Vestígios é uma pesquisa desenvolvida por João Lin a partir de intervenções ocorridas em várias cidades desde 2008. A intervenção já esteve em La Paz (BO) , El Alto (BO), Recife, Garanhuns, Porto Alegre e no povoado de Tabay em Mérida, Venezuela. A ação artística tem como formas de registro e disseminação vídeos experimentais, histórias em quadrinhos, fotografias e exposições relâmpagos.
VESTÍGIOS VENEZUELA Produção Geral Carolina Del Valle Produção no Brasil Samuca Andrade Desenhos, fotografias, textos e design João Lin LINK DO VÍDEO JOGOS DO TEMPO/VESTÍGIOS VENEZUELA http://www.joaolin.com.br/artes-visuais/videoartes www.joaolin.com.br joaolin@terra.com.br
VESTÍGIOS
VENEZUELA
N
o Campo de atuação das artes gráficas e especialmente nos quadrinhos, estamos vivendo um momento de reflexão sobre a interação/intersecção das hqs com outras linguagens artísticas visuais. A ação “Vestígios” intencionou promover o encontro entre quadrinhos, artes plásticas e o audiovisual com o foco na utilização de recursos digitais para registro e disseminação da memória individual e coletiva e dessa forma colaborar para a reflexão sobre memória e cultura digital na contemporaneidade. Como projeto de arte focado na realização de intervenções urbanas, através das linguagens dos quadrinhos e do audiovisual, Vestígios investiga o universo da memória na cultura contemporânea. O recorte escolhido parte da imersão nas memórias da infância resgatando vestígios, fragmentos de recordações com o uso de mídias móveis com tecnologia digital: os celulares.
Acumulamos nossas lembranças com
o auxílio dos vestígios individuais e coletivos que se fazem, ora espontaneamente, ora deliberadamente ao longo das nossas vidas. Contar histórias é o foco também da linguagem dos quadrinhos (arte sequencial narrativa e gráfica), assim como do audiovisual (arte sequencial narrativa e dinâmica). Coletar os fragmentos da vida através da memória da infância e reagrupá-los, reordená-los numa narrativa gráfica e audiovisual é o objetivo desta ação que prevê o registro de histórias e memórias através do uso das ferramentas digitais que dispomos hoje, e que se tornaram populares, tais como: as câmeras fotográficas e de vídeo dos aparelhos celulares. Ao mesmo tempo essas histórias serão contadas através de processos artesanais de reprodução, como a “xerox”. A ampliação do leque de referências para a produção artística em Pernambuco é uma intenção clara da itinerância da pesquisa “Vestígios“. As influências europeias e norte americanas sobre a produção artística brasileira é inegável e reflete os caminhos
que trilhamos na nossa história: da colonização aos dias atuais. Dialogamos pouco com referências culturais e artísticas dos países da América do Sul. Por isso, coletar histórias nos Andes Venzuelanos é uma maneira nos conectar às referências culturais de nossos vizinhos.
ALGUMAS REFLEXÕES QUE INSTIGARAM ESTA PESQUISA A memória nos localiza... Permite que
possamos nos sentir parte de “uma história” (tempo e lugar), nos confere identidade. O reconhecimento da nossa trajetória no mundo é talvez uma maneira de conferir sentido à vida. A forma como nos relacionamos com a memória, com a história pessoal e coletiva pode alterar nossa percepção do mundo e consequentemente nossa interação e interferência nele.
Hipertexto, fluxos inconscientes e memória. A configuração reticular das redes
de informação no mundo contemporâneo e a não linearidade hipertextual do ciberespaço parecem ter similaridade com os princípios de
livre associação próprios do inconsciente e de conteúdos profundos da memória. “A velocidade digital nos cega. Com uma tal rapidez de acesso é tão fácil saltar de uma janela para outra, quanto da primeira para a última, de uma página de um documento para outra página de qualquer outro documento em menos do que um piscar de olhos...Qualquer coisa armazenada em forma digital pode ser acessada em qualquer tempo e em qualquer ordem. A não linearidade é uma propriedade do mundo digital. Nele não há começo, meio ou fim.” Holtzmam “O espaço vivencial da memória representa, portanto, uma ampliação extraordinária, multidirecional, do espaço físico natural... A consciência se amplia para as mais complexas formas de inteligência associativa, empreendendo seus vôos através de espaços em crescentes desdobramentos, pelos múltiplos e concomitantes passados-presentes-futuros que se mobilizam em cada uma de nossas vivências.” Fayga Ostrower
A captação do instante ou o presenteísmo estimulado pelo desenvolvimento das tecnologias microeletrônicas-digitais: linguagem eletrônica, nanotecnologia, realidade virtual... São uma realidade no mundo atual. Vivemos uma aparente obsessão pela memória, mas ao mesmo tempo, não se trata da memória no passado, trata-se da ampliação da nossa capacidade de representação do passado. Talvez seja a forma, o foco do prazer no reencontro com esse passado. As sedutoras tecnologias de captação de imagem são um exemplo disso: nos surpreendemos e nos deslumbramos com a alta capacidade de armazenamento e definição da imagem na nossa micro câmera do celular que magicamente opera a abolição do espaço-tempo (tele presença) e nos possibilita a disseminação das nossas memórias em tempo real.
Recife, setembro de 2015
QUER TROCAR UMA MEMÓRIA DA SUA INFÂNCIA POR UM BRINQUEDO?
Uma recordação da infância por um brinquedo: troca para trazer de volta as memórias de um amigo do passado, as lembranças de um lugar distante no tempo... Vestígios é um passeio ao passado daqueles que toparam o reencontro com a memória de um tempo perdido: a infância.
A PERGUNTA ERA ESTRANHA, DEIXAVA AS PESSOAS COM RECEIO DE RESPONDER, MAS A VISÃO DO BRINQUEDO AMOLECIA A DUREZA DOS CORAÇÕES DE QUEM ESTAVA TRANSITANDO NA RUA COM A PRESSA TÍPICA DO DIA A DIA.
E O NOME DE UM GRANDE AMIGO OU AMIGA DE INFÂNCIA, VOCÊ LEMBRA?
OBRIGADO POR COMPARTILHAR
COMIGO SUAS LEMBRANÇAS
NO POVOADO DE TABAY...