Notícias Ibilce - Ed. 155 - Nov-Dez/2013

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Ensino público, gratuito e de qualidade — Ano XVI — 155 — Nov/Dez — 2013

CIECC discute alfabetização científica JOÃO PAULO VANI

A realização do V Encontro de Ciência, Popularização da Ciência e Alfabetização Científica, realizado no CIECC (Complexo Integrado de Ciência,

Educação e Cultura), de São José do Rio Preto, teve como principal atração a palestra do primeiro astronauta brasileiro a decolar para uma missão espacial, Marcos Pontes. Com uma trajetória de sucesso, em que registrou passagens por escola pública, curso técnico e que o levou até a Nasa, a Agência Espacial Americana, o astronauta brasileiro falou para um auditório repleto de jovens ávidos por conhecimento. Pontes revelou, em entrevista concedida ao Notícias Ibilce, que dentre as alegrias de sua longa e bem sucedida carreira, com formação em Engenharia pelo ITA, e mestrado e doutorado realizados no exterior, está a de poder ministrar aulas e palestras, em transferir o conhecimento que adquiriu em sua jornada. Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro, foi um dos palestrantes do 5º Encontro de

Leia mais: páginas 4 e 5 Ciência, Popularização da Ciência e Alfabetização Científica, realizado em Rio Preto

PÁGINA 3 ENCONTRO PIBID DISCUTE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

PÁGINA 6 CCI REALIZA MOSTRA DE CONHECIMENTO E ABORDA A CULTURA DAS CINCO REGIÕES DO BRASIL

PÁGINA 7 DOCENTES DA UNIVERSITY OF LOUISVILLE VISITAM O IBILCE E FALAM SOBRE INTERNACIONALIZAÇÃO


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EDITORIAL

CULTURA

XIV Semana do Livro e da Biblioteca e VIII Feira Artística imergem Ibilce em Literatura, Arte e Cultura

A edição de final de ano do Notícias Ibilce reúne os acontecimentos dos meses de novembro e dezembro Poesia, dança, música, xadrez e caricatura ilustram a variedade em uma única edição. A realização de ações culturais que dominaram o câmpus de 22 a 25 de Outubro do V Encontro de Ciência, PopulaJULIANA MERENGUE rização da Ciência e Alfabetização Científica, realizado no CIECC (Com-

plexo Integrado de Ciência, Educação e Cultura), de São José do Rio Preto, teve como principal atração a palestra do primeiro astronauta brasileiro a decolar para uma missão espacial, Marcos Pontes. Saiba mais sobre a trajetória de

Pontes nas páginas 4 e 5. São também destaques desta edição: na página 2, as atividades culturais em celebração da Semana do Livro e da Biblioteca; na página 6, matéria sobre a Feira do Conhecimento do Centro de Convivência Infantil (CCI) local, que trabalhou com os alunos a riqueza cultural das cinco regiões de nosso país. Na página 7, nossos entrevistados são os docentes visitantes da University of Louisville, John Ferré, Nefertiti Burton e Manuel F. Medina, que vieram para o II Congresso Internacional do Programa de Pós-Graduação em Letras, a convite da professora Giséle Manganelli Fernandes. Confira na página 8 a dissertação de mestrado de Clarissa Marquezepi Picolo, que examinou os aspectos lúdicos e narrativos em três jogos do gênero JRPG (Japanese role-playing games). Uma ótima leitura! UNESP UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Câmpus de São José do Rio Preto IBILCE — Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas Rua Cristovão Colombo, 2265 | Jd. Nazareth | CEP 15054-000 | PABX: (17) 3221.2200 | FAX 3221.2500 Home page: www.ibilce.unesp.br Comentários, dúvidas ou sugestões, entre em contato pelo e-mail: aci@ibilce.unesp.br

Performance do Grupo de Expressão Corporal/Ibilce junto da empresa de entretenimento Alex D’Arc Produções, uma das atrações da Semana

Mariana Guirado Para comemorar a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca e o Dia Nacional do Livro, celebrados no mês de outubro, a Biblioteca do Ibilce promoveu uma série de atividades culturais. A instalação de um “varal poético” logo no início do evento foi um convite a intervenções poéticas da comunidade. Como apresentações culturais houve musicais, exposição de fotopoemas, a presença do caricaturista Paulo Paro, mostra fotográfica, recital de poesia, performance e espetáculos de dança. Diretor: José Roberto Ruggiero Vice-Diretora: Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira Coordenação: ACI — Assessoria de Comunicação e Imprensa Jornalista Responsável: João Paulo Vani — MTb: 60.596/SP

Houve, ainda, oficinas de livro de feltro com participação do CCI (Centro de Convivência Infantil), marcadores de livros e fanzine. Também aconteceram minicursos sobre a apresentação de trabalhos acadêmicos conforme a ABNT, busca em base de dados e revistas eletrônicas, o gerenciador de fontes de pesquisa Zotero, além de um workshop de Poética Musical em parceria com a Oficina Cultural Fred Navarro. Em homenagem ao centenário de Vinícius de Moraes, aconteceu um sarau de poesia em parceria com o SESC e uma exposição de livros do autor, do acervo da Biblioteca. Edição: João Paulo Vani Reportagens e Revisão: Bárbara Marques Eder Juno Letícia Santos Ligya Aliberti Mariana Guirado

Conselho Editorial: Cláudia Maria de Lima — MTb: 22.829

Diagramação:

Distribuição gratuita

Tiragem: 1.700 exemplares

Felipe Cipolato


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notícias ibilce MATEMÁTICA

Encontro Pibid-Pedagogia discutiu a formação de professores Evento reuniu representantes da área de educação de escolas de nível Básico e Superior DIVULGAÇÃO

Durante o evento foram citadas as contribuições do Programa para com a formação de professores da área de educação

Bárbara Marques unidades e escolas parceiras e apresentar os recursos didáticos que proAconteceu em Agudos, nos dias duziram. 29 e 30 de agosto, o Encontro Pibid A professora Elisabete Aparecida (Programa Institucional de Bolsas de Andrello Rubo, coordenadora instiIniciação à Docência) - EJA (Educação tucional do Pibid/2001, discursou de Jovens e Adultos) de Pedagogia, sobre o tema “Pibid para além das que priorizou a discussão entre os fronteiras de cada Projeto” a fim de três seguintes eixos: Inserção da Uni- enriquecer as discussões que ocorreversidade na Escola Básica; reflexão ram durante o evento. acerca da formação inicial dos licenSegundo a professora Maria Eliza ciandos e continuada do professor su- Brefere Arnoni, do departamento de pervisor; reflexos e ressonâncias na Educação do Ibilce, também foram qualidade do ensino nas escolas en- citadas as contribuições do Programa volvidas (no caso, as escolas de nível para com a formação de professores Básico e as de nível Superior). da área de educação: “Por se tratar O encontro teve como públi- de um projeto de amplitude nacioco-alvo representantes da Universi- nal, explicitou-se a possibilidade dade – professor coordenador, pro- de analisar as atividades propostas, fessor colaborador e licenciandos desenvolvidas e analisadas pelo Pido Ibilce – e representantes da Es- bid, dado sua inserção no cotidiacola Básica – professor supervisor – no das escolas brasileiras, com as que puderam reunir-se e socializar propostas pelos manuais didáticos as atividades desenvolvidas em suas presentes nas salas de aula, tam-

bém, de caráter oficial, oferecidos pelas esferas que gerenciam a escola básica, a federal, a estadual e a municipal”, aponta. O Pibid O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) foi implementado na Unesp em 2009 pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) nos câmpus de São José do Rio Preto, Ilha Solteira e Presidente Prudente. Com o passar dos anos se expandiu para outros câmpus, para que os alunos tivessem contato com o magistério. A coordenação do Pibid-Pedagogia-Ibilce/2011 já foi exercida pelo professor Humberto Perinelli Neto e, atualmente, a professora Maria Eliza Arnoni ocupa a função de coordenadora, ambos do Departamento de Educação.


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BEM-ESTAR

Uma trajetória para além do céu: o primeiro astronauta brasileiro JOÃO PAULO VANI

Autoridades participam da abertura do V Encontro de Ciência, Popularização da Ciência e Alfabetização Científica

Eder Juno recebido a responsabilidade de so na AFA e tornou-se aviador da

Na Semana de Ciência e Tecnologia são realizados, em todo país, eventos em prol da divulgação científica e tecnológica. Mídias, Universidades e Museus de Ciência se dispõem a discutir o assunto, convidando expoentes e personalidades renomadas nessa área. No CIECC, Complexo Integrado de Ciência, Educação e Cultura, de São José do Rio Preto, o astronauta brasileiro Marcos Pontes foi o célebre convidado a abrir a programação do evento, no qual falou sobre os desafios em sua vida, e, em especial, da missão espacial da qual participou. Marcos Pontes ficou uma semana no espaço a bordo da Estação Espacial Internacional em uma missão da Nasa que contou, além do Brasil, com a participação de vários países. Os outros integrantes da viagem espacial foram o americano Jeffrey Williams, oficial e engenheiro de voo da NASA, e o russo Pavel Vinogradov, comandante da Agência Espacial da Federação Russa. A principal função do astronauta brasileiro na missão foi o trabalho de mecânico de espaçonave, embora também tenha

realizar experimentos científicos e estava qualificado a realizar as funções de seus companheiros de missão.

Caminhar e voar Marcos Cesar Pontes nasceu em 1963, na cidade de Bauru, interior de São Paulo. Com uma vida comum, jogava bola descalço e subia em árvores. Como todo garoto de sua idade, tinha um sonho: voar. Sonho motivado pelas visitas ao Aeroclube de Bauru - quando via a Esquadrilha da Fumaça se apresentando. Estudante de escola pública, aos 14 anos Marcos ingressou no curso de eletricista oferecido pelo Senai. Logo conseguiu um trabalho de ajudante de eletricista, que o permitiu pagar um curso de técnico em eletrônica. Em 1980, Pontes se inscreveu para os exames de seleção da AFA, Academia da Força Aérea. Como trabalhava e não tinha tempo para frequentar um curso preparatório para passar no exame, estudava com livros indicados por professores do colégio em todo tempo que tinha. Pontes classificou-se em segundo lugar no país, iniciou o cur-

Força Aérea Brasileira. Em seguida, passou a representar o grupo de Aviação “Esquadrão Centauro” em Santa Maria-RS. “O trabalho em um esquadrão de caça, onde a vida de cada um depende literalmente da performance do outro, é uma experiência realmente enriquecedora no sentido de trabalho em equipe”, diz Pontes. Neste momento, a vida estava estabilizada: era um piloto de caça, instrutor, a família estava bem, a vida tinha sua rotina e gostava do que fazia. Mas Pontes não se acomodou. “Na minha vida sempre continuo aprendendo. Esse é o conselho de minha mãe, que não me esqueço”, conta o aviador. Dominando os céus Assim, Pontes decidiu dedicar-se à engenharia. Ele estudou, prestou o vestibular do ITA, Instituto Tecnológico de Aeronáutica e, em 1988, ingressou no curso. Percebendo que era o único a possuir uma formação diferenciada na época, somando a experiência operacional ao conhecimento de engenharia, decidiu aproveitar a oportunidade. No último ano de engenharia, realizou provas de seleção para a Divisão de Ensaios em


notícias ibilce Voo do Instituto de Aeronáutica e Espaço. Passou e tornou-se um Piloto de Provas. Em 1996, o aviador e engenheiro decide cursar Mestrado na Naval Postgraduate School, nos EUA. E, convidado a continuar suas pesquisas, cursou o Doutorado. O céu já não é suficiente Em 1997, o Brasil entrou no programa da Estação Espacial Internacional (ISS), através da Nasa, e precisava treinar um astronauta. Então, foi divulgada pela Agência Espacial Brasileira, AEB, a seleção daquele que seria o primeiro astronauta brasileiro. Marcos Pontes se inscreveu e, após algumas seleções, foi escolhido para levar a bandeira do Brasil ao espaço pela primeira vez. Após dois anos de curso, com treinamentos duros, intensos e distante de todos, em 2000, Pontes recebeu seu “brevê” de astronauta, uma permissão para exercer essa função na Nasa.

o designasse para acompanhar as negociações e os procedimentos de engenharia brasileiros. Em 2004, o astronauta pediu ajuda ao Senai-SP/Fiesp, que se mostrou feliz em poder ajudar o país. Ainda assim, os acidentes de Columbia e Alcântara atrasaram ainda mais a missão.

Missão Centenário Enfim, em 2005, a AEB tomou a decisão de realizar a chamada “Missão Centenário”, com os objetivos de realizar experimentos nacionais em microgravidade, fomentar a ciência no Brasil, motivar estudantes brasileiros às carreiras em Ciência e Tecnologia e criar a maior homenagem internacional ao centenário do voo histórico de Santos Dumont. Como último desafio, Pontes segue então à Rússia para aprender a língua e a tecnologia Russa em apenas 6 meses, sendo avaliado duramente. Com tudo isso cumprido, o brasileiro decola para o espaço no dia 29 de Março de 2006, às O céu quase desabando Em 2002, a AEB não consegui- 23:30h (horário do Brasil), tenria cumprir as demandas da Nasa. do a missão da AEB cumprido toAssim, Marcos solicitou à Nasa que dos os seus objetivos, inclusive

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indo além das expectativas, sem qualquer falha de procedimento. Brasil e futuras missões espaciais Desde o final de 2006, frustrada com a administração do programa no Brasil, a Nasa colocou a participação brasileira em novas Missões em um estado “congelado”, que aguarda definições desde então. No momento, o Brasil não desenvolve nenhum Programa ou Missão Espacial, apenas alguns projetos envolvendo satélites e sondas, de forma muito lenta. Talvez o que existe de mais concreto e grandioso no momento é o projeto desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Aeronáutica da Universidade de São Paulo, USP, para a criação de um curso público de Engenharia Aeroespacial - onde Marcos Pontes trabalha como Professor Convidado. Inclusive, esse é um cargo que o astronauta brasileiro sente orgulho em possuir – professor. “A importância que tenho na educação, através de motivação e inspiração para os jovens, é tão ou mais importante do que toda a missão espacial da qual participei”. JOÃO PAULO VANI

Alunos de Ensino Médio apresentam trabalho durante a Feira de Ciências realizada no V Encontro de Ciência, Popularização da Ciência e Alfabetização Científica


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notícias ibilce TRADUÇÃO

CRIANÇA

Centro de Convivência Infantil realiza XV Mostra de Conhecimentos

Foi publicado em agosto deste ano, pela Editora Unesp, o livro Ensaios sobre o ensino em geral e o de Respeito à diversidade cultural é promovido em projeto pedagógico matemática em particular, de Sylvestre-François Lacroix. A obra oriJOÃO PAULO VANI ginal, Essais sur l’enseignement en général et sur celui des mathématiques en particulier, foi traduzida do francês para o português por Karina Rodrigues, formada no curso de Tradução do Ibilce em 2010.

Alunos desenvolvem projetos culturais sobre as cinco regiões do Brasil

Mariana Guirado borar com as famílias quanto à formação integral das crianças, abrangendo os aspectos físico, Com o intuito de compartilhar com as famílias os conhecimentos psicológico, intelectual e social. vivenciados pelas crianças nos De acordo com Márcia Scandiuzprojetos de trabalho realizados zi, supervisora do CCI, o trabalho durante todo o ano, o Centro de com as diferentes regiões do nosConvivência Infantil (CCI) “Ba- so país, assinalando diferenças gunça Feliz” realiza a XV Mostra e semelhanças entre elas, busca de Conhecimentos. Os projetos proporcionar ao mesmo tempo o de trabalho, este ano, tiveram reconhecimento da pluralidade como tema “Brasil: diversidade cultural do Brasil e a formação de cultural de um único povo”. Cada uma identidade nacional. “Desturma trabalhou uma região, por se modo, preocupamo-nos com a meio de múltiplas linguagens, formação de indivíduos que resabordando músicas, danças, len- peitem e valorizem a si mesmos das, histórias, espaço geográfico, e aos outros, repudiando discricostumes, culinária típica, ví- minações de qualquer ordem”, deos, fotos, dentre outros assun- afirma. tos. Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394-96), enquanto instituição de educação infantil, o CCI carrega a responsabilidade de cola-

No dia 06 de dezembro, aconteceu o evento anual que celebra a formatura das crianças que completam 6 anos. O evento contou com apresentações de dança com todas as crianças do CCI.

Segundo Karina, a oportunidade de traduzir este livro surgiu com a necessidade de desenvolver um estágio prático de tradução. “Entrei em contato com o professor Antonio Vicente Marafioti Garnica da Unesp de Bauru e ele tinha um texto cuja tradução seria importante para a pesquisa de doutorado de uma orientanda dele. Eu precisava traduzir e ele precisava de uma tradução. Começamos a trabalhar”, diz. Parte do texto traduzido serviu como trabalho de conclusão de curso, que foi orientado pela professora Claudia Xatara, do Departamento de Letras Modernas. A tradução da obra passou pelas mãos do professor Marafioti Garnica em parceria com a professora Maria Laura Magalhães Gomes, da UFMG de Belo Horizonte, que revisaram o texto pronto e acrescentaram notas e um posfácio que auxiliam no entendimento do texto. “O posfácio é uma revisão histórica sobre a influência de Lacroix no estabelecimento do ensino na França e seus desdobramentos no Brasil, com informações sobre a biografia do autor e, também, sobre educação matemática”, explica Karina. Atualmente Karina cursa doutorado ligado ao Programa de PósGraduação em Estudos Linguísticos do Ibilce, com uma pesquisa em Terminologia e Terminografia, sob a orientação da professora Lidia Almeida Barros.


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CONVÊNIO INTERNACIONAL

Internacionalização da Unesp contribui com o ensino de cultura brasileira a alunos da University of Louisville há oito anos JOÃO PAULO VANI

Bárbara Marques A parceria feita entre a Unesp e a University of Louisville vem mostrando, ao longo de oitos anos, que o vínculo entre as duas instituições só contribui para a formação de alunos e enriquecimento da linha de pesquisa de professores. No mês de outubro a professora Giséle Manganelli Fernandes, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras recebeu, durante o II Congresso Internacional do PPG-Letras do Ibilce, a visita de três representantes de Louisville, que puderam contar um pouco sobre a experiência de enviar alunos para o Brasil e receber brasileiros para estudar em seu câmpus. O “Notícias Ibilce” teve a oportunidade de entrevistar o Prof. Dr. John Ferré, a Profa. Dra. Nefertiti Burton e o Prof. Dr. Manuel F. Medina, que são, respectivamente, reitor, reitora adjunta e professor adjunto do College of Arts and Sciences da Universidade de Louisville, nos Estados Unidos.

Professores Nefertiti Burton, John Ferré, Giséle Manganelli Fernandes e Manuel Medina puderam trocar experiências durante o Congresso Internacional de PPG-Letras do Ibilce.

(Medina) Os alunos expandem seus horizontes porque eles saem de um estado pequenino no centro dos Estados Unidos, com cidades e faculdades similares, e podem vir para cá aprender em outro mundo e conhecer o português em seu próprio país. Isto abre muitas possibilidades, pois eles podem entrar em contato com outras disciplinas, como Ciências Políticas, porque na verdade nosso programa possui mais disciplinas de Letras, e quase todos os alunos do Mestrado são de Letras. Mas temos alunos de Biologia, Química, Física, História da Medicina e Direito que têm muito interesse em conhecer o Brasil e sua gente. E da mesma forma expande os horizontes dos professores e suas linhas de pesquisa.

NI) Esse convênio que existe entre a Universidade de Louisville e a Unesp é válido somente para o Ibilce e para o curso de pós graduação em Letras? (Nefertiti) O acordo atualmente é de universidade para universidade, mas há um acordo específico entre nosso instituto de Artes e Ciências e o Ibilce. Porém, é abrangente o suficiente para que possa acomodar outras relações, como ciências. NI) Como são vistos os alunos com resultado positivo nesta expansão, NI) Então há possibilidade de ex- como os que saem do Brasil para pandir este acordo para outros os Estados Unidos e voltam uma segunda vez para dar continuidacâmpus e cursos? de aos seus estudos? Este tipo de (Medina) Já fizemos cinco adendos, resultado é importante para vocês? o que envolverá mais cursos de pósgraduação, graduação e outras dis- (Nefertiti) Nós nos sentimos muito orgulhosos de poder contribuir dessa ciplinas. forma para o desenvolvimento individual de um aluno, da faculdade e NI) Na opinião de vocês, como esta do país. E também, eu acho que é troca de experiências acadêmicas uma contribuição, para o nosso país, enriquece a bagagem profissional e para nosso câmpus e para as instipessoal dos alunos e dos professores? tuições por todo nosso país, porque

temos o benefício de incrementar o entendimento acerca do Brasil, por termos alunos e docentes da sua instituição que vão para os Estados Unidos. NI) Qual a importância deste tipo de projeto? O que os trouxe ao Brasil? (Ferré) Eu me encontrei com alunos brasileiros duas vezes em Louisville e eles foram o ponto alto do semestre. É algo que me deixa feliz porque considero importante ter pessoas vindo e se integrando à nossa comunidade e às nossas experiências acadêmicas. E o que isso faz é ensiná-los sobre os Estados Unidos e diferentes culturas de uma maneira que você simplesmente não consegue por meio do estudo acadêmico tradicional, é necessário ter essa experiência de imersão. E ao mesmo tempo nos dá a oportunidade de aprender sobre outras culturas e outras nações devido a presença deles lá. Vir aqui foi interessante para mim porque posso ver pessoalmente de onde os alunos vêm, e que tipo de ambiente é. Acho que é realmente uma experiência bilateral. É importante para nós termos alunos do Brasil e também enviarmos alunos e docentes para o Brasil, e eu gostaria de ver este projeto se expandir.


8 TOME CIÊNCIA

Foco narrativo em jogos de video game é tema de dissertação de mestrado no Ibilce Pesquisadora examinou os aspectos lúdicos e narrativos em três jogos do gênero JRPG LOMO STUDIO/ABRESC

Orientanda do professor Álvaro Hattnher, Clarissa Picolo analisou os aspectos lúdicos e narrativos em Chrono Trigger, Eternal Sonata e Tales of Symphonia

Bárbara Marques Procuro estabelecer uma relação entre a narrativa e o próprio conOcorreu, no dia 26 de agosto, a ceito de jogo, tentando entender defesa da dissertação de mestra- como duas estruturas que, à prido “Games que contam histórias: meira vista parecem opostas e conuma discussão sobre narrativa nos traditórias, na verdade contribuem JRPG” da pós-graduanda Claris- e se influenciam positivamente sa Marquezepi Picolo. A pesquisa- quando juntas em um game”, afirdora examinou em sua dissertação ma Clarissa. Orientanda do professor Álvaos aspectos lúdicos e narrativos em três jogos do gênero JRPG (Japa- ro Hattnher – do Departamento de nese role-playing games): Chrono Letras Modernas do Ibilce – ClarTrigger, desenvolvido pela empresa issa baseou a escolha pelo JRPG Square; Eternal Sonata, da tri-Cre- em sua experiência pessoal como scendo e Tales of Symphonia, da gamer e decidiu trabalhar com Namco Tales Studio. “Estudo a nar- obras que conhecia bem. Ela acrerativa em si, focando o narrador, dita que, além do gênero que aboro foco narrativo e as personagens. dou em sua pesquisa, seria possível

cruzar os estudos literários com outros gêneros de jogos eletrônicos que contenham uma narrativa, porém em níveis diferentes. “Devese atentar ao fato de que determinados jogos, como Angry Birds, contém uma narrativa mínima, e nesse caso a expansão da análise não é viável pela própria falta de material para estudo”, aponta. Questionada sobre jogos lançados nos últimos anos e a preocupação em desenvolver gráficos e trilhas sonoras que poderiam deixar de lado a construção das narrativas dentro dos jogos, a pesquisadora defende que há uma procura por melhores histórias, mas que isso se traduz na busca por experiências melhores ao jogar. “Consequentemente, o gráfico e a música devem corresponder ao nível de imersão, dramaticidade e intensidade da narrativa que a história do jogo propõe. Portanto, eu diria que o destaque hoje é dado para a comunhão de todos esses elementos: a busca de uma melhor maneira de combiná-los para proporcionar uma experiência lúdica suprema.” Quanto aos livros produzidos para contar as histórias de alguns jogos (como nos casos de Resident Evil e Assassin’s Creed), Clarissa destaca que há sim uma modificação na questão do foco narrativo e da narrativa da obra, pois o transporte de uma plataforma a outra é uma adaptação que está sujeita à interpretação, por exemplo, do autor do livro. “Além do mais, jogo e livro são dois objetos em suportes diferentes, e essencialmente a maneira como se lida com narrador e foco narrativo é diferente para as duas”, diz.


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