Arte sobre foto de Pisit Heng/UNSPLASH
editorial: solidão! que resposta? p. 02 · A Importância de ir à Igreja p. 10
Ano XLIX | Série IV
PALAVRAS QUE EDIFICAM
edição 03 · MARÇO de 2021
JESUS CRISTO RESSUSCITOU? P. 03
P. 04
P. 08
A Vitória na Cruz
Como a Igreja lidou com epidemias nos séculos passados?
GESTÃO DE CRISE: TUDO NAS MÃOS DE DEUS?
EDITORIAL
SOLIDÃO! QUE RESPOSTA? HÁ A solidão forçada e há momentos em que gostamos e precisamos de ficar sozinhos. Portugal é um país que sofre profundamente com a solidão. As cidades cresceram à custa do movimento de pessoas que se deslocaram para as grandes cidades e por ali ficaram. O interior do país sofre de desertificação e por ali só vivem os mais idosos, muitos dos quais se encontram em lugares isolados. Há ainda outro factor que é a sociedade pós-moderna não ser intrusiva. As pessoas preferem isolar-se e terem como companhia os animais de estimação – os novos “parentes”.
renta tenta despertar os corações dos leitores: “Os bebés da Jóia já nasceram e devem estar disponíveis para adopção no final de Outubro”. Com a fotografia do cão aparece o apelo: “Estou com fome e não tenho onde dormir”. “Procuro uma família para toda a vida”. A conclusão lógica a que nos leva o altruísmo evidente nesta justa preocupação com os animais é simples: uma sociedade que se preocupa tanto com os animais, acolhendo de braços abertos os abandonados e escorraçados, preocupar-se-á com os seres humanos abandonados e desprotegidos?!
Para sermos mais objectivos focaremos os momentos de isolamento estratégico e necessário (tal como aconteceu várias vezes com Jesus) e a solidão encarada como abandono. Vivemos em cidades onde residem muitas pessoas abandonadas. Todos nós já tivemos contacto com notícias de idosos que permaneceram mortos em sua residência durante anos, sem que ninguém tenha dado pela sua falta. Um dos jornais da nossa cidade dedica uma coluna a animais que precisam de ser adoptados por uma alma caridosa e a mensagem ternu-
Talvez não. Esta sociedade revela mais carinho e cuidado com o animal de estimação, do que com o idoso que vive sozinho numa qualquer rua da nossa cidade. E se cada um de nós adoptasse um idoso como um dos nossos amigos e o visitássemos regularmente, disponibilizando-nos para o levar ao médico quando necessário ou ir com ele às compras uma vez por semana?! Então sim, estaríamos no bom caminho. Poderíamos desfrutar da companhia do verdadeiro animal de estimação, sem nos esquecermos do nosso semelhante.
Pr. António Gonçalves Pastor titular da Igreja Baptista de Leiria
Este assunto implica uma reflexão pessoal e colectiva, como discípulos de Cristo. Estamos conscientes de que na nossa família espiritual também há solidão e isolamento. Temos irmãos em Cristo, idosos, doentes e, em alguns casos, carentes do calor humano de uma visita, de uma oração, de palavras fraternas. Em relação a alguns irmãos, sou tentado a dizer que preferia ser o seu animal de estimação, do que o seu irmão idoso preso a recordações e em profunda solidão. Lembremos ainda aqueles que estão nas Instituições, cercados de tristeza e sofrimento humano, numa quase antecâmara da morte. Como eles anseiam ouvir uma voz e sentir o calor de um beijo! Ide visitá-los! Não esperem pelo momento de comprarem uma palma de flores para a despedida. Dispensamos a palma de flores, mas não o ósculo santo. “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo” Tiago 1:27 Nos próximos números abordaremos a solidão voluntária, com fins espirituais ou terapêuticos, tão benéfica e necessária para todos nós.
A REVISTA INFORMATIVA CRISTÃ FORTALEZA É PUBLICAÇÃO DA IGREJA BAPTISTA DE LEIRIA \\CONTRIBUÍRAM PARA ESTA EDIÇÃO: NEGÓCIOS JOAQUIM PAULO CONCEIÇÃO REFLEXÃO RUI FRANCO \\EQUIPA: EDIÇÃO JORNALÍSTICA JESSICA GERMANO TELES ARTE-FINAL JERFFESON ALMEIDA DIAGRAMAÇÃO EDSON PEREIRA FOTOGRAFIA PEXELS.COM, UNSPLASH. COM REDAÇÃO JÔNATAS GOMES, ANTÓNIO GONÇALVES REVISÃO Daniela Guedes Lopes CONTACTO (+351) 935 266 510 IMPRESSÃO Lizonline
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A VITÓRIA NA CRUZ PARA MUITOS cristãos parece estranho comemorar a morte de Jesus na cruz. A imagem de Jesus crucificado, com o seu corpo coberto de sangue, a coroa de espinhos na sua cabeça e o seu corpo traspassado por uma lança e por cravos, não nos remete à imagem do herói clássico.
foram os nossos pecados.
Para muitos, a imagem da Cruz ainda é uma imagem triste, de sofrimento e de derrota. Não existe visão mais errada do que essa. A morte de Jesus na cruz representa a vitória sobre a morte e sobre o pecado. Foi o golpe final de Jesus. Foi um ato de amor.
5. Temos de olhar para a cruz com arrependimento.
A história de Jesus homem começa na manjedoura, passa pela cruz, mas não termina na cruz. Jesus ressuscitou. Ele vive. Ao terceiro dia Jesus ressuscitou. A morte não o deteve. Jesus venceu-a. O pecado entrou no mundo pela ação de um único homem: Adão. O pecado foi vencido pelo sacrifício de um único homem: Jesus. Este é o significado da morte do Messias. Este é o preço que foi pago pelos nossos pecados. Somos salvos pela graça, mas isso não foi de graça, o preço foi altíssimo. Gostaria de fazer algumas considerações sobre a morte de Jesus na cruz: 1. Temos de olhar para a crucificação como um ato de vitória, de um Rei que se entrega, mas que tem todo o controlo da história nas suas mãos. 2. Temos de olhar para a cruz e saber que o que levou Jesus até lá
3. Temos de olhar para a cruz e saber que o que levou Jesus até lá foi o seu amor por cada um de nós. 4. Temos de olhar para a cruz com olhos de gratidão.
6. Temos de olhar para a cruz com o desejo de nos tornarmos crentes melhores. 7. Temos de olhar para a cruz e saber que Jesus ressuscitou. 8. Temos de olhar para a cruz e saber que ela representa a nossa vitória. 9. Temos de saber que a cruz é uma prova de amor. 10. Temos de nos lembrar quem estava naquela cruz. Parece ser tão simples, tão fácil de entender. Mas, na verdade, a doutrina da salvação é a doutrina que nos diferencia em muitos sentidos de outras religiões que se dizem cristãs. A morte de Jesus só faz sentido se ela for salvífica. A cruz carrega muitos significados e, por isso, quando participamos da Ceia do Senhor, participamos do Pão e do Vinho, que representam o corpo e o sangue de Jesus. Por esses motivos, porque entendemos o sentido de vitória que a cruz representa, é que podemos olhar para ela e celebrar.
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COMO A IGREJA LIDOU COM EPIDEMIAS NOS SÉCULOS PASSADOS? PARTE 1
Congregações em todo o mundo tiveram que se habituar aos decretos de prevenção dos governos, investir na programação e cultos online e dar respostas bíblicas às questões mais difíceis que angustiam o ser humano, como “porque é que Deus permite o sofrimento?” e “porque é que o justo sofre?”. Quando crises batem à porta, temos o costume de olhar para trás em busca de respostas na história das gerações passadas, que também vivenciaram angústias como as nossas. Os cristãos sempre fizeram isto; procuramos nas vidas dos personagens bíblicos o consolo, a força e o conselho espiritual para os nossos próprios desafios.
da Igreja durante surtos epidémicos, vemo-la a atuar na linha da frente, combatendo as pragas através da ajuda social e do amparo espiritual. “As igrejas, de modo geral, têm um histórico de solidariedade e de enfrentamento muito forte das pandemias. As igrejas evangélicas, sejam elas protestantes ou pentecostais, sempre tiveram uma postura muito séria em relação às crises epidémicas”, analisa o professor de Teologia da Universidade Mackenzie, Gerson Moraes, em entrevista ao Guiame. O professor afirma que os relatos históricos revelam como muitos pastores e ministros atuaram de
Em tempo de pandemia, seria sábio o Corpo de Cristo relembrar como a Igreja lidou com outras pandemias nos séculos passados, a fim de tirar lições que nos possam servir hoje.
A IGREJA PROTESTANTE NA LINHA DA FRENTE DAS PANDEMIAS Quando olhamos para a história
forma heroica nas pandemias – muitos até mesmo sacrificando-se para cumprir a sua missão. “Durante a Reforma Protestante, vamos encontrar o próprio Martinho Lutero a enfrentar uma epidemia de peste negra na Europa. Ele deixa registado em diversos momentos da sua obra a forma como lida com a situação de maneira pastoral; enterra pessoas, cuida de crianças que perderam os pais”, diz Gerson e conclui: “Este é o perfil histórico de um sacerdote protestante que lidou com esta questão”. Encontramos relatos de cristãos a ▶ Foto de Imagem: Calvin Institute of Christian Worship
O ANO de 2020 trouxe a maior crise epidémica das últimas décadas: a pandemia da Covid-19. O impacto foi tanto que alterou todas as áreas da vida, estabelecendo um “novo normal”. A adaptação a este novo contexto sombrio foi um desafio para todos, inclusive para a Igreja.
Igreja servindo como hospital.
SAÚDE
PESTE ANTONINA (166-189 D.C.) – ROMA A primeira grande epidemia enfrentada pela Igreja Primitiva foi a Peste Antonina, de 166 a 189 d.C., levada a Roma pelas tropas que regressavam da campanha contra os persas. A doença, provavelmente varíola, dizimou cerca de 10% da população. Em 189 d.C., a taxa de mortalidade diária chegou a 2 mil pessoas em Roma, de acordo com o historiador romano Dio Cassio. Segundo Glenn Sunshine, professor de História na Universidade Estadual do Centro de Connecticut, as pessoas da época já entendiam que a praga era contagiosa e, por isso, expulsavam os seus doentes de casa para
morrerem na rua e os ricos fugiam para as suas propriedades rurais no interior. O professor disse, em artigo para a Mission Frontiers, que os cristãos permaneceram em Roma para cuidar dos vizinhos doentes, mesmo sabendo que não tinham meios de se proteger contra a doença. Os cuidados básicos de enfermagem oferecidos pela Igreja salvaram muitas vidas e contribuíram para o rápido crescimento do cristianismo.
PESTE NEGRA (SÉCULO 14) – EUROPA E ÁSIA Do século XIV em diante, a Peste Negra assombrou a Europa matando milhões de pessoas. Em apenas cinco anos, metade da população do continente morreu vítima da doença. Nesta pandemia, a Igreja atuava na linha da frente, muitas vezes disponibilizando os seus templos para servirem de hospitais improvisados, onde ministros auxiliavam como enfermeiros leigos. Na era da Reforma Protestante, em agosto de 1527, a Peste Negra atingiu a cidade de Wittenberg na Foto Reprodução/Twitter/Marina Amaral
lidar com crises epidémicas desde a Igreja Primitiva até à Reforma Protestante; igrejas a abrir as suas portas para servir de hospitais, irmãos a cuidar de enfermos na própria casa e pastores a doar as suas vidas como verdadeiros mártires. Acompanhe a linha do tempo e perceba como foi a atuação da Igreja durante as principais pandemias da história.
Culto ao ar livre em São Francisco durante a pandemia da Gripe Espanhola, em 1918.
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Alemanha, morada de Martinho Lutero. Muitos moradores fugiram da cidade para salvar as suas vidas. Lutero foi aconselhado a fazer o mesmo, mas ele e a esposa Katharina, que estava grávida na época, decidiram permanecer para cuidar dos infetados. Em carta de 19 de agosto de 1527, Martinho Lutero escreveu: “Estamos aqui sozinhos com os diáconos, mas Cristo está presente também, para que não estejamos sós, e Ele triunfará em nós sobre aquela velha serpente, assassina e autora do pecado, por mais que ela fira o calcanhar de Cristo. Ore por nós e adeus”. Segundo Michael Whiting, diretor de conteúdo da Universidade Dallas Baptist, em artigo para o site da mesma universidade, embora o reformador se tivesse recusado a fugir da praga para cuidar de doentes na sua própria casa, Lutero recomendava aos fiéis que seguissem as medidas de proteção contra a Peste Negra. Martinho dizia que as orações de fé deveriam ser oferecidas pela misericórdia de Deus junto com as práticas responsáveis de saneamento, medicação e isolamento social para “não ser responsável pela própria morte ou de qualquer outra pessoa”. E, embora ele seguisse os conselhos médicos tanto quanto possível, dizia que “não negligenciaria os seus deveres como cristão e pastor”. Caso o seu vizinho precisasse dele ou alguém necessitasse de conforto quando estava doente ou a morrer, era seu dever estar presente. E afirmava contundente: “Se fosse a sua hora de morrer, Deus saberia onde encontrá-lo”. Martinho Lutero e Katharina sobreviveram à epidemia. Fonte: Guiame, Cássia de Oliveira. Atualizado: sexta-feira, 12 março de 2021 as 4:19
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JESUS CRISTO RESSUSCITOU? Pr. Rui Franco É membro da Igreja Baptista de Leiria
Se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé; ... Mas, de facto, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo Ele as primícias dos que dormem. (1Co 15.14 e 20), A RESSURREIÇÃO de Jesus é o facto histórico mais afirmado e mais contraditado de todos os tempos, pois se contam por milhares de milhares os livros, e por milhões de milhões os textos que têm sido escritos para o confirmarem ou negarem. Porém, as provas da ressurreição de Jesus são muitas e incontestáveis, conforme declarou o Evangelista Lucas, após acurada investigação (At 1.3). A primeira prova, quando elencada por ordem cronológica, é a constatação, naquela memorável manhã, de que o túmulo estava vazio, apesar de ter sido selado e bem guardado pela autoridade romana. Há, porém, outra prova concomitante à mesma ordem temporal: O túmulo não estava vazio. É verdade que estava vazio relativamente ao corpo que ali fora sepultado, mas não estava completamente vazio, pois guardava despojos significantes do facto transcendente que ali acontecera, conforme o testemunho, em primeira mão, do Apóstolo João (João 20.1-10).
É importante notar que neste depoimento, o Evangelista João emprega três verbos diferentes com significados diferentes (da mui expressiva língua grega do Novo Testamento) para descrever o que Maria Madalena, Pedro e o próprio João viram dentro do túmulo naquela hora inolvidável. 1º. Nos versículos 1 e 5 o Apóstolo emprega o verbo grego blepô/ blepei que significa ver no sentido físico da visão / olhar e ver de relance. Os primeiros discípulos que naquela madrugada chegaram ao túmulo veem, com espanto e consternação, que a grande pedra de fechar a porta fora rolada e que o corpo de Jesus não está lá. A primeira perceção é de que o corpo terá sido removido, pois a guarda pretoriana colocada para guardar o sepulcro também já não estava ali. Por isso, a aflita Maria correu mais do que as outras mulheres para comunicar a Pedro e a João o que tinha visto: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram (v.2). Quando João e Pedro chegam ofegantes e olham, têm a mesma perceção visual de que o corpo do Senhor não está no túmulo. 2º. Nos versículos 6 e 7, porém, o Evangelista emprega o verbo grego theôreô/theôrei que significa observar atentamente com sentido de prova (de onde deriva ▶
Foto de Pisit Heng/UNSPLASH
REFLEXÃO a palavra teorema). Pedro, sempre animoso, entra de imediato para ver se encontra evidências explicativas do que terá acontecido. Os discípulos, observando atentamente, reparam que algo não se harmoniza com a primeira conclusão. São os panos... Um corpo retirado à pressa não seria levado nu, nem por amigos nem por inimigos; nem o despojo dos panos que envolveram o corpo poderia ter ficado como agora os veem. Os lençóis de linho estão jacentes (palavra grega, difícil de traduzir, empregada para configurar um corpo quando jaz na morte) como se estivessem ainda envolvendo o corpo do Senhor. O lenço que ficara ao redor do seu rosto está enrolado na mesma forma, no lugar mais elevado, tal como tinha sido colocado. (Sendo a morte por asfixia, como era o caso da crucificação, a boca fica sempre aberta; por isso ata-se um pano à volta do rosto para posicionar o queixo, como ainda hoje se procede). Tudo isto era muito estranho e incompreensível porque, conforme observação posterior no versículo nove, ainda não tinham compreendido a Escritura de que era essencial a sua ressurreição dentre os mortos. Por isso, Pedro se retirou admirando consigo aquele caso. (Lucas 24.12) 3º No versículo 8, João emprega o verbo grego hôraô/heiden que significa perceção mental / compreensão intelectual. João viu, observou atentamente, ponderou e concluiu que estava perante assombrosa evidência da vitória de Jesus sobre a morte. Pelo exercício da razão e pelo convencimento da fé, o Apóstolo aceitou como certo que o corpo do Senhor rompera as cadeias da morte e saíra, atravessando a
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mortalha que o envolvia e a pedra que fechava a boca do túmulo. Por isso João declara que viu e creu, usando o tempo verbal aorístico ativo para significar um momento único e definitivo. A partir daquele momento até ao dia de hoje vão-se multiplicando os testemunhos incontestáveis ... ... O testemunho daqueles que o viram, ouviram, tocaram o seu corpo glorioso e que têm experimentado através dos séculos, ou ainda hoje experimentam, a presença vivificante de Cristo nas suas próprias vidas; ... O testemunho daqueles que creem e esperam na promessa do próprio Jesus Ressuscitado de que todos os povos da terra se lamentarão quando virem o Filho-do-Homem chegando nas nuvens do céu com poder e majestosa glória (Mt 24.30) e que todo o olho o verá, até aqueles que o trespassaram (Ap 1,7); ... O testemunho daqueles que sabem, como afirmou mais tarde o mesmo Apóstolo João, que quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque como Ele é agora o havemos de ver (1Jo 3.2). ... O testemunho daqueles que, em inteira certeza de fé, podem exclamar com o Apóstolo Paulo até à morte, grande e fiel testemunha da Ressurreição do Senhor Jesus (1Co 15.51-57): Quando este corpo corruptível for revestido da incorruptibilidade, e quando este ser mortal estiver revestido da imortalidade, então se cumprirá a palavra da Escritura: Tragada foi a morte na Vitória (da ressurreição de Cristo)! Louvado seja Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo! ALELUIA!
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GESTÃO DE CRISE: TUDO NAS MÃOS DE DEUS? Joaquim Paulo Conceição É CEO do Grupo NOV, professor universitário e membro da Igreja Baptista de Leiria.
EXEMPLOS DE LIDERANÇA COMPETENTE EM SITUAÇÃO DE CRISE
EM SITUAÇÕES de crise, como a atual, sentimo-nos humanamente impotentes, em desespero, e como sempre que não conseguimos explicar ou fazer algo extremamente difícil, deixamos nas mãos de DEUS. Talvez por isso me socorri de alguns exemplos bíblicos para procurar alguma luz no escuro túnel da gestão das crises que precisamos de atravessar (empresas e pessoas).
O CONHECIMENTO É QUE CRIA RIQUEZA. Salomão, filho do rei David, foi um grande rei, um poeta e um homem muito rico. Em linguagem bíblica, um homem abençoado. Deus disse a Salomão que poderia pedir o que quisesse e, em vez de lucros e riqueza imediata, Salomão pediu SABEDORIA. A sabedoria foi concedida e a riqueza apareceu como consequência. A formação adaptada aos novos desafios foi, e será sempre, um dos requisitos para ultrapassar as crises e criar riqueza em contextos difíceis. Podemos ser obrigados a desengordurar as nossas estruturas, mas as competências que permanecem têm de ser robustecidas. Sem mão-de-obra qualificada a luz do túnel não acende. Cuidado, não confundir qualificada com cara! Não tem de ser a mesma coisa!
NÃO BASTA TER VISÃO, É PRECISO AÇÃO A história de José do Egipto é das mais fascinantes de sempre. O benjamim da família, vendido pelos irmãos e dado como morto ao pai, depois de várias outras injustiças, chegou à prisão no Egipto. Ali fez bons amigos e re- ▶
FORTALEZA { 9 } Foto de Headway/UNSPLASH
NEGÓCIOS
velou-se um homem de visão. O rei sonhou com 7 vacas gordas e 7 vacas magras, José interpretou a visão. Depois de 7 anos de fartura iriam seguir-se 7 anos de fome em toda aquela região. Ora, quantos de nós gestores, durante a altura do crédito fácil e das vacas gordas, fizemos algo para salvaguardar tempos piores? Por acaso não sabíamos que também existem tempos maus? Sabíamos, mas fizemos pouco, porque a abundância é má conselheira e todo este desastre nos apanhou desprevenidos. Mais do que interpretar a visão, José foi Vice-Rei do Egipto e durante os 7 anos de fartura implementou um rigoroso plano de prevenção e o resultado foi claro: quando todos estavam em “vacas magras”, o Egipto de José era a grande exceção. Ter umas ideias, fazer umas reflexões, escrever uns artigos podem ser boas formas de construir uma visão, mas, neste contexto, é sobretudo de ação que precisamos. Todos mandam umas bocas mas, nas dificuldades, poucos dão a cara agindo com clientes, com fornecedores, com bancos e outros stakeholders. É difícil, mas alguém atravessa um túnel parado?
AS DIFICULDADES DESPERTAM AS COMPETÊNCIAS Este subtítulo parece um disparate. Na realidade, quando aparecem as primeiras dificuldades são normalmente as incompetências da gestão que aparecem a nu, aquelas que estiveram escondidas durante a etapa da falsa abundância. Mas as dificuldades podem também aguçar o engenho, senão vejamos: O jovem David desceu ao campo de batalha com os filisteus, procurando os seus irmãos que estavam envolvidos na batalha. O cenário era de desastre, o povo de Israel estava muito próximo de uma derrota que o levaria ao cativeiro. A arrogância do adversário levou a que o resultado da batalha dependesse da existência de um soldado israelita que derrotasse um gigante guerreiro filisteu, de nome Golias. Como quase sempre acontece nas dificuldades, a audácia desaparece e o medo instala-se. Só o franzino David se ofereceu para combater com Golias. Era um especialista na utilização da funda, competência adquirida enquanto pastor, muito impor-
tante para proteger o rebanho da agressão das outras feras. David encontrou um ponto fraco no adversário, uma parte da cabeça estava desprotegida. Quando parecia impossível a vitória sobre o gigante, David usou a funda e o gigante caiu a seus pés. Se David não adaptasse competências existentes às novas realidades, se não tivesse visão e ação, a luz da vitória ao fundo do túnel do desespero jamais acenderia. Salomão, José e David foram homens de Deus, que em situações de desespero se recusaram a deixar tudo nas mãos de DEUS. Contaram com a Sua ajuda, nada teriam feito sozinhos, mas nada teria acontecido se não tivessem ousado pensar e agir. Deixei três exemplos inspiradores para a gestão em crise, sabemos que não fazemos tudo bem feito e que os próximos tempos vão ser ainda piores, mas os bons resultados apresentados não apareceram porque os intérpretes desistiram de lutar em momentos adversos. Façamos a nossa parte. Mãos à obra e que Deus nos ajude!
8 DICAS PARA O SEU GRUPO DE LIGAÇÃO DE ACORDO com o livro “Oito hábitos do líder eficaz de Grupos Pequenos”, de Dave Earley, existem mecanismos para melhorar cada vez mais o seu Grupo de Ligação. Abaixo temos uma lista com algumas atitudes para líderes: 1. Sonhe em ter um grupo saudável e que se multiplica. 2. Ore por todos os membros do seu grupo diariamente. 3. Convide novas pessoas para visitar o seu Grupo de Ligação Online. 4. Entre em contacto com cada um dos seus liderados. 5. Prepare-se para todos os encontros com o seu grupo. 6. Oriente uma pessoa para se tornar um líder em treinamento. 7. Organize atividades para a comunhão do Grupo 8. Mantenha o compromisso com o seu crescimento pessoal. Coloque as oito dicas em prática no seu grupo e conte-nos como tem sido!
REFLEXÃO
A IMPORTÂNCIA DE IR À IGREJA HÁ UMA crescente teoria de que não é preciso viver em comunhão numa igreja local. Cremos em Deus, temos acesso a cultos e estudos pela internet e, por isso, não precisamos de ser membros da antiga igreja que frequentávamos. Isso está fora de moda. Um crente genuíno, fiel à Palavra do Senhor, sabe que isso não é verdade. O salmista, em pelo menos duas oportunidades, fala sobre a importância de ir à igreja: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Salmo 133.1); “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor.” (Salmo 122.1). Se esse tipo de pensamento tem passado pela sua cabeça, ore. Peça ao Senhor que renove o desejo do seu coração em estar na
Sua casa. Busque a comunhão na sua igreja local, reaproxime-se. É ao lado de outros crentes que iremos crescer, aprender, ser fortalecidos, amparados e viver na alegria do Senhor. “Todo o crente que passa por um avivamento pessoal procura estar vinculado a uma igreja local. Toda a igreja local que passa por um despertamento espiritual procura buscar os que estão desgarrados e integrá-los amorosamente na comunidade. [...] Um crente revitalizado e avivado sabe que a vida cristã é vivida em comunidade. Ele precisa dos outros crentes para crescer e permanecer na fé. Ele precisa da comunidade para sustentar a sua família. Ele precisa da igreja local para ajudar na evangelização e fortalecimento da sua vida, do seu lar e da sua descendência.” Foto de Sincerely Media/UNSPLASH
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#TEMPODELAZER
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PARA LER, VER OU ASSISTIR/ #TEMPODELAZER Jerffeson Almeida É designer, analista financeiro e membro da Igreja Baptista de Leiria
CHEGAMOS A mais uma edição desta coluna. Na anterior, sugeri alguns filmes que espero que tenham sido edificantes e proporcionado bons momentos em família. Nesta edição, darei sugestões de livros com temáticas bem diversas, desde Teologia, Psicologia até Fábulas. Todos estes livros existem na Livraria Baptista. Caso alguém queira encomendar, poderá aceder através do link www.livrariabaptista.com.pt . 1. Evangelho Maltrapilho O evangelho maltrapilho foi escrito para pessoas aniquiladas, derrotadas e exauridas. Pessoas que se acham indignas de receber o amor de Deus. Quem sabe, ignoradas pela comunidade de cristãos por não se encaixarem no perfil de super-homem ou de super-mulher que lhes é constantemente exigido. Pessoas cansadas da espiritualidade superficial e consumista. Pessoas que travam inúmeras batalhas interiores por não se sentirem parte de uma comunidade afetiva e acolhedora. Franco e provocador, o aclamado filósofo e teólogo cristão Brennan Manning estreia-se em língua portuguesa com a sua principal obra, que nos convida a depositar a nossa esperança na amplitude da graça, capaz de alcançar pecadores e pobres em espírito, e de resgatar a nossa dignidade original. No mínimo, não ficará indiferente a esta obra.
2. As cinco linguagens do amor A correria do dia a dia e o trabalho podem levar-nos a não expressarmos o amor que sentimos por alguém. Esquecemo-nos de fazer elogios, de oferecer um presente «só porque sim», de dar um abraço mais longo do que o costume. Os gestos dizem «amo-te» ou não existem ou não bastam. Este livro ensina-nos a expressar o amor – e a ouvi-lo – de forma inequívoca. Sem malabarismos. Sem psicanálises. Simplesmente aprendendo a expressá-lo na linguagem da nossa cara-metade. As 5 Linguagens do Amor vendeu mais de 11 milhões de exemplares em todo o mundo e transformou inúmeras relações. Transmite ideias simples, com clareza e humor, tornando-se uma obra prática e acessível. Deixe-se inspirar por histórias reais e encorajar por estratégias descomplicadas.
3. O discípulo Radical O discípulo Radical - Para muitos, é uma grande surpresa descobrir que os seguidores de Jesus Cristo são chamados "cristãos" apenas três vezes na Bíblia. Obviamente que sabemos que as palavras "cristão" e "discípulo" implicam um relacionamento com Jesus. Mas, por que razão "discípulo radical"? Para John Stott, a resposta é óbvia. "Existem diferentes níveis de compromisso na comunidade cristã. O próprio Jesus ilustra isso ao explicar o que aconteceu com as sementes na Parábola do Semeador. A diferença está no tipo de solo que as recebeu. A semente lançada em solo rochoso não tinha raiz.”. Evitamos o discipulado radical quando somos seletivos: escolhemos as áreas da nossa vida nas quais o compromisso nos convém e ficamos distantes daquelas nas quais o nosso envolvimento tem um custo elevado. No entanto, como discípulos não temos esse direito.
4. As Crônicas de Narnia Há uma legião de fãs da saga que conta a história dos quatro irmãos nas suas aventuras pelo mundo secreto de Nárnia. Muitos identificam as referências cristãs existentes na história, outros nem imaginam que por trás da fábula de C.S. Lewis, há valores Bíblicos e personagens inspirados nas Sagradas Escrituras. As Crónicas de Nárnia foram escritas entre 1949 e 1954 pelo então professor irlandês C.S Lewis. Considerada uma obra prima da literatura infantil com as suas vendas atingindo mais de 120 milhões de cópias em 41 idiomas. Concebida durante a II Guerra Mundial, a temática surgiu depois de C.S. Lewis ter abrigado em sua casa quatro crianças, que fugiam da guerra em Londres. Preocupado com a educação daquela geração que crescia afastada dos pais, e notando o fascínio que uma temática fantasiosa exercia sobre aquelas crianças, começou então a contar algumas histórias para os irmãos e elas deram certo.
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