Agronegócio
DIVULGAÇÃO
Caderno do
PRODUZIDO POR
DRONES NO CAMPO
Identifica pragas e integra máquinas Pág. 7
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
SÃO PAULO, 27 DE FEVEREIRO DE 2015
Seca atinge safras estratégicas Colheita de frutas e verduras tem risco de queda de até 50% Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA Estadao_cadernoAgronegocio2_01capa_final.indd 1
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POLÍTICA
DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO
TRIBUTOS. A reforma tributária – assunto bastante citado durante a campanha presidencial – é outro item. Elizabeth Farina diz que, só no setor de cana-de-açúcar, o PIS/Cofins alcança R$ 2 bilhões por ano de créditos “podres”, impossíveis de ser ressarcidos. “A presidente terá de tornar esse sistema menos complexo. Durante a campanha, inclusive, ela mencionou, em varias ocasiões, essa disposição.”
Cana-de-açúcar: quedas consecutivas desde 2010
A luta será por manter recursos Para especialista, apesar de Kátia Abreu conhecer bem o campo e suas reivindicações, a recessão pode minguar as altas expectativas do agronegócio TÂNIA RABELLO
A
té agora a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu, em seus pronunciamentos e entrevistas, tem defendido as históricas demandas dos setores agrícola e pecuário brasileiros, em especial questões que envolvem logística deficiente, a defesa agropecuária e o financiamento das safras. Em temas que lhe são caros – como defesa agropecuária e maior celeridade na liberação de novas moléculas de agrotóxicos para auxiliar no controle de pragas e doenças da agricultura –, seu discurso, estampado nos meios de comunicação, parece ter saído diretamente das mesas de reunião dos setores envolvidos no assunto. Embora a presidente Dilma Rousseff tenha colocado na Pasta da Agricultura alguém familiarizada com o campo e suas reivindicações, os obstáculos advindos de uma política econômica de restrições, como deverá ser este e os próximos anos, podem fazer murchar rapidamente o ímpeto da nova ministra. Para o especialista André Pessôa, da consultoria Agroconsult, de Florianópolis, “todos os ministérios devem sofrer, este ano, restrições muito grandes no orçamento, e este ajuste significa cortar despesas”. Pessôa acrescenta que as verbas do
“ Se tiver de escolher a pior política pública para o agronegócio do mandato anterior de Dilma, disparado, foi o tratamento dado ao setor sucroalcooleiro” ANDRÉ PESSÔA , DA AGROCONSULT
Mapa “são candidatas a corte” e que “a luta” da ministra vai ser justamente para “cortarem menos”. CORTES. Pessôa acredita que será grande a dificuldade na administração da Agricultura em questões que dependem de recursos. Entre elas, a formatação de uma política eficaz de defesa agropecuária, embora o especialista acredite que o conhecimento da nova ministra nesse segmento facilite algumas ações. O titular escolhido para a Secretaria de Defesa Agropecuária, Décio Coutinho, ex-assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), já fez, também, trabalhos nessa área na entidade.
ÁLCOOL. Outro setor em que a ministra deveria contribuir, urgentemente, para tirar do limbo é o sucroalcooleiro, continua André Pessôa. “O que foi feito com esse setor é um crime de lesa-pátria”, afirma. “Temos mais de 70 empresas em recuperação judicial e uma dívida de R$ 80 bilhões, que é o valor de uma safra inteira. O governo deveria mexer nesse ‘vespeiro’”. A volta da Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico (Cide), taxação sobre a gasolina, que tornava o etanol de cana mais competitivo e tanto estimulou a instalação de inúmeras usinas de cana pelo País, está entre uma das principais reivindicações da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), informa a presidente da entidade, Elizabeth Farina, que esteve em Brasília no dia da posse dos ministros Kátia Abreu e Joaquim Levy, da Fazenda. “É essencial que o governo diga o que espera do setor sucroenergético. Somos uma área estratégica na matriz energética brasileira”, diz ela.
10,6% foi o crescimento anual da safra de cana entre 2001 e 2009. Desde então, caiu 1% ao ano
INFRAESTRUTURA. Embora o setor de logística e infraestrutura também esteja na pauta do dia desde os tempos do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando o agronegócio brasileiro começou a deslanchar, com colheitas cada vez maiores, “quase nada aconteceu”, pontua Pessôa. “Em ferrovias, por exemplo, o principal modal que favorece o transporte de cargas a longa distância, não saímos do lugar”, diz ele, lembrando que o modelo de concessão não atraiu investidores e o que salvou a safra recorde no ano passado foi a economia do País, que parou. Ele explica: “As safras continuaram crescendo, tivemos uma ou outra melhoria nos portos, de agendamento de cargas, por exemplo, mas a economia parou e competiu menos com o transporte da safra, desafogando outro modal, as rodovias”. Este ano, por mais que as intenções e o entendimento do setor por parte da nova ministra se coadunem com as demandas do agronegócio, Pessôa reforça que “a dificuldade será grande”. “Temo, por exemplo, pela execução de obras que exijam esforço financeiro maior do governo, via financiamento do BNDES”, diz o consultor. “Não sei se teremos, em tempos de austeridade fiscal do ministro Levy, facilidade de recursos via bancos oficiais.” INSEGURANÇA JURÍDICA. Pessôa lembra de outras questões que merecem a atenção da nova ministra e que são de seu pleno conhecimento e não demandam recursos, mas sim gestões políticas para pautar as votações do Congresso. “Incluo aí as questões de insegurança jurídica, como aceleração de implantação do Código Florestal, reformas trabalhista e tributária no campo, invasões de terras, demarcações de reservas indígenas e de áreas de quilombolas...” São, segundo Pessôa, temas em que o governo, mesmo sem recursos financeiros, pode interferir acelerando o processo de mudanças legislativas.
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É preciso destravar o Programa de Subvenção ao Seguro Rural FÁBIO MEIRELLES
O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) é um instrumento do governo federal que dá auxílio financeiro ao produtor que contrata um plano de seguro. Varia de 40% a 60% do valor da apólice. O mecanismo é excelente, mas a prática deixa a desejar. No ano passado, Executivo e Legislativo trabalharam para abrir o orçamento fiscal para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 32/2014, convertido em lei ordinária pela Presidência da República em 30 de dezembro do ano passado. O ministério estava pronto para realizar o empenho, mas todo o esforço, que resultaria em pelo menos R$ 300 milhões destinados ao PSR, esbarrou na burocracia do governo federal. Não houve a expedição da portaria necessária do Ministério do Planejamento para que o dinheiro fosse utilizado no ano civil. A aprovação orçamentária, na prática, não chegou aos destinatários, os produtores rurais, justamente em um momento de incerteza climática e uma das mais dramáticas secas nas principais regiões agrícolas do País. O PSR se mostrou uma ferramenta valiosa para o produtor, por causa da elevada taxa de prêmio do seguro rural. O programa, iniciado em 2005, veio em um crescente até 2009, enfrentou um retrocesso em 2010 e depois voltou a ser ampliado. Infelizmente, houve novo descompasso entre os recursos em-
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PALAVRA DA FAESP penhados e o orçamento previsto pelo governo. No ano passado, apenas R$ 400 milhões dos R$ 700 milhões prometidos pela administração federal foram efetivamente empregados no programa. A gestão do risco rural é estratégica para a agricultura brasileira – e não deve sofrer contingenciamentos ao sabor das necessidades de caixa do Executivo. Ao contrário, deveria ganhar cada vez mais importância no corpo da política agrícola. Para evitar prejuízos maiores aos produtores e evitar que o PSR seja desacreditado, o governo federal deveria, além de acrescentar ao orçamento deste ano os R$ 300 milhões aprovados no final de 2014 – não utilizados por obra e graça da burocracia –, estabelecer nova fonte de recursos para o programa. É preciso definir uma fonte de recursos exclusiva e automática para financiar o programa de subvenção, a exemplo do que o Estado de São Paulo faz no seu Programa Estadual de Subvenção, cujos recursos provêm de um fundo de expansão da agropecuária. O governo deve tomar medidas desde já para evitar que a descontinuidade de recursos ocorra e torne-se corriqueira – para afastar especulações de que o acontecido em dezembro tenha sido uma manobra deliberada para reforçar o caixa em detrimento das necessidades dos produtores rurais. FÁBIO MEIRELLES , PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
A SECA PERSISTE
A crise hídrica atravessou o verão e assola o Estado nos primeiros meses de 2015, com graves consequências para a agricultura e pecuária. Em certos casos, a irrigação não pode ser adotada e há redução de volume de água mesmo em lençóis freáticos. Em certas regiões, algumas atividades registram perdas de até 70% da safra. O presidente da FAESP, Fábio Meirelles, vem acompanhando os efeitos da seca e orientando os 238 sindicatos e as 322 extensões de base da entidade sobre a necessidade do uso racional da água. “No mês de agosto de 2014 lançamos o Pacto pela Água, que visa aumentar a conscientização e a tomada de providências para atenuar a crise hídrica por meio de orientação aos usuários para resguardar a produção e fomentar o uso sustentável do recurso”, disse Meirelles. Para o presidente da FAESP, é fundamental a busca e adoção de modelos mais eficientes nas atividades agrícolas para reduzir o consumo. “Talvez a solução dependa não só da utilização mais eficiente de irrigação por aspersão, mas prioritariamente do uso de microaspersão ou gotejamento”, afirmou ele. “Muitos sindicatos filiados adotaram as recomendações do Pacto pela Água, como a recuperação de nascentes e tecnologias que visam o uso racional do recurso.” De acordo com Meirelles, os produtores precisam de mais atenção do poder público para evitar possíveis crises de abastecimento devido à seca – o que inclui prorrogação de dívidas e linhas de crédito para a implementação de novas tecnologias.
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CELSO JUNIOR/AE
Cresce a importância do Pacto pela Água, iniciativa da Faesp A situação do campo
Como a seca influencia as principais culturas CAFÉ A seca e altas temperaturas levaram à poda de plantas com baixa produtividade. Há risco de menor área produtiva e rendimento. CANA-DE-AÇÚCAR Comprometimento do rebrote e desenvolvimento da safra e de baixa oferta de matéria-prima para as usinas. LARANJA Perspectiva de safra reduzida com possibilidade de perdas elevadas em algumas regiões. Preços podem subir pela baixa oferta. GRÃOS Tendência de migração da área de milho para soja. ARROZ Dificuldade na semeadura. Estimativa de redução da área plantada em 20%. HORTALIÇAS Projeção de redução de 20% na produção, em culturas irrigadas. PECUÁRIA Pode haver redução de peso nos animais e queda na produção de leite.
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FILIPE ARAUJO/AE
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EXPORTAÇÃO
DEBATE
Cabe ao governo abrir caminhos para o setor pecuário brasileiro no exterior? NÃO
Por Décio Zylbersztajn , coordenador do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa)
Gado brasileiro: o mais vendido no mundo, mas sem plano de mercado
Profissionalização é condição para atingir mercados mais exigentes Especialista diz que é preciso mudar a mentalidade do produtor para que o Brasil aumente as exportações para mercados mais sofisticados, como o Japão LEONARDO MOURÃO
A pecuária brasileira voltada para a exportação atravessa uma fase positiva de mudanças na administração dos negócios. É crescente o número de pecuaristas que estão se transformando em “empresários que fazem contas”, ou seja, tomam suas decisões de olho no mercado. Eles se preocupam, por exemplo, com uma gestão mais inteligente de seus ativos – há um movimento firme em intensificar o uso de pastagens com vistas a liberar terras para atividades agrícolas. De outro lado, os grandes frigoríficos inauguram uma política mais agressiva de prospecção de negócios e vão, por conta própria, verificar possibilidades nos melhores mercados consumidores. Mostra disso é a recente decisão da BR Foods em transferir um de seus mais competentes executivos para Cingapura, importante porta para o promissor Sudeste Asiático. Os negócios no campo evoluíram, mas ainda há um caminho a percorrer no que se refere a aparelhar o setor para elevar a
qualidade do produto e atender mercados como o japonês – no qual as exigências sanitárias e de manejo são rigorosas, mas o valor pago é recompensador. Até o momento o Brasil vem apostando mais nos negócios de oportunidade, como o da Rússia, que passou a importar mais carne do País, depois do embargo econômico aos Estados Unidos e Europa em resposta às ações ocidentais contra Moscou pelo seu envolvimento na guerra da Ucrânia. “O Brasil quer vender carne para a Rússia ou para o Japão?”, pergunta o professor titular da Universidade de São Paulo, Décio Zylbersztajn. Fundador do respeitado Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa), Zylbersztajn não se refere a uma mera escolha geográfica, muito menos à exclusão de mercados, mas trata de um aprimoramento dos padrões para conquistar clientes exigentes. Tal escolha requer mudança na mentalidade principalmente dos produtores.
“Pecuaristas discutem se usam promotores de crescimento (aditivos artificiais que fazem o gado ganhar peso) ou não”, exemplifica Zylbersztajn. “Promotores de crescimento não são necessariamente um pecado, mas temos de pensar se queremos ir para os mercados que os aceitam, como a Rússia, ou para aqueles, mais sofisticados, em que isso não é admitido.” Não existe consenso entre os especialistas e integrantes do mercado sobre a quem caberia orientar e instrumentalizar os produtores de carne brasileiros para conquistar novos mercados. Governo ou iniciativa privada? As opiniões se dividem (leia o debate ao lado). “Se desejarem, os frigoríficos e produtores poderão chegar aos mercados mais sofisticados”, afirma Zylbersztajn. Nestes a remuneração costuma ser muito mais compensadora. ”A profissionalização pela qual o Brasil vem passando é enorme. Há uma nova geração de gestores, há gente competente e as perspectivas são boas.”
“A presença do Estado no agronegócio é de grande importância para solucionar questões fundamentais. Entre elas, está a promoção da defesa sanitária, que, aliás, tem uma estrutura incompatível com o peso do País como exportador de carne; garantir a assistência técnica ao setor; ou tornar disponíveis coisas ainda mais básicas, como fornecer uma formação escolar que irá garantir tratoristas e técnicos mais competentes. Mas, principalmente, não deve atrapalhar a dinâmica do negócio da carne, como acontece quando são impostas restrições, por exemplo, à terceirização de algumas atividades agrícolas voltadas para a indústria sucroalcooleira. O setor hoje está desenvolvido o suficiente para buscar com as próprias pernas mercados mais atraentes para a atividade pecuária. Muitas das transformações que são necessárias estão ao alcance dos produtores, e devem ser feitas em conjunto com os frigoríficos. Afinal, são eles que estão em contato direto com os seus consumidores e conhecem suas exigências.”
SIM
Por Antônio Jorge Camardelli , presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) “Os exportadores da carne brasileira são indiscutivelmente capazes de colocar seu produto, inclusive com qualidade gourmet, em qualquer mercado do mundo. No entanto, cabe ao Estado um papel de relevância na facilitação dos negócios. E tal apoio deve ser dado pelas embaixadas brasileiras. Atualmente, os órgãos representantes do País no exterior dedicam-se mais a temas políticos em detrimento de uma atuação econômica e comercial mais efetiva, que poderia incrementar negócios. Seria desejável, também, termos uma atuação mais efetiva do Ministério da Agricultura. A questão é que a grande alternância de seus ministros – nos últimos quatro anos tivemos quatro titulares da pasta – provoca uma descontinuidade nos contatos de alto nível entre os representantes oficiais do agronegócio brasileiro e seus pares internacionais.”
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EXPORTAÇÃO
Frango perde competitividade Custo da produção industrial nacional é 25% superior ao dos países concorrentes
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Brasil vem perdendo competitividade na exportação de carnes de frango. Apesar de ser o número 1 do ranking internacional – seguido pelos Estados Unidos, Europa, Tailândia e China –, o País perdeu 3% em média do mercado internacional nos últimos cinco anos. Em 2014, registrava 36,4% das exportações realizadas no mundo. “O setor de frangos está estagnado há dez anos”, diz Luciane Chiodi, pesquisadora do Agroicone, especializado no mercado internacional. Ela explica o cenário: “A produção nacional é muito mais cara que em países concorrentes”. Recente levantamento do Agroicone do preço da carne abatida nos principais países do ranking mostra que o
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Brasil tem a cadeia de produção mais cara e o motivo é a mão de obra. “Isso não acontece porque os salários dos trabalhadores brasileiros são mais altos”, diz a pesquisadora. “Mas para abater a mesma quantidade de carne que os demais países, a indústria brasileira precisa de mão de obra para compensar a deficiência tecnológica. De acordo com a análise do Agroicone, no Brasil os investimentos em modernização custam 25% mais do que nos Estados Unidos. “A burocracia no mercado nacional também é muito maior”, diz Luciane. “Este ano há perspectiva de mais aumento no custo da produção industrial, uma vez que temos a elevação do valor da energia e da água.”
PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGO EM 2013 (EM MIL TON) 82.178 Total
16.958 EUA
13.500 China
12.308 Brasil
9.750 UE
3.420 Índia
28.242 Outros
EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGO EM 2013 (EM MIL TON) 10.704 Total
3.918 Brasil
3.354 EUA
1.095 UE
540 Tailândia
415 China
1.409 Outros
Fonte: USDA/UBABEF
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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO
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CLIMA
Estima-se queda de 20% a 50% na colheita de frutas como a laranja
Estiagem reduz safras de culturas estratégicas
Colheitas de cana-de-açúcar, café e laranja podem diminuir em até 50%; preços de hortifrútis já começaram a subir
D
esde o ano passado, a seca deixou de ser uma questão específica do Nordeste do País e atingiu o Sudeste, região responsável por 55% do PIB nacional. Em 2014, 93 municípios entraram em estado de atenção – 89 em Minas Gerais, três em São Paulo e um no Espírito Santo –, de acordo com o Ministério da Integração Nacional. Em 2015, as notícias pioraram. A falta de água na região metropolitana levou o governo a decretar no mês passado a restrição no volume liberado para a irrigação das propriedades produtoras de hortifrútis, que abastecem 50% do Estado de São Paulo. Trata-se das plantações que usam recursos das bacias do Alto Tietê, do Alto Piracicaba, do Capivari e do Jundiaí. O consumidor que estava preocupado com a falta de água na torneira de casa agora tem de lidar com a elevação do custo dos hortifrútis e com a insegurança de que alguns produtos poderão faltar à mesa. Em fevereiro, foi registrada alta de 10% no preço das hortaliças. A alface, em especial, segundo a Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe), acumula aumento de 16%, enquanto o esperado era de 5%. Para o produtor, o cenário é ainda mais complicado. Ele já contabiliza prejuízos. “A
agricultura já está sentindo os efeitos da seca”, diz Nelson Ananias Filho, assessor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “Estima-se queda de 20% a 50% na produção das culturas com ciclo mais curto, como frutas e hortaliças.” Também há perspectiva de diminuição de 30% na safra da cana-de-açúcar e de 20% a 30% na de café, em queda desde 2014. No fim do ano passado, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) contabilizou queda de 7,7% na produção de café, devido à forte estiagem no período. A seca no Sudeste está longe de ser um problema regional. Ela pode afetar a balança comercial do País. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo possuem liderança na produção de vários itens que são exportados mundo afora. A região tem o segundo maior rebanho de gado e o primeiro de aves. Na agricultura, 78,9% do mercado nacional de laranja, 53% da produção de café (sul de Minas Gerais) e 60% das plantações de canade-açúcar. Essas culturas são alguns dos principais itens de exportação do Brasil. Vale lembrar que o agronegócio corresponde a 23% do PIB nacional. “A falta de irrigação adequada pode ge-
SÃO PAULO RESTRINGE ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO O governo estadual de São Paulo estuda a possibilidade de revogar o decreto aprovado no início do mês, que reduz em 30% o volume de água usado pelos agricultores na Bacia do Alto Tietê em favor do abastecimento urbano da Grande São Paulo toda vez que o Sistema Cantareira estiver abaixo de 5% de sua capacidade. A restrição seria semelhante à anunciada pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) e pela Agência Nacional de Águas (ANA) para os Rios Jaguari, Atibaia e Camanducaia, que atinge 38 municípios paulistas e quatro mineiros. A Bacia do Alto Tietê é a segunda mais importante para o abastecimento da população da Grande São Paulo. Perde apenas para os rios PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí). O poder público reconhece que a medida trará perdas de produtividade aos cultivos. O presidente do sindicato de produtores rurais de Atibaia, Jorge Mat-
rar quebras na produtividade, redução no tamanho e qualidade das frutas e hortaliças em São Paulo”, diz o especialista Glauco Kimura, coordenador do programa Água para a Vida, do WWF Brasil. “Será necessário trazer comida de outros Estados.” O desabastecimento, no entanto, está ainda fora de questão. “Não é possível
suda, prevê queda na produção: “Os agricultores contam com o Rio Atibaia ou com a chuva. Muitos deles já se anteciparam e desistiram de plantar morango este ano para evitar prejuízos”. O Atibaia é um dos rios atingidos. No Brasil, estima-se que a agricultura seja responsável por até 80% do consumo da água potável. No dia 12, uma comissão formada por políticos, sindicalistas rurais e agricultores se reuniu com o superintendente do Daee, Ricardo Borsari, e com o vice-governador paulista, Márcio França, para mostrar um relatório que aponta que a medida poderia comprometer 60 mil postos de trabalhos ligados diretamente e indiretamente ao agronegócio da região. Os agricultores ainda estão tentando a revogação do decreto.
FELIPE RAU/AE
DANIEL PETRILLO
que todos os Estados sofram com isso. Se no Paraná não tiver problema, o comprador vai buscar lá”, diz Flávio Godas, economista da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). ”O que vai aumentar é o preço. Buscar o produto em locais mais distantes faz subir o preço final para o consumidor.“
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CLIMA
A IMPORTÂNCIA DO SUDESTE
Região é responsável pela produção de grande parte dos produtos que colocam o Brasil no primeiro lugar das exportações mundiais Brasil CARNE Região tem o segundo maior rebanho
Líder mundial na produção de café, suco de laranja, açúcar e carne.
bovino do País e o primeiro de frango
LARANJA É responsável pela metade da produção
todo o açúcar que o mundo consome. São Paulo tem 60% das plantações.
CAFÉ Corresponde a 7,1% do agronegócio
brasileiro. A maior parte, 53%, é produzida no sul de Minas Gerais.
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo são responsáveis por 55% do PIB nacional. Apesar da indústria e os serviços serem a base da economia, a agricultura merece destaque.
Governo lança programas para minimizar efeitos da seca Iniciativas ajudam, mas não atingem todos os produtores rurais
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gricultores estão procurando auxílio em programas estaduais e federais. Há desde projetos que ensinam formas produtivas mais sustentáveis – como irrigação eficiente e reflorestamento de margens de rios – até planos de socorro ao campo para financiar perfuração de poços. O objetivo é proporcionar o maior aproveitamento possível da água disponível, por menor que seja a quantidade. “As ações ajudam, mas ainda são incipientes”, diz Nelson Ananias Filho, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Alguns programas são emergenciais. No Rio, por exemplo, onde morreram 2 mil cabeças de gado nos últimos quatro meses, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) lançou no início do mês o programa Rio Rural Emergencial, que vai disponibilizar R$ 23 milhões e ainda contará com R$ 30 milhões do Banco Mundial. As medidas de socorro previstas incluem a implantação de sistema de nutrição para os rebanhos, que sofrem com a falta de pasto; recuperação de açudes e barragens; e a perfuração de poços artesianos. Serão
“Faltam políticas públicas efetivas. Não há incentivo para medidas como coleta de água da chuva.” NELSON ANANIAS FILHO, DA CNA
beneficiados 13 mil pequenos produtores. Os municípios das regiões Norte e Noroeste do Rio também receberão auxílio. Para conter as perdas da lavoura do café no Espírito Santo, que deve chegar a 30%, o Ministério Público definiu Termos de Ajustes de Conduta (TAC). “A palavra de ordem dada pelo governador Paulo Hartung é acompanhar a situação de cada município e dar apoio incondicional às prefeituras”, disse o secretário estadual de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Octaciano Neto. Desenvolvido pela Agência Nacional de Águas (ANA), o Produtor de Água é mais abrangente. Apoia e orienta projetos de redução das erosões e assoreamento de mananciais rurais em qualquer Estado.
Trata-se de um estímulo à política de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), que prevê a remuneração aos donos da terra com base nos benefícios gerados nas propriedades. Na mesma linha, o programa Conservador das Águas, implantado em Extrema (MG) – e premiado pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU/Habitat) –, já deu resultados: reflorestou 700 afluentes do Rio Jaguari. Isso possibilitou que continuassem a drenar água para o manancial que alimenta o Sistema Cantareira, principal reservatório que abastece a região metropolitana da capital paulista. Em São Paulo, o Pacto pela Água visa aumentar a conscientização e a tomada de providências para atenuar a crise hídrica. “Foram adotados mecanismos eficientes de irrigação, como o gotejamento, que economiza e direciona a água para a raiz da planta”, diz Fábio Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP). O sistema aumenta em 95% o aproveitamento da água. O desperdício é mínimo.
RENATO L.
CANA-DE-AÇÚCAR O Brasil produz metade de
Sudeste
ÁREAS MECANIZADAS TEMEM FALTA DE ENERGIA Para o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, o País pode enfrentar “problemas graves” de abastecimento de energia elétrica se o nível dos reservatórios das usinas atingir um patamar de 10%. No Sudeste e no Centro-Oeste, as reservas já estão em 17% da capacidade total. Isso é um problema para o agronegócio. O apagão que no dia 19 de janeiro deixou áreas de 11 Estados e o Distrito Federal sem energia elétrica causou prejuízos nas propriedades que investiram na mecanização. Em Bauru (SP), por exemplo, os agricultores do bairro Quirilândia contabilizaram um prejuízo de 30%, porque não puderam ligar a bomba e regar as hortas. Situação parecida ocorreu em uma granja no nordeste do Paraná, em Umuarama: 23 mil frangos morreram depois que a energia elétrica na região foi interrompida por duas horas. “Os prejuízos passam de R$ 120 mil”, diz a proprietária Telma Maria Pinheiro. Em Cristalina (GO), os agricultores querem aumentar o investimento colocando mais pivôs de irrigação para funcionar, mas esbarram na falta de energia na região, porque as linhas de transmissão estão sobrecarregadas. PEDRO SILVEIRA/ESTADÃO
mundial de suco de laranja. São Paulo produz 78,9% da laranja brasileira.
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RENATO L., ARTE S SOBRE FOTOS DE DIVULGAÇÃO
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AGRICULTURA DE PRECISÃO
Tecnologia aumenta eficiência em até 30%
Softwares especializados integram drones, sensores de solo e colheitadeiras; inteligência no campo traz economia BÁRBARA BRETANHA
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ada vez mais presente no campo, a tecnologia é uma das maiores apostas para o aumento da produtividade na agricultura nacional. Na verdade, uma resposta à drástica diminuição de mão de obra disponível no campo, que exige que máquinas e sistemas façam as vezes do trabalho humano. E, quando se fala em tecnologia, o Brasil não fica devendo nada a países mais avançados como os Estados Unidos. “Todos os lançamentos de ponta do mundo começam a operar no Brasil em menos de um ano”, diz Daniel Albiero, professor de Máquinas e Energia da Universidade Federal do Ceará. Hoje, colheitadeiras e tratores já vêm com piloto automático e GPS – antes era preciso comprar tudo separado – e são de 20% a 30% mais eficientes. Quando comparadas às máquinas sem tecnologia acoplada, as guiadas por GPS seguem rotas mais precisas, atingem maior velocidade e mantêm aceleração constante. Como o agricultor não precisa dirigir,
ele fica mais concentrado na operação principal – semear, por exemplo –, o que diminui a possibilidade de erro humano. O conforto dentro de tratores e colheitadeiras também aumentou. Atualmente são equipados com ar-condicionado e as cabines têm monitor ou tablets, que auxiliam as operações. Quando comparado a um trator convencional de médio porte, economiza R$ 12,5 mil de diesel em um ano de uso, segundo o professor Albiero. Com um sistema de gerenciamento
“Agricultura de precisão não é sinônimo de tecnologia. É uma filosofia de trabalho: quanto mais informação você tiver, menos energia vai gastar” DANIEL ALBIERO, PROFESSOR DE MÁQUINAS E ENERGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
integrado é possível conectá-lo a outros equipamentos – ou a uma frota de veículos –, otimizando o processo. Essas informações, assim como dados coletados por sensores de solo ou por veículos aéreos não tripulados, os chamados drones, são consolidadas por softwares variados para gerar mapas de produtividade e ainda programar ações. Com sistemas de diagnóstico computadorizados, por exemplo, é possível fazer reparos preventivos ou identificar problemas. A tecnologia não se limita aos tratores e colheitadeiras, mas é perfeitamente aplicável a semeadoras e pulverizadores, o que nesse caso evita o desperdício de insumos. “Com o GPS, a máquina identifica se um lugar já foi semeado e desliga as linhas da semeadora”, afirma o pesquisador em agricultura de precisão José Molin, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (EsalqUSP). “É uma tecnologia que tem menos de cinco anos e agora está sendo descoberta pelos nossos agricultores.”
AGRICULTURA DE PRECISÃO COMEÇOU NO SÉCULO 18 Foi no século 18, com a Revolução Industrial, que começaram a ser desenvolvidas técnicas que aumentassem o rendimento da cultura com base na localização, fertilidade do solo e precipitação, entre outros quesitos. A partir de 1980, surge o termo agricultura de precisão, na Europa e nos Estados Unidos. E isso se deve ao desenvolvimento de sistemas de posicionamento e informações geográficas, monitoramento de colheita e, obviamente, às novas tecnologias de informação.
As máquinas rendem resultados imediatos, mas nem sempre é preciso ter o modelo mais caro. “No lugar de um sistema GPS-RTK (Real Time Kinematic), de R$ 40 mil, dá para usar um GPS de bolso de R$ 200, quando se trata de precisão em pequena escala”, diz Albiero.
Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA Estadao_cadernoAgronegocio2_08_09_final.indd 8
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AGRICULTURA DE PRECISÃO
Cresce oferta de produtos para pequeno produtor Mais barato e fácil de operar, drone vira hit entre os novos equipamentos
O
número de equipamentos e tecnologias voltadas aos pequenos produtores aumentou. Com preços mais acessíveis, produtos permitem que lavouras menores utilizem técnicas mais sofisticadas. Empresas de consultoria especializadas prestam serviço e ajudam o agricultor a tirar dúvidas e descobrir qual é o aparelho mais adequado para otimizar os negócios no campo. Ainda existe a possibilidade do aluguel – que permite um verdadeiro test-drive antes de um investimento definitivo. Um levantamento realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em maio de 2014, apontou que 53% das propriedades agrícolas do Sudeste do País optaram pela agricultura de precisão. Por que o custo caiu? “Com essas tecnologias saindo de fábrica acopladas às máquinas, houve uma redução significativa no custo de aquisição, além disso existe a possibilidade de financiamento com taxas menores, diz Antonio Rafael Costa, gerente de marketing de produto da AGCO, fabricante de máquinas agríco-
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Drone (1) auxilia máquinas, como a colheitadeira (2). Mais leve, o silobolsa (3) armazena até 200 ton de grãos
las. É o caso dos modelos de tratores menores, que apostam em maior segurança e conforto, e podem ser financiados pelos programas de incentivo federais. Há outras alternativas. No lugar de um trator, técnicos aconselham a compra de uma motossemeadora, desenvolvida pela Embrapa, que tem uso duplo, para plantar sementes ou aplicar adubo. O silo-bolsa é mais leve e comporta mais de 200 toneladas de grãos. Portátil, não precisa de estrutura física para suporte e pode custar até 20% do valor de um modelo convencional. COMPACTOS. Mesmo produtos hightech como os drones estão chegando às lavouras menores. “Houve um aumento significativo na procura nos dois últimos anos. O boom recente é porque ficou mais em conta e o usuário não precisa de um treinamento muito complexo”, afirma Lúcio André de Castro Jorge, pesquisador da Embrapa Instrumentação. “Em propriedades menores, de até 50 hectares, um drone barato ajuda a enxergar a propriedade e manejar adequadamente.”
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O drone pode ser usado para identificar pragas imediatamente, assim é possível corrigir o problema em uma mesma safra. Hoje, cerca de 15 fabricantes trabalham no País. Os preços dos modelos variam de US$ 3 mil a US$ 100 mil e as câmeras,
de US$ 1 mil a US$ 200 mil. “Antes, um drone mais sofisticado podia custar em torno de R$ 1 milhão, hoje já se consegue por R$ 40 mil”, afirma o pesquisador. No site do órgão é possível baixar softwares de análise gratuitos. /B.B.
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EMBRAPA TESTA PROTÓTIPO DE ROBÔ PARA O CAMPO O Agribot parece só um trator esquisito, mas é mais do que isso. Com 2 metros de altura e quatro rodas, esse robô agrícola se movimenta a uma velocidade de 4 km/h, equipado com sensores e câmeras para mapeamento e “raio x” de plantas e solo em grandes propriedades. O protótipo foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com apoio da Universidade de São Paulo (USP) e da empresa de máquinas agrícolas Jacto S.A. O desenvolvimento e construção do robô custou R$ 1 milhão. Isso porque tem funções muito sutis, como perceber faixas de luz invisíveis ao olho humano
e detectar diferenças indicadoras de doenças, assim como identificar pontos que precisam de maior irrigação e encontrar pragas. Com um braço mecânico acoplado, o Agribot pode ainda colher amostras de solo. O robô tem um motor de 80 cavalos e um tanque com capacidade para 140 litros de diesel. A máquina não precisa de piloto. É controlada à distância por um computador e tem comandos que podem ser programados com antecedência. O modelo foi desenhado para grandes plantações, mas uma versão para pequenas propriedades está nos planos da Embrapa. O Agribot ainda está em fase de testes.
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AGRICULTURA DE PRECISÃO
Com sensor, irrigação usa metade da água
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Aparelho detecta a quantidade necessária de cada tipo de cultura e ao mesmo tempo melhora a absorção do adubo BÁRBARA BRETANHA
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vitar o desperdício de água passou a ser fundamental, principalmente com a atual crise hídrica, que atinge a Região Sudeste do País. O agricultor precisa mais do que nunca multiplicar os recursos naturais que dispõe. “Porém, a maioria não possui sistema de medição e aplica água em excesso – às vezes duas, ou três vezes mais do que a planta precisa”, afirma o pesquisador da Embrapa Instru-
mentação Adonai Gimenez Calbo. O sensor de solo é uma das técnicas mais indicadas para o uso racional da água no campo, particularmente para produtores de frutas e hortaliças, que precisam de muito recurso hídrico. Em Brasília, uma plantação de tomate consome cerca de 400 milímetros de água por metro quadrado. Com o sensor, é possível reduzir de 40% a 50% o consumo. Além disso,
Teste com sensores na Embrapa: agricultor usa até três vezes mais água do que precisa com irrigação correta, as plantas aproveitam melhor a adubação. “A medida ainda é pouco adotada porque normalmente o agricultor brasileiro acredita que fazer
manejo de irrigação é uma coisa cara, inútil e que traz poucos resultados. Ele está completamente errado”, afirma Calbo. “É preciso um trabalho de conscientização.”
Aplicativos popularizam soluções sofisticadas
O
que vem causando uma revolução no campo são os softwares voltados para a agricultura – apesar de o setor já contar com máquinas avançadas que facilitam o mapeamento de dados. Trata-se de um mercado novo de aplicativos para aumento da produtividade e redução de custos, com armazenamento em nuvem e acesso por dispositivos móveis – que podem ser baixados até no celular. O mais animador é que esse setor está em crescimento e cada vez mais vai contemplar necessidades diversas e específicas do produtor. “O mercado nacional está entrando numa nova fase de softwares”, afirma Luiz Tângari, cofundador da startup agrícola Strider. “Tem espaço para muito mais: medição de clima, fertilidade, controle de colheita.” A Strider desenvolveu um software para controle e monitoramento de pragas, com o auxílio de geolocalização, que foi lançado no ano passado e já é responsável pelo monitoramento de 250 mil hectares. As informações são registradas por um técnico no campo, via tablet, enviadas para a rede e analisadas por um especialista. O software gera mapas que
identificam quais áreas necessitam da aplicação de defensivos agrícolas. Segundo Tângari, o custo com defensivos representa um terço do valor gasto na produção da soja e metade do despendido na produção do algodão. Os Estados Unidos, um dos maiores concorrentes agrícolas do Brasil, têm um mercado bem agitado nessa área. São lançadas 132 novas startups de tecnologia agrícola a cada ano, de acordo com pesquisa realizada pela Kauffman Foundation entre 2006 e 2013. “Temos agricultores no Brasil que já estão no próximo passo para conectividade e outros que ficam no mesmo nível dos Estados Unidos e Europa, mas a procura ainda é 80% por hardware e 20% por software”, afirma Guillermo Perez Iturbe, diretor da área agrícola da Trimble, empresa de GPS. “Hoje o mais importante é poder ter na mão e no computador os dados quase em tempo real do que tem que ser feito na fazenda”, diz. O investimento também é menor que o necessário para a aquisição de equipamentos mais sofisticados. “Assim um pequeno produtor de café do sul de Minas tem chance de ficar num nível tecnológico seme-
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Evitar desperdício de defensivo, medir fertilidade do solo e monitorar pragas são algumas das funções
Técnico usa tablet para saber onde e quanto deve aplicar de defensivos agrícolas lhante ao de um enorme de Mato Grosso”, afirma Tângari. A solução custa de 7 a 10 reais por hectare por safra, de acordo com a cultura, e o preço inclui empréstimo do tablet e treinamento. As soluções não estão restritas ao solo. O uso de softwares garante
maior autonomia ao produtor. “Nos Estados Unidos atendemos uma propriedade de 2 mil hectares que é administrada por apenas quatro pessoas. Ali está tudo 100% conectado, o que dispensa mais funcionários”, diz Iturbe. /B.B.
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NOTAS
Atualização de regras sobre derivados de animal tem nova aliada
Kátia Abreu se compromete em conseguir assinatura presidencial para a nova regulamentação
JF DIORIO/AE
LEONARDO MOURÃO
O peso do Mercosul
Produção de queijo: um dos derivados à espera da nova regulamentação
A
tualizar as regras da comercialização de produtos animais virou uma novela dentro do Ministério da Agricultura. As normas vigentes que permitem ou vetam o mercado desses produtos são muito antigas, de 1952. Há sete anos um novo documento está para sair do forno, mas não sai, esperando a sanção da presidente Dilma Rousseff. A boa notícia é que a primeira promessa da ministra Kátia Abreu, ao assumir a pasta, foi de conseguir a assinatura do novo Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos Animais (Riispoa). A atual legislação traz inadequações, como a proibição dos produtores de leite A em fazer derivados, como manteiga, queijo e iogurtes – uma contradição, pois se trata de um leite de melhor qualidade. Também é exigido que todos os estabe-
lecimentos de produtos animais sejam inspecionados permanentemente, o que implicaria um gigantesco, e inviável, exército de fiscais. Nestes sete anos, a minuta do novo Riispoa, que envolveu 116 fiscais e consultas a 33 entidades, passou pelas gestões de seis ministros sem que fosse publicada, com um alto custo aos cofres públicos. Depois de aberto à consulta pública, recebeu 3.612 propostas de entidades ligadas ao setor. Todas foram examinadas individualmente e sua aceitação ou negativa justificadas tecnicamente. A complexidade do trabalho exigiu a edição de seis portarias prorrogando o prazo da conclusão da minuta. Em 2010, o presidente Lula engavetou o documento na mesma época em que produtores de leite e de mel questionaram algumas medidas.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) fez um levantamento que mostra o quanto as exportações de produtos do agronegócio poderia crescer, caso não existissem os acordos comerciais vigentes no Mercosul. Segundo o relatório, as exportações do agronegócio brasileiro cresceriam em 20% para a União Europeia, 10% para os Estados Unidos, 12% para a China e 18% para o Mercosul. A visita da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, à China, no início de fevereiro, deu mais munição para os críticos ao Mercosul. Desde 2010, o bloco é o principal fornecedor externo de bens
de capital para a Argentina. No ano passado, porém, as exportações do Mercosul para esse país caíram 34%. Cristina Kirchner preferiu os produtos chineses. Vinte convênios assinados entre China e Argentina, que ultrapassam US$ 18 bilhões, foram revisados em julho do ano passado, quando o presidente Xi Jinping esteve em Buenos Aires. Só para lembrar, em 2004, o Brasil deixou de fechar acordo com a União Europeia, e perdeu com isso US$ 1 bilhão em relações comerciais, de acordo com o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). /L.M.
CONSULTORIA ALINNE B. OLIVEIRA , superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) 1. Qual o impacto para o Mercosul da recente aproximação econômica entre Argentina e China? Isso não ajuda muito as relações econômicas dentro do bloco e com o Brasil. Compreende-se que a Argentina está enfrentando um cenário que não é muito positivo, mas por que não se aproximar mais do Brasil? Além disso, a Argentina dá preferência à China em um momento em que ela ainda tem pendências dentro do Mercosul. 2. Quais pendências seriam essas? Um exemplo é a recusa deles em importar carne brasileira alegando a ameaça da vaca louca, um episódio passado que já foi esclarecido. A pró-
pria Organização Mundial de Saúde Animal garante que não há qualquer perigo de vaca louca no Brasil. O que eles estão fazendo, na verdade, é impor uma barreira à importação, que não tem qualquer fundamento. Isso tem de mudar. 3. O Mercosul ainda é um bom negócio para o Brasil? O Brasil não consegue avançar por causa dos acordos do Mercosul. O mundo está negociando acordos comerciais com a Europa e o Pacífico. Aqui na América Latina, México, Colômbia e Chile têm a Aliança do Pacífico. O Brasil está ficando fora de todos os acordos. A CNA defende que o Brasil deve procurar seus parceiros por conta própria. /L.M .
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PATRICIA SANTOS/AE
22 Bi
11 Bi 6,9 Bi 5,4 Bi
5,4 Bi
CHINA
ESTADOS UNIDOS
6,1 Bi 4,0 Bi 3,6 Bi
PAÍSES BAIXOS
RÚSSIA
2,7 Bi 3,4 Bi
ALEMANHA
CONSULTORIA WARREN KREYZIG , analista de commodities do Banco Julius Baer VALÉRIA FRANÇA
1. A seca abalou a imagem do agronegócio do Brasil no exterior? Na agricultura, a seca e a variação de chuva são esperadas e contabilizadas em todas as decisões de investimento de longo prazo. Quando o fenômeno é frequente e persistente é que surgem as incertezas. Apesar do retorno das chuvas médias, fica o rescaldo da seca, ou seja, represas municipais com déficit de armazenagem grave, que podem levar anos para se reabastecer. Isso pode muito bem ser o caso de São Paulo. 2 . No futuro, o clima pode ser um problema econômico maior? As crescentes ocorrências globais de estresse hídrico podem amplificar os impactos da seca no futuro, especialmente em regiões com elevada dependência da agricultura e recursos hídricos em deterioração. Historicamente, secas severas tiveram impactos econômicos notáveis.
EXPEDIENTE
afirma a secretária. A restrição russa diz respeito à importação de carnes, lácteos, frutas e legumes. “Isso abre oportunidades para o Brasil principalmente na exportação de produtos pecuários.” No passado, os russos suspenderam em várias ocasiões a importação da carne brasileira. Mas Tatiana Palermo acredita que os dois países estão agora em uma nova fase no relacionamento. “A Rússia está nos conhecendo agora e estamos habilitando novos frigoríficos.” China, União Europeia, EUA e Rússia absorvem, juntos, 60% das exportações do agronegócio brasileiro. /L.M.
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rus. Mas o levantamento no campo, que envolve o exame de sangue de animais e outras medidas, deve ser feito pelas autoridades estaduais, que não possuem recursos para isso. “Se os órgãos estaduais encarregados fizerem o seu papel, nossa intenção é apresentar até maio à OIE nosso relatório dando conta de que o País está livre da aftosa”, explica Guilherme Marques. O Amapá, com maiores dificuldades de recursos para realizar os estudos necessários, é classificado como área de alto risco de transmissão – enquanto Amazonas e Roraima têm médio risco. O Estado recebeu cerca de R$ 2 milhões do Ministério para os estudos, mas não conseguiu nem mesmo aplicar esses recursos por falhas na estrutura sanitária, principalmente pela ausência de veterinários no interior. Caso o documento fique pronto a tempo, a OIE – que reúne 180 países – examinará o pleito brasileiro em setembro. Aprovado o pedido, será submetido à comissão científica da entidade, que também tem poder de vetá-lo. Em seguida o pleito fica à disposição dos demais paísesmembros, que podem fazer comentários e pedir novos exames. Se passar por essas etapas, o País pode ser considerado livre de aftosa em maio de 2016. /L.M.
A proibição dos russos à importação de alimentos vindos dos EUA e União Europeia poderá aumentar ainda mais as exportações do agronegócio brasileiro para aquele país, afirma a secretária de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Tatiana Palermo. A Rússia determinou a suspensão das compras em retaliação às sanções impostas por países ocidentais ao seu envolvimento na crise da Ucrânia. “Nos últimos cinco anos, a Rússia passou da sétima para a quarta posição, em valor de importações, entre os maiores compradores do agronegócio brasileiro; um crescimento de 32% nas compras, o que é significativo”,
2014
A falta de recursos de três Estados brasileiros para realizar pesquisas de campo impede que o Brasil seja declarado um país livre de aftosa bovina pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Roraima, Amapá e parte do Amazonas ainda são consideradas áreas de risco para a doença, embora há 10 anos não seja registrado nenhum caso de aftosa no País. “Hoje, 99% do rebanho brasileiro, de 214 milhões de cabeças, estão em regiões consideradas livres da aftosa”, informa o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura (Mapa), Guilherme Marques. “É a primeira vez que o País atinge nível tão alto de sanidade animal.” Ganhar o título de “país livre da aftosa” ampliaria o mercado exportador, principalmente no Sudeste Asiático. A Indonésia, com 250 milhões de habitantes, está entre os países que não importam do Brasil por questões sanitárias. Hoje o Brasil apresenta-se como um país com zonas livres da doença, o que é aceito por um grande número de nações que importam a carne brasileira. Conquistar esses países que não aceitam a “zonificação” seria uma vitória para o Ministério. É urgente acelerar os estudos finais que mostrem que os dois Estados e a porção centro-norte do Amazonas não têm o ví-
Embargo russo favorece Brasil
2010
Norte é obstáculo para País ser declarado livre de aftosa
O American Dust Bowl foi uma tempestade de areia que na década de 1930 provocou erosão do solo, fez cair os valores da terra e afetou comunidades inteiras. Em 2006, na Austrália, a seca impactou em 30% o PIB. Na China, as secas em grande escala, combinadas com o aumento da escassez de água, podem acarretar problemas econômicos cada vez maiores. Por isso, o governo chinês tem investido mais em infraestrutura. 3. A desvalorização do Real aumentaou diminui as possibilidades de negócios agrícolas? Até agora, a depreciação da moeda aumenta a competitividade e rentabilidade dos negócios agrícolas, mas são necessárias algumas ressalvas. Se a desvalorização for sustentada pela inflação galopante, há incerteza econômica e, portanto, queda de investimentos e competitividade da indústria.
Jornalista responsável: Ernesto Bernardes MTB: 53 977 SP; Edição: Valéria França e Wagner Barreira; Direção de Arte: João Guitton; Edição de Arte: Renato Leal. Endereço: Av. Eng. Caetano Álvares, 55, 6º andar, São Paulo-SP, CEP 02598-900
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