ESTE FANZINE FOI PENSADO E PRODUZIDO PARA VOCÊ QUE QUER SE AVENTURAR NESTE MUNDO MÁGICO QUE É O UNIVERSO ZINE.
Zine? É um veículo de comunicação alternativo e independente, reproduzido em pequenas tiragens e distribuído para um público segmentado de maneira fora dos padrões convencionais. Por abrir mão da maneira formal de se produzir informação, oferece, para quem o produz, a liberdade para expor suas ideias, externar seus sentimentos e, ainda, se sentir pertencente e capaz de ajudar a transformar a sociedade.
Márcio Sno Fanzineiro, jornalista.
Autor da série de 3 documentários: Fanzineiros do Século Passado (disponível no Youtube)
Breve história Se você quer saber o que é fanzine e como fazer um, fique ligado que vamos te explicar da melhor maneira possível. O termo fanzine foi criado por Russ Chauvenet, por volta da década de 1940 e tem inspiração em movimentos artísticos diversos da época. Basicamente, trata-se de uma junção dos termos fanatic e magazine, que em uma tradução literal pode ser entendido como uma revista produzida por fãs, ou seja, é uma revista paralela à obra principal. Contudo, no Brasil este conceito não ficou bem definido, sendo utilizado para designar de modo genérico toda produção independente. Os primeiros fanzines que se tem notícia no Brasil apareceram por volta do ano de 1965 como O Cobra e Ficção. O setor de entretenimento é um ambiente propício para desenvolver a criatividade através de desenhos, ilustrações,animações, charges, dentre inúmeras outras formas de expressão artística. Dentre estas diversas formas possíveis de exercer a criatividade o fanzine é apresentado como uma delas.
Como fazemos? Os Fanzines viraram a imprensa alternativa, a solução para uma minoria se manifestar e espalhar por aí uma ideia, um conceito, um estilo de vida que estava longe da mídia mainstream. Sem depender de gráficas ou editoras, essas publicações independentes ganharam espaço e se mantém até hoje como uma forma de mostrar trabalhos, textos, reportagens, quadrinhos. Muitos desenhistas e roteiristas iniciantes utilizam os fanzines para mostrar o que fazem, seja entre amigos e outros fanzineiros ou em grandes eventos, onde centenas dessas revistas são trocadas, vendidas e admiradas. Antes de começar a produção é preciso se perguntar: “do que meu Fanzine vai falar?” Vai ser uma HQ? Vão ser apenas textos sem imagens? Vai ser um informativo? Um Fanzine pode abordar vários temas ao mesmo tempo, mas de uma forma geral ele precisa ter um foco, uma idéia central. Por exemplo: pode ser uma publicação com resenhas dos filmes que mais marcaram a sua vida.
Aluno de 3º ano do ensino fundamental.
Alguns modelos de fanzines
DICA: o Pinterest ĂŠ uma boa ferramenta de busca para vermos os diferentes modelos de zines.
POTENCIAL CRIATIVO De nossas experiências com fanzines em sala de aula, com turmas do ensino fundamental, e ensino médio, concluímos que o fanzine favorece a aprendizagem, aproxima os alunos, contribui para o exercício da leitura, da escrita, da criatividade, contribui para os laços afetivos, mapeia dificuldades na escrita em vários níveis, descobre interesses e habilidades inesperadas, e ajuda no autoconhecimento. Quando o aluno produz um fanzine, ele está sendo o autor de sua própria obra, e isso contribui para sua autoestima. Ao descobrirem seu próprio potencial criativo, podendo expor opiniões, sopesar vários pontos de vista no caso de textos de pesquisa ou entrevistas, incentivando o pensamento crítico, os alunos experimentam crescimento pessoal e acadêmico. Trabalhar o lúdico com material autoral ou de pesquisa, aproveitando os interesses específicos de cada aluno, como música, teatro, esportes, desenhos, ilustrações, histórias em quadrinhos, relatos auto-biográficos e recortes de pesquisas em revistas e jornais, é uma das propostas do fanzine. Trabalhar em grupo, pode provocar também experiência com o outro, podendo inclusive, favorecer a percepção de pontos em comum a temas anteriormente vistos como distintos.
Ao realizar um zine, cada membro da equipe se encarrega da tarefa de negociar imagens, selecionar palavras para a comunicação, discutir diagramação, tema, formato...e essa atividade os une. O fanzine atravessou fronteiras e é um aliado de professores e educadores na formação de jovens, sendo tema de inúmeras exposições e festivais ao redor do mundo. Para verificar isso, basta digitar “ZINE FEST”, “ZINEFEST” ou “ZINE FAIR” na aba de pesquisa das redes sociais mais utilizadas, como Facebook ou Instagram. Os resultados variam, entre os possivelmente esperados norte-americanos, mexicanos, europeus e até asiáticos. E os temas variam, dentre os mais tradicionais, como histórias em quadrinhos autorais e autobiográficas, até a relatos de mulheres indígenas canadenses desaparecidas em protestos ou lutas sociais, ou dificuldades de adaptação de imigrantes em solos estrangeiros. As próprias redes sociais citadas estão repletas da #zinetrade, que nada mais é, do que a troca dessas publicações artesanais e autorais entre autores de diversos PAÍSES, via correio. A tão esquecida atividade de ESCREVER cartas, seja no seu idioma ou em línguas estrangeiras (atenção, professores de português, inglês, alemão e espanhol), ao ser novamente estimulada, pode gerar inúmeros benefícios, pois viajar – seja fisicamente, ou através de cartas – só vem a acrescentar cultura e conhecimento acerca de usos, costumes, características culturais e anseios de pessoas com interesses semelhantes, porém espalhadas por regiões distantes ou não, numa escala obviamente global. Ensejar a aproximação cultural, a troca de ideias e eventualmente de materiais impressos, é incentivar a integração de alunos entre cidades, esta-
dos e até países diferentes. Então, pode-se tranquilamente afirmar que há muito mais atividades e desdobramentos a explorar a partir da atividade de “fanzinar”. Após trabalhar zines em sala de aula, ainda incentivar ou promover exposições com os resultados, com os grupos em mesas num ginásio de esportes, por exemplo, para que possa haver uma troca de informações entre “fanzineiros” e visitantes, promover mesas redondas explorando os assuntos abordados, é de fundamental importância para expandir horizontes culturais. Sendo em sala de aula, ou em oficinas específicas sobre o assunto em feiras e assemelhados, pudemos testemunhar o poder transformador da atividade de fanzinar. Verificar pessoalmente os benefícios que tal atividade gera para a autoestima de educandos tão acostumados a meras releituras – sem a oportunidade de aplicar na prática os conhecimentos teóricos de períodos artísticos apresentados em sala de aula. Recomendamos a experiência e a adoção dessa ferramenta em atividades normais e extracurriculares para ampliar a interação alunos x comunidade, e para além dos limites físicos de uma cidade, por exemplo. Fafá e Henry Jaepelt são Arte educadores, fanzineiros, ilustradores e quadrinistas.
Fazer Fanzine é nadar contra a maré sempre diariamente. Você tem que saber lidar com isso. O meio cultural o rejeita. O meio da Literatura rejeita. O meio das Hqs rejeita e nega o primo pobre. O meio gráfico/design utiliza e finge que não existe. O meio musical já abraçou hoje novamente rejeita. (exceção para o movimento punk). Poucos blogs, sites, meios midiáticos dão espaço para fanzineiros. Poucos vão a Feira de Fanzines comprar Fanzines. A Pedagogia utiliza o “jornalzinho”. A midia impressa invisível de vários movimentos sociais e estudantis. Fanzines, jornalismo real. (A maioria dos jornalistas utilizam pra fazer TCC e pronto). Poucos Prêmios são direcionados a Fanzines. Poucos espaços Públicos estão voltados a Memória e Cultura dos Fanzines. A Atual geração nem sabe sobre a História dos Fanzines e quem são suas referências. Então não venha me dizer que Fanzine é Pop. Que é cult. é muito amor ao que se faz. É ser autêntico. Fazer e viver o que se acredita. Com pouco reconhecimento e recursos financeiros. Pronto falei.
RESISTÊNCIA DIY
Thina Curtis Arte educadora, artista plástica e criadora da Fanzinada
Fanzine desenvolvido por @jonathanschiessl Colaboradores deste projeto Fafรก Jaepelt Henry Jaepelt @henryjaepelt Mรกrcio Sno @marciosno Thina Curtis @thina_curtis TIRAGEM
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JULHO 2019