3 minute read

Família Maluf devolve 150 milhões desviados da Av. Água Espraiada

Após um acordo firmado com o Ministério Público de São Paulo e a prefeitura paulistana, o Banco BTG e a Eucatex, empresa da família Maluf, devolveram o valor de R$ 152 milhões aos cofres municipais. Segundo o Ministério Público, o valor foi depositado nesta quarta-feira (19).

Advertisement

Do BTG Pactual, a prefeitura paulistana recebeu o equivalente a US$ 30,8 milhões. Já da Eucatex, o valor recebido pela prefeitura foi de US$ 7,2 milhões. Convertida em reais, essa soma ultrapassaria os R$ 152 milhões. Com isso, a família Maluf perdeu mais de um terço da empresa Eucatex, passando as ações para o poder do BTG Pactual.

O Ministério Público estima que o ex-deputado Paulo Maluf tenha desviado mais de US$ 300 milhões de recursos públicos no período em que foi prefeito de São Paulo (1993-1996). Segundo os promotores, a maior parte do dinheiro saiu das obras na Avenida Água Espraiada, atual Roberto Marinho, e do Túnel Ayrton Senna. O dinheiro desviado da prefeitura foi enviado para bancos no exterior. Parte dessa quantia retornou ao Brasil e entrou nos cofres da Eucatex como investimento na companhia. Ações propostas pelo Ministério Público pedem que Maluf e sua família paguem indenizações e façam o ressarcimento à prefeitura de São Paulo pelos danos causados. De acordo com o Ministério Público, além do valor pago hoje, em breve serão liberados mais dois depósitos judiciais que somam R$ 35 milhões. Além disso, o BTG ainda deverá pagar outros US$ 23 milhões a título de despesas e custas processuais fi xadas judicialmente na Ilha de Jersey e nas Ilhas Virgens Britânicas. Histórico

Do total desse dinheiro desviado, o Ministério Público e a prefeitura já haviam recuperado US$ 55 milhões por meio de quatro acordos fi rmados com bancos internacionais entre os anos de 2014 e 2017. Também haviam sido repatriados US$ 8,4 milhões. A família Maluf também teve que pagar multas processuais à prefeitura de São Paulo. Por meio de nota enviada à reportagem, a Procuradoria-Geral do Município confirmou ter recebido o valor do depósito feito hoje e disse que os recursos “serão incorporados ao orçamento da cidade de São Paulo e destinados à manutenção e ampliação de serviços públicos em áreas como saúde, educação, assistência social e habitação, entre outros”.

A Agência Brasil procurou também o banco BTG para se manifestar sobre a devolução desse dinheiro, mas até este momento não obteve retorno. Já a assessoria do ex-prefeito não foi encontrada para comentar o caso.

(com informações da Agência Brasil)

A Avenida sem fim

Apesar de as desapropriações para construção da avenida remontem a 1972 - ou seja, mais de 50 anos - foi só na década de 1990 que as obras começaram.

Jânio Quadros chegou a prometer e divulgar o projeto, mas deixou o cargo sem dar início à construção. Luiza Erundina não priorizou o projeto, que só foi retomado em 1993, há 30 anos, portanto, por Paulo Maluf.

A inauguração aconteceria dois anos depois, mas de apenas um trecho, de 4,5 km. Na região do Jabaquara, a viaficou por muito tempo conhecida como “avenida sem saída”.

Na gestão Marta Suplicy, foi elaborada e aprovada pelos vereadores a Operação Urbana Água Espraiada. A ideia era vender Certificados de Potencial Construtivo - CEPACs. Simplificadamente, esses títulos permitem às empresas que os adquirem que construam acima do autorizado na região.

Em troca, o valor arrecadado deveria ser usado para implantar um parque linear ao longo do córrego, financiar moradias populares na própria região para a comunidade que vivia nas favelas locais e a construção do trecho restante da própria avenida, que deveria ser conectada à Rodovia dos Imigrantes, no Jabaquara.

Mas, durante todo o mandato de Marta, foi apenas construída a Ponte estaiada sobre o Rio Pinheiros e a avenida continuava terminando “em lugar nenhum”. Foi ainda nessa época que a via teve seu nome alterado para Avenida Jornalista Roberto Marinho.

O projeto inicial da conexão com a Rodovia dos Imigrantes nunca chegou a sair do papel. Pior: foi modificado e houve nova aprovação pela Câmara dos Vereadores, alterando o traçao, criando um túnel de 4km e encarecendo o projeto em pelo menos R$ 1 bilhão.

Mas, esse projeto, igualmente, nunca sequer foi iniciado. As obras para construção de moradias destinada à população das comunidades também tem ritmo bastante lento. Das oito mil unidades habitacionais planejadas, nem mil foram entregues até agora.

Só algumas conexões viárias e a recuperação do Parque do Chuvisco foram viabilizadas nesses 20 anos.

This article is from: