Portfolio João Simões

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portf처lio Jo찾o Marcelo Lima Sim천es

Abril/2011




editorial Revista Scientific American 107

BRASIL

Abril 2011 www.sciam.com.br

MECANISMOS DA RESILIÊNCIA

Como a mente supera tragédias Recursos inatos asseguram sobrevivência e podem ser desenvolvidos

ARQUEOLOGIA

Achados na China revelam cenas da vida de dinossauros

COSMOLOGIA

ANO 9 no 107 R$ 11,90 Portugal c 4,90

Nave investiga mistérios e paradoxos de Mercúrio

Abril/2011


A RQU EO LO G I A

INVESTIGAÇÕES NO SUBSOLO REESCREVEM HISTÓRIA DE STONEHENGE Novas evidências indicam que o grande círculo de pedra teria sido parte de uma paisagem cerimonial muito maior Por William Underhill

74 Scientific American Brasil | Abril 2011

March 2011, Scientifiwww.sciam.com.br cAmerican.com 7575


PSICOLOGIA

A NEUROCIÊNCIA DA

CORAGEM GENUÍNA Quando uma tragédia se manifesta, a maioria de nós se recompõe de forma surpreendentemente boa. De onde vem essa capacidade de recuperação, conhecida como resiliência?

FOTOGRAFADO NO DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA E INSTITUTO DE NEUROCIÊNCIAS, UNIVERSITY OF TEXAS, AUSTIN (EUA); FOTOGRAFIA DE ADAM VOORHES

Por Gary Stix

30 c American Brasil | Abril 2011 30Scientifi Scientifi c American, March 2011

N

O OUTONO DE 2009, Jeannine Brown Miller voltava com seu marido para casa, após uma visita à sua mãe, em Niagara Falls, no estado de Nova York. Nas proximidades do campus da Niagara University, ela se deparou com uma barreira policial; mais à frente, luzes de ambulância piscavam. Jeannine sabia que Jonathan, seu filho de 17 anos, havia saído com seu carro. Mesmo não tendo a noção exata do ocorrido, alguma coisa lhe disse para parar. Perguntou a um

dos socorristas para verificar se no veículo havia a inscrição “J Mill”. Minutos mais tarde, um policial e um capelão se aproximaram, e ela sabia, mesmo antes de eles chegarem, o que iria ouvir. A perda do seu filho – resultado de um problema médico não diagnosticado, que provocou sua morte súbita antes mesmo de o carro chocar-se com uma árvore – foi devastadora. O tempo não passava, nos dias imediatamente seguintes ao falecimento de Jonathan. “A primeira semana parecia uma eternidade”, relata Jeannine. “Vivia minuto por minuto, nem mesmo hora por hora: simples-

EM SÍNTESE

A tradição sustenta que a resiliência psicológica aos estressores da vida é um evento razoavelmente raro, produto de genes afortunados ou da boa criação. Pesquisas sobre perda e desastres naturais descobriram, há

pouco tempo, que a qualidade da resiliência é, na verdade, relativamente um lugar-comum. As pessoas respondem com comportamentos diferentes ao pior que a vida pode oferecer; em outras ocasiões, alguns pode-

riam receber a classicação de narcisismo ou disfunção. Mas esses comportamentos – enfrentamento desadaptativo, como é chamado por um pesquisador – ajudam, no nal das contas, na adaptação ao período de crise.

A questão levantada é se as intervenções para o ensino da resiliência – programas já adotados nas escolas e no exército – são realmente de alguma valia, já que as pessoas se recuperam naturalmente por conta própria.

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tipo de sensor interno – vamos chamá-lo “termômetro de resiliência” – nos faz voltar ao equilíbrio. Bonanno expandiu seus estudos para além da perda. Na Catholic University e depois em Columbia, ele entrevistou sobreviventes de abuso sexual, nova-iorquinos que passaram pelos ataques de 11 de setembro e residentes de Hong Kong que escaparam da epidemia de SARS. Mas para onde quer que fosse, a história era a mesma: “Parece que a maior parte das pessoas está enfrentando muito bem o problema”. Emergiu, então, um padrão recorrente. No período imediatamente posterior à morte, doença ou desastre, um a dois terços dos sobreviventes manifestaram poucos, ou nenhum, sinais que merecessem a classificação de trauma: dificuldades de sono, hipervigilância ou flashbacks, entre outros sintomas. Passados seis meses, a quantidade que permaneceu com esses sintomas geralmente caiu para menos de 10%. Ainda assim, se a maioria dessas pessoas não carregava prejuízos duradouros. O que estavam sentindo? Elas escaparam sem cicatrizes? É difícil saber. Em 1980, a inserção do distúrbio de estresse pós-traumático no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders tendeu a restringir a visão dos psicólogos. O modelo estabelecido pelo manual diagnóstico fez com que os pesquisadores tendessem a estudar apenas grupos que satisfizessem a classificação habitual desse transtorno. A nova designação para trauma levou pacientes com sintomas de estresse a serem incluídos no mesmo diagnóstico, ainda que capazes de superar essa fase. Bonanno começou a investigar os sentimentos daqueles que não procuraram por ajuda psicológica. Os sujeitos na pesquisa em ciências sociais notoriamente distorcem as lembranças de eventos passados ao preencher questionários: quando colocam conteúdos em palavras, podem exagerar na nocividade dos eventos ou relembrá-los como claramente catastróficos. Para compensar, Bonanno iniciou os chamados estudos prospectivos, em que seguiu grupos de idades variadas antes que algum integrante morresse, técnica que ajudou na eliminação do que os psicólogos denominam viés de lembrança. Também começou a utilizar uma técnica estatística sofisticada – o modelo de mistura com crescimento latente –, possibilitando que delineasse de forma mais precisa o tipo específico de reação vivenciado pelas pessoas após o evento traumático. De maneira semelhante aos primeiros estudos de risos, essas investigações mais incisivas sobre o processo de perda detectaram uma vasta gama de respostas que não se encaixavam exatamente nas categorias destinadas a indicar uma adaptação saudável. Essa miscelânea impeliu Bonanno a rotular as respostas menos clássicas como “enfrentamento desadaptativo”. Algumas pessoas se envolviam com o “viés de autorreforço” – percepções infladas de quem elas eram e de como agiam, comportamento que, em outras circunstâncias, pode beirar o narcisismo. Ao enlutado, essas pequenas distorções podem servir para evitar a ruminação: Eu poderia ter feito algo diferente para prevenir o acontecido? A inflação do ego não é a única estratégia. Outros reprimem pensamentos e emoções negativos – e alguns simplesmente se convenFuracão Katrina pôs à prova a resiliência dos moradores de Nova Orleans. of California em São Francisco, Bonanno começou a pesquisar como respondemos emocionalmente à perda e a outros eventos traumáticos. Naquela época, a visão predominante sustentava que a perda de um parente ou amigo íntimo deixava cicatrizes emocionais profundas – e o luto freudiano ou um revigorante semelhante era necessário para que o enlutado retornasse à rotina normal. Bonanno e seus colegas abordaram o assunto sem preconceitos. Mesmo assim, durante os experimentos, não encontraram qualquer evidência de ferimentos psíquicos, dando origem à perspectiva de que há uma prevalência da resiliência psicológica e que esta não é apenas uma ocorrência rara em indivíduos agraciados com genes propícios ou pais abençoados. Essas considerações também suscitaram uma conclusão perturbadora: as versões modernas do luto podem, no final das contas, produzir mais prejuízos que benefícios. Em um exemplo de seu trabalho, Bonanno e seu colega Dacher Keltner analisaram as expressões faciais de quem perdeu pessoas queridas recentemente. Os vídeos não forneceram pista alguma sobre qualquer mágoa permanente que devesse ser extirpada. Como esperado, os vídeos revelaram tristeza, mas também raiva e felicidade. Repetidas vezes, a expressão das pessoas em luto mudava de melancolia para gargalhada e vice-versa. Os cientistas se perguntavam: essas gargalhadas eram verdadeiras? Eles colocaram as imagens em câmera lenta e procuraram por uma contração do músculo orbicular ao redor dos olhos – movimentos conhecidos como expressões de Duchenne, o que confirmaria se as risadas eram o que pareciam ser, e não somente um produto artificial de uma reação educada, mas insincero. Descobriram que os enlutados exibiam expressões verdadeiras. Outras pesquisas confirmaram essa mesma oscilação entre tristeza e alegria. O que isso quer dizer? Bonanno supõe que a melancolia nos ajuda com o processo de cura após uma perda, mas o luto contínuo, da mesma forma que a depressão clínica, é um fardo muito pesado para ser carregado, massacrando o enlutado. Assim, o interruptor interior evita que a maioria de nós fique presa a um estado psicológico inconsolável. Se nossas emoções atingem níveis extremos, um

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© FELIPE DANA/AP PHOTO/GLOW IMAGES

MARKO GEORGIEV Getty Images

Mulher tenta reaver seus bens em casa destruída por deslizamento de terra em Nova Friburgo, Estado do Rio, em janeiro de 2011.

cem de que poderiam ter dado conta de tudo que ocorreu. Outros ainda riam e sorriam dos acontecimentos, mesmo que muitos psicólogos considerem isso uma forma nociva de negação. Bonanno descobriu que o enfrentamento desadaptativo servia não somente para a perda familiar, mas também para civis bósnios em Sarajevo, logo após o conflito dos Bálcãs, e para as testemunhas do ataque de 11 de setembro às torres do World Trade Center. O pesquisador se deparou com pessoas como Fred Johnson, que se recuperou do desastre provocado pelo furacão Katrina. Johnson, 57 anos, sempre morou em Nova Orleans. Ao Katrina, respondeu auxiliando nos resgates pós-furacão no estádio Superdome. As filas ziguezagueando do estádio até o ponto de embarque dos ônibus que deixavam a cidade ofereceram um espetáculo inquietante. Alguns pais estavam tão perturbados ao deixarem o estádio que tentavam entregar seus filhos aos socorristas. Outros eficaram paralisados. Em um primeiro momento, horrorizado ao se deparar com essas cenas, Johnson se desesperou. Afastou-se da entrada da gigantesca estrutura e se rompeu em lágrimas. Tudo isso era simplesmente pesado demais. Então, alguns minutos mais tarde ele se controlou e o que chama de seu “controlador” assumiu as rédeas. Johnson explica: “Quando fico arrasado, acho que meu processo é o seguinte: vou chorar, até não ter mais lágrimas, e então voltarei ao trabalho, mas não ficarei chorando, chorando, chorando. Acho que é o meu controlador. É assim que me mantenho inteiro”. O trabalho de Bonanno ganhou notoriedade, mas nem todos estão convencidos de que a resiliência é tão inata quanto seus estudos sugerem. Alguns colegas alegam que sua definição do termo é muito ampla. Bonanno reconhece que adversidades na infância podem levar a consequências mais duradouras que as emoções passageiras produzidas pela morte de um familiar ou desastre natural. Mesmo assim, as reações da maior parte dos

adultos, tanto em virtude da perda do emprego, como de uma onda gigante, revelam que a habilidade de recuperação é a norma durante toda a vida adulta. SEJA AQUILO QUE PUDER SER

SE A RESILIÊNCIA é a regra para praticamente todos nós, e os 10% ou mais que, diante de um trauma emocional, não conseguirão se recuperar e, em vez disso, mergulharão em ansiedade e depressão? É possível treiná-los a fim de melhorar sua tolerância? Ainda não há consenso sobre isso, mas as evidências disponíveis sugerem precaução. Os psicólogos e socorristas que enfrentam cenários de desastre geralmente intervêm com uma técnica denominada “interrogatório sobre estresse do incidente crítico”. Exige-se que pessoas ou grupos comentem suas experiências, para livrá-los catarticamente dos sintomas de trauma nascentes. As vítimas do tiroteio da Columbine High School e do atentado de Oklahoma passaram por esses interrogatórios. Há mais de 15 anos, vários estudos vêm demonstrando a ineficácia da técnica, que ainda pode provocar danos. Às vezes, uma pessoa fragilizada em uma sessão de grupo pode passar o pânico aos outros, tornando as coisas piores para a maioria dos participantes. Após o tsunami no Oceano Índico, em 2004, a Organização Mundial da Saúde emitiu um alerta quanto aos interrogatórios. Eles poderiam induzir vítimas a se sentirem mais desgastadas. A experiência com os interrogatórios levantou questionamentos sobre a criação de novas e mais ambiciosas tentativas para desenvolver a resiliência, com a reunião de técnicas da psicologia positiva. A cerimônia formal de lançamento do movimento da psicologia positiva foi em 1998, quando Martin E. P. Seligman, professor da University of Pennsylvania, defendeu no encontro anual da Associação Americana de Psicologia que a doença mental não deveria

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editorial Revista Scientific American 106

NEUROCIÊNCIAS

Como a linguagem molda o pensamento

PISCICULTURA

Março 2011 www.sciam.com.br

Estratégias inovadoras trocam a terra pelo mar

ASTRONÁUTICA

Monte seu satélite com peças da loja da esquina

Combatendo a

obesidade ANO 9 no 106 R$ 11,90 Portugal c 4,90

O que a ciência diz sobre como perder peso e se manter saudável

Março/2011


Alex Soojung-Kim Pang tem doutorado em história

da ciência pela University of Pennsylvania e escreveu sobre a história da astronomia, ciência de campo e os impactos sociais das tecnologias emergentes. Ele é associado à Saïd Business School da University of Oxford e atualmente visitante na Microsoft Research Cambridge.

Bob Twiggs foi um dos fundadores do conceito dos Cube-

Sats enquanto esteve no departamento de aeronáutica e astronáutica da Stanford University. Desde 2009 é professor da Morehead State University em Kentucky. Twiggs é bacharel em engenharia elétrica pela University of Idaho e mestre em engenharia elétrica pela Stanford University.

D

���� ��� � S������ ��������� � ��� ��� ��������� ���������, há mais de 50 anos, grandes instituições têm dominado os céus. Quase todos os milhares de satélites em órbita terrestre são ou foram resultado de grandes projetos financiados por governos ou grandes corporações. Por décadas, cada geração de satélites é mais complicada e cara que a antecessora, com projetos mais longos, com infraestrutura de lançamento de satélite mais cara, estações de monitoramento globais, especialistas e centros de pesquisa. Em anos recentes, entretanto, melhoramentos na eletrônica, energia solar e outras tecnologias tornaram possível compactar drasticamente satélites. Um novo tipo de satélite, o CubeSat, simplificou e padronizou enormemente o projeto de pequenas espaçonaves e baixou os custos de desenvolvimento, lançamento e operação de pequenos satélites para menos de US$ 100 mil – uma fração de uma missão típica da Nasa ou da agência europeia Esa. Um CubeSat tem quase o tamanho de uma caixa de brinquedo – um porte apropriado, levando em conta que até recentemente a maioria dos cientistas considerava os CubeSats pouco mais que brinquedos. A ideia por trás dos CubeSats é dar aos desenvolvedores de satélites especificações padrão para o tamanho e peso e daí combinar muitos equipamentos – cada um feito por um grupo diferente de cientistas, estudantes de pós-graduação, engenheiros – em uma única missão, pegando carona em missões mais caras com algum espaço para compartilhar. O alto custo do lançamento de foguetes é, então, distribuído a todos os participantes, mantendo EM SÍNTESE

E S PA Ç O

Espaçonaves pequenas e padronizadas estão tornando os experimentos orbitais possíveis mesmo aos menores grupos de pesquisa

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Por Alex Soojung-Kim Pang e Bob Twiggs FOTOGRAFIA DE SPENCER LOWELL

Satélite Cidadão

Tecnologia padronizada para satélites está tornando as missões espaciais mais acessíveis e sustentáveis que antes. Esses CubeSats de 1 litro e 1 quilo são frequentemente feitos com componentes compartilhados entre pesquisadores. Eles também podem pegar carona em foguetes de outras missões. Os satélites podem levar apenas um ano para ser desenvolvidos

e capazes de ser ligados a redes de sensores espaciais. A maioria também mergulha na superfície da Terra após algum tempo relativamente curto, o que signica que não se tornarão lixo espacial. Universidade, empresas, países e mesmo pessoas interessadas poderiam fazer ciência séria em campos que vão da física atmosférica a experimentos em microgravidade.

Pesquisadores da University of California em Berkeley usaram a forma e tamanho padrão dos CubeSats no projeto sobre íons, elementos neutros, elétrons e campos magnéticos (à esquerda).

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P R O J E T O S D E C U B E S AT S

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Indústria Caseira da Ciência Espacial 1. Boa atitude. Alunos da Cal Poly testam sistema magnético para ajustar o sistema de voo de um CubeSat, em preparação para a CP6, uma missão lançada com sucesso em 2009.

imaginar que um satélite de rápida produção e do tamanho de uma caixa de sapatos mereça alguma atenção. O programa National Reconnaissance Office’s Colony 1, por exemplo, está usando um CubeSat para testar novas tecnologias antes de elas serem implementadas em uma nave maior. Outros cientistas estão desenvolvendo pesquisas farmacêuticas mais convencionais. O Small Spacecraft Office, da Nasa, sediado no Ames Research Center, no Vale do Silício, Califórnia, lançou dois CubeSats em 2006 e 2007, respectivamente, para testar a factibilidade de usar as ferramentas comuns de “laboratórios em um chip” em órbitas baixas e ver se seria possível para biólogos conduzir experimentos baratos em microgravidade. Três anos depois o grupo testou a eficiência de antibióticos em microgravidade – o primeiro passo para projetar uma farmacopeia voltada a longas missões tripuladas. E em julho de 2010, a companhia NanoRacks, sediada em Houston, instalou um suporte para CubeSats na Estação Espacial Internacional e agora arrenda espaço para empresas farmacêuticas e outras indústrias científicas interessadas em conduzir experimentos espaciais – assim como para instituições educacionais, incluindo um colégio. Alguns CubeSats são dedicados às condições meteorológicas e ao clima. O CloudSat, projetado por cientistas da Colorado State University, estudará a estrutura vertical das nuvens e sua formação em um período de dias, algo que os meteorologistas não conseguem fazer ainda. A missão Firefly, financiada pela National Science Foundation, empregará um detector de raios gama e um fotômetro para localizar flashes de raios gama terrestres, liberados da camada atmosférica superior para o espaço, principalmente durante as tempestades de raios. Tanto o CloudSat quanto o Firefly observarão fenômenos na troposfera, a camada atmosférica de 16 km de altura em que os seres humanos vivem. Outra classe de CubeSats estudará a termosfera. A termosfera é atingida pelo vento solar e sofre descargas coronais de manchas solares; seu limite superior sobe e desce dependendo da atividade solar. Essas mudanças podem

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interferir no desempenho de satélites de órbitas baixas: a estação espacial americana Skylab caiu em 1979, quando uma mudança brusca na termosfera aumentou o arraste sobre a estação e a tragou atmosfera abaixo. Dado que a Estação Espacial Internacional, o GPS e os satélites de rádio e televisão orbitam na termosfera, é tão importante entender essa camada para as comunicações e ciências quanto para decifrar os oceanos para o comércio global. Satélites maiores em órbitas mais altas não podem observar a termosfera diretamente; em vez disso, eles veem-na encravada entre a exosfera (a fina camada entre a Terra e o espaço) e a estratosfera (a camada diretamente abaixo da termosfera), enquanto instrumentos em foguetes de pesquisa tomam medidas diretamente, mas apenas na pequena coluna feita pela trajetória do foguete, e isso por poucos minutos. O primeiro CubeSat termosférico a ir para o espaço foi o SwissCube, da Suíça, lançado no fim de 2009. O SwissCube mede e mapeia os airglows (brilhos atmosféricos), uma tênue luz emitida por reações químicas e físicas na atmosfera superior, com o objetivo de ajudar os cientistas a entender melhor suas origens e filtrá-las mais precisamente quando forem estudar outros fenômenos atmosféricos ou terrestres. NOVA ECONOMIA DO ESPAÇO

������ � �������� ���� ���������� trazida pelos CubeSats tenha sido a introdução de um novo modelo de negócios na economia espacial. CubeSats de grupos diferentes são, usualmente, colocados juntos e lançados como cargas secundárias. Isso significa que os CubeSats são lançados apenas quando é conveniente aos proprietários da carga principal, mas o voo economiza dinheiro e distribui os custos entre muitos participantes. Além disso, como explica Kris W. Kimel, presidente e fundador da Kentucky Science and Technology Corporation, o baixo custo dos CubeSats “permite a você falhar e inovar. Essa é a chave do empreendedorismo”. O baixo custo criou uma alta tolerância a falhas durante todo o processo: para CubeSats, explodir na plataforma de lançamento ou

4. Vida. O CubeSat da Nasa Organism/Organic Exposure to Orbital Stresses, lançado em novembro último, demonstrará a capacidade para experimentos biológicos de baixo custo. 5. Rádio amador. Alunos da Universidade de Liège, na Bélgica, estão construindo o Orbital Utility para a Telecommunication Innovation em comunicação digital por rádio.

CORTESIA DA CALIFORNIA POLYTECHNIC STATE UNIVERSITY (1); CORTESIA DA EPFL (2); CORTESIA DA SRI INTERNATIONAL (3); CORTESIA DA NASA/AMES (4); CORTESIA DA UNIVERSIDADE DE LIÈGE, BÉLGICA (5)

2. Novo país. A Suíça lançou seu primeiro satélite em 2009. Construído por uma equipe de cerca de 200 estudantes, o CubeSat observou o brilho provocado por raios cósmicos na atmosfera superior.

3. Clima espacial. O Raio Aurora Explorer, lançado em novembro último, estudará como o vento solar afeta a ionosfera terrestre. A University of Michigan e a SRI International construíram o satélite.

não funcionar no espaço dói menos. E essas coisas acontecem: 14 cientistas estão experimentando implantar redes de CubeSats com CubeSats foram perdidos em 2006 em falhas de lançamento e satélites capazes de se coordenar e trabalhar juntos, em uma aboroutros nove não fizeram ou fizeram contato limitado com as esta- dagem parecida com bandos de pássaros em migração. Desenvolções em solo. “Se você perder um, certamente não irá gostar da vedores estão trabalhando na comunicação entre satélites para situação”, diz Kimel, “mas não é a mesma coisa que perder cinco permitir uma formação de voo, mesmo compondo correntes com milhões de dólares.” Satélites convencionais, por sua vez, são quilômetros de extensão para manter os satélites juntos. Final“muito grandes para falhar”, comenta Andrew Kalman, o presi- mente, a Defense Advanced Research Projects Agency está patrocinando um projeto de US$ 75 milhões de dólares em redes de Cubedente da Pumpkin e arquiteto chefe de tecnologia. Algumas missões levam essas atitudes um passo adiante: elas Sats para entender sob quais circunstâncias CubeSats podem subspõem deliberadamente seus CubeSats em órbitas autodestruti- tituir satélites tradicionais. Constelações estáveis de CubeSats vas para gerar dados interessantes. “CubeSats podem ir a lugares podem mesmo fornecer uma alternativa para instrumentos maiores: Gil Moore, professor emérito da Utah State Univeronde eles não sobrevivem muito”, nota Puig-Suari. VEJA COMO OS sity, enxerga a capacidade de “colocar uma coleção deles “Posso fazer um satélite descartável útil em localizaCUBESATS SÃO FEITOS que fará o que os telescópios espaciais Hubble ou o Webb ções perigosas. Não só é possível tolerar o fracasso, ScienticAmerican. foram projetados para fazer”. mas também tirar vantagem dele”. com/feb2011/cubesats Para aumentar a capacidade dos CubeSats, Paulo Dois exemplos dessa abordagem são missões que Twiggs ajudou a projetar. A primeira é uma colaboração entre Lozano, do Massachusetts Institute of Technology, desenvolveu equipes europeias, asiáticas e americanas, chamada QB50. O um pequeno sistema de propulsão eletrônica que permitirá aos consórcio lançará 50 CubeSats duplo-cubo no limite superior da CubeSats ser controlados. Outros estão trabalhando para docutermosfera. Durante vários meses, a fricção atmosférica deixará mentar os componentes dos CubeSats, o que reduziria os custos. Kalman considera que os cientistas serão capazes de tratar os satélites mais lentos, a órbita deles decairá e eles armazenarão informações sobre a composição química, densidade e tem- CubeSats como computadores pessoais: eles serão “uma fundação peratura da termosfera em altitudes progressivamente menores, sobre a qual as pessoas podem construir seus próprios aplicativos”. A ideia que CubeSats podem ser os PCs da ciência espacial – baraaté finalmente cair na Terra. O segundo exemplo é uma missão chamada Polar Orbit Passive tos, flexíveis, convenientes e padronizados – sugere um papel final Atmospheric Calibration Sphere. Ela lançará três CubeSats 3U e ainda mais revolucionário: presença amadora no espaço. Isso para medir o aquecimento da atmosfera pelos jatos solares. Con- pode vir mais cedo que o previsto: a nova empresa Interorbital Sysforme o satélite voa pela atmosfera polar, os cientistas verão as ór- tems, em Mojave, California, planeja oferecer kits CubeSat e lançabitas decair e esperam aprender como predizer melhor a relação mentos a órbitas baixas por menos de US$ 10 mil. “Amadores também terão a chance de participar”, avalia Puig-Suari. “As pessoentre a termosfera e a atividade solar. O tamanho relativamente pequeno dos CubeSats e seus siste- as começarão a construir seus próprios mini-Hubbles.” mas de comunicação relativamente fracos ainda impõem duros liPA R A C O N H E C E R M A I S mites sobre a capacidade de espaçonaves individuais armazenarem informações muito interessantes. Essa é uma das razões por CubeSat design specication revision 12. California Polytechnic State University, 2009. que a maioria das missões é de duplo ou triplo cubo, e por que O website ocial do projeto CubeSat: www.cubesat.org

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Avanços

Avanços SAÚDE

O Risco do Salto Alto Técnica de origem francesa ajuda a amenizar problemas provocados por má postura

Cientistas do Grande Colisor de Hádrons tentam solucionar um quebra-cabeça que eles próprios inventaram: por que as partículas às vezes voam em sincronia Em seus primeiros seis meses de funcionamento, o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) localizado próximo a Genebra, ainda precisa encontrar o bóson de Higgs, solucionar o mistério da matéria escura ou descobrir dimensões de tempo-espaço escondidas. Entretanto, revelou um quebra-cabeça tantalizador, que os cientistas tentarão decifrar assim que o acelerador voltar às atividades em fevereiro, logo após as férias. No último verão, os físicos perceberam que algumas partículas produzidas por suas colisões de prótons pareciam estar sincronizando seus voos, como bandos de pássaros. A descoberta era tão bizarra que “nós passamos o tempo todo tentan-

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do nos convencer de que aquilo que estávamos vendo era real”, diz Guido Tonelli, porta-voz do CMS, um dos dois experimentos de propósito geral do LHC. O efeito é sutil. Quando as colisões de prótons resultam na liberação de mais de 110 novas partículas, descobriram os cientistas, as partículas emergentes parecem voar na mesma direção. As colisões de prótons à alta energia no LHC podem estar encobrindo “uma nova e profunda estrutura interna dos prótons iniciais”, diz Frank Wilczek do Massachusetts Institute of Technology, ganhador do Prêmio Nobel por sua explicação sobre a ação dos glúons. Ou é possível que as partículas tenham mais interco-

mento da lordose lombar, dores nos joelhos, calosidade, joanetes e unhas encravadas, caso o sapato tenha bico no. t Com Co o uso continuado dos saltos altos, outros out problemas também podem manifestar-se, como deformidade no quadril, com tar efeitos no equilíbrio e mudanças na marcha efe de caminhada, levando a quedas. Na avaliação dos sioterapeutas Vidigal Gasparini e Mauro Pedroni Júnior, “o salto G mais ma recomendado para as mulheres que não conseguem viver fora das alturas são os sapatos sapato de salto meia pata, pois ele proporciona um conforto maior para os pés”. O salto mais incon dicado, avaliam, “é o Anabela, pois a distribuição a de peso nos n pés se dá de forma mais adequada”. A podoposturologia, técnica francesa da área da pod sioterapia sioterap capaz de reeducar e realinhar a estrutura do corpo, pode ajudar a amenizar essas diculdades. culdade Exames especícos prescrevem o uso de palmilhas palmilha proprioceptivas, que podem ser usadas tanto na prevenção como no alívio das dores e sintomas. A técnica corrige vícios posturais decorrentes dos desequilíbrios que afetam tanto atletas sedentários, segundo Gasparini e Pedroni quanto se Júnior, especializados l d em podoposturologia. As palmilhas são confeccionadas com um tipo de material usado em calçados esportivos de última geração, que oferecem sensação de conforto e bem-estar. A avaliação podoposturológica é realizada por sioterapeutas ao longo de várias etapas. – Pedro Nunes

NEURO CI ÊNCI A

Parkinson Pode Atingir Outros Órgãos Antes do Cérebro Pesquisa pode levar a previsões capazes de amenizar quadros agudos da doença

© CARLOS E. SANTA MARIA/SHUTTERSTOCK

Partículas em Bando

nexões do que as percebidas pelos cientistas. “Em energias elevadas como essa [do LHC] consegue-se um instantâneo de um próton com uma resolução espacial e temporal muito mais alta do que jamais foi feita antes”, diz Wilczek. Quando visualizados com essa qualidade de resolução, os prótons, de acordo com a teoria desenvolvida por Wilczek e seus colegas, consistem em um meio denso de glúons – partículas desprovidas de massa que agem dentro dos prótons e nêutrons, controlando o comportamento dos quarks, elementos constitutivos de todos os prótons e nêutrons. “Não é implausível”, diz Wilczek, “que os glúons nesse meio possuam uma interação, estejam correlacionados um com o outro e que essas interações sejam passadas para as novas partículas.” Se for conrmado por outros físicos do LHC, o fenômeno será uma nova descoberta fascinante sobre uma das partículas mais comuns de nosso Universo, a qual nossos cientistas pensavam conhecer muito bem. – Amir D. Aczel

COPYRIGHT DO CERN, EM BENEFÍCIO DA CMS COLLABORATION

F ÍS IC A

Boa saúde é fundamental para atividades cotidianas, e um dos principais problemas que diculta a vida dos brasileiros é a má postura, quase e sempre a vilã por trás das dores nas costas. Dados da Organização Mundial ndial da Saúde (OMS) apontam que 85% da a população mundial sofre de dores na coluna. Mas a postura inadequada pode ser a razão de várias rias outras diculdades, como dores de cabeça frequentes uentes e tensão muscular, quase sempre associadas ao estresse, mas que podem ser um alerta para problemas emas posturais. E se engana quem considera que ue os problemas posturais se restringem ao ambiente te de trabalho. É preciso levar em conta as atividades em que se permanece muito tempo na mesma posição, ção, na maneira de sentar-se ou em tarefas repetitivas como omo forma de evitar a má postura, o que pode ocorrer fora a do ambiente prossional. A prática de alongamento, o, de duas a três vezes por semana, associada a algum gum tipo de exercício físico, são atitudes capazess de reduzir esses problemas. Uma ameaça sorrateira, de combate mbate aparentemente difícil, é o uso de sapatos patos de salto alto, peças indispensáveiss no guarda-roupa feminino. O uso do salto l alto l faz com que uma mulher distribua maior peso e exerça maior pressão nos dedos dos pés, o que pode levar ao encurtamento nos músculos da panturrilha (batata da perna), provocar tendinite, fraqueza muscular, ruptura de ligamentos, entorse (virada de pé), esporões de calcâneos e tornozelos. Sem falar em au-

A Equipe do Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA) do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP – dirigida pelo professor Antonio Augusto Coppi – descobriu alguns dados sobre a doença de Parkinson que subvertem vários dos conceitos considerados até agora. A principal mudança é que essa enfermidade pode começar pelo sistema nervoso periférico e, a partir daí, afetar os órgãos inervados por esse sistema, sem qualquer relação com os neurônios, como se pensava. Posteriormente a doença pode evoluir para o cérebro.

Segundo Coppi, já que é possível que a doença comece por outros órgãos, sinais que antecedem os sintomas motores clássicos do Parkinson podem manifestar-se até seis anos antes, por exemplo: indigestão frequente, diculdade urinária, fezes ressecadas, deciência cardíaca, depressão e outras manifestações que ainda estão sendo consideradas. Os dados apontam que 30% das vítimas de Parkinson morrem de complicações periféricas como insuciência cardíaca, taquicardia e outros problemas do coração. “Os dois órgãos mais afetados com o desenvolvimento do Parkinson são o coração e o cérebro; mas agora há dúvidas sobre qual deles é afetado primeiramente” – avalia Coppi. O pesquisador acredita que indicadores biológicos prévios dessa doença neurodegenerativa grave podem permitir tratamentos que retardem ou minimizem os seus sintomas. – P. N.

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editorial Revista Scientific American 105

EXOBIOLOGIA

Contato com alienígenas pode não demorar muito

Fevereiro 2011 www.sciam.com.br

BRASIL

A verdadeira

revolução sexual

Fertilização interna de peixes que viveram há 375 milhões de anos mudou curso da evolução e alterou desenho de organismos SAÚDE

Indústria esconde ação de fumaça radioativa em cigarros

CONSCIÊNCIA Ê

100 trilhões de conexões viabilizam atividades do cérebro

E MAIS: Carta celeste do mês e o primeiro dos robôs cientistas

ANO 9 no 105 R$ 11,90 Portugal c 4,90

Fevereiro/2011


Alex de Sherbinin é pesquisador sênior do Instituto da Terra, da Columbia University, e vice-diretor do Centro de Dados Socioeconômicos e Aplicações da Nasa (Sedac, na sigla em inglês).

Koko Warner pesquisa mudanças climáticas, adaptações e migrações induzidas pelo clima no Instituto para Meio Ambiente e Segurança Humana da United Nations University (UNU). Charles Ehrhart coordena respostas globais a mudanças climáticas na Care International, uma organização sem ns lucrativos dedicada a aliviar a pobreza mundial.

MEIO AMBIENTE

Vítimas da Mudança Climática Alterações nos padrões de precipitação e mudanças nas linhas costeiras contribuirão para migrações em massa em escala inédita Por Alex de Sherbinin, Koko Warner e Charles Ehrhart

D

���� � ������ ��� ��������� ����������, ��������� �������� ���� ����� �������� � �����������. Há 4 mil anos, uma prolongada estiagem e a fome que veio em seguida a Canaã levaram Jacó e seus filhos a migrar para o Egito, preparando o palco para o famoso Êxodo comandado por Moisés. Três milênios depois, um longo período de seca e a falta de pastagem expulsaram os exércitos mongóis da Ásia Central rumo ao oeste, até a Europa, onde muitos se estabeleceram e casaram entre si. E, no século 20, o fenômeno conhecido como “American Dust Bowl”, catástrofe ecológica de tempestades de areia precipitada por seca e associada a políticas

Mudanças climáticas causadas por aquecimento global afetarão a subsistência de milhões de pessoas e muitas abandonarão sua terra natal.

Examinamos três regiões ao redor do globo que já começaram a sofrer os efeitos dessas alterações, levando muitos a migrar.

38 Scientific American Brasil | Fevereiro 2011

Prever exatamente quem se mudará e para onde é impossível, mas líderes podem adotar políticas para ajudar a aliviar o sofrimento inevitável.

TOM STODDART Getty Images

EM SÍNTESE

Migrantes: Família vaga pelas ruas de Chokwe, Moçambique. Enchentes cada vez mais frequentes obrigaram muitas pessoas a se mudar permanentemente. www.sciam.com.br 39


Na paisagem “extraterrestre” do lago Mono, com ambiente

E XO B I O L O G I A

CONTROVÉRSIAS EM TORNO DAS

hostil e hipersalino, pesquisadores alegam ter encontrado a chave que vai ampliar a abrangência do conceito de vida.

BACTÉRIAS ARSÊNICAS Microrganismo encontrado no lago Mono, na Califórnia, gerou expectativa além do razoável ao ser anunciado pela Nasa como descoberta importante na exobiologia

© WALLENTINE/SHUTTERSTOCK

Por Jorge A. Quillfeldt

EM SÍNTESE

A descoberta de bactérias que seriam capazes de substituir o fósforo por arsênico, apesar de expectativas exageradas, é notável. Mas se-

rão necessários mais estudos para conrmar a validade técnica dos experimentos. Ainda não conhecemos toda a vida terrestre ao nível

64 Scientific American Brasil | Fevereiro 2011

da resolução molecular. E a detecção de hipotéticos organismos exobióticos implica a busca de evidências moleculares “estranhas”.

www.sciam.com.br 65


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