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A identidade de motuca Motuca possui suas próprias características, adquiridas ao longo do tempo pelas transformações sociais e ambientais que marcam sua história. A estrada boiadeira, a estação, o trem, os imigrantes, a agricultura, a usina, os traumas, os medos, as esperanças, as decepções, as pessoas comuns, as pessoas públicas, os valores, a cultura, a traquilidade, os hábitos e os costumes moldam a identidade de nossa pequena cidade, de apenas 4.290 habitantes, que a coloca em termos populacionais na 517ª posição entre os 645 municípios paulistas. Explorar essa identidade é ponto fundamental para o fomento das potencialidades de Motuca, de forma a gerar o desenvolvimento social e econômico com respeito às suas características. Temos patrimônios humanos, ambientais e arquitetônicos encontrados somente aqui, tão grandiosos e ao mesmo tempo tão frágeis, que se perderão com o tempo, como muito já se perdeu, caso não existam ações voltadas à preservação. O fato de Motuca ser pequena, com estrutura incipiente e localização pouco privilegiada dificulta a atração de grandes empresas e consequente geração de emprego e renda. Os empresários procuram cidades que possuam grande oferta de mão de obra, com logística privilegiada e adequada infraestrutura capazes de diminuir seus custos de produção.
Jorge Simão
Temos algumas realidades como o setor de confecções e a agricultura, que já contribuem com o desenvolvimento local, mas que ainda necessitam de maior planejamento político e administrativo. Por outro lado, o tamanho da ci-
dade pode ser observado como algo positivo. Quanto menor a dimensão do local, teoricamente, menor a dificuldade para a realização de empreendimentos: menor os recursos despendidos, maior a facilidade de envolvimento da comunidade e de
EXPEDIENTE
Jornalista: Jairo Figueiredo Falvo, MTB 44.652/SP Repórter: Gabriela Marques Luiz Colaboradores: Fábio Falvo, Milena Fascinelli, Ângela Santos, Emair Freitas, Irineu Ferreira, Felipe Carreli, José de Carvalho, Carlos Alberto dos Santos; Tiragem: 1.000 exemplares Circulação: Motuca-SP Contato: Tel.: 16 3348 11 85 - 9722 4608 e-mail: cenarioregional@gmail.com CNPJ: 07.650.710/0001-06 - endereço: Av. Marcos Rogério dos Santos, 31, Centro, Motuca-SP CEP: 14.835-000 - Impressão: O Imparcial, Araraquara-SP
O FIM DO MUNDO E O INíCIO DE UMA NOVA ERA Por Isis Santos Se este texto for publicado é sinal que o mundo não acabou em 21/12/2012 e os que disseram ser início de uma nova era acertaram na mosca. Com certeza é o início de uma nova era onde a espiritualidade estará muito mais acentuada. No meu entendimento, quando o espírito está mais evoluído, todo o comportamento perante a si mesmo, a sociedade, ao planeta e ao cosmo estará melhor. A corrupção entrará em queda. As pessoas passarão a ser mais solidárias e éticas. O respei-
articulação gerencial. No entanto, é um erro planejar a cidade mecanicamente. As pessoas não podem ser observadas apenas como números. É preciso estimular a criatividade. Observar a cultura não como uma diversão ou aparato decorativo, mas como fator determinante para o desenvolvimento intelectual e transformador da sociedade. Motuca precisa descobrir seus talentos locais, revelar seus empreendedores, despertar seus valores intrínsecos a ponto de atrair a atenção e, consequentemente, fomentar o seu progresso. Isso se concretizará ativamente se a identidade de Motuca for potencializada, agregando suas características aos projetos com real valor social e econômico. As iniciativas devem sem realizadas de forma descentralizada, abrangendo poder público, população e todos os setores que compõem a cidade. Na nossa curta história presenciamos bons e maus exemplos, com sucessos e insucessos. São com essas experiências locais e até externas que devemos orientar nossas ações, buscando conhecimento necessário para fazermos de Motuca uma cidade cada vez melhor.
to ao meio ambiente será maior e mais coletivo. Enfim, o amor será expandido entre as pessoas, das pessoas com os animais e ao meio ambiente. Certamente, que o mau e mal existirão, mas com a vibração positiva da espiritualidade da maioria das pessoas, esta certamente prevalecerá. O início de uma nova era: um novo estado de consciência, onde o coletivo e as boas relações irão imperar. Mas estas mudanças não existirão por si só...se o momento cósmico for propício a um novo estado de consciência, caberá a nós praticarmos as ações para que possa haver mudanças. A partir de nossas ações – individuais
e coletivas – é que poderemos transformar nosso planeta Terra em um bom lugar para vivermos. Seremos partículas mínimas em sólida fusão umas com as outras para formarmos uma grande massa com um poder imenso de transformação. Deus em nós e nós para Deus!
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Seu Zé, sua praça e a “Hora do Brasil” Irineu Ferreira (Neu)* “Se o cotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas”. (Rainer Maria Rilke) Ando a caça de histórias. Então, perambulo pela cidade. Observo, pratico um exercício novo, encontrar novidade na rotina. Não tenho mais horário (em princípio) para nada. Acho que vou conseguir me levantar sem pressa, ledo engano: meu relógio biológico me acorda às 7, quando não às 6 da madrugada, e aí já é demais. As eleições se foram, a vida continua, começo a entrar nos eixos. Observo, procuro sons, quando ouço o som inconfundível da “Hora do Brasil”, e é seu Zé que está lá no banco da praça, sentadinho, quieto, concentrado, recluso em si mesmo, pensamentoso. Reclusão que se faz necessária. Seus olhos não vêem, ele não faz senão ouvir, como sempre fez, a longeva, a quase eterna “Hora do Brasil”, as classicamente enquadradas notícias do Brasil, do Senado, da Câmara dos Deputados. É, de longe, o noticiário que mais atraiu os brasileiros da era do rádio. Seu Zé confia, aprendeu a confiar na veracidade das notícias: “Tem seriedade nesse noticiário. Veja você: o mensalão está na pauta do dia, Joaquim versus José, réu e juiz, batalha de gigantes.” Seu Zé é um brasileiro típico, descendente de italianos. Sua idade? Bem, já passou dos 80. “Meu pai”, ele diz, “veio lá das bandas da Sicília, uma grande ilha ao sul da Itália. Ou, pense no formato do mapa da Itália, fica abaixo da ‘bota’. Tem cidades importantes como Palermo, Taorminia, Catania e Siracusa. Dizem que a máfia por lá fez história. Pode ser. O que sei é que por lá tem praias maravilhosas, ruínas gregas que são uma beleza, e a comida é saborosíssima.” Aqui, neste cantinho da nossa banda da terra, a velha praça tomou outro formato, foi revitalizada, digamos, foi feita a tentativa. Há muitos bancos, mas o seu Zé a ouvir a “Hora do Brasil” é único. Penso cismado como sou: Faltou um projeto paisagístico, um profissional criativo, inovador. Uma praça em princípio precisa de árvores, cantos. Pequenos jardins com as
Seu Zé deposita o rádio no chão, bem escondido embaixo do banco características de países seriam bem-vindos. Enfim, mais uma vez o imediatismo norteou a obra, paciência. Seu Zé deposita o rádio no chão, bem escondido embaixo do banco, dá valor ao aparelho, protege, é normal. Eu gostaria muito de saber a marca, curiosidade tardia... Não seria um Philips? Um Zenith ou um Mundial? Pesquisando, descobri que o invento é creditado ao cientista e inventor italiano Gugliemo Marconi, mas parece que um cientista brasileiro foi injustiçado, um predecessor de Marconi e outros mais, o padre-cientista Roberto Landell de Moura, gaúcho, nascido em janeiro de 1861. Ele construiu diversos aparelhos, tais como o teleauxiofono (telefonia com fio) e o anematófono (telefonia sem fio). Em 1904, o Patent Office at Washington concedeu-lhe três cartas de patentes: para o telégrafo sem fio, para o telefone sem fio e para o transmissor de ondas sonoras. Poder-se-ia considerar esse Padre como o precursor das transmissões de vozes e outros ruídos. De volta à praça, é interessante observá-la, bem como observar hábitos e costumes do nosso povo, e – por que não? – também ser observado. Não deixa de ser uma experiência única e cativante, essa de nos tornamos cronistas de nossa própria rotina. Os sinos da igreja avisam: quinze para as seis, logo entra a música
sacra, lembra o dobre de finados, bem melancólico, quase triste, as tradições que permanecem. Mudanças? Talvez com as novas gerações – é a esperança que fica. Muitas vezes tenho a impressão de que o curso da vida por aqui fica em suspenso, como se todos estivessem de férias. Sem novidade aparente, o tempo corre ao largo das circunstâncias. Eu mesmo já não posso mais ignorar o tempo, minha primeira e segunda lombar já reclamam de minhas caminhadas, uma tendinite no tornozelo me diz que os meus tempos de atleta já ficaram para trás. O seu Zé talvez não se dê conta do tempo. A impressão que me dá é de que, para ele, o tempo se funde com a praça, com os bancos e com as notícias que chegam de fora, pelas ondas de rádio, repousam ao seu lado, no seu banco, na sua praça, defronte a sua casa. Então, com dois passos, seu Zé atravessa a rua, se recolhe. Amanhã estará de volta. Ele gosta disso, é seu costume, assim ele é feliz. Quanto a mim, minha procura parece tão eterna quanto a minha curiosidade. Desperto, sento e escrevo, essa é a minha rotina, e assim eu sou feliz, e assim eu levo a vida. (*) Servidor Aposentado da Unesp - FCF/CAr; Pós-Graduação “Lato-Sensu” em Gestão Pública- Gerência de Cidades – FCL/UNESP; e-mail: neumotuca@gmail.com Blog: www.artigosdoneu.wordpress.com
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GOVERNO PARTICIPATIVO EMAIR JUNIO DE FREITAS*
Governo Particido que, com É bastante salutar o pativo pressupõe a conhecimento envolvimento das participação popular mais aprofunpessoas em geral nas nas diversas decidado da matésões que envolve a ria se desenquestões políticas e administração de um volva medidas administrativas governo. Essa pareficazes para ticipação não está solucionar os restrita ao orçamento participativo, problemas instalados no governo. onde a comunidade, efetivamente, Mesmo um governo participativo participa do processo de elaboração poderá ter acirrada oposição, pois do orçamento anual, por meio de invariavelmente, sempre tem os adassembleias abertas onde podem versários políticos, que irão criticar as opinar a respeito dos investimentos e medidas realizadas no governo, pois serviços que deverão ser realizados até aquelas que forem realizadas no ano seguinte pelos governantes. com base, única e exclusivamente, Portanto, devemos entender que na deliberação popular podem ser governo participativo é muito mais questionadas. amplo do que a simples participação Outra questão bastante discutida popular nas diretrizes orçamentárias quando das transições é a participaanual. ção. Talvez neste aspecto não geneÉ obvio, também, que o governo ralizada e aberta, mas somente de mesmo participativo não poderá ficar colaboradores do novo governo, que engessado ou a mercê da realização por uma questão natural e ideológica, da consulta popular por meio de deveriam ser ao menos consultados assembleias, onde as discussões das prováveis nomeações de cargos. podem se arrastar por meses ou anos. Nada mais justo que o governante Mas, quando não haver urgência nas eleito pelo voto popular, mas que para decisões e elas forem de relevância obter êxito contou com apoio de uma para a sociedade, e sendo o governo parcela considerável da população realmente participativo, invariavel- e seus representantes pontuais, mente, terá que realizar as consultas consulte-os. Portanto, num governo populares por meio das assembleias novo dito participativo, as nomeações públicas, para que diante das consi- para cargos de confiança, claro que derações e opiniões dos cidadãos, terão de ser pessoas ligadas ao adpossa o governo desenvolver medi- ministrador, mas isso, não impede de das eficientes com base nos anseios que se faça consulta a determinada da população que foi previamente parcela da população que trabalhou consultada. e ajudou o administrador na campaOra, é bastante salutar o envol- nha, consolidando assim, os apoios vimento das pessoas em geral nas políticos que são demasiadamente questões políticas e administrativas importantes para construção de um de um governo, pois trazem a tona, governo, seja ele participativo ou não. talvez não todas, mais uma parcela considerável das peculiaridades das matérias ou problemas instalados que (*) advogado, o administrador enfrenta, possibilitan- emairjfreitas@adv.oabsp.org
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Políticos eleitos são diplomados em Araraquara
Na cerimônia realizada no Fórum da cidade no último dia 18, juiz eleitoral demonstrou importância dos cargos públicos serem exercidos com responsabilidade O prefeito Celso Teixeira Assumpção Neto, o vice José Luiz de Laurentiz Sobrinho, os nove vereadores eleitos e seus respectivos suplentes foram diplomados no dia 18 deste mês em cerimônia realizada no Fórum de Araraquara com a presença do juiz Eleitoral Sergio Cesar Medina, do Juiz Diretor do Fórum, Heitor Amparo, e outras autoridades. “Na urna, os eleitores depo-
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sitaram todas as esperanças, os sonhos, as expectativas nos trabalhos de vocês, que não podem ser esquecidos”, destacou o Juiz Sergio Cesar Medina. “Por isso, devem exercer suas funções com responsabilidade, com o propósito de servir o povo com humildade, sem que atuem no altar das conveniências, das propinas e dos conchavos em detrimento dos interesses sociais”, completou.
Cerimônia de posse será no clube da 3ª Idade Evento será realizado no dia 1º a partir das 10h
Prefeito eleito Celso com o vice Zé Luizinho e os nove vereadores que irão atuar no legislativo a partir de janeiro
Sergia Ribeiro realiza reunião para atrair voluntárias na cidade
Eleições na Câmara Após o cerimonial, os vereadores eleitos iniciarão o mandato
Futura presidente do Fundo Social de Solidariedade de Motuca busca apoio para a realização de projetos e eventos periódicos Jairo Falvo
Assentamento Monte Alegre e da cidade. “Conheci pessoas maravilhosas lá e precisamos unir com as daqui para a realização de atividades em conjunto”.
20 mulheres participaram do encontro realizado no Salão de Festas da Igreja
Na primeira reunião com mulheres da cidade após a eleição do marido Celso Teixeira Assumpção Neto ao executivo municipal, a futura primeira dama Sergia Ribeiro destacou a importância do comprometimento do voluntariado para a realização de projetos sociais em Motuca. “É um compromisso em prol das famílias mais necessitadas”, pronunciou Sergia, no evento realizado no Salão de Festas da Igreja São Sebastião no último dia 14, com a participação de 20 mulheres. Sergia, que a partir de janeiro assume a presidência do Fundo Social de Solidariedade, pretende
realizar com a ajuda das voluntárias eventos culturais e sociais periódicos, além de projetos de geração de renda observando as potencialidades locais. “A Prefeitura não deve focar apenas na distribuição de cestas básicas, mas também no sentido de proporcionar condições às famílias carentes para que se tornem independentes”, disse. Uma das primeiras iniciativas, segundo a futura primeira dama, é a realização de um diagnóstico para conhecer as necessidades das famílias. Sergia também pretende buscar uma integração entre as mulheres do
A cerimônia de posse dos representantes eleitos no pleito de outubro para atuarem na administração municipal nos próximos quatro anos acontecerá no Clube da 3ª Idade, no dia primeiro de janeiro de 2013, a partir das 10h. Na ocasião, também será realizada de forma simbólica a entrega das chaves da Prefeitura ao novo chefe do poder executivo municipal Celso Teixeira Assumpção Neto.
Sustentabilidade Sergia Ribeiro destacou a importância de inserir a cidade no calendário de eventos regionais a partir de projetos voltados à sustentabilidade. “Pelo tamanho de Motuca, é possível torná-la referência em questões que levem em conta a conscientização ambiental e cuja parte financeira seja revertida para geração de renda dos cidadãos”, destacou.
participando da primeira sessão, na qual será realizada eleição da mesa diretora, que disciplinará os trabalhos da Casa no primeiro biênio. Entre os vereadores que demonstraram interessante em disputar a presidência da Câmara estão Fábio de Menezes Chaves, Renato Luis Rateiro e Vera Falvo, pelo bloco da situação. O vereador José Roberto Legramandi é o nome mais cotado entre os candidatos eleitos na chapa opositora ao prefeito eleito, caso o grupo decida lançar um candidato.
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Membros do Conselho Tutelar são empossados em cerimônia na Câmara Presidente do CONCRIAMO destacou importância do cargo e da necessidade de valorização pela sociedade
Em cerimônia realizada no dia dez deste mês pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Motuca (CONCRIAMO) na Câmara Legislativa, foi realizada a posse dos cinco membros efetivos, eleitos para atuarem em um mandato de três anos. “Este é um dos cargos mais importantes existentes na cidade, que deve ser valorizado e compreendido pela sociedade”, discursou o presidente do CONCRIAMO, José Antônio da Silva. Na eleição, foram eleitos apenas dois membros para a suplência, número inferior aos cinco necessários para o preenchimento das vagas.
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Evento de lançamento de livro será na praça da matriz Ocasião terá sessão de autógrafo e música ao vivo O evento para o lançamento do livro “Sertanejos, estrangeiros, forasteiros. Dos primeiros boiadeiros à emancipação política de Motuca”, da jornalista Gabriela Marques Luiz, será realizado na praça da matriz, durante a festa em comemoração ao aniversário da cidade e ao padroeiro São Sebastião. O evento terá música ao vivo e sessão de autógrafos.
Personalidades Conselheiras foram eleitas para um mandato de três anos
Reservas Em virtude da boa receptividade, a autora disponibiliza reservas para as pessoas interessadas em adquirir a obra, que terá tiragem limitada de 300 exemplares. O valor é R$ 25. As reservas podem ser feitas com a própria autora pelo telefone (16) 9734 8189 ou pelo e-mail gabriela_marquesluiz@yahoo. com.br.
Maria Luiza Malzoni Rocha Leite
A única mulher da família Malzoni, Maria Luiza, tornou-se a benfeitora dos trabalhadores da usina, ao assumir a assistência social da empresa. Sempre ajudando a quem precisasse, Maria Luiza era uma mulher forte e determinada. Doou terras à Motuca, onde posteriormente foram construídas uma escola e o centro médico e odontológico da cidade. Dentro da usina, Maria Luiza construiu uma igreja católica e um ambulatório para os trabalhadores e suas famílias, que nesta época já era praticamente a maioria da população do distrito.
Curiosidades
Plebiscito para a emancipação
O relógio da igreja tocou cinco vezes e avisou que já eram 17h. As urnas foram lacradas e trazidas para o juiz presidente da 13ª zona eleitoral, Wagner Corrêa, que veio pessoalmente encerrar o plebiscito em Motuca. Quando as pessoas já estavam se retirando da escola, o juiz anunciou que apuraria os votos ali mesmo e que todos poderiam acompanhar, em silêncio. Então, foi feita uma mesa-redonda e começou a contagem. O juiz pegou uma urna, tirou o lacre, abriu-a e pegou o primeiro voto. Todos não tiravam os olhos dele, que abriu o papel. Todos prenderam a respiração. Wagner Corrêa leu o primeiro voto: “não”. A comissão entrou em desespero. A população desanimou. Será que o esforço de quase três anos havia sido em vão? Em seguida, o juiz já anunciava o segundo voto: “sim”. A esperança voltou e os olhos da maioria ali presentes brilharam. Pela próxima hora, só escutariam, praticamente, uma única palavra: “sim”. A comemoração foi geral. Dos 1.163 eleitores que compareceram, 1.121 votaram a favor; 30 contra; 9 em branco e 3 nulos. (Trechos do livro “Sertanejos, estrangeiros e forasteiros. Dos primeiros boiadeiros à emancipação política de Motuca”)
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Mais de 50 crianças da cidade enviaram cartas para o Papai Noel
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Pedidos são feitos de maneira geral por crianças cujos pais não possuem condições de comprar presentes Arquivo pessoal
alguns para serem entregues em Motuca, a partir de pedidos das cartinhas enviadas nos Correios”, destaca a professora Elaine Marques Luiz. “Conseguimos realizar o sonho de uma menininha de quatro anos que tinha o desejo de ganhar uma bicicleta rosa com cestinha”, completa.
Ceia beneficente reúne dezenas de famílias no natal
Elaine e parentes distribuíram brinquedos no ano passado
De acordo com informações dos Correios, mais de 50 crianças da cidade enviaram cartas para o Papai Noel pedindo presentes para o natal. São desde coisas simples como bonés até bicicletas e skates. De maneira geral, os pedidos são feitos por crianças carentes, cujos pais não possuem condições de comprar os presentes. Nem
sempre, porém, o Papai Noel possui condições de atender aos pedidos de todos. Por isso, quem quiser ajudá-lo com essa boa ação é possível “apadrinhar” uma das crianças e deixá-la ainda mais feliz neste natal. “No ano passado, um sobrinho arrecadou vários presentes para serem distribuídos em bairros pobres de Araraquara e trouxe
Evento é organizado há doze anos na cidade por voluntária
Brinquedos de madeira ainda fazem parte da infância das crianças Morador passou a partir deste ano a fabricar caminhões, tratores e móveis infantis comercialmente Jairo Falvo
Caminhão tanque e trator preto são os mais procurados, diz Leomar
Na infância humilde, para satisfazer seus desejos de criança, o aposentado Leomar dos Santos, de 68 anos, fabricava seus próprios brinquedos de madeira. A habilidade e o trato no trabalho
artesanal foram sendo aperfeiçoados com o decorrer dos anos, mas sempre como uma forma prazerosa de passar o tempo. Neste ano, no entanto, decidiu dedicar-se com mais afinco
Evento realizado no ano passado
à produção, realizada de forma comercial em sua própria casa. “A procura está sendo grande”, revela. Além de madeira, os brinquedos também possuem peças de plástico como rodas e direção bem como adesivos ilustrativos. “O trator preto e o caminhão tanque são os mais procurados”, revela Leomar, que não observa dificuldades em competir com os brinquedos eletrônicos. “No início achava que não seria fácil, mas as crianças ainda gostam de se divertir com os artesanais”. Além de expor em uma loja da cidade, Leomar conta com a ajuda de uma de suas filhas para divulgar na internet seus trabalhos como caminhões, tratores e móveis infantis, cujos valores variam de R$ 30 a R$ 50.
Onde encontrar - Telefone: 3348 1198 (Leomar) - Minalli Presentes - www.facebook.com/ leomardossantos.921
Pernil, lombo, frango assado, massa, strogonoff, saladas... Estas e outras variedades de alimentos e bebidas compõem a mesa farta de mais de dez metros da ceia beneficente realizada no Jardim Canavieiras 2 com a participação de dezenas de famílias. Há 12 anos a voluntária Daisy Diogo Pereira Sturion organiza o evento na cidade, com a ajuda de parentes, colaboradores e vizinhos. “Foi a forma que encontrei de proporcionar um momento especial para essas famílias, muitas sem condições de realizar uma ceia em casa”, relata a voluntária, que desde a juventude realiza trabalhos solidários. Na véspera de natal, Daisy passa o dia inteiro na cozinha preparando os pratos. Alguns vizinhos também trazem alimentos e bebidas.
Quando o relógio bate meia noite e o nascimento de Jesus se anuncia, todos os participantes realizam oração e se cumprimentam num grande ato de fraternidade e paz. “Na ceia não existem diferenças entre as pessoas, mas uma união”, exalta Daisy. Depois, inicia-se a ceia. “Sinto-me realizada ao ver a satisfação das pessoas”, diz. Se não bastasse o grande evento, a voluntária presenteia as crianças com brinquedos adquiridos por ela, além de outros doados pelo empresário da cidade Marcos Amistá.
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a artista do
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MOVIMENTO Artista plástica rinconense que há dois anos reside em Motuca se inspira no dinamismo da natureza, das pessoas e da espiritualidade para compor suas obras Brenda Faria, em seu ateliê
Todo artista possui sua inspiração. A de Brenda Faria é o movimento, observado nas pessoas, na natureza e na espiritualidade. Os passos da dança, o desabrochar das flores e o bater das asas - de pássaros ou de anjos - estão presentes nas obras da artista plástica rinconense, que há aproximadamente dois anos reside em Motuca. Com talento reconhecido, expôs seus trabalhos em galerias e mostras pelo país. Formada em Licenciatura em
Educação Artística e Licenciatura Plena em Artes Plásticas pela PUC Campinas, a arte contemporânea teve grande influência em suas obras iniciais. “Sempre busquei minha própria linha de trabalho”, destaca Brenda. Em 2000, decide explorar uma nova etapa em sua carreira, desenvolvendo releituras de obras renascentistas e barrocas em madeiras de demolição. “São janelas, pisos, parte de mobiliários e pedaços de madeira antiga que considero verdadeiros
tesouros”, relata. De acordo com a artista, as ‘cicatrizes’ como pregos, cupins e partes queimadas da madeira a permitem expressar sua arte “sem contornar os obstáculos, mas aliando-os”, explica. Influenciada pelo filho Thiago Christof, que é praticante de golfe, Brenda focou seus últimos trabalhos na madeira com pinturas retratando peculiaridades do esporte. “Adoro os movimentos, a elegância que o golfe possui”. Algumas de suas obras estão expostas no Damha Golf Club, de São Carlos. A artista desenvolveu a técnica de pintura em madeira de demolição em Tiradentes, localizada no interior de Minas Gerais, reconhecida pela importância histórica e cultural. A cidade foi onde Brenda explorou de forma mais ativa sua vida artística de 1999 a 2010. Lá, expôs seus trabalhos em galerias, foi vice-presidente de uma associação de artistas e esteve à frente de projetos voltados aos jovens. Segundo Brenda, o momento econômico brasileiro tem estimulado o aumento de eventos e feiras internacionais como a
SP-Arte, voltados para galerias e, favorecendo, assim, artistas em ascensão. Porém, segundo ela, a maioria dos brasileiros que possuem condições financeiras, ainda preferem investir em produtos eletrônicos de última geração. “Uma questão cultural de um país multifacetado e ainda jovem”, salienta. Alguns dos trabalhos de Bren-
da Faria em madeira de demolição podem ser observados em seu site na internet, juntamente com o histórico de sua carreira artística e vídeos de divulgação de suas obras, produzidos com a ajuda de amigos e do filho João Christofoletti, músico que compôs as trilhas sonoras. www.brendafaria.com
É preciso preservar a identidade das cidades, observa a artista “As reais mudanças ocorrem pela ação conjunta”, diz Para a artista plástica Brenda Faria, as características e necessidades próprias de cada cidade devem ser preservadas, de forma que cumpram a função principal de proporcionarem bem estar e funcionalidade aos moradores. “Considero importante crescer com planejamento, de acordo com conceitos de preservação e sustentabilidade, para que
não ocorram a descaracterização e homogeneização em desrespeito à identidade”, aponta. Neste contexto, segundo Brenda, a arte se apresenta como coadjuvante, “através da valorização do trabalho de artistas e artesãos, muitos anônimos, gerando renda e enriquecendo sua identidade cultural”. Para a artista, “as reais mudanças ocorrem pela ação conjunta”, conclui.
Morador aprendeu inglês a partir da música Qualificação em cursos à distância e por professores particulares foi facilitada pelas várias letras decoradas de cantores e conjuntos americanos e ingleses Credence, Beatles, Rolling Stones, Bonnie Tyler, Nazareth, Nadine Expert … Estes foram alguns dos conjuntos e cantores de língua inglesa que o motorista Clóvis Feliciano conheceu após ser presenteado com vários álbuns por um ex-namorado de uma de suas irmãs quando tinha 13 anos. Depois, ganhou uma sonata de um irmão e ouvia por horas as melodias que passaram a fazer parte de sua vida. “Ficava suado de tanto escutar e procurava cantar junto com a mesma pronúncia”, lembra. Em pouco tempo, havia decorado inúmeras canções dos discos. Apesar de possuir boa entonação e ter voz afinada, a carreira
musical nunca esteve nos planos de Feliciano. As cantorias ficaram restritas aos amigos e parentes. “Gostava muito de Motuca e temia ficar longe dos familiares se seguisse no meio artístico”, revela. A música, porém, despertou nele o interesse em aprender a falar e a escrever na língua inglesa. O aprendizado em cursos realizados à distância e por professores particulares foi facilitado pelas várias letras decoradas. Em 1996 tornou-se professor e por 15 anos lecionou para mais de 200 alunos de Motuca, Rincão e Matão. “Eu ia até a casa deles e dava aula na mesa da cozinha”, lembra. “Era um prazer ensinar e tratava a atividade muita mais como
uma descontração”, completa. Hoje, com 51 anos, não leciona mais por conta da profissão de motorista, que lhe toma muito tempo. Mas não largou o inglês. “Ainda realizo alguns estudos, pois se parar a gente esquece o que aprendeu”, diz. Seu aparelho de som ainda toca as músicas dos conjuntos ingleses e americanos. “Fazem parte da minha vida”, conclui.
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Apesar de possuir boa entonação, Clóvis não quis seguir carreira artística
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Uma vida pelo futebol
Gabriela Marques
Com esperança na reativação do Motuca Futebol Clube, Ari do Maisena cuida com carinho do Campo de Futebol e do Curral Por Gabriela Marques
Em seus tempos de glória, o Motuca Futebol Clube era venerado pela população e conhecido em toda a região. O clube surgiu no início dos anos 1970, após a doação de um terreno pelo apaixonado amante do esporte Anselmo Maine, para a construção do atual campo. Após aproximadamente 20 anos de existência e revelar vários jogadores e técnicos motuquenses, o clube foi desativado no início dos anos 1990. Hoje, o que resta do Motuca Futebol Clube, além de memórias, é o seu patrimônio: o campo e o Curral, que foi construído na gestão do primeiro prefeito de Motuca, Rui
Pinotti, com a ajuda da Usina Santa Luiza e da população. Segundo Ariovaldo Marques, conhecido como Ari do Maisena, a escritura de ambos permanece em nome do Motuca Futebol Clube. Ele jogou no clube desde sua inauguração até 1988, criando um verdadeiro vínculo de amor com o esporte e o time. “Desde 1994, sou eu quem cuida do campo, roçando-o, limpando os vestiários e fazendo a risca do campo”, conta. O famoso Curral, diversão dos motuquenses por anos a fios e palco de muitas lembranças saudosas, também é mantido por Ari, que também roça o local e faz a limpeza. Desde o início de suas
atividades na preservação dos dois patrimônios do Motuca Futebol Clube, Ari recebe ajuda da prefeitura, que fornece adubo, trator e roçador, entre outras coisas. “Em relação aos impostos e a água do campo e do Curral, eu pago do meu próprio bolso”, afirma. O clube conquistou diversos títulos em campeonatos pequenos na região e na cidade, como um em Rincão, por volta de 1985. Na ocasião, o time motuquense venceu o Paulista, de Rincão, por 4x3, com um gol memorável do famoso jogador Edno Gaúcho, no final do segundo tempo. “Também participávamos de vários amistosos, inclusive contra o time juniores da Ferroviária”, relembra. Ari revela que faz a manutenção do patrimônio do clube devido a um sonho. “Um dia, tenho esperança que o Motuca Futebol Clube seja reativado”, acredita. Influência do pai Ari começou no futebol aos 14
Seu Ari com o neto Ruan
anos, por influência do pai. “Na época, o primeiro campo de futebol de Motuca ficava atrás da igreja e era meu pai quem cuidava”, conta. Desde então, Ari participou do Motuca Futebol Clube e fez parte da equipe de futebol veterano da cidade até 2010, quando foram vice-campeões do Campeonato de Futebol Veterano de Jaboticabal.
Hoje, também cuida do campo e mini-campo da Área de Lazer, de forma voluntária, além de ser o responsável pela abertura e fechamento dos portões do cemitério. “Não consigo ficar um só dia sem cuidar do campo, Curral ou da Área de Lazer”, fala Ari, que trabalha como motorista da prefeitura.
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