OS NOVOS CEMITÉRIOS EUROPEUS: Configurações Contemporâneas e o Futuro do Conceito Cemiterial João Fernandes Rocha | 2015
PENICHE
“…It was when people began to make the passage and place of death that they discovered their humanity.” Worpole, K.
METODOLOGIA
Locais marginalizados
Ausência de bom planeamento
Situações estruturais passadas e presentes
Afastamento da sociedade
Relevância do seu espaço no contexto urbano
Modelos mediterrânico e nórdico
Posicionamento estratégico
OBJECTIVOS | QUESTÕES
Reflexão sobre o cemitério no contexto da sociedade contemporânea
WOODLAND
MOMENTOS HISTÓRICOS | SÉC. XIX
PÈRE LACHAISE
WOODLAND Asplund/Lewerentz, 1940, Estocolmo.
MOMENTOS HISTÓRICOS | INÍCIO SÉC. XX
Novas noções de concepção estrutural para o modelo mediterrânico.
SAN CATALDO Aldo Rossi, 1982, Modena. IGUALADA Miralles/Pinós, 1993, Barcelona.
MOMENTOS HISTÓRICOS | CEMITÉRIOS PÓS-MODERNOS - DÉCADAS 70 /90
ESTRUTURA CEMITÉRIO PORTUGUÊS| CEMITÉRIO PRAZERES, LISBOA, 1833
ESTRUTURA CEMITÉRIO PORTUGUÊS| CEMITÉRIO LAPA, PORTO, 1833
LIMITE Rápida absorção visual e identificativa do recinto
ESTRUTURA CEMITÉRIO PORTUGUÊS| FACTORES COMUNS: LIMITE, ESPAÇO TRANSIÇÃO, CAMINHO
MACHICO
ESPAÇO TRANSIÇÃO Espaço de descompressão e intervalo que faz o diálogo entre o recinto e a envolvente ESTRUTURA CEMITÉRIO PORTUGUÊS| FACTORES COMUNS: LIMITE, ESPAÇO TRANSIÇÃO, CAMINHO
MACHICO
PENICHE
CAMINHO Percurso carregado de simbologia, com um princípio e fim demarcados, fazendo a ponte entre o exterior e interior
ESTRUTURA CEMITÉRIO PORTUGUÊS| FACTORES COMUNS: LIMITE, ESPAÇO TRANSIÇÃO, CAMINHO
MATERIAL VEGETAL Dotado de simbolismo próprio e características como a disposição, cor, luz, formato ou odor ESTRUTURA CEMITÉRIO PORTUGUÊS| MATERIAL VEGETAL
_ valorização da natureza .
_ integração na paisagem. _ contrastes espaciais – vale/colina, floresta/clareira, céu/terra – , sensoriais e de luz. _ estimulação do lado espiritual e contemplativo. _ versatilidade espacial.
O panorama europeu actual ainda se encontra bastante influenciado e dividido entre dois modelos cemiteriais, o Mediterrânico e o Nórdico.
_ elementos vegetais – continuidade visual e recriação de zonas particulares – e elementos de água, representando os ciclos naturais de vida e morte. _ estrutura organicista com elementos de concepção axial. _ menor densidade construtiva _ prática cremacional. _ menor apego religioso.
EVOLUÇÃO DO PADRÃO CEMITERIAL EUROPEU| MODELOS NÓRDICO VS. MEDITERRÂNICO
WOODLAND
_fisicamente limitado, bem definido, com uma relação desvinculada com o exterior.
_estrutura construtiva associada à da cidade hierarquização e organização estrutural. _influência da religião/rituais católica. _ local exclusivamente de culto. _ apego às tradições locais. _pouca adaptação a outras religiões/cremação. _relação pouco significante com o coberto vegetal.
CASTRO MARIM
EVOLUÇÃO DO PADRÃO CEMITERIAL EUROPEU| MODELOS NÓRDICO VS. MEDITERRÂNICO
Influência dos cemitérios tradicionais com valorização das suas características próprias - caminho e espaço de transição - fundamentadas pelas referências dos modelos do passado, que auxiliam e influenciam a nova óptica do design cemiterial. Forte influência do modelo Nórdico na forma como o próprio recinto se adapta ao lugar onde se insere, indo ao encontro das suas bases morfológicas e à ideologia de ‘apropriação do sitio’.
FARO
CEMITÉRIO CONTEMPORÂNEO MEDITERRÂNICO
Nichos funerários voltados para o oceano, o protagonista do espaço, assemelhando-se a pequenos altares que contemplam o horizonte, e reafirmando a arquitectura sagrada do espaço em relação a todo o ambiente.
CEMITÉRIOS CONTEMPORÂNEOS
IGUALADA C. Portela, 2000, Finisterra.
NORFOLK
CEMITÉRIOS NATURAIS
6 grupos Exemplos - adaptabilidade física estrutural integração no contexto urbano ou fora integração num meio natural
24 cemitérios
11 países europeus Espanha, Holanda, Alemanha, França, Itália, Bélgica, Áustria, Eslovénia, Suíça, Portugal e Reino Unido.
Demonstrar as suas formas de adaptação tanto a nível pessoal como a nível de grupo. Compreender a evolução na sua condição física e estrutural, e se se comportam segundo as normas de ordenamento e disposição dos seus precedentes, se igualam ou se readaptam as suas ideologias transportando-as a um novo conceito enquadrado na oferta das estruturas funerárias actuais.
ESTUDO DA NOVA TIPOLOGICA CEMITERIAL EUROPEIA|DEFINIÇÃO DOS CRITÉRIOS DE ANÁLISE
CRITÉRIOS DE SELECÇÃO – OITO VARIÁVEIS: 1º. Processos de implementação topológica e morfológica dos terrenos: meio físico e condições de implantação. 2º. Posicionamento geográfico: localização geográfica no espaço europeu. 3º. Posicionamento do cemitério quanto ao núcleo urbano: inserido ou não no núcleo urbano; proximidade ou afastamento da envolvente edificada. 4º. Processos formativos e de consolidação: recinto novo ou extensão do existente; modelo novo ou renovação do modelo arquitectónico. 5º. Tipo de estrutura interna do recinto: configurações físicas da estrutura e adaptabilidade às funções dos utilizadores. 6º. Limite: Definido por materiais naturais ou rígidos; aberto, fechado ou permeável. 7º. Materialidade e Distribuição: materiais vivos (vegetação integrada ou adaptado ao meio naturalizado) e materiais inertes utilizados; tipos de estruturas funerárias integrantes.
QUADROS DE ANÁLISE :
linguagem desenhada e diagramática IMAGENS (físicas e aéreas) PLANTAS estrutura interna, o seu posicionamento físico e geográfico, ou sua ligação com a envolvente urbana e natural.
8º. Estrutura e posicionamento do elemento Água: papel da água como elemento cénico (espaço envolvente) ou como parte integrante do próprio espaço.
ESTUDO DA NOVA TIPOLOGICA CEMITERIAL EUROPEIA| DEFINIÇÃO DOS CRITÉRIOS DE ANÁLISE
DE NIEUWE OOSTER
CARACTERIZAÇÃO DOS AGRUPAMENTOS| GRUPO I
LANGEDIJK
CARACTERIZAÇÃO DOS AGRUPAMENTOS| GRUPO II
ORTONA
CARACTERIZAÇÃO DOS AGRUPAMENTOS| GRUPO III
SREBRNICE
CARACTERIZAÇÃO DOS AGRUPAMENTOS| GRUPO IV
HORNI
CARACTERIZAÇÃO DOS AGRUPAMENTOS| GRUPO V
NORFOLK
CARACTERIZAÇÃO DOS AGRUPAMENTOS| GRUPO VI
ANÁLISE COMPARATIVA| AGRUPAMENTOS
IGUALADA
_ Independentemente da sua localização geográfica, posicionamento físico ou modo estrutural, os novos recintos apresentam entre si formas semelhantes e inovadoras de integração e desenvolvimento. _ Servem de matrizes representativas de implementação, sendo moldes representativos das características comuns e com individualidade própria, e comprovam que existe ocorrência de alterações na maneira de absorver os modelos cemiteriais passados. _ assumem um novo olhar da arquitectura pelo espaço que representa o recinto cemiterial. _ a forma de desenvolvimento vai ao encontro de características conjuntas entre os modelos Nórdico e Mediterrânico. _ determinam um padrão futuro de desenvolvimento destes modelos.
CONCLUSÕES| AGRUPAMENTOS
_ Entre os modelos Nórdico e Mediterrânico existe um cruzamento de características, com as diferenças menos vincadas. A multiplicidade de culturas é cada vez mais um factor influenciador da arquitectura cemiteral, sendo também transposta no modo como o modelo Nórdico influência o seu homólogo, e na forma como estes se relacionam com a paisagem. _ adaptação do cemitério à sua base morfológica. _ reinterpretação de modelos construtivos tradicionais, que contribuem para a valorização do património cultural e histórico do lugar. _ modelo Nórdico continuará a ser o ponto de guia para o panorama cemiterial europeu. _ expansão do novo conceito de ‘cemitério natural’. A busca pela minimização de impacto das inumações, o aumento da consciência ambiental, a racionalização de espaço, as benesses financeiras e a procura por um carácter laico suportam este conceito.
POSSÍVEL PREVISÃO DO FUTURO DO ESPAÇO CEMITERIAL
S. ROQUE DO PICO
_ rentabilização do espaço, visto o crescente envolvimento do núcleo urbano em relação aos cemitérios e sua lotação, preparando-o para novas formas de inumação, como a cremação que apresenta um aumento gradual. _ estrutura interna mais flexível a nível de elementos construídos e menos codificada por elementos permanentes. _ quando inseridos no meio urbano, valorizam-se recintos como pontos de interesse a nível cultural e social, mas também a nível arquitectural e ecológico, sendo capazes de congregar variadas dinâmicas multifuncionais.
_ maior valorização da área envolvente do recinto como meio de passagem e ligação, entre o cemitério e a cidade. S. ROQUE DO PICO
POSSÍVEL PREVISÃO DO FUTURO DO ESPAÇO CEMITERIAL
Os novos cemitérios respondem à procura de espaços que possam dar resposta às diversificadas necessidades culturais, crenças, conceito e hábitos, o que lhes altera toda a sua concepção. Por oposição aos que se encontram inseridos na urbe, muitos dos novos recintos encontram essa resposta de identidade ao introduzirem-se fora do núcleo urbano, tal como os seus antecessores. A sua estrutura poderá ser diferente, mas os valores de apropriação ao sítio e reinterpretação das tradições construtivas estarão muito provavelmente presentes. A procura pelo isolamento poderá servir para revalidar a identidade dos recintos cemiteriais como elementos próprios num determinado meio. As transformações a que os espaços se submeterão não interessam apenas como si próprias, mas igualmente como símbolos de uma evolução da consciência humana. Deseja-se uma arquitectura que possa contribuir física e espiritualmente, e que proporcione um local de encontro e memória para os vivos e de recordação para os que partiram.
S. ROQUE DO PICO
CONCLUSÃO FINAL