Caderno do Agronegócio 4/2015

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Agronegócio Caderno do

PRODUZIDO POR

LOGÍSTICA

Como é possível melhorar os portos brasileiros Pág. 6

SÃO PAULO, 29 DE ABRIL DE 2015

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Hora de Agrishow As principais novidades da terceira maior feira agrícola do mundo

Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA

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GESTÃO

Faltam armazéns para estoque de 50 milhões de toneladas de grãos no País: Mato Grosso, Piauí e Maranhão são os pontos mais críticos

Instrumentação ganha mais importância

Momento econômico não permite desperdício e exige sensatez na hora de investir VALÉRIA FRANÇA

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nstrumentação e qualificação ganham ainda mais peso neste momento de recessão do País. A falta de investimento no setor causa perdas que vão do plantio à colheita, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os problemas identificados estão preparo inadequado do solo, uso de sementes de baixa qualidade e de variedades inadequadas ao clima. A lavoura perde também com a falta de operação e manutenção de equipamentos ou ainda pelo equívoco na identificação do grau de maturação da plantação. “Agora, mais do que nunca, é preciso saber onde investir”, diz Luiz Cornacchioni, diretor executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). “O produtor precisa se perguntar o que pode ser feito para aumentar a produtividade. Os olhos

devem estar voltados para o caixa.” Os ajustes são limitados, porque em geral o produtor sabe muito bem onde estão os problemas. “O lema é trabalhar a custos mínimos e com tecnologia adequada — não necessariamente para aumentar a produção, mas para compensar os aumentos e talvez a falta de crédito abundante”, diz Décio Zylbersztajn, coordenador do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa) da Fundação Instituto de Administração (FIA). “O produtor deve ponderar se é hora de aumentar a produtividade”. INFRAESTRUTURA. Da porteira para fora, os prejuízos com a falta de logística e infraestrutura são maiores. O transporte da tonelada do grão no Brasil custa mais de três vezes mais que nos Estados Unidos.

Calcula-se que 10% da carga fique no caminho da fazenda ao porto. “Há ainda falta de estrutura de armazenagem no País”, diz Cornacchioni. “Os silos permitem que a safra seja guardada e vendida na entressafra, com preços mais vantajosos. Mas nem sempre o produtor tem onde armazenar.” O Brasil produz 200 milhões de toneladas de grãos por ano e tem capacidade para estocar 150 milhões. Apenas 2% dos silos são públicos. “A obrigação do governo é dar suporte e incentivo. Nos últimos cinco anos foi liberado financiamento para a armazenagem de 65 milhões de toneladas de grãos”, diz Rafael Bueno, superintendente de armazenagem da Companhia Nacional de Abastecimento. Se a logística fosse eficiente ficaria mais fácil para o produtor passar pelo período de recessão do País”, diz Zylbersztajn.

ARMAZENAGEM 200 milhões de toneladas é a quantidade de grãos produzida por ano no Brasil

150 milhões de tonelada s é a capacidade de armazenamento

2% dos armazéns são públicos

CUSTO LOGÍSTICO DA SAFRA (POR TONELADA) US$ 90 Brasil US$ 42 Argentina US$ 28 Estados Unidos

DESPERDÍCIO NO TRANSPORTE DE GRÃOS 10% da safra

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PALAVRA DA FAESP

Sistema Faesp-Senar/SP vai levar 15 mil agricultores e trabalhadores rurais ao evento FÁBIO MEIRELLES

Abril é o mês do maior evento do agronegócio da América Latina. A Agrishow – Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, aberta no dia 27 e que vai até 1º de maio no Parque de Exposições de Ribeirão Preto, em São Paulo, reúne 800 marcas de expositores brasileiros e estrangeiros em 440 mil metros quadrados de área. Em sua 22ª edição, deve receber mais de 160 mil visitantes – do Brasil e de mais de 70 países. Para se ter ideia do que a feira movimenta e de sua pujança, no ano passado, apenas durante os dias do evento, foram fechados negócios da ordem de R$ 2,7 bilhões. Uma mostra segura de que o campo, a despeito da crise econômica e de problemas estruturais do País, segue sendo a mola propulsora de sustentação da economia da nação. Mas a Agrishow é muito mais do que um ótimo local para os negócios. Para o homem do campo, a feira é o grande polo irradiador de novidades para o setor – e se firmou como a principal vitrine de lançamentos e palco de tendências e tecnologias do agronegócio. Ali ocorrem lançamentos de máquinas e equipamentos, sistemas de irrigação, acessórios e peças. O objetivo é elevar a produtividade do campo e a rentabilidade do agricultor. Também é cenário tradicional para anúncios

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de políticas públicas dos governos federal e estadual. Este ano, empresas de nove países (China, Estados Unidos, Finlândia, Índia, Itália, Jordânia, Portugal, Taiwan e Turquia) têm estandes no evento. Além, claro, das principais indústrias envolvidas no agronegócio com base no País. O programa Brazil Machinery Solutions, uma parceria entre a Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) propicia a 16ª Rodada Internacional de Negócios, com o objetivo de incrementar as exportações do setor. Entre os principais focos da Agrishow estão a agricultura de precisão, equipamentos de segurança e sistemas de irrigação – tão importantes em um cenário de drásticas mudanças climáticas como o atual. A feira foi idealizada pela Faesp (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo), Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) e Sociedade Rural Brasileira. O Sistema Faesp-Senar/SP irá levar 15 mil agricultores e trabalhadores rurais até o final do evento, cerca de 4 mil participantes do Programa Jovem Agricultor do Futuro. E, no seu estande, faz resgate da cultura popular do homem do campo, por intermédio de apresentações de viola caipira, dança de catira, fandango e folia de reis.

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Agrishow, a maior feira agrícola da América Latina

FÁBIO MEIRELLES , PPRESIDENTE DA AGRISHOW E PRESIDENTE DO SISTEMA FAESP-SENAR/SP

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CAPA FOTOS DIVULGAÇÃO

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Feira (1) chama atenção para a necessidade de padrão na produção pecuária (2); reúne lançamentos como silos mais seguros (3) e tratores e implementos de última geração (4)

Agrishow atrai compradores internacionais Evento monta estações interativas para melhorar cadeia produtiva da carne e tem novidades em vários setores VALÉRIA FRANÇA

A

mpliar as fronteiras internacionais do agronegócio, reunir os principais fornecedores do setor, organizar demonstrações para disseminar tecnologias de agricultura de precisão e ainda oferecer palestras com apoio de centros de pesquisas. Todas essas ações transformaram a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, a Agrishow, em uma das três maiores do mundo. A 22ª edição do evento, que coloca Ribeirão Preto (SP) no centro das atenções do agronegócio durante cinco dias, começou no dia 27. A feira atrai milhares de visitantes. São 160 mil pessoas, que, uma vez por ano, seguem para Ribeirão Preto. Em área, a Agrishow é pouco menor que a Disney World, na Flórida, Estados Unidos. ÁREA INTERATIVA. Há muitas novidades. Entre elas, uma área interativa voltada à pecuária. O setor cresceu mais do que a agricultura em 2014 e também ganhou mais espaço na feira. O visitante será convidado a percorrer o Caminho do Boi, atração interativa que, como o nome indica, reproduz o trajeto do gado do pasto ao abatedouro.

“Nesta feira, a 16ª Rodada Internacional de Negócios reúne compradores de sete países” LUCAS MAZZEI, PESQUISADOR

“Ao todo são nove estações construídas em 900 m², que levam uma média de 40 minutos para serem percorridas”, diz Mariana Beckheuser, diretora da empresa homônima, que criou o conceito da experiência interativa. A ideia é incentivar o produtor a ter um processo adequado a um produto final compatível com os mercados mais exigentes e conscientizá-lo sobre as perdas causadas pela falta de processos modernos. Durante o caminho, o visitante será informado, por exemplo, que o Brasil descarta 12 milhões de quilos de carne anualmente devido a hematomas formados antes de o boi sair da fazenda e que vacinas aplicadas de forma incorreta levam à perda de outros 17 milhões de quilos.

Outro ponto alto da feira é o Núcleo de Tecnologia e Demonstração de Campo, com apresentações com hora marcada, três vezes ao dia. “São dezenas de equipamentos – entre eles os drones continuam a reinar – e 20 técnicos para integrar as informações e racionalizar a produção de forma a corrigir os problemas na hora”, diz Fernando Degobi, diretor de marketing e negócios da Coopercitrus, empresa patrocinadora do evento. A feira atraiu 800 expositores. Entre eles o visitante encontra de produtos simples como dispositivos para irrigação ou insumos a soluções sofisticadas de pulverização que contam com aviões da Embraer desenhados exclusivamente para o campo. “A feira reúne soluções para todas as culturas, independentemente do tamanho da propriedade”, diz José Danghesi, diretor da Agrishow. “Por isso, vem crescendo tanto. Em 2008, não tínhamos nem a metade desse espaço.” Fazem parte da lista de expositores marcas conhecidas, como Toyota, Jeep e Volkswagen, na área de transporte, New Holland, especializada em colheitadeiras,

John Deere, de máquinas e implementos agrícolas, e Massey Fergusson, de tratores. Muitos fabricantes levam os produtos de linha. Outros aproveitam a feira para apresentar novidades. LANÇAMENTO. A Kepler Weber, especializada em armazenagem de grãos, esperou a feira para lançar seu novo modelo de silo 36 elevado, mais seguro que os anteriores. A escada do telhado ganhou corrimão e degraus em toda a extensão, e uma plataforma sextavada no topo permite o acesso seguro para operação e manutenção. A Agritech, líder no mercado de venda de pequenos tratores, apresenta pela primeira vez exemplares mais potentes (75 cv). Para quem nunca foi à feira, vale a dica de que ela está dividida em oito setores: agricultura de precisão; agricultura familiar; armazenagem; corretivos; defensivos e fertilizantes, segurança; irrigação; ferramentas; e associações de classe. O site do evento oferece um mapa com a localização de todos os expositores, além de sugestões de hospedagem e transporte.

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FOTOS DIVULGAÇÃO

CAPA

Drone será a enxada da agricultura de precisão Embrapa defende a importância dos veículos aéreos não tripulados e lança novas ferramentas

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amosa internacionalmente por desenvolver tecnologias voltadas para o campo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Instrumentação lança novas ferramentas para interpretar as imagens que os drones registram. Segundo especialistas, faltam softwares no mercado para que se amplie a utilização de veículos aéreos não tripulados na agricultura. A tecnologia é fundamental para o plantio mais eficiente e sem desperdício. “No futuro próximo, não será possível administrar a safra sem

drone. Ele será a enxada do campo nos tempos modernos”, diz Aldemir Chaim, pesquisador da Embrapa. O investimento em pesquisa é um dos mais importantes no agronegócio, pois trabalha no desenvolvimento de ferramentas para a agricultura de precisão, necessária para um cultivo mais produtivo e menos dispendioso. A Embrapa está na feira para mostrar as últimas tecnologias, prontas para entrar no mercado. De softwares a bicos pulverizadores eletromagnéticos, veja algumas novidades abaixo.

Área de demonstração: Embrapa dá cursos de insumos na Agrishow

BONS LANÇAMENTOS NA FEIRA

Produtos permitem calcular a quantidade e qualidade de insumos ideal para cada cultura

FALHAS NO PLANTIO. Na Agrishow, está

sendo lançada a versão 2 do SisCob (Sistema Internacional de Análise da Cobertura do Solo), idealizado para verificar falhas no plantio em pequenas e médias propriedades. A primeira versão fazia uma varredura no campo indicando as áreas problemáticas. A partir das imagens aéreas e terrestres processadas pelo software é possível mapear variações significativas na cultura e intervir nos pontos certos. A versão 2 permite levantar o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada. Trata-se de um índice numérico que vai de zero (vegetação sem folha, submetida a condições de estresse hídrico) a 1 (vegetação com folhas na plenitude metabólica e fisiológica). O sistema permite identificar até mesmo deficiências nutricionais da planta. É para culturas acima dos 50 centímetros de altura. Preço estimado em R$ 14 mil. A versão anterior era gratuita.

CONTRA O DESPERDÍCIO. Desenvolvido

conjuntamente pelos braços de Meio Ambiente e Informática Agropecuária da Embrapa, o Gotas ajuda no controle do rendimento e da qualidade dos insumos na lavoura. Oferece parâmetros como tamanho e densidade das gotas depositadas, que ajudam a definir os ajustes na combinação de bicos de pulverização, consumo do produto e velocidade de deslocamento do trator na aplicação de defensivos – quesitos que afetam diretamente o rendimento das operações. A técnica consiste na utilização de cartões feitos de papel sensível a água, fixados nas partes alta, média e baixa das plantas. Depois da pulverização, eles são recolhidos e digitalizados para uso em computador. O objetivo é a melhoria na deposição e na distribuição de defensivos. Em outras palavras: evitar desperdício. O acesso ao software é gratuito e está disponível na Rede Agrolivre. Os produtores também podem obter o manual de utilização.

PULVERIZAÇÃO. A Embrapa apresenta o

bico pulverizador, que funciona por indução eletrostática. Esse processo melhora a deposição de insumos e reduz as perdas para o solo em até 20 vezes em comparação com uma pulverização convencional. Apesar de ser um lançamento, a empresa B&D Equipamentos Agrícolas Ltda., que participou do desenvolvimento do produto, já colocou um modelo no mercado com essa tecnologia. O bico pulverizador tem formato compacto e preço mais acessível do que os similares importados. Por isso, é indicado para pequenos produtores. A tecnologia da Embrapa pode ser utilizada em pistola com bico unitário, em equipamento com vários dispersores de insumos e ainda em pulverizador transportado por tratores. Durante a feira, a empresa promove pequenos cursos sobre pulverização de insumos. Informações sobre os horários e dias apenas no local.

“Tão importante quanto aplicar o produto correto, seguindo as recomendações de um profissional, é garantir que a aplicação de insumos seja eficiente, na quantidade certa. Excessos causam impactos negativos ao homem e ao meio ambiente” ALDEMIR CHAIM, PESQUISADOR DA EMBRAPA

Um dos drones da Embrapa: empresa aponta a falta de softwares no mercado

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WERTHER SANTANA / ESTADÃO

INFRAESTRUTURA

Falta de profundidade em porto limita exportações Sem integração de modais, obras não bastam BÁRBARA BRETANHA

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produtividade dos portos nacionais está comprometida pela falta de profundidade necessária para comportar navios maiores e por dificuldades para realizar dragagens. A perda de cada centímetro de profundidade representa 100 toneladas de carga a menos, ou seis contêineres por navio, de acordo com a Secretaria de Portos (SEP). Esse é um dos itens que encarecem o frete das commodities. A Secretaria de Portos estuda modelos internacionais para estabelecer um padrão brasileiro de profundidade ideal. Do mesmo modo que fez concessões públicas na malha rodoviária, o governo pretende estender a prática à dragagem nos portos, mas antes está analisando o modelo de contrato de longo prazo para ter um serviço contínuo de desassoreamento dos canais de acesso dos portos. Para o coordenador do Núcleo de Logística e Infraestrutura da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, o processo poderia começar com investimentos nos portos no norte do País, naturalmente mais profundos que os das outras regiões e subaproveitados. A estratégia redistribuiria melhor o transporte de cargas e baratearia o custo da logística. Qual é a atual situação dos portos? Os portos fazem parte de um grande problema, a precariedade da infraestrutura logística. A matriz de transportes do País está muito focada nas rodovias. O projeto de ampliação de outros modais (ferroviário, hidroviário e portuário) não anda. São vários os obstáculos para tocar novas obras, entre eles burocracia, licença ambiental, prazo e preço das licitações. Ganha a licitação quem apresenta o menor preço. No decorrer da obra, o custo aumenta e os prazos se estendem. Além disso, a corrupção interfere, a iniciativa privada tem pouca confiança nos modelos de concessão do governo e a nova lei dos portos implica perda de poderio político local e dos sindicatos. Nesse contexto estão incluídos

os projetos de dragagem, alargamento e aprofundamento da calha, importantes para o aumento do calado nos portos. Como a dragagem influi na produtividade do porto? Há vários problemas associados ao baixo calado. A demurge (taxa que todo navio paga pelo tempo que fica parado) sai em média por US$ 40 mil por dia. Quanto mais dias, maior a conta do dono da carga. Outro fator é a perda de eficiência logística. Se o produto chega mais caro, o agronegócio perde em competitividade. Essa perda é medida pelo número de horas para descarregar contêineres e pela quantidade de dias que o navio passa no porto. Quais são as principais dificuldades da dragagem? Primeiro, a licença ambiental, que é muito difícil de conseguir. A dragagem precisa acontecer nos principais portos, que, para o agronegócio, são Paranaguá e Santos, os maiores e mais movimentados da América Latina, o que complica o processo. Seria como tentar fazer uma reforma em um salão de festas enquanto ela ocorre. Segundo, a dinâmica das obras apresenta distorções e paralisações difíceis de se acreditar em uma economia moderna. Isso ocorre em todos os portos? No norte do País existem portos com maior calado natural, mas que não são tão usados. A maioria das empresas do agronegócio costumava operar no Sudeste, mas hoje as fronteiras estão se deslocando. Em termos de eficiência logística, tem portos mais próximos. Por exemplo, para se escoar a soja do norte do Mato Grosso seriam mais viáveis os portos do Maranhão e do Pará, o que resultaria em uma economia de mais de 1.000 km em relação ao porto de Santos. Mas porto é elemento logístico de saída e entrada de mercadorias, sendo necessária uma infraestrutura

Porto de Santos: cada vez mais distante das fronteiras agrícolas terrestre que movimente as cargas desde a origem. No Brasil, para se aproveitar os portos do Norte é preciso prover a macrorregião de ferrovias e hidrovias que possam formar a logística integrada. Somente depois da logística integrada teremos condições de forçar a reorientação de rotas internacionais para tais portos.

ROTERDÃ TEM ATÉ APLICATIVO DE LOGÍSTICA Maior porto do mundo movimenta cinco vezes mais navios do que Santos

QUEM É PAULO RESENDE

ROTERDÃ Movimentação: 440 milhões de toneladas por ano Calado: 24 m, permite que navios carreguem até 350 mil toneladas Extensão: 42 km Empregos diretos: mais de 90 mil Navios por ano: 32 mil Tempo de atracação: 1 a 3 dias Tempo para descarga: 3 a 4 horas Modais: rodoviário: 35%; barcaças: 45%; ferroviário: 20% Conectividade: a autoridade portuária criou um aplicativo on-line chamado InlandLinks que mostra quais as rotas intermodais mais eficientes entre terminais da Europa

Engenheiro civil, doutor em Planejamento de Transportes e Logística pela University of Illinois, mestre em Planejamento e Engenharia de Transportes pela Memphis State University

SANTOS Movimentação: 110 milhões de toneladas por ano Calado: 13 m Extensão: 15,9 km Empregos diretos: 30 mil Navios por ano: 5 mil Tempo de atracação: 7 a 10 dias Tempo para descarga: 2 a 3 dias Modais: rodoviário: 67%; ferroviário: 18%; dutoviário: 3%

Qual seria a solução? É preciso desconcentrar o uso, mudar a festa de lugar. A solução seria dividir o fluxo de cargas entre os portos para que se tivesse um ambiente mais favorável para acelerar a dragagem em cada um. Em paralelo, incentivar a construção de ferrovias e hidrovias para aos portos do Norte e do Nordeste. Por fim, integrar ações governamentais e privadas em planos de logística protegidos de riscos de ingerência política. É um caminho longo, mas precisa ser trilhado já.

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CELSO JUNIOR/ESTADÃO

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Plantação de soja, em Tocantins: custo da produção aumentou 14%

Os juros podem subir de 6% para 8,5%

É tempo de economizar

Produtor terá de lidar com elevação dos custos e restrição de créditos VALÉRIA FRANÇA

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nquanto o ajuste fiscal não sai, o agronegócio procura sinais mais claros sobre o futuro do campo. E os prognósticos não são animadores. Assim como os demais setores da economia, o agronegócio também vai passar por ajustes. Entre os especialistas, reina a certeza de aumento nas taxas de juros. O mercado especula que será de 2 a 2,5 pontos percentuais, o que resultaria em taxas de 8% ou 8,5%. O pior cenário mesmo, se confirmado, é o de encolhimento no orçamento rural – decisão que parece natural diante da tendência de corte em todas as pastas do governo. O comportamento do Banco do Brasil com o pré-custeio – crédito para a compra de insumos para a próxima safra – já pode ser encarado como indício do que vem por aí. Em fevereiro e março, houve retenção da verba, segundo o banco, para equalizar o desembolso feito até dezembro – 24%

EXPEDIENTE

superior ao da safra anterior. Os agricultores reclamam que a falta de crédito nessa época foi muito ruim, porque fez com que perdessem oportunidades de compra de insumos mais baratos. Havia estoques no mercado ainda sem o reajuste do dólar. “Na hora do aperto econômico, é histórico: o crédito agrícola sempre some”, diz Décio Zylbersztajn, coordenador do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial da Fundação Instituto de Administração. No último dia 15, a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) teve o tradicional encontro anual com a presidente Dilma Rousseff e pediu que os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) fossem ampliados para R$ 30 bilhões, R$ 6 bilhões acima do orçamento de 2014. As reivindica-

ções foram ouvidas, mas sem resultados práticos até agora. O mercado especula que o crédito rural poderá ficar em torno de R$ 28 bilhões. “Se a verba encolher, o impacto será grande porque o custo da safra de grãos vai aumentar R$ 10 bilhões”, afirma Matheus Kfouri Marino, coordenador da pósgraduação em Agronegócios da Fundação Getulio Vargas. “Além do preço dos defensivos terem subido 29% – eles variam com o câmbio do dólar –, houve uma incidência maior de pragas na safra anterior, o que exige maior variedade e quantidade de agrotóxicos na próxima.” Com a alta do dólar, as commodities nacionais estão mais competitivas. “Isso ajuda a abater os gastos da próxima safra, que serão maiores”, afirma José Carlos Hausknecht, diretor da consultoria MBAgro. “Estima-se que o custo seja 14%

OS IMPACTOS DO AJUSTE O pequeno produtor depende muito mais do financiamento oficial, aquele que vem do governo. Do total investido, 29% são recursos próprios e 71% vêm do Pronaf, um recurso subsidiado pelo governo, com taxas que ficaram em torno de 1,5% e 2% na safra 2014/2015. Mesmo que o subsídio seja mantido, as taxas vão subir e será mais difícil conseguir o crédito. A agricultura industrial usa uma parte menor do crédito dos bancos oficiais, 49%, em comparação com o pequeno produtor. O setor busca 22% da verba no mercado – bancos privados, traders, empresas de insumos que recebem depois da colheita, em soja, por exemplo. Os 29% que faltam para investir saem do bolso do produtor. O custo é maior, porém há maior possibilidade de financiamento.

a 15% maior. Com taxas de juros mais altas e créditos mais restritos, o produtor terá de reduzir gastos.”

Diretor de Projetos Especiais e Jornalista responsável, Ernesto Bernardes - MTB 53.977 SP; Gerente de Conteúdo, Bianca Krebs; Direção de arte, João Guitton; Gerente Comercial, Gabriela Gaspari; Analista comercial, Vinicius Ouro; Gerente de Planejamento, Fernando Pieratti; Coordenador de Planejamento, Thiago Kubota; Assistente de Planejamento, Julia Santos; Coordenadora de Operações e Atendimento, Larissa Ventriglia. Colaboradores: Texto - Lilian Rambaldi, Valéria França e Wagner Barreira. Arte - Renato Leal. Endereço: Av. Eng. Caetano Álvares, 55, 6º andar, São Paulo-SP - CEP 02598-900. E-mail comercial: gabriela.gaspari@estadao.com

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