Cenário 10 edição março 2009

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DESTAQUES DA EDIÇÃO

Município estuda ampliar vagas na creche Medida busca suprir a crescente demanda ocasionada pela oferta de trabalho para mulheres no setor têxtil

Alimentos Prefeitura realizará programa de distribuição de alimentos para pessoas carentes. Página 3

Carnaval Carnaval realizado na praça da matriz gerou discussões. Página 4

Processo seletivo Candidatos de serviços gerais questionaram metodologia apli-cada na avaliação prática Página 5

Entrevista Cenário entrevista o assessor técnico de planejamento da pre-feitura Marcos Antônio Peruzza Página 10

Futebol Monte Alegre “A” assume lide-rança do Campeonato Municipal após vitória sobre a Usina Página 12

Segundo autoridades, atual estrutura da escola consegue comportar procura

A abertura de trabalho para as mulheres no setor têxtil em Motuca está aumentando a demanda por vagas de crianças na creche. Segundo autoridades do município, atualmente, a estrutura oferecida pela Escola Municipal Maria Luiza Malzoni Rocha Leite consegue comportar a procura, mas já há preocupação em ampliar classes ou construir uma nova unidade. Algumas atitudes já foram tomadas pela prefeitura como a transferência do projeto “Caminho Certo”, que atende cerca de 50 crianças, que era realizada na Escola Municipal, para o prédio que abriga os projetos “Eu no Sítio” e “Semeando o Futuro”, além da contratação de estagiárias para auxi-liar os professores nas aulas. O ano pas-sado terminou com 480 alunos matricula-dos. Atualmente, existem 513, ou seja, 33 crianças a mais. A variação é considerada normal pe-la diretora Elaine Marques Luiz, da Escola Municipal. Ela revela que no ano passado, quando fechou a usina, o

au-mento foi aproximado, com 31 novas vagas. Até a semana passada existia fila de espera apenas para a Classe Intermediária (CI), para crianças até dois anos, cujas mães trabalham o dia todo. “Nós já resolvemos a espera com a contratação dos estagiários, pois a preocupação do município é oferecer vagas para todas as crianças que precisam da creche”, explica. A Diretora relata que a escola foi construída para comportar o número crescente de vagas, o que também contribuiu para que a demanda fosse contro-lada. “Temos que fazer de tudo para abrigá-las, pois a educação é a base de tudo”, destaca Elaine. De acordo com o diretor da educação Paulo Roberto Simões, existe a preocupação do município em abrir mais vagas. “Está em nossos planos, mas temos que fazer um estudo adequado, de acordo com os trâmites legais da Delegacia de Ensino, pois toda vez que a gente constrói algo, gastamos três vezes mais para manter, seja com manutenção ou

funcio-nários”, aponta. O diretor observa que a demanda tende a crescer, pelo aumento na oferta de trabalho para as mulhe-res, mas que, atualmente, a escola conse-gue supri-la. “Existem exemplos de instituições com até 50 alunos nas classes. As nossas estão entre 25 e 30”, conta. “É uma quantidade boa, pois é possível os professores trabalharem individualmente os alunos”. Andréia Barbosa Santos Kraemer, que está participando do programa de treinamento da Empresa Viana Confecções, relata que conseguiu vaga para os dois filhos na creche, depois de um período de espera. “Esperei por algum tem-po, porque faltava cama para a criança menor, mas depois resolveram e consegui matriculá-la”, relata. A dona de casa Eunice Cassemiro foi procurar uma vaga para seu filho de dois anos e onze meses, pois iniciará um curso de costura em breve. “Eles disseram que tem vaga”, conta. “Agora tenho que trazer um comprovante que estarei no treinamento para fazer a matrícula”. Possibilidades

O prefeito João Ricardo Fascineli revela que está estudando duas possibilidades para atender a demanda: a ampli-ação da Escola Maria Luiza Malzoni Rocha Leite ou a construção de uma unida-de no Assentamento Monte Alegre. “Uma creche é uma solicitação dos moradores de lá, pois as crianças têm que acordar mais cedo, comparando com as que moram em Motuca. Além disso, os alunos até cinco anos não podem viajar no ônibus para estudar, por exigência da Delegacia de Ensino.” Segundo o prefeito, a preocupação maior é com relação a divisão que a construção traria entre as crianças. “Acredito que proporcionaria um bem-estar maior para eles, mas também ocasionaria divisão, o que prejudicaria a inclusão social”, destaca.


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Editorial

Decisões tomadas em conjunto A gestão moderna preconiza cada vez mais a participação popular nas decisões governamentais, sejam elas públicas ou particulares. É uma forma de ampliar a discussão e, com isso, alcançar a melhor solução para determinados problemas. Certos fatores são fundamentais para que ela se realize, como a existência de mecanismos de transparência, liberdade de expressão e opinião, além de comprometimento social e pluripartidário por parte do gestor e sua equipe. Para se chegar a este propósito, no entanto, além de grande esforço, exige-se uma mudança comportamental, tanto dos que estão no poder como da sociedade. A partir de 1984, com a derrocada do modelo autoritário de governo, o Brasil iniciou um processo de democratização. Mais de duas décadas se passaram e percebe-se que este instrumento, conquistado à duras penas, ainda está muito aquém do verdadeiro propósito. Foram fortalecidas formas de participação popular como Conselhos Municipais, Con-ferências, Plenárias e as próprias Casas Lesgilativas. Porém, a discussão continua sendo centralizada na figura do ges-tor e seus aliados e a transparência

DESAFIO CENÁRIO edição anterior

A dona de casa Mercedes Zanni foi a vencedora do Desafio Cenário da edição anterior, ao acertar a década do carnaval e o nome da foliã Clarice Francisco de Souza, que no evento de 1969 recebeu a faixa do Sr. Lúcio dos Santos como a foliã mais ani-mada. Mercedes pode ir até a Lanchonete do Levi receber a deliciosa pizza, do sabor que escolher.

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é prejudicada pela burocracia e por interesses partidários. Com isso, perdese a oportunidade de conhecer visões e ex-periências diferentes, fatores que diminuem a incidência de erros nas decisões. Por enquanto, o atual governo municipal acompanha a maré e apresenta todos os vícios da gestão centralizada no poder e no partido. Vale ressaltar que a participação popular foi um dos motes do prefeito na campanha eleitoral. Inclusive, seu partido (PT), por meio da experiência do Orçamento Participativo (OP) em algumas prefeituras, foi o que mais se aproximou da sociedade. É fundamental que o governo trabalhe para estruturar as formas de participação ou até mesmo crie outras. É claro que fica difícil cobrar uma solução de imediato, pois leva tem-po, mas algo já era para estar sendo feito. Para que a participação popular tenha êxito é fundamental que o governo invista na intelectualidade da população. A cul-tura deve ser percebida como um instrumento estratégico de transformação. Pa-ra isso, ao invés de oferecer fundamentalmente diversão, deve-se priorizar, por meio da arte, uma formação humanística dos cidadãos. Desta forma, seria facilitado o surgimento de lideranças, que não devem ser vistos

como potenciais inimigos políticos mas, sim, como pessoas capazes de oferecer um olhar qualificado nas discussões. Outro fator essencial para o êxito da participação popular é a informação, livre de qualquer tipo de interferência. Os veículos de comunicação, seja jornal, rádio ou TV devem se preocupar em realizar o trabalho de forma responsável, focando nos interesses sociais. Da mesma forma, o governo tem que assumir um comportamento transparente e estar aberto à críticas e opiniões contrárias. A todo momento os governantes tomam decisões, que definem os rumos da cidade, seja para o bem ou para o mal, dependendo da posição tomada. É claro que é impossível consultar a população em todos os atos praticados. Mas se ocorrer, principalmente nas discus-sões estratégicas, o peso da responsabilidade de governar seria distribuído com toda a sociedade. Se as decisões forem corretas, acertam todos. Se elas forem equivocadas, todos serão culpados. O Cenário quer saber sua posição sobre este texto e o tema “participação popular”. Envie sua opinião, crítica ou sugestão para cenarioregional@gmail.com

DESAFIO CENÁRIO

O Desafio Cenário deste mês pergunta qual a importância deste casarão para Motuca na década de 70 e que prédio atual está localizado neste espaço? Fábio Falvo e Maria Angélica

EXPEDIENTE Jornalista: Jairo Figueiredo Falvo, MTB 44.652/SP Repórter: Gabriela Marques Luiz Colaboradores: Fábio de Mello Falvo, Maria Angélica dos S. Mendes, Gerson Donini de Lima Tiragem: 1.000 exemplares Circulação: Motuca Impressão: Jornal Folha da Cidade - Araraquara Telefone: 16 3348 11 85 - 8141 9125 e-mail: cenarioregional@gmail.com


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Prefeitura distribuirá refeições para pessoas carentes Parceria com Centro Espírita André Luiz não é renovada e entidade paralisa programa de entrega de sopas, realizado há onze anos

Voluntários do programa da sopa e beneficiados ocuparam boa parte das cadeiras da câmara

A prefeitura de Motuca irá iniciar programa de distribuição de refeições para pessoas carentes do município até o final deste mês. O Centro Espírita André Luiz realizava projeto parecido há onze anos, por meio de entrega de sopas duas vezes por semana, em parceria com o município, que até dezembro do ano passado repassava R$ 700 reais mensais para a entidade. A renovação da subvenção chegou a ser enviada para a Câmara, em sessão extraordinária realizada em dezesseis de fevereiro, no valor de R$ 14 mil por ano, mas foi retirada pelo executivo com a justificativa de ne-cessidade de maior discussão sobre o assunto. Com a falta de recurso, o Cen-tro Espírita paralisou, há duas semanas, a entrega das sopas, que atendia 137 pessoas de baixa renda de Motuca. De acordo com o prefeito João Ricardo Fascineli, o projeto da renovação da parceria chegou a ser realizado pela prefeitura, com um valor maior do que o repasse do ano passado. “Alguns alimen-tos eram retirados da creche e da promoção e pedimos para o Centro Espírita André Luiz calcular o preço total de produtos utilizados”, explica. O prefeito relata que o projeto não foi colocado em votação na câmara porque existia a preocupação de outras entidades do município se mobilizarem para

também recebe-rem recursos. “Existem quatorze igrejas em Motuca e cerca de quinze nos Assentamentos. Se todas buscarem subvenções para a realização de projetos, fica difícil para a prefeitura”, justifica. Ricardo explica que a prefeitura pretende ampliar o número de pessoas beneficiadas, por meio da participação de outras entidades, aumento do número de dias de distribuição e beneficiados, além de melhorar a qualidade das refeições. “Ainda estamos estudando algumas possibilidades, como a realização em cozinhas da prefeitura ou a terceirização do serviço para restaurantes do município, pelo fornecimento de marmitex”. Segundo ele, a promoção social ficará respon-sável pelo programa, que fornecerá as refeições de acordo com critérios. “Iremos realizar um cadastro de todos os que precisam receber os alimentos”, conta. Transparência

Na sessão ordinária realizada em dois de março, dezenas de beneficiados pelo programa do Centro Espírita ocuparam grande parte das cadeiras da Câmara. “Nossa intenção não foi pressionar os vereadores, pois sabíamos que a subvenção não seria votada naquela noite”, destaca a coordenadora do pro-

jeto Elisabeth de Mello Magno. “Nosso objetivo era mostrar a transparência do trabalho, para que os vereadores vissem quem eram os beneficiados, todos comportados e sem arrogância”. Além da participação das pessoas, o Centro também apresentou aos vereadores lista com o nome das pessoas e endereço. Poucos dias depois, o Centro Espírita levou ofício ao prefeito renunciando o repasse. “Percebemos que estava havendo uma polêmica sobre o assunto e não queríamos constrangimento ao nosso trabalho e nem ao prefeito”, destaca Elisabeth, que não descartou a possibilidade de a entidade participar do programa da Prefeitura. A dona de casa Lucimara Pereira Nunes conta que a sopa ajuda sua família, que passa por dificuldades financeiras. “Já está difícil assim, imagina se tirar ela”, destaca. “Eles não têm que acabar e sim melhorar ainda mais”. Segunda Lucimara, que mora com os qua-tro filhos e o marido, servente de pedreiro, sua família passa por dificuldades financeiras e precisa da ajuda de programas como o da sopa. “Estou há dois meses sem fazer despesa, pois não é sempre que meu marido está trabalhando”, conta.

Município consegue 500 mil por meio de emendas De acordo com o prefeito João Ricardo Fascineli, desde o início do ano já foram conquistados cerca de R$ 500 mil pelo município por meio de emendas parlamentares estaduais e federais, principalmente pela indicação de deputados do Partido dos Trabalhadores (PT). Destes recursos, R$ 200 mil serão direcionados para a compra de equipamentos para os Assentamentos e R$ 120 mil para a

aquisição de veículos de transporte coletivo. O restante, segundo o prefeito, será utilizado para a realização de benfeitorias na cidade. Apostando nas emendas como forma de aumentar as verbas do município, Ricardo orientou os vereadores, em reunião na Câmara realizada neste mês, para buscarem emendas de parlamentares ligados aos respectivos partidos na Assembléia Legislativa


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Carnaval na Praça da Matriz gera discussões Em pronunciamento na Câmara, vereador Fábio Chaves critica localização do evento

Fábio Chaves, em discurso na tribuna

O Carnaval 2009, realizado pela Prefeitura Municipal em frente à rodoviária, próximo à Praça da Matriz, recebeu críticas do vereador Fabio de Meneses Chavez, na sessão realizada em dois de março. Segundo ele, o evento apresentou alguns pontos negativos como má localização e gastos desnecessários com infraestrutura. “Tive informações com res-peito às residências muito próximas, porque foram quatro noites de músicas, que trazem desconforto para os moradores”, relatou. “Além disso, a estrutura montada impediu por sete dias o trânsito de ônibus na rodoviária, além

dos outros veículos”. Chaves acrescentou que se o carnaval fosse realizado próximo ao Centro Comunitário, onde já existe uma estrutura montada, a prefeitura iria economizar com o gasto de aluguel de tendas. “É preciso que o prefeito possa encontrar, junto com a administração, uma maneira que não onere tanto o município como onerou neste carnaval”. Ele também se posicionou de maneira contrária à instalação de tubos de ferros para interdição de trânsito em esquinas do centro da cidade. “Isso dificulta a virada de ônibus e caminhões”, afirmou o vereador. O presidente da Câmara, José Carlos Francisco de Arruda, também falando na tribuna, ressaltou a dificuldade de se realizar evento como o carnaval em Motuca, pois onde quer que seja realizado, haverá moradores descontentes. “Enquanto alguns choraram lá em cima, outros sorriram aqui em baixo”, destacou o vereador, fazendo alusão à transferência do carnaval, que era realizado na Praça do Centro Comunitário, para a rua em frente à rodoviária. Segundo Arruda, a construção de um local adequado para abrigar eventos é um dos compromissos do prefeito. “Ricardo irá resolver este problema, porque estava no plano de governo dele a construção de uma Arena de Eventos, mas isso não se faz de um dia para o outro”, destacou. Foliã mais animada

A dona de casa Clarice Francisco de Souza foi considerada a foliã mais animada do Carnaval pelos organizadores, título já conquistado em anos passados.

CCI recebe terreno do município em regime de comodato

Empresa assinou contrato por cinco anos, prorrogáveis pelo mesmo período A empresa CCI, voltada ao setor de construções e insfraestrutura, assinou Contrato de Comodato (empréstimo sem compensação financeira) com o município por cinco anos, prorrogáveis pelo mesmo período, para utilização de um terreno de 2.600 m2. De início, o espaço será utilizado para guardar veículos e equipamentos da firma, que desde o ano passado realiza reforma asfáltica em estradas da região. Atualmente, ela utiliza o pátio da prefeitura. “A CCI

tem planos para, no futuro, construir um escritório, almoxarifado e uma guarita, além da contratação de guardas”, conta o vereador Renato Luis Rateiro, que trabalha no setor administrativo da empresa. “Todas as benfeitorias ficarão para o mu-nicípio”, afirma. A CCI, que atualmente emprega cerca de 50 pessoas de Mo-tuca, têm contratos de serviços até 2011 para reformar vicinais da região. Segun-do Rateiro, a empresa tem intenção de permanecer por aqui.

Ela declara que gostou do Carnaval na praça e das decorações que foram feitas. “Eu achei que o povo ficou mais espalhado na praça, num ambiente alegre e com a animação dos blocos, embora a rua fosse um pouco estreita para dançar”, relata. Uma das coisas que não agradou a foliã foi a banda. “Eles conversavam muito entre eles e erravam as letras, inclusive fui até aos componentes do grupo levar minha insatisfação” Segurança

De acordo com o prefeito João Ricardo Fascineli, a decisão de transferir o carnaval foi, principalmente, para oferecer maior segurança à população. “A estrutura montada na Praça do Centro Comunitário não foi aprovada pelos bombeiros, pois apresenta más condições, com ‘pés’ podres e fiação solta, oferecendo risco de desabamento.”, relata. O prefeito revela que a ideia inicial era levar o evento para a área de lazer. “Se realizássemos lá, os comerciantes iriam ser prejudicados, então decidimos pela Praça Central, onde existem muitos comércios”. Com relação aos tubos para impedir o trânsito, Ricardo relata que a instalação foi necessária porque os cones são facilmente retirados pelos motoristas. “Se o tubo atrapalhar a virada de caminhões, o motorista é que está errado, pois está subindo na calçada”, observa. O prefeito revela que o custo total do evento foi de aproximadamente R$ 50 mil e que o aluguel das tendas girou em torno de R$ 5 mil. “Tentamos economizar ao máximo, entrando em contato diretamente com a banda, mas na época de Carnaval os preços são altos”. Segundo o prefeito, já existe verba para a construção da Arena de Eventos, no valor de R$ 200 mil, conquistada por meio de emendas.

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Candidatos de serviços gerais questionaram avaliação prática Principais reclamações foram a não informação da capinagem no edital e falta de equipamentos de segurança

Candidatos no “teste de aptidão física”

Vários candidatos que realizaram a avaliação prática para serviços gerais, no último dia sete, reclamaram da metodologia empregada pela empresa Asseconp, de Ribeirão Preto, responsável pe-lo processo seletivo, aberto pelo município neste mês. O principal questionamento foi com relação à atividade de capinagem que, segundo os candidatos, não constava no Edital. No total, 240 pessoas se inscreveram para concorrer às doze vagas de emprego e realizaram a prova teórica no dia primeiro deste mês. Destes, 183 foram convocados para a avaliação prática. “Tivemos que passar por uma humi-

lhação, com funcionários da prefeitura rindo da nossa cara”, reclamou a dona de casa Rosângela de Fátima Pereira Bonifácio, que questionou o fato da capinagem não ter constado no Edital do processo seletivo. Segundo ela, os candidatos eram, em sua maioria, mulheres, que foram submetidas ao sol quente sem o fornecimento de equipamentos de se-gurança. “A turma não é palhaça”, relatou, indignada. Segundo o coordenador do processo seletivo Pedro Vanzolini, da empresa Asseconp, a metodologia empregada em Motuca já foi realizada pela empresa em outros locais sem que houvesse as mesmas reclamações. “Nunca tivemos problemas”, afirma. Vanzolini relata que no Edital constava “Teste de aptidão física”, pelo qual os cinco fiscais presentes puderam avaliar o desempenho dos candidatos no manuseio de ferramentas. “Não precisou de equipamentos porque foi um teste rápido”, explica. “Eles carpiram, ensacaram, passaram rastelo e afiaram as ferramentas”. De acordo com a Asseconp, 447 pessoas se inscreveram para o processo seletivo. Além de serviços gerais, o município abriu vagas para professores e vigilante. A empresa não soube informar o número de candidatos de Motuca. O resultado foi divulgado no último dia dezessete de março.

Previsão é que Viana inicie no mês que vem A construção do espaço físico para a Empresa Viana Confecções está em fase de acabamento e a previsão é de que as atividades iniciem no próximo mês. “A gente está terminando a pintura, depois só falta limpar e aguardar a insta-lação da força pela CPFL, que será ainda nesta semana”, relata Luis

Alberto da Silva, da empresa CCSS Construtora, responsável pela obra. De acordo com a instrutora Cleusa de Oliveira Mendes, da Viana Confecções, 80 pessoas iniciarão as atividades. “O objetivo é capacitar entre 120 e 150 pessoas para trabalhar nesta fábrica”, declara a instrutora.

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ARTIGO A ameaça do greening para a citricultura brasileira Francisco Maschio, supervisor do Fundecitrus O Estado de São Paulo tem a maior citricultura do mundo. O seu imenso pomar, de mais de 180 milhões de árvores, ocupa 628 mil hectares. A laranja é uma das principais atividades de 432 municípios paulistas, além de 17 do sul do Triângulo Mineiro, e responsável por mais de 400 mil empregos diretos. Porém, em 2004, esse cenário foi colocado em risco por uma doença conhecida como greening (huanglongbing - HLB), considerada a pior do mundo. Causada pela bactéria Candidatus Liberibacter e transmitida por um inseto vetor (o psilídeo Diaphorina citri), afeta todas as variedades de citros. Atualmente, já atinge 213 municípios apenas no Estado de São Paulo. Em outros lugares do mundo, o greening está presente há décadas e já causou muitos prejuízos. No Brasil, foi identificado pela primeira vez em São Paulo, em junho de 2004 e, hoje já está presente também em Minas Gerais e no Paraná. Não há cura para o greening, por isso, é importante que as medidas de controle – inspeção e erradicação das plantas com sintomas e controle do inseto vetor – sejam feitas com o rigor necessário. Os principais sintomas da doença são ramos amarelados, folhas mosqueadas (manchas verde-claras ou amareladas), deformação, redução, queda e maturação irregular dos frutos. Outros sintomas como desfolha e morte de ponteiros das árvores, manchas circulares verde-claras na casca do fruto, sementes abortadas e maior espessura da parte branca da casca também aparecem nas árvores sintomáticas. Em 16 de outubro do ano passado, para intensificar as ações de combate ao greening, uma nova legislação foi sancionada pelo então ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinold Stephanes. A nova legislação prevê que as inspeções de greening em propriedades localizadas nas regiões contaminadas devem ser realizadas no mínimo a cada três meses. Da mesma forma como ocorre hoje, o citricultor é obrigado a fazer dois relatórios anuais de vistoria, contendo os resultados das duas inspeções referentes ao semestre. A erradicação das plantas sintomáticas continua sendo de responsabilidade do citricultor, que deverá arrancar as árvores doentes ou cortá-las rente ao solo, a fim de evitar novas brotações. Com relação às murtas – plantas ornamentais bastante comuns em jardins e calçadas da área urbana –, é preciso saber que elas também são um risco a sanidade citrícola, por serem da família dos citros e atuarem como hospedeiras tanto da bactéria Candidatus Liberibacter como do inseto que a transmite.


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Na Área... Espaço Jovem

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A juventude de hoje está mais do que nunca associada a retomada da fé. Conversamos com Alison de Souza Mares Rodrigues, católico, 28 anos; Camila Magno de Mattos, espírita, 17 anos e Paulo Rogério de Moraes, evangélico, 17 anos. Eles nos revelam a importância e in-fluência da religião em suas vidas. Gabriela Marques Luiz próprio eu. “A Nossa vida é um espelho. Se fizermos coisas boas, refletiremos coisas boas. Isso também funciona com as coisas ruins. Então, a gente mesmo acaba se castigando com os nossos próprios atos”, relata. Camila não acredita em castigo e, sim, em uma lei de ação e reação. “ Tudo o que fizermos para uma pessoa voltará para nós. Assim, sentimos o que nossa atitude causou, tanto o ato bom como o ruim”. Morte

Segundo Alison, Paulo e Camila, o contato com Deus é essecial para a vida dos jovens

A escolha da religião

Os três foram influenciados por suas respectivas famílias, quando ainda eram crianças. Hoje, todos abraçam suas religiões. “Peguei para mim. Se eu não for à igreja, sinto que algo está faltando”, diz Alison, católico desde bebê, quando sua mãe o levava à Igreja. Atualmente, coordena o Grupo de Jovens de Motuca. Paulo também é um dos líderes dos jovens de sua igreja, a Quadrangular, onde frequenta desde os seis anos. Ele ajuda na promoção dos eventos, como a festa brega e a junina, e nos encontros. Já Camila, que desde os quatro anos frequenta o Centro Espírita, dá aulas na evangelização de crianças aos sábados, no Centro Espírita André Luiz. Fé e religião

Todos acreditam no grande poder da fé. “O Senhor disse que a fé move montanhas. Isso quer dizer que com a ajuda deste poder divino podemos conseguir coisas que jamais imaginaríamos conquistar”, acredita Alison. Paulo completa “É o combustível que chega aos céus”. Para Camila, a fé é aquilo em que realmente acreditamos e sentimos. “Quando ficamos doen-tes, temos que acreditar na

nossa melhora. Onde o nosso pensamento estiver direcionado é o que pode acontecer com nós”, afirma. A religião é a base da vida dos três. Além de crescimento espiritual, ela pode oferecer muitas outras coisas. “A religião preenche, dá conforto. Nos tornamos pessoas melhores simplesmente por ter Deus dentro de nós”, declara Paulo. O fato de propiciar uma boa formação é um dos papéis da religião para Camila. “Pensamos mais nas pessoas e na sociedade. Quem não tem uma religião, geralmente se foca apenas no trabalho, em ganhar dinheiro e esquece de cultivar o outro lado da vida, o espiritual”, comenta. Para Alison, a religião nos dá algo que não encontramos em nosso cotidiano. “Quando vamos a igreja e sentimos a presença do Espírito Santo, começamos a aprender coisas novas e diferentes, que o mundo não ensina”, afirma. Castigo

Paulo acredita no castigo para as pessoas que merecem, mas um castigo com Deus. “A partir do momento que você dei-xa de sentir a presença de Deus e se sente distanciado Dele, é um castigo”, conta. Alison vê o castigo como fruto do

Eles pensam diferente também em relação a morte. “Eu encaro como qualquer outra coisa, pois o Senhor nos ensinou isso. Só não sabemos para onde vamos depois que morrermos”, diz Alison. Paulo acredita que não viemos ao mundo por acaso, mas com um propósito. “A pessoa vem a Terra para se evangelizar ou ser evangelizado. Acredito que após a morte tem algo melhor, a Nova Jerusalém. E é para lá que todo crente almeja ir”, declara. Já Camila não acredita em morte, mas na vida após a morte e na reencarnação. “A morte é um desligamento dessa vida, o final de mais uma etapa na Terra. Seria uma passagem de volta à nossa verdadeira casa, a espiritual. Lá você aguardaria a nova oportunidade de reparar seus erros: a reencarnação”, diz. Céu e Inferno

Os três também explicaram suas percepções sobre o céu e o inferno. “O céu é um lugar de alegria, paz, união, amizade e amor, pricipalmente. Já o inferno é um lugar de muita dor e sofrimento. E tem partes do mundo que relatam pedaços do inferno”, acredita Paulo. Alison acredita no livre arbítrio do homem para escolher entre o bem e o mal. “Escolher as coisas de Deus é escolher o bem. Dessa maneira, você vai para um lugar bom. Mas a partir do momento que você não conhece nada sobre o Ser Supremo, ganhará seu passaporte para o inferno. E se não conhecer o mundo de Deus, você estará no caminho das drogas, prostituição, nas coisas mundanas”, afirma. Camila vê o céu – no espiritismo é conhecido como plano espiritual - de uma maneira diferente. “É o lugar onde seria a nossa verdadeira casa e

a Terra, onde fazemos nosso aprendizado. O inferno é um lugar relativo, porque nós mesmos escolhemos nossos caminhos, se arrependemos das coisas e nos castigamos quando achamos que só merecemos o inferno”, conta. A vida dentro da religião

Seguir os dogmas da religião é algo natural na vida dos três. “Geralmente, os conceitos do espiritismo batem com os que eu já tenho”, afirma Camila. Alison e Paulo costumam ver programas católicos e evangélicos, respectivamente, além de lerem a bíblia com frequência, para complementar seus conhecimentos. Segundo eles, a vida fica mais fácil e melhor quan-do se acredita em uma religião. “Temos uma vida saudável e passamos a cultivar um bom caráter”, conta Paulo. Camila aprendeu a ser mais tolerante e Alison acredita em uma vida dentro dos ensinamentos religiosos. “Senão, a nossa vida cai no vazio”, acredita. A influência da religião é enorme em todos. “Procuro não participar de coisas desagradáveis aos olhos de Deus, a não cometer pecados, a procurar saber sobre a minha religião, a ser mais dedicado a tudo”, diz Paulo. Alison acha essencial essa influência em sua vida. “Espero que sempre continue me influenciando, pois estou aprendendo cada vez mais com o catolicismo”. Camila aprendeu a se preocupar mais com as pessoas e a enxergar o mundo um pouco mais além daquilo que seus olhos veem. “A religião esclarece muitas coisas em nossas vidas e com ela convivemos melhor com os nossos porquês”.


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Espaço de cidadania e qualidade de Vida

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Fábio Falvo e Maria Angélica

Arte de saber ouvir Você sabe ouvir? Você sabe ouvir o seu filho, mulher, chefe, colega de trabalho ou amigo? Esta é uma característica rara hoje em dia. De todos os sentidos, a audição é a mais importante para aprendizagem da cidadania. A tarefa não é tão fácil quanto parece, porque ouvir é deixar de lado a arrogância de não ter o controle da situação, fazendo o exercício da humildade. Na verdade não nos sentimos em casa no silêncio, sempre tratamos de ficarmos tagarelando qualquer coisa. Saber ouvir é aprender a ficar em silêncio. Vamos treinar um pouco o exercício de ouvir? Tagarelar: Só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de tagarelar. Quem fala muito não ouve. É preciso dar valor ao que está sendo dito. Escutar: Ouvir é diferente de escutar, da mesma forma que enxergar é diferente de ver. Tem pessoas que ouvem, mas não escutam. Outros, enxergam, mas não vêem, porque estão preocupados consigo mesmos.” Palpitar: A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. Bom Ouvinte: Para ser um bom ouvinte seja receptivo ao que chega aos seus ouvidos, faça contato visual, demonstre atenção para quem lhe fala, virando seu corpo na direção da pessoa. Empatia: Exercite a empatia, procure entender o que o outro fala, e também como ele sente. Não interprete, não julgue, não coloque seus filtros internos em ação, nem sua experiência e nem tampouco seu conhecimento prévio. Relaxe e apenas ouça o que a pessoa diz.

Minha Fala: Muitos ouvem o que quer ouvir, não o que o outro está tentando dizer. Deixamos assim de escutar as histórias dos outros, para narrar a nossa própria, como se apenas esta fosse digna de ser registrada e conhecida. Tempo: É preciso tempo para entender o que o outro falou. É comum as pessoas não ouvirem porque estão preocupadas pensando nas coisas que irão falar quando a outra terminar. Nossa dica mais importante: Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.

TORRESMINHO

Ingredientes: 1 pacote de macarrão parafuso 1 tabletinho de caldo de bacon 1/2 xícara de água Óleo para fritar

Modo de fazer Numa panela com água, cozinhe o macarrão parafuso (de 6 a 8 minutos) al dente. Escorra e lave bem em água corrente para tirar a “cola do macarrão”. Reserve. Numa tigela, dissolva o tablete de caldo de bacon em água quente. Banhe o macarrão nesta mistura do caldo de bacon e transfira para uma assadeira grande. Leve para a geladeira, sem tampar, para secar (de um dia para o outro) ou deixe exposto ao sol. De vez em quando, dê umas mexidas no macarrão para que seque por igual. Depois que estiver seco, leve para fritar numa panela com óleo quente. Escorra em papel toalha e sirva quente.

Esta receita foi fornecida gentilmente pela Mônica Fascinelli Baesso. Envie também sua receita predileta para cenarioregional@gmail.com ou diretamente a um de nossos colaboradores.


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ESPAÇO ANIMAL

CASTRAÇÃO: Um tabu a ser quebrado Não é de hoje que a castração causa certo impacto em parte da população. Porém, a cada ano que passa, a consciência da importância de castrar um animal de companhia vem crescendo e junto com ela todos os benefícios que tal procedimento proporciona como, por exemplo, a prevenção de piometra (infecção uterina purulenta) que é uma doença comum nas fêmeas e que pode ser estimulada pelo uso de contraceptivos, além de tumores em órgãos reprodutivos, doenças infectocontagiosas transmitidas pelo coito e psicociese (gestação psicológica). Além da prevenção de várias doenças, a castração contribui, também, com gestações não desejadas que resultam em um aumento da população de cães e gatos e consequentemente em maus-tratos e abandonos que são previstos por leis que trazem consigo punições aos infratores. Mitos e verdades sobre castração: 1) Como é feita a cirurgia de castração? Meu animal vai sofrer? A castração é um processo cirúrgico, onde o animal é submetido à anestesia e analgesia, ou seja, sem dor, no qual nas fêmeas ocorre a retirada dos dois ovários e do útero e nos machos ocorre a retirada dos testículos. 2) Estarei interferindo na natureza do meu animal? Não, seu animal segue apenas os instintos da espécie, cabe ao guardião legal prevenir crias não desejadas, seu animal só será beneficiado. 3) Minha cadela deve ter pelo menos 1 cria antes de castrar? Não, ao contrário, quanto mais cedo for realizada a castração, menores são as chances de seu animal desenvolver tumores. Um exemplo é se a cadela for castrada antes do 1º cio, a chance de ela desenvolver tumor de mama é de apenas 0,05%, se for castrada no 2º cio, essa chance aumenta para 26%, ou seja, quanto mais tardia a castração, maiores serão as chances de seu animal desenvolver este tipo de tumor. 4) Meu cachorro não tomará conta da casa? Os animais castrados não deixam o instinto de proteger seu território. Em machos, a vantagem é que eles diminuem o habito de urinar em todos os cantos da casa, alem dos animais deixarem de se envolver em disputas por fêmeas e fugas inesperadas. 5) Meu animal vai engordar? Os animais castrados diminuem suas atividades físicas, se tornam mais “caseiros”, porém, exercícios regulares, se necessário e a diminuição na alimentação fornecida podem resolver esse empecilho. Tábata Thomaz de Aquino Pereira

Estudante do 7º período do curso de Medicina Veterinária na UNIRP

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Jovens Arcanjos completam primeiro aniversário O grupo Jovens Arcanjos, formado por cerca de 30 jovens católicos do município realizaram no último sábado (14) evento em comemoração ao aniversário de um ano de seu surgimento. Segundo a coordenadora Cleonice Maria Monteiro Chaves, o projeto foi criado com o objetivo de evangelizar os jovens por meio de uma linguagem compatível com seus comportamentos. “Passamos para eles que é possível buscar a liberdade de forma responsável, pois Deus não exige que renunciemos as coisas, mas nos orienta a procurar aquilo que traga benefícios para nós e outras pessoas”, relata. Nos encontros, realizados todos os domingos de manhã, os participantes fazem testemunhos de suas vidas e desenvolvem trabalhos artísticos como teatro e música.


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Motuca teve uma das primeiras colônias de japoneses do Brasil, criada em 1.915 Saga está centrada na histório de Sunao Baba, que chegou ao país em 1914

que vinha de longe procurá-lo, sem o menor interesse de visar lucros. Apesar de suas poucas posses , Babá era solidário com os patrícios em apuros financeiros. O aval de Sunao era aceito por todos em Motuca. A parte festiva da colônia japonesa movimentava a bucólica Motuca. Além do time de futebol, os japoneses gostavam de pescar no rio Mogi-Guassu, e participar dos festivais de sumô. As lutas de sumo, organizadas pelo Babá, atraíam lutadores de outras colônias E eram tradicionais em junho, mês da fundação do núcleo Tókio. Os luta-dores prestavam homenagens aos imigrantes mortos, acometidos de malária, cólera e sarampo. Outra atividade cultural e recreativa era a gincana “UNDO-KAY”, tendo participação de crianças brasileiras. Tempos difíceis

Sumô, um dos principais divertimentos do local, atraía grande número de brasileiros

A saga da imigração japonesa na região de Araraquara deve necessáriamente ser centrada na personalidade forte de um japonês de Nagasaki, onde nasceu em 10 de junho de 1.887: SUNAO BABÁ. Em 26 de abril de 1.914 desembar-cou em Santos após viagem no Wacassa Maru, Sunao Babá, com 27 anos de idade, e a esposa Koharu Babá. O casal estava na ala de imigrantes da Companhia Introdutor Toyo Imi, provenientes do porto de Kobe. Após breve estadia na hospedaria dos Imigrantes em São Paulo, o casal foi destinado à Fazenda Guatapará, região da Mogiana, pertencente a Ribeirão Preto. Em 1.915, vencido o contrato de um ano, Sunao Babá e outros patrícios conseguiram autorização de Herminia Borba para ocupar uma área de sua fazenda, em Motuca, para realizarem desmatamento com promessa de futura compra, dando início a um dos primeiros núcleos coloniais de japoneses no Brasil, “O NÚCLEO COLONIAL TÓKIO DE MOTUCA”. O acordo foi cumprido, o desmatamento atendeu às necessidades básicas: fornecer madeira a então Companhia Paulista de Estradas de Ferro, pa-ra alimentar as fornalhas das locomotivas e também servir de dormentos, além de abrir campo para plantações. A escritura de compra foi lavrada no Cartório de Rincão em Março de 1.915.

A escolinha da Colônia

Uma das preocupações de Sunao Babá era educar os filhos e, para tanto de-cidiu construir uma escola no Núcleo Tókio. A escola foi levantada com toras de madeira, as paredes com tábuas, a cober-tura de sapé e o piso de madeira.A prefeitura de Araraquara fornecia o ma-terial escolar e pagava o salário do professor. O primeiro mestre contratado foi Mário Palermo. Sunao Babá ia de casa em casa alertando os pais sobre a necessidade de educar os filhos e mostrar a gratidão ao apoio recebido pelas autoridades municipais em construir a Escola Núcleo Tókio. Entre os alunos estava Kensuke Henrique Babá, um dos seis filhos de Sunao, que foi alfabetizado, e na maioridade foi concluir seus estudos no Japão, abraçando a profissão de jornalista e iniciando a atividade na cobertura da guerra da Coréia do Norte contra a Coréia do Sul. Sunao Babá e a esposa Koharu sempre estiveram dispostos a ajudar o próximo. A maioria das gestantes do Núcleo recebiam apoio de Koharu na fase prénatal e, durante o parto, e até mesmo nos primeiros cuidados após o nasci-mento das crianças. Foram décadas aju-dando recém-nascidos. Sunao aprendeu com o pai, que era médico no Japão, a preparar uma pomada à base de cera de abelha para aliviar queimaduras. Atendia gente

A colônia começou a entrar em decadência no ano de 1.940. Com as terras já exaustas, os imigrantes começaram a vender suas propriedades e buscar cen-tros mais desenvolvidos para estudar seus filhos. Veio a explosão da Segunda Guerra Mundial, que resultou

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no adeus de Babá às terras roxas de Motuca. A rendição do Japão em 1945 terminou com a guerra, mas ocasionou um pânico na colônia gerado pela liga da Comunhão dos Súditos – SHINDÕ, que perseguia os japoneses esclarecidos e tradutores da derrota do invencível exército japonês Sunao Babá ameaçado dentro do núcleo que ele tanto lutou para edificar, teve que abandoná-lo. Mudou-se para Piracicaba. Sunao desenvolveu uma semente de alface que apresentava uma forte resistência ao calor. Tal fato mereceu registro no departamento de sementes e hortaliças da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, comprovan-do sua habilidade como agricultor. Sunao e Koharu viveram os últimos dias em São Paulo, Hoharu faleceu em 1.969, Sunao em 1.973, recebendo homenagem póstuma do Imperador Hiroito que lhe concedeu diploma e medalha Zuihosho 5 grau, uma das raras premiações concedidas aos japoneses ultramariscos. Texto enviado por Nelson Gonçalves de Oliveira (Fininho)


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CENÁRIO ENTREVISTA Marcos Antônio Peruzza,

assessor técnico de planejamento da prefeitura Cenário: Como será a sua atuação na prefeitura?

Peruzza: Buscarei fazer um trabalho compartilhado com o prefeito e todos os direto-

res da prefeitura, de modo a tirar o melhor proveito dos investimentos, de acordo com as condições orçamentárias que a gente tem, a partir de planejamento e organização. Atualmente, o gasto com pessoal está entre 47 e 48%. Temos praticamente metade do orçamento destinado com pessoal. A outra metade é para atender a cidade. Com isso, temos que utilizar o máximo de critérios para aproveitar os recursos. Cenário: Como está o orçamento do município para este ano?

Peruzza: A previsão de orçamento é de R$ 13 milhões. Neste início de ano, arrecadamos até um pouco mais do que janeiro do ano passado. Isto se deve, principalmente, pelo IPVA, que teve uma diferença gritante. Acredito que teve alguma falha no repasse do ano passado e ajustaram neste ano. Mesmo com esse aumento, não dá para afirmar que melhoramos a arrecadação. Cenário: Qual é a expectativa para o ano que vem?

Peruzza: A perspectiva é de queda de receita, principalmente pela perda do ICMS da usina, que representa 25% da arrecadação do município. É provável que caia entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões. Inclusive, temos que analisar o aspecto da economia no estado. Se for alto, o bolo cresce e a perda é menor. Se for baixo, a perda pode ser ainda maior. Com a crise mundial, a maioria das prefeituras teve queda de ICMS. É um alerta para a administração. Cenário: Como o governo está se preparando para as dificuldades?

O prefeito Ricardo está com uma meta bem definida, que considero correta, ao investir no potencial industrial do município, por meio da industrialização e desenvolvimento econômico. Estamos iniciando estudos, mas acredito que a prefeitura deverá criar outro distrito industrial, oferecendo condições para que as empresas tenham interesse em investir em Motuca. Agora, não dá para imaginar uma indústria como a usina. Temos que focar em pequenas e médias empresas. Talvez até pensar em incubadoras para formar empreendedores na própria localidade, com a ajuda do Banco do Povo, para viabilizar recursos. Peruzza:

O advogado e engenheiro agrônomo Marco Antonio Peruzza foi contratado no início do governo para fazer a assessoria de planejamento na prefeitura. Com pós-graduação em gestão governamental, Peruzza trabalha em prefeituras desde 1992, onde já atuou em diversas funções, entre elas a de secretário de governo do município de Jaboticabal. Na entrevista ao Cenário, ele explica como está a situação do município atualmente e quais são suas expectativas para o próximo ano, quando termina o repasse do ICMS da usina. Como serão realizados os investimentos?

Este é o desafio do planejamento. Cada investimento traz consigo despesas. O desafio é como conseguir dosar isso numa economia estagnada e com perspectiva de queda na arrecadação. Teremos que trabalhar com cautela para não sofrermos depois. Mas uma coisa é certa. A prefeitura terá que investir no desenvolvimento econômico e na promoção de geração de emprego e renda. Esta é uma maneira correta de atenuar a grande dificuldade que trouxe o fechamento da usina para Motuca. Cenário: Há uma preocupação com os gastos públicos?

Peruzza: A nova administração assumiu agora e a prefeitura está sendo reformulada, implantando uma nova filosofia de trabalho. Há uma preocupação com os gastos mas, a princípio, temos um controle da situação. Vamos esperar mais um pouco para sabermos como caminha a receita.


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Fiart desenvolve tear com técnica tradicional diversos meios como revistas e livros. “Quando tenho na mente o que vou fazer, começo a elaborar”, destaca a tecelã, que leva de dois a sete dias para concluir uma peça, de acordo com o tamanho. Segundo Fernanda, uma das atividades que mais gos-ta no projeto é participar das feiras e expor os trabalhos. “A gente faz a demonstração e as pessoas ficam acompanhando. É muito gratificante”, conta. Tradição familiar

Fátima mantém a tradição da arte milenar do tear, utilizando equipamentos rústicos

Projeto foi criado há nove anos em Motuca para geração de emprego e renda O tear é uma arte milenar. Há registros arqueológicos de múmias com cerca de oito mil anos encontradas usando vestimentas confeccionadas com fios de lã entrelaçados. Do oriente médio, a atividade percorreu o mundo, sendo amplamente praticada no decorrer da história por tecelões na fabricação de peças como roupas, cobertores e tapetes. Com o avanço tecnológico, a técnica tradicional, utilizando equipamentos rústicos, foi perdendo espaço para as máquinas comerciais modernas, que produzem mais em menos tempo. Esta prática, no entanto, elimina o trato artesanal, característica valorizada por pessoas que apreciam a atividade. O projeto Fiart, criado há nove anos em Motuca com o objetivo de gerar emprego e renda, mantêm a forma tradicional do tear. “Trabalhamos com aparelhos e técnicas primitivas, o que proporciona um produto artesanal, com linhas irregulares e sem repetição dos desenhos”, explica a tecelã Maria de Fátima Pereira de Oliveira, responsável pelo projeto ao lado do marido Donizete Leite de Oliveira. A principal matéria prima utilizada é a lã, fornecida em

estado bruto pela Unesp de Jaboticabal, que é manufaturada para ser utilizada na tecelagem. O projeto surgiu em 2000 a partir de iniciativa da prefeitura municipal por meio da promoção social, que forneceu alguns equipamentos e o local para o desenvolvimento da atividade. Atualmente, seis tecelões estão no projeto. “Chegamos a ter 32 pessoas, mas trabalhamos com artigo supérfluo, de difícil comercialização”, aponta Donizete. “A quantidade de produto que vendemos depende do mês e da necessidade, pois fazemos por encomenda ou para levar em feiras onde somos convidados”. Os participantes recebem uma porcentagem sobre as peças comercializadas produzidas por eles. A Fiart expõe seus produtos em vários eventos co-mo a Facira, em Araraquara, no “Revelando São Paulo”, na capital paulista, além de outras cidades da região. “É tam-bém uma forma de divulgar o nome de Motuca”, destaca Donizete. Inspiração

Seguindo os passos da irmã, que participara do projeto, a tecelã Fernanda Gomes, 23, resolveu ingressar na atividade há oito anos. “Faço muito por hobbie porque gosto do tear, mas também consigo tirar o meu dinheiro”, relata. Fernanda revela que a inspiração para desenvolver os trabalhos vem de

O tear, desenvolvido de maneira rústica, sobrevive até hoje graças a tradição familiar, a partir dos ensinamentos passados de geração em geração. Com a tecelã Maria de Fátima Pereira de Oliveira, uma das responsáveis pelo projeto Fiart, não foi diferente. “Fui criada no meio dos fios” aponta. “Desde muito pequena ajudava minha avó, que trabalhava com os equipamentos e materiais primitivos”. Das nove irmãs, seis também resolveram praticar a atividade. “Meus filhos já me acompanham desde pequenos e espero que eles continuem”, ressalta. Fátima é formada em artes plásticas e pós-graduada em psicopedagogia. Além de trabalhar no projeto ela é professora de cursos de supletivo, onde também aproveita para ensinar seus alunos a arte milenar do tear.

Quadrinhos, por Gerson Donini de Lima Mal entendido

O preço da amizade

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Monte Alegre “A” vence Usina e assume liderança

Os dois times podem conseguir classificação antecipada na próxima rodada, dependendo da combinação de resultados

Campeonato, marcado pelo equilíbrio, possui média de gols superior a quatro por partida

O Monte Alegre “A” venceu por dois a zero a Usina no último domingo (22) e assumiu a liderança do Campeonato Municipal. Ambas estão empatadas com o mesmo número de pontos (ver tabela),

mas a equipe do Assentamento leva vantagem no saldo de gols. Se os dois times vencerem no próximo domingo (29), podem conseguir a classificação antecipada para a semifinal, dependendo

da combinação de resultados. Faltam duas rodadas para o término da primeira fase. Nas 20 partidas disputadas até agora, a bola balançou as redes 95 vezes, o que dá uma ótima média de 4,75 gols por jogo. Das oito equipes que participam do Campeonato, seis ainda possuem chances de classificação: Monte Alegre “A”, Usina, Vila Nova, Argentina, Prefeitura e Monte Alegre “B”. “O Campeonato está muito equilibrado”, destaca o diretor de esportes Sidnei Ferreira (Iei), organizador do evento. A próxima rodada promete muitas emoções, pois acontecerão confrontos diretos entre os times que disputam a classificação e os que brigam para não terminar na última posição. Com campanhas irregulares, o Bem Te Vi, que ainda não pontuou, e o Monte Alegre “C”, com apenas um ponto, não têm condição de chegar à semifinal. O artilheiro da competição até o mo-

Página 12 mento é o atacante da Usina, Rodolpho Rodrigo Milani, com seis gols marcados. O goleador ressalta a formação tática e a boa atuação da equipe como fatores para chegar à artilharia. “Nós jogamos para frente, com três atacantes, o que aumenta as chances de gols”, analisa. Segundo Rodolpho, que foi artilheiro no ano passado, o atual Campeonato é o mais disputado que já participou. Qualidade técnica

O técnico Célio Pereira da Cruz, da equipe do município que irá disputar o Campeonato Regional, ressalta a boas atuações das equipes. “O Campeonato está com um bom nível”, destaca. O téc-nico revela que já inscreveu onze jogadores para o regional, a partir das observações nos jogos. Célio enaltece as atuações de Wesley, da equipe Argentina. “É o melhor jogador que temos em Motuca, atualmente”, aponta. “Mas não é possível inscrevê-lo na competição regional, pois o jogador já está federado”, lamenta.

O atacante Rodolpho, da Usina, é o artilheiro da competição, com seis gols marcados

Dois jogadores da equipe Argentina são excluídos do campeonato Confusão após partida também puniu com suspensão dois atletas do time da Usina e árbitra ficou uma rodada sem apitar por não aplicar regras

Os jogadores Thiago Pereira da Cruz e Adailton Pereira da Cruz, ambos da equipe Argentina, foram punidos com 180 dias de suspensão pela Comissão de Arbitragem, por agressão física na confusão após a partida contra a Usina, jogo disputado pela quarta rodada, no último dia quinze. Com isso, os dois não poderão mais atuar neste campeonato. A Comissão também puniu o atleta da Usina, Celso Candido Maldonado, com a suspensão de três jogos, por incentivar a briga, e o jogador Vanderlei Donizete Zaffani, com duas partidas, por insultar

atletas do time adversário durante a partida. A Comissão também considerou que a juíza Alessandra Cristina Damito errou ao não aplicar a regra disciplinar em algumas jogadas durante o jogo, e a afastou da última rodada. Arrependimento

“Estou errado, pois violência gera violência, e a agressão não é a melhor forma de resolver as coisas”, reconhece o jogador Thiago. “Mas também tem que haver um respeito, pois a partir do momento que o Vanderlei entrou, começou

a nos insultar e, após a partida, não conseguimos controlar os ânimos”, relata. O jogador pede desculpas para a organização do campeonato, pois “eles querem promover o lazer para a comunidade e as brigas não podem atrapalhar esta iniciativa”, destaca. Segundo Thiago, a falta de rigor nas punições da arbitragem está incitando a violência nas partidas. “Teve entrada por trás, que era lance para vermelho, mas não foi dado”, conta. A árbitra Rosa Mara Fernandes afirma que os juízes estão preparados e considera normal as reclamações. “Nenhuma

equipe quer perder e quando perde procura um culpado, que quase sempre é o juiz”. conta. “A gente faz parte da Liga Araraquarense de Futebol, apitamos jogos do Campeonato Regional Amador e para a Secretaria de Esportes de Araraquara, o que exige cursos regulares, com reciclagem todo o ano”, des-taca Rosa, que também demonstra preocupação com a segurança. “O problema maior é com relação ao campo, que não possui estrutura adequada”, aponta.


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