JORNAL CENÁRIO • Notícias de Motuca • Um serviço de utilidade pública • Periodicidade mensal • Motuca SP, 30 de Junho de 2016 • R$ 2,50
Ano 10 • Edição nº 89
PPAIS
COLETA SELETIVA
Programa do governo estadual destina R$ 400 mil à produdores de Assentamentos. Página 12
Projeto conquista sacos de ráfia e inicia programa de fomento da atividade. Página 12
Atividade física Hábitos saudáveis contribuem com melhorias na saúde de moradores. Página 13
Informar para transformar
Greve é suspensa após 19 dias e IMPASSE CHEGA NA JUSTIÇA Foram 19 dias de paralisação. Do dia oito ao dia 26 junho mais da metade dos servidores municipais efetivos participaram da primeira greve da história da Prefeitura reivindicando reajuste salarial e aumento no ticket alimentação, além de melhorias nas condições de trabalho. No período, permaneceram em Assembleia permanente, fizeram passeatas e carreata, abaixo-assinado, audiências em órgãos de trabalho, mas as iniciativas para convencer a administração a conceder os benefícios não surtiram efeito. A Prefeitura alega problemas financeiros e impedimentos legais. Liminar da justiça determinou o retorno de 70% dos servidores lotados em setores considerados essenciais e Assembleia decidiu suspender a greve. Audiência conciliatória está agendada para o dia cinco de julho.
Raphael Pena/SISMAR
EDITORIAL
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O justo e o possível Nem mesmo os mais pessimistas imaginavam que a primeira greve da história da Prefeitura de Motuca duraria tanto tempo. Foram dezenove dias até a decisão da Assembleia de suspendê-la temporariamente, após liminar acatar parcialmente petição da Prefeitura. O movimento, desta forma, pode ser retomado, mas não com a força de antes em virtude da determinação de que 70% dos servidores lotados em cargos considerados emergenciais devam retomar às suas atividades. É inegável que o desenvolvimento de uma política de valorização do funcionalismo a partir de reajuste anual da inflação e da implantação de melhorias no trabalho é justo, além de ser um direito previsto na constituição. Até mesmo o Prefeito Celso, que é um servidor público, reconheceu publicamente isso. Desta forma, o movimento liderado pelo SISMAR ganhou força entre os servidores e de parcela significativa da população. Existe, no entanto, o enfrentamento paradoxal do justo e o que é de direito com o que é possível. A inflexibilidade da Prefeitura partiu de tal premissa. De acordo com as
Os próximos gestores passarão a concentrar esforços na manutenção da política de valorização dos servidores municipais autoridades municipais, a Prefeitura está com a folha de pagamento no limite prudencial preconizado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), além de apontar problemas financeiros com a queda de arrecadação pela crise nacional e impedimentos da Lei Eleitoral. Diante disso, existe o temor do prefeito em responder futuramente por improbidade administrativa. Para o sindicato, contudo, tais argumentos são insuficientes para justificar a falta de uma política de valorização do funcionalismo local, que nos últimos sete anos perdeu mais de 22% em decorrência da inflação. A Prefeitura, de acordo com a entidade, deveria fazer o dever de casa, enxugando os gastos públicos e desenvolvendo ações para aumentar
SORTEIO CENÁRIO Assinante: Maria Cicera V. Maine (ganhou um sofiolli de presunto e queijo oferecido pela Magno Massas
Anunciante: Tapioca e CIA (ganhou uma pizza oferecida pela Lanchonete do Levi)
a receita com o intuito de viabilizar o que é de direito da categoria. Com tudo isso, fica ainda a impressão que a negociação sobre a concessão dos benefícios teve erro de ambas as partes. Excessos na postura do sindicato, com palavras duras que beiraram ofensas, tanto nos discursos como subliminarmente nas músicas, propiciaram um clima ruim na relação com a administração municipal. Por outro lado, o prefeito Celso e sua equipe agiram de um modo esquivo, permanecendo na retaguarda e deixando de dialogar de forma efetiva com os servidores. A Prefeitura também deveria ter questionado a legitimidade do SISMAR antes do processo evoluir para a paralisação. As autoridades também não esclareceram o motivo do não reenvio à Câmara do projeto do ticket no valor de R$ 50, após pedido de desmembramento dos vereadores da proposta anexada que versava sobre o ajustamento salarial e de nomenclatura de cargos comissionados. O impasse, agora, deverá ser decidido no TRT, onde os argumentos dos servidores e da Prefeitura serão avaliados tecnicamente e legalmente. A greve é um movimento legítimo, mas que tráz inevitáveis prejuízos à população. Por isso, a necessidade de uma solução célere, o que não ocorreu. Ficará, por fim, marcada na história da cidade e certamente os próximos gestores municipais passarão agora a observar a necessidade de concentrar esforços na manutenção da política de valorização dos servidores municipais.
EXPEDIENTE
Jornalista: Jairo Figueiredo Falvo, MTB 44.652/SP Repórter: Gabriela Marques Luiz Colaboradores: Fábio Falvo, Milena Fascinelli, Irineu Ferreira, Gerson Lima, Geraldo Moreira Junior, Diego Moreira, José de Carvalho, Carlos Alberto dos Santos; Tiragem: 1.000 exemplares Circulação: Motuca-SP Contato: Tel.: 16 3348 11 85 - 99722 4608 e-mail: cenarioregional@gmail.com CNPJ: 07.650.710/0001-06 endereço: Av. Marcos Rogério dos Santos, 31, Centro, Motuca-SP - CEP: 14.835-000 - Impressão: Gráfica Jornal Primeira Página, São Carlos-SP
16 - 3348 1185 cenarioregional @gmail.com
ARTIGO/ LEITOR
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“Imagine não existir países; imagine não existir posse; não haver necessidade de ganância ou fome; imagine todas as pessoas vivendo para o hoje; você pode dizer: Que sou um sonhador -.” (trechos de Imagine de John Lennon).
Irineu Ferreira (Neu)
O Inimaginável é Inevitável Imagine uma cidade dando a seus habitantes valores que lhes permitam a sobrevivência sem nada em troca. Imagine a casa de “leis” da cidade elaborando um anteprojeto ou abrindo um debate sobre o assunto. Em seguida fomentaria ações para conscientizar toda a população de que uma nova maneira de tratar o “social” seria necessária. A ideia central seria uma renda incondicional para todos os habitantes, desde o seu nascimento até a sua morte e, pasmem, independentes de sua situação social. Seria uma maneira de garantir uma existência digna e o cidadão teria uma efetiva participação na vida pública, em quaisquer circunstâncias. Os legisladores provavelmente embasariam a defesa desse “anteprojeto” na ilação de que as pessoas, cientes de que contariam com essa renda básica, teriam a liberdade de escolher as suas profissões, agir de forma voluntária em prol de causas sociais e outras situações correlatas. Para dar substância à ideia, lançariam mão do fato de que até a produtividade da economia poderia aumentar. Nesse caso, o município teria uma reserva técnica para atender certas reivindicações, como, por exemplo, as de uma greve reivindicando melhorias salariais, posto que pessoas livres são naturalmente criativas, testam ideias e podem também ajudar com bons projetos. Os autores da inusitada ideia já sabem que seriam contestados pela administração, que insiste em dizer que não tem verba, que não há recursos
A greve atual, a meu ver, não é um movimento político, mas um movimento de afirmação de novos valores e princípios para tal projeto, que o cofre do município está zerado e coisa e tal, pois não pode abrir mão de seus “homens de confiança”. Os autores ainda sustentariam que, para a ideia dar certo, haveria apenas que interromper alguns projetos sociais; e que parte desta planilha seria compensada com uma parcela do salário dos funcionários, algo como um desconto de aproximadamente 25%, que poderíamos denominar “abatimento sustentável”, a exemplo do imposto retido na fonte. E quem porventura ganhasse menos receberia apenas alguns subsídios ainda passíveis de maior elucidação. Os outros recursos que faltassem para cobrir o déficit orçamentário seriam obtidos por uma “taxação às grandes fortunas locais”. Com certeza, a maioria iria concordar com tão nobre, lúcida e primordial ideia. Algum pessimista de plantão poderia pensar que o povo, tendo um salário garantido, poderia perder o ânimo para trabalhar, que dar uma compensação material sem a necessidade de trabalhar ou produzir seria algo questionável. Imaginou? Aliás, não é tão difícil. Hoje temos em nosso país “bolsas” de toda espécie. Living for today… Motuca tenta abandonar o modelo “patrimonialista”, fruto do convívio com a bonança dos áureos tempos da Usina Santa Luíza, ou seja, estamos presenciando mais uma difícil transição de governo. Já existem grupos articulando a mesma concepção de governar, como se a coisa pública não estivesse a serviço da coletividade, mas de seu proveito próprio ou pessoal; espantam-se com os números das pesquisas de opinião, que não apontam ninguém em especial. É perturbador e triste observar certos resultados. A cidade procura um líder, um “Messias”, e não acha. Não há. As cidades têm que se modernizar socialmente, Motuca possui mão de
obra especializada para atender as usinas da região; tem um distrito industrial que aos poucos toma jeito; um jornal independente, sério, de opinião e que, sem dúvida, é uns dos instrumentos mais importantes para qualquer cidade; tem também um sistema educacional que sempre foi destaque na região; aquífero e mananciais, água em abundância, proximidade com grandes centros industriais e comerciais, só nos falta planejamento. A greve atual, a meu ver, não é um movimento político contra o prefeito, mas um movimento de afirmação de novos valores e princípios, não reconhece partidos, vereadores ou pessoas que se aproveitam do contexto presente e sabidamente despreza esses valores. Já tivemos outros gestores, hoje a vidraça é o atual, talvez amanhã seja você, eu ou outrem. Em tempos modernos, como este, é inadmissível que o povo ainda possa ser massa de manobra de políticos e grupos que defendem apenas interesses próprios; é necessário um basta nisso. A ética na política é hoje uma bandeira social. A primeira greve local de servidores públicos nos mostra isso. Para se acabar com este enfrentamento hoje e no futuro, são necessários prudência, diálogo e honestidade entre todos os envolvidos. Somente assim se evitará que esta primeira greve vire uma rotina. É fundamental que os números, as planilhas, o orçamento da prefeitura, que a equação despesa/ receita seja apresentada à população de uma maneira compreensível, transparente – caso contrário o impasse não terá fim. As ideias que em princípio norteiam esta narrativa são apenas lúdicas; mas talvez não o sejam. Poderá ser um pensamento e uma providência inevitável para o futuro. Estas ideias estapafúrdias foram pensadas originalmente em 1516 pelo britânico Thomas More e foram apresentadas como uma utopia na época. Aconselho aos meus leitores que observem o que já esta acontecendo na Finlândia, na Holanda, no Quênia e no Canadá. Irineu Ferrreira (Neu) é Servidor Aposentado da UNESP – FCF/Car E-mail: neumotuca@gmail.com www.artigosdoneu.wordpress.com
Espaço do leitor Quer enviar reclamações, elogios ou sugestão de pauta? Mande sua mensagem para o Jornal Cenário no -email: cenarioregional@gmail.com
Proposta do vereador A proposta do vereador Fábio Chaves de equiparar o subsídio dos vereadores ao salário mínimo e de diminuir o do prefeito e o vice teve grande repercussão na fanpage do Jornal Cenário. Abaixo, selecionamos algumas delas: • Por que ele não fez a proposta no começo do mandato? Sou a favor da diminuição do número de vereadores (não sei se é possível) e do número de comissionados. Salário pode ser uma solução, mas acho que a iniciativa tem que partir de quem está começando o mandato. Desculpe, mas me parece que é uma proposta eleitoreira. (Kleiton Mello). • Vejo muitos comentando... Porque não fez isso em 2013? Em 2013 a economia estava girando, havia fluxo econômico, o Brasil era considerado um dos países mais promissores economicamente no cenário mundial. Infelizmente, hoje temos uma crise e a proposta do vereador está baseada nesta crise, pois de outra forma porque o faria? O que se deve ser pensado é na economia que isso trará ao município. (Heleno Junior)
GREVE
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Greve é suspensa após 19 dias de paralisação Liminar obriga retorno de 70% dos servidores lotados em setores considerados essenciais e impasse será decidido no TRT Jairo Falvo
outro lado, afirma que a demora se deve ao estudo e coleta de informações. Na petição, assinada pelos assessores jurídicos Luiz Francisco Rigueto e Reynaldo de Oliveira Menezes Júnior, a Prefeitura reuniu relatórios dos diferentes setores municipais para argumentar que “por ter sido deflagrado de forma precipitada, desorganizada e desastrada, o movimento paredista conduziu-se à ilegalidade”, descreveram.
Distribuição de água Entre os pontos destacados na petição, é elencado prejuízos à população pelo fato de a distribuição de água potável no município ter sido prejudicada, já que o servidor responsável pela adição de cloro e flúor estava em greve. “O que se pode apurar dos dados apresentados é que houve evidente prejuízo à coletividade, pois simplesmente deixou-se de atender as necessidades inadiáveis da comunidade”, argumentou a Prefeitura na ação.
Passeata realizada no primeiro dia da paralisação Após 19 dias de paralisação, os servidores de Motuca decidiram por meio de Assembleia Geral realizada na manhã do dia 27 de junho suspender até o dia cinco de julho o movimento de greve. O retorno ao trabalho iniciou no período da tarde do mesmo dia e os serviços em todos os setores da administração como educação, saúde e transportes foram normalizados. A decisão foi tomada após a justiça acatar parcialmente petição inicial do dissídio coletivo ajuizada pela Prefeitura reportando supostas ilegalidades no movimento. Liminar assinada pela desembargadora do trabalho Gisela Rodrigues Magalhães de Araújo e Moraes, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas, concedida no dia 24, determinou o retorno de 70% dos servidores lotados em setores considerados essenciais. A decisão incide sobre os tra-
balhadores dos setores da saúde (Centro Médico e Odontológico da área urbana e do Assentamento), farmácia, fonoaudiologia, transportes, limpeza, agentes comunitários de saúde, educação (creches e ensino fundamental I) e de redes de distribuição e tratamento de água. Em caso de descumprimento, a liminar prevê multa diária de R$ 5 mil por trabalhador (valor que recai para o sindicato). A desembargadora intimou representantes da Prefeitura e do SISMAR (Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e região) a comparecerem a uma audiência conciliatória no próximo dia cinco de julho, na sede do TRT, em Campinas. O ajuizamento do dissídio coletivo pela Prefeitura de Motuca foi acordado entre as partes em audiência realizada no dia dezessete de junho no Ministério Público do Trabalho (MT)
Celso afirma considerar justas as reivindicações, mas quer aval da justiça de Araraquara. O procedimento foi realizado pela administração municipal no dia 22 à tarde. Por alegar que a Prefeitura estava se omitindo, o sindicato chegou a antecipar o movimento e, após decisão de Assembleia Geral, protocolou a ação na madrugada do mesmo dia. A Prefeitura, por
Negociação será retomada em audiência no dia 5 de julho no TRT Audiência conciliatória agendada para o próximo dia cinco de julho na sede do Tribunal Regional de Trabalho (TRT) é uma nova oportunidade para a Prefeitura e os servidores chegarem
a um acordo. Às 19h do mesmo dia está agendada uma nova Assembleia para deliberar sobre as propostas apresentadas. Caso a decisão seja pela recondução do movimento, a paralisação deve
seguir a determinação da liminar, ou seja, com o mínimo de 70% de trabalhadores nos setores especificados. Com o ajuizamento do dissídio, o caminho final pode ser a decisão judicial.
Celso durante audiência no MPT
Criticado por não participar efetivamente das discussões, Prefeito diz que fará concessões apenas após decisão do TRT Demonstrando preocupação em responder futuramente por eventual processo de improbidade administrativa, o prefeito Celso Teixeira Assumpção Neto considerou mais apropriado, durante audiência no Ministério Público do Trabalho (MPT) realizada no dia dezessete de junho, que o impasse seja decidido no Tribunal
Regional do Trabalho (TRT), da 15ª região, em Campinas. “Acho justo o que estão pedindo, só que preciso de um respaldo”, falou. “Se for decidido o reajuste de 10% no salário ou aumento no ticket, darei com o maior prazer do mundo”, completou. Durante o movimento da greve, o prefeito recebeu críticas dos servidores e diretores do SISMAR por se ausentar de audiências na Gerência Regional do Trabalho (GRT) e no Ministério Público do Trabalho (MPT), além de não assinar ofícios enviados ao sindicado e aos órgãos trabalhistas, que eram chancelados pelos assessores jurídicos.
GREVE
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SISMAR afirma que greve é legal e reitera falta de diálogo da Prefeitura
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Presidente considera liminar um procedimento natural da justiça O SISMAR afirma que a greve em Motuca é legal, respeita os preceitos constitucionais no que se refere aos serviços emergenciais e que o impasse para o fim da paralisação é decorrente da falta de diálogo da Prefeitura. “A decisão da juíza não nos enfraquece, mas nos faz crescer, pois é direito dos servidores lutar pela sua valorização e esse movimento já entrou para a história de Motuca”, discursou o presidente do sindicato Marcos Zambone. Ele considera a liminar um procedimento natural da justiça. “A desembargadora observa o bem público e os prejuízos à
população, mas estamos caminhando conforme a lei e o prefeito é que deixou de negociar, pois desde fevereiro estamos cobrando a efetivação dos direitos da categoria”. De acordo com ele, a Prefeitura argumenta ilegalidades, mas descumpre desde 2012 acordo com o Ministério Público para efetivar procuradores jurídicos no município, que atualmente exercem cargo de confiança. O advogado do sindicato Valdir Teodoro Filho classificou como “esdrúxulas” as argumentações descritas pela Prefeitura no ajuizamento do dissídio. “A petição é como um boletim de
ocorrência, a pessoa coloca o que quer, mas os que descumprem as leis no município são os gestores, os servidores simplesmente trabalham e estão sendo desrespeitados”, disse. Perdas salariais De acordo com apuração do SISMAR pelo índice IPCA, as perdas salariais dos servidores de Motuca ocasionadas pela falta de reajuste da inflação pela Prefeitura chegam a 22,87% em sete anos, 12,32% nos quatro anos do governo do ex-prefeito Ricardo, e 10,55% nos três anos do governo do atual prefeito Celso.
Prefeitura diz que SISMAR não possui legalidade para representar a categoria Assessoria jurídica apresentou documentos ao MPT e ao Tribunal de Justiça A Prefeitura de Motuca apresentou à promotoria pública e à justiça do trabalho questionamentos sobre a legalidade do SISMAR para representar a categoria local. A primeira menção à suposta irregularidade foi colocada pelo assessor jurídico Luiz Francisco Rigueto na audiência conciliatória realizada no dia quinze de junho no Ministério Público do Trabalho, com mediação do procurador do órgão Cássio Calvilani Dalla-Déa, que na oportunidade apontou a necessidade das partes focarem no impasse para pôr fim à greve. Na ocasião, o assessor da Prefeitura apresentou documentos de pesquisa em órgãos oficiais do Ministério do Trabalho que, de
acordo com ele, demonstram que o município não consta na base territorial do sindicato, apenas na de Araraquara. “Além disso, existe uma sentença de uma juíza de Américo Brasiliense que reconhece a Confederação Nacional como representante em Motuca”, argumentou. O assessor apresentou, ainda, ofícios de dois sindicatos reivindicando a representação em Motuca. “A grosso modo, não estão regularizados no município”, apontou Rigueto. Despacho A assessoria voltou a questionar a legalidade do sindicato na petição formulada para o ajuiza-
mento coletivo no Tribunal Regional do Trabalho. A partir de despacho direcionado ao SISMAR após a entidade ingressar com o dissídio coletivo, a desembargadora Gisela Rodrigues Magalhães de Araújo e Moraes requereu o registro sindical atualizado, com a previsão da abrangência territorial.
Presidente Marcos Zambone discursa em Assembleia da categoria
Sindicato alega que processo de regularização está em andamento Foram realizados abaixo-assinado e Assembleias e entidade possui reconhecimento da categoria, diz advogado Para o SISMAR, o fato de não possuir registro no Ministério do Trabalho sobre a base territorial em Motuca não o impede de representar os servidores municipais locais. “O processo para a conquista da carta sindical em Motuca leva tempo e está em andamento, inclusive já foram realizadas Assembleias e abaixo-assinado com assinatura de mais da metade dos trabalhadores, o que demonstra que a categoria quer a representação do sindicato na cidade”, argumenta o advogado do sindicato, Valdir Teodoro Filho. Sem uma representação efetiva desde a emancipação de Motuca, os servidores passaram a ser disputados a partir da metade do ano passado, conforme reportagens publicadas no Jornal Cenário. Motuca está inscrita no estatuto do SISMAR junto com outras nove cidades da região, inclusive o sindicato foi convidado a participar de algumas audiências na justiça do trabalho. No entanto, não possui a carta sindical. A entidade já havia realizado reunião
em Motuca no dia seis de agosto do ano passado com o propósito de consolidar sua atuação. Na ocasião, foi decidida a criação de um abaixo-assinado entre os servidores demonstrando o interesse deles na representação, mas o documento acabou não sendo efetivado. A iniciativa foi uma reação à aproximação do Sindicato dos Servidores Municipais de Santa Cruz da Esperança e Região (SINDSERVMUNICIPAIS), que alega ter conquistado junto ao Ministério do Trabalho (MPT) o direito de representar os servidores locais, pois a base sindical na cidade constava como vaga. No ano passado, o SINDSERVMUNICIPAIS realizou reuniões e palestra sobre direito previdenciário na cidade, mas este ano não agendou nenhuma atividade. A reportagem questionou uma servidora nomeada na época provisoriamente como diretora sobre a atuação do sindicato. De acordo com ela, os diretores não fizeram contato desde então.
ILUMINURAS GREVE
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Prefeitura propôs reajustar em 3,15% o ticket e definir fixação da data base Autoridades apontam problemas financeiros e impedimentos legais; proposta foi sequer discutida pela categoria Jairo Falvo
Autoridades municipais e diretores do sindicato não chegaram ao acordo em audiências no MPT com mediação do procurador Cássio Dalla-Déa
Alegando problemas financeiros decorrentes da crise econômica nacional e com a justificativa da folha de pagamento estar no limite preconizado pela Lei de Responsa-
bilidade Fiscal (LRF), além de apontar impedimentos pela lei eleitoral, as autoridades se limitaram no período de greve a apresentar proposta de reajuste de 3,15% no
ticket alimentação (cerca R$ 8) e de encaminhar à Câmara texto para fixar a data base, iniciativa que foi sequer discutida pela categoria. De acordo com o assessor jurídico Luiz Francisco Rigueto, a Prefeitura não possui condições financeiras, além de estar acima do limite do custo com pessoal preconizado pela LRF para conceder o reajuste salarial. Sobre o aumento proposto ao ticket, o assessor afirmou que é o possível levando-se em conta o período eleitoral, a partir da inflação apurada do início do ano até o momento. “A prefeitura não se furtou em negociar, inclusive em uma primeira reunião com o sindicato apresentamos planilhas demonstrando a atual situação financeira do município ”, argumentou Rigueto, que apresentou parecer do Tribunal de Contas do Estado Jairo Falvo
Cerca de 700 alunos ficaram sem aulas no município Com a suspensão da greve no dia 27 de junho, os alunos retornaram aos estudos, mas foram apenas por quatro dias, até o dia 30, em obediência ao recesso escolar. Comunicado aos pais informou que a resposição das aulas será realizada após decisão judicial. A secretaria de educação já tinha elaborado um cronograma, orientado pela Diretoria de Ensino de Araraquara. “Foi me passado que a reposição pode ser feita durante o período de recesso, desde que seja respeitada uma semana de descanso”. Caso faltem dias, de acordo com Rosita, serão repostos aos sábados a partir do mês de agosto. No dia 23, a secretária recebeu uma comissão formada por mães, que apontaram prejuízos pela falta das aulas e pediram um
Jairo Falvo
Valdir Filho diz que constituição prevê medidas de contenção de gastos que não foram realizadas
Intepretação da lei pela Prefeitura é equivocada, considera SISMAR Conceder aumento ao funcionalimo não é crime, aponta advogado
Para cumprir ano letivo, secretária planeja reposição das aulas no recesso Cerca de 700 alunos que estudam na rede de ensino municipal ficaram sem aulas por causa da paralisação. De todos os setores da Prefeitura que participaram do movimento, a educação foi o que teve o maior número de adeptos. De acordo com apuração do Cenário, mais de 95% dos servidores da escola Maria Luiza Malzoni Rocha Leite, onde funciona a educação infantil, fundamental I e a creche, e cerca de 60% dos funcionários da escola Adolpho Thomaz de Aquino, de educação fundamental 2, participaram da greve. Com os dias sem aula por causa da paralisação, uma das preocupações da secretária de educação Rosa Maria Atique (Rosita) é o cumprimento obrigatório do ano letivo, estipulado pela legislação em 200 dias.
(TCE-SP), demonstrando, segundo ele, ilegalidade no aumento acima da inflação em salários e benefícios aos servidores municipais por causa do período eleitoral.
Comunicado da greve no portão da escola
desfecho rápido para o impasse. Alguns responsáveis demonstraram transtornos com a falta de aula. O motorista Jucimar Ângelo Bonifácio, de 30 anos, revela que a esposa teve que se afastar do trabalho em um comércio da família para cuidar dos filhos, um de 2 anos e, outro, de um ano, que ficam em tempo integral na creche. “Não temos com quem deixá-los e a solução infelizmente foi essa”, lamentou.
Para o advogado do SISMAR, Valdir Teodoro Filho, a interpretação da lei eleitoral apresentada pela Prefeitura é equivocada. “O seu objetivo é quebrar a desigualdade entre os candidatos, mas como o prefeito de Motuca não vai ser candidato, não tem motivo para ele não conceder uma garantia constitucional, que é a revisão geral anual, o que deveria estar previsto em orçamento”. Além disso, de acordo com o advogado, “conceder aumento ao funcionalismo não é crime em lugar nenhum”. Sobre os limites com a folha de pagamento, o advogado argumentou que a constituição prevê medidas de contenção de gastos como demissão de comissionados e não estáveis, além do corte de horas extras. “É
contraditório esse posicionamento, pois a Prefeitura descumpre a constituição e depois vem dizer que está preocupada com a legalidade”, destacou.
CIDADE
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Acirrar os ânimos A primeira-dama Sérgia Ribeiro, presidente do Fundo Social de Solidariedade, excluiu recentemente vários “amigos” de Motuca do Facebook que vinham demonstrando publicamente descontentamento com o governo do marido Celso. A atitude, entendida por pessoas próximas como um direito, pois o perfil é dela, serviu para acirrar ainda mais os ânimos na cidade. Na hora errada O projeto de ajuste de cargos comissionados era uma reivindicação antiga dos profissionais, que demonstravam ao prefeito Celso descontentamento em razão da falta de equiparação da função com o salário e pleiteavam a correção. Enviado junto com o aumento de R$ 50 no valor do ticket, a proposta foi rejeitada pelos vereadores. Para os servidores que seriam contemplados com a iniciativa, a Prefeitura enviou a proposta na hora errada. Ex-assessor Presente na audiência conciliatória realizada no Ministério Público do Trabalho (MPT) no dia quinze de junho, o ex-prefeito João Ricardo Fascineli pediu a palavra após ouvir o assessor jurídico Luiz Francisco Rigueto argumentar que o SISMAR não tinha legitimidade para atuar em Motuca, pois não possui registro no Ministério do Trabalho. Profissional de carreira Falando diretamente para Rigueto (que foi seu assessor quando era prefeito), disse que ele não tinha condições para falar em irregularidades, pois está ocupando um cargo irregular, já que existe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que determina a ocupação do cargo por um profissional de carreira. Segundo o ex-prefeito, existe um procurador concursado no município há mais de seis meses, mas que ainda não foi convocado até o momento para ocupar a função pelo prefeito Celso. Condições Por seu lado, o assessor jurídico declarou que a TAC foi assinada pelo então prefeito Ricardo, que tinha todas as condições de cumpri-la, mas deixou para o próximo gestor, inclusive fazendo a denúncia que gerou o concurso. O procurador que mediava a audiência sugeriu que a discussão fosse levada aos órgãos competentes, pois ela fugia do assunto da ocasião, que era solucionar o impasse da greve.
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Em carta aberta, vereadores afirmam que reivindicações dos servidores são legítimas Parlamentares apresentaram propostas para o desfecho da greve, que não foram acolhidas pela Prefeitura Por meio de carta aberta direcionada ao prefeito Celso, vereadores de Motuca afirmaram que as reivindicações dos servidores são legítimas, além de apresentarem propostas para o desfecho da greve. O documento foi assinado pelo presidente do legislativo Roberto Legramandi e os parlamentares Renato Rateiro, Vera Falvo, Maria do Carmo Oliveira, Fábio Chaves, Terezinha Garcez da Silva, Pedro Vieira Filho e Gilson de Jesus Marques. A iniciativa, no entanto, não teve êxito, pois a administração municipal não acolheu as propostas dos vereadores e se manteve inflexível com relação ao seu posicionamento. Para os vereadores, “...não restam dúvidas acerca das situações econômicas, vez que a depreciação monetária ocasionada pelos índices inflacionários, que corrói o
poder de compra dos brasileiros, em especial da classe trabalhadora, necessário se faz consignar que a procura do diálogo visa o imediato estabelecimento da relação bilateral dos direitos e deveres trabalhistas”, descreveram. No documento, os vereadores propuseram quatro medidas. A primeira é a criação de um plano de austeridade, classificada por eles de “choque de gestão”, que busca solução para diminuição da folha de pagamento. A segunda consiste em parcelar a reposição salarial em duas parcelas, com a primeira a partir do dia primeiro de julho e uma segunda, com o mesmo índice, para primeiro de novembro. A terceira é o aumento do vale-alimentação dos atuais R$ 260 para R$ 310. Por fim, a quarta versa sobre a criação de um projeto de lei que estabeleça a data-
Jairo Falvo
Iniciativa da Câmara demonstrou a necessidade do diálogo -base dos servidores municipais. O documento foi protocolado na Prefeitura de Motuca. A carta aberta foi lida com a presença dos parlamentares, de dezenas de servidores e de dire-
tores do Sindicato dos Servidores Municipais de Araraquara e Região (SISMAR), entidade que representa a categoria, durante reunião realizada no dia treze de junho na Câmara Municipal.
Betão diz que Prefeitura tinha possibilidades de reenviar projeto para aumento do ticket-alimentação Jairo Falvo
Proposta foi encaminhada junto com ajuste na estrutura administrativa, considerada irregular por parecer legislativo De todo o processo envolvendo o movimento da greve em Motuca, um dos fatores mais polêmicos e que acirrou os ânimos foi o projeto de lei complementar 01/2016, do poder executivo, que sequer entrou na pauta de votação da Câmara Legislativa. Enviado para ser votado em sessão extraordinária no dia 30 de março, a proposta foi devolvida pelo presidente José Roberto Legramandi após consultas a colegas e ao assessor jurídico da casa. No mesmo projeto, a Prefeitura apresentou a proposta aos vereadores de aumento de R$ 50 no
Presidente, durante sessão na Câmara
ticket alimentação aos servidores municipais, além da promoção de ajustes da estrutura administrativa do quadro de funcionários comissionados. O objetivo, de acordo com a administração, era corrigir distorções salariais e na nomenclatura de cargos, que por erro na última reforma administrava se encontravam com a definição diferente do que preconizava a função. Para o presidente Legramandi,
o projeto era irregular, pois um TAC firmado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) impedia o município de criar novos cargos, além de infringir o princípio da isonomia. De acordo com ele, a proposta do aumento do ticket daria para ser votada no dia primeiro e publicada dentro do prazo permitido pelo período eleitoral. “O projeto foi enviado no dia 30 de março e, diante das irregularidades demonstradas no parecer, foi enviado pedido para o desmembramento e novo encaminhamento no mesmo dia, o que
não aconteceu”, relatou o presidente da Câmara. O jornal Cenário enviou perguntas à Prefeitura a respeito do posicionamento de Legramandi, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.
SOCIAL
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Canhão, Sônia, Angélica com a Helena
Moradores do Jardim San Matheus fizeram um Arraiá muito festivo
Jeferson e Silvana
As organizadoras do Arraiá
Rodrigo e Roberta com os filhos João Pedro e Duda
Nilce e Marcelo
Maria, Nick, Adriana, Thainá, Laerte, Angela e Edson
Josi e Marçal
Rodrigo e karoliny
O aniversariante Lucas com os pais Cristiano e Elisandra e o irmão Leonardo
ENTRETENIMENTO
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E AGORA
JOSÉ
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?
Por José de Carvalho Participação de Jairo Falvo e Carlos Alberto dos Santos
E
ssa greve parecia que não ia acabar mais. O povo não arredava o pé. Graças a Deus foi realizada em paz, sem nenhum tipo de problema. Uma amiga servidora me confessou que já não aguentava mais acordar cedo para ir à greve. Ela diz que às vezes acorda na madrugada com a voz do diretor do sindicato soando em seu ouvido. Outra me falou que, se a Prefeitura não der um bom aumento em seu ticket ela vai acabar tendo um tique nervoso.
Tirando onda! E o Rudson, namorado da minha querida amiga Heloíse, aproveitou a passeata realizada durante a greve para tirar uma onda com os palmeirenses. Entre os vários cartazes para o prefeito dar um jeito na situação, ele carregou um com os dizeres: “Palmeiras não tem mundial”.
Uma boa ideia “Isso é dor de cotovelo de corintiano”, me falou o Cabeção. Segundo ele, o verdão ganhou o primeiro título mundial, em 1951. Salário mínimo Se a proposta do vereador em Motuca ganhar um salário
mínimo prosperar, deve diminuir o número de candidatos na cidade. Eu já chuto o balde. Não deveria é ganhar nada. Ou melhor, ganharia a satisfação de ajudar a nossa comunidade, que precisa de políticos verdadeiramente dispostos a trabalhar pelo povo. Voltando para trás! Segundo um camarada, ou o pessoal do colarinho branco dá um jeito em Motuca ou a solução é voltar a ser distrito de Araraquara. Vacas magras E a crise chegou ao boteco. Até os enxugadores de copo estão com dificuldade de manter o vício. “Já bebi muito na época das vacas magras,...agora não bebo mais, porque as vacas faleceram!”, me falou um sujeito nestes dias. Feijão E quem diria... Feijão virou comida de rico. Segundo uma amiga, o feijão está tão caro que andar com a casca do feijão no dente não é feio.... é ostentação! Barba de molho A situação de nosso querido país está tão feia, que o capim está comendo o bode. Pegaram até o japonês da federal. O jeito é ficar com as barbas de molho e esperar nosso senhor Jesus Cristo interceda por nos-
so povo. Frio Tem gente que gosta do frio, como o camarada Lucas, filho do Espirro. Para ele, quanto mais embaixo tiver a medição no termômetro, melhor. Para mim, isso é coisa de doido. Chegou numa situação neste mês de até a geladeira pedir cobertor. Trevo de quatro folhas A procura de um príncipe encantado, uma amiga interessada em um compromisso sério vai logo dizendo: “Sou tipo trevo de quatro folhas, difícil de achar e sorte de quem têm”. Abafou! Espinho de cobra Todo mundo sabe, às vezes encano de beber um espinho de cobra, mas estou procurando me controlar. Agora.., cerveja, se depender de mim, quem fabrica vai à falência. Arraiá do San Matheus Aproveito para parabenizar os organizadores do Arraiá no Jardim San Matheus. Estive lá com nosso amigo jornalista e fomos muito bem recebidos. Tinha fartura de comidas e bebidas típicas. Que essa iniciati-
va prospere por muitos e muitos anos em nossa cidade! Caldo da Ivonete E a Ivonete, companheira do meu amigo Gil, preparou caldos deliciosos para os amigos. Estive presente e fizemos um samba. Ainda não conhecia o local onde o Gil se esconde, bem arborizado, onde ele recebe vários tipos de amigos, entre gentes e animais.
tudo de bom. Saudades Este mês tivemos a perda da dona Rosa, mãe do meu amigo João Kawaka, uma pessoa muito querida. Que nosso Senhor Jesus Cristo conforte toda a família. Pensamento do mês Em casa que falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão!
Língua do povo De acordo com a Isabela, filha da minha querida amiga Iraci , cidade pequena é tudo pequeno, menos a língua do povo.... que só aumenta. Tem razão!
Abraço carinhoso E o abraço carinhoso deste mês vai para minha querida amiga Dalila. Fiquei muito feliz em reencontrá-la neste mês. E também para a Sandra, do Assentamento 1, fã de nossas brincadeiras. Para o Daniel, da Durafort e todos os funcionários da empresa. E também para o Coti, que vira e mexe aparece em nosso jornal. Que Deus abençoe a todos e até a próxima.
Felicidades Neste mês o camarada Erick, filho da Maria Angélica, completou mais um aniversário. Parabéns e que Deus dê muita força nesta caminhada. Felicidades para a minha querida amiga Lucinha, esposa do Landinho, uma das pessoas mais simpáticas da cidade. Tudo de bom também para a Meire do Tesman, que merece
Mande suas sugestões, elogios ou recados para nosso e-mail cenarioregional@gmail.com
CIDADE
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Motuca avança em ranking de transparência MPF destaca cumprimento da legislação em portal da internet do município, que está atrás apenas de Araraquara na área de juridisdição de nossa região A reportagem questionou a Prefeitura sobre os motivos dos avanços, mas não obteve retorno até o fechamento da edição. Em entrevista recente, a diretora de administração e finanças Ana Cecilia Pezzan Orle informou que a Prefeitura deslocou no início deste ano um servidor para atuar especificamente no setor, o que propiciou adequação. No entanto, por conta do profissional ter aderido à greve, de acordo com
Motuca obteve avanço significativo no Ranking da Transparência, da Câmara de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal (MPF), divulgado neste mês (veja tabela ao lado). A cidade saltou dois pontos (de 4,2 para 6,20) em relação ao relatório divulgado em dezembro no ano passado, se posicionando em segundo lugar entre as cidades que compõem área de jurisdi-
ção da nossa região, atrás apenas de Araraquara. Em nota, o MPF destacou que Motuca e Itápolis cumprem todas as determinações legais. No ano passado, na primeira divulgação, a avaliação de Motuca foi a menor entre os municípios vizinhos. Agora, perde apenas para Guariba, Araraquara e Guatapará e está à frente de Santa Lúcia, Rincão, Américo Brasiliense e Matão.
Fábio Chaves propõe que subsídio dos vereadores seja de um salário mínimo e que do prefeito e vice seja reduzido em 45,56% Parlamentar aponta ainda a necessidade de extinguir as secretarias municipais; De acordo com ele, medidas buscam diminuir custos e melhorar saúde financeira da Prefeitura Por meio de indicação legislativa, o vereador Fábio de Menezes Chaves propôs à mesa diretora da Câmara que o subsídio dos parlamentares de Motuca seja reduzido ao salário mínimo, ou seja, R$ 880, o que representa diminuição de 45,56% em
apuração do Cenário, algumas informações estavam desatualizadas em um mês. A análise mensurou o grau de cumprimento das principais exigências legais e itens considerados “boas práticas”, numa escala de zero a dez, que apontam o grau de cumprimento da Lei de Acesso à Informação e Transparência. Por descumprimento, o MPF ingressou com ações contra 26 municípios do estado que ainda não adequaram os sistemas.
relação ao valor direcionado atualmente, de R$ 1.616,46. Pela propositura, o presidente da Câmara, cujo subsídio atual é de R$ 2.020,68, também receberia o salário mínimo. Ele propôs também redução de 45,56% nos valores direcionados ao prefeito e vice, que passariam de R$ 6.479,43 e R$ 2.591,77 para R$ 3.527,40 e R$ 1.410,96, respectivamente. As indicações foram lidas no dia 20 deste junho durante a última sessão ordinária do legislativo municipal antes do período de recesso, que irá se estender até o dia 1º de agosto. De acordo com a legislação, os vereadores têm até 30 dias antes das eleições
municipais, cuja data fixada é dois de outubro, para promover alterações nos subsídios dos agentes políticos. O vereador justificou a indicação como medida para enfrentar a crise econômica nacional, que vem ocasionando sérios problemas financeiros ao município. “Se criado e aprovado, o projeto de redução gerará uma considerável economia aos cofres públicos durante os quatro anos da legislatura supracitada”, descreveu. De acordo com ele, a indicação reflete movimento observado em outros municípios do país. Com a justificativa de amenizar o custo com pessoal do município,
cujos valores atuais estão no limite prudencial preconizado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o vereador Fábio Chaves propôs à mesa diretora da Câmara, também por meio de indicação, a extinção das Secretarias Municipais e os respectivos cargos de secretários. “Precisamos reduzir os gastos e o atual modelo das Secretarias é inviável ao município, pois onera os cofres públicos”, apontou. Discussão Diante do prazo para a alteração nos subsídios dos agentes políticos, os vereadores já se reuniram em sessão recente para discutir o assunto sem, no entanto, chegarem a um acordo. O presidente da Câmara, José Roberto Legramandi, afirmou que após o período do recesso irá
Jairo Falvo
O parlamentar, durante sessão na Câmara reunir os vereadores e realizar uma ampla discussão sobre a questão. “A ideia é envolver a população e, e um momento oportuno, avaliar o que é melhor para a sociedade”, destacou.
SAÚDE
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Realização: Secretaria Municipal de Saúde – Nasf – Prefeitura de Motuca - Mais informações: 3348 9400
Hábitos saudáveis previnem e ajudam no tratamento de doenças crônicas
Médico da ESF ressalta a importância dos moradores praticarem regularmente atividade física e incorporarem educação nutricional e alimentar Estratégia Saúde da Família (ESF), a incorporação de hábitos saudáveis contribui com a prevenção dessas doenças e, quando manifestadas, possuem papel importante no tratamento. “É preciso fazer atividade física ou esportiva diária e sistemática como caminhadas e pedaladas, além de priorizar o consumo de alimentos como frutas e legumes frescos”, explica.
Médico Yunior faz orientações no Centro Médico da cidade
Após surgirem, de maneira geral, as doenças crônicas duram até o fim da vida. Asma, bronquite crônica, obesidade mórbida, tireoide e cardiopatia são alguns exemplos dessas enfermidades. Entre os moradores de Motuca, a maior incidência é de diabetes e de hipertensão arterial. Quando
não tratadas adequadamente, podem levar a sérias complicações na saúde das pessoas e, até mesmo, à morte. O número de doentes crônicos na cidade é considerado elevado pelos profissionais de saúde municipais. De acordo com o médico Yunior San Miguel Nunez, da
Histórico familiar De acordo com o médico, as pessoas com histórico familiar das doenças devem ter uma preocupação maior. “A educação dietética e nutricional aliada à prática de atividade física e, por último, o uso correto da medicação são os pilares para o tratamento”, acentua. “Infelizmente, a maioria dos moradores não faz a atividade física, que traz inúmeros benefícios, pois diminui o nível de açúcar no sangue, regula a pressão e controla o peso”.
Centro Médico inicia reorganização dos serviços a partir do dia primeiro Objetivo é melhorar o atendimento e adequar ao planejamento preconizado por Ministério A partir do dia primeiro de julho, inicia trabalho de reorganização dos serviços no Centro Médico Octávio Thomaz de Aquino com o objetivo de melhorar o atendimento à população, além de adequar o cronograma de planejamento preconizado pelo Ministério da Saúde. “As mudanças são necessárias para cumprirmos o que é previsto no protocolo da Estratégia Saúde da Família (ESF)”, explica a enfermeira Giulia Maia. Desta forma, de acordo com ela, o médico da ESF terá melhores condições de se dedicar aos atendimentos individuais e concentrar um pouco mais nas ações preventivas e de promoção à saúde.
“Não fico um dia sem caminhar” Moradora observa melhorias significativas em sua saúde
Maria Botelho (direita) com uma amiga
A morte do pai, há cerca de dez anos, não trouxe apenas sentimentos de tristeza e saudade para a vida da costureira Maria José Modesto Botelho, de 46 anos. O trauma pela perda de um ente querido desencadeou o aparecimento da hipertensão arterial. Para combater a doença, teve que passar a usar medicamentos. Com o tempo, no entanto, percebeu que a atividade física influenciava de forma positiva no seu controle. “Não fico um dia sem caminhar”, destaca a moradora. Geralmente no período da tarde, ela sai de sua casa e passa por diferentes bairros da cidade até chegar na Vila Malzoni,
onde dá várias voltas ao redor da praça existente no bairro. “Faço o percurso todo em uma hora”, revela. “Às vezes algumas amigas e minha filha me acompanham, mas geralmente vou sozinha”. Com a atividade, ela percebeu melhorias significativas em seu organismo. “Sem eu falar, os médicos que frequento já percebem que pratico atividade física, após observarem meu estado de saúde”, relata Maria. Diante dos ótimos resultados, ela recomenda a todos moradores. “Vale a pena reservar um momento por dia, pois além de fazer bem para a gente, é muito prazeroso”, exalta.
A importância do Hiperdia Encontro é realizado às terças, das 7h30 às 9h30 no Centro Médico
Enfermeira durante avaliação
A aposentada Vanusa Ferreira de Jesus também possui diabetes e hipertensão. Avaliação no programa Hiperdia demonstra que ambas as doenças estão controladas. “Além de tomar os medicamentos corretamente, me preocupo com a alimentação
e, às vezes, faço caminhada”, aponta. Yunior demonstra a importância de um acompanhamento das doenças por profissionais da saúde, a partir do programa Hiperdia, realizado pela Secretaria de Saúde de Motuca a partir de diretrizes do Ministério da Saúde. “Desta forma, avaliamos se a pessoa está fazendo o tratamento correto, se o medicamento está surtindo efeito, além de orientarmos sobre os principais cuidados que devem ter”, conclui. Os encontros são realizados todas as terças, das 7h30 às 9h30, no Centro Médico Octávio Thomas de Aquino
ILUMINURAS GERAL
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PPAIS direciona R$ 400 mil a 49 produtores de Assentamentos da região por meio de parceria pioneira com escolas de Araraquara Jairo Falvo
Moradora recebe as explicações de Dulce
Coleta seletiva inica programa para fomento da atividade Projeto “Recicla Motuca” conquista sacos de ráfia da Prefeitura e realiza experiência no bairro “Motuca B”
Carlos Vieira no lote localizado no Assentamento 1, onde produz grande variedade de hortifruti
Selecionados atenderam aos requisitos de chamada pública realizada neste mês Por meio do Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS), 49 produtores dos Assentamentos Monte Alegre, Silvânia, Bueno de Andrada e Bela Vista assinaram contratos de parceria com o governo estadual que totalizam R$ 400 mil para a entrega de alimentos voltados a
30 escolas estaduais localizadas em Araraquara. A iniciativa é considerada pioneira na região. “Esta é a primeira vez que a chamada pública é realizada pela Secretaria Estadual de Educação, pois até então as parcerias eram firmadas com as penitenciárias”, destaca o diretor técnico da Fundação Itesp Mauro Geraldo Cavichioli. De acordo com ele, mesmo o programa preconizando o mínimo de 30% de aquisição de alimentos da agricultura familiar, as escolas irão comprar 100%. As entregas dos alimentos serão realizadas de agosto à novembro. Para conquistar o direito de participar do programa, os produtores devem possuir a Declaração de Conformidade ao PPAIS – DCONP, além de demonstrar a viabilidade produtiva e não possuir qualquer restrição junto ao Cadastro Informativo Municipal (Cadin). O limite de recurso do programa por família é de R$ 22 mil no ano. Incentivo O produtor Carlos Alberto Vieira, de 47 anos, foi um dos con-
templados na chamada pública. Em cerca de sete hectares do lote localizado no Assentamento 1, em Motuca, produz junto com a esposa, três filhos e irmão grande variedade de frutas e legumes que comercializa em feiras de Araraquara e Matão, além de distribuir para varejões da região. Para ele, a iniciativa do governo estadual é um importante incentivo à agricultura familiar. “Após o falecimento do meu pai, há 20 anos, recebi essa terra e sempre trabalhei para viver dela”, exalta.
PPAIS Criado em 2011 pelo governo do estado de São Paulo com o objetivo de fomentar a agricultura familiar, o Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS) alcançou até maio deste ano R$ 10 milhões em contratos. Os alimentos adquiridos são usados nas refeições de hospitais, escolas estaduais, penitenciárias, entre outros.
O projeto “Recicla Motuca”, ligado a Assistência Social do Município, iniciou, a partir no dia 30 de junho, programa com o objetivo de fomentar a coleta seletiva local. A iniciativa tornou-se viável após a conquista de mil sacos de ráfia direcionados pela Prefeitura, que haviam sido solicitados há cerca de dois anos. Pelo programa, o bairro “Motuca B” foi escolhido para servir como experiência e, após certo período de avaliações, será expandido para outras localidades. Além dos sacos de ráfias, que possuem a logomarca do projeto, serão distribuídos panfletos informativos com explicações sobre os materiais que podem ser separados. Ficou ainda definido que a coleta no bairro “Motuca B” será realizada todas as segundas-feiras. Nos demais, segue como é feito normalmente (segundas, quartas e sextas). “Durante um mês, observaremos o processo e, caso tenhamos sucesso, iremos expandir a implementação para o bairro vizinho. Por outro lado, caso apresente alguma deficiência, atuaremos corretivamente antes de avançar”, explica o diretor de meio ambiente Rodrigo Veronezi de Arruda. O trabalho foi idealizado juntamente com o secretário de meio ambiente João Victor Lopes da Silva. De acordo com o diretor, a ideia é implantar efetivamente a coleta seletiva em Motuca, que até então limitava-se à separação nas casas e a retirada pelas integrantes do projeto. “Agora, os moradores terão um local específico para deixar materiais como plástico, papelão e alumínio, que ajudará também a evitar que
outras pessoas mexam e até mesmo que o caminhão da coleta de lixo transporte para o aterro”, ressalta o diretor. O programa prevê ainda palestras periódicas direcionadas aos alunos da rede de ensino do município realizadas pelas integrantes. Meio ambiente e renda Para a catadora Dulce Silva, grande parte do material reciclável ainda é descartada no aterro sanitário e uma coleta seletiva eficiente pode mudar essa realidade. “Desta forma, os moradores contribuem com melhorias ao meio ambiente e também nos ajudam a conquistar uma renda melhor”, exalta. A moradora Maria Ruth Cassiano de Olivieira revela que, até então, separava apenas latinhas de alumínio e garrafas pets para uma amiga, mas agora passará a separar outros materiais como plástico, papelão e vidro para a coleta seletiva da cidade. “É bem melhor que jogar fora, pois assim ajudamos quem precisa”, comenta.
ILUMINURAS COTIDIANO
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Quando os pais viram filhos Gabriela Marques
Com o aumento da expectativa de vida, é cada vez mais comum a inversão de papeis: os filhos passam a cuidar e amparar os pais na velhice
Jairo Falvo
Por Gabriela Marques Além de alimento e abrigo, ao longo da vida os pais dão apoio e segurança para os filhos enfrentarem o mundo e se tornarem independentes. Crescemos com este referencial e nos acostumamos à ideia de que eles sempre estarão prontos para nos ajudar. Mas, com o aumento da expectativa de vida, é cada vez mais comum a inversão de papeis: os pais tornam-se filhos. O envelhecimento dos pais exige cuidados e amparo dos filhos e, muitas vezes, é necessário reorganizar os papeis dentro da família. A aposentada Maria Tereza Ramos de Mello, 87 anos, mora com a filha Elisabeth de Mello Magno, dona de casa, há mais de 30 anos, desde o falecimento do seu marido. Porém, sempre foi uma mulher independente. Há dois anos, Maria Tereza começou a exigir cuidados
Dona Tereza com as filhas Claudete e Lisa
cada vez maiores após ser diagnosticada com a doença de Alzheimer - enfermidade incurável que se agrava ao longo do tempo e se apresenta como demência ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem). “Ela começou a apresentar lapsos de memória, nos perguntando várias vezes ao dia se tínhamos marcado médico, por exemplo, e a falar muito sobre o passado”, relembra a filha Claudete de Mello Falvo, dona de casa. A primeira avaliação médica não identificou a doença, atribuindo esses sintomas ao processo natural de envelhecimento. Somente após uma tomografia do cérebro, é que a doença foi diagnosticada. Desde então, as filhas Elisabeth, Claudete e Ivonete Mello se revezam nos cuidados com a mãe, que a cada mês mora com uma delas. “É exatamente como
cuidar de criança. Ficamos o tempo todo de olho nela, servimos e acompanhamos a refeição, cuidamos da higiene pessoal, escolhemos a roupa que vai usar e não deixamos mais sair sozinha, somente acompanhada”, explica Elisabeth. O Alzheimer não afeta somente o doente, mas toda a família, que precisa modificar a rotina e reunir forças para
enfrentar a doença. “Foi horrível quando recebemos o diagnóstico. A nossa mãe sempre foi muito ativa e é muito difícil vê-la deitada na cama durante algumas horas do dia. Ela também lia muito e hoje já não consegue mais”, fala Claudete. A situação é extremamente desgastante para o enfermo e para a família, que precisa de muita paciência, carinho e amor durante todo o processo.
Vivendo para cada dia O Alzheimer de Maria Teresa está evoluindo bem lentamente. Há momentos em que ela apresenta lapsos de realidade, o que o médico chama de “janelas que abrem e janelas que fecham”. Há dias em que está mais falante e outros, mais quieta. Mas, no dia a dia, apresenta uma tranquilidade incomum para os portadores dessa doença. “Essa é a grande diferença que temos notado, pois no estágio em que ela se encontra, muitos já estão agressivos. Atribuo essa paz a fé enorme que ela sempre teve”, acredita Elisabeth. Sobre o futuro, toda a família busca viver um dia de cada vez. “Estudamos muito sobre o Alzheimer e como agir nessa situação. Ela sempre cuidou da gente. Agora é a nossa vez de retribuir o cuidado e amor desses anos todos”, afirmam.
Quer entender mais sobre a doença? “Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente. Esquecerei o hoje, mas isso não significa que o hoje não tem importância.” – trecho do filme Para Sempre Alice. Em Para Sempre Alice, a doutora Alice Howland (Julianne Moore) é uma renomada professora de linguística. Aos poucos, ela começa a esquecer certas palavras e se perder pelas ruas de Manhattan. Ela é diagnosticada com Alzheimer. A doença coloca em prova a força de sua família. O filme rendeu o Oscar de Melhor Atriz à Julianne Moore.
ILUMINURAS
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Gerson Lima
Geraldo Moreira Junior
Black Mirror
Seis semanas
Divulgação
Banco de Imagens
P
Costumava brincar com seus amigos que, quando morresse, gostaria que fosse enterrado com uma cópia desse disco, para ouvir na outra vida.
D
escobriu o velho que estava morrendo. O médico lhe disse que teria seis semanas, no máximo seis meses. Era uma grande diferença de tempo, pensou. Quarenta e poucos dias ou cento e oitenta dias... Não sentia dor e depois da notícia não sentia mais nada. Um completo vazio apoderou-se daquele homem de setenta e poucos anos. _Então é assim...-pensou consigo- _Essa vida passou rápido demais. Havia vivido bem. Trabalhou muito, desde muito jovem. Conseguiu estudar e trabalhar ao mesmo tempo. Viveu grandes paixões, cultivou longínquas amizades, viajou, formou família, teve filhos, netos... E o tempo passou. De repente, num exame de rotina, eis a notícia. Entre seis semanas e seis meses tudo aquilo que ele havia visto e vivido estaria acabado. Não contou pra ninguém da sua família. Os dias voaram e ele resolveu que não os gastaria dentro de um hospital. Aproveitou o resto do seu tempo reencontrando velhos amigos, revendo velhos filmes, relendo velhos livros e ouvindo velhos discos. Buscou numa pilha de vinis (metodicamente mantida em ordem alfabética pelo nome do conjunto e depois pela ordem cronológica do disco) e encontrou o disco número 11 no lugar errado. _Obra-prima.-falou sozinho em voz alta. _Está no lugar errado. Foi o 11º a ser lançado mas foi o 12º a
ser gravado. Foi o último disco gravado dos Beatles. Aproximou a capa dos seus óculos e observou lentamente os detalhes daquela histórica foto dos quatro caras atravessando a faixa de pedestres na frente do estúdio em Londres. Cinquenta anos haviam se passado desde o lançamento daquele disco e nada tão perfeito havia sido lançado desde então. Ele costumava brincar com seus amigos, pessoas que havia conhecido na adolescência e que haviam sobrevivido como ele, que quando morresse gostaria que fosse enterrado com uma cópia desse disco, para ouvir na outra vida. Eles caçoavam dizendo que não devia ter vitrola no inferno e todos riam. –Deve ter iTunes – costumava brincar. Resolveu que só ouviria o Abbey Road até a sua morte. E assim o fez. O médico havia acertado na mosca. O velho faleceu após 6 semanas, nenhum dia a mais, nem um dia a menos. No último momento, quando a família correu com ele para o hospital, sem saber direito o que estava acontecendo, ele lembrou-se da última frase da última música do último disco da melhor banda do planeta e balbuciou, quase cantarolando: “E no final o amor que você recebe é o mesmo amor que você pratica”. Fechou os olhos, The End. O velório foi marcado para aquela noite e o enterro seria logo pela manhã. Por volta da meia-noite
começaram a chegar alguns senhores, que conversavam entre si sorrindo, outros chegavam com o semblante mais carregado, mas todos traziam algo em suas mãos. Eles cumprimentavam a família lamentando muito pela perda, se diziam amigos de longa data do falecido e um a um passavam pelo esquife do velho. Olhavam longamente para ele e deixavam sobre o seu corpo o Abbey Road dos Beatles. Alguns traziam discos de vinil, outros traziam CD’s. Em certo momento, quase ao amanhecer, o corpo do velho já estava coberto pelos discos. O caixão então foi fechado e no no início do arrebol eles caminharam para a última despedida. Enquanto raiava o sol, todos cantavam “Here comes the sun, here comes the sun, It’s all right…”. O féretro desceu, o túmulo foi lacrado, a multidão se dispersou em silêncio. Alguém se aproxima e coloca uma flor-de-lótus sobre a lápide. Num leve sorriso se levanta e caminha pelas alamedas cobertas de flores coloridas do cemitério e desaparece num raio de sol. Era George Harrison. O pior é que o velho era mais fã do Paul Mccartney...
* Geraldo Moreira Junior é um cronista araraquarense.
ara explicar o título da série Charlie Brooker disse que: “se a tecnologia é uma droga - e parece mesmo ser uma - então quais são precisamente os efeitos colaterais? Este espaço - entre apreciação e desconforto - é onde Black Mirror, minha nova série de TV está localizada. O ‘espelho negro’ do título é um que você encontrará em todas as paredes, em todas as mesas, na palma de toda mão: a fria e brilhante tela de uma TV, um monitor, um smartphone.” Black Mirror lembra muito The
Twilight Zone em vários aspectos, seus capítulos são histórias independentes e fechadas, focando na tecnologia que nos cerca e nos domina. A série recebeu muitas críticas positivas. Até o momento temos duas temporadas com três episódios cada e um especial de Natal. Não espere finais felizes ou lições de moral, os episódios são (de certo modo) perturbadores e podem gerar um certo desconforto, recomendo caso queira passar algum tempo remoendo cada história. Gerson Lima é aficcionado por seriados e cinema.
Rodrigo Arruda
Sobre a Liberdade
A
liberdade do ser, entende-se como o direito de agir segundo o seu livre arbítrio, de acordo com a própria vontade. Trata-se da condição do indivíduo que não vive em cativeiro, aprisionado. Entretanto, até onde não nos foge a capacidade de decidirmos por nós mesmos? Até onde somos livres de nossas próprias prisões? Partindo destas indagações, trago à reflexão um aspecto específico da liberdade. A liberdade da
mente. Sim, esta mesmo, a qual tem o poder de definir os caminhos a serem seguidos pelos meandros desafiadores da vida. No mais, libertar-se é poder absorver diferenças, estar aberto para o mundo e a impermanência da vida. É ter a sabedoria de quando se faz necessária a atualização do nosso “software mental”, isto sim, pode nos livrar das correntes que insistem em nos escravizar. * Rodrigo Arruda é apreciador de arte e cultura
ESPORTES
Junho de 2016
Invicto na final Equipe sub-10 de Motuca disputa contra Serrana de La Coruja título do Campeonato Paulista e Sul de Minas
Jogadores com as técnicas Vanessa e Rosa Por Gabriela Marques
A garotada de Motuca mostra mais uma vez que possuem talento nos pés. A equipe sub-10 do município disputará a final
do Campeonato Paulista e Sul de Minas de Futsal Garotos 2016 contra Serrana de La Coruja, neste sábado (2), em Ribeirão Preto. A partida promete ser um verdadeiro show de bola para os torcedores, já que Motuca está
invicta na competição e o Serrana de La Coruja – time formado pelos melhores jogadores da região de Serrana – venceu os últimos 42 jogos que disputou. Motuca também tem outro destaque: possui o artilheiro da
competição, com 15 gols, e o goleiro menos vazado. “O artilheiro Enzo também é o destaque do torneio, já que foi o jogador mais eleito como o melhor da partida de todo o campeonato”, conta o técnico Marcos Rogério Luzia.
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