Matéria sobre o abandono da Escola de Música do Ancuri

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4 | Cidade

DIÁRIO DO NORDESTE FORTALEZA, CEARÁ - SEXTA-FEIRA, 7 DE SETEMBRO DE 2018

ITAITINGA

COMUNICADO

C O prédio

comunicado@diariodonordeste.com.br

encontra-se completamente comprometido

Reciclagemtecnológica

FOTOS: FABIANE DE PAULA

A Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação (Citinova), instituição conectada ao corpo da Prefeitura de Fortaleza, está com uma campanha interessante. E que merece atenção especial neste dia em que tanto se fala em independência. Afinal, quer arrecadar equipamentos eletrônicos inservíveis, mas que podem fornecer componentes para projeto de robótica e tornar alunos da rede municipais matriculados em escolas de ensino fundamental e médio independentes de um certo tipo de gasto financeiro.

O quê? Como?

Onde? Quando?

Nesse processo, a Citinova acerta dois preás com uma só paulada. O primeiro está entocado nas casas e empresas. É a dúvida sobre como usar, ou que destino dar, a aparelhos que são superados por novos e mais ágeis modelos. O outro está no setor público, que pode se aprimorar tecnologicamente usando o que é tido como rejeito pelo cidadão.

A Citinova montou trincheira na Casa da Cultura Digital Iracema, no calçadão da Praia de Iracema. É lá que recebe das 8 às 17h impressoras, mouses, gabinetes de computadores, placas antigas, peças de DVD, fontes de notebooks, monitores, componentes de som e baterias, entre outros. Não são lixo, portanto, mas peças reutilizáveis.

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Oeleitor precisafazer umaavaliação dos seus representantes, dequemestá noseu diaadia procurandoa soluçãodeseus problemas” DEPUTADOODILON AGUIAR(PSD) Sobreas cenas políticaeeleitoral.

517 mil Turistas oriundos de São Paulo são a estimativa do fluxo recebido pelo Ceará de janeiro e julho deste ano, segundo a Secretaria do Turismo do Estado, tratando-se de 22,8% do total de turistas domésticos no período.

16e17 de setembro São as datas de realização em Campinas (SP) de feirão de venda de pacotes turísticos, da qual operadores do Ceará deverão participar. O objetivo é ampliar os contatos e os negócios com o mercado paulista.

Eu, você e a praça Da série “Encostei o meu carro na praça...” De uma só tacada, o vereador Márcio Martins (PR) apresentou três matérias na base da “reforma e qualificação”. Ele propõe que a Prefeitura de Fortaleza faça melhorias nas praças Frei Galvão e Padre Elvis Marcelino (Jardim América) e Vila dos Marítimos (Parreão). Detalhe: os textos dos projetos são iguaizinhos - só mudam a localização.

Aliviandoopesodavan A Câmara de Fortaleza bateu o martelo e aprovou projeto que disciplina atividades e serviços relacionados ao turismo, incluindo tabela de honorários para o guia de turismo regional. O núcleo da proposta autoriza permissionários de vans a executar trabalhos sem a obrigatoriedade de contratar um guia a cada

viagem. Pelo texto, a exceção fica com o fretamento com finalidade turística. Agora, basta a sanção do Paço Municipal para que a ideia vire lei. E vale nota: se os vereadores tiverem o mesmo ânimo para frear os absurdos que motoristas de vans e de ônibus turístico cometem no trânsito da Beira Mar, o cenário muda pra melhor.

mais conteúdos: blogs.diariodonordeste.com.br/roberto C eLeia www.twitter.com/roberto_maciel Acompanhe os comentários em http://bit.ly/robertomaciel-tvdn

Escola de Música do Ancuri está abandonada Dentre as alternativas para salvar a Escola, há a possibilidade de parcerias com entidades privadas

Wilson Fernandes Idealizador da construção da Escola de Música do Ancuri

Oespaçofoi ocupadopor quemfaz usoindevido Comofoioprocessodese desfazerdoscuidados como“Castelo”?

Quando eu obtive o terreno, em 1989, eu o construí sem escritura, sem nada. Depois vieram me dizer que eu estava no limite de um terreno público, onde seria construída uma praça. A própria população foi contra, mas me retirei da discussão e acabaram fazendo a praça na calçada da escola mesmo. O investimento sempre foi nulo. É só você olhar como é que cuidam da cultura nesse País. O Brasil já virou cinzas.

A Escola de Música do Ancuri (EMA), em Itaitinga, a 32 km de distânciadeFortaleza,encontrase deteriorada há mais de uma década. Está entre os equipamentos com pouco ou nenhum investimento.Os três andares da edificação já receberam milhares de alunos e, hoje, se mantêm de pé com um fio de esperança de ainda servir à comunidade. A escola foi inaugurada em 1989 pelo Frei Wilson Fernandes.Elecomprouoterrenoquandoobairroaindaerapoucohabitado, e não obteve nenhuma escritura na negociação. A gestão municipal, em meados de 2010, identificou que Wilson detinha, então, um local público e deu-se início a uma discussão que durou muito tempo e que acabou transformando um local de arte num cenário sombrio. Segundo o secretário de Cultura e Turismo do Município de Itaitinga,CíceroGonçalodaCosta, atualmente, a questão gira em torno de espera. “Há um edital da Secretaria de Cultura do Ceará, que ainda deve analisar o nosso projeto. Mas ele está avaliado em R$1 milhão. Nossa secretaria não tem recursos. O valor é realmente muito alto”, destaca o gestor.

Convênio Ainda de acordo com Cícero, há também a probabilidade de um convênio com empresas privadas. Dois engenheiros da Casa Civil de Itaitinga visitaram o local,jáneste cenáriodedeterioração, e discordaram em relação a uma possível requalificação. “Tem quem ache que o espaço não sirva mais, tem quem ache que ainda tem jeito. O que não podemos fazer é cruzar os braços, pois sem cultura quem sofre é o povo”, declara o secretário. OpedreiroFlavianodeOliveira, queajudou a construir a escola e viu tantos jovens lá se formarem em música, dança e teatro, olha com tristeza para a realidade atual do equipamento. Ainda traz na lembrança o que funcionavaemcada sala.“Aquificavaa

ENTREVISTA

Aindaacreditana requalificação daEscoladeMúsica?

Isso aí demanda um projeto muito grosso, de muito investimento. Sei que a comunidade do Ancuri, sobretudo crianças, estão carentes de um serviço como este. Mas eu não tenho mais essa pretensão, sinceramente. Eu fiz o que eu pude. Quis fazer algum bem e deixar para essas pessoas. E consegui. Mas não vejo mais isso como uma possibilidade. O espaço ocupado por pessoas que fazem o uso indevido, e não sou eu quem tem a competência de mudar isso. Emoutroespaço,nãoseriapossívelvoltar aoferecer osserviços?

O local precisa passar por uma grande restauração; mesmo com o desgaste físico, é visitado por ex-alunos e curiosos

A Escola foi inaugurada em 1989 pelo Frei Wilson Fernandes. Ele comprou o terreno quando o bairro era pouco habitado

biblioteca, ali, era onde o frei dormia”,revela.Osmurospichados por siglas da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE, guardamlixoeentulhos.Asjanelas espaçosas são invadidas por fortes ventos.

Diferencial “Era para voltar ao normal, para as crianças e adolescentes terem onde aprender esse diferencial”, desabafa o pedreiro. A educadora social Fabíola Guedes desenvolve trabalho com arte, usando umapedagogiaespecialnaAsso-

Onde? Na minha casa? Não tem mais espaço para todo mundo. A gestão atual da cidade até prometeu que, se a escola voltasse, eu continuaria sendo o diretor. Mas diretor de quê? De escola de drogas? Sobre essa música eu não entendo. ciação Santo Dias, que sobrevive com verbas de um Programa de Desenvolvimento de Área (PDA). Para ela, é uma pena o descaso com a cultura em todos os âmbitos.

Oficinas “Agente continuarealizandooficinas das mais variadas, mas já atingimos um público de 5 mil; hoje são pouco mais de 2 mil pessoas atendidas. Estamos perdendo nossos jovens para a droga e isso dói”, enumera. (Colaborou João Duarte)


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