O Real Edifício de Mafra

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Escola Secundรกria Gabriel Pereira Histรณria da Cultura e das Artes Joรฃo Pedro Duarte Pinho Nยบ13 11ยบI


1. Introdução Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de História e Cultura das Artes, no qual me foi proposto pesquisar e aprofundar conhecimentos acerca do Real Edifício de Mafra, monumento nacional e residência de D. João V e a restante família real, tendo em conta a sua história desde a sua construção em 1713, a sua classificação como Monumento Nacional em 1910 até à atualidade, na qual é considerado uma das Sete Maravilhas de Portugal desde a data de 7 de Julho de 2007. Para além da história, o objetivo fundamental do trabalho é conhecer a arquitetura da obra e indicar outras grandes obras que a influenciaram sempre que possível, sabendo que de acordo com a planta, se divide em dois sectores: o sector maior onde se situam a basílica, o palácio, os torreões, a escadaria da entrada da basílica; o sector menor onde se situa o mosteiro propriamente dito com o jardim central, celas, pátios e biblioteca.

2. Desenvolvimento 2.1 O Real Edifício de Mafra - Características arquitetónicas gerais O conjunto arquitetónico de Mafra ocupa uma superfície de cerca de 40 000 m2, e permaneceu durante séculos como a maior construção do país. A planta do Real Edifício de Mafra é constituída por dois sectores retangulares distintos, na qual a igreja ocupa a parte central. Este sector inclui o palácio, a igreja com os respetivos pátios e torreões, o refeitório, a enfermaria, a sala dos atos, a Capela do Campo-Santo, a Sala do Capítulo e dependências anexas. O sector mais pequeno compreende o convento propriamente dito, com celas, oficinas, cozinhas, anexos e pátios que rodeiam um jardim central e a biblioteca, obra excecional e construída posteriormente. A fachada, situada no setor principal, tem 220 metros de comprimento, sobressaindo a basílica, a partir da qual se estendem dois corpos compactos, com torreões cobertos por cúpulas bolbosas em quatro faces e óculos elípticos. Todo o conjunto é caracterizado pelas soluções austeras, a proporcionalidade e o equilíbrio.

2.2 Convento O Convento de Mafra foi mandado construir por D. João V, em virtude de uma promessa que fizera se a rainha D. Mariana da Áustria lhe desse descendência. O estaleiro para a sua construção foi iniciado em 1713, a partir do traço de um arquiteto de D. João V, Johann Friedrich Ludwig (em português, João Francisco Ludwig ou Ludovice) com um modesto projecto para abrigar 109 frades franciscanos, mas o ouro do Brasil começou a entrar nos cofres portugueses.

Os trabalhos da construção do convento ocuparam, durante anos, 13 000 operários em permanência, e nos dois anos finais cerca de 30 000. Com a chegada de materiais e matérias2


primas de todas as partes do reino, foram necessários 2500 carros de transporte, obrigando assim a uma melhoria das vias de comunicação. O convento foi consagrado no 41.º aniversário do rei, a 22 de Novembro de 1730, com festividades de oito dias, embora com a obra incompleta: faltavam o zimbório e as torres da igreja, e só estavam construídos metade dos corpos norte e nascente. Só quando o rei faleceu as obras se aproximaram do fim, mas sem estarem concluídas. Contudo, a construção é claramente o exemplo máximo da autoridade absoluta de D. João V.

2.3 Palácio Há quem defenda que a obra se construiu por vias de uma promessa feita relativa a uma doença de que o rei padecia. O nascimento da princesa D. Maria Bárbara determinou o cumprimento da promessa. Este palácio e o convento barroco dominam a vila de Mafra. Foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e uma das Sete Maravilhas de Portugal no dia 7 de Julho de 2007. O palácio era popular para os membros da família real, que gostavam de caçar na tapada. Atualmente decorre aqui um projeto para a preservação dos lobos ibéricos. As melhores mobílias e obras de arte foram levadas para o Brasil, para onde partiu a família real durante as invasões francesas, em 1807. O mosteiro foi abandonado em 1834, após a dissolução das ordens religiosas. Durante os últimos reinados da Dinastia de Bragança, o Palácio foi utilizado como residência de caça e dele saiu também no dia 5 de Outubro de 1910 o último rei D. Manuel II para a praia da Ericeira, onde o seu iate real o conduziu para o exílio. No palácio pode-se visitar a farmácia, com belos potes para medicamentos e alguns instrumentos cirúrgicos, o hospital, com dezasseis cubículos privados de onde os pacientes podiam ver e ouvir missa na capela adjacente, sem saírem das suas camas. No andar de cima, as sumptuosas salas do palácio estendem-se a todo o comprimento da fachada ocidental, com os aposentos do rei numa extremidade e os da rainha na outra, a 232 m de distância. O núcleo central é a basílica, cuja fachada se situa no cimo de uma longa escadaria, decorada com colunas, janelas e nichos, e encimada por um frontão clássico triangular, possuindo um pórtico de três arcos e duas portas que dão acesso a um átrio com uma estátua monumental. O equilíbrio da fachada de todo o edifício deve-se exatamente à relação entre as torres da igreja e os torreões do palácio. Dos dois lados erguem-se torres com três andares acima dos terraços, de paredes côncavas no primeiro andar e convexas no segundo, respeitando as ordens clássicas da arquitetura. O Palácio possui ainda dois carrilhões, fabricados em Antuérpia por ordem de D. João V, com um total de 92 sinos que pesam mais de 200 toneladas e são considerados os maiores e melhores do mundo. O interior da basílica é forrado a mármore e equipado com seis órgãos do princípio do século XIX, com um repertório exclusivo que não pode ser tocado em mais nenhum local do mundo; tem planta em cruz latina com capelas laterais, construída com equilíbrio e proporcionalidade e revestida com mármores policromos; a nave contém pares de pilastras caneladas que se elevam até às cornijas, como os arcos de volta perfeita das capelas. O átrio da basílica é decorado por belas esculturas da Escola de Mafra, criada por D. José I em 1754, na qual muitos artistas portugueses e estrangeiros estudaram sob a orientação do escultor italiano Alessandro 3


Giusti. Por cima do átrio basilical situa-se a dependência mais espetacular do palácio, chamada Sala de Benediction, revestida de mármore e coberta por uma abóbada apainelada, com três janelas rasgadas para o exterior e outras três para o interior, tal como na basílica de S. Pedro do Vaticano. Os retábulos têm baixos-relevos em mármore, revelando inspiração romana. No conjunto do edifício, é transmitido racionalismo mas também uma sedução pelos jogos de luz e sombra. O zimbório, que se ergue sobre o cruzeiro, foi a primeira grande cúpula construída em Portugal, decorada com florões e anjos, revelando a influência de Miguel Ângelo, na basílica de S. Pedro do Vaticano. O arquiteto Ludovice exprime o seu conhecimento da arquitetura da época na sua obra, o Real Edifício de Mafra, pois a arquitetura do real edifício de mafra foi influenciada por grandes igrejas barrocas do Centro da Europa (Alemanha e Áustria) através das cúpulas bolbosas dos torreões: a fachada da igreja baseia-se na de S. Pedro, de Carlos Maderno, e as torres sineiras nas de Santa Inês, de Borromini; os blocos laterais influenciados pelos palácios de Bernini e Fontana. Em suma, Mafra simboliza acima de todos os outros edifícios em Portugal, a estabilidade política do centralismo de D. João V, apoiado na riqueza da exploração do ouro no Brasil. FIG. 1 - Basílica de Mafra (Google images [1])

2.4 Biblioteca do Convento de Mafra

FIG. 2 - Biblioteca de Mafra (Google images [2]) O maior tesouro de Mafra é a sua biblioteca, com chão em mármore, estantes em estilo rococó e uma coleção de mais de 36.000 livros com encadernações em couro gravadas a ouro, graças à ação da Ordem Franciscana, incluindo uma segunda edição de “Os Lusíadas” de Luís de Camões. Abrange áreas de estudo tão diversa como a medicina, farmácia, história, geografia e viagens, filosofia e teologia, direito canónico e direito civil, matemática, história natural, sermonaria e literatura. Situada ao fundo do segundo piso é a estrela do palácio, rivalizando em grandiosidade com a Biblioteca da Abadia de Melk, na Áustria. Construída por Manuel Caetano de Sousa, tem 88m de comprimento, 9,5m de largura e 13m de altura. O magnífico pavimento é revestido de mármore rosa, cinzento e branco. As estantes de madeira estilo rococó, situadas em duas filas laterais, separadas por um varandim contêm milhares de 4


volumes encadernados em couro, testemunhando a extensão do conhecimento ocidental dos séculos XIV ao XIX.

3. Conclusão Concluindo, o Real Edifício de Mafra é o exemplo máximo da autoridade absoluta de D. João V e a sua superfície de cerca de 40 000 m2 do seu conjunto arquitetónico explica a sua permanência durante séculos como a maior construção do país. Foi construído sob ordem de D. João V, cumprindo assim o voto que fizera se a rainha D. Mariana da Áustria lhe desse descendência. O arquiteto do rei, João Francisco Ludwig ou Ludovice, de origem alemã projetou a obra revelando-se um conhecedor da arquitetura da época como a do Centro da Europa, italiana e portuguesa, influenciando-se em obras como a Basílica de S. Pedro do Vaticano de Miguel Ângelo entre outras, na construção da fachada e da basílica do edifício de Mafra.

Bibliografia Pinto, A. L.; Meireles, F. & Cambotas, M. C. (2012). Manual História da Cultura e das Artes, 1ª Parte, 11º ano, pp. 110-112, Porto Editora. Lisboa. Wikipédia, Palácio Nacional de Mafra (2012). Acedido a 30 de Dezembro de 2012, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_Nacional_de_Mafra Google Images (figuras obtidas no motor de busca Google), disponíveis em: http://www.google.com/imghp): [1] – O Convento de Mafra. Acedido a 30 de Dezembro de 2012, disponível em: http://www.geocities.ws/atoleiros/Mafra.htm [2] – Leituras a mil: Biblioteca do convento de Mafra, (2012). Acedido a 30 de Dezembro de 2012, disponível em: http://leiturasamil.blogspot.pt/2012/11/biblioteca-do-convento-de-mafra.html

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