Bons Sons - NRAEFFUL

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LUÍS FERREIRA, BONS SONS Estivemos à conversa com Luís Ferreira, o coordenador de produção e desenvolvimento da experimentadesign e director artístico do maior festival de música portuguesa, Bons Sons. Ele contou-nos um pouco sobre a história e a génese por detrás do Bons Sons, um festival 100% Português que vai agora para a sua 5º edição e tem lugar na pequena aldeia de “Cem Soldos” no concelho de Tomar. Por: João Ribeiro

Fala-nos um pouco sobre a génese do Festival, do seu conceito e de como veio parar à pequena aldeia “Cem Soldos” do concelho de Tomar? O BONS SONS é um festival dedicado à música portuguesa. Surgiu como todas as actividades da associação local surgem, por vontade da população de Cem Soldos. Em 2006, no âmbito das comemorações do 25º aniversário desta associação, o SCOCS (Sport Club Operário de Cem Soldos), vários jovens dirigentes criaram o BONS SONS muito à semelhança das festas de Arraial da região. Contudo, com uma programação muito mais criteriosa, com princípios e modelos muito mais exigentes e com o objectivo de desenvolver um olhar contemporâneo sobre o espaço rural.


Para além da música, o Festival tem uma causa social, cultural e ecológica muito forte. Em que medida é que o Bons Sons contribui para o plano de desenvolvimento de Cem Soldos? O BONS SONS é o projecto mais visível de Cem Soldos. No fundo, é o nosso embaixador. Comunica o nosso "bem-fazer" e dá-nos credibilidade. É, sem dúvida também, um projecto de capacitação. O festival tem crescido sustentadamente e a população de Cem Soldos tem crescido com ele. Associado ao festival já concretizámos vários planos de formação mas é sobretudo pela prática que esta equipa voluntária se tem transformado num grupo muito qualificado de "operários culturais". O festival, apesar de ser liderado por uma equipa de voluntários que se responsabiliza na íntegra pelo BONS SONS, já deixa na região mais de 750 mil euros. É um dos eventos mais importantes para a dinamização económica de Tomar e dos concelhos vizinhos. Caso nesta edição o festival consiga devolver à aldeia o investimento que esta tem dado para a sua criação, iremos levar a cabo os projectos sociais "Lar Aldeia" e CAAL (Casa Aqui Ao Lado). Estes são os projectos sociais que justificam o facto de sermos voluntários e de nos dedicarmos a este projecto de uma forma abnegada. A dimensão ecológica do festival existe essencialmente como resposta ao impacto que a criação de uma "cidade" para 40 mil pessoas pode provocar numa aldeia onde habitam menos de mil pessoas.

No que diz respeito à periodicidade do festival, esta é bienal, há a ambição de o tornar anual? Neste momento estamos focados na ambição de cumprirmos os objectivos desta edição. Depois desta, que é o fim de um ciclo de 5 edições, veremos qual é o formato mais indicado.

Existe uma necessidade de trazer até ao festival uma miscelânea de estilos e géneros musicais. O que podemos ouvir nos Bons Sons? O Festival BONS SONS oferece um cartaz actual, amplo e eclético. Cada edição, procura fazer um retrato da melhor produção musical portuguesa do momento. Música do presente que vive do aqui e do agora de todo o país. Música produzida em Portugal e aberta ao mundo, cantada em português ou noutras línguas. Há projectos sonoros que provêm de correntes artísticas variadas mas que têm em comum a vivência de um mesmo contexto e período. Queremos no BONS SONS a música do presente que desvenda um futuro. Nesta edição teremos 55 concertos que retratam a actualidade e versatilidade da música portuguesa.


O Bons sons já vai para a sua quinta edição, e desde então, tem havido um crescimento não só do cartaz como do número de palcos e o número dos participantes. Achas que esse crescimento está directamente relacionado com o facto da qualidade da música portuguesa ter vindo afirmar-se cada vez mais? Concordo, deve-se não exclusivamente à afirmação mas muito graças ao crescimento quantitativo e qualitativo da música portuguesa e à sua validação pelo público português. Sabemos que o nosso trabalho também tem contribuído para isso. Queremos ainda servir para catapultar a sua validação internacional.


Há uma singularidade em relação ao recinto do Festival. Este encontra-se perfeitamente integrado na aldeia de Cem soldos, numa clara relação harmoniosa com os seus espaços e os habitantes locais. Promovendo desta forma um ambiente bastante intimista. Queres contar-nos mais pormenores acerca disto? Este é um trabalho contínuo de coresponsabilização e decisão conjunta. A equipa do BONS SONS, maioritariamente de Cem Soldos, vai a todas as casas explicar as novidades do festival e tenta sempre criar soluções para todas as particularidades e constrangimentos de cada habitante da aldeia. O processo mais interessante foi quando tivemos que cercar pela primeira vez a aldeia, em 2010, onde toda a população passou a ter que usar uma pulseira para se identificar. Foi um processo mais fácil do que imaginávamos. Todos perceberam que era a forma de garantirmos a segurança de todos e a limpeza e qualidade da vivência de Cem Soldos.

E por fim, o que podemos esperar da edição deste ano do Bons Sons? Uma edição mais madura que mantém a qualidade do cartaz e a identidade do festival, conciliando-a com um crescimento significativo das condições logísticas. Queremos aumentar a vivência da aldeia. O programa, para além dos 55 concertos, reserva em si mesmo muitas surpresas que não serão comunicadas. Serão apenas para quem abraçar este projecto e estiver a viver a aldeia connosco.





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