Alice no País dos Perdidos

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Copyright © 2014 por Jorge Silva ed. – Rio de Janeiro Este livro é uma obra de ficção. Os personagens e diálogos foram criados a partir da imaginação do autor e não são baseados em histórias verídicas. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas, vivas ou mortas, é mera coincidência. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem prévia autorização do autor. Edição digital: direitos reservados a Jorge Silva. Design da capa: J. Silva

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ALICE NO PAÍS DOS PERDIDOS

Jorge Silva


CAPÍTULO 1 O Estranho Sumiço de Dinah

P

ara Alice, que não tinha lembranças de suas fantásticas aventuras por um lugar muito esquisitão, muito tempo atrás, onde havia bichos falantes, como um Coelho Branco sempre apressado e com um relógio em uma de suas patas, a vida da jovem estava indo muito bem. Até que as lembranças, naquele mundo tão sinistro, em que havia uma rainha muito má, que gostava de maltratar seus súditos e seu povo, voltaram a assombrar a menina. Na noite de março, no tempo em que a Inglaterra ainda tinha alguns adultos que exploravam crianças, obrigando-as ao trabalho quase escravo em fábricas, Alice era livre para estudar e desconhecia o sofrimento pelo qual passavam outras meninas e até meninos de sua idade no restante do país. Mas Alice tinha a sua dose de sofrimento: o sumiço da sua amada gatinha Dinah. Dinah sumiu na noite de uma sexta-feira 13. Pela manhã, muito cedinho, num sábado de festas na casa de Alice, pois seus pais estavam comemorando o aniversário de um dos filhos. No jardim da residência, que ficava numa área confortável de Londres, Alice foi à procura de Dinah, sem sucesso. Dinah havia desaparecido como num passe de mágica, algo muito estranho, achava a menina. A gata não era de sumir por tanto tempo. As horas passaram até o meio-dia, horário em que Alice se viu muito cansada de procurar pela Dinah. “Dinah, sua fujona. Para onde foi a Dinah, hein?”, queria saber Alice. Até que sua pergunta foi respondida de outra forma, muito mais sinistra ainda, pela aparição de nuvens negras, que vieram como uma tempestade surpresa, e cobrindo (engolindo mesmo e que nem um eclipse lunar) todo o quintal por onde Alice tinha percorrido naquela manhã. A reação de Alice foi de horror ao avistar aquela multidão de seres alados, que formavam um amontoado de asas enormes em formatos de nuvens, uma tempestade do inferno, só podia ser aquela visão das nuvens tão baixas, invadindo a residência da menina. Alice não teve tempo de pedir socorro. Ela foi levitada imediatamente. As nuvens de monstros desceram mais para envolver Alice e sufocar os gritos de pavor da menina, que flutuou pela força gravitacional do poder daqueles seres, que se deixaram aparecer na cor laranja de seus corpos muito esquisitos e que não pareciam


ser de pessoas, de jeito nenhum. Eram seres muito estranhos. A escuridão continuava cercando Alice que se achou dentro de um pesadelo. A verdade, para Alice, veio com a mensagem das sinistras criaturas aladas, sem caras, nem rostos, mas apenas sussurros que fizeram a menina sentir um pouco de dor nos ouvidos. ALICE, DINAH. UM, DOIS, TRÊS. TRÊS VEZES TRÊS SÃO NOVE. FAÇA A CONTA E DESCUBRA SE TU ÉS FERA EM MATEMÁTICA.

Alice caiu após aquela mensagem esquisita (desenhada em forma de fumaça branca, com as letras em fontes papiro) ter sido finalizada e as nuvens negras sumirem com suas criaturas aladas. O ar estava limpo de novo. Alice ficou com o corpo todo dolorido com a queda. Para sua sorte, havia uma pequena árvore, cerca de 1 metro de altura, no jardim, onde a jovem caiu. “Estou tendo um pesadelo?”, perguntava-se Alice quando percebeu que tinha alguém ou algo tão sinistro quanto aqueles seres voadores, que a atacaram de vigia ali perto. “Psiu, espera...”, gritou Alice em direção a outro ser que correu para longe da jovem, que esqueceu as dores no corpo da queda e foi atrás do saltitante bicho, que lembrava um coelho somente na aparência. “Não é um coelho o que estou perseguindo? Se for um coelho, é que estou, sim, sonhando de verdade”, pensou Alice que foi parar à entrada de um buraco, sob uma árvore no jardim de casa, onde o ser esquisito mergulhou que nem uma flecha. Alice fez o mesmo indo cair num mundo que ela podia recordar ou não, achando-se num pesadelo, numa nova aventura para lá de fantástica pelo mundo subterrâneo.


CAPÍTULO 2 Espelhos Contam Parte da História

A

lice voava que nem um pássaro pelo buraco que mais parecia um túnel sem fim e que ela encontrou sob a árvore do jardim de casa. Mas era um voo reto, que nem flecha, que logo foi acompanhado de outras meninas, que também estavam seguindo o estranho bicho branco, que falava e contava um relógio numa de suas patas. —Oi, Alice! O que você veio fazer no meu sonho? – quis saber Ada. —Sonho? Vocês também acompanharam o Coelho Branco de olhos cor de rosa? – perguntou Alice para Ada e Mabel. Mabel era outra coleguinha de Alice que queria descobrir por que tinha ido encontrar as colegas numa viagem muito esquisita. —Eu segui aquele bicho que não anda que nem bicho. Ele anda que nem as pessoas de verdade, com as duas patas traseiras no chão e as patas dianteiras segurando um relógio. O bicho fica de pé que nem a gente – disse, e muito surpresa com a descrição daquele Coelho Branco, Mabel. A viagem das três meninas parecia não ter um fim aparente. Elas logo perceberam que existiam espelhos nas paredes brilhantes do túnel. Os espelhos tinham imagens das próprias meninas do tempo em que elas foram parar no mundo encantando, no mundo subterrâneo, ou no País das Maravilhas, onde bichos falavam e podiam ser guilhotinados a mando de uma rainha muito má. Assim, as três meninas se lembraram do mundo em que elas tinham ido parar tempos atrás. Cada uma se lembrava de um nome: Mundo Perdido, Mundo Subterrâneo, País das Maravilhas. —Não estamos sonhando que nada. É real? – indagou Ada. —Pode ser! – arriscou um palpite Alice. —Por que fomos escolhidas para esse mundo de monstros? – perguntou Mabel, que não teve mais como falar com as amigas. As três colegas foram separadas. Cada uma foi parar num canto diferente daquele mundo subterrâneo. Alice caiu numa cama redonda, localizada numa sala ampla, que parecia ser num castelo pelas paredes enormes e janelas grandiosas. O lugar estava bastante iluminado por raios solares, que vinham das janelas enormes e espalhadas por ali. Ada e Mabel também caíram em camas redondas, mas separadas, cada uma em salas diferentes. Alice estava muito assustada, mas teve coragem para sair da cama e procurar alguma saída a tempo. Seus pais podiam estar à procura dela lá fora, pois achava que tinha caído num túnel secreto no quintal de casa.


Ada e Mabel ficaram paralisadas de medo. Não conseguiam sair do ponto onde elas haviam caído. Tremiam muito. As três meninas estavam num jogo pelo que tramavam as mentes do mal, naquele mundo onde saber adivinhar o caminho a seguir ajudava a livrar visitantes de perigos, como da maldade da Rainha de Copas, que gostava de ver pessoas, principalmente crianças, sendo castigadas. Alice, Ada e Mabel tinham mais outros jogos para enfrentar, antes do temido reencontro com a Rainha de Copas. Alice caminhou até uma imensa porta da sala em que parecia ser de um castelo mesmo. Não havia chaves por perto para alguma saída. A menina foi surpreendida por um piso falso, que a tragou para uma corredeira, espécie de tobogã com água. A menina foi parar num imenso tabuleiro de xadrez. Ada e Mabel tiveram destino quase semelhante ao de Alice. Ada ficou mais trêmula quando sua cama redonda começou a rodar e o piso abriu engolindo-a, imagem que também aconteceu com Mabel. As duas colegas foram parar num tobogã que as transportou para o imenso tabuleiro de xadrez, para companhia de Alice. —Alice, que bom que estamos juntas de novo? – gritou Mabel. —Mabel, você se lembra desse mundo? – perguntou Alice. —Um pouco. Está meio diferente de antes – respondeu Mabel. —Para mim é o mesmo do mundo de antes... cheio de monstros e armadilhas para nós que somos meninas. Por que que os meninos não vieram? – indagou Ada. —Mais tarde os meninos podem vir, ora, ora – brincou Mabel. —Duvido que isso aconteça. Isso com a gente é porque somos meninas – defendeu Ada. —Nada disso, meninas. É alguma coisa muito pior. Se escolheram nós três, é porque temos alguma história especial – apontou Alice.


“UMA AVENTURA INSPIRADA NO CLÁSSICO DE ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS”

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