política
DIÁRIO DO RIO DOCE
3A Governador Valadares, sábado, 28 de agosto de 2010
Fraga defende legislação tributária específica para o Vale do Rio Doce CANDIDATO A DEPUTADO ESTADUAL AVALIA QUE MEDIDA TRARÁ GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA À REGIÃO FOTO: Antonio Cota
por THIAGO COELHO da Redação
O candidato a deputado estadual Renato Fraga (PMDB) acredita que a criação de uma zona especial tributária no Vale do Rio Doce poderia atrair empresas, combatendo o que ele avalia ser a maior carência da região: a necessidade em gerar emprego e renda. Renato acredita que Minas Gerais perde receitas para o Espírito Santo porque o estado vizinho adota alíquotas menores em impostos como o IPVA e o ICMS. O candidato também se posicionou a favor da implementação de cursos profissionalizantes na rede estadual do ensino médio, da industrialização do Vale do Rio Doce, da ampliação de recursos para saúde no Estado e da criação de uma faculdade de medicina em Valadares. “Hoje, a maior carência do Vale do Rio Doce, incluindo Governador Valadares, é a geração de emprego e renda. É preciso tomar medidas na Assembleia Legislativa para que isso possa acontecer em Valadares e região. Nós precisamos de uma zona especial tributária. Porque, por exemplo, as pessoas vão comprar carro no Espírito Santo por-
que o IPVA é menor que em Minas Gerais, e o ICMS também. Então a grande maioria das empresas hoje prefere o Espírito Santo, que está na área da Adene [Agência para o Desenvolvimento do Nordeste]. Precisamos de uma legislação tributária estadual específica para o Vale do Rio Doce”, afirmou. Para o candidato, a emigração de valadarenses é um dos reflexos da legislação tributária. “Nos últimos 20 anos houve um êxodo do Vale do Rio Doce de dois milhões de pessoas, que emigraram para outros estados ou países como Estados Unidos e Espanha. O que a gente deduz de tudo isso é que a legislação tributária não atende a nossa região, que é uma região pobre. Nossos índices são iguais ou piores aos do Vale do Jequitinhonha. Acontece que o Vale do Aço faz parte do Vale do Rio Doce, e lá é uma área totalmente industrializada”, declarou. SAÚDE Fraga enfatiza que o desenvolvimento regional acontecerá com a industrialização e investimentos na saúde, e ressaltou a importância de a
DATAFOLHA
Anastasia diminui vantagem, mas Hélio continua na frente por FRED SEIXAS da Redação
A nova pesquisa de intenções de voto do Instituto Datafolha, divulgada na noite de quinta-feira, mostra que o governador de Minas, Antonio Anastasia, candidato à reeleição pelo PSDB, subiu 12 pontos percentuais nas últimas duas semanas, saltando de 17% para 29% das intenções de voto dos eleitores mineiros. Entretanto, o candidato da oposição Hélio Costa (PMDB) mantém a liderança da pesquisa com 43% das intenções de voto no Estado. A diferença entre os dois candidatos, que era de 26 pontos percentuais, caiu quase a metade e agora é de 14 pontos. O número de indecisos, que na última pesquisa era de 24%, caiu para 16%. Enquanto Hélio Costa lidera as intenções de voto na pesquisa estimulada em Minas Gerais, Anastasia lidera a disputa na pesquisa espontânea, quando o entrevistado diz em quem vai votar sem que a lista dos candidatos seja apresentada. Segundo o Datafolha, Anastasia cresceu oito pontos percentuais e chegou a 17% das intenções de voto. Na pesquisa espontânea, Hélio Costa está com 14% das intenções. A pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 23 e 24 de agosto. Foram ouvidas 1.261
pessoas, em 52 municípios de Minas Gerais. A margem de erro de três pontos percentuais. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) com o número 64.318/2010. Até o fechamento desta edição, o candidato da coligação Todos Juntos por Minas, Hélio Costa, não havia se pronunciado a respeito da pesquisa. Já o candidato da coligação Somos Minas Gerais, Antônio Anastasia, comemorou e afirmou que está otimista com os resultados da campanha. “Nós já estamos subindo. Eu já tinha essa perspectiva, esse sentimento, pelo que estou vendo na Capital, na Região Metropolitana e no interior do Estado. Ou seja, as pessoas apoiando, aplaudindo, reconhecendo, subindo o nosso nome. Ainda vamos subir mais e vamos passar à frente. Estou muito otimista. Já estamos na frente na espontânea, na mesma pesquisa, em todo o Estado, na Região Metropolitana bem mais na frente. Isso significa que a nossa estratégia está correta”, disse o governador, em entrevista, antes de iniciar sua participação no Fórum das Entidades de Classe Empresariais de Minas Gerais, ontem de manhã, em Belo Horizonte. (Com informações das coligações)
PARA RENATO Fraga, a emigração de valadarenses é um dos reflexos da legislação tributária
Câmara dos Deputados aprovar a regulamentação da Emenda Constitucional 29, que trata do financiamento da saúde, com a ampliação de investimentos federais e estaduais. “O governo estadual deveria aplicar 12% de seu orçamento na saúde, e aplica 6%. São 50% a menos do que deveria ser aplicado, daí o colapso que observamos com a falta de UTI. Hoje o Estado só atende emergência, e deixa a urgência para depois. Um problema de vesícula ou de fratura exposta, e a pessoa fica esperando,
ao deus-dará. A gente precisa investir esses 6% a mais em todo o Estado, e o governo tem de cumprir constitucionalmente sua obrigação”, pontuou. Renato Frago foi secretário municipal de Saúde em Governador Valadares e Ipatinga, além de ser presidente licenciado do Hospital Samaritano. Outra bandeira defendida por ele para a saúde na região é a instalação de uma faculdade de medicina — a Universidade Vale do Rio Doce (Univale) já recebeu a
vistoria do Ministério da Educação (MEC) e aguarda a publicação da portaria que autoriza o início do curso. “Implantamos o serviço de câncer no Hospital Samaritano, com radioterapia e quimioterapia. Recentemente o hospital foi avaliado pelo MEC como apto a receber a implantação da escola de medicina em Valadares. Uma das bandeiras locais que levantamos é a implantação da escola de medicina em Valadares para breve. Agora só falta publicar a portaria que autoriza o início do
curso. Fomos aprovados como hospital-escola e estamos construindo um pronto-socorro para a região da Ibituruna. Nossa eleição é um avanço importante para consolidar essas conquistas”, observou. O candidato também pleiteia a implementação de cursos profissionalizantes de nível médio na rede estadual de ensino: “Nós não temos serralheiros, marceneiros, soldadores ou carpinteiros. Para crescer, é preciso mão de obra especializada. E nós não temos. Vamos brigar para que o Estado invista na profissionalização do ensino médio”. Renato Fraga também já foi secretário de Obras e diretor do Saae em Valadares. No Legislativo, foi vereador e presidente da Câmara Municipal, além de ter assumido mandato de deputado estadual por dois meses. A meta de seu partido é eleger dez parlamentares para a Assembleia Legislativa, com pelo menos 45 mil votos cada um. Com campanha ancorada em Valadares, Ipatinga, Belo Horizonte e Manhuaçu, Renato Fraga acredita que receberá cerca de 65 mil votos no dia 3 de outubro. “Na última eleição tive 62 mil votos, e minha meta é chegar a 65 mil”, disse.
Ascensão de Dilma pode mudar o perfil das eleições estaduais por GUSTAVO URIBE, da Agência Estado
A eventual vitória já no primeiro turno da candidata do PT à sucessão presidencial, Dilma Rousseff, num quadro sem muitas chances de ser revertido, é hoje uma das principais apostas de cientistas políticos. Na avaliação desses especialistas, é pouco provável que algo interfira na tendência de vitória da petista no dia 3 de outubro. Além disso, eles acreditam que a ascensão de Dilma nos principais colégios eleitorais do País, como tem mostrado as últimas pesquisas de intenções de voto, poderá gerar mudanças no perfil atual das eleições estaduais, em benefício dos candidatos apoiados pela petista. O especialista em pesquisa eleitoral e em marketing político Sidney Kuntz aponta que o cenário para a vitória da candidata do PT em primeiro turno é ainda mais favorável do que foi o de 1998, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi reeleito também em primeiro turno. Naquelas eleições, o tucano venceu em 5 dos 7 maiores colégios eleitorais do País, perdendo apenas no Rio de Janeiro e no Rio Grande no Sul. A pesquisa Datafolha mostrou que Dilma está na frente de seus concorrentes em todos esses Estados. “Só um escândalo ou algo real-
mente convincente, que faça com que os eleitores pensem que ela não merece a confiança deles, pode tirar a vitória da Dilma”, apontou o especialista. “Uma hecatombe”, ressaltou. Kuntz explicou ainda que, desde as eleições de 1989, nenhum candidato à sucessão presidencial que apresentou no final do mês de agosto a vantagem que Dilma tem registrado nas últimas pesquisas de intenções de voto perdeu uma eleição. A consolidação de uma eventual vitória, de acordo com o especialista, deve levar a petista a direcionar a munição nos próximos dias para Estados onde existe a possibilidade do PT sofrer derrotas nas urnas. O gesto pode, segundo ele, modificar o quadro eleitoral estadual, com chances dos candidatos apoiados pela petista capitalizarem parcela do seu crescimento. O cientista político Humberto Dantas, conselheiro do Movimento Voto Consciente, atribui o crescimento de Dilma à capitalização (pela candidata) da popularidade do governo do presidente Lula. O analista observa que, após dez dias do início do horário eleitoral gratuito, a candidata conquistou os votos dos eleitores que antes diziam não saber em quem votar e arrebatou uma parcela do apoio daqueles que votariam no candidato do PSDB na
FOTO: Robero Stuckert Filho
O CIENTISTA político Humberto Dantas atribui o crescimento de Dilma à capitalização da popularidade do governo do presidente Lula
disputa, José Serra. “Tudo indica que (Dilma) vai ganhar em primeiro turno. É pouco provável que ela perca essa eleição”, afirmou Dantas. A mais recente pesquisa Datafolha de intenções de voto, divulgada na quintafeira à noite, mostrou que a candidata do PT abriu vantagem de 20 pontos porcentuais sobre Serra. Na mostra, Dilma figurou com 49%, enquanto Serra teve 29%. Na comparação com o último levantamento, realizado logo depois do início do horário eleitoral, Dilma oscilou de 47% para 49%, ao mesmo tempo em que Serra foi de 30% para 29%. Apetista passou o adversário em colégios eleitorais que eram considerados a última fortaleza de Serra nas eleições deste ano, como São Paulo e Rio Grande do Sul. Se considerada a margem de erro de 2 pontos porcentuais,
Dilma venceria em primeiro turno mesmo sem considerar os votos válidos. O cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), endossou a tese de que o cenário atual é mais favorável a uma decisão em primeiro turno e observou que apenas “algo fora do padrão” poderia ameaçar uma eventual vitória da candidata petista. “As pesquisas apontam que Dilma cresceu sobre os eleitores do Serra, principalmente depois do horário eleitoral gratuito”, esclareceu. De acordo com Carvalho Teixeira, o desafio do PSDB neste momento é levar a disputa para o segundo turno e impedir que o crescimento da petista se reflita nos cenários estaduais, levando candidatos aliados a garimparem dividendos eleitorais da popularidade de Dilma.