizinhar. As cadeiras, de cabeça para baixo e em cima das mesas, indicam que a manhã pela orla é quase uma ressaca das farras noturnas ocorridas à Beira-Mar. Mas basta o astro-rei indicar que vai cair pelo horizonte que o somcomeçaaecoar,comotrilhasonora do pôr-do-sol do cartãopostal alencarino. A Iracema, ora iluminada, passa a se encher de luzes. Como automático, mesas e cadeiras já formam os espaços dispostos em um dos locais mais tradicionais do local.
Boemia É com a chegada do luar que o Bar do Mincharia, chamado e conhecido por “Casa” por alguns dos frequentadores, passa a animar os ares de uma Praia de Iracema ainda querendo ganhar
o restante do dia. Há 35 anos, um dos bares mais tradicionais reúne todas as sextas-feiras um grupo de homens, como uma confraria, que, sentados no Largo conversam sobre a vida e bebem umas geladas. Há pelo menos 16 anos, Carlos Aragão, de 56, é o permissionário do espaço da Prefeitura de Fortaleza. Além do bar, também aluga, logo atrás do empreendimento, uma pizzaria. Vindo da Praia do Futuro, o empresário argumenta que a aquela região da orla da cidade já passou por altos e baixos. “Eu fui convidado porque estava em total decadência a Praia de Iracema e, quando eu cheguei aqui, a gente veio no propósitodeoxigenaredar vida.E,por isso, a gente veio trabalhando lentamente. Eu chegava a vender aqui uma caixa de cerveja por semana. Vendia três cervejas e dois cocos, coisas desse tipo”, lembra o permissionário, ao considerar que, nos últimos anos ela vêm crescendo. Crescimento, inclusive, alvo de críticas, uma vez que, para Carlos Aragão, ocorreu de forma
desenfreada em todas as partes, em especial na zona mais antiga. “Eu acho que a Praia ela tinha uma parte romântica, dos artistas, da própria boemia, e isso foi atropelado. O trabalho que fizeram foi mais para trazer volume de pessoas, sem ter estrutura, sem ter condição, fiscalização e ordenamento por parte do Poder Público”, salienta.
Esquina do mundo De acordo com o empresário, a Praia de Iracema precisa ser requalificada a partir da ocupação do espaço por famílias, pessoas mais idosas e crianças. “Porque um público jovem em si vai para qualquer lugar, a criança e o idoso já tem de ter um certo cuidado. Onde você consegue fazer coisas para esse público, você consegue colocar qualquer pessoa. Se você pensar neles, consegue fazer vida, o jovem vem, todo mundo vem”, pontua. A poucos metros dali, há quase cem anos, era erguida as pedras fundamentais da Praia de Iracema. O Estoril, o qual surgiu a partir da Vila Morena, começou a urbanizar o local e trazer os demais pontos turísticos, que, unidos, formam o que hoje é conhecido como cartão-postal. Para Aragão, a região é uma ‘esquina do mundo’. “É necessário que o Poder Público se sensibilize e percebaque issoexisteemFortaleza, não precisa fazer grandes obras, pois é com pequenos movimentos que a gente pode alavancar a Praia de Iracema”. (Colaborou João Duarte)
PROSAUDE-RH – RECURSOS HUMANOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE LTDA – ME
EDITAL DE CONVOCAÇÃO – ASSEMBLÉIA GERAL EXTRAORDINÁRIA O representante legal da PROSAUDE- RH - RECURSOS HUMANOS PARA PROMOÇÃO DE SAÚDE LTDA – ME, CNPJ 16.835.545/0001-58, de acordo com cláusula sexta do contrato de constituição da sociedade, CONVOCA seus sócios para se reunirem em ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA – AGE, que se realizará no Auditório do HOSPITAL GERAL DO VALE DO JAGUARIBE, localizado na Av. Dom Aureliano Matos, N° 1228, Centro, Limoeiro do Norte – CE, CEP 62.930-000, no dia 31.JULHO.2017, às 18h00 em primeira convocação, com a presença de, no mínimo 2/3 (dois terços) dos associados e às 18h30 em segunda convocação, com a presença de, no mínimo metade mais um dos associados, e às 19h00 em terceira convocação, com a presença de qualquer número de associados, para deliberarem sobre a seguinte ORDEM DO DIA:1)Deliberação sobre a disposição de venda das cotas do Hospital Geral Vale do Jaguaribe pertencentes à Prosaude-RH; 2)Deliberação sobre a situação da Prosaude-RH posteriormente à eventual venda das suas cotas e consequente saída da constituição societária do HGVJ; 3)Outros assuntos e discussões de interesse dos sócios da empresa Prosaúde-RH.Limoeiro do Norte/CE, 20 de julho de 2018. DR. VINÍCIUS LIMA CHAVES 364111769
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