quero
começar no azul onde derek jarman terminou seu espetáculo o meu não será transmitido pela bbc toda paixão seria imprecisa
antes mesmo de ser vida por isso quero
encho meu quarto de janelas preencho palavras em avarias forço os meus olhosde repente sou uma câmera espreguiçadeira de chumbo peito nu cachoeiras da memória em contínuo zoom em um ponto específico de uma esquina, de um estacionamento até que tudo vira azul de noite-letargia de melado-metileno ele saiu da minha casa agora pouco sua cueca cheirava a vida e tudo o que não cabe num varal de repente sou o vento secando aquelas roupas que ficam comigo e todos os sentidos tudo tão divino.
pois então se a visão é um oceano terminável quero dedicar isso aos azuis ursinhos de pelúcia enterrados como sonhos nos meus quintais. os últimos não têm sido fáceis: rotina velha deslizando entre corrimões relações automatizadas chaves, pertences acordo e tudo não está mais lá. naturalmente os ursinhos foram inventados o conteúdo em um grande catálogo misérias em fúcsia brilhante em que ônibus entro? quando aperto o botão? aonde desço? onde a improbabilidade é um luminoso passando pelo meu rosto enquanto procuro na minha vida o que vejo nos filmes tristes de joão pedro rodrigues aonde está o policial? aonde está o pastor?
é por garcia lorca e por todos os problemas que eu enceno essas cenas água descendo pelo corpo vento envolvendo motocicleta areia de praia no beijo grande beleza eterna que não é nenhuma dessas coisas todas essas luzes nuas dentre elas, a mais completa cor da flor de novalis do cheiro em gás etérea mesmo gosto de olívio que me despertava desejo em encanto e voz lascívia de corpo e estado líquido as vezes minha insegurança o olhava e ele não reparava enquanto reclamava de uma aleatoriedade para mim que olhava para o teto imaginava as horas ouvia seu namorado ligando, anunciando mais um fim olivio me acompanhou na saída mas nunca conseguiu ver a angústia que aqui dentro crescia.
estando em tudo aquilo que eu via pensando que nunca teria
coelhinho dormindo no meu colo azul de boteco e meia luz bêbada
espetáculo, era 1993
oriundos cenários falsos
foi alina
a primeira da minha vida
ouvia yuck de olhos fechados
e nos meus encontrava tudo o que eu não compreendia.
neuromancer era só um domingo foi o primeiro comprimido
adeus luzinha de tomada
cheiro de repelente amargo cortina com bichinhos
foi alina
uma maçã de amor
uma cartinha com ideias de super-poderes
embaixo de um pula pula
sempre perdíamos para ver quem pulava mais alto
e quando crescêssemos
seríamos herói e heroína
tenho certeza que seria alina a salvadora da minha vida.
se suicídio não cometeria
simeão, meu eu interno cruzaria as portas do inferno até acabar em residência artística
dois copos de vidro com água dois sorrisos de areia e lama
já virou uma música do tim vida velha
avenida pompeia dinossauro sou coleciono espaços sanidades e afetos sanas idades cidades
50 poemas de revolta eles acham que revolução é uma reunião fechada um encontro nichado onde a luz é tão clara que as pessoas não se enxergam enquanto ditam o que é visível o povo das salas escuras constrói paraísos como abrem os braços à procura do possível se a cidade pessoa fosse certeza em tudo teria no caminho entre furúnculos e espinhas.
foi jung
meu primeiro namorado imaginário a decadência era nossa trilha waguinho não me impressionava de primeira alina sempre gostava da cor violeta nossos corpos alcançavam o chão molhado pisávamos nos astros de pés descalços não tão doce quanto a do problema personificado em edgar essa dimensão, esse ar, esse vão como a dona da pensão que me cobra todos os meses a resposta para a angústia que tanto grito em madrugadas em luz, em gás e nada deixo as compras na geladeira todos me veem flecha que se aproxima teto que cai paredes esmagam. corrosivo espaço dimensões temporais descolo-me entre contextos conversas e trocas tentativas de dizer para o outro que ele não conhece o meu real.
todos tem a ideia do íntimo desabrochando como flor palavra de ordem e símbolo sagrado
da descoberta da rede em nós – fora de área.
toda a graciosidade
tônus e mistério o ar pesa no silêncio
uma faca corta o estrondo e esse vento faz meu coração bater
e também você.
waguinho me completa com a inércia do que penso, mas, sem coragem
não digo
unidame, psicóloga
me fez traçar uma força bastarda uma coisa tesa na garganta
deve ficar presa, parada?
não sinto nada
quero tudo
ouro falso ouro
vagabundo mundo
eu não consigo apagar o fogo das ideias dentro de mim logo, minha carne nas chamas
minha vida é reproduzir os filmes e viver em função deles.
estar no vídeo e não conseguir separar o sentimento do carnal logo, os filmes se tornam muito reais. como na busca de lovebird pelos sentidos os meridianos medidas quiçá já vividas a busca da mãe terra de figos e vespas vai ninar um mundo já letárgico enquanto canta baixinho em murmúrios se afundando em água de violeta de certa forma, sou o prisioneiro da cidade do mundo inteiro as vezes me iludo com o que crio do tudo e no sétimo dia vejo o que é bom descanso solene por uma eternidade que é de mim já que no primeiro separei a preguiça da luz e das trevas.
só a eletrônica pode tratar o sentimento a memória a imaginação eu, nascido no século nunca no ano nada sou o pacman daqueles que me cuspiram sou metáfora gráfica da condição humana os japoneses não sabiam que iam salvar o mundo com 100 ienes enquanto no futuro que já foi escrito a última carta fica travada no correio e é lida entre explosões.
nossa heroína faz o sinal da cruz e se dirige a porta pensando se esqueceu de fazer com a mão certa.
essa dança vai ser no mar como um noivo que chora ao ver a noiva no altar superproduções do amor comercial eu não quero amar ninguém.
eu sinto que essa casa vai desabar dentro de nós e essa casa que vai se construir dentro de mim e esse rio que deságua em mim e esse tango que não dançaremos mais eu quero chorar na sua frente waguinho
e que você conte todas as lágrimas do meu rosto e que as classifique do jeito que você quiser tenho certeza
da dor que sentes que só o coração latente
faz dança em um caminho certo seu corpo meu puxa
quem escapou pra rua
só o iluminar da lua na cena escura
quero olhar pro espelho que você tem no guarda roupa e encaixar meu corpo nas rachaduras que farei com meus próprios punhos.
hoje eu não quero dormir por que a gente é assim?
me responda, edgar me diga olívio
ou jung
até onde
esse mundo nos engole?
escrevo pra ti
todos os meus defeitos já nos encaramos antes
somos iguais?
hoje eu não quero ficar em casa vai ficar um tango no chão imundo de nós dois e pietá largada no chão da manhã nascendo. na sua porta cores frias dessa pintura que é a nossa vida
e todos os nuances aonde ela ruína.
quando almodóvar filmou a tourada ele conseguiu me visualizar sem escudo e nem espada,
todos nós trazemos uma criança morta dentro de nós
a primeira coisa que morre somos nós
a criança
e nós a guardamos
nós temos um cadáver de nós mesmos a criança
em nós.
tudo é vaidade
reinvento o que choro o que significo sento no empoeirado som das minhas memórias
adeus jung
adeus waguinho
adeus unidame
e seus conselhos me banho no sol em leite
em escadarias
sepulto em massa
todas as invejas
difração das minhas ondas
o compreender se torna
inoubliable.
edgar cavou um buraco em mim me levando para o ponto de ônibus no trajeto até em casa carregávamos cestas com vegetais do outono carregávamos a ventania e o piquenique do parque nas costas os finais dos filmes a noite de paixão que nos mata detalhes se ponderam perguntas amontoam histórias no esquecimento memórias que morrem aos poucos e nós, uns nos outros. estou apaixonado por você e por isso mesmo
quero te esquecer. é um ato de justiça um grito político de mãos dadas e caras pintadas
uma vontade do âmago eu preciso ser.
gravador de fita ligado
choro em rolos
dentro de um bar então é assim?
dizemos oi dizemos tchau
agimos automaticamente apertamos um botão e nos esquecemos um do outro? é tão fácil?
me ensina por favor edgar e suas mãos se entrelaçando com as minhas eu não resisto com o toque e pisávamos nos astros projetávamos na areia todos os nossos sonhos ele cantava titanic risen eu era o baby
eu era o benshi dessa vida desse filme enorme que na tela azul se começa em dor e cianotipia da vida videira verdade veraneia.
na porta
uma senhora
olha
o olhar escora
o vento embora
queria pegar uma câmera
analógica
e refazer as memórias
do fogo
fragile soul
o ingênuo em plataformas
bad boy
simple life
desco do ônibus
olhando seu rosto na janela
ele de mim se despede
o último xá da pérsia
me persegue na batalha
e esse corpo em brasa
nunca mais voltarei a essa casa
quero um diálogo entre amantes
um plano aberto
casualidades
café da manhã
seu olho aparece e boceja
sua boca aparece e olha
minhas visões aparecem e corta.
pensar e discutir o real
roberto piva
domínio público incinero o subúrbio
e a cotação desse dólar do trocado que sobra
pro spray jet enveneno
o muro de verdade
falo pelas metades
pois os cotovelos estão vermelhos de tanto acertarem
o rosto
do meu inimigo
essa não é
uma palavra de tristeza
pois o escritor no meu peito encontrou pra si a nobreza
não morreu de aids
não caiu em súbito
lucrou em estamparia
em azulejos minimalistas etiquetados, o xucro tédio
melhor seria matar o escritor
e reescrever o mendigo
licorice pizza
pontos de relação intima
quero sair dessa cidade
estou farto de muita coisa
essas impossibilidades
esses inconformismos um café meia xícara
eterna fusão
dos elementos um dia zé celso
um dia dé hidalgo pois
revitalizar o que resta
uma boite
uma noite um club meia dose
não o engasgo mas o regato
não a bandeja
mas o reflexo
eu não reescrevo
são novos furos
no mesmo raciocínio
que goteja na piscina
cheia de ratos
nas cascas de ferida raspo eu com a unha do indicador um número da sorte num punhado de sangue os livros que não ficaram no sebo da rua das flores e quando o verão acabou não teve rua nem teve flores
pois lovebird saira da cidade trazendo consigo apenas
umas balas de menta e um sanguíneo declínio os diretores decidiram aumentar a franquia como sempre fazem
só pelo dinheiro da propaganda a bilheteria
antes que fechem os cinemas e as igrejas alaguem em um tsunami cristão que desmancha o verão não teve rua
não teve flores não teve cidade
pois no autoritarismo d’esses moços castração em riste.
ninguém na francisca
corações ao alto um assalto apocalipse em berlim problemas
pessoas brancas
correm
facadas na mão na catraca um pulo em um muro
enfileirados
moradores de registro censura na tevê no ateliê
perco você de vista que nem augusto de campos
e alex flemming
podem salvar a oportunidade de tirar oxigênio de poeira
e claudia cardinale
e casa vulva.
everything but the girl
teen suicide
tetine
e uma enorme
perda de tempo
38 metros quadrados
me refugio
numa quitinete
de olhos fechados
esse é meu lugar
não pense que
sou maluco
a tara dos desconhecidos
nos lugares públicos
já vi esse filme antes
em preto e branco
uma sala
alaga
sonhos oh, honey baby
eu te amo
vou dizer que te amo
e esse sangue
nos manchará
e hoje não deu
pra comer com margarina.
os requintes da crueldade
na maioria dos crimes
todas as pombas brancas rodadas no espeto
cachorros assistem mais um domingo santo
e suas casualidades edgar me quer de quatro e todos os meus silêncios de repente sou uma tomada a ser plugada num coração
não há clique
pois os buracos não condizem e a parte elétrica que me cabe
não é um fio mas uma só veia lânguida
danceterias fecham aplicativos se deletam sua boca
a marca do dedo na tela o contato
é quase lá, uma meinha teatro oficina
que tira meu sangue entre meios aplausos.
roberto piva
era uma putinha
na minha vista
e é preciso viver
a não-poesia
tão bonitinha
você reparou
na bolsa?
nas linguagens do mundo?
na buceta sangrenta
que cuspiu a cultura
e a civilização
eu ainda não consigo compreender
quem tem medo
das guitarras elétricas
já as camisinhas
a igreja católica
em 1989 temia
há quem diga que hoje elas
são coisa antiga
pois o medo seria
a coisa amiga?
na liberdade associo
os substantivos
o eu de adjetivos.
é você
quem vai revolucionar minha vida
me seguindo no instagram
me chamando na dê eme
me fitando no vagão
no ônibus pra recife
me puxando pra cama
não quero café
não quero competição
te faço de padre conto meus segredos
te mando à merda
você sorri
“perdão, meu filho”
minha mãe me tirou da catequese
pois não parava de repetir
a palavra bunda
enquanto meus coleguinhas riam
no meio da homilia
coloquei molho de pimenta
no cálice de ouro
por simples acaso
os desconhecidos
dessa história toda
pintam a capela sistina com a própria porra todo o encanto.
quando o sol aqui não mais brilhar em um termômetro que meça a temporalidade enquetes do twitter
aqueles perfis anônimos 15 pessoas na balada que não beijei pois a chama da aceitação não cabia na fogueira e quando escorro o pus da light rio midnight eu assessorado bem desempregado parto para a luz do bar dou blecaute sonho purista cadê a vil isabel?
escuro é seu no breu
escorreu o museu de trás pra frente
cabaninhas verdes amarelas
galinhas voam só uma bala basta.
aberrar por uma questão de classe agrupar em uma tribo urbana esmalte preto vento na cara surfe no trem gillette na língua espetáculo da vida quando os pixadores invadiram a belas artes quando eles descobriram o brasil cobrindo as belas artes e o ideal de belo que no espaço havia ser um artista queria e realizar meu enterro numa praça cheia a mesma velha merda morta um vestido branco um serviço comunitário com os músculos da justiça
arrebento as correntes meu corpo dolente
faz um marginal TCC
antes de bater no chão.
caetano cantando currucucú paloma no fundo de um vulcão na beira de uma estrada facing the sun a watercolor of sound flowing down my own thoughts cuidados paliativos você está ou não está comigo?
tom misch cantando um homem como você só aparece na minha vida a cada realinhamento o de hoje foi nicolas atendente na livraria me recomendou o apartamento em urano por ele tudo eu compraria o apartamento de paul no centro de paris as estranhezas da afetividade o que constrói essa relação entre estranhos só a certeza.
as vezes sinto que já senti tudo o que podia
uma melodia em bohlen-pierce pra desenvolver
toda essa fadiga
em espaçamentos matemáticos.
a pragmática.
andei no trem fantasma
uma farpa na perna
infecciona
a antitetânica
a maca, a lona
o circo-fantasma
a vasconcelândia na minha cabeça
um paraíso interminável
mais doce como o creme
do sonho
o fundo molhado
de ir pra superfície
e respirar
o ato de retornar
e infeccionar
antes da mulher virar monga
a barca de ponta cabeça
o sorvete de casquinha nos dedos
sou todo ouvidos
o rosto no espelho
me persegue
ana frango elétrico
é ana cristina césar
nos meus sonhos
pintando bolinhas
com ketchup
e tylenol.
a narina sangra
pedal de reverb
botão de speed
no controle
ninguém ouve
o que ela diz
uma história
eu refiz
onde eu
era feliz
queria fazer
sonhos
condizentes acordar
xingando tudo
na loucura do não-viver
é uma pesquisa
é um adágio
é um catálogo de escolhas certerradas
feitas à oito mãos que nada alcançam.
interior brejeiro saudade
mundo inteiro
saudade não é uma palavra
traduzida em exato para outras línguas
sendo assim em português eu exprimo o mais profundo do que entendo que seja
compreender que o viver é sentir o intransitivo.
alina se foi com 23 anos. pulsos cortados
nenhuma palavra.
vou dançar o chá chá chá
na roleta
língua nos dentes faca esferográfica
corte mágico
decepo a biblioteca
o arquivo
o tabelião
e o gabinete de leitura.
a pelagem do tigre no coração do predicado felino-gato
lambendo magma unhando prédios
duelando com o reflexo de eu mesmo
na roda d’água
cadeiras hereditárias
a joaninha pousa
na barra da saia
esquina com o sexo morto pela cidade.
olívio voa.
pra lém de mim.
preto bebê
mamadeira mágica
infância fossa
papinha de concreto
borboleta violeta
circuncisada em touro
hábitos alimentares
preencheram
o design gráfico
da minha realidade
a pino
dois lobos enlaçados
antropofagia do psicológico.
edgaramargo
astral dor de barriga.
pq o mundo tecnológico
onde eu saía e me encontrava
pista, casas, cidade, nuvens checkpoints
música de amor eletrônica eu, a monogâmica
operadora telefônica
minha cyberpessoa
vai entrar no disco voador niteroiense e quebrar o teto de gastos e matérias.
waguinho ninguém sabe o porquê dizem os jornais – última edição.
eu ainda estou
na mesma fantasia de festival escolar eu com a minha guitarra e banda no palco cantando pra você
tudo o que eu não consigo dizer entre os pedais e os fios enrolados em papel alumínio
acorde-tempestade a plateia se choca virada de bateria do meu estômago.
34íngua/nada
uma mamada derramada no tédio da madrugada piercing na uretra dilema
aonde corto o fio vermelho?
planejava fazer uma viagem à belo horizonte com você passear num trajeto do seu queixo até a virilha
ambedos e anemoias, opia – o resumo de minha história.
“cê me leva até a estação?”
unidame e todos os poemas sobre ex-namorades
todas as combinações de palavras
adjetivos
pronomes pessoais
histórias inventadas eu, tu, nunca seriamos e amores inventados
coisas presentes baratos
chocolates aviões de plástico
buquês, banquetes, boquetes porquês e comida italiana
cena de animação
escrevi um haikai sobre um ex ficante que nunca me pediu em namoro
sua rotina, sua tatuagem
tantos detalhes, tantos capítulos
apenas o ponto final bastou como síntese no azedo do cálculo me perdi no raso de tanto mergulhar de tanto refazer as medidas à olho nu – luz vermelha do quarto
lençol amarrotado de sol gozado.
queimadura de cigarro
na sua foto escrito online melodrama – essa foi você quem me recomendou.
bolo de chocolate com cobertura de cenoura que fizemos
a primeira garfada você sorria
a última garfada, eu choro.
o que era comido?
o que era comida?
de rolês a rolés
um inseto morto caindo pelo ralo
me pega pelo braço
me leva de moto
num banho de chuva
notas açucaradas de lucinha turnbull
rockeando
sentir o peso do corpo desmaterializar em onomatopeias
tive que desamarrar os sapatos espetáculo da sinestesia
papila-pupila
papoula da Índia língua a língua
grampo na comunicação
boi na linha em desalinho largo frio da batata frita.
essa antologia de nados e sincronismos corrói é quando se fundem rocky horror city pop akira s.
e as cascas podres do tropicalismo.
autofalante no front quero ser a nova estrela da boca do lixo e morder a boca do luxo.
derrubar o muro que divide as zonas do rio de janeiro.
polvilhando sal
nas aspas as aftas antes e depois as eiras e beiras do lábio superior a ardência o relógio
vento marítimo
limpando o pulmão crônicas do dia a fila
atrofias bêbadas miríades celulares à prova d’água. quis comprar uma camerazinha analógica rosa barbie numa feira do rolo e colocar na minha bolsa de fuga.
contraditório e maravilhoso
esse resto de tabaco vai pros meus sonhos.
eu quero dar um beijo nas bochechas dos meus traumas
all-star fi-lo goodbye sesi senai.
um greatest-hits de não canções.
jean genet
noites de purquá e por quê
bala halls ao fio de baba
cabelo grudado na testa
mutualismo-eletrocardiograma
paradas cardiorrespiratórias
fica comigo
procuro em você a estrela cadente me foge o pedido.
pego um gravador e registro todas as batidas do seu coração rebobino a fita e as sincronizo com o meu.
essa é uma ideia de performance que derruba a ideia de eu te amo.
eu quero
tocar o íntimo do que me atravessa o olhar o lúdico.
escultura
sedimento
abstrato cimento
cinema momento sentimento
seu carinho em qualquer lugar.
o google maps ainda vai me levar até você.é essa emotividade que lhe faz chorar com pessoas mortas pessoas que inexistem esse fervor que lhe faz querer transar com todos provar todos os corpos que passam pelas luzes azuis. um necrológio sentimental? uma parafilia do âmago?
pronto pra me arrebentar nesse muro em alta velocidade.
eu sou da juventude sem rumo de braços abertos
tudo um experimento
gangue da bike
fazendo curvas
barba cabelo bigode
na nuca a boca chupa
size domination
música de novela
dancing avenida
método de evasão
hoje não saio de casa
se deus quiser
o cheiro tonto de verniz
no lóbulo
o branco do glóbulo
a última mordida
na barra de chocolate
vencida
açúcar e gordura
uma espinha espremida
por toda a vida.
sobre cassandra rios e as latas de pêssego em calda que não consegui terminar antes do natal
embebido em antigos amores me tranco no quarto com a garganta aos arranhões de tanto chorar vendo filmes devo questionar o movimento do meu corpo quando taco fósforos acesos na parede
ele não se segurava quando me via nu
me banhando em gasolina.
(12/2022)