Caderno do Agronegócio 8/2015

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divulgação unica/ Niels Andreas

Agronegócio Caderno do

produzido por

ETANOL

Falta de liquidez leva usineiros a vender estoques Pág. 12

Divulgação embrapa/ana lucia ferreira

SÃO PAULO, 28 DE agosto DE 2015

Orgânicos ganham escala

Setor cresce 25% ao ano, mais que o dobro do mercado americano

Este material é produzido pelo Núcleo de Projetos Especiais de Publicidade do Estadão


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Pará é o estado campeão no Cadastro Ambiental Rural

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NOTAS

No Estado, 80% das propriedades são registradas, enquanto o Rio Grande do Sul tem o pior resultado, com apenas 2%

Instrumento importante de gestão do novo Código Florestal, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) é uma ferramenta eletrônica criada em 2009 para a regularização ambiental das terras. Concentra informações como área cultivada, tipo de plantação, estado das Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL). Até o mês passado, 57% dos proprietários rurais tinham completado o cadastro. Isso significa que mais de 1,4 milhão de imóveis rurais estão dentro da lei, segundo o Ministério da Agricultu-

ra,Pecuária e Abastecimento. O governo estendeu o prazo até maio do ano que vem, já que nem todas as regiões estão aderindo ao sistema na mesma velocidade. O Pará, por exemplo, já cadastrou 80,5% dos imóveis, enquanto o Rio Grande do Sul, 2%. A adesão é obrigatória e dá algumas vantagens: produtores que tenham desmatado áreas em suas propriedades até 2008 ficam livres de sanções e alguns bancos estão facilitando o crédito, oferecendo taxas menores.

Cotonicultores migram para a soja Baixa nos preços do algodão e alta concorrência dos tecidos sintéticos desanimam os cotonicultores, que estão migrando para o plantio de soja. O Brasil é o terceiro maior exportador mundial e o quinto na produção de algodão. Mas os preços do mercado internacional estão

Com o objetivo de avançar na interlocução com o setor produtivo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) anunciou em 13 de agosto a criação de três novas câmaras setoriais: a de Erva Mate (uma antiga reinvindicação do setor); o colegiado dedicado à discussão da Lei Plurianual Agrícola (LPA), que está sendo elaborada, agregada à do Financiamento e Seguro do Agronegócio; e a de implantação das mudanças do Sistema Brasileiro de Produtos de Origem Animal, que terá prazo de dois anos de duração.

Consumidor se preocupa com rastreabilidade

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Ministério cria três câmaras setoriais

deprimidos, mesmo levando em consideração a alta do dólar, e há diminuição do plantio na China, na Índia e nos Estados Unidos. Em relação ao mercado interno, o Brasil tem uma indústria têxtil estagnada. Outro empecilho é a concorrência das fibras sintéticas, que estão mais baratas.

Produção de cacau se recupera O Brasil passou as últimas duas décadas importando cacau do oeste da África para suprir a produção nacional de chocolate. Este ano a história é outra. Espera-se uma colheita de 105 mil toneladas do fruto em 2015, quase o dobro de seis anos atrás, o que será suficiente

para abastecer o mercado interno, de acordo com a Superintendência da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira do Pará. De maio a agosto, as processadoras receberam 101 mil toneladas retiradas das lavouras, 26% superior ao mesmo período de 2014.

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Uma análise feita sobre hábitos dos consumidores jovens portadores de dispositivos móveis aponta a importância da rastreabilidade dos produtos. Sete de cada dez compradores usa o aparelho para comparar preços. A metade para verificar a procedência e 20% para descobrir se estão levando um artigo recomendado. “A mudança de hábito dos consumidores é muito grande. Por isso, cuidar da imagem do produto na ponta da cadeia, na prateleira do supermercado, torna-se fundamental. A rastreabilidade integra o consumidor ao agronegócio e dá mais confiança ao comprador”, diz Sergio Alexandre Simões, consultor da Agro PWC Brasil.


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Grupo de Trabalho Rural é passo necessário para segurança jurídica

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PALAVRA DA FAESP

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) e a Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo (ARISP), com a anuência da Corregedoria Geral de Justiça do Estado de São Paulo (CGJ-SP), assinaram o Acordo de Cooperação Técnica visando instituir o Grupo de Trabalho Rural (GTR) com a atribuição de analisar situações de pendências e demandas, apontar soluções administrativas e registrais, bem como estudar a legislação vigente e propor eventuais modificações legais. O grupo técnico especializado contará com integrantes das três entidades, que debaterão sobre questões relacionadas ao meio rural e apresentarão sugestões para as mais variadas demandas do setor, buscando a solução conjunta de pendências administrativas bem como a uniformização dos procedimentos registrais exigidos no Estado de São Paulo. Trata-se de uma parceria histórica, cuja iniciativa possibilitará um grande avanço nas relações entre o setor rural e os cartórios de registro de imóveis, contribuindo substancialmente para o alcance da necessária e tão almejada segurança jurídica no campo. Participaram desse importante momento para a agropecuária paulista o presidente da ARISP, Dr. Flauzilino Araújo dos Santos, o corregedor-geral da Justiça, desembargador Hamilton Elliot Akel, além do secretário de Estado adjunto da Agricultura e Abastecimento, Rubens Rizek; a procuradora de Justiça Eloisa Arruda; o diretor-executivo do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP), Marco Pila; o diretor para assuntos agrários da ARISP, Fábio Costa Pereira; o vice-presidente da FAESP, José Candêo; e o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-AR/SP), Mario Antonio de Moraes Biral. Prestigiaram ainda o evento os juízes assessores da corregedoria Gustavo Henrique Bretas Marzagão, Ana Luiza Villa Nova e Swarai Cervone de Oliveira; diretores da FAESP, presidentes de sindicatos rurais do Estado de São Paulo, autoridades do Poder Executivo e Legislativo, além de convidados. A necessidade de criação do Grupo de Trabalho Rural se justifica, principalmente, em razão das diversas obrigações atualmente impostas aos proprietários rurais, sobretudo pelo fato de muitas ainda estarem em fase de implementação ou mesmo recentemente impostas à classe rural paulista, como por exemplo aquelas advindas do novo Código Florestal. Nesse contexto, uma legislação nova ou mesmo as atingidas por mudanças no decorrer de sua vigência afetam diretamente as partes envolvidas ensejando uma sequência de mudanças de paradigmas administrativos e registrais e exigindo um apoio aos usuários do serviço público delegado de registro de imóveis, nesse caso particular aos sindicatos e produtores rurais. Tal apoio poderá ser suprido pelo GTR.

Os casos emblemáticos em razão do atual momento de mudanças legislativas vivido pela classe ruralista, os que envolvam um caráter interpretativo mais técnico ou mesmo a necessidade de proposições modificativas da Lei, são atribuições que também deverão ser direcionadas ao GTR. Como exemplos citamos o cumprimento do novo Código Florestal, a regularização da reserva legal, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), o georreferenciamento, o licenciamento ambiental, a regularização fundiária rural, o registro sindical, a informatização/digitalização de processos, entre diversas outras. Ressaltamos a importância dessa iniciativa, pioneira no Estado de São Paulo, simbolizando uma voz ativa dos proprietários rurais paulistas, que hoje ainda enfrentam uma disparidade de exigências para as mais variadas demandas envolvendo o registro imobiliário, dificultando o seu cumprimento e gerando um desgaste muitas vezes desnecessário. O Acordo de Cooperação entre as entidades diminuirá custos, pois as operações se tornarão mais adequadas e rápidas. Com isso, os próprios cartórios seguirão uma linha de parâmetro para efetuar regulamentações nos processos rurais. A importante iniciativa representa uma segurança aos produtores rurais paulistas, oferecendo não só o apoio técnico necessário para a interpretação de uma legislação ampla e alternante, mas também possibilitando a participação do homem do campo no aperfeiçoamento dessas demandas. FÁBIO MEIRELLES É PRESIDENTE DO SISTEMA FAESP-SENAR/SP

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FÁBIO MEIRELLES


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Divulgação/abiec

PECUÁria

falta informação cIentífica “Os produtores precisam ser melhor informados. Há muita tecnologia de ponta”, diz Fernando Sampaio, da Abiec. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), por exemplo, desenvolveu o Pró-Genética, ferramenta que permite ao pecuarista comprar touros com genes certificados a preços acessíveis. Outra tecnologia disponível, há pelo menos três anos no mercado, é a imunocastração. A Bopriva é uma vacina que proporciona a suspensão temporária da fertilidade do gado. Trata-se de uma alternativa à castração cirúrgica que pode causar infecções e perda de peso. Associada a outros manejos, garante o bem-estar do rebanho e possibilita abates de animais mais jovens.

Estados Unidos têm quase a metade do rebanho brasileiro, mas é o maior produtor mundial de carne, com 19% do mercado

Carne será a “soja” do agronegócio Para a commodity ganhar mais mercado será necessário baixar custo produtivo o faturamento da exportação da carne bovina bateu o recorde do ano. Foram negociadas 113,5 mil toneladas (0,4% a mais que em junho) a US$ 505,8 milhões (um valor 3% maior que o do mês anterior). “A gente tem tudo para continuar ganhando mais mercado. O consumo, principalmente na Ásia, vai crescer bastante”, afirma Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). A China, por exemplo, deverá consumir, em 2025,10,2 milhões de toneladas de carne – 20% dos quais serão importados. Futuro promissor. Para conquistar maior competitividade, será necessário investir em técnicas produtivas. A carne bovina é vista como a grande commodity da próxima década, como a soja vem sendo nos últimos anos. “O impulso mais forte do agronegócio deve ser o da pecuária”, afirmou Alexandre Mendonça de Barros, da consultoria MB Agro durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio

realizado em São Paulo no início do mês. “A carne vermelha é a nova soja: temos de investir em tecnologia para ganhar mais competitividade.” O setor cresce continuamente. De acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as exportações cresceram 737% em 14 anos: saltaram de US$ 779 milhões, em 2000, para US$ 6,4 bilhões, em 2014. A expectativa é que o valor bruto da produção alcance R$ 93 bilhões até o fim de 2015, Divulgação/abiec

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os últimos 30 anos, graças às restrições de expansão de terras, a pecuária brasileira investiu em tecnologia para aumentar a produtividade. O País teve ganhos significativos. Hoje é o maior exportador e o segundo produtor no ranking mundial. Agora o foco será investir no barateamento do processo para ganhar mercado. O custo da arroba precisa diminuir até mesmo para ser compatível ao bolso do brasileiro. Segundo dados da GFK, empresa global de pesquisa que monitora o preço de 35 produtos nos principais supermercados do Brasil, a carne bovina está entre os itens que mais subiram de custo em 2015. De janeiro a abril, a variação da média nacional foi de 3,2%. Nas regiões Norte e Nordeste, 8,1%. Com a crise econômica, a demanda ficou menor que a oferta. As vendas diminuíram, a carne bovina perdeu espaço para o frango, que é mais barato, e frigoríficos fecharam as portas. No mercado externo, as notícias são boas. Em julho,

Carne para a exportação: venda in natura para 151 países e industrializada para 103

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19,23% maior que o do ano passado. Com 17% da produção mundial, o País fica atrás só dos Estados Unidos, que detêm 19%. No ano passado, porém, o Brasil liderou as exportações, com 21% das vendas mundiais de carne bovina. Vende o produto in natura para 151 países e o industrializado para 103. “A pecuária durante muito tempo expandiu resultados aumentando área. Nos últimos anos, diminuiu espaço sem prejudicar produção e exportação. O rebanho dos Estados Unidos é quase a metade do nosso e eles produzem mais carne”, diz Sampaio, da Abiec. Em outras palavras, apesar dos avanços do setor, o Brasil ainda tem um índice ruim entre o tamanho do rebanho e a quantidade de carne aproveitada para venda. O tempo de engorda do boi e taxas de fertilidade são alguns dos principais fatores que prejudicam a produtividade, mas poderiam ser resolvidos com tecnologias voltadas à melhoria da genética e da nutrição. “A gente tem crédito e tecnologia, mas precisa saber como democratizar o acesso a tudo isso”, diz Sampaio. “Na nossa cadeia há produtores muito eficientes e tecnificados, mas também uma classe média rural sem acesso a crédito, que não conhece as tecnologias disponíveis a serem aplicadas no campo”.


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Divulgação embrapa/ana lucia ferreira

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CAPA

Fazenda da Embrapa para o desenvolvimento de pesquisa e exercício da agroecologia

Feira orgânica: produtores vendem diretamente para o consumidor final

Orgânico deixa de ser nicho e ganha escala Setor conquista produtores como a Fazenda da Toca, com mais de 2 mil hectares, que investe e difunde pesquisas

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esde 2009, o segmento de orgânicos vem surpreendendo com uma taxa de crescimento de 25% ao ano. Em 2014, o setor faturou US$ 1,5 bilhão. O ano de 2015 vai ser melhor ainda, e o setor deve fechar com US$ 2,5 bilhões. Os Estados Unidos avançam 11% ao ano e detêm quase a metade do comércio internacional, avaliado em US$ 72 bilhões. “O mercado americano já chegou à estabilidade, enquanto o Brasil está começando a decolar”, diz Ming Lui, coordenador da Organics Brasil. O aumento da oferta é visível. Houve um tempo em que o consumidor brasileiro precisava pesquisar para achar um endereço que oferecesse alimento (industrializado ou in natura) orgânico – ou seja, produzido a partir de uma semente não modificada geneticamente, que tenha se desenvolvido longe de qualquer contato com defensivos agrícolas sintéticos ou adubos químicos. Hoje, grandes redes de supermerca-

dos, como Pão de Açúcar, Mambo e St Marche, possuem setores especiais. Nas prateleiras, encontra-se todo tipo de produto orgânico – hortaliças, frutas, lácteos, carnes, sucos, ração para cachorro, xampu, maquiagem, entre tantos outros itens industrializados. Há ainda as lojas especializadas. A Mundo Verde tem 280 unidades espalhadas pelo Brasil. A Ko-

“Mesmo com o aumento de fornecedores, o setor está pressionado por uma demanda alta. Precisa equacionar questões como distribuição e escala para baixar o preço das mercadorias.” MARCELO LAURINO, DA COMISSÃO dAprodução orgânica de sÃO PAULO

rin Agropecuária, produtora de ovos e frango orgânicos, lançou este ano produtos como hambúrgueres e almôndegas, feitos com frango criados livres de antibióticos e soltos na granja. Em 2015, a empresa deve faturar R$ 115 milhões. “Esse setor deixou de ser um nicho do mercado e está ganhando escala”, diz Valeska de Oliveira, gerente de negócios da Bio Brazil Fair, maior feira de orgânicos do País. O setor tem no DNA a agricultura familiar. “Em geral, são pequenos e médios produtores, que se organizam em cooperativas”, diz Valeska. No Estado de São Paulo a taxa de produtores que ingressam no segmento de orgânico é de 50% ao ano. “Antes eu conhecia cada um deles por nome, hoje já não sei quem é quem”, diz o engenheiro Marcelo Laurino, secretário-executivo da Comissão da Produção Orgânica de São Paulo, referindo-se aos produtores que vão à sede da entidade, em Piracicaba, para se cadastrar. “Mesmo com o aumento de fornecedores, o setor está pressionado

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por uma demanda alta. Precisa equacionar questões como distribuição e escala, para baixar o preço das mercadorias.” PROFISSIONALIZAÇÃO. O Brasil está dez anos atrás dos Estados Unidos quando o assunto é a cultura de orgânico. O mercado americano foi regulamentado em 2001, o brasileiro, em 2011. Foi só a partir daí que os produtores começaram a se profissionalizar. Os bons resultados estão atraindo investidores de fôlego, caso do ex-piloto de Fórmula 1 Pedro Paulo Diniz, que hoje está à frente da Fazenda da Toca, 100% orgânica, em Itirapina, a 200 km de São Paulo. Considerada propriedade modelo, produz frutas, leite e ovos. Um total de 2.300 hectares de terra, dos quais 1.483 são certificados. Herdeiro de uma das maiores fortunas do Brasil, ele deixou de lado a badalação e saiu da mira dos holofotes para se dedicar à administração da propriedade da família, que a partir de


2009 passou a ser orgânica. “Conseguimos fazer essa transição sem perder produtividade”, diz João Carvalho, gerente de produto da Fazenda da Toca, que tem 140 funcionários. “Começamos pelo pomar de laranja. Depois aumentamos a área plantada com outros tipos de frutas.” O crescimento da produtividade é administrado de forma lenta e sustentável. “No início, a fazenda vendia laranjas para supermercados, mas isso dava prejuízo. Os pedidos não são constantes. Quando um varejista diz que não quer o produto, você não tem o que fazer com a fruta, que é muito perecível. Por isso optamos por produzir sucos.” Mais da metade da produção é exportada para a Europa. Não tem açúcar, nem conservante. “Para conseguir um bom suco, sem aditivos, tivemos que investir muito na qualidade da fruta”, explica Carvalho. Mais tarde a fazenda passou a criar aves com o objetivo de aproveitar o esterco para adubo. Hoje 25 mil galinhas ciscam soltas pela propriedade e botam

“Há quem imagine que o orgânico seja a agropecuária do passado, mas investimos em pesquisa e novas tecnologias.” JOÃO CARVALHO, GERENTE DE PRODUTO DA FAZENDA DA TOCA

20 mil ovos/dia. A Toca é o maior produtor de ovos orgânicos do Brasil. Ali também funciona uma fábrica de queijos e iogurtes, elaborados a partir dos 5 mil litros de leite tirados das vacas da fazenda. “Optamos pelos derivados porque a distribuição do leite tem de ser diária, enquanto os derivados podem ser entregues uma ou duas vezes por semana”, diz Carvalho. A fábrica de queijo e iogurte, que funciona na fazenda, surgiu como uma forma de agregar valor ao produto, facilitar e baratear a distribuição.

A Fazenda da Toca e a Embrapa São Carlos são parceiros em pesquisas de técnicas de fomento da produtividade. Há ainda uma equipe de engenheiros que trabalha no desenvolvimento de novos maquinários para o manejo da produção em matas nativas. “Existem no mercado colheitadeiras para milho e soja, mas para locais com práticas agroflorestais a lida fica muito braçal e queremos facilitar o processo”, diz Carvalho. “Há quem imagine que o orgânico seja a agropecuária do passado, mas investimos em pesquisa e novas tecnologias. Tenho registrado no computador o histórico de todas as vacas da propriedade desde o dia do nascimento. É a rastreabilidade completa”, afirma. A fazenda ainda abriga o Instituto Toca, que atua nas áreas de Educação, Saúde Integral, Cultura e Meio Ambiente. Promove palestras e cursos técnicos para difundir a filosofia da vida orgânica, onde o homem surge como parte da natureza e vive de forma harmoniosa e colaborativa com o meio ambiente.

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Suco de laranja orgânico da Fazenda da Toca: alternativa ao produto in natura


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Demanda por etanol cresce e preocupa setor Com dívidas e sem liquidez, usinas começam a escoar os estoques e podem ter prejuízo, segundo especialista

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safra, algo em torno de 590 milhões de toneladas, que ainda serão colhidas. Os produtores esperam uma colheita superior em 20 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior. Depois de quase sete anos de crise, as usinas de açúcar e álcool do País deveriam estar festejando a safra, mas não estão. O aumento do consumo vem preocupando o setor. “Apesar do aumento na demanda, teremos um resultado pior que no ano passado”, afirma Antonio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA). De acordo com Rodrigues, o preço baixo do produto, aliado à necessidade de caixa das empresas, vai gerar um problema financeiro ainda maior. “O mercado tem excesso de oferta por falta de liquidez. No cenário de

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om preço mais atraente que o da gasolina, o etanol vem ganhando a preferência dos consumidores. De janeiro a maio, o volume comercializado do chamado etanol hidratado (o que é vendido nos postos de combustíveis) atingiu 6,9 bilhões de litros, 35% superior ao que foi registrado no mesmo período do ano passado. Outro exemplo dos bons resultados: em junho, as produtoras da região Centro-Sul, comercializaram no mercado interno 1,53 bilhão de litros – 51,76% a mais que em junho de 2014. Quanto menor o preço do produto, maior a demanda. Em julho, a queda do valor do etanol foi de 1,55%, enquanto o da gasolina foi de 0,34%. A expectativa é que o consumo do combustível siga firme e absorva boa parte da cana desta

Consumo deve absorver boa parte da safra deste ano: 590 milhões de toneladas

Expediente

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CANA-DE-AÇÚCAR

Refinaria de etanol hidratado: estoques estão sendo vendido por falta de liquidez crise econômica, pelo menos o setor não tem problema de oferta – pelo contrário, ela ainda fica aquém da demanda”, diz. O grande problema, segundo Rodrigues, é a falta de financiamento para estocagem. O novo Plano Safra ainda não foi regulamentado. Sem linhas de crédito e capacidade de armazenamento do combustível para o período de entressafra, os produtores são obrigados a liberar o produto imediatamente – a preços menores que em janeiro deste ano. Em fevereiro, houve a volta da Contribuição para Intervenção do Domínio Econômico (Cide), taxa que elevou o preço da gasolina depois de um longo período de subvenção de preços pelo governo federal. “Com alto custo logístico e pouco financiamento, como investir em estocagem, mecanismo que ajudaria a ter mais equilíbrio?”, questiona Rodrigues. “Evidentemente que essa dificuldade aconteceria em qualquer cenário e, com certeza, seria pior se a gasolina não tivesse aumentado, mas é óbvio que lá na frente teremos redução na oferta e nos patamares dos preços – algo que não ajuda ninguém, porque já teremos vendido 80% da produção.”

Vantagens ambientais O etanol apresenta vantagens ambientais sobre a gasolina – reduz as emissões de gases causadores das mudanças climáticas em até 90%. Só nos últimos 12 anos – de março de 2003, quando a tecnologia flex foi lançada no Brasil, a maio de 2015 –, por exemplo, a utilização do combustível produzido a partir da cana evitou a emissão de mais de 300 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, que corresponde aproximadamente ao que a Polônia libera por ano (317 milhões de toneladas de CO2).

Além de crédito para investimentos em estocagem, falta ao setor previsibilidade na matriz de combustíveis e maior clareza na política de preços da gasolina. “Hoje temos subsídio cruzado, com o diesel 20% acima e a gasolina 10% abaixo do mercado global. O etanol é o combustível que menos polui o ambiente e, portanto, deveria integrar planejamento a longo prazo”, diz Rodrigues.

Diretor de Projetos Especiais e Jornalista responsável, Ernesto Bernardes - MTB 53.977 SP; Gerente de Conteúdo, Bianca Krebs; Diretor de arte, João Guitton; Gerente Comercial, Gabriela Gaspari; Analista Comercial, Jaqueline de Freitas; Gerente de Planejamento, Andrea Radovan; Assistente de Planejamento, Julia Santos; Coordenadora Digital, Carolina Botelho; Coordenadora de Operações e Atendimento, Larissa Ventriglia. Colaboradores: Lilian Rambaldi (revisão), Bárbara Bretanha (reportagem), Valéria França e Wagner Barreira (edição), Renato Leal (arte). Endereço: Av. Eng. Caetano Álvares, 55, 6º andar, São Paulo-SP - CEP 02598-900. E-mail comercial: gabriela.gaspari@estadao.com

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