suplemento
20 anos de ensino
Este suplemento é parte integrante da edição nº 3769 de 12 de Junho de 2009 do semanário Região de Leiria e não pode ser vendido separadamente.
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Cursos que empregam Em 1989, o distrito de Leiria foi palco do nascimento da primeira escola profissional em Portugal. A ETAP (Escola Tecnológica, Artística e Profissional de Pombal) foi pioneira de um ensino que, em 20 anos de existência, tem vindo a granjear sucesso entre todos aqueles que estão ligados ao sistema de ensino. A principal razão para o êxito dos cursos profissionais está na elevada taxa de empregabilidade que sempre os caracterizou, facto cada vez mais importante devido ao actual contexto de crise económica e consequente elevada taxa de desemprego. Por outro lado, a vertente prática deste tipo de cursos associada à crescente vontade de qualificar quadros médios para as empresas portuguesas, tem levado à escolha de muitos jovens por esta via de formação. O sucesso dos cursos profissionais é tal que o Ministério da Educação estima que, quase um terço dos estudantes do ensino secundário está a frequentar o ensino profissional. Em comparação com os valores de há dez anos atrás, o número de alunos dos cursos profissionais triplicou. Isto significa que, em 2009, ano da comemoração dos 20 anos das esco-
las profissionais, existem 91 mil alunos neste tipo de ensino, quando em 1999 existiam 27995 estudantes. Apesar dos números mostrarem que o ensino profissional está numa
fase de crescimento, em comparação com alguns países do Norte da Europa, Portugal ainda está longe de atingir um número de estudantes que optam por qualificação profissional.
Apenas cerca de 30 por cento dos alunos do secundário procuram esta via, enquanto nesses países as taxas sobem para os 70 a 80 por cento. A vertente de dupla certificação dos
cursos profissionais é outra razão para o seu sucesso. Os cursos conferem o nível secundário de educação e a entrada no mercado de trabalho, mas também permitem seguir estudos superiores. A oferta formativa tem crescido ao longo dos anos, aproximando-se actualmente dos 4500 cursos. A escolha dos mesmos é efectuada, tendo por base a empregabilidade dos mesmos. Se um curso tem uma elevada taxa de colocação dos alunos no mercado de trabalho, então mantém-se ano após ano. Caso contrário, as instituições optam por analisar o mercado de trabalho e contactar o tecido empresarial que as rodeia, no sentido de aquilatar quais as necessidades actuais do mercado. Numa curta análise à oferta formativa do distrito de Leiria, a Restauração, o Turismo e a Informática são as áreas onde existe mais oferta formativa. Este suplemento pretende mostrar essa mesma oferta formativa, com a apresentação de várias instituições da região, a maioria pioneiras no ensino profissional em Portugal.
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Escola Profissional de Ourém (EPO)
“Casa de Aprender, onde se faz Escola”
A EPO está em crescimento no número de cursos, alunos, instalações e até existe um processo de internacionalização da escola, revela Sérgio Figueiredo, director da instituição
A Escola Profissional de Ourém está à beira dos 20 anos de existência. Que balanço se pode fazer de uma das mais antigas escolas profissionais do país? Claramente muito positivo! Quando em 1990 iniciámos a nossa actividade, com uma turma do Curso Técnico de Gestão, estávamos longe de imaginar o impacto que a Escola iria ter na comunidade - o acolhimento dos nossos alunos por parte do tecido empresarial superou claramente as expectativas criadas, e logo no primeiro ano em que tivemos os nossos diplomados no mercado de trabalho a procura por parte das empresas foi superior à quantidade de alunos que dispúnhamos para colocar, facto que fe-
lizmente se continua a verificar com muita regularidade. Durante este trajecto, frequentaram já “Esta Casa de Aprender, onde se faz Escola” um total de 2074 alunos, os quais, quando por qualquer motivo passam pela Escola, dizem com alguma nostalgia que os anos que lá estiveram foram dos melhores anos das suas vidas.
para melhor, pois o Ensino Profissional foi ganhando o seu espaço no sistema de ensino, obtendo mais recursos, autosustentados e/ou estatais que, por força dos seus estatutos, foram aplicando na construção e equipamento de vários espaços laboratoriais e oficinais.
O ensino profissional em Portugal, certamente, será diferente de há 20 anos atrás. Mas mudou para melhor ou pior?
Objectivamente! Somos orgulhosamente uma Escola Profissional e essa é a nossa mais antiga e principal área de actuação. Foi com ela que nos desenvolvemos e obtivemos massa crítica para crescermos para outras áreas complementares.
As escolas profissionais sempre se distinguirem pela qu a lidade do se u e nsin o, no que respeita ao saber fazer. Adequaram-se às novas necessidades socio-económicas das suas regiões e do país, propondo novos cursos e actualizando os conteúdos dos tradicionais. Desta forma, procuraram responder eficientemente às carências que as organizações lhes foram colocando, visto que estas as viam (e geralmente continuam a ver!) como as únicas entidades que lhes podiam disponibilizar quadros intermédios. Estes jovens possuem já qualificações que lhes permitem entrar com bastante facilidade no mercado de trabalho, sendo simultaneamente competitivos e flexíveis no apoio à gestão das organizações que os seleccionam. Nesse sentido, mudaram
Informações úteis Nome: Escola Profissional de Ourém - Associação Promotora de Ensino Profissional Sede Ourém Morada: Rua Santa Teresa de Ourém – Apartado 107 2494-909 Ourém Telefone: 249 540 390 Fax: 249 540 399 E-mail: epo@epo.pt Pólo de Fátima Morada: Rua do CEF – Planalto do Sol 2495-651 Fátima Telefone: 249 530 630 Fax: 249 530 639 E-mail: Pólo@epo.pt Internet: www.epo.pt/ Cursos Profissionais 2009/2010: Técnico de Construção Civil – variante de Medições e Orçamentos, Técnico de Gestão, Técnico de Energias Renováveis, Técnico de Design, Técnico de Restauração - Variante Cozinha / Pastelaria, Técnico de Restauração - Variante Restaurante / Bar, Técnico de Turismo
Os cursos profissionais são a maior aposta da EPO?
Para além do ensino profissional, a EPO tem ainda uma vertente de qualificação para adultos. Como está a ser a adesão a estes cursos? A adesão tem sido bastante boa. Para já encontramonos a desenvolver dois cursos na área de hotelaria: um de Empregado(a) de Mesa e outro de Empregado(a) de Andares, e podemos dizer que a selecção não foi fácil devido ao elevado número de adultos
interessados. Todos os dias nos aparecem novas pessoas a perguntar sobre este tipo de cursos; por isso, acreditamos que esta é mais uma aposta desta Escola com boas possibilidades de sucesso.
Qual a taxa de empregabilidade dos vossos cursos? Descontando os alunos que optam pela prossecução de estudos a nível do ensino superior (cerca de 10 %), o nosso historial aproxima-se dos 100 % a três meses após a conclusão dos seus cursos. Porém, também não podemos esconder que a crise económica e financeira global também se sente nas nossas taxas de colocação - mesmo assim, está acima dos 80%.
Que mais-valias traz o facto da EPO ser um centro ECDL certificado? Em termos dos recursos humanos existentes, julgamos que as mais-valias para a escola são, entre outros: Estabelecer um padrão de literacia informática para actuais e novos colaboradores, ajudando a atingir níveis desejáveis e consistentes de competências nas Tecnologias da Informação e
Comunicação. O famoso chavão tão comum nos mais variados currículos e ofertas de emprego “Conhecimentos de informática na óptica do utilizador” terá os seus dias contados. Julgamos que com uma certificação deste tipo, poderá a escola ver garantidas as condições de possuir recursos humanos devidamente qualificados; Aumentar a produtividade e permitir maiores retornos dos investimentos nas novas tecnologias; Identificar as necessidades formativas dos colaboradores e aferir a qualidade dos programas de formação internos e externos.
Por onde passa a política de crescimento da EPO? A estratégia que traçamos passa por três eixos de intervenção: 1º Desenvolvimento do Processo Educativo: Reforço da formação do Corpo Docente e não Docente; Aposta nas novas Tecnologias Educativas; Incremento de projectos não curriculares. 2º Expansão da Escola: Nacional: Remodelação do edifício do antigo Seminário dos Monfortinos, para as instalações definitivas do Pólo de Hotelaria e Turismo de Fáti-
ma – fizemos a candidatura ao Programa Operacional de Valorização do Território, no âmbito do QREN, e aguardamos a resposta; Abertura de novos cursos e de novos pólos – já para o próximo ano lectivo vamos abrir três novos cursos (Técnico de Design; Técnico de Energias Renováveis; Técnico de Turismo) e estamos em conversações exploratórias com um Município para aferir da disponibilidade em receber um Pólo. Internacional: Intercâmbios de docentes e alunos; Parcerias com outras instituições congéneres, para realização de projectos em comum; Abertura de uma Escola Profissional num PALOP – estamos na segunda fase de análise de viabilidade, após os primeiros contactos com as entidades nacionais desse Estado. 3º Abertura à Comunidade: neste momento temos vários projectos, em diversas fases de maturação, que nos vão permitir (e aos nossos alunos) um maior envolvimento na e com a Sociedade. O prazo para serem desenvolvidos é o próximo ano lectivo.
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Escola Profissional e Artística da Marinha Grande (EPAMG)
“Somos um Centro de Formação” Uma das pioneiras das Escolas Profissionais, Piedade Panta, explica como a EPAMG está a alargar a oferta formativa e como tem crescido esta prestigiada instituição
em causa. As regras foram adulteradas, os objectivos e métodos naquela altura inovadores têm sido distorcidos e as grandes mais-valias deste tipo de ensino apresentam-se agora numa fase de muitas interrogações. No entanto, tal como há 20 anos, as Escola Profissionais, até pelo seu espírito dinâmico e empreendedor, vão conseguir ajustar-se, superar as dificuldades e passar algumas barreiras sociais que nos últimos tempos têm causado grandes debates dentro das nossas Escolas. Para ter uma ideia, há 20 anos, os alunos que vinham para a nossa escola, na sua grande maioria já vinham com 18 anos, hoje, temos alunos com 14 e 15 anos a entrar em percursos profissionalizantes. Esta realidade fez e vai fazendo com que os professores se vão adaptando a métodos completamente diferentes de trabalho.
A EPAMG está à beira dos 20 anos de existência. Que balanço se pode fazer de uma das mais antigas escolas profissionais do país? O balanço é claramente positivo. A Escola cresceu muito, tem feito e participado em iniciativas de grande importância para a região e até mesmo para o país. Por vezes é em pequenos gestos que confirmamos a importância do nosso trabalho. Quando jovens que terminaram os seus cursos há mais de 4/5 anos e que hoje continuam a vir à nossa escola mostrar os filhos, quando confirmamos pelos estudos que fazemos que mais de metade dos nossos alunos vêm para a EPAMG por causa dos amigos, quando verificamos que jovens por vezes em risco de abandono escolar descobrem connosco as suas verdadeiras com-
petências e hoje estão em empresas de renome ou quando simplesmente olhamos para trás e aquilo que vimos como trabalho realizado nos enche de orgulho.
O ensino profissional em Portugal, certamente, será diferente de há 20 anos atrás. Mas, mudou para melhor ou pior? Para além da tão afamada crise que hoje vivemos, por vezes mais social
do que económica, Portugal atravessa em paralelo uma encruzilhada entre a educação e a formação. Do muito que as Escolas Profissionais conseguiram ao longo de 20 anos, está hoje completamente posto
A EPAMG continua a ter uma maior ou menor procura em relação aos cursos profissionais? Ou os alunos procuram outras alternativas formativas? Esta é talvez a resposta mais simples e objectiva. A EPAMG cresceu,
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só nos últimos 4/5 anos em cerca de 100 alunos, alargou a sua oferta formativa para áreas que até aqui não tinham sido aposta, como é este ano o caso do Curso de Técnico de Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade. É verdade que o aumento das novas tipologias de ensino/formação vieram confundir os próprios alunos no seu percurso. Repare que um aluno com 23 anos que esteja a frequentar um Curso Profissional (uma situação completamente possível) poderá ser assediado a sair deste percurso para integrar um RVCC ou até mesmo entrar na faculdade via M23. Será que isto é positivo para este aluno?
Para além do ensino profissional, a EPAMG tem ainda uma vertente de qualificação para adultos. Como está a ser a adesão a estes cursos? Depois de apostas avulsas e espalhadas no tempo em formação de CET’s ou até mesmo de Acções de Formação do antigo PRODEP, a EPAMG iniciou um projecto no passado ano lectivo de grande ambição. Dar vida à nossa Escola durante o período Pós-Laboral. Neste momento temos dois EFA’s a funcionar e normalmente 4 a 5 acções de Formação de Curta Duração nas mais diversas áreas. São cerca de 70 a 80 formandos na Escola durante o período nocturno. Para este ano, esperamos aumentar ainda mais esta oferta formativa, com mais 3 EFA’s em período diurno para desempregados assim como mais algumas unidades de formação modelares.
Preparam ainda a entrada em funcionamento dos CET’s. Para quando e que cursos vão disponibilizar? Em relação aos CET’s ainda é cedo para avançarmos para esta tipologia de formação. Lembro que a EPAMG foi das primeiras a realizar duas acções, em parceria com o IPL, no entanto precisamos de consolidar o projecto EFA’s e UFCD’s para avançarmos para a abertura de CET’s.
Em relação ao futuro, a EPAMG irá manter-se nas actuais instalações ou existem projectos para mudança de instalações? Curiosamente, as instalações onde a Escola funciona continuam a ser para o bem e para o mal o factor diferenciador e por vezes potenciador da dinâmica desta Escola. Depois de abandonado o projecto pensado há alguns anos, a Escola procura agora recuperar e melhorar o edifício onde está a funcionar. No entanto, considero que é nas dificuldades que se revelam os imensos jovens que diariamente aqui trabalham connosco. Nunca as instalações foram proibitivas de uma formação de qualidade, no entanto é
verdade que o investimento que ainda este ano fizemos em melhoria de salas e equipamentos informáticos, nem sempre pode ser potencializado ao máximo, pelas particularidades físicas da nossa Escola. Mesmo com acesso livre e gratuito à internet, mais de 5 salas de informática devidamente equipadas, 4 laboratórios/oficinas de electrónica, 2 salas de restauração, etc. a Escola continua a necessitar de mais espaços para poder acompanhar a crescente procura.
Ao nível da oferta formativa, poderá a EPAMG diversificar ainda mais o tipo de cursos que possui? Claro. Não sendo esse o nosso pensamento neste momento, a EPAMG com a qualidade do corpo docente que tem e com a experiência adquirida ao longo dos últimos 20 anos, continua atenta ao mercado da formação. Hoje a nossa Escola, mais que uma Escola Profissional é um Centro de Formação para jovens, menos jovens, que procuram áreas da saúde, higiene, vendas, electrónica, moldes, etc… Não quer isto dizer que fazemos formação em massa, ou que vamos crescendo de uma forma desmesurada, antes pelo contrário. Por exemplo se temos 4 competentes professores a dar aulas de Electrónica a Jovens durante o dia e equipamentos para o efeito, porque não aproveitar esses recursos para outros jovens que estão no mercado trabalho mas necessitam de reciclar os seus conhecimentos?
Informações úteis Nome: Escola Profissional e Artística da Marinha Grande - EPAMG – Sociedade de Ensino Profissional, Lda. Morada: Praça Stephens, 2 - Apartado 355 2430-904 Marinha Grande Telefone: 244 560 193 / 244 560 407 Fax: 244 50 47 04 Internet: www.epamg.pt/ E-mail: geral@epamg.pt Cursos Profissionais 2009/2012: Técnico de Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade, Técnico de Restauração, Técnico de Higiene e Segurança do Trabalho e Ambiente, Técnico de Desenho de Construções Mecânicas, Técnico de Apoio Psicossocial, Técnico de Transformação de Polímeros, Técnico de Electrónica, Automação e Comando, Técnico de Turismo
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Escola Tecnológica, Artística e Profissional de Pombal (ETAP)
“Somos uma referência na formação de adultos” Para além da formação profissional, que está na génese da Escola, a ETAP aposta ainda na formação de adultos u num crescimento virado para o mercado de trabalho, como contam os responsáveis da instituição, Ana Pedro, Isabel Arrais e João Lázaro
confiança e previsibilidade que os leva a confiar na nossa Escola de modo inequívoco como entidade formadora.
Qual a taxa de empregabilidade dos vossos cursos?
A ETAP é a pioneira das escolas profissionais em Portugal. Que balanço se pode fazer de 20 anos de actividade? A ETAP (Escola Tecnológica, Artística e Profissional de Pombal) está, efectivamente, ligada à génese das Escolas Profissionais em Portugal. O historial deste percurso de 20 anos é impossível de ser sintetizado porquanto uma Escola com as características da nossa é, como poderei dizê-lo, a história quotidiana do maior laboratório do mundo: aqui se cruzaram e cruzam diariamente uma infinidade de saberes, experiências e conhecimentos. Aqui, dia após dia, professores, alunos e funcionários, trazem os mil-e-um saberes de que a vida é feita e aqui os confrontam, discutem e integram. Ao longo destes 20 anos demos, sempre e em cada instante, o melhor de nós em prol de um ensino de qualidade e que honre o percurso dos seus alu-
nos. É com orgulho que revimos parte do nosso compromisso educativo espelhado no carácter, dignidade e elevada qualidade no desempenho de muitos dos alunos que frequentaram a ETAP e que, ainda hoje, nos visitam amiúde num vínculo indelével que permitiu, a alguns, serem hoje docentes na mesma Escola que os formou.
E actualmente, como vê o ensino profis-
sional em Portugal? Com uma elevada expectativa e, também, com alguma apreensão. Expectativa porque o nosso país carece de profissionais qualificados e capazes de responder aos desafios deste novo século, com um sentido de responsabilidade acrescida que engloba uma sólida formação académica, técnica e humana. Um aluno saído de uma Escola Profissional é sempre uma mais-valia a ter em conta para o tecido empresarial e de serviços num país que se quer competitivo e capaz de concorrer com os seus parceiros europeus. Apreensão porquanto, por vezes, há uma tentativa de desvalorizar e esvaziar o trabalho que desenvolvemos. Acontece que ainda há quem julgue que o Ensino Profissional é um ensino facilitador – no sentido de menor exigência – quando, de facto, é facilitador mas numa perspectiva de conjugar a formação com a prática profissional.
A ETAP continua a ter uma maior ou menor procura em relação aos cursos profissionais? Ou os alunos procuram outras alternativas formativas? A ETAP continua a ser uma Escola francamente procurada o que nos leva, aquando do período de inscrição, a ter que submeter os candidatos a alguns cursos a provas de selecção para ingresso. Haverá, certamente, alunos que procuram outras alternativas formativas mas a procura da nossa oferta formativa é francamente satisfatória.
Para além do ensino profissional, a ETAP tem ainda uma vertente de qualificação para adultos. Como está a ser a adesão a estes cursos? Poder-se-á dizer que a ETAP é hoje uma Escola de referência no que concerne a esta questão. De facto, o número de adultos que junto de nós buscam formação e qualificação não vem parando de crescer de alguns anos a esta parte, contando hoje com um elevado número de adultos em processo de qualificação e certificação. Creio que tal se deve ao enorme desempenho, nível de exigência e formação específica dos nossos técnicos, que mantêm com este público-alvo específico uma relação de segurança,
Quando falamos de taxas, temos de ter em conta não só a taxa de conclusão de cada curso por ano lectivo, mas também a taxa de empregabilidade e a de prosseguimento de estudos. Os dados disponíveis, relativos ao ano lectivo anterior, apontam para uma taxa de conclusão a rondar os 80 %, sendo que destes cerca de 20% ingressa no Ensino Superior. Os alunos que terminam o curso, e que por diversas razões não continuam os seus estudos, acabam por encontrar emprego quase na totalidade na sua área de formação técnica, acabando inclusive por ser contratados pela empresas onde realizaram a sua formação em contexto de trabalho.
De que forma fazem a inserção no mercado de trabalho de quem estuda na ETAP? Fundamentalmente através das parcerias com as entidades empregadoras em dois momentos distintos: sempre que estas recebem alunos da ETAP enquanto estagiários, o que ocorre duas vezes ao longo do processo formativo, com um período de um mês de formação em contexto de trabalho por ano lectivo; e sempre que a nossa Escola responde a solicitações de vária ordem e que se tornam momentos privilegiados para apreciação da nossa qualidade formativa. Em ambos os casos o resultado é surpreendente porquanto há uma imediata aderência e identificação entre a procura de profissionais qualificados pelas empresas e os padrões de exigência de referência que nos impomos.
Por onde passa a política de crescimento da ETAP? Por nos questionarmos diariamente sobre o que poderemos fazer ainda melhor. O processo de auto-crítica é uma constante que nos permite uma actualização permanente das metodologias e práticas pedagógicas no sentido de ir ao encontro das necessidades, expectativas e exigências do mercado de trabalho. Informações úteis Nome: Escola Tecnológica, Artística e Profissional de Pombal Morada: Parque Industrial Manuel da Mota - Apartado 165 3101-902 Pombal Telefone: 236 200 810 Fax: 236 217 122 Internet: www.etap.edu.pt E-mail: info@etap.edu.pt Cursos Profissionais 2009/2010: Técnico de Manutenção Industrial / Mecatrónica Automóvel, Técnico de Electrónica, Automação e Comando, Animador Sociocultural, Técnico de Marketing, Técnico de Design de Moda, Construção Civil (Variantes: Desenho de Construção civil e Condução de Obra)
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Instituto de Emprego e Formação Profissional
“Perderam-se 5300 empregos nos últimos 12 meses”
Este é o valor assustador que Armando Nunes da Silva revela para o distrito de Leiria. Mas, existem boas notícias no que concerne às medidas que estão a ser tomadas pelo IEFP, esclarece o responsável regional da Delegação Regional do Centro
mercado com as melhores qualificações possíveis. É esse o sentido da Iniciativa Novas Oportunidades e o alargamento do ensino profissionalizante de dupla certificação ás escolas do ensino básico e secundário e a aprovação recentemente do 12º ano, como ensino obrigatório são a prova acabada do que se pretende: uma maior qualificação dos portugueses em geral e dos jovens em partícula. O objectivo é que 50% dos jovens no ensino secundário venham a frequentar vias profissionalizantes, à semelhança dos países mais desenvolvidos, podendo sair do sistema com uma dupla certificação escolar (12ºano) e profissional (qualificação nível III).
A constante subida da taxa de desemprego é a actual maior preocupação dos portugueses. Como está a situação no distrito de Leiria? Também no distrito de Leiria a situação é preocupante, com os Centros de Emprego a registarem no fim de Abril o valor de 18.860 desempregados inscritos. Leiria e Aveiro são os distritos que na Região Centro concentram os maiores problemas de desemprego, com crescimentos homólogos de 48% e 41% respectivamente. São territórios com grande dinamismo e concentração de actividades económicas e por isso os efeitos das recessões ou expansões económicas fazem-se aí sentir com maior intensidade. O distrito de Leiria tem, do ponto de vista sócio económico, um desenvolvimento que não é homogéneo, sendo os concelhos de Leiria, Marinha Grande, Pombal, Alcobaça, e Caldas aqueles que sendo mais desenvolvidos, corporizam os principais movimentos do mercado de emprego. O distrito perdeu nos últimos 12 meses mais de 5300 empregos e 65% desse valor registou-se naqueles concelhos com o desemprego a crescer em Leiria (+48,6%), Pombal (+59,7), M.Grande (+58,3%) e Alcobaça (+49,0%)
Que medidas estão a ser tomadas para combater esta situação? Foi lançado no início do ano a Iniciativa para o Investimento e Emprego com o objectivo de minorar os efeitos da crise financeira e económica internacional. Este Programa pretende apoiar os segmentos mais dinâmicos da iniciativa privada em sectores exportadores específicos (têxteis, confecções, calçado), no turismo, no sector automóvel e nas micro e pequenas empresas em operações de consolidação financeira (reforço do fundo de maneio e capitais permanentes) e investimento, ao mesmo tempo que o Estado assume um importante programa de investimentos públicos e de apoio ao emprego. No eixo de apoio ao emprego é aprovada a Iniciativa Emprego 2009 e com ela operacionalizam-se um conjunto de medidas que vão desde o apoio à manutenção e qualificação do emprego, à facilitação no acesso ao emprego por parte dos jovens e dos desempregados com mais de 35 anos e que tenham melhorado as suas qualificações nos últimos três anos, até ao apoio à inserção de desempregados subsidiados em instituições não lucrativas para uma melhoria dos níveis de empregabilidade e estimulo à reinserção no mercado de trabalho. Para acelerar os efeitos de todas estas me-
De que forma apoia o IEFP os desempregados que procuram melhorar as suas qualificações?
didas, no distrito de Leiria, e no 1º trimestre deste ano, o IEFP assinou 30 protocolos com entidades da área social e com autarquias para integrar naqueles programas mais de 450 pessoas desempregadas. Encontram-se hoje, no Distrito, já a beneficiar da Iniciativa Emprego, 1018 jovens inseridos nos programas de Estágios Profissionais e 1900 desempregados subsidiados inseridos em projectos de interesse social desenvolvidos por entidades sem fins lucrativos e apoiadas pelos Centros de Emprego no âmbito dos Programas Ocupacionais e dos Contratos Emprego-Inserção.
A criação do próprio emprego é uma alternativa no combate ao desemprego? A redução da actividade das empresas ou o seu encerramento tem lançado no desemprego muitos trabalhadores com idades e qualificações muito diversas. Alguns com ambição, qualificações profissionais comprovadas e capacidade de iniciativa levam avante pequenos projectos de investimento que constituem não só uma solução de emprego para si próprios mas também para terceiros. Por isso para quem está no desemprego pode ser uma porta de saída dessa situação. Os apoios concedidos pelo IEFP têm-se mostrado muito interessantes para o arranque destes projectos. Muitas vezes é suficiente a antecipação do recebimento do subsidio de desemprego e o apoio á criação de emprego, outras vezes, em projectos de investimento mais significativo, a par do apoio ao emprego, tem sido determinante, para a viabilização da iniciativa, a concessão de um subsidio ao investimento.
As empresas estão a aproveitar as medidas disponibilizadas pelo IEFP para absorverem os desempregados? As empresas têm estado numa situação de expectativa, prolongando dentro do possível a sustentação do emprego com recurso nalguns casos aos instrumentos financeiros em vigor e ao Programa Qualificação -Emprego, aguardando abertura dos mercados e reformulando estratégias. Mas nota-se que estão a aproveitar as diversas Medidas da Iniciativa Emprego 2009 sobretudo as mais conhecidas conforme revelam os dados que atrás referi. Há outras, talvez menos conhecidas e por isso com menor procura, mas de grande importância e interesse para as empresas porque apoia a integração de trabalhadores qualificados, indispensáveis em qualquer projecto de melhoria de competitividade. Trata-se do Programa de Estágios Qualificação – Emprego que permite atribuir uma bolsa de estágio aos desempregados, com mais de 35anos e com uma qualificação ou melhoria de qualificação obtida nos últimos três anos. Também se notou em Maio uma desaceleração do desemprego e mesmo sinais de recuperação do emprego, o que é muito bom, com empresas a procederem á contratação de trabalhadores.
Em relação aos jovens, para além de um reforço na aposta dos estágios profissionais, que outras medidas estão a ser implementadas? O apoio à contratação de jovens e o programa de estágios profissionais são dois importantes instrumentos de inserção dos jovens no mercado de trabalho. Mas devemos ter presente que os jovens devem chegar ao
Os desempregados devem aproveitar os Programas desenvolvidos no quadro da Iniciativa Novas Oportunidades para melhorar as suas habilitações e qualificações profissionais para que o regresso ao mercado de trabalho seja mais fácil. Devem por isso dirigir-se aos Centros de Emprego, ou a qualquer CNO (Centro de Novas Oportunidades) da sua área de residência onde receberão o apoio necessário para a definição do percurso de qualificação mais ajustado à sua situação. Nuns casos pode ser importante inscreverem-se num processo de RVCC, noutros pode ser aconselhável a frequência de curso de dupla certificação ou formação modular, isto é, acções ou módulos de formação para aquisição de competências escolares e profissionais em simultâneo
Neste contexto de crise, o EURES (rede europeia de serviços de emprego) tem registado um aumento de candidatos? A rede Eures, enquanto rede europeia de serviços de emprego, oferece on-line um vasto leque de ofertas de emprego de 31 Países do Espaço Europeu. Encontram-se actualmente registadas na rede mais de 900.000 ofertas de emprego, em geral na língua de origem, e qualquer cidadão pode aceder a esses registos e responder directamente ás ofertas que lhe interessarem. Em Portugal os Centros de Emprego são o front-office do Eures e podem ser contactados para qualquer esclarecimento. A conjuntura é propícia à procura de emprego noutros destinos. Não tem havido aumento de ofertas mas já não podemos afirmar que não tenha havido aumento da procura. De Janeiro a Outubro de 2008 o crescimento da procura Eures na região foi de 22% e no distrito de Leiria foi de 25%.Com o acentuar da crise é provável que estes valores tenham crescido Algumas empresas têm vindo a Portugal oferecer oportunidades de trabalho. As últimas iniciativas desta natureza, que ocorreram na nossa Região, tiveram a ver com recrutamento de profissionais da área da saúde e alguns ramos da engenharia. Mas também a oferta de trabalho menos qualificado e de carácter sazonal faz parte da oferta europeia.
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Instituto de Emprego e Formação Profissional
Centro de Formação Profissional de Leiria (CFPL)
“Aposta na qualificação dos port pectivamente. Assim, os principais objectivos a atingir com estes públicos são: Minimizar o fluxo de jovens que deixam os sistemas de educação e formação sem concluírem o ensino secundário; Desenvolver um claro reforço do ensino profissionalizante de dupla certificação; Fazer com que o 12º ano de escolaridade seja o patamar mínimo de escolarização para os jovens; Promover trajectos de qualificação profissional que garantam em simultâneo uma certificação escolar e profissional.
Que importância atribui à requalificação dos adultos, através dos processos de RVCC ou dos EFA’s, e a requalificação de activos e desempregados? Obter 2614 formandos em acções de formação profissional e certificar 1093 adultos são as grandes apostas para 2009 desta instituição, como explica Ana Elisa Costa, directora do CFPL
Qual é o principal objectivo do Centro de Formação Profissional de Leiria? O Centro de Formação Profissional de Leiria, é uma unidade orgânica operacional do Instituto do Emprego e Formação Profissional no Distrito de Leiria, pertencente à rede de Centros de Formação Profissional da Delegação Regional do Centro. É o único Centro de Formação Profissional de Gestão Directa do IEFP existente no Distrito de Leiria, a quem compete programar, preparar, executar, apoiar e avaliar acções de formação profissional inicial e assegurar a nível local, o funcionamento do sistema de certificação profissional definido. Esta instituição tem promovido uma oferta formativa diversificada, abrangendo várias modalidades de formação e áreas profissionais. Para além da actividade formativa, O FLE promove desde 2004 a actividade no âmbito do Centro Novas Oportunidades (CNO) nas vertentes “Básico, Secundário e Profissional”. De salientar que o nível secundário foi implementado em 2007, assim como a certificação profissional pela via da experiência na área de Acção Educativa.
Na formação dos mais jovens, quais são os cursos promovidos pelo CFPL e quais os principais objectivos junto desta camada etária? A oferta formativa do Centro de Formação Profissional de Leiria destinada a públicos jovens insere-se nas Modalidades de Formação de Educação e Formação de Jovens e de Aprendizagem, cujo principal objectivo será o de proporcionar cursos de formação profissional inicial que incluam uma certificação escolar e uma qualificação profissional no sentido de permitir assegurar o cumprimento da escolaridade obrigatória ou o nível secundário, res-
Os cursos EFA constituem-se como o principal instrumento para a qualificação de adultos e visam a redução dos seus défices de qualificação bem como a melhoria dos seus níveis de empregabilidade e de inclusão social e profissional. Assumindo-se como uma modalidade de dupla certificação - escolar e profissional esta tipologia de formação insere-se no quadro conceptual da formação ao longo da vida e integra como principio orientador o Reconhecimento, a validação e a certificação das competências (RVCC) previamente adquiridas pelos adultos ao longo da vida quer pela via formal, não formal e informal. É a partir deste património de experiências adquiridas que se definem diferentes percursos flexíveis de aprendizagem escolar e/ou profissional determinantes para os adultos que se apresentam sem a qualificação adequada para efeitos de inserção ou progressão no mercado de trabalho. Nesta perspectiva, as acções inseridas nesta Modalidade de Formação têm constituído instrumento de gestão estratégica das qualificações da população adulta considerada essencial para a competitividade e modernização do tecido produtivo e empresarial, vital para o desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos. Assim, os principais objectivos a atingir com estes públicos são: Incrementar a formação profissional destinada a adultos, com encaminhamento deste público para cursos EFA e Formações Modulares de curta duração certificadas; Possibilitar aos que já estão no mercado de trabalho sem terem completado o 12º ano de escolaridade uma nova oportunidade para poderem recuperar, completar e progredir nos estudos; Expandir da oferta de formação de Cursos de Educação e Formação de Adultos, extensível ao nível do ensino secundário;
Abranger um maior número de adultos nos processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, bem como em percursos qualificantes, reconhecendo as competências adquiridas pela experiência, propondo-se, ao mesmo tempo, itinerários formativos adequados ao ponto de partida de cada um.
A oferta formativa está de acordo com as necessidades do mercado de trabalho do distrito de Leiria, tendo em conta as especificidades de cada concelho? O Centro de Formação Profissional de Leiria tem, como qualquer centro de formação profissional de gestão directa do IEFP um âmbito de intervenção alargado. Contudo, a grande maioria dos seus utentes têm origem nos concelhos do Distrito de Leiria abrangidos por 3 Centros de Emprego: O Centro de Emprego de Leiria que abrange os concelhos de Pombal, Leiria, Batalha e Porto de Mós; O Centro de Emprego da Marinha Grande que abrange exclusivamente o próprio concelho; O Centro de Emprego de Figueiró dos Vinhos que abrange os concelhos do Pinhal Interior Norte - Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande. O Plano Anual de Actividades deste Centro de Formação tem por base um levantamento de necessidades de formação, através da auscultação efectuada aos Centros de Emprego da Região, a empresas públicas/privadas e autarquias. Após este levantamento, as áreas profissionais a abranger são integradas em percursos formativos no âmbito das modalidades de for-
mação disponíveis: Cursos de Aprendizagem Cursos de Educação e Formação para Jovens (CEF) Cursos de Especialização Tecnológica (CET) Cursos EFA percurso completo Cursos EFA parcial Formações Modulares Programa Portugal Acolhe
Qual a taxa de empregabilidade dos vossos cursos? Terminado o processo formativo, dependendo dos objectivos individuais dos formandos bem como da modalidade de formação, os nossos formandos estarão em condições de ingressar no mercado de trabalho, garantir a sua permanência no mesmo em virtude da actualização de competências profissionais ou prosseguir estudos ao nível do ensino secundário ou superior. Dada a “cumplicidade” com os Centros de Emprego da área de abrangência e dadas as relações estabelecidas ao longo do processo formativo com as Empresas da região, através do período de formação em contexto de trabalho previsto na estrutura curricular dos cursos, a maioria dos nossos formandos tem tido oportunidade de ficar colocados no final da Formação, estimando-se uma taxa de integração no mercado de trabalho de cerca de 70%.
Que balanço faz das actividades do CFPL, em 2008, ano de crise profunda? E para 2009, o que perspectiva? O d e s a f i o l a n ç a d o a o I E F P, I . P. n a concretização da aposta na qualificação da população portuguesa e da aprendizagem
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tugueses” ao longo da vida, a par de outras instituições igualmente reconhecidas para o efeito, vem atribuir aos Centros de Formação Profissional, nomeadamente ao Centro de Formação de Leiria, um papel importante no esforço para a concretização dos objectivos das políticas de emprego e formação profissional, nomeadamente na implementação da Iniciativa Novas Oportunidades que assenta em dois pilares fundamentais: uma intervenção dirigida à qualificação dos jovens, com um reforço da formação profissionalizante de dupla certificação; uma estratégia para elevar a formação de base dos activos, proporcionando-lhes uma nova oportunidade para recuperar, completar e progredir nos seus estudos/nas suas qualificações, complementada com o alargamento do Sistema de Reconhecimento Validação e Certificação de Competências, envolvendo os adultos em percursos qualificantes permitindo o reconhecimento de competências adquiridas pela via da experiência, ao mesmo tempo propondo itinerários formativos adequados ao ponto de partida de cada um. Apostar na alteração dos níveis e padrões de qualificação dos cidadãos e deste modo contribuir para o aumento da produtividade é,
em última instância, fomentar uma melhoria da posição competitiva do país. Em 2008, o Centro de Formação Profissional de Leiria abrangeu 1401 formandos inseridos em acções de formação profissional e certificou 507 adultos no âmbito da actividade do Centro Novas Oportunidades, com diplomas de nível básico e secundário, tendo 73 desses adultos obtido a certificação profissional, pela via da experiência, na área de Acção Educativa. Em 2009, tem como metas abranger 2614 formandos em acções de formação profissional e certificar 1093 adultos no âmbito da actividade do Centro Novas Oportunidades.
Para quando o novo edifício do CFPL? O Conselho Directivo do Instituto de Emprego e Formação Profissional, IP está a desenvolver os procedimentos legais necessários ao desenvolvimento do projecto de construção das Instalações do Centro de Formação Profissional de Leiria. Estamos de momento a aguardar que se proceda à escritura do terreno cedido pela autarquia e posterior lançamento do concurso internacional para a sua construção.
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Instituto de Emprego e Formação Profissional
Testemunhos de Formandos das Novas Oportunidades
Experiências de vida “Eu escolhi este processo, porque ao longo da minha vida pessoal e profissional, em especial nos meus dez anos de carreira como Auxiliar de Acção educativa, frequentei muitas Acções de Formação nas mais diversas áreas, que se traduzem em centenas de horas de formação. Embora eu possuísse essa formação e a aplicasse no dia- a- dia, não tinha um reconhecimento válido para elas. Achei então que com este processo conseguiria um certificado que pudesse apresentar para atestar as minhas competências de uma forma aceitável, quer no mercado de trabalho quer junto de qualquer instituição. Este processo é demorado (no meu caso passaram sete meses desde que dei início até que recebi a certificação), exigente, muito técnico e muito trabalhoso. O processo baseia-se na construção de um Portefólio Reflexivo de Aprendizagem, onde são evidenciadas as nossas competências nos mais variados temas (ex. língua estrangeira, cidadania, ambiente e sustentabilidade, saberes fundamentais, saúde etc.). Mas para que sejam evidenciados não basta apenas referi-los. Temos que dar provas de que dominamos o tema, quer por termos formação específica nessa área, quer porque por motivos profissionais ou pessoais, tenhamos adquirido essa competência. No fim de termos validados todos os temas é que recebemos a certificação. Para mim foi um longo percurso. O meu portefólio chegou ao fim com mais de 300 páginas, no entanto orgulho-me de o ter percorrido. Sinto agora que as minhas experiências pessoais e profissionais foram devidamente validadas. Agora que já possuo o certificado do ensino secundário, sinto-me mais realizada a nível pessoal, e com mais esperança a nível profissional. Espero com o diploma conseguir subir na minha carreira profissional, pois para isso é exigido o ensino secundário. E quem sabe mais tarde tentar o ensino superior.” Susete Silva Frequentou um Centro Novas Oportunidades (CNO), tendo alcançado a certificação de Nível Secundário
“Inscrevi-me neste curso, pois senti necessidade de concluir o ensino secundário e como tenho uma grande paixão e afecto pelas crianças decidi matricular-me. Foi uma experiência única e, sobretudo, muito favorável, pois ao longo destes meses fui adquirindo as bases essenciais para garantir uma boa cooperação com os “pequenos”, tanto a nível teórico como prático. Fiquei surpresa, com as exigências a nível do ensino, pensei que era mais facilitado mas estou contente por ser assim, superou as minhas expectativas, tendo em conta que foram propostas a realização de actividades, englobando crianças de idades diferentes e delas incapacitadas. Decorreu optimamente, visto que persistiu sempre um clima agradável, proporcionando-nos uma melhor capacidade de aprendizagem. Na minha opinião este curso poderá possibilitar-me atingir objectivos definidos ao lon-
também à iliteracia, pois os assuntos abordados são vastos, e essencialmente levam-nos a parar e, com este método, a reflectir sobre todos os aspectos da nossa sociedade e da nossa civilização, que de outra forma não o faríamos. Penso que é uma das principais virtudes deste programa. Em suma diria que é um processo trabalhoso, que interfere com o nosso quotidiano, uma vez que nos retira tempo, obrigando-nos a reestruturar o nosso dia-a-dia, de forma a o poder conjugar com as nossas obrigações familiares e conjugais, bem como com as nossos tempos de lazer, retirando-nos muitas horas de descanso e sono, em que algumas vezes pensamos em desistir, mas que temos que ser persistentes para assim podermos alcançar os nossos objectivos.” Súsel Jorge Frequenta um Centro Novas Oportunidades para obter certificação profissional, via da experiência, na área de acção educativa, e nível secundário
go do mesmo, tais como a abertura de uma creche, trabalhar num infantário, entre outros. Para além disso, concede-me o privilégio de terminar o 12º ano. Sinto que foi muito produtivo, para mim, concluindo que estou preparada para aplicar os estudos leccionados à prática do dia-a-dia.” Cristina Fernandes Formanda do curso Técnica de Acção Educativa com equivalência ao 12º pelo centro de Formação Profissional de Leiria
“Foi aos 45 anos que tive a oportunidade de frequentar um curso do IEFP. Já há muito que deixara a escola e foi com algum receio e insegurança que comecei. Desde logo me senti motivada e cheia de vontade de aprender e recebi com entusiasmo todos os conhecimentos que me eram transmitidos. Foi muito o que aprendi e aprendi principalmente que nunca é tarde para aprender. Foi um período de enriquecimento profissional e intelectual que hoje tento aplicar no meu trabalho, que posteriormente consegui. Um agradecimento a todas as pessoas envolvidas nesta formação pela competência, dedicação e principalmente pela amizade com que nos brindaram desde o início até ao fim.” Ema Fortes Formanda da acção EFA 2+3 em Apoio Familiar e à Comunidade, contratada na Academia Cultural e Social da Maceira
“Nos últimos anos a política de educação no nosso país tem mudado muito, e a criação do Programa Novas Oportunidades penso que foi uma das melhores iniciativas que já foram
tomadas nesta área. Tendo como destinatário a população adulta que por várias razões não completou a escolaridade até ao nível complementar (12º. Ano), vem agora dar uma oportunidade para que estas pessoas o possam fazer, e habilitá-los, conforme as suas pretensões, pensar noutros voos, isto é, prosseguir com a sua aprendizagem, frequentando outros níveis de ensino. Eu sou um destes casos, que está a aproveitar este programa para assim obter o 12º. Ano que não tinha, e quem sabe, poder continuar a realizar as minhas aspirações, candidatando-me ao curso de especialização. Sobre o Programa, propriamente dito e a forma com está organizado, em termos de metodologia, tenho que referir que inicialmente as coisas não são fáceis. Trata-se de um arranque que nos obriga a “desenferrujar” uma das nossas aptidões, o da aprendizagem com método, que há muito estava parada. Mas depois desta fase, as coisas tornam-se mais fáceis neste capítulo, o que não significa, nem de perto, que tenhamos a vida facilitada, pois passamos a encetar outra luta, que é a conjugação desta com a nossa vida quotidiana. Todo o processo RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências) assenta em muito trabalho de sistematização dos conhecimentos adquiridos ao longo da nossa vida nos vários contextos, pessoal, profissional, institucional e macro-estrutural, para além de exigir muitas pesquisas que complementem estas áreas, e vão aumentando os nossos conhecimentos. É um trabalho que já não estávamos habituados a fazer e nem tínhamos predisposição para tal, e que somos obrigados agora a retomá-lo. Daqui resulta na minha opinião um combate
“Estou aqui, para falar da minha experiência, do que foi para mim o Processo RVCC, que em Março deste ano concluí o 3 º Ciclo do Ensino Básico, no Centro de Formação Profissional de Leiria. O motivo que me levou a escolher o RVCC foi querer valorizar as minhas competências artísticas, que devidamente reconhecidas, me fariam investir num futuro mais optimista. Foi com grande expectativa que iniciei o Processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, reconheço que não foi fácil o processo, fazer o historial do percurso de vida é embrenharmo-nos em memórias de experiências e emoções, algumas delas há muito tempo esquecidas, daí retirei novas conclusões e novas emoções, novas ideias e novos projectos. Presentemente acredito que todas estas expectativas foram na realidade uma mais-valia e, orgulho-me de dizer, que foi muito gratificante, pois saí enriquecida com a auto confiança reforçada, melhor preparada para a vida social e laboral e também com uma percepção mais real dos factos sociais que me rodeiam, dos quais faço parte. Consciencializei-me da importância que tem a formação, para a população em geral, na valorização pessoal de cada um de nós, no desenvolvimento económico do país, também para a nossa afirmação no contexto europeu. Devo especiais agradecimentos à minha mãe e irmãs, por este meu sucesso. Ao Paulo Pimentel, porque foi com ele que tudo começou e quem me incentivou à inscrição do RVCC. Aos meus colegas de turma por trabalharmos em conjunto e fiz novos amigos. Agradeço também, aos Profissionais do RVCC de Leiria, que me acompanharam especialmente à Dra. Ana Gonçalo, pelo seu apoio e disponibilidade durante todo o Processo, também por me fazer acreditar na minha potencialidade artística e ir mais longe.” Paula Costa Frequentou um Centro Novas Oportunidades (CNO), tendo alcançado a certificação de Nível Básico
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20 anos de ensino profissional | suplemento 11
Escola Tecnológica e Profissional da Zona do Pinhal (ETPZP)
“Número de cursos e alunos têm vindo a aumentar”
Instituição fundamental numa região do distrito onde o movimento migratório é de dentro para fora, a ETPZP têm tido um crescimento sustentado, variedade de oferta formativa e projectos de futuro como explica o director, António Figueiras
A Escola Tecnológica e Prof. da Zona do Pinhal está à beira dos 20 anos de existência. Que balanço se pode fazer de uma das mais antigas escolas profissionais do país? De facto, este é um ano muito especial para a Escola Tecnológica e Profissional da Zona do Pinhal (ETPZP), que no dia 9 de Outubro de 2009 comemora 20 anos, os mesmos que o Ensino Profissional em Portugal. Até final do ano lectivo de 19981999, a ETPZP funcionou em instalações pré-fabricadas, com boas condições de trabalho, mas exíguas para as necessidades de resposta à procura social de formação. Foi sempre preocupação fundamental da Administração / Direcção dotar a Escola das melhores condições de trabalho, quer em termos de instalações, quer de equipamentos. Posteriormente foi possível, através da comparticipação do PRODEP, proceder à ampliação das instalações, partindo-se para a construção de um novo edifício, em Alvenaria, de arquitectura moderna e bastante funcional, tendo em atenção o nível de formação ministrado.
É de referir que este investimento ascendeu a algumas centenas de milhar de euros, estando ainda a ser paga pela empresa proprietária (PETROENSINO) a parte não comparticipada pelos serviços centrais. De qualquer forma, fazemos um balanço positivo do nosso percurso.
O ensino profissional em Portugal, certamente, será diferente de há 20 anos atrás. Mas, mudou para melhor ou pior? Numa altura em que o Ensino Profissional aparece como um dos factores estratégicos para o desenvolvimento da nossa economia, as Escolas Profissionais não deixam de encarar o futuro com alguma preocupação. Temos consciência que alguns factores de inovação, quer na estrutura curricular, quer nos processos pedagógicos deverão ser introduzidos, mas acompanhados por um modelo de financiamento adequado às especificidades das Escolas Profissionais, sendo esta uma das maiores preocupações do nosso ensino ou a quem ele está ligado. Na minha opinião pessoal, o Ensino Profissional (particular), por muito que tenha feito e contribuído para o actual sistema educativo em Portugal e para o próprio desenvolvimento da sociedade portuguesa, continua, infelizmente, a ser visto como o membro pobre do sistema educativo, algo que não merece.
Pretendem alargar as áreas onde se inserem os vossos cursos pro-
fissionais ou consideram estas as que podem ter uma melhor taxa de empregabilidade? Contrariamente ao que era de se esperar, tratando-se de uma região do interior, com um fluxo migratório de pessoas para fora, uma população envelhecida, problemas notáveis de desemprego e exclusão social, o número de cursos e alunos têm vindo a aumentar. Neste sentido, também a escola teve que se ir adaptando às nossas mudanças e exigências da sociedade.
Qual a taxa de empregabilidade dos vossos cursos? Ao longo destes últimos anos, a ETPZP deu um salto enorme e isso verificou-se numa cadência e numa profundidade, que antes seria mesmo impossível de prever. Por sua vez, é de salientar que as taxas de inserção dos nossos alunos no mercado de trabalho atingem uma percentagem de cerca dos 97%.
E em relação aos CEF’s e CET’s, qual o grau de adesão e de sucesso destes cursos? Durante alguns anos, uma das apostas da ETPZP consistiu na promoção destes cursos de nível IV. Pensamos que até agora tenha sido uma aposta ganha. As taxas de conclusão e inserção na vida activa foram boas. Actualmente, estão a decorrer três CETS em Pedrógão Grande, promovidos pelo Instituto Politécnico de Leiria (Condução de Obra, Práticas Administrativas e Relações Públicas e Instala-
ção e Manutenção de Redes e Sistemas Informáticos). Relativamente aos CEFs, a experiência não tem sido muito boa, até porque estamos a falar de alunos que na sua generalidade apresentam muitas dificuldades. De qualquer forma, continuaremos a apostar neles.
Uma vertente de qualificação para adultos (RVCC ou EFA’s) está nos horizontes da ETPZT? Actualmente estamos a preparar a candidatura Técnico-pedagógica para o Centro de Novas Oportunidades. De qualquer forma, existe um protocolo entre a ETPZP e a ETP Sicó, em que são desenvolvidas acções de certificação em Pedrógão Grande. Relativamente aos EFAs, estes são de facto uma aposta nossa, sendo que estamos a apostar em dois novos cursos para 2009/10: cozinha e acompanhante de crianças.
Por onde passa a política de crescimento da ETPZT? Digamos que a ETPZP tem vindo ao longo dos anos, a desenvolver processos de cooperação e colaboração com entidades ligadas ao Ensino Profissional, Ensino Superior e também com outras instituições e empresas. Salientamos o protocolo estabelecido entre a ETPZP e Associações empresariais e / ou de profissionais (Associação dos Agentes Técnicos de Arquitectura e Engenharia (AATAE), Associação Empresarial de Pombal, Associação para a Promoção do Multimédia em Portugal), Associação Nacional de Jovens Em-
presários (ANJE), Academia dos Empreendedores, Grupo Lena Business e com Instituições de Ensino Superior (Instituto Politécnico de Tomar, o Instituto Politécnico de Castelo Branco e o Instituto Politécnico de Leiria), entre outros. Salienta-se ainda a criação da Academia Local Cisco Networking e a própria certificação da Escola, segundo as normas da ISO 9001. A residencial é outro grande objectivo, para além da acreditação da Petroensino. A ETPZP assume-se como uma entidade cujo projecto pretende contribuir para o desenvolvimento e consolidação de um sub-sistema dentro do sistema de ensino português – o Ensino Profissional.
Informações úteis Nome: Escola Tecnológica e Profissional da Zona do Pinhal Morada: Avenida 25 de Abril 3270-067 Pedrógão Grande Telefone: 236 486 341 / 236 485 175 Fax: 236 486 334 Internet: www.etpzp.pt E-mail: geral@etpzp.pt Cursos Profissionais 2009/2010: Comunicação, Gestão, Energias Renováveis - variante de Energia Solar, Restauração, Construção Civil, Gestão de Equipamentos Informáticos, Turismo
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Escola Profissional da Nazaré (EPN)
“Para cada aluno um posto de traba Atingir os 300 alunos nos cursos profissionais e promover formações com empregabilidade são alguns objectivos desta instituição, como conta o seu director, Francisco Vieira
Que balanço faz da ainda curta história da Escola Profissional da Nazaré? A Escola Profissional da Nazaré tem ainda uma curta história de apenas 9 meses que, se para a espécie humana é um tempo normal de gestação, para uma escola é ainda um período muito reduzido para se poder fazer um balanço sustentado. No entanto, as nossas expectativas iniciais têm sido completamente ultrapassadas, quer pela integração na comunidade nazarena, quer pelo apoio incondicional que tem recebido do Município da Nazaré.
Como vê actualmente o ensino profissional em Portugal? Muito diferente daquilo que conheci já lá vão 20 anos. Nalguns aspectos penso que melhor, com regras mais definidas e estabilizadas, noutros pior, retirando às escolas profissionais aquilo que foi a sua vantagem inicial, uma marcante liberdade criativa e um sentido de ruptura inovador, a par de uma forte agressividade no relacionamento com as empresas e as comunidades envolventes. Penso que se evoluiu para uma excessiva carga burocrática, em detrimento da capacidade de inovação. No entanto, pareceme que tendencialmente o ensino profissional tem deixado de ser o “sub-sistema” mal amado do Ministério da Educação e das escolas de ensino regular, que agora a ele têm intensificado uma forte adesão, tendo atingido uma maioridade sustentada, que ainda está longe de ser reconhecida pelo Estado Português.
Pretendem alargar as áreas onde se inserem os vossos cursos profissionais ou consideram estas as que podem ter uma melhor taxa de empregabilidade? A empregabilidade é a preocupação central da EPN quando é pensada a oferta formativa para cada ano. É absolutamente crucial para a Escola cumprir um dos seus principais, senão mesmo o principal, lema: para cada aluno um posto de trabalho. Assim, não são programados cursos meramente atractivos, mas sim cursos que garantam saídas profissionais para os alunos e que respondam às necessidades do tecido económico regional.
E em relação aos CEF’s, qual o grau de adesão e de sucesso destes cursos? Os CEF’s permitem à EPN enquadrar um conjunto de necessidades sociais muito concretas da região, para as quais é urgente dar resposta. O insucesso escolar, o abandono precoce, o absentismo, o afastamento dos alunos face
à escola regular, um conjunto imenso de factores desestabilizadores dos percursos escolares, leva a que exista um conjunto significativo de alunos distantes do sistema de ensino. Para esses alunos, a EPN tem programados 2 CEF’s: um para os alunos que com frequência do 7º ou 8º ano necessitam de completar o 9º, fazendoo através da obtenção de uma certificação profissional (Instalação e Reparação de Computadores); outro, para um público também muito específico, para alunos que não completaram o 12º ano, mas que frequentaram o 10º ou 11º, e pretendem conjugar a formação escolar com a profissional (Técnico de Gestão Desportiva). O grau de adesão sabe-se que é enorme, como as próprias estatísticas do Ministério da Educação comprovam. Quanto ao seu sucesso, não existindo ainda números, porque se está em período de inscrições, não existe qualquer dúvida que é uma das ofertas formativas mais procuradas precisamente porque permite uma solução alternativa e de qualidade para os alunos que não encontram respostas atractivas noutras áreas de ensino.
Por onde passa a política de crescimento da EPN? Estrategicamente a EPN pretende atingir um
Informações úteis Nome: Escola Profissional da Nazaré Morada: Praça Pintor Mário Botas, 7 2450-284 Nazaré Telefone: 262 182 107 Fax: 262 182 242 Internet: www.epnazare.com/ E-mail: epn@epnazare.com Cursos: Técnico de Restauração - Variante Cozinha / Pastelaria, Técnico de Restauração - Variante Restaurante / Bar, Técnico de Turismo, Técnico de Gestão de Eventos
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20 anos de ensino profissional | suplemento 13 Escola Técnico Empresarial do Oeste (ETEO)
o alho”
“Capacidade diurna esgotada” O sucesso desta instituição está no número de estudantes que a tem escolhido para efectuar a sua formação, bem como a sua taxa de empregabilidade, como explica a Filomena Rodrigues, directora da instituição
Que balanço faz da história da Escola Técnico Empresarial do Oeste?
número máximo de 300 alunos nos cursos profissionais em regime diurno, não tendo ainda definido expectativas de crescimento ao nível da formação de activos.
A Escola foi crescendo ao longo dos seus 19 anos de existência e diversificando a sua oferta formativa de acordo com as necessidades do mercado de trabalho, em intensa interacção com as forças vivas da Região; tem actualmente, a sua capacidade diurna esgotada.
Como vê actualmente o ensino profissional em Portugal? A política actual de incremento do ensino profissional, relaciona-se
com a necessidade urgente de dotar o País de técnicos intermédios, indispensáveis para o desenvolvimento económico. Contudo, é necessário continuar a assegurar, a qualidade dos mesmos.
Pretendem alargar as áreas onde se inserem os vossos cursos profissionais ou consideram estas as que podem ter uma melhor taxa de empregabilidade? A Escola, todos os anos avalia as necessidades do mercado de trabalho, adaptando a sua ofer ta formativa.
Qual a taxa de empregabilidade dos vossos cursos? Taxa de empregabilidade: 82,70% Taxa de prosseguimentos de estudos: 10,23%
Os Cursos de Educação e Formação (CEF) podem ser uma aposta de futuro da ETEO ou pretendem apenas apostar nos
cursos profissionais? A possibilidade de oferecer CEF(s), está em aberto.
E uma vertente de qualificação para adultos está nos horizontes da ETEO?
crescimento da ETEO? Dado termos a nossa capacidade diurna esgotada, qualquer tipo de crescimento passará pela oferta de formação pós-laboral.
Essa possibilidade também está em aberto
Por onde passa a política de Informações úteis Nome: Escola Técnica Empresarial do Oeste Morada: Rua Cidade de Abrantes, nº 8 2500-146 Caldas da Rainha Telefone: 262 842 247 / 262 877 928 Fax: 262 842 275 Internet: www.eteo-apepo.com E-mail: geral@eteo-apepo.com Cursos Profissionais 2009/2010: Animador Sociocultural, Técnico de Comunicação/Marketing, Relações Públicas e Publicidade, Técnico de Gestão, Técnico de Termalismo, Técnico de Turismo
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Escola Profissional de Leiria (EPL)
Formação com empregabilidade A adequação dos cursos ao actual mercado de trabalho é a grande preocupação da EPL, que também tem uma preocupação especial com a formação para adultos
Uma das referências das instituições formativas é a Escola Profissional de Leiria (EPL). Criada no dia 4 de Outubro de 1989, data da celebração do contrato-programa que lhe conferiu existência legal, mudou a sua designação a 1 de Agosto de 1999, passando a denominar-se Fundação Escola Profissional de Leiria. Porém os seus objectivos mantiveram-se. Ou seja, assegurar a consolidação do projecto da EPL, abrindo-o à participação de instituições e pessoas singulares, aprofundando a inserção da escola na região e reforçando os meios indispensáveis ao desenvolvimento das actividades de formação profissional inicial e contínua, actividades de inserção na vida activa e outras a que se vem dedicando ou que, no futuro, seja útil realizar na prossecução dos fins da Fundação.
Como alternativa ao ensino secundário, a EPL tem um leque de cursos profissionais que abrangem várias áreas. Antecipando um pouco o futuro próximo, os responsáveis da Escola, já efectuaram a programação de cursos até 2012, sendo que para os anos posteriores não foi ainda feito nenhum estudo. No entanto, a EPL, por ser uma escola privada e, ao contrário do que acontece com as escolas do ensino público, apenas poderá ter como ofertas formativas, cursos
para os quais, tenha já licença prévia de funcionamento. Esta licença é pedida com bastante tempo de antecedência à DREC (Direcção Regional de Educação do Centro), sendo sujeita a candidatura e avaliação in loco, por parte de técnicos desta entidade, dos recursos físicos e humanos da escola. Necessita ainda de apresentar razões, sempre documentalmente justificadas, como inquéritos e pareceres de empresas / entidades, sobre a importância dos cursos para o
desenvolvimento económico e social da região de Leiria. Para o próximo ciclo de formação, a EPL não irá apresentar cursos em novas áreas de formação, mantendo os anteriores, ou seja, Técnico de Contabilidade, Técnico de Cozinha/Pastelaria, Técnico de Electrotecnia, Técnico de Gestão de Equipamentos Informáticos, Técnico de Informática e Gestão. Uma das razões para o sucesso dos cursos profissionais é as altas taxas de empregabilidade. A EPL não
é excepção. Os cursos desta instituição apresentam altas taxas de empregabilidade, de acordo com os critérios de avaliação do próprio POPH (Programa Operacional do Potencial Humano), entidade financiadora dos cursos profissionais. Assim todos os cursos têm uma taxa de empregabilidade (variável anualmente) acima dos 65 por cento. Existem, no entanto, cursos como o de Técnico de Cozinha e Técnico de Electrotecnia cujas taxas são mais altas, chegando aos
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90 por cento. O EPL encontra, actualmente, mercado de trabalho para os seus diplomados. Caso contrário, não faria sentido apresentar, ano após ano, a mesma oferta formativa, apenas com algumas variações. Enquanto os estudos que são feitos pela própria escola sobre a empregabilidade dos seus diplomados, demonstrarem que vale a pena continuar a formar jovens nestas áreas profissionais, a Escola manterá o mesmo rumo. Actualmente, também a vertente de formação para adultos é uma das grandes apostas das escolas profissionais. Na EPL, existe desde 1994, ofertas formativas para adultos em regime pós-laboral e ininterruptamente. Inicialmente cursos profissionais de nível 3, exactamente iguais aos cursos para jovens em regime diurno e posteriormente cursos de curta duração em áreas muito específicas como Informática, Comércio e Contabilidade. Foram, igualmente, realizadas acções de formação em colaboração com o IEFP de Leiria para Licenciados desempregados. Actualmente, a EPL realiza Unidades de Formação de Cur-
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ta Duração (UFCD), também em regime pós-laboral para adultos e possui, ainda desde Maio de 2008, um Centro Novas Oportunidades. Este CNO conta, neste momento, com cerca de 700 inscritos, dos quais 68 foram já certificados, encontrando-se os restantes em processo de reconhecimento e certificação de competências ou realizando formações específicas em diferentes áreas. Outra valência importante da EPL é a SAIVA (Serviço de Apoio à Inserção na Vida Activa), fundamental para a inserção dos jovens no mercado de trabalho. O funcionamento desta unidade é feito através de estudos anuais sobre a adequação dos cursos da EPL ao mercado de trabalho. Os estudos são feitos pelo SAIVA, gabinete que a escola possui e que prepara os alunos para a vida activa e que ainda segue o seu percurso durante cinco anos. Apenas os cursos para os quais se continua a ter um bom nível de empregabilidade, são novamente propostos para o ciclo de formação seguinte. A EPL não oferece garantias de emprego, mas sim apoio na procura, função igualmente pertencente
ao SAIVA. Este serviço tem tido bastante sucesso na colocação dos jovens estudantes da EPL no mercado de trabalho, mesmo nos tempos que correm. Alguma desta colocação é feita na sequência imediata do estágio de final de curso. Por vezes, aos jovens estagiários é proposto, pela empresa que os acolheu nesse período, um posto de trabalho com contrato a termo.
Informações úteis Nome: Fundação Escola Profissional de Leiria Morada: Rua da Cooperativa - S. Romão – Pousos – Apartado 2819 2414 - 019 - Leiria Telefone: 244 848 610 Fax: 244 848 611 Internet: www.epl.pt/ E-mail: epleiria.f@mail.telepac.pt Cursos Profissionais 2009/2010: Contabilidade, Cozinha/Pastelaria, Electrotecnia, Gestão de Equipamentos Informáticos, Informática e Gestão
16 suplemento | 20 anos de ensino profissional
Região de Leiria 12 | Junho | 2009
Escola Tecnológica e Profissional de Sicó (ETP Sicó)
“Uma escola para pais, filhos e avós” Fundamental na formação e empregabilidade na região mais isolada do distrito, a ETP de Sicó tem um papel decisivo no desenvolvimento do Pinhal Interior Norte, como explica Ilídio Baptista, director da instituição
reduzido no sistema de ensino. Deste modo, na ETP Sicó a procura actual é similar à de anos anteriores, com tendência a baixar.
Qual a taxa de empregabilidade dos vossos cursos? Noventa e sete por cento dos alunos que concluíram os seus cursos na ETP Sicó e não prosseguiram estudos estão empregados. Temos cursos em que a taxa (potencial) de empregabilidade é superior a 100% porque são mais as ofertas de emprego que os diplomados disponíveis. São cada vez mais as empresas que, mesmo em tempo de retracção da economia, se dirigem à ETP Sicó para recrutar os seus diplomados. Muitos dos nossos (ainda) alunos asseguram contratos de trabalho mesmo antes de concluírem os seus cursos, aquando da realização dos seus estágios.
A ETP Sicó está à beira dos 20 anos de existência. Que balanço se pode fazer de uma das mais antigas escolas profissionais do país? Nestes 18 anos muito mudou nesta parte do Pinhal Interior Norte a nível social, económico e cultural. Mudanças quase sempre para melhor, felizmente; e atrevo-me a dizer que a Escola Tecnológica e Profissional de Sicó foi um dos factores estruturantes desse desenvolvimento, ao permitir a qualificação de quadros técnicos intermédios e ao contribuir decisivamente para o aumento do nível médio de escolarização da população. Muitos jovens que, por falta de motivação ou de condições económicas, não prosseguiriam estudos além do 9º ano, encontraram na ETP Sicó uma resposta formativa alternativa, credível e com qualidade. Em 18 anos de actividade, esta escola adquiriu credibilidade e prestígio assinalável enquanto projecto educativo alternativo ao ensino tradicional, assente em metodologias de ensino inovadoras e com um sucesso indiscutível, ancorado em elevadas taxas de conclusão e de empregabilidade dos seus diplomados.
Para além do ensino profissional, a ETP Sicó tem ainda uma vertente de qualificação para adultos. Como está a ser a adesão a esta modalidade de formação?
O ensino profissional em Portugal, certamente, será diferente de há 20 anos atrás. Mas, mudou para melhor ou pior? Vinte anos após a sua (re)criação em Portugal, o ensino profissional teria que ser diferente do que foi. O contexto sociocultural e político muda rapidamente e as instituições e processos têm que se adaptar continuamente a essa mudança. Mas também é verdade que, não obstante a mudança, o ensino profissional mantém hoje no essencial as características que o viram nascer: um modelo de formação orientado para a entrada imediata no mercado de trabalho, assente no equilíbrio entre as dimensões formativas do saber, saber-fazer e saber-ser/saber-estar, reconhecendo e respeitando ritmos diferentes de aprendizagem, e apostando na formação em contexto de trabalho e na relação escola-empresa como parte integrante e fundamental do curriculum. De facto, este modelo mudou pouco desde há vinte anos. A alteração
de credibilidade associada a uma referência de boas práticas. Esta estratégia coloca portanto, no momento presente, o horizonte da qualidade à frente da preocupação do crescimento. Daí a aposta na implementação do Sistema de Gestão da Qualidade e no Sistema de Avaliação de Desempenho, actualmente em curso. No que respeita ao processo de RVCC profissional, propomo-nos alargá-lo a outras saídas profissionais, além das cinco actualmente existentes na área da construção civil. Esta é pois uma área a desenvolver, onde se espera crescimento. Outra é a formação de activos laborais (empregados) onde, apesar do reconhecimento da necessidade de qualificação e requalificação destes activos e das obrigações impostas às empresas pelo Código do Trabalho, ainda muito está por fazer.
mais significativa foi determinada pelo Decreto-Lei nº 74/2004 de 26 de Março, que reduziu o curriculum dos cursos profissionais a 3100 horas em vez das anteriores 3600, o que foi em parte uma mudança para pior, pondo em risco a qualidade da formação científica e técnica.
A ETP Sicó continua a ter uma maior ou menor procura em relação aos cursos profissionais? Ou os alunos procuram outras alternativas formativas? Há um duplo efeito de sentido con-
trário: por um lado a aposta do Governo e do país na Iniciativa Novas Oportunidades e no ensino profissional em especial trouxe um acréscimo progressivo de jovens a esta via de ensino e também à ETP Sicó; por outro, a proliferação de cursos profissionais em escolas secundárias está a criar um desequilíbrio que se vai acentuando. Multiplica-se a oferta de cursos profissionais sem o correspondente decréscimo que deveria haver nas vias de ensino geral, quando o número de jovens entre 15 e 18 anos não aumenta e pelo contrário até se tem
O CNO (Centro Novas Oportunidades) desenvolve os processos de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC) de nível básico, de nível secundário, e de nível profissional, este em cinco saídas profissionais na área da construção civil. Em complemento e articulação com o CNO a escola intervém junto da população adulta através dos Cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) e das Unidades de Formação de Curta Duração (UFCD). É uma escola para pais, filhos e avós, como costumamos dizer por cá. A ETP Sicó é também acreditada como entidade formadora pela DGERT, entidade formadora ITED (acreditada pela ANACOM) e Academia Local Cisco, valências que lhe permitem múltiplas intervenções no domínio da formação de activos. A aceitação por parte dos adultos tem sido excelente, beneficiando e ampliando a reputação de boas práticas de que a ETP Sicó goza.
Com uma oferta formativa variada, por onde pode passar a política de crescimento da ETP Sicó? O grande desafio que agora se nos coloca é o de assegurar a manutenção e a melhoria dos padrões de qualidade na formação ministrada, garantir a qualidade dos processos e a utilização racional dos recursos; em suma manter o prestígio e a imagem
Informações úteis Nome: Escola Tecnológica e Profissional de Sicó Sede Avelar Morada: Rua 5 de Outubro, 54 3240 - 312 Avelar Telefone: 236 620 500 Fax: 236 620 509 E-mail: sico@etpsico.pt Pólo de Alvaiázere Morada: Rua do Hospital 3250 - 100 Alvaiázere Telefone: 236 650 000 Fax: 236 650 009 E-mail: sicoalvaiazere@etpsico.pt Pólo de Penela Morada: Rua do Brasil 3230 - 255 Penela Telefone: 239 560 250 Fax: 239 560 259 E-mail: sicopenela@etpsico.pt Internet: www.etpsico.pt Cursos Profissionais 2009/2010: Informática - Técnico de Gestão e Programação de Sistemas (Avelar), Técnico de Electrónica, Automação e Comando (Avelar), Técnico de Gestão (Avelar), Técnico de Análise Laboratorial (Penela), Técnico de Energias Renováveis (Penela), Técnico de Construção Civil (Alvaiázere), Técnico de Contabilidade (Alvaiázere).