embrapa
Agronegócio Caderno do
produzido por
defensivos
Biopesticidas e outros produtos ganham mercado Pág. 10
Fernando Bueno/Divulgação
SÃO PAULO, 30 DE junho DE 2015
Gestão profissional
As melhores técnicas para aprimorar o gerenciamento do campo Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA
Estadao_cadernoAgronegocio4_01.indd 1
26/06/15 15:37
2
Estadao_cadernoAgronegocio4_02_03.indd 2
26/06/15 13:22
3
Estadao_cadernoAgronegocio4_02_03.indd 3
26/06/15 13:22
4
DIVULGAÇÃO
Queda na oferta fecha frigoríficos Pelo menos 26 frigoríficos fecharam as portas ou deram férias coletivas aos empregados neste ano, segundo a Associação Brasileira dos Frigroríficos. Estado com o quinto maior rebanho do País, 21 milhões de cabeças, de acordo com o Ministério da Agricultura, Mato Grosso do Sul foi até agora a região mais afetada:14 frigoríficos demitiram 1.500 funcionários. A crise também atingiu Mato Grosso, maior produtor, com 28 milhões de cabeças. Entre as sete empresas abaladas está a JBS, que encerrou suas atividades em São José dos Quatro Marcos em maio. O problema, segundo especialistas, se deve à diminuição do plantel bovino e ao aumento de unidades industriais.
O trigo da China na Expo Milão
Dinheiro do Plano Safra vai custar mais O governo federal anunciou finalmente este mês o Plano Safra 2015/2016. A iniciativa federal entra em vigor dia 1º de julho e conta com R$ 187,7 bilhões para custeio, investimento e comercialização para agricultores. A maior parte da verba, R$ 149,5 bilhões, será destinada ao custeio e à comercialização; o restante, R$ 38,2 bilhões, vai para investimentos. O valor é 20% superior ao da safra passada, quando foram liberados R$ 156,1 bilhões aos produtores rurais. Já as taxas de juros para os produtores são de 7% a 8,75% ao ano.
A China ainda é o maior produtor e consumidor de trigo do mundo. Registrou aumento de produção recorde nos últimos anos, mas tem carência de trigo de alta proteína, usado para a fabricação de pães e massas. Em março fechou uma compra de 400 mil toneladas do Canadá e da Austrália, que começaram a ser embarcadas no mês passado.
FEIJÃO MISTURADO AO MILHO ENGORDA O BOI
Estudo da Embrapa descobriu que o feijão guandu associado à silagem do
Caem vendas de máquinas para o campo
milho aumenta em 50% o teor de proteína da ração do boi. O gado alimentado com a mistura teve 13% de ganho real de peso.
País terá a maior safra de sua história O Brasil terá uma super safra de alimentos em 2015: 204,3 milhões de toneladas, um avanço de 5,9% em relação ao ano passado. Será a maior já registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1974, data em que começaram as aferições. A estimativa anunciada em maio é maior que a divulgada no mês anterior. E isso se deve à alta da segunda safra do milho. Mato Grosso, o maior produtor, aumentou a colheita em 14,8%. O excesso de oferta reduz os preços do mercado interno, segundo o Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea).
DIVULGAÇÃO
Das 144 nações que participam da Expo Milão 2015, a China exibe um dos pavilhões que mais atrai a atenção do público. Os arquitetos da Tsinghua University e do escritório Studio Link-Arc montaram um pavilhão com o tema Terra da Esperança. Nele, há um campo de trigo, representado por uma instalação multimídia de LED, em uma referência ao passado agrícola do país.
CELSO JUNIOR/ESTADÃO
NOTAS
As vendas de máquinas agrícolas caíram 32,6% em maio, de acordo com levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). As exportações também registraram baixa em relação aos valores do ano passado.“A expectativa e a confiança de consumidores e empresários continuam abaladas, influenciadas diretamente pelo arrocho do crédito”, disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan Yabiku Junior.
Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA
Estadao_cadernoAgronegocio4_04_05.indd 4
26/06/15 15:32
5
O agronegócio no contexto de 2015
EPITACIO PESSOA/ESTADÃO
PALAVRA DA FAESP
As notícias da área política e econômica de 2015 são preocupantes, delineando contornos de um cenário negativo. Os empresários veem muita incerteza à frente e, nessas condições, é natural a deterioração das expectativas e a retração dos investimentos, pois o Brasil passa por uma crise de confiança. O governo federal tem instrumentos para agir e reverter a tendência instalada, mas, infelizmente, as medidas adotadas até o momento são ainda insuficientes e a má gestão do setor público transborda para o setor privado, impactando diretamente as atividades empresariais. O agronegócio, que tem oportunidades concretas de expansão tanto pela ótica da demanda externa quanto interna, também se ressente dos ajustes da política econômica, pois o crédito rural, um dos principais instrumentos de fomento ao setor, sofreu modificações que tornarão o acesso aos financiamentos mais difícil e elevarão o custo financeiro das operações. Desde a solenidade de abertura da Agrishow, em Ribeirão Preto, estávamos alertando o governo da importância de evitar que o ajuste das contas públicas chegasse ao Plano Agrícola e Pecuário – PAP 2015/16. O agronegócio vem exibindo ganhos crescentes de produtividade, garantindo o abastecimento e gerando superávits na balança comercial, graças aos investimentos em máquinas, implementos, biotecnologia etc. Logo, o setor deveria ser estimulado para mitigar os efeitos da política econômica, mas jamais limitado pelos reflexos do aperto monetário e fiscal. Nossos alertas não encontraram eco e os ajustes da política econômica alcançaram o PAP 2015/16. As taxas de juros do crédito de custeio se elevaram, passando de 6,75% para 8,75% ao ano. A participação das fontes de recursos com taxas de juros livres, que podem chegar até 20%, aumentaram, contribuindo para elevar ainda mais as taxas de juros médias pagas pelos agricultores. As linhas de investimento foram igualmente atingidas. Além do aumento da taxa de juros, como no Inovagro, por exemplo, que passou de 4% para 7,5% ao ano, os recursos programados também diminuíram. O orçamento do Programa de Subvenção ao Seguro Rural (PSR) também teve os recursos diminuídos. Além do orçamento ter sido revisto para R$ 668 milhões, cerca de R$ 300 milhões terão de ser utilizados para quitar operações de subvenção de 2014. O volume de recursos anunciado para o PAP 2015/16, de R$ 187,7 bilhões, aumentou em termos nominais, mas mesmo assim não há o que comemorar, pois a ampliação vai no máximo compensar os crescentes custos de produção. Além disso, nossa maior preocupação agora é operacional, pois é preciso fazer com que os recursos cheguem às agências e estejam acessíveis aos produtores em tempo e hora. O pré-custeio já foi prejudicado e, se os recursos não chegarem brevemente, os produtores poderão se deparar com preços de insumos mais altos, o que pode comprometer a produtividade e qualidade da próxima safra. Temos convicção que a estratégia mais adequada para o governo deveria ser estimular o agronegócio para minimizar os efeitos do ajuste econômico e recolocar o Brasil em rota de retomada do crescimento o mais rápido possível. Entretanto, o governo foi na contramão do nosso pensamento, nutriu as incertezas e os ajustes transbordaram até o agronegócio pela política agrícola.
Estadao_cadernoAgronegocio4_04_05.indd 5
Cabe aqui, mais uma vez, uma ressalva, pois o setor produtivo demanda há anos uma política agrícola plurianual, com instrumentos e condições estabelecidas para o médio prazo, a fim de evitar ciclos alternados de expansão e retração. Essa política ainda não existe e, novamente, desperdiçamos nosso potencial e as oportunidades que o mercado nos oferece. Mas, parafraseando Cícero, pergunta-se: “Até quando abusarás da nossa paciência?”. Por sorte, os produtores rurais são vocacionados, têm fé e são perseverantes. Trabalham para impulsionar o Brasil, plantando, cultivando e colhendo safras para atender com responsabilidade o abastecimento de cerca de 210 milhões de brasileiros. O homem do campo não pode recuar, por isso continuará reivindicando ações públicas adequadas, acreditando que um dia a agropecuária nacional terá o reconhecimento que merece, sustentada por uma política agrícola duradoura e consistente.
DIVULGAÇÃO
FÁBIO MEIRELLES
FÁBIO MEIRELLES , PRESIDENTE DA AGRISHOW E PRESIDENTE DO SISTEMA FAESP-SENAR/SP
26/06/15 13:24
6
Fernando Bueno/Divulgação
CAPA
Paiaguás, em Mato Grosso, uma das 16 fazendas do grupo SLC Agrícola, com foco em milho, soja e algodão: empresa foi a primeira a lançar ações na Bolsa de Valores
Profissionalizar o campo ainda é desafio As ferramentas de gestão evoluíram, mas muitas ficaram complexas demais para o agricultor brasileiro
Q
uando a expressão agronegócio começou a ser usada no Brasil, na década de 1980, o País deu o primeiro passo para copiar o jeito americano de trabalhar no campo. Para os brasileiros, era um modelo novo, ainda que tivesse sido desenvolvido na Universidade de Harvard desde 1955. Segundo os
pesquisadores, a operação agropecuária teria escala mais ampla e precisaria, por isso, de uma gestão tão profissional como a de uma indústria. Trinta e cinco anos depois, a administração no campo ainda é um dos maiores desafios. Ao longo do tempo surgiram muitas ferramentas desenvolvidas para
“Investimos em tecnologia para gerar conhecimento que leve cada vez mais ao aumento de produtividade” Aurélio Pavinato, CEO do grupo slc
aumentar a precisão na contabilidade, no plantio e até mesmo na forma de gerir os recursos ambientais. Os avanços técnicos foram grandes. Colheitadeiras com GPS, por exemplo, dão o total de grãos colhidos por área quase automaticamente; drones acoplados a softwares de última geração conseguem escanear terras e determinar a
Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA
Estadao_cadernoAgronegocio4_06_07_08_09.indd 6
26/06/15 15:32
7
quantidade de água e insumo necessários para plantar sem desperdício de recursos. O problema é que nem todas essas ferramentas estão ao alcance dos agricultores, ora por falta de dinheiro, ora por falta de preparo e informação. “A gestão é hoje a grande ferramenta do campo, mas também a maior carência”, diz Ademar Pereira, de 38 anos, presidente do Sindicato Rural de Caconde, no interior de São Paulo. Apenas 10% dos produtores de café da região adotam técnicas modernas de administração. “O agricultor está ficando para trás porque não consegue diminuir os custos. São muitas e complexas as alternativas para se participar do mercado.” Pereira se refere às fontes de financiamento subsidiadas, principalmente para o pequeno e médio produtor, e à compra de contratos futuros para a proteção dos investimentos (hedge) – a venda indexada do que ainda nem foi plantado. “Tem hora
que dá até pena desse agricultor, porque ele não está preparado para tudo o que o mercado exige e oferece”, diz o presidente do sindicato de Caconde. A taxa de analfabetismo no campo é de 21,2%, o dobro da média nacional. “A maior parte das propriedades tem como gestor o próprio agricultor. Muitas vezes, trata-se de um homem que mal concluiu o primeiro grau e precisa lidar com os mesmos desafios administrativos comuns a uma empresa”, diz José Carlos Hauskmecht, diretor da MBAgro. “O controle de custos depende de uma série de
“A gestão é hoje a grande ferramenta do campo, mas também a maior carência”. ADEMAR PEREIRA, PRESIDENTE DO SINDICATO RURAL DE CACONDE
informações de processos. No mínimo, esse agricultor tem que saber fazer uma planilha de Excel para gerenciar os recursos.” Hoje em dia o homem do campo tem de entender um pouco de finanças para buscar as melhores taxas de financiamento e ainda estar bem informado em relação aos preços das commodities nas bolsas de Chicago e Nova York. Só assim conseguirá avaliar se é hora de vender a safra ou estocá-la para conseguir melhor preço. Quem não entende que o mercado flutua, por exemplo, se dá mal. “Esse produtor que se entusiasma com uma boa safra tem grande chance de tomar uma invertida financeira. Ele precisa saber guardar um pouco. Se o ano foi favorável, o próximo pode não funcionar tão bem assim”, diz José Otávio Mentem, professor da Faculdade de Agronomia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, e vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior.
“A maior parte das propriedades tem como gestor o próprio agricultor. Muitas vezes, trata-se de um homem que mal concluiu o primeiro grau e precisa lidar com os mesmos desafios administrativos comuns a uma empresa”. JOSÉ CARLOS HAUSKMECHT, DIRETOR DA MBAGRO
VISÃO AMPLA.“O agronegócio exige uma visão ampla de cadeia. É um ramo que requer conhecimento, por exemplo, sobre a legislação trabalhista, ambiental e de mercado”, afirma Mentem. “A visão de que o agricultor era um Jeca Tatu aca-
As fases do campo
O agronegócio pode ser dividido em três estágios; cada um deles é responsável por uma porcentagem da receita que forma o PIB do setor
Antes da porteira
Fase anterior ao plantio, quando os proprietários procuram recursos fora da fazenda para alavancar os negócios. A fatia do PIB do setor que essa fase gera é de ...
15
SEGUROS
Depois da produção
A receita gerada aqui corresponde ao pedaço do PIB equivalente a...
20
65
Essa é a fase mais rentável. Compõe a maior parte do PIB, que corresponde a...
%*
%*
EMPRÉSTIMOS
Dentro da fazenda
INSUMOS
%*
SEMENTES
ARMAZENAGEM
ADOÇÃO DE TÉCNICAS SUSTEN SUSTENTÁVEIS
MANEJO MANEJO DOS ANIMAIS D DAA TERRA
TRANSPORTE
ABATE
MECANIZAÇÃO D AAVVOURA DAA LLAVOURA
EDMILSON SILVA
CONTRATAÇÃO O DE TRABALHADORES ADORES
VENDA
* PORCENTAGEM DO PIB DA AGRO
*PORCENTAGEM DO PIB DA AGRO
Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA
Estadao_cadernoAgronegocio4_06_07_08_09.indd 7
26/06/15 15:33
8
bou. Hoje ele tem de ser alguém que se imponha no mercado.” Os especialistas dividem o agronegócio em três fases. A primeira acontece fora da fazenda. É o estágio de planejamento do plantio, chamado de antes da porteira, quando o agricultor sai à procura de financiamento e de insumos. A segunda se restringe aos limites da fazenda e à produção propriamente dita: plantio e colheita. A terceira, batizada de depois da porteira, compreende armazenamento, transporte e distribuição da commodity. Com tantas frentes, o homem do campo que não teve a oportunidade de se qualificar fica mais seguro em fazer o trabalho da forma que seu pai lhe ensinou. “Essa é uma atividade transmitida de geração para geração. Quando tento explicar que a produtividade não deve ser medida por planta, mas por área, escuto ‘que não era assim que meu pai fazia’”, diz Pereira, do sindicato de Caconde. No topo. Há uma outra ponta, de filhos de agricultores que foram estudar em universidades estrangeiras para dar continuidade aos negócios da família. Controle de custo, planos de investimento, adoção de novas técnicas de produção e busca da competitividade global dos produtos brasileiros viraram tarefas do agricultor. Contratar especialistas para essas áreas, em muitos casos, é a saída mais eficiente. O grupo SLC Agrícola é um exemplo de gestão profissional no campo. O negócio que começou com três famílias de imigrantes alemães, em 1945, virou um império comercial, com produção de alta escala, rigoroso controle de custos e responsabilidade ambiental. Empresa de commodities agrícolas – focada na produção de algodão, soja e milho – tem 343 mil hectares de plantações em 16 fazendas no cerrado brasileiro. Foi a primeira do setor no mundo a ter ações negociadas em bolsa de valores, no início de 2000. “Investimos em tecnologia para gerar conhecimento que leve cada vez mais ao aumento de produtividade”, diz Aurélio Pavinato, CEO do grupo. “Temos centros de pesquisas ligados a universidades e ao Embrapa em três fazendas. Um dos negócios do grupo, hoje, é prospectar e adquirir terras em novas fronteiras agrícolas.
embrapa
CAPA
Software de alta precisão da Embrapa permite escanear a folha para averiguar as necessidades nutricionais da plantação “Os avanços tecnológicos são fundamentais”, diz Mentem, da Esalq. “Indeconsultoria pendentemente do tamanho da proprieLUIZ CORNACCHIONI, diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio dade, a chance de insucesso no campo é cooperativas, que tem crescido e funciona como 1. Como o pequeno agricultor pode fazer grande a tecnologia o conhecipara quando conseguir se prepararepara ser um importante instrumento para reforço do aprimobomtécnico gestor? não é aplicado na terra.” ramento técnico e administrativo dos produtores. mento R: Além de dominar plenamente as técnicas de Participar de uma cooperativa também representa plantio e manejo do solo e da cultura – incluindo aqui as formas sustentáveis de produção –, o pequeno produtor rural tem de pensar sua atividade de forma empresarial. Isso significa que precisa dominar, mesmo que de forma básica, ferramentas de gestão da propriedade e da comercialização dos seus produtos. Necessita ter, mesmo que rudimentarmente, noções sobre cálculo de preço, formação de estoques, modelos de compra de insumos visando reduzir custo de produção, entre outros fatores inerentes ao bom resultado da lavoura e a pecuária.
2. Que cursos poderia indicar? R: Na falta de conhecimento suficiente para a realização dessas funções, o agricultor deve buscar fazer cursos e participar de seminários e congressos. Existem diversas instituições. Na área técnica, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Programa Nacional de Apoio ao Campo (Procampo) podem ser boas opções. Já nas questões administrativas, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) disponibilizam cursos específicos. Outra opção que o pequeno agricultor deve sempre ter em mente é, dependendo do tipo de cultura, o sistema de
estar atualizado sobre o andamento do mercado e as tendências futuras em sua área de atuação.
3. Qual é hoje o desafio para o grande produtor quando se fala em gestão? R: Os desafios hoje em dia são muitos: a imprevisibilidade do mercado, a carência de políticas públicas apropriadas, os gargalos de logística e infraestrutura brasileira, o momento de incerteza decorrente do agravamento das crises política e econômica do País, entre outros. Em termos de gestão, o grande desafio enfrentado pelas empresas é que seus executivos precisam, mais do que nunca, ser ecléticos. 4. O que ele precisa saber? R: O gestor de uma grande propriedade deve entender de cultivo, de tecnologia para as atividades de manejo do solo, plantio, colheita e armazenamento. Tem de dominar ainda logística, marketing, finanças, recursos humanos, formação e oscilações de preços internacionais de diversas commodities e até questões de geopolítica, para antever tendências de consumo e alterações nas oportunidades de mercados globais. As exigências em termos de gestão ganham ainda maior importância em função de o Brasil ter se tornado referência mundial em agronegócio. Tudo o que é feito aqui ganha visibilidade mundial.
5. Qual é o maior erro que não pode acontecer em uma gestão no campo? R: O principal erro é a falta de profissionalização. No mundo atual não cabe mais o gestor centralizador que resolve tudo, que entende de tudo. Esse modelo de administração está terminado. Em virtude das exigências colocadas hoje à frente do gestor de uma empresa do agronegócio, ele não deve pensar que os métodos utilizados no passado serão suficientes para enfrentar, e vencer, os desafios colocados nos dias atuais. 6. O setor teve mudanças positivas? R: O cenário – sobretudo nos grandes empreendimentos agropecuários das principais regiões produtoras do País – tem evoluído bastante nesse aspecto. Cada vez mais, o agronegócio tem sido dominado por executivos que possuem formação técnica e universitária adequada. Há muitos agricultores que se preparam em cursos superiores de especialização, MBA, adquirindo fluência em inglês e que já passaram algum tempo fora do País. Estou falando de pessoas antenadas com as peculiaridades técnicas e operacionais das suas atividades, mas que também dominam ferramentas de gestão para alavancar recursos e resultados do negócio. Além de tudo isso, estão também atentos na atração e manutenção de recursos humanos, na formação e capacitação dos funcionários e no domínio das tecnologias de informação.
Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA
Estadao_cadernoAgronegocio4_06_07_08_09.indd 8
26/06/15 15:33
9
MEIO AMBIENTE
Cana vai perder área de plantio até 2017 Estudo alerta sobre a redução do cultivo com o fim das queimadas da palha e a necessidade de políticas públicas
D
deração das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Por meio de imagens de satélite e geoprocessamento da safra 2013, o grupo mapeou a plantação no estado com o objetivo de chamar a atenção dos setores público e privado para a mudança e possíveis repercussões. Segundo o levantamento, as queimadas ocorrem em áreas com declives superiores a 12%. Em São Paulo, 482 municípios – 75% do total do estado – plantam em declives. Essa extensão varia de valores insignificantes, inferiores a 1 hectare, até 8.577 hectares, caso de Piracicaba, que perderia 17% da área plantada. “Globalmente o impacto não será tão grande porque o processo está sendo realizado gradualmente. Mas há municípios em que a metade das áreas plantadas fica comprometida”, diz Evaristo de Miranda, coordenador do GITE, que vai monitorar a evolução da medida. É o caso das cidades de Amparo e São José do Rio Pardo, que estão na lista dos 27 municípios mais afetados. Segundo Miranda, o impacto econô-
GUSTAVO SANTOS/ESTADÃO
eixar de queimar a palha da cana-de-açúcar para limpar a terra representa um ganho ambiental, mas um recuo de produtividade para os agricultores. Estudo aponta para uma perda de 369 mil hectares da área plantada só no estado de São Paulo. O valor representa 6,7% da área atual destinada à cana no estado – proporção equivalente a 74% da área destinada a citricultura. A queimada não será permitida a partir de 2017, conforme protocolo ambiental acertado entre o governo e o setor sucroalcooleiro. Apesar do plantio estar mecanizado, nas áreas de declive as máquinas não conseguem trabalhar. A única saída para esses pontos ainda é a colheita manual, que fica impraticável sem a antiga técnica. A mudança não afeta o volume de exportação, mas compromete o equilíbrio econômico de alguns municípios. O levantamento foi feito pelo Grupo de Inteligência Territorial Estratégica (GITE) da Embrapa, com o apoio do Departamento de Agronegócio (Deagro) da Fe-
Perda de área da cana é vista como oportunidade para aumentar diversidade do plantio
mico, em termos de arrecadação para as prefeituras e mesmo para os produtores, será expressivo, a menos que se preparem para a transição. “Produtores já estão recebendo comunicados das usinas. Cabe aos sindicatos rurais e ao governo do estado apontar caminhos e mostrar alternativas”, afirma o gerente do Deagro, Antônio Carlos Costa. AVANÇO. Para especialistas, o fim das queimadas representa uma oportunidade para diversificar as atividades agrícolas e os investimentos privados. As áreas podem ser aproveitadas como pastagem, para reflorestamento, cultivo de frutas
ou mesmo para a pecuária. “Esse é um processo que precisa de preparo, capacitação e principalmente assistência técnica aos produtores menores”, afirma Costa. A cana é uma cultura especializada. Os produtores que tenham interesse em aproveitar de outra forma a área têm de ser requalificados. O governo possui papel chave na transição com a elaboração de políticas públicas, como programas de apoio à diversificação, produção e distribuição de mudas e capacitação. No segundo semestre deste ano, a Fiesp deve completar uma nova análise: a das possibilidades de melhor utilização de áreas de cultivo de cana.
As regiões mais afetadas
HECTARES EM DECLIVE E PORCENTAGEM REPRESENTATIVA DO PLANTIO TOTAL
1
São Manuel: 7.889,43 hectares = 21,07%
2
Descalvado: 6.237,59 hectares = 21,19%
3
Santa Rita do Passa Quatro: 4.346,67 hectares = 22,56%
4
São Pedro: 3.541,41 hectares = 29,48%
Mais afetados em números absolutos (20 municípios) Mais de 20% da cana em áreas declivosas (27 municípios) Municípios pertencentes aos dois grupos (4 municípios)
Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA
Estadao_cadernoAgronegocio4_06_07_08_09.indd 9
26/06/15 15:34
10
Mercado nacional avança com defensivo ‘light’
EMBRAPA
TECNOLOGIA
Aumenta no mercado a presença de defensivos de nova geração, menos agressivos ao meio ambiente, ou naturais, como os biopesticidas
D
esenvolver defensivos agrícolas eficazes e resistentes, mas que também sejam inofensivos ao meio ambiente e à saúde do homem, é um dos desafios da ciência que vem ganhando fôlego. De 2011 para 2013, o mercado de biopesticidas – microorganismos que controlam pragas – praticamente dobrou. Hoje no Brasil já existem 88 marcas registradas no Ministério da Agricultura. O controle biológico de pragas decolou depois dos bons resultados do uso do baculovírus para matar a lagarta helicoverpa – que ataca tanto o algodão como o milho – no início da década de 1980. Nessa época, era comum três ou quatro aplicações de defensivos por safra, o que encarecia os custos e comprometia a qualidade da terra. Com o baculovírus, o problema passou a ser resolvido com apenas uma aplicação por safra.
“O Brasil hoje é o segundo ou terceiro maior produtor de soja do mundo, em volume e em área plantada, mas se destaca também por ser o único país a sofrer com a ferrugem”. GUILHERME GUIMARÃES, GERENTE TÉCNICO E DE REGULAMENTAÇÃO FEDERAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL (ANDEF)
OS CONVENCIONAIS. Há mais tempo no mercado, os defensivos convencionais ainda funcionam como a maior ferramenta para garantir boas safras. As marcas registradas do ministério chegam a 1,6 mil. Como se sabe, algumas pragas, se não combatidas, podem levar o agricultor à falência. Um exemplo é a ferrugem, doença provocada por um fungo e que atinge todo o território nacional, que tem o poder de dizimar 60% da produtividade da soja. “O Brasil hoje é o segundo ou terceiro maior produtor de soja do mundo, em volume e em área plantada, mas se destaca também por ser o único país a sofrer com a ferrugem”, afirma Guilherme Guimarães, gerente técnico e de regulamentação federal da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef). “Ela provoca perdas de até 80% da área plantada. Não tem como não usar os agrotóxicos específicos para combatê-la.” LIGHT. Para esse problema já existem defensivos mais eficientes e menos agressivos. É o caso do Elatus, da Syngenta, composto por grânulos que se dissolvem com muita facilidade e possui uma classe química menos tóxica. Pode ser manuseado com maior segurança e requer menor quantidade de produto por hectare – a interrupção do desenvolvimento do fungo se dá em apenas 48 segundos após a aplicação. “Em áreas onde foi aplicado, a produção subiu em quatro sacas por hectare”, afirma André Savino, diretor de marketing da Syngenta Brasil.
Ferrugem: se não combatida, praga pode levar à perda de até 80% da área plantada RESISTÊNCIA. Outra alternativa é a aplicação industrial do produto: em vez de deixar para o agricultor administrar o produto no local, as sementes são tratadas na fábrica. O método evita o uso exagerado
dos defensivos, que pode levar as pragas a desenvolver resistência ao produto. Quando chega a esse ponto, o agricultor muda de produto ou aplica doses mais altas ou com maior frequência. “O grande
Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA
Estadao_cadernoAgronegocio4_10_11.indd 10
26/06/15 15:34
segredo é não depender de apenas uma ferramenta, como o agrotóxico”, diz Savino. Segundo especialistas, a saída está
“Todos os pesticidas passaram no crivo da Associação Nacional de Vigilância Sanitária. A legislação brasileira está entre as melhores do mundo.” GUILHERME GUIMARÃES, GERENTE TÉCNICO E DE REGULAMENTAÇÃO FEDERAL DA ANDEF
Estadao_cadernoAgronegocio4_10_11.indd 11
numa solução combinada de pesticida com plano de manejo do solo, rotação de culturas e investimento em sementes. Como o País tem uma das legislações mais rigorosas do mundo, Guilherme Guimarães, da Andef, afirma que os produtos liberados no Brasil são cada vez mais eficazes e não deixam resíduos nos alimentos. Antes de serem vendidos, frutas e vegetais passam por um processo rigoroso de limpeza para eliminar restos desse tipo de produto. “Todos os pesticidas passaram no crivo da Associação Nacional de Vigilância Sanitária“, diz Guimarães. “A legislação brasileira está entre as melhores do mundo.”
EMBRAPA
11
Lagarta helicoverpa: inimiga do algodão e da soja é combatida com biopesticida
26/06/15 15:34
12
Cabotagem pode ajudar no transporte de grãos
TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL
INFRAESTRUTURA
Navegação costeira é usada para distribuir etanol e minérios, mas estudo garante que modal pode ser estratégico para a safra agrícola
A
Secretaria de Portos e o Banco Mundial divulgam em julho estudo sobre a viabilidade do investimento em cabotagem para melhorar a logística nacional. Considerado um meio seguro, com baixo risco de acidente e assalto, o transporte marítimo costeiro é hoje responsável principalmente pela distribuição do etanol – que sai do centro-sul para o Norte e Nordeste do País– e de minérios. “Mas o modal também pode ser aproveitado para o transporte interno de grãos”, diz Thiago Péra, coordenador da Esalq-Log. Milho, soja e arroz seriam os grandes beneficiados. Para se ter uma ideia de volume, apenas a safra prevista do milho este ano é de 72 milhões de toneladas, um terço do total vai para exportação e o resto fica no Brasil. “A cabotagem é um meio de transporte mais barato que o rodoviário para longas distâncias na costa, com a vantagem de não atrasar”, diz Péra. A alternativa em análise consiste em fazer o frete pela navegação entre portos do País. O Brasil tem 7,4 mil km de costa navegável, o que torna a proposta bastante atraente. E pode se tornar uma ótima opção quando se sabe que caminhões ficam parados nas estradas brasileiras por razões
incontroláveis, que vão de manifestação de caminhoneiros a catástrofes naturais. “O principal problema não é a chegada da carga pelo navio”, diz Cleber Lucas, presidente da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (ABAC), “mas quando ela passa do portão para ser distribuída. Faltam conexões mais significativas com o rodoviário e o ferroviário para que a carga seja distribuída no interior.” Historicamente, o País investe pouco em infraestrutura de transporte – 0,6% do PIB, menos até que Rússia, China e Índia – e depende principalmente do sistema rodoviário para fazer a economia rodar. Um problema que já tem consequências mensuradas: R$ 80 bilhões é o valor que as empresas perdem com a falta de condições das estradas. EFICIÊNCIA. A cabotagem é uma alternativa praticada até agora de forma tímida. Representa apenas 10% da matriz de transportes, apesar de crescer 20% ao ano. “Para cada contêiner transportado pelo mar, seis e meio seguem pelas rodovias”, diz Lucas, da ABAC. “Na União Europeia, 37% da carga é transportada por cabotagem”, afirma o canadense
O QUE LEVAM OS NAVIOS 182
212
2010
2014
toneladas métricas
EXPEDIENTE
toneladas métricas
Porto do Rio: cabotagem é solução que depende também de outros modais Gregoire Gauthier, especialista em planejamento de transportes e um dos responsáveis pelo estudo do Banco Mundial. A navegação é 30 vezes mais eficiente que
Transporte limpo Pela cabotagem, para transportar 1 tonelada por km, são emitidos 20 kg de CO2. Se fosse por caminhão, haveria emissão de 116 kg de CO2
o rodoviário, se medida em toneladas transportadas por cavalo de força. “Utiliza menos energia, que se converte em redução de custos logísticos.” O estudo também aponta obstáculos: burocracia, limitações para financiamento de embarcações, carga tributária alta, poucos incentivos e a falta de infraestrutura específica nos portos para a operação. Segundo Gauthier, com os investimentos corretos, os entraves regulatórios e de infraestrutura seriam solucionados entre quatro e cinco anos. Os procedimentos aduaneiros também podem ser mais enxutos. Mas para a cabotagem ter impacto significativo será necessário investir nos demais modais também.
Diretor de Projetos Especiais e Jornalista responsável, Ernesto Bernardes - MTB 53.977 SP; Gerente de Conteúdo, Bianca Krebs; Direção de arte, João Guitton; Gerente Comercial, Gabriela Gaspari; Gerente Comercial, Gabriela Gaspari; Gerente de Planejamento, Andrea Radovan; Coordenador de Planejamento, Thiago Kubota; Assistente de Planejamento, Julia Santos; Coordenadora de Operações e Atendimento, Larissa Ventriglia. Colaboradores: Texto - Lilian Rambald (revisão), Bárbara Bretanha (reportagem), Valéria França e Wagner Barreira (edição). Arte - Renato Leal. Endereço: Av. Eng. Caetano Álvares, 55, 6º andar, São Paulo-SP - CEP 02598-900. E-mail comercial: gabriela.gaspari@estadao.com
Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão. Cortesia de S/A O Estado de S. Paulo Distribuição autorizada pelo artigo 26, parágrafo 2º, da Lei 14.517/2007, combinado com a Lei 5.250/1967. MANTENHA A CIDADE LIMPA - NÃO JOGUE ESTE MATERIAL EM VIA PÚBLICA
Estadao_cadernoAgronegocio4_12.indd 12
26/06/15 15:35