Tabelão 1992 Parte 5

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OS PRIMEIROS DUELOS DAS SEMIFINAlS DO BRASILEIRO

ESPECIAL: TODAACOPA EUROPEIADE SELECOES . •

A FES'A AGORA iEM 'OQUIO Com a inedita conquista da Tara Libertadores, 0 Silo Paulo leva sua torcida a loucura. E ganha 0 direito de sonhar com 0 titulo mundial

IINao

tern Palmeiras, nao tern Timao, e 0 Sao Paulo a caminho do Japao." o desabafo do torcedor tricolor, na safda do Morumbi, logo ap6s a dupla vit6ria - 1 x a no jogo e 3 x 2 na cobran«a dos penaltis - sobre 0 Newell's Old Boys, da Argentina, na final da Ta«a Libertadores da America, era mais que justo. Afinal, se nos dias que antecederam 0 jogo nao se imaginava tamanha participa«ao da torcida, na hora da decisao a festa acabou sendo completa. As 6 horas da tarde da quartafeira, 17 de junho, ninguem mais conseguia andar em Sao Paulo. Presos no triinsito, muitos pensavam que 0 movimento exagerado devia-se a safda do paulistano por causa do feriado de Corpus Christi. Ledo engano dos que ainda nao conheciam ·0 emergente fanatismo sao-paulino: 0 que se via nas ruas, mais que carros em dire«ao as estradas, era urn sem-mimero de bandeiras tricolores, que logo mais invadiriam 0 Morumbi. Urn surpreendente entusiasmo que contrastava com a tranquilidade dos jogadores, preservados a todo custo. Numa atitude raramente vista em outros c1ubes na vespera de decisoes, 0 Sao Paulo barrou a entrada de qualquer pessoa aos vestil'irios antes do jogo, fossem elas artistas de TV ou 0 proprio presidente Mesquita Pi-

"0 Sao Paulo mostrou vontade de ganhar desde 0 comec;oe ate em Montevideu 0 Nacional se assustou com nossa gana." (Rai. lembrando a vit6ria por 1 x 0 contra os uruguaios)

"Dei porrada no Lunari mesmo. Isso e Libertadores e sabia que 0 juiz nao ia me expulsar nunca." (Antonio Carlos, sobre a cotovelada que deu no jogador argentino durante

"Tenho 60 anos e e dificil meucorac;ao resistir. Desde que cheguei ao Sao Paulo, vivo emOc;aoem cima de emOc;ao." (Tele Santana, nos vestilirios, ap6s a conqUista)

0 jogo)

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menta. Todos sabiam: para conquistar 0 titulo, calma seria fundamental. Isso ficou ainda mais claro dentro do campo, a medida que o tempo passava e os dois gols que 0 tricolor precisava para nao ter que chutar penaltis nao safam. Algo precisava mudar, e 0 estadio inteiro, impaciente com os sucessivos gols perdidos por Muller, fez a hora da mudan«a, aos gritos de "Macedo, Macedo". o predestinado heroi so entraria em meados da segunda etapa, no instante exato de sofrer 0 penalti que originaria 0 gol da primeira vit6ria da noite, marcado por Raf. Depois daquele momento de aHvio proporcionado aos mais de 100 000 sao-paulinos presentes, chegara a hora da torturante disputa em penaltis. Muller, que safra vaiado, corre atras do gol para orientar Zetti nas cobran«as adversarias. Baseado em estudos do preparador Valdir de Moraes, mostrava ao goleiro 0 canto certo.E foi urn dos que mais vibraram com a ultima defesa, apos a cobran«a do argentino Gamboa, que valeu a vitoria por 3 x 2. Tudo deu certo naquela noite em que enlouquecidos tricolores promoveram uma invasao do gramado so comparavel ados corintianos, campeoes depois de 22 anos, em 1977. Desta vez, porem, a festa tinha outras cores: as do Sao Paulo, e so do Sao Paulo, a caminho do Japao.


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