NOTÍCIAS IBILCE Informativo do Câmpus de São José do Rio Preto Ensino público, gratuito e de qualidade - Ano XVI - 150 - Junho - 2013
Ampliações do Ibilce Bárbara Marques
Quem caminha diariamente pelo Ibilce percebe a presença de algumas novas construções, concluídas ou em andamento. Apesar de nem todos saberem, esses espaços são novos laboratórios, construídos para atender as necessidades de alguns cursos, como Química e Física, que precisam de mais espaço para desenvolver novos estudos em suas áreas de pesquisa. Além dos estudantes das áreas de graduação e pós-graduação do Ibilce, pesquisadores estrangeiros já vieram à Universidade para fazer uso dos novos espaços conquistados. O que quase ninguém sabe quando vê essas novas construções é que, além do terreno onde hoje estão situados todos os cursos do Ibilce, na rua Cristóvão
Central de laboratórios inaugurada em 2011 concentra áreas de estudo de cinco cursos
Colombo, o Instituto possui outras propriedades em Rio Preto e região, destinadas à construção de obras relacionadas à expansão do câmpus. Nesta edição, trazemos detalhes sobre essas
construções, quantas são, onde estão, quanto custaram e quanto tempo levaram para serem concluídas, ou qual a previsão de conclusão para as que estão em andamento. Confira mais nas páginas 4 e 5.
PUBLICAÇÃO Editora Unesp lança nova edição do livro “Psicultura Ecológica”, de docente do Ibilce
ENTEVISTA Entenda mais sobre o Pimesp e fique ciente de todos os seus prós e contras
SAÚDE Seção Técnica de Saúde do Ibilce promove campanha contra doenças cardiovasculares
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2 NOTÍCIAS IBILCE EDITORIAL
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Editora Unesp relança obra Piscicultura Ecológica, de Valdener Garutti
Olá, ibilceanos Neste mês de junho, vamos falar sobre as novas construções de nosso câmpus. Vocês vão saber quantas são, onde estão, que áreas contemplam, quanto custaram e quanto tempo levaram para ser concluídas. Também vamos falar sobre campanhas de bem-estar e saúde desenvolvidas na Universidade, que focam, neste ano, o coração dos servidores e estudantes. Outro assunto abordado nessa edição está sendo muito discutido por todos nos últimos meses: o Pimesp. O programa é abordado na página 7 e traz informações para que todos entendam o que ele significa e seus prós e contras. Os repórteres do Notícias Ibilce também trazem para vocês, nesta edição, uma pesquisa muito interessante, desenvolvida por um doutorando do Instituto, sobre um inseto conhecido como “tesourinha” e sua reprodução assexuada, além do lançamento de uma nova edição do livro do professor Garutti, docente do Ibilce, pela Editora Unesp. Uma ótima leitura!
A obra incentiva o cultivode peixes, tendo como princípio fundamental o respeito aos ecossistemas Mariana Guirado
O docente Valdener Garutti teve sua obra “Piscicultura Ecológica” (2003) relançada pela Editora Unesp
No ano passado, o docente Valdener Garutti teve sua obra Piscicultura Ecológica (2003) relançada pela Editora Unesp. O livro é resultado de cerca de vinte anos de pesquisas realizadas no Instituto. Nele, a piscicultura é tratada não só como atividade econômica rentável, mas também como medida eficiente de preservação da natureza. Traz informações importantes sobre técnicas de manejo de peixes, especialmente o do lambari-dorabo-amarelo, como a construção da infraestrutura adequada para o cultivo, sempre com a preocupação
de que seja feito de maneira sustentável. Outros dados presentes são as bases legais para a piscicultura. Contudo, Garutti lembra que é preciso atualizá-las sempre, levando em conta, também, o Novo Código Florestal, hoje em vigor. O professor acredita que o principal atrativo para que houvesse o relançamento é a eficácia da metodologia desenvolvida, que continua muito utilizada. “Utilizando adequadamente a metodologia, é possível produzir cem toneladas de lambari por hectare por ano”, afirma. Mariana Guirado
UNESP / IBILCE - Câmpus de São José do Rio Preto Rua Cristovão Colombo, 2265 - Jd. Nazareth - CEP 15054-000 - PABX (017) 3221.2200 - FAX 3221.2500
Diretor: prof. Dr. José Roberto Ruggiero / Vice-Diretora: profa. Dra. Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira Coordenação STAEPE: Seção Técnica de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão Edição: Maria Stella Calças Reportagens e Revisão: Bárbara Marques, Edoardo Lobl, Henrique Pelicano, Letícia Santos, Ligya Aliberti, Mariana Guirado, Moisés Baldissera, e Rafaela Verni Jornalista Responsável: Maria Stella Calças - Mtb 60.958/SP Conselho Editorial: Cláudia Maria de Lima - MTb: 22.829 Arte: Felipe Cipolato e Soraia Fernandes Rodrigues Tiragem: 1700 exemplares – Distribuição Gratuita –
Comentários, dúvidas ou sugestões, entre em contato pelo e-mail: jornal@ibilce.unesp.br
NOTÍCIAS IBILCE 3
FÍSICA!? ISSO PARA MIM É GREGO!
Professor publica livro incentivando a contextualização histórica e filosófica no ensino de Ciências Grupo de alunos se reúne desde 2012 para praticar o esporte
O professor do Departamento de Educação no Ibilce Marcos Serzedello publicou a obra "Física!? Isso para mim é grego!", que é resultado de uma pesquisa sobre História e Filosofia da Física dos Pré-socráticos a Newton. Atuando como professor de Física no ensino médio da rede pública estadual paulista durante dez anos, Serzedello conta que por inúmeras vezes, ao final das aulas, após longas exposições teóricas permeadas por resoluções de exercícios, um ou outro aluno se aproximava dele e, constrangido e desanimado, dizia: "Professor, isso pra mim é g r e g o ! " Essa situação que tanto incomodava Serzedello foi o estopim para o que viria a se tornar a sua obra literária. Na tentativa de resolvê-la, decidiu aplicar os conhecimentos que havia adquirido em alguns cursos e leituras, participando de um projeto de pesquisa (Projeto Capes-PADCT) que propôs estabelecer uma relação entre História e Filosofia da Ciência e o ensino de Física. Assim, o professor começou a introduzir em suas aulas aspectos da evolução dos conceitos de
CANTO DA ARTE
Falo, porque o dizer já não me compensa Falo por obrigação e não por vitória Falo o que penso e fica guardado na memória O desejo desatina o dizer selado Mato o que em mim não existia, busco revelar o que está falado Falo, porque calado grito e firo o silêncio que fustiga feridas O desprezo, a dor... as palavras Rasgando tudo o que eu sou como faca afiada Leticia Santos Letras Envie seu poema para o Canto da Arte por meio do e-mail olivio@ibilce.unesp.br
Divulgação
Prof. Marcos Serzedello pensa que a compreensão da Física torna-se mais difícil pela omissão de fatos
Física para que os estudantes pudessem ter uma visão mais razoável e inteligível dos assuntos que estavam s e n d o a p r e s e n t a d o s . D e p o i s d e a l g u m t e m p o , o p r o f e s s o r, ironicamente, percebeu que, de certa forma, aqueles alunos estavam com a razão. "A Física é de fato grega, pois foram os gregos que começaram a fazer um questionamento sobre a natureza das coisas", afirma. Serzedello explica que, durante séculos, verdadeiros embates foram travados e diferentes ideias, teorias e conceitos foram construídos, abandonados, destruídos e até retomados antes de chegarmos onde estamos. "E nós, como professores, em sala de aula, apresentamos, em algumas horas, esses conceitos e teorias e queremos que os alunos, sem contestação, placidamente os aceitem como uma verdade absoluta, definitiva". Para o professor, quando agimos assim tornamos a compreensão da Física mais difícil pela omissão de fatos importantes. "Não é coerente aprendermos deste modo, pois os conceitos de Física não surgiram prontos, como são usualmente apresentados pela maioria dos livros didáticos, e grande parte dos professores", conclui. Eder Juno
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Ibilce em expansão Câmpus conta com espaços externos que serão utilizados a favor do desenvolvimento de pesquisas Rafaela Verni
Novos laboratórios contam com equipamentos que auxiliam no estudo e organização de espécimes
Ao caminhar pelo Ibilce, é possível notar que existem alguns prédios novos e construções em andamento. Tr a t a m - s e d e l a b o r a t ó r i o s construídos para atender as necessidades dos cursos que precisam desenvolver novos estudos em suas áreas de pesquisa, como Química e Física. Porém, o que poucos sabem é que, além do terreno situado na rua Cristóvão Colombo, o Instituto possui outras propriedades destinadas à construção de obras relacionadas à expansão do câmpus. U m a d e s t a s propriedades é o terreno comprado do Bispado de São José do Rio Preto. Adquirida em 2008 por 2,8 milhões de reais, a área possui 24,4 mil m² e está situada no Jardim Nazaré. Sua
aquisição permitiu que o Ibilce expandisse sua área em aproximadamente 15% do tamanho total. Segundo o diretor do câmpus, José Roberto Ruggiero, o espaço ainda precisa receber cuidados para que então se desenvolvam projetos destinados a ele. “Primeiro é necessário limpá-lo e levantar a infraestrutura básica dele, como cercas, energia elétrica e asfaltamento”, diz. Além do terreno do Bispado, o Ibilce possui em Rio Preto, próximo ao antigo Instituto Penal Agrícola (IPA), uma área de aproximadamente quinze alqueires, que foi doada em 1999 pela Prefeitura Municipal. Questionado sobre o futuro do terreno, que possui quase o dobro do tamanho do câmpus atual, Ruggiero fala da possibilidade de um segundo
câmpus ser construído para o Ibilce. “Em um futuro ainda um pouco distante, com uma construção nesta área, seria possível além de expandir os cursos já existentes, abrir outros novos, como outras engenharias.” A Reserva Biológica “Sebastião Meimberg Porto”, localizada no município de Icém (SP), é uma propriedade de 33,25 alqueires que foi doada para o Instituto em 2007 para que realizem pesquisas e aulas de biologia e também para que a fauna e flora do local sejam preservadas. Entretanto a propriedade ainda está sob usufruto do doador, o senhor Sebastião Meimberg. Construções nestas áreas não contribuirão somente para a realização de novas pesquisas e estudos. O uso dos outros espaços permitirá que a área verde existente no atual câmpus do Ibilce não seja esgotada para que outros prédios sejam erguidos. De acordo com Ruggiero, o câmpus é um lugar bonito do jeito que está. “A paisagem ibilceana é agradável. Há muito verde nela e seria uma pena substituí-lo por outros prédios para que todo o espaço seja aproveitado.” Espaços concluídos Para o benefício de alunos e docentes, os novos laboratórios do Ibilce oferecem uma estrutura renovada, que contribui para melhor aprendizado e desenvolvimento de pesquisas. Na Central II de Laboratórios Didáticos – inaugurada no final de 2011 – concentram-se, em dois prédios grandes com excelente
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Ibilce em expansão Câmpus conta com espaços externos que serão utilizados a favor do desenvolvimento de pesquisas infraestrutura, áreas de estudo de cinco cursos: Ciências Biológicas, Ciência da Computação, Letras, Matemática e Tradução. Dentre eles, há o Laboratório de Fonética, que está em funcionamento desde abril de 2013. Vinculado ao Departamento de Estudos Linguísticos e Literários, o laboratório é usado para disciplinas dos cursos de Licenciatura em Letras, Tradução e Pedagogia e pós-graduação em Estudos Linguísticos. O lugar conta com equipamentos “Temos praticamente um computador por aluno com fones de ouvido, assim podemos escutar gravações muito precisas e isso faz toda a diferença quando analisamos dados fonéticos e fonológicos”, diz Beatriz Maniero
modernos e recursos audiovisuais que proporcionam melhores condições de ensinoaprendizagem na produção e percepção dos sons estudados pelos alunos. Há um espaço específico para gravação da fala humana, evitando-se ruídos do ambiente que possam interferir negativamente na análise e percepção dos sons da fala. “Temos praticamente um computador por aluno com fones de ouvido, assim podemos escutar gravações muito precisas e isso faz toda a diferença quando analisamos dados fonéticos e fonológicos. Também temos a possibilidade de fazer gravações, assim evidenciamos todas as
Reinaldo Feres
Pesquisadora mexicana utilizou o laboratório de acarologia para colaborar com pesquisas do Ibilce
possibilidades de um enunciado ocorrer em português”, diz Beatriz Maniero, aluna do 2° ano de Licenciatura em Letras. “Com esse laboratório, tanto o ensino das disciplinas de graduação e pós-graduação, quanto a formação de alunos para a pesquisa na área terão um salto qualitativo”, afirma a professora L u c i a n i E s t e r Te n a n i , coordenadora do laboratório. Em outra parte do câmpus há mais um bloco de novos espaços pertencentes ao Departamento de Zoologia e Botânica, onde se encontram os laboratórios de Acarologia e Ictiologia, inaugurados em julho de 2012. Os laboratórios, separados do prédio central, passaram a ocupar, em conjunto, uma área própria para acomodar pesquisadores do Instituto que realizam estudos nas áreas de ácaros e peixes; houve não só ganho de espaço (de 70 m² para cerca de 200 m²), mas também de organização. “Pudemos, com essa ampliação, organizar a coleção científica, os gabinetes
de docentes e os laboratórios com fins diversos em salas separadas. Antes tudo isso ficava em apenas duas salas com 35 m² cada. Isso dificultava demais a boa condução de trabalhos, atendimento de visitantes, alunos e pessoas da comunidade”, diz o professor Reinaldo Feres, coordenador do laboratório. Com essa ampliação e organização, conseguiram acomodar melhor os equipamentos obtidos com verbas da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de Estado de São Paulo) que estavam ainda embalados por falta de espaço para sua utilização. Puderam também receber a pesquisadora mexicana Magdalena Vázquez, da Universidade de Quintana Roo, que colaborou com as pesquisas do Ibilce, permanecendo no laboratório por seis meses. “Esse tipo de colaboração fica agora viável nesse novo espaço. Tudo isso, sem dúvida, se reflete na produção científica do nosso laboratório, principalmente na qualidade dos artigos produzidos”, conclui o professor. Também é importante ressaltar que não derrubaram nenhuma árvore para a ampliação do laboratório, pois projetaram a construção do prédio nas dimensões já existentes. “Tem mais espaço, tudo está mais organizado e melhor dividido, com isso facilitou bastante a eficiência dos estudos”, diz Felipe Micali Nuvoloni, aluno doutorando em Biologia Animal. Bárbara Marques e Rafaela Verni
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DIVULGAÇÃO
STS promove campanha a favor de estilo de vida responsável Divulgação
Ÿ O CIECC (Complexo Integrado
de Educação, Ciência e Cultura), juntamente com a Unesp São José do Rio Preto, patrocina a mostra de fotografia intitulada “A ciência sob a ótica do seu olhar”. As inscrições são abertas a comunidade em geral, e devem ser realizadas pessoalmente no CIECC, de segunda à sexta-feira, respeitando seu horário de funcionamento, no período de 01 de junho a 30 de julho de 2013. ŸInteressados no curso de “Inglês Instrumental: Leitura para fins específcos” têm do dia 1º de julho até o dia 8 de agosto para realizarem sua inscrição na Faperp. Os módulos serão ministrados entre 10 de agosto e 14 de dezembro. Mais informações na Faperp pelo telefone (17) 32111089 ou na Seção Técnica Acadêmica, no Ibilce.
Campanha “Desacelera, mulher!” foi desenvolvida para prevenir servidoras quanto às doenças cardiovasculares
A Seção Técnica de Saúde do Ibilce está promovendo para o ano de 2013 o conjunto de campanhas “Ações em saúde: Estilo de vida responsável”. As campanhas são realizadas em parceria com a Coordenadoria de Saúde e Segurança do Trabalhador e Sustentabilidade Ambiental (COSTSA), e sua finalidade é atuar sobre fatores que predispõe doenças cardiovasculares. Este conjunto de ações conta com a promoção de campanhas que, segundo a assistente social do Ibilce, Suzy Mary Poiate, têm como objetivo atuar na prevenção de doenças e promoção da saúde e qualidade de vida do servidor e do aluno ibilceano, auxiliando no controle de doenças no local de trabalho. A programação do “Ações em saúde” conta com os projetos
“Desacelera, mulher!”, “Desacelera, homem!”, “Informações sobre o risco da automedicação” e com um ciclo de palestras que será realizado ao longo do ano para alunos e servidores, os temas abordarão estresse, depressão, esquizofrenia e surtos psicóticos, transtornos alimentares e a convivência na moradia estudantil. Em agosto, será iniciada a campanha “Desacelera, homem... Vamos cuidar do seu coração!”, ela vai substituir a “Desacelera, mulher... Vamos cuidar do seu coração!”, que foi realizada entre maio e junho. Ambas tem como objetivo avaliar a pressão arterial dos funcionários do Ibilce em seu local de trabalho, prevenindo doenças cardiovasculares. Bárbara Marques
ŸEm agosto, serão iniciadas novas turmas dos módulos 2 e 3 de Mandarim. As inscrições estarão abertas a partir do dia 29 de julho, na Seção Técnica de Comunicações. O público-alvo são alunos que realizaram os módulos anteriores ou que possuem nível de conhecimento suficiente para que acompanhem o novo módulo. ŸEstarão abertas, do dia 5 ao dia 9 de agosto, as inscrições para o curso de Difusão de Conhecimento “Arte, Cinema e Educação do Campo”. O curso é aberto à comunidade em geral e será realizado em oito tardes de sábados entre agosto e dezembro. Mais informações pelo site http://www.ibilce.unesp.br/Home/ Extensao470/arte-cinema-eeducacao-do-campo.pdf.
PÓS-GRADUAÇÃO Ÿ No mês de junho de 2013 o Ibilce realizou nove defesas de dissertação de mestrado e duas defesas de tese de doutorado, em seus onze programas de Pós-Graduação.
NOTÍCIAS IBILCE
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ENTREVISTA com José Roberto Ruggiero, Diretor do Ibilce
O que é o Pimesp? Meta do Pimesp é aprovada pelo Ibilce, mas não a sua forma Eder Juno
Prof.José Roberto Ruggiero explica que o Pimesp tornou-se uma bandeira
A sigla Pimesp, muito discutida nos últimos meses, significa Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista. Lançado em 20 de dezembro pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e desenvolvido pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas, o programa tem como essência a realização de mudanças no método de seleção para o ingresso de estudantes à universidade. Realizamos uma entrevista com o diretor de nosso câmpus, professor José Roberto Ruggiero, para compreender a postura do Ibilce frente à implementação do Pimesp. Qual foi o posicionamento do câmpus diante do Pimesp? Primeiramente, é preciso entender que o Pimesp tornou-se uma bandeira. Visto como um pacote fechado, ele foi rejeitado em nossa congregação. Contudo, suas metas foram aprovadas. Nestas, 50% das vagas de todos os cursos, em todos os períodos, devem ser reservadas para estudantes que cursaram o Ensino
Médio em Escola Pública e 35% desse percentual reservadas a pretos, pardos e indígenas. Estas metas, deve-se frisar, estão na Legislação F e d e r a l . De resto, a Congregação achou que não valeria a pena apostar nas formas para se alcançar as metas, contidas no pacote Pimesp. Todas estas e outras questões discutidas aqui na Congregação foram encaminhadas para a Pró-Reitoria de Graduação. Qual o ponto forte do Programa? E o p o n t o f r a c o ? A inclusão de um maior número de alunos do Ensino Público nas universidades públicas é a meta e o ponto forte do Programa. A questão mais criticada pela Congregação diz respeito ao Ices (Instituto Comunitário de Ensino Superior), que é o responsável pelo curso intermediário aos alunos que saíram do Ensino Médio. Podemos dividir em três os principais problemas referentes ao Ices: sobre o primeiro, a Congregação pensa que o aluno precisa viver a universidade, e um
curso semipresencial caminharia no sentido oposto. Em segundo lugar, é questionável um curso com a duração de apenas dois anos que ofereça um título de curso superior, mesmo que com a validade apenas para concursos públicos, sem demanda de especificidade. Por último, as disciplinas não atendem às necessidades de um curso preparatório para a universidade. Quais questões foram levantadas pela Congregação do Ibilce? Trouxemos à discussão que é fundamental a criação de um fundo para a permanência na universidade. Devemos possibilitar que os alunos enfrentem a rotina acadêmica em condições dignas. Além disso, a bolsa que vem sendo pensada de meio salário mínimo é insuficiente para um aluno se manter em São José do Rio Preto. Neste novo modelo, qual o método de inclusão para os alunos que escolherem participar do programa? Se o programa for aprovado na sua totalidade, o que não é a indicação da Congregação do Ibilce, 40% das vagas reservadas nas metas serão selecionadas pelo Ices. Desta forma, após a conclusão do curso oferecido pelo Ices, o aluno poderia optar pela carreira em função de seu desempenho. O próprio nome do programa diz que a inclusão depende do mérito do aluno. Os outros 60% de vagas, definidos nas metas, seriam preenchidos a partir de critérios propostos pelas universidades. O vestibular, o ENEM, a obtenção de bons resultados em Olimpíadas (Matemática, Física etc) por alunos de escola pública, ou ainda outros processos, são exemplos de possíveis critérios. Esta característica é semelhante ao modelo existente em universidades americanas. Eder Juno
8 NOTÍCIAS IBILCE OBS: Provalvelmente não caberá o olho, posso tirar, se não couber?
TOME CIÊNCIA
Pesquisador descobre espécie de tesourinha partenogenética Primeiro registro de partenogênese dentro da ordem Dermaptera Divulgação
Falta
O professor Eduardo Bessa, da Universidade do Mato Grosso, e seus colaboradores, realizaram um estudo com Doru lineare, um dermáptero, isto é, um inseto conhecido pela presença de asas coriáceas, popularmente conhecido como "tesourinha". O resultado da pesquisa é inédito, pois nunca foi verificado casos de partenogênese em indivíduos da o r d e m D e r m a p t e r a . "Podemos entender a partenogênese quando um óvulo não fecundado se desenvolve formando um embrião e, posteriormente, um filhote" explica o p r o f e s s o r. É t a m b é m u m processo que reduz o tempo empregado pelas fêmeas para buscar parceiros e coloniza mais rapidamente áreas não habitadas. No entanto, devido ao fato de que não há recombinação de genes
entre os genitores, os ovos provenientes de partenogênese são menos viáveis do que os sexuais para enfrentar a realidade do meio. Uma boa forma de testar essa hipótese se dá por meio de novas espécies partenogenéticas, especialmente as facultativas – que não se reproduzem estritamente por p a r t e n o g ê n e s e . As tesourinhas foram coletadas no Mato Grosso e mantidas sob testes laboratoriais. Tesourinhas fêmeas, obtidas na geração filial, foram mantidas isoladas, isto é, com nenhum contato com machos. Em contrapartida, outro grupo de tesourinhas fêmeas foram mantidas juntamente com machos e copularam. Bessa e seus colaboradores decidiram comparar os ovos de tesourinhas partenogenéticas com os ovos de
tesourinhas sexuais, assim como descreveram o primeiro caso de partenogênese em dermápteros. Os ovos obtidos de ambos os grupos foram analisados. Os pesquisadores verificaram que os ovos partenogenéticos são igualmente numerosos e viáveis, do ponto de vista estatístico. Além disso, as fêmeas isoladas geraram prole, sendo todas fêmeas, o que caracteriza partenogênese. Bessa afirma que seu resultado contraria a hipótese já mencionada. "Ainda entendemos muito pouco sobre a utilidade do sexo, que sabemos ser um processo muito caro. Nosso trabalho contraria uma hipótese antiga que defende que o sexo é a melhor forma de gerar variabilidade. Pessoalmente ainda acho essa uma boa hipótese, até porque já foi corroborada várias vezes. Nos resta, nos próximos experimentos testar a eficiência de filhotes partenogênicos em resistir a doenças, fome, predadores e outros desafios mais concretos do que simplesmente o número de ovos e indivíduos a atingir a idade adulta. Também precisamos dar um jeito de garantir que os filhotes das fêmeas que acasalaram sejam fruto de reprodução sexuada". Novas espécies partenogênicas foram descobertas recentemente. "Nos últimos anos foram descobertos a l g u n s v e r t e b r a d o s partenogênicos, como serpentes aparentadas à jiboia e tubarões. Novas espécies partenogênicas não me surpreenderiam, especialmente entre insetos. O legal do nosso estudo é que foi o primeiro registro para toda uma ordem de insetos", afirma o p r o f e s s o r . Henrique Pelicano