Revista Zupi 62

Page 1


START—Sabrina Gevaerd bra —

sabrinagevaerd



O T I E J MEU M O C R A G A DE P R Q O G I D Ó C


Baixe o APP


ZUPI

“ACREDITAMOS QUE A ARTE É ALGO QUE PODE SER MELHOR SE A CRIAÇÃO FOR FEITA EM CONJUNTO”

“We belive that art is something that can be better if made together”

Frase do Bicicleta sem Freio sobre o trabalho colaborativo. Confira a matéria na pg.42 Frase from Bicicleta sem Freio about their colaborative work. Check it out on pg.42

EDIÇÃO ESPECIAL PÔSTERES SPECIAL EDITION POSTERS 6 ZUPI

62


facebook.com/zupimag twitter.com/zupi instagram.com/pixelshow CARTAS LETTERS Mande suas críticas e sugestões Send your critics and sugestions info@zupidesign.com ZUPI ONLINE Abasteça com ideias Fill up with ideas www.zupi.co ASSINATURAS SUBSCRIBE www.zupi.co/shop +55 11 39260174 PUBLICIDADE ADVERTISEMENT simon@zupidesign.com +55 11 39260174 ENDEREÇO ADDRESS Rua Conde de Irajá, 208 - Vila Mariana 04119-010 - São Paulo - SP - Brasil ENVIE SEU TRABALHO SUBMIT YOUR WORK zupi.pixelshow.co/regras-envio-de-trabalhos GRÁFICA PRINTER Referência Gráfica

Quarterly publication 7.000 copies ISSN: 1809-5534

PATROCÍNIO

TRIPULAÇÃO CREW Allan Szacher editor | idealizador Símon Szacher diretor executivo João Baptistella e Jessica Torres designers Caroline Maia redatora REVISÃO REVIEW Cila Anker TRADUÇÃO TRANSLATION Michael Gibbons CONSELHO EDITORIAL EDITORIAL BOARD Artur Rangel a.k.a Kjá, Binho Ribeiro, Bobby Chiu, Eduardo Janiszewski, Fernando Brandão, Flávio Samelo, Marcelo Teixeira, Molly Crabapple, Stephane Halleux, Paulo Klein e Tatiana Sakurai. COLABORADORES CONTRIBUTORS Alexandre Cruz, Alexander Hanke, Barbara Scarambone, Beatriz Lira, Bernardo Abreu, Bicicleta sem freio, Bobby Dixon, Brian Cougar, Bruno Cafe, Bruno Clerice, Calvin Laituri, Camila Rosa, Carol Maia, Cristiano Suarez, Cyla Costa, David Medel, Diego Max, Elisa Riemer, Elisa Frësz, Flynn Prejean , Gary Houston, Genie Espinosa, Gustavo Magalhães, Ing Lee, Jéssica Torres, Manuel Scrofft, Marcus Coelho, Maria Miró, Nate Williams, Patrick Antunes, Pedro Pezinho, Rafael Plaisant, Rodrigo Taguchi, Rogério Maciel, Sabrina Gevaerd, Tyler Gross, Vanessa Pens, Vicente Magalhães, William Oliveira, Yolanda Lago, Zansky Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores/entrevistados e não refletem necessariamente a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações por qualquer meio sem prévia autorização dos artistas ou do editor da revista. A ZUPI é um espaço aberto para novas ideias, tendências artísticas e experimentos. Para colaborar envie seu material por correio ou pelo e-mail info@zupidesign.com. Zupi é Marca Registrada® Todos os direitos reservados.

REALIZAÇÃO

Secretaria da Cultura e Economia Criativa Secretaria da Cultura e Economia Criativa

7


ZUPI.CO

ASSINATURAS E EDIÇÕES ANTERIORES SUBSCRIPTIONS AND PREVIOUS ISSUES zupi.co/shop

18 IRÔNICO E PROVOCADOR IRONIC AND PROVOKING

Cristiano Suarez

10

26

CARNE FRESCA

ZUM

FRESH MEAT

Alexander Hanke

8 ZUPI


62

NOVEMBRO NOVEMBER 2019 CAPA COVER Cristiano Suarez

34 EU DESENHO NO PAPEL O QUE NÃO SE ENCAIXARIA NO MUNDO REAL DRAWING ON PAPER WHAT WOULDN’T FIT IN THE REAL WORLD

Ing Lee

52

42

GALERIA

BEM NA RAÇA MESMO

GALLERY

WITH GUTTS

Bicicleta sem Freio

9


CARNE FRESCA Envie 3 imagens em baixa resolução (72dpi) com o título CARNE FRESCA para: Send us 3 images in low resolution (72dpi) with the title FRESH MEAT to: arte@zupidesign.com Caso selecionado, entraremos em contato pedindo seus dados e as artes em 300 dpi. If selected, we will ask for your information and the files in 300dpi. zupi.co/regras-envio-de-trabalhos 10 ZUPI

As colagens digitais de Bruno Café Sforcin refletem uma mistura de seus próprios sonhos, fantasias e devaneios, composições surrealistas que o artista cria ao observar a inquietação de sua mente turbulenta, sensação específica que o impulsiona a sentar em frente ao computador e abrir o Photoshop para criar. Ele é formado em Audiovisual pela FMU, tem 30 anos e optou por trabalhar também com sua paixão pela colagem digital. Bruno cria seus pôsteres através de sobreposições, cortes e texturas sobre as imagens que encontra em livros e catálogos de domínio público - desde livros de geometria, botânica, anatomia e teologia a publicações de ficção, a pesquisa de Bruno é constante e bastante ampla. “Nenhuma composição parte de um só lugar. Cada fragmento é híbrido e vai se transformando até chegar na atmosfera ápice, o que pra mim é a composição final”. A inspiração para a criação dos pôsteres vem principalmente da vanguarda surrealista com ênfase para o artista André Breton, além das colagens de Max Ernst e filmes do famoso diretor David Lynch.

Bruno Café Sforcin’s digital collages reflect the mix of his own dreams, fantasies and daydreams, surrealist compositions that the artist creates as he watches the restlessness of his turbulent mind, a specific sensation that drives him to sit at his computer and open Photoshop to create. He has a degree in Audiovisual at FMU, is 30 years old and has also chosen to work with his passion for digital collage. Bruno creates his posters through overlays, cuts, and textures over the images he finds in public domain books and catalogs - from geometry, botany, anatomy, and theology books to fiction publications, Bruno’s research is constant and quite broad. “No composition starts from one place. Each fragment is a hybrid and will transform until it reaches the apex atmosphere, which for me is the final composition. ” His inspiration for poster design comes mainly from the surrealist avant-garde with an emphasis on artist André Breton, as well as Max Ernst’s collages and films by famed director David Lynch.

TEXTO Caroline Maia

Bruno Café bra —

brunocafesforcin

01





Bernardo Abreu é designer gráfico de formação pela Belas Artes de São Paulo. Filho de arquitetos, desde sempre desenha e se interessa pela mundo da ilustração. Inspira-se no trabalho de designers e ilustradores que se destacaram entre as décadas de 60 e 80 como Rogério Duarte, Heinz Edelmann, Milton Glaser, Martin Sharp, Paul Kirchner, Hiroshi Nagai, Ettore Sottsass e Drew Struzan. As criações figurativas também têm inspiração nos artistas plásticos David Hockney, Giorgio de Chirico, René Magritte e John Everett Millais. “Procuro trabalhar narrativas e composições de maneira ingênua, pop e até kitsch, fazendo uso exagerado de texturas, padrões e paletas de cor em alto contraste”. Bernardo trabalhou por alguns anos como diretor de arte e ilustrador em projetos comerciais e publicitários, o que o tirou da zona de conforto para ir ao encontro de uma grande variedade de estilos. O trabalho dos ilustradores contemporâneos Giovanna Cianelli, Mathiole, Bicicleta Sem Freio e George Michael Haddad foram fortes referências para suas experimentações e descobertas nesse período. “Construo sensações de sonho ou fluxos de pensamento, de ideias que se confundem umas com as outras. Eu gosto de ambiguidade e acaso.”

Bernardo Abreu is a graphic designer who graduated from the College of Fine Arts of São Paulo. The son of architects, he has always drawn and been interested in the world of illustration. He is inspired by the work of designers and illustrators who stood out between the 1960s and 1980s such as Rogério Duarte, Heinz Edelmann, Milton Glaser, Martin Sharp, Paul Kirchner, Hiroshi Nagai, Ettore Sottsass and Drew Struzan. His figurative creations are also inspired by visual artists David Hockney, Giorgio de Chirico, René Magritte and John Everett Millais. “I try to work with narratives and compositions in a naive, pop, and even kitsch way, making excessive use of textures, patterns, and high contrast color palettes.” Bernardo was an art director and illustrator in commercial and advertising projects for some years, which took him out of his comfort zone to encounter a wide variety of styles. The work of contemporary illustrators Giovanna Cianelli, Mathiole, Bicycle Without Brake and George Michael Haddad were strong references for his experiments and discoveries during this period. “I build dream sensations or thought flows, ideas that blend together. I like ambiguity and chance.”

Bernardo Abreu bra —

eubernardoabreu

14 ZUPI

02

Ao lado. Cartaz selecionado em concurso da Vitrine Filmes em parceria com a El Cabriton para escolher 5 artes oficiais de merchandising do filme brasileiro “Bacurau”, 2019. Oposite. Poster selected in Vitrine Filmes and Elcabriton contest to choose the official merchandisign for the brasilian movie “Bacurau”, 2019.

TEXTO Caroline Maia





IRÔNICO E PROVOCADOR ZUPI ENTREVISTA O ILUSTRADOR NORDESTINO CRISTIANO SUAREZ IRONIC AND PROVOKING ZUPI INTERVIEWS THE NORDESTINO ILLUSTRATOR CRISTIANO SOARES

TEXTO Caroline Maia Cristiano Suarez bra —

18 ZUPI

cristianosuarezartwork

CRISTIANO SUAREZ CRESCEU EM UMA CIDADE PEQUENA, NO INTERIOR DE ALAGOAS. Desde pequeno, seu acesso às revistas e histórias em quadrinhos era bastante limitado. Quando seu pai visitava a capital, dava-lhe de presente algumas revistas, e foi nesta época que surgiu seu interesse pelo desenho, além de ter sido influenciado pela convivência com suas tias que são artistas plásticas e professoras de arte. O artista, na época da escola, sempre desenhava para seus amigos e também fazia alguns bicos ao criar cartazes para feiras de ciências e projetos culturais. Estudou Letras, porém desistiu no meio do curso para então se graduar em Publicidade. Sempre quis ser ilustrador, porém nunca levou a carreira tão a sério até entender que a ligação com a Publicidade poderia gerar ótimos frutos em conjunto a sua paixão pelo desenho. Começou a encontrar inspiração em capas de discos de rock, livros e pôsteres dos anos 1970 e 1980, sempre segundo seu feeling voltado à sensibilidade artística. Para seus trabalhos autorais, a inspiração está principalmente dentro de seu próprio círculo social e através de seus bens de consumo. Ele conta que, por ter crescido nos anos 1990, época em que a internet ainda não era tão popular e o que era trazido pelas notícias como novidade demorava muito a chegar, buscava então por referências da estética dos anos 1970 e 1980 - cinema, cartazes e capas de fitas VHS, etc. “Acredito que minha principal inspiração vem de coisas que eu consumia quando era criança”.



“O QUE ME INTERESSA É CRIAR O MOMENTO DA PROVOCAÇÃO”

Os traços de Jack Kirby, John Romita Sr. e John Buscema também servem de inspiração para o artista, como também a influência dos quadrinhos e as cores vibrantes da estética setentista e da cultura Pop. Devido à crescente busca por inspiração, ele se diverte procurando pelos ilustradores que gostava na infância, os quais não reconhecia por não ter acesso às informações mais detalhadas. ZUPI. Fale de dois de seus trabalhos que

merecem destaque.

CS. Gosto muito do trabalho que fiz para a Absolut Vodka, para a campanha “Join the Mix”, destinada ao mercado do Oriente Médio. Trabalhei em parceria com diretores de arte no desenvolvimento da peça, ideia que partia da união de referências culturais de países como o Líbano, Egito, Índia, Arábia… O grande desafio estava em criar algo comum para países em conflito e com divergências de cultura e religião. Foi muito complicado conseguir a aprovação de países como o Líbano, já que o governo não aceitava que sua cultura fosse representada lado a lado com a cultura indiana, por exemplo. Felizmente, e para minha sorte, este trabalho acabou sendo publicado nos Emirados Árabes e ainda por conta dele, fui selecionado pela Lürzer’s Archive para compor o livro “200 Best Illustrators Worldwide 18/19”. Também não posso deixar de falar sobre o trabalho feito para o Dead Kennedys, que teve uma repercussão inimaginável por conta da atual situação política do Brasil. A peça foi elaborada com base em um paralelo entre letras cheias de ironia, compostas pela banda e sob uma perspectiva que se relacionava 20 ZUPI

diretamente com o Brasil. Minha inspiração estava em letras como “Kill the Poor”, que ironiza o desejo de parte da classe dominante de se livrar dos mais pobres de forma violenta e com ares de superioridade. A letra de “Rambozo the Clown” faz um paralelo com a influência de personagens como o palhaço Bozo e o Rambo, e também satiriza o apreço pela guerra e pela violência não somente dentro do âmbito do entretenimento, mas sim como algo capaz de moldar toda uma personalidade violenta. Claro que meu cartaz dá uma alfinetada ao citar o apelido do atual presidente (risos), mas deixo claro que ele não é o foco principal da crítica: as personalidades ironizadas estão presentes no Brasil desde a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em 1964. É claro que grande parte das pessoas que criticaram o cartaz não conheciam Dead Kennedys e nem nunca escutaram alguma dessas músicas, então todo tipo de conclusão foi tirada e o assunto virou um enorme escarcéu, o que me deu um pouco de dor de cabeça, mas também muitas coisas boas surgiram a partir daí (risos). ZUPI. Qual a principal mensagem que você quer

passar por meio de sua arte?

CS. Gosto de utilizar a ironia ao citar alguns clichês da sociedade com o intuito de afastar as pessoas de suas zonas de conforto. Minha mensagem é subjetiva, por isso está sempre aberta à interpretação. Enfim, dentre feedbacks positivos e negativos, o que me interessa mesmo é transmitir uma única mensagem - o momento da provocação.


Acima. Pôster polêmico feito para a banda “Dead Kennedys” no início de 2019.

Above. Poster made for the band “Dead Kennedys”. Early 2019.

21



“O GRANDE DESAFIO ESTAVA EM CRIAR ALGO COMUM PARA PAÍSES EM CONFLITO E COM DIVERGÊNCIAS DE CULTURA E RELIGIÃO”

Ao lado. Peça da campanha “Join the Mix”, destinada ao mercado do Oriente Médio.

Opposite. Work for the campain “Join the Mix”, focused on the Middle East market .

23


CRISTIANO SUAREZ GREW UP IN A SMALL TOWN IN THE INTERIOR OF ALAGOAS. From an early age, his access to magazines and comics was quite limited. When his father visited the capital, he would buy some magazines for him as a gift, and it was at this time that his interest in drawing arose, as well as being influenced by his aunts who are fine artists and art teachers. The artist, at the time of school, always drew for his friends and did some jobs when creating posters for science fairs and cultural projects. He studied literature, but dropped out to then get a degree in advertising. He had always wanted to be an illustrator, but never took the career seriously until he realized that being linked with advertising could bring great fruit together with his passion for drawing. He began to find inspiration on rock album covers, books and posters from the 1970s and 1980s, always according to his feeling focused on artistic sensibility. For his own work, the inspiration is mainly from his own social circle and his consumer goods. He says that, having grown up in the 1990s when the internet was not yet so popular and novelties took a long time to arrive, he looked for references in the aesthetics of the 1970s and 1980s: cinema, posters, VHS tape covers, etc. “I believe my main inspiration comes from things I consumed as a child.” The traits of Jack Kirby, John Romita Sr. and John Buscema also serve as inspiration for the artist, as well as the influence of comics and the vibrant colors of nineteenth-century aesthetics and pop culture by the illustrators he liked in his childhood, who he didn’t recognize because he didn’t have access to the most detailed information.

challenge was to create something common for countries in conflict and with differences in culture and religion. It was very complicated to get approval from countries like Lebanon, as the government did not accept that their culture was represented side by side with Indian culture, for example. Fortunately, and luckily, this work was eventually published in the United Arab Emirates and because of it, I was selected by Lürzer’s Archive to compose the book “200 Best Illustrators Worldwide 18/19”. Nor can I stop talking about the work I did for Dead Kennedys, which had an unimaginable repercussion due to the current political situation in Brazil. The piece was developed based on a parallel between lyrics full of irony, composed by the band and from a perspective that was directly related to Brazil. My inspiration was in lyrics like “Kill the Poor,” which mocked the desire of the ruling class to get rid of the poor in a violent and superior manner. The lyrics of “Rambozo the Clown” parallel the influence of characters such as the clown Bozo and Rambo, and also satirizes the appreciation for war and violence - not just within the scope of entertainment but as something that can shape a whole violent personality. Of course my poster pinches the current president’s nickname (laughs), but I make it clear that he is not the main focus of criticism: mocked personalities have been present in Brazil since the Family March with God for Freedom in 1964. Of course, most of the people who criticized the poster didn’t know Dead Kennedys and never listened to any of these songs, so all sorts of conclusions were drawn and the subject turned into a huge joke, which gave me a little headache, however, a lot of good things came from that too (laughs).

ZUPI. Talk about two of your works that deserve to

convey through your art?

be highlighted.

CS. I love the work I did for Absolut Vodka for the Join the Mix campaign for the Middle East market. I worked in partnership with art directors in the development of the piece, an idea that came from combining cultural references from countries like Lebanon, Egypt, India, Saudi Arabia… The great 24 ZUPI

ZUPI. What is the main message you want to CS. I like to use irony when quoting some clichés of society in order to get people away from their comfort zones. My message is always subjective, so it is always open to interpretation. Finally, among positive and negative feedback, what really interests me is to convey a single message - the moment of provocation.


Acima. Pôster para a banda americana “L7”.

Above. Poster for the american band “L7”.

25


Alexander Hanke ale —

zumheimathafen.com

TEXTO Caroline Maia

CARTAZES QUE CONTAM HISTÓRIA ZUM THE POSTERS THAT TELL A STORY

26 ZUPI



OS PÔSTERES DE ZUM HEIMATHAFEN PODEM SER RECONHECIDOS PELAS CORES BRANDAS, TRAÇOS FINOS E DELICADOS QUE COMPÕEM SUAS ILUSTRAÇÕES - “QUERO CRIAR UM ESPAÇO ONDE AS PESSOAS POSSAM SE PERDER, PARAR E RESPIRAR POR ALGUNS SEGUNDOS, DEIXANDO TODO O TEMPO ESCORRER”. Zum acredita que seu trabalho segue o sentido oposto ao dos cartazes publicitários. Ele gosta de chamar a atenção de maneira sutil, pela beleza de seus desenhos estampados em camisetas, paredes de salas de estar, galerias de arte, cafés e ambientes acolhedores. Ele sempre se sentiu atraído pela natureza e pelos animais. Sua paleta de cores característica é o que une e define seu trabalho. “Quando comecei a desenhar, sentia que minhas ilustrações não conversavam entre si e, quando colocadas lado a lado, tudo parecia muito bagunçado. Minha saída

“Quero criar um espaço onde as pessoas possam se perder, parar e respirar por alguns segundos, deixando todo o tempo escorrer”

28 ZUPI

foi definir uma paleta de cores que me agradasse, o que acabou trazendo certa organização à minha bagunça”. Como um bom contador de histórias, seus cartazes são o que melhor define sua voz. Ele cria histórias com base no que vivencia em seu dia a dia, misturando a atmosfera dos lugares que visita com as músicas que escuta. “Certo dia, enquanto eu ouvia algumas músicas da banda canadense Stars, as letras me conduziram à lembrança de uma fotografia que tirei uma vez em um restaurante com minha namorada. Foi assim que um dos meus pôsteres nasceu, imagem que reflete muito bem sobre como funciona meu processo criativo. Talvez a música inspire as ideias que se misturam com as memórias que carrego comigo, resquícios da simplicidade de meu dia a dia”. Em 2016, Zum teve a oportunidade de ilustrar para uma de suas bandas favoritas, a banda islandesa Sigur Rós. “Quando comecei a trabalhar com pôsteres de bandas, nunca imaginei que desenharia para uma banda que sempre admirei tanto”.

Em 2018, Zum também trabalhou na arte para o pôster oficial do filme Isle of Dogs, de Wes Anderson. “Adoro os filmes dele, com seus detalhes meticulosos, belíssimas cores e ótimas histórias. Criar esse pôster foi um grande desafio para mim, justamente porque eu deveria trazer um pouco de meu estilo sem deixar de lado a linguagem do filme, também buscando agradar aos fãs. No começo, me senti ansioso, mas ao final do trabalho o resultado foi muito gratificante e me senti realizado ao trabalhar em parceria com alguém como o grande Wes Anderson. Ao final, estava convencido de que fiz a coisa certa”. Zum diz que acredita não saber definir seu trabalho por uma só mensagem. “Parto de um princípio que reflete meu fazer artístico - saia de casa, aproveite seu ambiente e tudo ao seu redor. Abra os olhos para o invisível, pare um pouco o que está fazendo e apenas observe por uns instantes... A vida é mesmo repleta de beleza! Apenas se divirta e tente não leve tudo muito a sério”.

Ao lado. Pôster para o filme Americano “Isle Of Dogs” lançado em 2018 por Wes Anderson.

Opposite. Poster for the american movie “Isle Of Dogs” released on 2018, by Wes Anderson.



“Não sei definir o meu trabalho através de uma só mensagem, mas parto de um princípio que reflete o meu fazer artístico. Saia de casa, aproveite o seu ambiente e tudo o que está ao seu redor. Abra os olhos para o invisível, pare um pouco o que está fazendo e apenas observe por uns instantes... A vida é mesmo repleta de beleza! Apenas se divirta e não leve tudo muito a sério.”

Ao lado. Pôster feito especialmente para a corrida “Ink Ride” em 2009.

30 ZUPI

Opposite. Special poster made for the French race “Ink Ride” in 2009.




THE POSTERS OF GERMAN ZUM HEIMATHAFEN CAN BE RECOGNIZED FOR THE SOFT COLORS AND FINE, DELICATE LINES THAT MAKE UP HIS ILLUSTRATIONS - “I WANT TO CREATE A SPACE WHERE PEOPLE CAN GET LOST, STOP AND BREATHE FOR A FEW SECONDS, LETTING ALL TIME DRAIN.” Zum believes that his work follows the opposite direction of advertising posters. He likes to draw attention subtly, for the beauty of his T-shirt designs, living room walls, art galleries, cafes and cozy surroundings. He has always been attracted to nature and animals. His characteristic color palette is what unites and defines his work. “When I started drawing, I felt that my illustrations didn’t talk to each other, and when placed side by side, everything looked very messy. The so-

Ao lado. Pôster para o show “Sigur Rós” no festival Summer’s Tale em Luhmühlen em 2016.

lution was to define a color palette that pleased me, which eventually brought some organization to my mess. ” As a good storyteller, his posters are what best define his voice. He creates stories based on what he experiences in his daily life, mixing the atmosphere of the places he visits with the songs he listens to. “One day, while I was listening to some songs from the Canadian band Stars, the lyrics led me to the memory of a photograph. which I took once in a restaurant with my girlfriend. This is how one of my posters was born, an image that reflects very well how my creative process works. Maybe the music inspires the ideas that mix with the memories that I carry with me, remnants of the simplicity of my daily life ”. In 2016, he illustrated for one of his favorite bands, the Icelandic band Sigur Rós. “When I started working with band posters, I never imagined that I would draw for a band that I admire so much.”

He also created a poster for Wes Anderson’s Isle of Dogs. “I love his movies, with their meticulous details, beautiful colors and great stories. Creating this poster was a challenge for me, precisely because I should bring a little of my style without neglecting the language of the film, also seeking to please the fans. At first I felt anxious, but at the end the result was very rewarding and I felt fulfilled working in partnership with someone like the great Wes Anderson and at the end I became convinced that I did the right thing.” Zum don’t think he can define his work by one message. “I start from a principle that reflects my artistic work leave home, enjoy your environment and everything that surrounds you. Open your eyes to the invisible, stop what you are doing and just watch for a moment ... Life is really full of beauty! Just have fun and don’t take everything too seriously”.

Opposite. Poster for “Sigur Rós” show at the A Summer's Tale Festival in Luhmühlen on 2016.

33


Eu desenho no papel o que não se encaixaria no mundo real

TEXTO Caroline Maia CONHEÇA A ILUSTRADORA ING LEE Ing Lee bra —

ing_lee.exe

DRAWING ON PAPER WHAT WOULDN’T FIT IN THE REAL WORLD GET TO KNOW THE ILUSTRATOR ING LEE 34 ZUPI

ING LEE DESENHA DESDE PEQUENA. Enquanto assistia aos episódios de Pokémon, seu passatempo era copiar os personagens da TV. “Desenho no papel o que não se encaixaria no mundo real”. Ing desenhava nos cantos de seus cadernos da escola e sobre as carteiras das salas de aula. “Ainda me lembro que meus professores me davam broncas por conta disso, mas ao mesmo tempo me elogiavam e perguntavam se eu não tinha melhor lugar para desenhar”. Ing Lee não pensava em ser artista. Seu maior sonho era ser cientista para descobrir como alterar o DNA dos animais e transformá-los em Pokémons, ou ainda, para aprender a criar hologramas. Quando adolescente, já cogitou seguir a carreira de Psicologia ou Psiquiatria, mas acabou mesmo cursando Artes Visuais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) quase que por acidente. Após o ingresso na faculdade, ela veio a se interessar pela pesquisa dos diversos movimentos artísticos independentes, como o movimento japonês Superflat, por exemplo. Seu interesse gira em torno de encontrar referências que façam sentido para sua trajetória como artista, o que ela diz nunca ter encontrado dentro das salas de aula. “Não quero apenas falar da dor das experiências que vivencio por ser amarela ou por ter deficiência auditiva, ou ainda por ter meu trabalho categorizado de maneira limitante. Sou repleta de nuances e tons, porém tenho minha individualidade constantemente ofuscada pelo fardo de ser reconhecida como ‘o Outro”. Além dos pôsteres, Ing Lee transita entre linguagens. Percorrendo os quadrinhos, ilustrações e publicações independentes, ela também dialoga com a porcelana e a colagem tridimensional (assemblage). A autobiografia é um tema que domina sua produção, entretanto, de forma indireta. “Creio que meu fazer artístico se conecta com a busca constante por mim mesma, como também vai ao encontro daquela sensação de pertencimento. Ao mesmo tempo, gosto de questionar o que é tátil, todo esse mundo que me cerca”. A inspiração também vem do cinema leste-asiático, com destaque




para o Novo Cinema de Taiwan. Wong Kar-wai, Edward Yang e Tsai Ming-Liang são os diretores favoritos da artista. Ela também menciona o design japonês, com suas cores vibrantes e características. Rocket Man, pôster que surgiu por meio de um desenho que Ing fez durante o ápice da crise nuclear na Coreia do Norte, é uma sátira ao tweet de Trump quando ele denomina Kim Jong-un de rocket man. “A primeira coisa que pensei quando vi isso foi desenhar o Kim vestindo o uniforme da Equipe Rocket do Pokémon. Ao mesmo tempo que brinco com isso, também trago uma pesquisa mais séria, que está bem explícita em meu zine que fala da produção cinematográfica do Godzilla norte-coreano, dirigida por Shin Sang-ok, aquele cineasta sul-coreano que foi sequestrado pelo ex-líder Kim Jong-il”. Ing também gosta de animações. Kaiba, Tatami Galaxy, Mind Game, Perfect Blue e Paprika influenciam bastante seu trabalho. No universo dos quadrinhos, as principais referências

“CREIO QUE O MEU FAZER ARTÍSTICO SE CONECTA COM UMA BUSCA CONSTANTE POR MIM MESMA”

são os mangakás Taiyo Matsumoto, Katsuhiro Otomo e Asano Inio. A artista deixa uma mensagem inspiradora: “Enquanto pessoa racializada e com deficiência, minha presença ainda gera certo desconforto e se projeta sobre inúmeras expectativas quanto ao que devo ou não abordar. Como artista, não quero falar apenas sobre política, dor ou resistência; quero também mencionar o que é meu cotidiano, expor temáticas como a melancolia, solidão, cura, ancestralidade e até mesmo desenhar como vejo a imagem de um apocalipse. Quero me apoderar de meu próprio corpo e confrontar o discurso que acaba por negar nossa capacidade de autogoverno. Às vezes, tudo o que precisamos pode se resumir em um karaokê com os amigos, ou preparar aquela comida caseira e gostosa. É isso, a vida pode ser muito simples, e nossas vozes importam e devem ser plurais. Como diz Ailton Krenak, “é preciso adiar o fim do mundo para contar mais história”.

ING LEE HAS BEEN DRAWING SINCE CHILDHOOD. While watching Pokémon episodes, his hobby was copying the TV characters. “Drawing on paper what wouldn’t fit in the real world.” She drew on the corners of her school notebooks and on classroom desks. “I still remember my teachers scolding me about it, but at the same time complimenting me and asking if I had no better place to draw.” Ing Lee did not think of being an artist. Her biggest dream was to be a scientist to figure out how to alter animals’ DNA and turn them into Pokémon, or to learn how to create holograms. As a teenager, she already considered pursuing a career in psychology or psychiatry, but eventually ended up studying Visual Arts at the Federal University of Minas Gerais - UFMG almost by accident. After entering college, she became interested in researching various independent artistic movements, such as the Japanese Superflat movement, for example. Her interest revolves around finding references that make sense of her career as an artist, which she says she has never encountered within the classroom. “I don’t just want to talk about the pain of my experiences of being yellow or hard of hearing, or of having my work categorized in a limiting way. I am full of nuances and tones, but my individuality is constantly overshadowed by the burden of being recognized as ‘the Other.’” In addition to posters, Ing Lee moves between languages - from comics, illustrations, independent publications, to dialogues with porcelain and assemblage. Autobiography is a theme that dominates her production, however indirectly. “I believe that my artistic work connects with the constant search for myself, as well as that sense of belonging. At the same time, I like to question what is tactile, all this world around me.” Inspiration also comes from East Asian cinema, especially New Taiwanese Cinema. Wong Kar-wai, Edward Yang and Tsai Ming-Liang are the artist’s favorite directors. She also mentions Japanese design with its vibrant colors and features. Rocket Man, a poster that came out of a drawing Ing made during the height of North Korea’s nuclear crisis, is a satire of Trump’s tweet when he 37




calls Kim Jong-un ‘rocket man’. “The first thing I thought of when I saw this was drawing Kim wearing the Pokémon Team Rocket uniform. At the same time I play with it, I also bring more serious research, which is very explicit in my zine that talks about the film production of the North Korean Godzilla, directed by Shin Sang-ok, the South Korean filmmaker who was kidnapped by the former leader Kim Jong-il.” Ing also likes animation. Kaiba, Tatami Galaxy, Mind Game, Perfect Blue and Paprika greatly influence her work. In the comic book universe, her main references are the mangaka Taiyo Matsumoto, Katsuhiro Otomo and Asano Inio. The artist leaves us with an inspiring message: “As a racialized and disabled person, my presence still generates some discomfort and projects over countless expectations as to what I should or should not address. As an artist, I don’t just want to talk about politics, pain or resistance; I also want to mention my daily life, exposing themes such as melancholy, loneliness, healing, ancestry, and even draw as I see the image of an apocalypse. I want to take hold of my own body and confront the discourse that ultimately denies our ability to self-govern. Sometimes all we need can be boiled down to karaoke with friends, or making that delicious home-cooked food. That’s it, life can be very simple, and our voices matter and they must be plural. As Ailton Krenak says, “You have to postpone the end of the world to tell more stories.”

“É PRECISO ADIAR O FIM DO MUNDO PARA CONTAR MAIS HISTÓRIA”

40 ZUPI



Bicicleta sem freio bra —

bicicletasemfreio.com

ZUPI CONVERSA COM A DUPLA GOIANA DONA DO ESTÚDIO BICICLETA SEM FREIO

WITH GUTTS ZUPI MEETS THE GOIANO DOUBLE WHO OWNS BICICLETA SEM FREIO

Bem na raça mesmo

42 ZUPI

Ao lado. Gig poster para a banda “Hellbenders”. Opposite. Gig poster for the band “Hellbenders”.

TEXTO Caroline Maia



Acima. Divulgação do festival de animação e arte digital “Cut Out”.

44 ZUPI

Above. Advertising for the animation and digital art festival “Cut Out”.



“Acreditamos que a arte é algo que pode ser melhor se a criação for feita em conjunto”

O BICICLETA SEM FREIO SURGIU EM 2003, APÓS UMA REUNIÃO DE DOIS AMIGOS QUE ESTUDAVAM NA MESMA SALA. Douglas e Renato cursavam Artes Visuais com habilitação em Design Gráfico, na Universidade Federal de Goiás. Por intermédio de palestras na faculdade, trabalhos de artistas nada convencionais e histórias contadas por profissionais inspiradores que a dupla decidiu montar uma parceria para criar algo que representasse a visão de mundo traduzida pelo olhar de cada um, processo autodidata e colocado em prática “bem na raça mesmo”, segundo a dupla. A inspiração vem de pôsteres psicodélicos de rock, revistas antigas em quadrinhos, desenhos e séries dos anos 1980 e 1990, elementos da fauna e da flora brasileiras; assim como das referências que o BSF acaba absorvendo através da internet e redes sociais. “Acreditamos que a arte é algo que pode ser melhor se a criação for feita em conjunto, uma vez que duas cabeças pensam muito melhor do que uma. É sempre melhor quando você tem alguém ao seu lado para lhe ajudar com suas próprias falhas”. Atualmente, a dupla mora e trabalha na mesma casa em Goiânia. O estúdio-moradia é uma bagunça organizada - o trabalho está separado dos cachorros, que ficam no espaço onde os caras descansam e curtem o tempo livre. “Já moramos 46 ZUPI

Ao lado. Gig poster para a banda “Felamacumbia”. Opposite. Gig poster for the band “Felamacumbia”.

em diversos lugares, desde cada um trabalhando em sua própria casa até ter que dividir um único estúdio que era nossa casa e nosso ateliê.” ZUPI. Conte sobre como

funciona o processo criativo do Bicicleta Sem Freio.

BSF. Costumamos esboçar e pensar os detalhes de cada uma das composições. O mais importante é ter boas ideias quanto à ilustração e explorar suas possibilidades o máximo possível. Com a ideia principal já resolvida, colocamos a mão na massa e todas as demais no papel. Se algum imprevisto criativo aparece no caminho, acabamos por incorporar esses traços ao trabalho, isso se surgir algo interessante e inusitado. Gostamos muito de brincar com cores, novos elementos gráficos e composições visuais das mais complexas às mais simples - tudo é válido. Nossas peças acabam se tornando algo bastante livre, único e maluco. ZUPI. Existe alguma obra de

vocês que merece ser destacada das demais? BSF. Costumamos dizer que cada novo projeto é importante e merece toda a nossa atenção. Desde criar artes para pôsteres de bandas independentes e sem muita grana até produções para grandes festivais de música, o que priorizamos é dedicar atenção, carinho e cuidado ao trabalho, como também fritar muito durante o processo criativo (risos).



Acima. Divulgação do festival de música “Lolapalooza Chile”, 2016.

48 ZUPI

Above. Advertising for the music festival “Lolapalooza Chile”, 2016.


Acima. Divulgação do festival de música “Lolapalooza Brasil”, 2018.

Above. Advertising for the music festival “Lolapalooza Brasil”, 2018.

49


Ao lado. Gig poster para a banda “Hellbenders”. Opposite. Gig poster for the band “Hellbenders”.

BICICLETA SEM FREIO (BICYCLE WITHOUT BRAKES) CAME ABOUT IN 2003, AFTER A MEETING OF TWO FRIENDS STUDYING IN THE SAME ROOM. Douglas and Renato attended Graphic Arts with a degree in Graphic Design at the Federal University of Goiás. By way of lectures at college, works by unconventional artists, and creative stories told by admired professionals, the duo decided to partner and create things that came to mind, representing their worldview translated by each of their gazes, self-taught process and putting into practice a DIY-style, according to the duo. Their inspiration comes from psychedelic rock posters, old comic books, drawings and series from the 1980s and 1990s, elements of Brazilian fauna and flora; as well as references that the BSF ends up absorbing from the internet and social networks. “We believe that art is something that can be better if the creating is done together, since two heads are much better than one. It’s always better when you have someone by your side to help you with your own failings. ” Currently, the duo lives and works in the same house in Goiânia. The studio-dwelling is an organized mess - work is separate from the dogs, who stay in the space where the guys rest and enjoy their free time. “We already live in different places, from each one working in 50 ZUPI

their own home to sharing a single studio that served as our home and studio.” ZUPI. Tell us about how the

creative process of Bicycle Without Brakes works.

BSF. We usually sketch and think about the details of each of the compositions. The most important thing is to come up with good illustration ideas and explore the possibilities as much as possible. With the main idea already settled, we get our hands dirty with everything else on paper. If any unforeseen creative things get in the way, we end up incorporating these traits into the work, if something interesting and unusual comes up. We love to play with colors, new graphics and visual compositions from the most complex to the simplest - everything is valid. Our pieces end up becoming something quite free, crazy and unique in each composition. ZUPI. Is there any work of yours

that deserves to be highlighted over the others?

BSF. We often say that every new project is important and deserves our full attention. From creating art for posters of independent bands without much money, to productions for major music festivals. What we prioritize is devoting attention, affection and care to the work, as well as frying a lot during the creative process (laughs).



ENVIE SEUS TRABALHOS SUBMIT YOUR ARTWORKS

Tyler Gross bra —

drslime

Envie imagens em baixa resolução (72dpi) para: Send us the image in low resolution (72dpi) to: arte@zupidesign.com

If you are selected, we will contact you and ask for your data and the file in 300dpi. zupi.co/regras-envio-de-trabalhos

Caso selecionado, entraremos em contato pedindo seus dados e as artes em 300 dpi.

GALERIA 52 ZUPI


53



Industry Print Shop eua —

industryprintshop.com

55


Yolanda Lago bra —

56 ZUPI

yolandatattss


Vicente Magalhães bra —

vmag.art

57


Old Boy bra —

58 ZUPI

helloldboy



Cyla Costa bra —

60 ZUPI

cylacosta



Alexandre Martin fra —

62 ZUPI

briancougar



Camila Rosa bra —

64 ZUPI

camixvx



Flynn Prejean eua —

badmoonstudios.net


Zansky bra —

zanskydezaster

67


William Oliveira bra —

wllmolvr


Diego Max bra —

odiegomax

69


David Medel bra —

70 ZUPI

weirdbeard72



Calvin Laituri eua —

72 ZUPI

calvin.laituri



Genie Spinosa esp —

74 ZUPI

geniespinosa



Elisa Riemer bra —

elaysariemis


RogÊrio Maciel bra —

estudio_elastico

77


Estudio Miopia bra —

78 ZUPI

estudiomiopia




Nate Williams usa —

n8w

81


Marcos Coelho bra —

_mrczz


Gomes e Maia bra —

gomesemaia.tumblr.com

83


Maria Miró Seguí bra —

mmiros


Gary Houston eua —

voodoocatbox.com

85


Pedro Pezinho bra —

86 ZUPI

pedropezinho



Rafael Plaisant bra —

88 ZUPI

rafaelplaisant



Jéssica Torres bra —

90 ZUPI

abesoura


Manuel Scrofft bra —

liquidopreto


Bårbara Scarambone bra —

barbarascarambone


Vanessa Pens bra —

vanessapens

93



Alexandre Sesper bra —

repses

95


ESCOLA DA MARCENARIA MOVDERNA É um espaço de aprendizagem e aperfeiçoamento no ofício da marcenaria. Nossos cursos são totalmente práticos permitindo que o aluno viva a experiência de executar um projeto. Ser Marceneiro é realizar sonhos e nossa escola existe para aqueles que são apaixonados por esta arte e querem aperfeiçoar o aprendizado e também para aqueles que pretendem ingressar neste ofício. Os cursos são pagos e toda a renda arrecadada é integralmente revertida para manutenção das atividades do Instituto, como por exemplo, o Programa Leo Educa.

CURSOS DISPONÍVEIS MAIS DETALHES EM

MARCENARIA MODERNA - BÁSICA - INTERMEDIÁRIA - AVANÇADA

WWW.INSTITUTOLEOMADEIRAS.ORG.BR

(11) 3838-2163

DESENHO EM 3D - PROMOB


Elisa Frësz bra —

lab.torpe

97



Beatriz Lira bra —

designestranha—STOP



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.